Caso Spectrum Brands - Carolina Morgado; Rita Nogueira; Pedro Mariano
Revista SPECTRUM Nº 08
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Revista do Comando-Geral do Ar Nº 08 - Maio 2004
ÍndiceExpedienteComandante-Geral-do-ArTen.-Brig.-do-Ar José Carlos Pereira
Chefe do Estado-Maior do COMGARMaj.-Brig.-do-Ar Roberto Geraldo Pimenta Ribeiro
Conselho Editorial e RevisãoTen.-Cel.-Av. José Eduardo Portella AlmeidaTen.-Cel.-Av. Edílson Hiroshi EndoMaj.-Av. Luiz Alberto Pereira BianchiMaj.-Av. Marcelo Boaventura Leite CardosoCap.-Av. Marcelo Vellozo MagalhãesCap.-Av. Antônio Ferreira de Lima JúniorCap.-Av. Sidney César Coelho Alves1S BCO Márcio Rodrigues de Carvalho2S SAD Ivana Maria Muro Sorroche2S SAD Alexandre Oliveira Fernandes2S BCO Márcio Reis Ramos
ColaboraçãoCentro de Comunicação Social da Aeronáutica(CECOMSAER)
Projeto Gráfico e FotolitosTachion Editora e Gráfica Ltda.Rua Santa Clara, 552 – Tel/Fax: (12) 3921-0121CEP 12243-630 – São José dos Campos – SPe-mail: [email protected]
ImpressãoGráfica e Editora Itamarati Ltda.SIG Quadra 02 nº 400 - CEP 70610-420 Brasília – DFPabx (61) 343-1833 - Fax (61) 343-1099e-mail: [email protected]
Distribuição interna. Tiragem: 1.500 exemplares.
Caso o leitor deseje fazer parte da lista de assinantes,favor entrar em contato com o Conselho Editorial no e-mail [email protected], informando endereçoe telefone para contato.Os conceitos emitidos nas colunas assinadas são de ex-clusiva responsabilidade de seus autores. Estão autori-zadas transcrições integrais ou parciais das matériaspublicadas, desde que mencionados o autor e a fonte eremetido um exemplar para o COMGAR.
Centro de Guerra Eletrônica do COMGAR (CGEGAR)SHIS – QI 05 – Área Especial 1271615-600, Brasília DFTel: (61) 364-8990 – Fax: (61) 364-8076e-mail: [email protected] versão eletrônica desta revista pode ser encontra-da no portal da Força Aérea Brasileira na Internet:www.fab.mil.br
Editorial ..................................................................... 4
Histórico do COMGAR .............................................. 5
Entrevistas .................................................................. 9
Composição do COMGAR ....................................... 12
Assimetria Militar: como obtê-la .............................. 13
Relacionamento entre Bases e Unidades AéreasResponsabilidades de Organizações Militares Interdependentes ... 17
O Uso da Transformada de Wavelets emDeinterleaving ......................................................... 23
Aplicação de Inteligência Artificial emComando e Controle ................................................ 27
Capacitação Científica para Aplicação Operacional: a Aeronave Furtiva Brasileira ................................... 32
Míssil Infravermelho: OperacionalidadeBaseada em Pesquisa Aplicada. ............................ 37
Integração Digital de Aviônicos por BarramentoMIL-STD-1553B ....................................................... 42
Colaboradores ........................................................ 46
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Spectrum
Editorial
COMGAR 35 ANOS
Aniversários têm sido, ao longo da história, uma ponderável motiva
ção para que grupos e pessoas reflitam sobre si mesmas e tentem se
posicionar em relação aos seus próprios limites. Embora admita ser
esta a regra geral, ando com a sensação de uma sociedade cada vez mais
débil na sua autocrítica, cada vez com mais medo de se olhar no espelho da
vida e reconhecer alguma feiúra, deformidade ou alguma bruxa obstinada
pela verdade.
Estamos no aniversário do Comando-Geral do Ar, presumivelmente um
tempo de reflexão e de espelhos. Mas o tempo é curto e os espelhos parecem
embaçados. Ou, talvez, nossa memória esteja curta e nossos olhos embaça-
dos. Talvez haja problema com óculos e nuvens. Talvez não haja nada. Aliás,
não há nada.
Estamos no aniversário de nosso Comando, de nossa casa, de quase
trinta mil homens e mulheres espalhados pelo país, dedicados a alguma mis-
são e compondo um grande quadro de poder militar autêntico, legítimo e fiel
a seus princípios. Esta é a hora de eliminar fantasias e fantasmas, hora de
assepsia, hora de olhar o espelho e ver uma Força Aérea digna de uma nação
livre, soberana e feliz. Uma nação sem cães raivosos, sem agiotagem de
almas, sem a cultura da miséria, industrialização de incompetência ou acei-
tação da fatalidade.
A hora é de fazermos nosso próprio destino, de não temer urros e lati-
dos, de juntar nossas feiúras e deformidades e, com elas, construir a visão
harmoniosa do futuro. E ter muito orgulho de tudo isso. É hora de coesão, de
estar junto, de enxergar além do espelho, de perceber além da vã percepção,
de acreditar além do futuro provável. É hora de passar por cima do mal, mas
com cuidado para não machucá-lo; ele será a testemunha de nosso progres-
so, de nossa ordem, de nossa vitória. Contato, companheiros!
Ten.-Brig.-do-Ar – JOSÉ CARLOS PEREIRAComandante-Geral do Ar
O Ten.-Brig.-do-Ar José
Carlos Pereira ingressou na For-
ça Aérea em março de 1958 e
foi declarado Aspirante em de-
zembro de 1963.
Piloto de Caça, atuou
como tal até o posto de Tenen-
te-Coronel, tendo sido Opera-
ções do 1º/4º GAV, instrutor de
Caça por 6 anos, Comandante
do lendário e controvertido
Esquadrão Seta, além de ter
passado por longo período no
1º Grupo de Caça.
Serviu nos Estados-Maio-
res do COMGEP e do
COMGAR, no Gabinete Mili-
tar da Presidência da Repúbli-
ca, no CISA, atual SECINT, e
na Junta Interamericana de
Defesa, em Washington.
Como Oficial-general foi
Chefe de Logística do antigo
EMFA, Comandante da Acade-
mia da Força Aérea Brasileira,
Chefe do Estado-Maior do
COMGAR, Comandante da
Defesa Aérea Brasileira e, atu-
almente, é o Comandante-Ge-
ral do Ar. Possui 18 condeco-
rações e é casado.
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Spectrum
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Histórico do COMGAR
ALMANAQUE ESSENCIAL – 35 ANOS
1941 – 20 de janeiro: Cria-se o Ministério
da Aeronáutica com os meios existentes da
Marinha, Exército e Departamento da Aeronáu-
tica Civil, do então Ministério de Viação e
Obras Públicas. O Decreto de criação é volta-
do essencialmente para permitir a instalação
do novo organismo, sem abordagens específi-
cas quanto à organização operacional. O novo
Ministério deveria funcionar com os saldos de
verbas existentes e mais um crédito especial
de mil contos de réis.
1942 – 14 de julho: Decreto organiza a
Força Aérea Brasileira. Em meio à Segunda
Guerra Mundial, a primeira estrutura aplicada
à Força revela claramente a influência do pen-
samento estratégico da época e estabelece os
fundamentos que nortearão a Instituição nas
décadas seguintes. O Ministro é o Comandan-
te, e o conceito operacional dominante está
voltado para a estruturação por tarefa especi-
alizada. A Infantaria de Guarda é estabelecida
em suas linhas gerais.
1967 – 25 de fevereiro: Entra em vigor o
Decreto-Lei 200 que moderniza a Administra-
ção Federal, colocando o país em ambiente
de modernidade e alterando profundamente
os usos e costumes administrativos.
1967 – 31 de março: Em cumprimento ao
Decreto-Lei 200, é emitido o Decreto nº
60.521, que estabelece a estrutura básica da
organização do Ministério da Aeronáutica. O
conceito de Unidade de Comando é fixado,
por meio da idéia de Grande Comando, no
qual se insere o Comando-Geral do Ar, conce-
bido neste Decreto, com objetivo de centrali-
zar o comando de todo o segmento aéreo com-
batente. Na linha de subordinação permane-
ceram os antigos conceitos de organização por
tarefas especializadas. As Zonas Aéreas não
foram subordinadas ao COMGAR, ficando li-
gadas à Força Aérea Brasileira cujo Coman-
dante era o Ministro. Ficou estabelecido um
prazo de cinco anos para completar-se a
reestruturação e ativação de todos os órgãos
previstos no Decreto.
1968 – 15 de junho: É criado o Núcleo
do Comando do Comando-Geral do Ar.
1969 – 20 de maio: É ativado o Comando
do Comando-Geral do Ar, com sede provisó-
ria no Estado da Guanabara.
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Organograma da Estrutura Organizacional do Comando-Geral do Ar na atualidade
1973: As Zonas Aéreas recebem a deno-
minação de Comandos Aéreos Regionais e
passam à subordinação do COMGAR.
1975: O QG do COMGAR transfere-se do
Rio de Janeiro para Brasília, ocupando instala-
ções do prédio do Ministério onde hoje está
instalada a Secretaria de Economia e Finanças
da Aeronáutica. Com o término da construção
do prédio Anexo, passou a ocupar o segundo
andar daquela instalação.
2003 – junho: O QG transfere-se para a
área militar contígua à Base Aérea de Brasília,
ocupando instalações que anteriormente per-
tenciam ao CENIPA e SERENG-6. Com isso,
passa a integrar o complexo operacional com-
posto pelo COMDABRA, VI COMAR,
CINDACTA 1, HFAB, CENIPA e BABR, além do
Aeroporto Internacional e sua estrutura de apoio.
A partir de 2000, a estrutura do COMGAR
Organograma da Estrutura do Comando-Geral do Ar em sua ativação (Portaria nº 37/GM7, de 20 de maio de 1969)
foi sendo atualizada gradativamente e em bus-
ca de modernos conceitos, tanto no campo das
Operações Aéreas como em setores específi-
cos, como Comando e Controle, Operações
Terrestres, Inteligência de Combate e Instrução
Tática e Especializada. A passagem da
COMARA à subordinação do COMGAR per-
mitiu dispor de vigoroso instrumento de Enge-
nharia Operacional e de pronta-resposta.
No presente momento, o efetivo deste
Comando, incluindo seu QG, é de 27.757
militares (44,6% do efetivo da Força). São 07
Comandos Aéreos Regionais, o COMDABRA,
03 Forças Aéreas, a COMARA, 19 Bases Aére-
as, 38 Unidades Aéreas, o Esquadrão
Aeroterrestre de Salvamento, o Centro do Cor-
reio Aéreo Nacional, 04 Batalhões Especiais
de Infantaria, 02 Grupamentos de Apoio e 19
Prefeituras de Aeronáutica.
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Tão logo seja aprovada a reestruturação da
Aeronáutica, provavelmente ainda em 2004, o
COMGAR passará a denominar-se Comando-
Geral de Operações Aéreas. A sigla permane-
ce, a saga idem. Cada dia é e será momento de
transformação para melhor, momento para re-
jeitar firmemente a estagnação da vida e o ato-
leiro do obsoletismo intelectual. Há que se hon-
rar o passado, os que nos antecederam e a con-
fiança dos que acreditaram e acreditam.
Voar, Combater e Vencer.
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Ten.-Brig.-do-Ar Sócrates da Costa Monteiro
de 18/04/1989 até 02/03/1990 Ten.-Brig.-do-Ar Marcio Terezino
Drummond de 02/03/1990 até 25/11/1991
Ten.-Brig.-do-Ar Ivan Moacyr Frota de 25/11/1991 até 12/08/1993
Ten.-Brig.-do-Ar Carlos de Almeida Baptista
de 12/08/1993 até 04/08/1994 Ten.-Brig.-do-Ar Ronald Eduardo Jaeckel
de 04/08/1994 até 08/08/1997 Ten.-Brig.-do-Ar Walter Werner Bräuer
08/08/1997 até 07/08/1998
Ten.-Brig.-do-Ar Henrique Marini e Souza 07/08/1998 até 02/08/2001
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ENTREVISTAS
Aedição de 35 anos do COMGAR da
revista Spectrum, oportunamente, en-
trevistou dois militares que participa-
ram da gênese desse Grande-Comando. Con-
forme veremos a seguir, foram entrevistados o
segundo comandante, Ten.-Brig.-do-Ar ARY
PRESSER BELO, que esteve à frente do
COMGAR de março de 1969 a abril de 1970,
e um graduado, SO OSWALDO COSTA
CORRÊA, que era cabo quando o COMGAR
foi criado, em 1969, e acompanhou a movi-
mentação do Comando para Brasília, em 1975.
Foram os militares que presenciaram os anos
iniciais deste Grande Comando e concederam
uma pequena parcela de suas lembranças aos
leitores da Spectrum.
Ten.-Brig.-do-Ar ARY PRESSER BELO
Natural da Cidade de São Leopoldo - RS,
nascido em 07 de setembro de 1911, o Ten.-
Brig.-do-Ar Ary Presser Belo foi o segundo
Comandante-Geral do Ar, quando este ainda
era Núcleo. Após o Comando, foi também
Chefe de Gabinete do então Ministro da Aero-
náutica Ten.-Brig.-do-Ar Clóvis Monteiro
Travassos. Achá-lo não foi tarefa fácil, mas va-
leu a pena.
SPECTRUM: Brigadeiro Presser Belo,
como se deu à indicação do senhor para o
Comando do COMGAR?
TB PRESSER BELO: Bom, o COMGAR ti-
nha pouco mais de um ano de existência e era
comandado pelo Maj.-Brig. Newton Ruben
Sholl Serpa e lembro que fui designado para
comandar o Núcleo do Comando-Geral do Ar
pelo então Ministro da Aeronáutica Marechal-
do-Ar R/R Márcio de Souza e Mello, este no
seu segundo mandato de Ministro.
SPECTRUM: Qual a motivação maior na-
quela época para se criar o COMGAR?
TB PRESSER BELO: A motivação maior era
subordinar a aviação da Força Aérea Brasilei-
ra a um mesmo Comando visto que, antes do
COMGAR, os meios aéreos eram subordina-
dos às antigas Zonas Aéreas (atuais COMAR),
tornando o Comando fragmentado.
SPECTRUM: Como foi a transferência do
COMGAR para Brasília?
TB PRESSER BELO: O Ten.-Brig.-do-Ar
Délio Jardim de Matos transferiu a sede do Rio
de Janeiro para Brasília, através de ato de ins-
talação do COMGAR, sendo que a efetivação
da transferência ocorreu meses depois.
SPECTRUM: Qual a importância do
COMGAR dentro da Força Aérea naquela
época?
TB PRESSER BELO: Naquele tempo, ficou
a cargo do COMGAR encarnar o braço
operacional e armado da Aeronáutica, a qual
existiria para apoiar os vetores e Unidades
Operacionais da Força Aérea comandada pelo
Comando-Geral do Ar.
SPECTRUM: Qual o fato marcante na épo-
ca do seu Comando? Ações de grande vulto?
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TB PRESSER BELO: Eu fiquei pouco tem-
po à frente do Núcleo do COMGAR, mais
precisamente um ano e um mês, e devido a
estar na sua fase embrionária, preparando sua
estrutura organizacional e seus regulamen-
tos, não se teve oportunidade da participa-
ção do COMGAR em quaisquer dessas situ-
ações.
SPECTRUM: E de algum fato pitoresco?
TB PRESSER BELO: Ah sim... Lembro-me
que como não havia rancho no prédio (o nú-
cleo do COMGAR estava instalado na anti-
ga PANAIR onde hoje é o III COMAR), o efe-
tivo deslocava-se até o rancho da Zona Aé-
rea para realização das refeições, entretan-
to, o caminho não era tão fácil assim, pois
havia alguns cachorros amarrados no trajeto
e eram cachorros ferozes e os militares eram
obrigados a fazer longos desvios. Depois fi-
camos sabendo que os cachorros pertenci-
am a um oficial que os alimentava com as
sobras do rancho.
Atualmente, o Ten.-Brig.-do-Ar Ary
Presser Belo, está com 93 anos de idade e mora
em Teresópolis – RJ. Mesmo com a idade avan-
çada, nos proporcionou momentos de refle-
xão ao passado... É curioso saber que seu ir-
mão, Ruy Presser Belo, também oficial da Ae-
ronáutica, foi o primeiro piloto a fazer a rota
da região norte nas asas do Correio Aéreo Na-
cional.
Ao Ten.-Brig.-do-Ar Presser Belo as nos-
sas homenagens e agradecimentos.
SO Oswaldo Costa Corrêa
O SO Oswaldo é natural do Rio de Janei-
ro, nascido em 27 de dezembro de 1936, ten-
do como data de praça na FAB, 11 de julho de
1955.
SPECTRUM: Quando é que o senhor foi
para o COMGAR?
SO OSWALDO: Fiz parte do primeiro efe-
tivo do COMGAR, quando ele foi criado em
1969. Na época eu estava na graduação de
Cabo, do efetivo do quadro complementar de
Administração. Permaneci até junho de 1970,
quando fui transferido para Brasília já no
COMDA (Comando de Defesa Aérea), perma-
necendo naquele Comando até 1975. Após a
vinda do COMGAR para Brasília, fui convida-
do a voltar a servir lá, onde permaneci até ir
para a reserva remunerada na graduação de
Suboficial, em 1990.
SPECTRUM: O senhor lembra onde foram
fixadas as primeiras instalações do COMGAR?
SO OSWALDO: Bom, na época, existia
uma empresa aérea chamada PANAIR do Bra-
sil. Essa empresa faliu, e o Ministério da Aero-
náutica destinou o local para ser a primeira
sede do COMGAR. Hoje, o III COMAR está
instalado no local.
SPECTRUM: Houve algum grande evento
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organizado pelo COMGAR nos seus primei-
ros anos de criação?
SO OSWALDO: Sim. Nesta época, o
COMGAR já estava sediado em Brasília. O
primeiro evento de vulto, coordenado pelo
COMGAR, foi a Manobra Militar denominada
MR/76 (Manobra Real), ocorrida na Região
Central do Brasil, no ano de 1976. O efetivo
desdobrado foi formado por militares da FAB,
empregando Unidades Aéreas, Unidades de
Comunicação e Unidades de Apoio Logístico.
Os objetivos da MR/76 foram avaliar a mobili-
dade da Força Aérea, a eficiência das Unida-
des de Transporte Aéreo, a eficiência do Siste-
ma de CTA e da Defesa Aérea, a aplicação dos
manuais de Doutrina e Emprego da Força Aé-
rea, dentre outros.
Também me recordo do COMGAR ter
sido um dos primeiros Grandes Comandos a
ser deslocado para Brasília. Ocupou quase todo
o segundo andar do prédio principal do então
Ministério da Aeronáutica, tendo como o seu
primeiro Ministro em Brasília o Ten.-Brig-do-
Ar. Délio Jardim de Mattos.
SPECTRUM: Quais foram os primeiros
setores criados no COMGAR?
SO OSWALDO: Os primeiros setores do
COMGAR foram criados em 1976 e foram os
seguintes: Seção de Pessoal, Seção de Investi-
gação e Justiça, Seção de Operações, Seção
de Material e Logística, Seção de Legislação.
SPECTRUM: O senhor lembra de algum
fato pitoresco ocorrido nos primeiros anos do
COMGAR?
SO OSWALDO: Certamente. Lembro-me
que, mais ou menos em 1976, o COMGAR
saiu do prédio principal e foi para o 2º andar
do Edifício Anexo do, então, Ministério da
Aeronáutica. Após termos nos instalados no
Edifício Anexo, verificamos que havia um au-
ditório muito bom, com possibilidade de ser
feito um bom proveito dele. Lembro-me, tam-
bém, que SO SAD Prado e eu gostávamos
muito de filmes, além disso, o SO Prado, antes
de ser militar da FAB, já havia trabalhado em
salas de projeção de filmes. Aí surgiu a idéia
de, também, fazer um cinema daquele auditó-
rio. Na época, o SO Prado tinha um vizinho
conhecido dele, que trabalhava na alfândega
de Brasíli, e já tinha sondado a possibilidade
dele ter um projetor por lá. Esse conhecido já
havia separado um Projetor de Filmes 35 mm
e estava esperando apenas que alguém fosse
apanhá-lo. Nessa iniciativa tivemos a coope-
ração dos Chefes do Estado-Maior e do Gabi-
nete do COMGAR. Conseguimos, também,
uma breve reforma do auditório com a aquisi-
ção de novas cadeiras e a troca das persianas
por cortinas escuras. O teor das filmagens era
variado e ia desde documentário, conseguidos
na EMBRAFILMES e Embaixadas, como por
exemplo, as da Alemanha, França, Coréia e
Japão, por intermédios dos secretários das
mesmas, e filmes retirados de canais de televi-
são, como por exemplo, a Rede Globo. A pro-
jeção dos filmes era feita, diariamente, no ho-
rário do almoço e tinha como público os mili-
tares e civis que prestavam serviço em todo o
prédio do Ministério da Aeronáutica. A sua
divulgação era feita através de cartazes, fixa-
dos nos quadros de avisos dos diversos Co-
mandos, bem como em todo o prédio do Mi-
nistério. Todos os dias, o cinema ficava lotado,
inclusive com pessoas assistindo os filmes em
pé.
Até 1990, quando o SO Oswaldo foi para
a reserva remunerada, o cinema ainda estava
funcionando, e o projetor ainda se encontra
no auditório do atual Comando-Geral do Ar.
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Composição Atual do COMGAR
O Estado-Maior do COMGAR
Àfrente do COMGAR, o Comandante-
Geral do Ar conta, para o exercício
das suas atribuições, no contexto da
estrutura organizacional deste Grande Coman-
do, com um Estado-Maior, o EMGAR, consti-
tuído pelo conjunto de Seções e Órgãos, que
tem como finalidade assessorá-lo no trato dos
diversos assuntos e atividades diretamente li-
gados ao cumprimento da sua missão.
O trabalho do EMGAR desenvolve-se,
desta forma, sob a orientação do Comandan-
te, a partir do planejamento, supervisão e co-
ordenação das atividades do Programa de Tra-
balho Anual destinado ao preparo e emprego
dos Comandos Aéreos e Forças Aéreas subor-
dinadas, no diversificado leque das suas mis-
sões específicas. Atua, além disso, nas inúme-
ras tarefas administrativas, em diferentes fun-
ções, no campo dos recursos humanos,
logístico, orçamentário, organização e legisla-
ção, e capacitação técnico-especializada, bem
como naquelas relacionadas com o desenvol-
vimento dos estudos e projetos de interesse,
com vistas à evolução operacional da Força.
Compõem, portanto, o Estado-Maior do
COMGAR, para execução das suas atribuições:
• Chefe;
• Seção de Pessoal (A-1);
• Seção de Inteligência (A-2);
• Seção de Operações (A-3);
• Seção de Logística (A-4);
• Seção de Planejamento e Orçamentário
(A-5);
• Seção de Organização e Legislação (A-6);
• Seção de Doutrina (A-7);
• Centro de Operações Terrestres do
COMGAR (COTAR);
• Centro de Guerra Eletrônica do
COMGAR (CGEGAR); e
• Esquadrão de Inteligência de Combate
(EIC).
Centro de Comando e Controle de OperaçõesAéreas (CCCOA)
Uma Força Aérea pode preparar-se para aguerra, mas sempre haverá limitações, pois arealidade do combate, as baixas, e os estressesimpostos ao combatente não podem ser simu-lados. Neste aspecto, reside a importância doadestramento através de manobras simuladase reais. A sua correta utilização, a freqüência eo modo com que são executadas, bem comoos ensinamentos extraídos, poderão fazer a di-ferença entre a vitória e a derrota.
Preparar equipagens e comandantes parasituações de combate não é uma tarefa sim-ples. Quanto maior a aproximação do cenáriode uma guerra por meio de simulações, maio-res serão as dificuldades para o planejamento,a execução e o controle das manobras, razãoessa da existência do CCCOA emassessoramento à nobre missão do COMGAR.
A FAB aprimora, dentro das limitaçõesexistentes, a sua operacionalidade através demanobras reais, supervisionadas e coordena-das pelo CCCOA.
Da análise do planejamento e da execu-ção das manobras é possível a visualização defatores que, em maior ou menor grau, interfe-rem no aproveitamento final pretendido. Algunsdeles devem ser administrados, modificados ouaté mesmo eliminados, para a otimização daatividade de treinamento como um todo.
Finalizando, o grande desafio, portanto, con-siste na utilização racional desse importante ins-trumento de preparação para o combate, em-pregando planejamentos adequados aos meiosexistentes, a supervisão, a execução e a avalia-ção dos resultados obtidos, em todos os níveisdo processo de Comando e Controle.
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Assimetria Militar: como obtê-la
Aassimetria militar ocorre quando há algum fator que causa uma grande diferença em favor de um dos beligerantes. “Os mongóis, sob
comando de Genghis Khan e seus sucessores, muitasvezes usavam de mobilidade superior, velocidadeoperacional, inteligência, sincronização, treinamen-to e moral para esmagar os inimigos em campanhasrelâmpagos”. Outros conquistadores, tais como osromanos e astecas, tiveram tecnologia, disciplina, trei-namento e liderança superior ao do adversário nocampo de batalha.
No entanto, nunca houve, na história, períodode assimetria militar de maior freqüência e intensida-de como a que tem ocorrido nos últimos cinqüentaanos. Esse fenômeno deve-se à espetacular evoluçãotecnológica e conceptual de meios e métodos aplica-dos ao espaço de batalha.
Há várias formas de classificar a assimetria mili-tar: nível da guerra (político-estratégico, militar-estra-tégico, operacional, tático ou uma combinação de-les); valores; organização; perspectivas de tempo di-ferentes (curto ou longo prazo); tipo de ocorrência(intencional ou à revelia); de força de vontade; etc.No entanto, qualquer que seja a classificação esco-lhida, a assimetria sempre será tecnológica, conceptualou ambas ao mesmo tempo (caso mais extremo deassimetria).
ASSIMETRIA TECNOLÓGICAAssimetrias tecnológicas têm sido comuns na
história militar, particularmente nos conflitos entre umestado industrialmente avançado contra um atrasa-do, tais como as guerras imperiais da Europa dos sé-culos XIX e XX. Num dos conflitos daquela ocasião,Hillaire Belloc salientou a confiança européia naassimetria tecnológica quando escreveu: “aconteçao que acontecer, nós temos o canhão Maxim e elesnão o têm” . O fato é que na Batalha de Matabele 50soldados, com apenas quatro canhões Maxim, con-seguiram se defender contra 5.000 guerreiros daque-la cidade.
Durante as guerras, a vantagem tecnológica temsido apontada como o fator de assimetria entre forçasarmadas. Há, no entanto, um outro viés maisdeterminante, que, por ser amorfo, intangível e quaseimperceptível, é menos comentado: a assimetriaconceptual.
ASSIMETRIA CONCEPTUALAssimetria conceptual ocorre quando um dos
beligerantes desenvolve, inova e explora um concei-to de guerra, uma concepção de emprego, um mo-delo, um método, uma tática ou, até mesmo, um pro-cedimento operacional, de modo a obter vantagemsobre o oponente. “Isto significa agir, organizar e pen-
sar com fins a maximizar o poder relativo, tirar pro-veito das fraquezas do inimigo ou ganhar maior liber-dade de ação”.
Na Segunda Guerra Mundial, por exemplo, a“blitzkrieg” (guerra-relâmpago), durante um ou doisanos, foi uma inovação tática alemã que causouassimetria nos campos de batalha europeus.
A assimetria conceptual, aliada a uma flexibili-dade doutrinária, foi um dos fatores responsáveis pe-las seguidas vitórias de Israel contra as nações Árabes(Guerra dos Seis Dias em 1967, Yom Kippur em 1973e Vale do Bekaa em 1982).
Em nenhum desses conflitos Israel possuía van-tagem numérica, mas soube compreender e explorarmelhor a assimetria conceptual. Note-se, ainda, quena Guerra do Yom Kippur eram os Árabes que possu-íam a supremacia tecnológica: o SAM-6 (míssil su-perfície-ar) era guiado pelo primeiro radar comtecnologia Doppler, permitindo acompanhar e aba-ter aviões israelenses voando próximo ao solo; o mís-sil SAM-7, portátil, era algo inusitado; e o canhão ZSU-23-4 foi o primeiro de uma série de “hard kill” quepassaria a existir no espaço de batalha.
A despeito dessas vantagens do lado árabe e deter sofrido pesadas baixas no início do conflito, Israelmudou sua concepção de emprego em pleno anda-mento da batalha, passou a utilizar-se de supressãode defesa aérea e adaptou a tecnologia para superaras ameaças existentes: maximizou a assimetriaconceptual.
O mesmo não ocorreu no lado árabe, que tinhatecnologia, mas pecava conceitualmente,minimizando o efeito letal das suas forças armadas.
A maior sinergia ocorre quando há coincidên-cia temporal entre as assimetrias conceptual etecnológica. “Isto ocorreu na Guerra do Golfo em1991, quando a Força de Coalizão, liderada pelosEstados Unidos da América, explorou os conceitosde poder aéreo, centro de gravida de, guerra no co-mando e controle e guerra eletrônica; utilizou-se daconcepção de emprego denominada de paralisia es-tratégica; empregou tática de ataques paralelos; ebuscou atuar numa arena (noturno e fora do alcancedo armamento inimigo)” , para maximizar sua van-tagem tecnológica, submetendo o oponente a múlti-plas crises, que ocorreram tão rapidamente que elenão conseguiu responder com eficácia a qualquer umadelas.
Essa assimetria devastadora ocorreu, principal-mente, durante os dois primeiros dias da Guerra doGolfo, quando centenas de aeronaves da coalizãoatingiram, entre outros alvos, o sistema de defesa aé-rea, usinas de energia elétrica, instalações de pesqui-
Narcelio Ramos Ribeiro - Cel. - Av
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sa nuclear, o quartel general das forças armadas, tor-res de telecomunicações, “bunkers” de comando,órgãos de inteligência e um palácio presidencial doIraque. Esses ataques ocorreram tão rapidamente con-tra diversos centros de gravidade do Iraque, que opaís, em considerável medida, foi imobilizado e aguerra, decidida naquelas poucas horas.
PRINCIPAIS CAUSAS DA ASSIMETRIAAs principais causas de assimetria militar estão
relacionadas à quantidade de aportes financeiros des-tinados às atividades de defesa e à capacidade de ino-vação do pessoal das Forças Armadas.
A obtenção de tecnologia condizente com asnecessidades das Forças Armadas Brasileiras requerquantidade vultosa de recursos financeiros, nem sem-pre disponível. A implementação de processos e es-truturas capazes de transformar o potencial dos recur-sos humanos, empregados nas atividades de defesa,em capacidade, para inovar e obter ou minimizar aassimetria conceptual, no entanto, pode ser realizadadentro do orçamento existente, pois não requer vul-tosas quantias.
A fantástica evolução, que tem ocorrido a partirdo século passado, deve-se à intensificação de for-mação nos níveis de pós-graduação “stricto sensu”(mestrado e doutorado). O homem avançou nos maisdiversos ramos do conhecimento. Teses foram desen-volvidas, resultando em inovação e assimetria nosvários campos de competição humana. As organiza-ções e os países que mais investiram neste nível deeducação foram aqueles que mais obtiveram vanta-gens competitivas. Esse fenômeno também tem ocor-rido nas atividades de defesa.
Na área militar, a formação no nível de pós-gra-duação permite a uma Força Armada desenvolver,entender e explorar, com maior probabilidade desucesso, os conceitos de guerra, as concepções deemprego, os modelos, métodos, táticas, procedimen-tos operacionais e as tecnologias utilizadas nos cená-rios de crise ou guerra.
SITUAÇÃO CONCEPTUALNas últimas décadas, o Brasil construiu uma
relevante base científica, tendo alcançado nívelde excelência internacional em várias áreas daciência. O número de trabalhos científicos cres-ceu de 3 mil para 11 mil entre os anos de 1981 e2001 e o resultado deste esforço manifesta-seinclusive na crescente participação do País naprodução científica mundial, que saltou de 0,4%,em 1981, para 1,4%, em 2001.
A área militar contribuiu para essa evolução: oIPD, IME, IPQM, ARAMAR, o complexo industrial dedefesa e, principalmente, o CTA/ITA buscaram a ino-
vação tecnológica. No entanto, na área operacionalnão se obteve resultados conceptuais em igual pro-porção.
Esse fato requer reflexão, pois, se for considera-do o mesmo período (1981 a 2001), percebe-se queum significativo número de oficiais realizou cursosde pós-formação, conforme figura a seguir.
Analisando a figura 1, nota-se que aproximada-mente 1.100 oficiais realizaram curso de pós-forma-ção por ano. No período de 20 anos (1981 a 2001),este número ficou perto de 20.000 militares. A ques-tão é que quase nenhuma inovação, que resultasseem assimetria conceptual, foi desenvolvida nestescursos, apesar da energia despendida e dos custosfinanceiros para ministrá-los.
Esses cursos de pós-formação não possuem osrequisitos necessários para serem consideradosmestrado ou doutorado e, portanto, não geram tesesque possam resultar em inovação e, conseqüentemen-te, assimetria conceptual.
A falta de programa de busca de excelência é aprincipal causa da evolução conceptual vagarosa queocorre nas Forças Armadas Brasileiras. Esse fato nãodesperta muita atenção, porque é pouco perceptível,é intangível. Para fundamentar essas afirmações, seráfeita, a seguir, uma análise dessa realidade.
No século XX, vários conceitos de guerra foramdesenvolvidos e aplicados no espaço de batalha, den-tre os quais cita-se: Guerra Eletrônica; Complexos eSistemas de Objetivos; Análise Operacional;“Command and Control Warfare”; “InformationWarfare”; “Network Centric Warfare”; etc. Todos elesforam desenvolvidos ou pela Inglaterra ou pelos Esta-dos Unidos da América, exatamente os dois paísesque mais investem em programa de busca de exce-lência conceptual.
Esses mesmos países também desenvolveram,no fim do século passado, concepções de empregocomo paralisia estratégica e ataques paralelos, quetêm sido aplicados nos conflitos assimétricos dos últi-mos 15 anos.
Vários modelos operacionais e logísticos, tam-bém, foram desenvolvidos na ciência e arte da guer-ra, dos quais destaca-se a teoria dos cinco anéis deWarden (desenvolvido a partir de uma tese), que éaplicada na identificação de centros de gravidade nasações ofensivas e defensivas.
O emprego eficaz e eficiente das forças milita-res depende das seguintes atividades consideradas bá-sicas: comando e controle; logística; guerra eletrôni-ca; inteligência de combate; análise operacional; eoperações psicológicas.
A realidade é que os países que possuem pro-
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grama de pós-graduação em assuntos relacionados àdefesa geram quase todas teorias, inovações eassimetria conceptual nessas atividades.
PROCESSOS E ESTRUTURA PARA OBTENÇÃO DE
ASSIMETRIA
O hoje pujante complexo aeronáutico de SãoJosé dos Campos tem sua origem na decisão tomadana década de 40, com a criação do InstitutoTecnológico da Aeronáutica (ITA), para capacitar re-cursos humanos especializados e desenvolver umasólida base de conhecimento e pesquisa científica deponta, que pudessem ser aplicados na inovação.
A EMBRAPA é outro caso notável. O programade busca de excelência dessa organização foi respon-sável pela transformação do então “infértil” cerradobrasileiro em uma das áreas mais competitivas emtodo o mundo. Constitui-se em cabeça do sistema deinovação do agronegócio.
O complexo aeronáutico, a indústria petrolíferae o agronegócio brasileiro têm dois pontos em co-mum: são exemplos de liderança internacional; e fo-ram estabelecidos a partir de programa de busca deexcelência.
Numa busca de institucionalização da excelên-cia na área operacional, o Comandante da Aeronáu-tica emitiu a portaria 941/GC3, de 11 Dez 2001, quecriou, no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA),o Programa de Pós-Graduação em AplicaçõesOperacionais (PPGAO), nos níveis de Mestrado eDoutorado, nas áreas de Comando e Controle, Guer-ra Eletrônica, Análise Operacional e Armamento Aé-reo, com a finalidade de formar militares e civis parao exercício de atividades de análise, síntese, avalia-ção, pesquisa e desenvolvimento de concepções,métodos, modelos, conceitos, táticas, procedimentose tecnologias, todas relacionadas com aplicaçõesoperacionais.
Esse programa tem por objetivo atender às ne-cessidades operacionais de busca da excelência, vi-sando à geração e ao domínio do conhecimento nosníveis estratégico, operacional e tático. Os temas dasteses de mestrado e doutorado são propostos peloEMAER, COMGAR ou outros setores interessados,caracterizando um retorno quase que imediato doinvestimento.
Além disso, há, também, dois cursos de pós-graduação lato sensu (especialização) com duraçãode 15 meses: um em guerra eletrônica (Curso de Es-pecialização em Análise de Ambiente Eletromagnéti-co – CEAAE, já na sua 6ª edição) e outro em análiseoperacional (em fase de preparação para sua 1ª edi-ção).
Apesar desse pioneirismo e das sábias decisõesdas autoridades da Aeronáutica, no sentido de im-plantar um programa de busca de excelência, esteautor propõe um salto maior, para fins de reflexão:substituição gradual do curso de aperfeiçoamento pormestrado nas áreas de comando e controle, logística,guerra eletrônica, análise operacional, inteligência decombate, sistemas de armas e operações psicológi-cas, a fim de desenvolver conceitos de guerra, con-cepção de emprego, modelos, métodos, táticas, pro-cedimentos operacionais e, em caso excepcional,tecnologias.
Pode-se depreender algumas vantagens dessaampliação do programa: os custos com cada alunoserá, praticamente, os mesmos que se tem com o aper-feiçoamento; um número maior de teses será desen-volvido e resultará, em parte, em inovação, contribu-indo para a obtenção da assimetria conceptual; crianicho de excelência em defesa; atrai outros paísespara a esfera de influência do Brasil, pois poderão seroferecidas vagas a outras forças armadas de interesse;diminui ou acaba com a dependência intelectual edoutrinária em relação aos EUA e Inglaterra (princi-palmente), além de fornecer à indústria de defesa na-cional uma visão conceptual mais adequada ao de-senvolvimento e comercialização de tecnologia dedefesa; possibilita a geração de novos conhecimen-tos (Know-Why), que resultem em conceitos de guer-ra, concepções de emprego, modelos, métodos, táti-cas, procedimentos e tecnologias; amplia a capaci-dade de otimização e utilização dos meios existentesna FAB; aumenta a capacidade de tirar proveito dasconcepções e dos recursos técnicos do inimigo; asForças Armadas Brasileiras serão as únicas, abaixo dalinha do equador, a possuírem programa semelhante,que não apenas causa assimetria operacional, mas,principalmente, contribui para aumentar o poder dedissuasão; e o Brasil se estabelecerá como um líderconceptual neste complexo negócio denominado“DEFESA”.
Nos últimos sessenta anos, quase todos os con-ceitos de guerra, concepções de emprego, modelos,métodos, táticas e, até mesmo, procedimentosoperacionais para a utilização eficaz do Poder Militarforam desenvolvidos por, basicamente, três países: AInglaterra; os Estados Unidos da América; e Israel.Coincidentemente, esses países venceram todos osembates em que se envolveram neste período, poispossuíam um dos maiores fatores de assimetria: Pro-gramas de Busca da Excelência em Defesa.
“A vitória sorri para aqueles que antecipam asmudanças de características da guerra, e não para osque esperam para adaptarem-se, após elas ocorre-rem”. Giulio Douhet
Revista Spectrum nº 08 – Mai 2004
ERRATA
Solicitamos, aos senhores leitores, considerar as alterações abaixo, necessárias ao perfeito entendimento do artigo “Assimetria Militar – como obtê-la”: Pág. Coluna Parágrafo Correção 14 2ª 1º parág., final, após:
“...percebe-se que um significativo número de oficiais realizou cursos de pós-graduação, conforme figura a seguir.”
Inserir o quadro: MÉDIA ANUAL POR FORÇA SINGULAR
TIPO DE CURSO
MB EB FAB
APERFEIÇOAMENTO 150 400 110
COMANDO E ESTADO-MAIOR
90 120 100
POLÍTICA E ESTRATÉGIA
50 50 40
TOTAL POR ANO 290 570 250
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Relacionamento entre Bases e Unidades AéreasResponsabilidades de Organizações Militares Interdependentes
Carlos de Almeida Baptista Jr – Cel.-Av
Tive o privilégio de Comandar, por qua-
tro anos, uma Unidade Aérea em im-
plantação.
Durante todo aquele tempo, e indepen-
dente dos óbices cotidianos, limitações e al-
gumas diferenças de opiniões, o apoio incon-
dicional que eu e meus comandados recebe-
mos dos Comandantes de minha Base-sede,
através de um relacionamento respeitoso e de
amizade, foi decisivo para que “nossas mis-
sões” tenham sido cumpridas com êxito.
“Assumo o cargo de Comandante da BaseAérea de Uaupés”
“Assumo o cargo de Comandante do 4º/3º Grupo de Aviação”
Depois de muitos anos de dedicação à
Força Aérea, esses deveriam ser os dias mais
felizes e promissores de nossas carreiras.
O processo de seleção dos Comandantes
das Bases (BAe) e Unidades Aéreas (UAe) su-
bordinadas ao Comando-Geral do Ar busca,
através de informações e julgamentos de toda
ordem, dotá-las de oficiais com reconhecido
desempenho, capazes de administrá-las por
períodos longos o suficiente para melhorar seus
padrões de eficiência, aperfeiçoar seus siste-
mas administrativos e operacionais, conquis-
tar a confiança dos homens e mulheres que as
compõe; em suma, COMANDAR.
Saber que passamos por tal seleção, e que
em nós foram depositadas tantas expectativas,
é sempre motivo de orgulho pessoal e profissi-
onal.
Paradoxalmente, a superação dos óbices
futuros, a íntima insegurança quanto às nossas
reais potencialidades, a necessidade de con-
tarmos com outras organizações, e até mesmo
com muita sorte, faz com que cada novo Co-
mandante, independente de sua experiência
ou nível do comando, misture àquele orgulho
profissional uma boa dose de desconforto e
insegurança.
Dois anos mais tarde, ao entregarmos
aquele mesmo cargo que assumimos com sa-
tisfação e receios, lá estamos nós, novamente
em um “Pátio da Bandeira ou de Estaciona-
mento de Aeronaves”, com sentimentos bem
diferentes: alívio e senso do dever cumprido.
O que aconteceu entre esses dois dias vai
ficar marcado, para sempre, em nossas vidas
profissionais e pessoais. Conhecemos a soli-
dão do comando, enfrentamos inúmeras res-
trições, fizemos amigos, acertamos e erramos,
decidimos, lideramos homens livres, aprende-
mos com nossos comandados, fomos compre-
endidos ou não, compreensivos ou inflexíveis...
vencemos ou perdemos.
Independente dos desafios e lições apren-
didas, fomos capazes de identificar, desde os
primeiros dias, que nossa missão – Comandar
uma Base ou Unidade Aérea – guardava uma
interdependência com todas as Organizações
Militares que dividiam o mesmo espaço físico
daquele quartel.
Identificamos, ainda, que interdependên-
cia, em uma instituição baseada na hierarquia
e disciplina, não é característica fácil de ser
observada, a menos que as regras e atribui-
ções estejam completamente definidas nas
normas que regem cada uma das funções.
Nesse cenário, não deveria haver tanto espa-
ço para o bom-senso, “achismos”, ou uma li-
nha divisória tão etérea entre as atribuições de
cada Comandante.
Ainda nesse período, fomos atores de si-
tuações indesejáveis e que já havíamos teste-
munhado anteriormente. Pensávamos poder
agir diferentemente, evitar os atritos, respeitar
a missão de nossos companheiros (indepen-
dente de sermos mais antigos ou não), sem os
quais nossa própria missão estaria comprome-
tida.
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Passados dois anos, precisamos reavaliar
os motivos que fizeram nossos desejos não
serem completamente atingidos, senão por nós,
pelas dezenas de Comandantes que assumem
os mesmos postos a cada período de dois anos.
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é
o de iniciar um debate acerca dos limites de
competência entre os Comandantes das Bases
Aéreas e Unidades Aéreas subordinadas ao
Comando-Geral do Ar, a fim de serem evita-
das superposições de responsabilidades e, con-
seqüentemente, atritos indesejáveis para o bom
desempenho de cada uma dessas funções.
Inicialmente, e com base no contido no
Manual do Comando da Aeronáutica 10-4
(MCA 10-4) – Glossário da Aeronáutica, o tra-
balho ratifica a correta classificação das Uni-
dades Aéreas como sendo Organizações Mili-
tares, entendimento básico para que os objeti-
vos propostos sejam atingidos.
Discutindo Conceitos BásicosAo assumir uma nova função, julgamo-
nos, via de regra, não completamente prepa-
rados.
Os novos desafios, o medo do desconhe-
cido e as expectativas de nossos novos subor-
dinados parecem pressionar nossa autocrítica.
Um novo Comando está sempre permeado
pelo ineditismo.
Apesar de termos desenvolvido, individu-
almente, ferramentas diferentes para vencer
cada uma das situações anteriormente
vivenciadas, o cargo de Comandante de uma
Base ou Unidade Aérea nos exigirá, cada vez
mais, um embasamento doutrinário comple-
to, nem sempre fornecido pelos cursos e está-
gios aos quais nos submetemos ao longo da
carreira.
A possibilidade de desconhecermos até
mesmo conceitos básicos poderá comprome-
ter nossa missão.
Quantos de nós, militares da Força Aé-
rea, seríamos capazes de responder, com con-
vicção, às seguintes perguntas:
• Bases Aéreas e Unidades Aéreas são OM?
• O que está por trás da frase “assumo o
cargo de Comandante”?
• Qual a diferença entre subordinação
administrativa e apoio administrativo?
Independente de “acharmos” banais, as
diferentes respostas e justificativas, a cada uma
dessas perguntas, seriam capazes de encher
páginas de opiniões divergentes. E são exata-
mente essas divergências que, potencializadas
frente à inconfessável insensatez de algumas
pessoas, e tão bem estudada por Bárbara
Tuchman1 , geram a maioria dos atritos entre
profissionais tão cuidadosamente selecionados.
Vejamos, pois, o que preceitua o MCA 10-
4 sobre alguns termos relacionados a essas
questões2 :
Apesar de nossa legislação básica pare-
cer suficientemente clara sobre o
enquadramento de todas as Bases e Unidades
Aéreas como Organizações Militares, bem
como das responsabilidades e atribuições de
cada um de seus comandantes, nossa legisla-
ção complementar (Regulamentos de Bases e
Unidades Aéreas, Atos de Criação e Ativação,
Diretrizes de Comando, Programas de Traba-
lho, Regimentos Internos etc.) e, principalmen-
te, nossa cultura organizacional induzem à
interpretação errada de que “as Bases Aéreas
são Organizações Militares e as Unidades Aé-
reas ... bem ... as Unidades Aéreas são apenas
Unidades Aéreas”.
Apesar de ter buscado, durante os levan-
tamentos realizados para este estudo, não me
foi possível determinar, com exatidão, a ori-
gem desse “misinterpretation”, embora algu-
mas alterações na estrutura e funcionamento
da Força Aérea possam ter contribuído para o
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quadro atual, conforme veremos a seguir:
Heranças das Esquadrilhas de AdestramentoAs “Esquadrilhas de Adestramento”, que
no passado foram dotadas de estruturas e mei-
os aéreos comparáveis às atuais Unidades Aé-
reas, davam aos Comandantes das Bases Aé-
reas responsabilidades pela administração,
emprego, instrução e disciplina de um com-
ponente aéreo considerável.
Apesar de, nos dias atuais, o emprego
operacional da FAB estar baseado, em última
instância, em Unidades Aéreas Isoladas, subor-
dinadas a “Forças Aéreas Especialistas3 ”, e in-
tegrantes de uma cadeia de subordinação di-
ferente daquelas às quais estão submetidas as
Bases Aéreas, nossa cultura organizacional tei-
ma em imputar aos Comandantes de Bases
parte das responsabilidades que, por leis e re-
gulamentos, não são suas, mas dos Coman-
dantes das Unidades Aéreas.
Nesse sentido, não me parece adequado
que o Comandante de uma Unidade Aérea,
buscando cumprir a missão atribuída por uma
Força Aérea Especialista, tenha parcelas das
atividades integrantes do seu Programa de Ins-
trução (administração, disciplina, instrução
terrestre etc.) subordinadas às BAe, ao invés
de tê-las, simplesmente, apoiadas por aquelas
OM, conforme preconiza o Art. 1º do Regula-
mento de Bases Aéreas.
Logicamente, não faz parte do objetivo
deste trabalho questionar os pilares básicos da
hierarquia e disciplina, como pode parecer à
primeira vista (mesmo porque a disciplina será,
sempre, responsabilidade do Comandante da-
quela guarnição), mas definir claramente os
limites de responsabilidade de cada um da-
queles profissionais que foram investidos de
um cargo de Comando.
Com base nessas premissas, atribuir a um
Comandante de BAe a responsabilidade, por
exemplo, pela rotina diária de uma UAe, pelo
cumprimento ou não das suas atividades ter-
restres (tiro com armas portáteis, aulas de re-
gulamentos, programa de condicionamento
físico etc.) e mesmo pelos índices de disponi-
bilidade dos meios aéreos, parece-me inade-
quado, a menos que tal responsabilidade seja
proveniente de uma incapacidade para apoiar
tais atividades (questões relacionadas aos ESM,
rancho, hospital etc.).
Apesar do parágrafo acima registrar alguns
dos casos clássicos de indefinições de respon-
sabilidades nesse relacionamento entre Orga-
nizações Militares distintas, prefiro encará-los
como paradigmas criados pela nossa cultura
organizacional, merecedores, portanto, de
reavaliações periódicas e legislação adequa-
da.
Paradigmas X LegislaçãoDurante os estudos para a confecção des-
te artigo, e com base em conversas com atuais
e ex-comandantes, verifiquei, com clareza, que
muitas das indefinições sobre os limites de res-
ponsabilidade entre nossos Comandantes não
são oriundas, como pode ter parecido até ago-
ra, apenas da insensatez, falta de bom senso
ou mesmo da cultura organizacional existen-
te.
Muitas das dúvidas levantadas dizem res-
peito à interpretação que se faz da legislação
em vigor. Vejamos, por exemplo, através do
raciocínio dedutivo, e a partir da premissa bá-
sica de que “Uma Unidade Aérea é uma Or-ganização Militar”, algumas dúvidas suscita-
das pela leitura de documentos normativos em
vigor:
• Se o ofício é o documento previsto para
comunicações externas entre Organizações
Militares, por que as Unidades Aéreas não ex-
pedem ofícios?
• Se a primeira punição de um militar
deve ser aplicada pelo Comandante de sua
OM, por que não é o Comandante da UAe
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que aprova a dos militares de seu efetivo?
• Por que aos Comandantes das BAe têm
sido submetidos os requerimentos para trans-
ferências por interesse particular dos militares
efetivos das UAe?
• Se ao Comandante da OM é dada a res-
ponsabilidade pela avaliação dos oficiais de
seu efetivo (ICA 36-4), por que alguns Coman-
dantes de BAe se julgam responsáveis por esta
tarefa?
Essas são, à guisa de exemplos, algumas
das dúvidas que permeiam o relacionamento
entre nossos Comandantes, e originadas de
uma legislação não tão clara quanto deveria
ser a que estabelece os limites de competên-
cia de cada um.
Como se pode notar, diversos são os exem-
plos e pontos de conflitos a que estão subme-
tidos nossos Comandantes de Bases e Unida-
des. Poder-se-ia preencher páginas sobre o as-
sunto, algo que extrapolaria os objetivos des-
sa publicação.
Entretanto, e por julgarmos ser este o ponto
focal de grande parte do “misinterpretation”
envolvido nesse relacionamento, a discussão
sobre o relacionamento administrativo (de
apoio ou de subordinação) entre esses dois ti-
pos de Organização Militar ocupará as linhas
finais desta argumentação.
Subordinação (Apoio) AdministrativaCorrendo o risco de tornar o assunto por
demais teórico, mas certo de que a compreen-
são de algumas expressões poderá nos ajudar
na elucidação dessas questões, recorro nova-
mente ao Glossário do Comando da Aeronáu-
tica (MCA 10-4), que assim define os termos
que guardam relação com a questão acima:
Oriunda de legislação administrativa, a
interpretação do que vem a ser “esclarecimento
de todos os atos administrativos e disciplina-
res”, constante da definição de subordinação
administrativa, toma um caráter, para nós mi-
litares, de atitudes relacionadas apenas a trans-
gressões disciplinares, o que não me parece
ter sido a intenção original do legislador ao
tratar de um relacionamento administrativo
entre órgãos distintos.
Parece-me, antes de tudo, relacionar-se à
necessidade de publicidade, transparência e
controle que devem caracterizar os atos admi-
nistrativos, de quaisquer órgãos públicos, bem
como a possibilidade de serem punidos os
agentes que não cumprirem as legislações es-
pecíficas.
Apesar desse entendimento particular, e
por não haver qualquer dúvida sobre a ascen-
dência disciplinar de qualquer militar sobre
aqueles que lhe são subordinados, passemos
a avaliar o significado da subordinação admi-
nistrativa propriamente dita.
Para tal, recorro mais uma vez a conver-
sas que tive, no período de produção deste
artigo, com diversos companheiros, no intuito
de buscar, na própria Força, situações que
melhor exemplificassem esta relação adminis-
trativa de subordinação entre duas Organiza-
ções Militares, que devem funcionar
harmonicamente independente do grau hierár-
quico de seus Comandantes.
O Grupamento de Apoio de Brasília – GAP-BRComo Unidade Gestora Executora (UGE)
do prédio-sede do Comando da Aeronáutica,
o GAP-BR é o órgão responsável pelo
gerenciamento e processamento dos recursos
creditícios, financeiros e pela gestão
patrimonial de diversas Organizações Milita-
res (classificadas como Unidades Gestoras
Responsáveis – UGR), a maior parte das quais
comandadas por oficiais generais.
Apesar de o GAP-BR, no que tange ao re-
lacionamento de uma UGE com suas UGR, ter
a si subordinadas administrativamente Orga-
nizações Militares tais como o EMAER,
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COMGEP, DEPENS, CCA-BR etc., não há,
como se poderia imaginar, qualquer interfe-
rência nas Ações de Comando daqueles órgãos,
embora seu Chefe tenha, em última análise,
responsabilidades administrativas relacionadas
às UGR subordinadas, o que lhe confere a prer-
rogativa de conhecer e avaliar a pertinência
de todos os atos administrativos por elas reali-
zados. É, enfim, um relacionamento técnico-
administrativo, não havendo subordinação de
ações inerentes a cada uma das OM, que não
as puramente voltadas para a administração
dos recursos e patrimônio.
A exemplo do GAP-BR, todas as Bases
Aéreas são Unidades Gestoras Executoras, pos-
suindo, sob sua subordinação administrativa,
as Unidades Aéreas4 , fato que, além de
otimizar os recursos materiais e pessoais exis-
tentes, possibilita às Unidades Aéreas grande
flexibilidade e concentração de esforços no
cumprimento de sua missão: o vôo.
A partir desses exemplos, o seguinte
questionamento parece inevitável:
Existe algum aspecto, na subordinação das
Unidades Aéreas às Bases Aéreas, que pode
dificultar a delimitação das responsabilidades
de cada um de seus Comandantes?
A resposta à pergunta, que logicamente
penso ser afirmativa, deve ter sua origem em
diversos fatores, inclusive nos listados abaixo,
para os quais ações corretivas poderiam ser
estudadas:
•Os Comandantes das Bases são mais an-
tigos que os das Unidades Aéreas;
• Os Comandantes das BAe são oriundos,
via de regra, de uma das Unidades Aéreas
sediadas, conhecendo profundamente suas ca-
racterísticas, funcionamento e óbices. Esse fato,
aliado à ascendência hierárquica e ao descon-
forto típico de oficiais aviadores que deixam o
ambiente “aéreo” para uma atividade quase
que puramente administrativa, pode ser, em
grande parte, a origem da falsa impressão de
que ainda são os maiores responsáveis pelas
decisões que afetam as Unidades Aéreas
sediadas;
• Por não terem sido alocados, pelo me-
nos nos últimos dez anos, recursos orçamen-
tários destinados à “vida vegetativa” das Uni-
dades Aéreas, seus Comandantes dependiam,
para o cumprimento de suas missões, dos cré-
ditos alocados aos Planos de Trabalho das Ba-
ses Aéreas, que nem sempre eram priorizados
de acordo com suas necessidades. Felizmen-
te, e com o fito de sanar tal deficiência, o Pla-
no de Ação do Comando da Aeronáutica 2004
alocou recursos próprios para as Unidades
Aéreas e de Aeronáutica subordinadas ao
COMGAR, passando cada Comandante a dis-
por de todos os meios materiais necessários
ao cumprimento de suas missões;
• Os recursos alocados às Bases Aéreas
têm sido insuficientes para atendimento de suas
próprias necessidades, exigindo priorizações
que, por vezes, vão de encontro às solicita-
ções das UAe. Também neste aspecto, a
alocação de recursos próprios para as Unida-
des Aéreas, já a partir deste ano, mostra-se
como uma importante ferramenta em prol de
uma melhor delimitação das atribuições de
nossos Comandantes;
•Os Comandantes das UAe não são ade-
quadamente preparados para a gestão de re-
cursos orçamentários e financeiros, o que os
torna, por vezes, incapazes de entenderem as
limitações de apoio exigidas às Bases Aéreas;
Responsabilidade x AutoridadeDa cultura organizacional à manutenção
de antigos paradigmas, da legislação existente
à personalidade de cada indivíduo, diversas
têm sido as causas de atritos entre aqueles dois
profissionais aos quais nos referimos no início
deste artigo – nossos Comandantes de Bases eUnidades Aéreas, e sobre os quais a Força
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○22
Spectrum
Aérea tem depositado as melhores esperanças
de um futuro promissor.
A fim de sanar tais deficiências, o Coman-
do da Aeronáutica tem buscado alocar, em
cada Organização Militar, os recursos neces-
sários ao cumprimento de suas missões (equi-
pamentos, pessoal e créditos orçamentários),
incentivado o debate, aprimorado a legisla-
ção etc.
Entretanto, nenhum manual, recursos
abundantes, treinamento técnico, equipamento
moderno ou qualquer atitude que vise a
minimizar tais agruras serão suficientes, a me-
nos que cada militar conheça e respeite as atri-
buições que lhe foram determinadas, e para
as quais foi investido de autoridade compatí-
vel.
Referências Bibliográficas1 A Marcha da Insensatez – De Tróia ao
Vietnã.2 Todos os grifos do autor.3 Considerando, para fins desse artigo, as
OM com ascendência operacional direta
sobre as UAe (COMARES, 2ª, 3ª e 5ª FAe)4 A algumas BAe, subordinam-se outras
OM, como a 2ª FAe e o CECAN, UGR’s
da BAGL.
Revista Spectrum nº 08 – Mai 2004
ERRATA
Solicitamos, aos senhores leitores, considerar as alterações abaixo, necessárias ao perfeito entendimento do artigo “Relacionamento entre Bases e Unidades Aéreas”: Pág. Coluna Parágrafo Correção 18 2ª 2º, final, após:
“Vejamos, pois, o que preceitua o MCA 10-4 sobre alguns termos relacionados a essas questões2:”
Inserir o quadro:
19 1ª 2º parág., final, após: “...nossa cultura organizacional teima em imputar aos Comandantes de Bases parte das responsabilidades que, por leis e regulamentos, não são suas, mas dos Comandantes das Unidades Aéreas.”
Inserir o qu
Decorrespode outra venha aautoridadregulameadministrdisciplina
Dede tropabase, aadministr Armadas
1. Autoregudirigiaspefunçã
2. Ato o3. Unid
área
ORGANIZAÇÃO MILITAR nominação genérica dada à unidade , repartição, estabelecimento, navio, rsenal ou qualquer outra unidade ativa tática ou operativa das Forças.
COMANDO ridade decorrente de leis e lamentos, atribuída a um militar para r e controlar forças, sob todos os ctos, em razão de seu posto e o. u efeito de comandar. ade ou Unidades, Organização ou sob o comando de um militar.
adro:
nominden qualq ter e d ntos ação de u
COMANDANTE nação genérica dada ao militar, te a de Diretor, a de Chefe ou auer denominação que tenha ou aquele que, investido deecorrente de leis e de
, for responsável pela, emprego, instrução ema organização militar.
20 1ª 6º parág., final, após: “...recorro novamente ao Glossário do Comando da Aeronáutica (MCA 10-4), que assim define os termos que guardam relação com a questão acima:”
Inserir o quadro:
ORGANIZAÇÃO APOIADORA
Organização militar que seja sede de uma unidade aérea. Uma organização poderá ser, simultaneamente, organização apoiadora e unidade operadora, caso possua aviões orgânicos em sua dotação.
APOIO ADMINISTRATIVO
Provimento de meios e de ações necessárias ao funcionamento de determinada organização apoiada.
SUBORDINAÇÃO ADMINISTRATIVA
Relação de dependência caracterizada pelo esclarecimento de todos os atos administrativos e disciplinares que uma organização deve à autoridade a que estiver subordinada administrativamente.
ATO ADMINISTRATIVO
Toda a manifestação unilateral de vontade da Administração Pública, que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir ou declarar direitos, impor obrigações aos administrados ou a si própria.
23
Spectrum
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O Uso da Transformada de Wavelets em Deinterleaving
Fruto de um Trabalho de Graduação da
Engenharia Eletrônica do ITA, este arti-
go apresenta os resultados obtidos no
deinterleaving de sinais de RF, através do uso
da transformada de wavelets, para aplicações
em sensores de Guerra Eletrônica. Parte essen-
cial de processadores de sistemas RWR e ESM,
o deinterleaving pode ser realizado através de
diversas técnicas, contudo, a abordagem ado-
tada representa uma inovação tecnológica sob
domínio do COMAER. Os resultados, obtidos
através de simulações e de implementação em
DSP, mostraram-se consistentes com o esperado.
IntroduçãoPara localizar e identificar emissões de
radares em um teatro de operações, os siste-
mas usados são o RWR (Radar WarningReceiver) e o ESM (Electronic SupportMeasurements). O RWR é um receptor que
informa o piloto sobre as emissões de radares
presentes na área que representem ameaças
iminentes. O ESM, por sua vez, apresenta mai-
ores precisão de DF e sensibilidade, em rela-
ção ao RWR, o que permite aos operadores
obterem a requerida consciência situacional
aos operadores. A figura 1 mostra o display de
um RWR apresentando informações ao piloto
sobre as múltiplas ameaças presentes no am-
biente em que a aeronave está inserida. A par-
tir da identificação da emissão, medidas de
proteção ou de ataque eletrônico eficazes po-
dem ser tomadas.
Em linhas gerais, equipamentos RWR ou
ESM típicos são compostos, basicamente, por
um conjunto de antenas, um receptor de mi-
croondas, um processador e uma interface com
o operador e/ou com o sistema aviônico. Este
conjunto tem a capacidade de receber múlti-
plos sinais em diversas modulações, medir as
suas principais características e direções de
origem, classificá-los e apresentar os dados aos
operadores, através de interface gráfica, ou à
rede associada por meio de enlace de dados.
As antenas, o receptor e o processador têm
funções complementares para a apresentação
de dados aos operadores ou à rede. No con-
junto de antenas, podem ser usadas
Omnidirecionais (provêem 360º de cobertura
em azimute), Diretivas (DF-Direction Finding)
ou uma combinação das duas. O sinal prove-
niente das antenas é dividido em diversas ban-
das por um multiplexador e enviado ao recep-
tor. A tecnologia empregada no receptor de-
pende do tipo de performance exigida nos re-
quisitos do sistema. Os receptores podem ser
de Abertura Larga; Super-heteródino de banda
estreita ou de banda larga; Canalizado; Acusto-
óptico; Microscan; ou Digital[4]. O receptor
deve medir as características do sinal recebi-
do e gerar uma palavra descritiva para o
processador. Um processador deverá ser ca-
paz de executar as seguintes funções[5]:
Deinterleaving, Cálculo do PRI, Identificação
do radar, Rastreamento (tracking) e Revisiting.
Dentre as funções listadas acima, o
deinterleaving consome boa parte dos recur-
sos do processador. O deinterleaving tem como
objetivo detectar a presença de trens de pul-
sos periódicos e estimar seus parâmetros. Como
diversos trens de pulsos são recebidos de dife-
rentes fontes, considerando um ambiente ele-
tromagneticamente denso, sistemas RWR e
ESM têm que separar e gravar os dados dos
diversos trens de pulsos para poder compará-Figura 1: Display de um RWR apresentando informações ao piloto sobre asmúltiplas ameaças presentes no ambiente em que a aeronave está inserida.
André L. Pierre Mattei - Maj.-Av.Jorge Maurício Motta - Cap.-Av.
Prof. Dr. Osamu Saotome
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los com uma biblioteca de emissores. Dados
como tempo de chegada (TOA – Time ofArrival), direção de chegada (DOA – DirectionOf Arrival), freqüência, etc. podem ser usados
para a separação dos trens pulsos recebidos.
Este trabalho se concentra na realização
de um algoritmo e de um circuito eletrônico
capaz de realizar o deinterleaving. Ele é a con-
tinuidade do trabalho iniciado por MOLINA,
2002, em seu Trabalho de Graduação no ITA.
Para separar os sinais recebidos, as técnicas
comumente empregadas são as de histograma
e de periodograma. Neste trabalho foram
implementados em DSP (Digital SignalProcessor), Texas TMS320C6711, algoritmos de
detecção de intervalos de repetição de pulsos,
de seqüências de pulsos radar intercalados,
usando a técnica de wavelets. O objetivo des-
tas implementações foi verificar a eficácia e a
eficiência dos algoritmos baseados na análise
espectral de wavelets.
Deinterleaving Através da Transformada deWavelets
A transformada de wavelets é um meio
de determinar o período T de um trem de pul-
sos recebido por sistemas RWR ou ESM. Con-
siderando que normalmente mais de um trem
de pulso é recebido pelo sistema de detecção,
estes acabam entrelaçados, misturados. A trans-
formada opera neste entrelaçamento, determi-
nando cada um dos períodos T das compo-
nentes. A transformada de wavelets é robusta
contra pulsos perdidos e jitter, e, além disso, é
sensível para seqüências de pulsos simples,
complexas e stagger.Pode-se exemplificar o processo de
deinterleaving através do caso de haver a re-
cepção de três sinais. Como os pulsos detecta-
dos se misturam no receptor, o processador
deverá ser capaz de identificar os trens de pul-
sos individuais, referentes a cada radar. Para
tanto, cada pulso interceptado será compara-
do aos demais, a fim de verificar se foi origina-
do da mesma fonte. Os parâmetros comumente
utilizados para efetuar esta comparação são a
freqüência, a diferença de TOA (?TOA) e o AOA
dos pulsos recebidos. Contudo, o uso de um
ou mais parâmetros pode ser necessário, de-
pendendo do sinal recebido.
Os radares modernos empregam diversas
técnicas para dificultar a sua detecção e a sua
identificação. Por exemplo, se dois pulsos fo-
rem muito próximos em freqüência, estes po-
dem ser considerados como vindos de um
mesmo radar pelo receptor. Ou ainda, se o ra-
dar muda sua freqüência a cada pulso, torna-
se difícil utilizá-la como referência. Um argu-
mento similar pode ser aplicado à diferença
de TOA. Para radares com salto em freqüên-
cia (frequency hopping) e PRI (Pulse RepetitionInterval) ágil, o AOA é o parâmetro mais efi-
caz para comparação. Através da comparação
dos parâmetros, os pulsos interceptados podem
ser separados em trens de pulsos de diferentes
radares.
Algoritmos Clássicos de DeinterleavingExistem vários algoritmos destinados à
realização do deinterleaving, dentre esses, as
técnicas clássicas estão o histograma e o
periodograma.
Histograma dos tempos de chegada
(TDOA histogramming) – Esta técnica consis-
te em realizar o histograma dos tempos de che-
gada para efetuar um levantamento prévio dos
PRI existentes. Feito isto, todos os tempos de
chegada referentes aos PRI detectados são re-
tirados da seqüência de pulsos intercalados.
Este processo é repetido até que não haja mais
nenhum valor remanescente para análise. As
complicações inerentes a este método são: fal-
so alarme em múltiplos do PRI verdadeiro; fa-
lha na detecção de seqüências complexas de
pulsos; é um procedimento de alta demanda
computacional; e seu histograma produz um
25
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
conjunto de falsos alarmes que mascaram os
PRI verdadeiros.
Periodograma – Consiste na busca de um
periodograma para as freqüências de repeti-
ção de pulsos, produzindo picos nas PRF (Pul-se Repetition Frequency) referentes aos sinais
intercalados. As complicações inerentes a este
método são: falso alarme em múltiplos da PRF
verdadeira; falha na detecção de seqüências
de pulsos curtas; falha na detecção de seqüên-
cias complexas de pulsos; e estratégia de bus-
ca ineficiente.
Usando Wavelets no DeinterleavingUma técnica alternativa, que vem sendo
pesquisada e está apresentando excelentes re-
sultados, é a utilização da Transformada de
Wavelets Contínua. Nesta técnica, os tempos
de chegada são representados como uma
superposição de impulsos e, a seguir, aplica-
se transformada de wavelets contínua ao si-
nal, baseada em uma wavelet mãe. Os PRI são
obtidos pelos picos do espectro global de
wavelets que ultrapassam um determinado
valor (threshold). Sobre o uso de wavelets em
deinterleaving, veja DRISCOLL e HOWARD,
1999.
Dentre as vantagens desta abordagem,
destacam-se a necessidade de um número re-
duzido de pulsos interceptados para efetuar
uma correta detecção dos PRI dos sinais (apro-
ximadamente 10 pulsos), a eficiência na
detecção de PRI complexos dos tipos staggere wobulated e o baixo índice de falsos alar-
mes.
A Figura 2 ilustra alguns dos resultados
obtidos. Para testar o algoritmo de
deinterleaving, foram usados 6 sinais diferen-
tes. Três dos sinais eram simples, com as se-
guintes PRI: 8, 14 e 21 ms; e três eram stagger,com as seguintes PRI: 3, 5 e 10 ms. O número
de pulsos detectados foi: 10 para os simples e
20 para os stagger. A figura 2 apresenta os re-
sultados em gráficos bidimensionais, criados
por meio do uso de abordagens Morlet e Re-
tangular (os detalhes fogem ao escopo deste
artigo). Pode-se verificar que os sinais gerados
e misturados foram separados e identificados.
ConclusãoNo contínuo esforço para o domínio das
tecnologias envolvidas em receptores de Guer-
ra Eletrônica, o ITA e o CTA atuam em diversas
áreas. Tendo iniciado as atividades em 1998,
o Laboratório de Guerra Eletrônica fomenta a
geração de diversos trabalhos de Graduação e
de Pós-Graduação, visando o domínio dos
conhecimentos necessários ao desenvolvimen-
to de sistemas para Unidades Operacionais do
Ministério da Defesa.
Gerado a partir de um Trabalho de Gra-
duação do ITA, este trabalho usou algoritmos
que empregam a transformada de waveletspara realizar o deinterleaving de sinais emiti-
dos por radares. Os resultados mostraram-se
consistentes com o emitido e demonstram a
validade da técnica e suas vantagens em rela-
ção às técnicas tradicionais.
O uso de wavelets no deinterleaving re-
presenta um avanço em relação à
histogramação e ao periodograma, por reali-
zar a função desejada com maior eficácia e
Figura 2 – Gráficos representativos dos sinais identificados, através de wavelets.(a) Escalogramas bidimensionais e
(b) Espectro global de wavelets.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○26
Spectrum
com menor consumo computacional do
processador. Os resultados obtidos represen-
tam um passo importante para o domínio das
tecnologias presentes em sistemas embarcados
de Guerra Eletrônica.
Referências Bibliográficas[1] DRISCOLL, D. E. e HOWARD, S. D. The
Detection of Radar Pulse Sequences by
Means of a Continuous Wavelet Trans-
form. IEEE Proceedings on InternationalConference, Acoustics, Speech, and SignalProcessing. 1999, vol. 3, p. 1389-1392.
[2] MOLINA, A. L. B. Uma Investigação do
Sistema de Software do Receptor deAlerta Radar RWR ELT-156X. Trabalho de
Graduação, Instituto Tecnológico de
Aeronáutica, 2002.
[3] MOTTA, J. M. O Uso da Técnica daTransformada de Wavelets Contínua emDeinterleaving. Trabalho de Graduação,
Instituto Tecnológico de Aeronáutica,
2003.
[4] NERI, F. Introduction to ElectronicDefense Systems. USA: Artech House Inc.,
2nd Ed., 2001.
[5] TSUI, J. Digital Techniques for WidebandReceivers. USA: Artech House Inc., 1995.
27
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Aplicação de Inteligência Artificial em Comando e Controle
1. Inteligência Artificial
Inteligência Artificial é uma das ciências
mais novas da atualidade, tendo surgido
após a II Guerra Mundial. O nome Inteli-
gência Artificial foi utilizado pela primeira vez
em 1956. Desde então não parou de se alas-
trar, atingindo uma grande variedade de cam-
pos, indo de áreas de propostas mais gerais -
como aprendizado e percepção - a tarefas es-
pecíficas como jogos de xadrez, provador au-
tomático de teoremas de matemática, escritor
de poesia, e diagnosticador de doenças [1].
Inteligência Artificial (IA) diz respeito às
faculdades humanas responsáveis pelo enten-
dimento e criação, enquanto que Comando e
Controle (C2) está relacionado com aplicação
da inteligência humana no gerenciamento de
alocação de recursos em um ambiente dinâ-
mico. A ligação entre os dois conceitos é in-
tuitivamente óbvia! Se o que se pretende é
entender ou acompanhar o processo de C2, é
preciso aplicar os conceitos de IA. [2].
Uma das maiores lacunas em nossa habi-
lidade em construir e organizar bons sistemas
de C2 está justamente em adequados modelos
que incluam o sistema como um todo e o ele-
mento humano.
Segundo Miles (1988), construir uma má-
quina que “pense” como um humano tornou-
se um desafio muito grande. Os esforços em
IA concentraram-se em algumas habilidades
dos humanos, que, obviamente, têm uma apli-
cação mais imediata: processamento da lin-
guagem natural, sistemas visuais, problemsolving, teoria de jogos, aprendizado, e repre-
sentação do conhecimento.
A maioria dos sistemas de C2 são com-
plexos, mal definidos, geralmente contém uma
certa dose de incerteza, podendo ter uma ou
várias soluções (ou até nenhuma). Nos mais
altos níveis de Comando e Controle, o papel
do homem é o de planejar e alocar recursos.
Porém, ele normalmente se encontra sob
estresse, sujeito a exercer o processo decisório
com idiossincrasias como conservação, satu-
ração, predições infundadas, hábito,
superconfiança (ou falta de confiança, às ve-
zes), falácia e pânico [5].
Para aliviar esta situação, a Inteligência
Artificial (IA) - baseada em sistemas
computacionais que assessoram ou substitu-
em os homens quando eles são muito caros,
muito vagarosos, ou comprometem a seguran-
ça - pode ser usada como uma técnica para
auxiliar a decisão e o planejamento, permitin-
do que o operador se concentre nas opções
oferecidas, permitindo determinar a solução
mais apropriada para o problema em questão.
As técnicas de IA, aliadas às tecnologias de
processadores concorrentes, oferecem a pos-
sibilidade de desenvolvimento de sistemas in-
teligentes de auxílio à decisão em C2 em tem-
po real.
A Inteligência Artificial fornece as ferra-
mentas para que os especialistas do conheci-
mento (comandantes) utilizem, em tempo real,
uma estrutura de controle baseada em siste-
mas especialistas que gerenciam sistemas de
alocação de recursos, efetivo de tropas, evo-
lução de situações e dinâmicos problemas de
estratégia. O fator diferencial do uso de IA é
que esta permite ao usuário solicitar aos siste-
mas especialistas o “raciocínio” utilizado por
trás das recomendações oferecidas em respos-
ta a uma situação emergencial, onde não há
tempo suficiente para analisar todas as opções[5].
2. Aplicações de IA em problemas de C2Dentro de toda a complexidade de C2,
há dois fatores relevantes: a modelagem da si-
tuação e a alocação de recursos. O primeiro
consiste no processo de construir um modelo
para o mundo real, tão fiel quanto possível.
Isto requer fusão de dados de todas as fontes e
Raimundo Nogueira Lopes Neto - Maj. Av.Prof. Dr. Karl Heinz Kienitz
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○28
Spectrum
avaliação dessa fusão, a fim de fazer uma in-
terpretação da situação tática presente. Predi-
ção também é requerida para entender o que
pode provavelmente acontecer, a fim de me-
lhorar o processo decisório. Quanto à alocação
de recursos, esta faz parte do processo
decisório e são direcionadas diretamente para
as Unidades envolvidas. Ambos os fatores ope-
ram de forma diferente com relação ao tempo
necessário para resposta[3].
Sistemas de Comando e Controle são res-
ponsáveis pelo gerenciamento de toda infra-
estrutura necessária para a defesa e para a guer-
ra, ou para qualquer sistema complexo e di-
nâmico de larga escala que lida com informa-
ção e alocação de recursos. Não há uma ade-
quada teoria para Comando e Controle, nem
uma metodologia definida para a sua estrutu-
ra [4].
Não é de surpreender afinal que os mais
altos níveis de C2 são basicamente uma ex-
tensão do processo decisório humano através
de procedimentos, organizações, equipamen-
tos, fusão de dados, avaliação de situações (ou
avaliação da ameaça) e alocação de recursos.
Sistemas de C2 estão entre os mais complexos
sistemas de gerenciamento de alocação de re-
cursos de tempo real e de larga escala conhe-
cidos pelo homem; sua efetividade é drastica-
mente limitada pela falta de velocidade, satu-
ração de dados e limites cognitivos do proces-
so decisório do homem. A efetividade de sis-
temas de C2 não são apenas processos
decisórios que selecionam a melhor opção,
mas também a criação, avaliação e refinamen-
to da situação em questão, e o que pode ser
feito a respeito (se necessário).
A maioria dos sistemas práticos de C2 são
baseados em ações de sistemas de informa-
ção, isto é, são concentrados na aquisição da
informação (incluindo a correlação, alteração
e roteamento) e comunicação, ou seja, mais
nos aspectos físicos do que nas análises das
entrelinhas do processo decisório propriamente
dito. O atual processo de C2 continua man-
tendo o processo decisório, apesar da tendên-
cia moderna dos sistemas de C2 de se torna-
rem mais sofisticados através:
•do aumento da velocidade, da
efetividade e da mobilidade dos modernos sis-
temas;
• do aumento do número, da diversidade
e da capacidade dos sensores que, aliados à
inteligência, são levados a uma explosão de
informações referentes ao problema enfrenta-
do; e
• do aumento do número de diferentes
tipos sensores do campos de batalha, que re-
quer um habilidoso gerenciamento do proble-
ma, envolvendo avaliação complexa e dinâ-
mica.
Está claro que a razão, a complexidade, a
dimensão e a incerteza dos eventos e da infor-
mação sobre os aspectos de C2 aumentam ra-
pidamente em situações de crise. Isto, associ-
ado à necessidade de decidir em tempo real
faz com que as tecnologias incorporadas em
sistemas de C2 sejam de grande valia para o
processo decisório [ 5].
Há dois subprodutos das discussões so-
bre solução de problemas gerais para onde os
pesquisadores estão orientando suas pesqui-
sas:
•linguagens de programação e ambien-
tes; e
• sistemas especialistas e ferramentas de
suporte.
2.1 Sistemas especialistasSegundo Miles (1988), a filosofia de um
sistema especialista é produzir uma solução
computacional para um problema, capturan-
do e codificando o conhecimento do especia-
lista humano, de forma que ele ou outros pos-
sam usá-lo. A forma com que o conhecimento
humano deve ser capturado é muito importante
29
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
e deve estar explícita em uma linguagem cla-
ra. Isto faz o sistema ficar visível ao usuário,
para que possa mostrar que tipo de lógica foi
usada para se chegar à solução. Conhecimen-
to explícito e raciocínio utilizado para achar a
solução possível de ser avaliada são as princi-
pais características que distinguem os sistemas
especialistas de outros programas convencio-
nais.
Geralmente, a habilidade está na forma
de regras, e estas regras formam a base de co-
nhecimento do sistema. A estrutura de contro-
le do programa é usada para permitir que o
usuário acesse a base de conhecimento atra-
vés de consultas feitas à máquina. Essas con-
sultas podem gerar perguntas ao próprio usuá-
rio, até que o programa tenha evidências sufi-
cientes para gerar uma solução. Como comen-
tado anteriormente, o usuário poderá solicitar
ao sistema o processo de “raciocínio” utiliza-
do para atingir a solução, para que possa ser
averiguado quanto à lógica utilizada.
Sistemas especialistas têm sido desenvol-
vidos para uma grande quantidade de proble-
mas, mas muitos deles acabam sendo relacio-
nados nas seguintes categorias:
• classificação: diagnósticos médicos,
análise química, identificação de falhas, mi-
neração e prospecção de petróleo;
• interpretação da situação e
monitoramento: monitoração de máquinas in-
dustriais, monitoração de pacientes, avaliação
de situação tática e avaliação da ameaça; e
• planejamento e alocação de recursos:
planejamento de rotas, configuração de siste-
mas, preparação de Unidades para o combate
e alocação de alvo.
Os sistemas especialistas da categoria de
classificadores são os que estão com métodos
de desenvolvimento bem estabilizados. Eles
trabalham com conjunto de dados relativamen-
te estáveis, como, por exemplo, um conjunto
de sintomas ou resultados de testes.
A estrutura de regras neste tipo de sistema
especialista é chamada de rede de inferência
(Figura 1). Os estados objetivos representam
as conclusões possíveis e as evidências são li-
gadas por uma rede de inferências. Normal-
mente, há vários estágios do raciocínio antes
de se atingir o estado objetivo. As regras têm a
forma “se-condição-então-conclusão”. A cer-
teza da conclusão vai depender da certeza das
condições de entrada e do tipo de regra.
Os componentes de um sistema especia-
lista são (Figura 2):
• rede de inferência - o conhecimento
específico para o domínio do problema;
• motor de inferência - programa de con-
trole que aplica o conhecimento de uma ma-
neira apropriada, dependendo do tipo de con-
sulta que o usuário solicitou;
• sistema de explanação - durante a con-
sulta o usuário pode pedir explicações a res-
peito do raciocínio utilizado. Este é gerado com
um traçado das regras utilizadas até então e
através de consulta a rede de inferências;
• interface do usuário - permite ao usuá-
rio interagir com a base de conhecimento e
controlar as consultas; e
• compilador de conhecimento – muitas
ferramentas de sistemas especialistas incluem
um compilador para traduzir o conhecimento
expressado pelo usuário, para uma linguagem
Figura 1 - Exemplo de rede de inferência
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○30
Spectrum
especial na forma requerida pelo motor de
inferência.
As diversas situações encontradas e pos-
sibilidades de conclusões podem ser muito
grandes para ser especificados por nós em uma
rede de inferência. Uma estrutura que tem sido
usada em muitos problemas deste tipo é o
modelo blackboard (Figura 3). De acordo com
este modelo, vários especialistas observam e
modificam as informações do blackboard den-
tro de sua área de especialização. Os dados
são inseridos no blackboard e a ação dos es-
pecialistas é criar hipóteses para aumentar o
nível de conhecimento em estágios, para se
deduzir a solução. Em termos computacionais,
o componente central do modelo blackboardé a estrutura principal, o blackboard, que re-
presenta o estado atual do problema, incluin-
do as evidências e as inferências feitas até en-
tão. Um conjunto de regras chamadas fontes
de conhecimento representam o conhecimen-
to dos especialistas e estas são aplicadas aos
dados do blackboard para gerar futuras
inferências até a conclusão procurada. Para
aplicações em tempo real, para cada novo
dado de tempo que chega, resultados anterio-
res devem ser revistos, logo deverá haver um
mecanismo para reorganizar os conhecimen-
tos em uma apropriada seqüência. Este meca-
nismo de reorganização é também baseado em
regras que são mantidas em forma de meta-
conhecimento.
3 Considerações FinaisQuando a população da Terra atingiu 5
bilhões (oficialmente, em 11 de julho de 1987),
parecia estranho afirmar que havia uma escas-
sez de especialistas humanos. No entanto, isto
se tornou uma realidade devido a aumento do
tamanho e da complexidade dos empreendi-
mentos humanos. Hoje, para abrir uma firma
de baixa tecnologia com relativas chances de
sucesso é preciso muito mais do que uma boa
idéia e trabalho duro. Tem que ser levado em
consideração o tamanho do empreendimen-
to, o local e impostos associados, as leis fede-
rais e os regulamentos, etc. Haverá necessida-
de de planejamento financeiro, advogados,
analistas de mercado, engenheiros de software,
bem como outras especialidades. Tentar apren-
der e manter-se atualizado com tudo isso é ir-
racional. Tornar-se especialistas nas diversas
áreas, também não parece ser a solução. A sa-
ída poderia ser utilizar sistemas especialistas
para assessoramento nas diversas áreas neces-
sárias para o seu negócio. Hoje há sistemas
especialistas desenvolvidos para várias áreas
do conhecimento, como, por exemplo, mer-
cado de ações, planejamento financeiro, con-
Figura 2 - Componentes de um sistema especialista típico
Figura 3 - Estrutura de sistema Blackboard
31
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
trole automatizado, manutenção de equipa-
mentos, controle de vôos, desenho e configu-
ração de computadores, etc. [ 6].
Sistemas de software convencionais têm
tido sucesso em lidar com dados e computa-
ção, mas a demanda agora é por sistemas que
integrem e controlam mecanismos de
sensoriamento, comunicação e alocação de
armas. Devido a complexidade de todos os
elementos envolvidos e das tarefas de Coman-
do e Controle, sistemas especialistas oferecem
uma solução flexível o suficiente para lidar com
todos os tipos de processamentos requeridos,
enquanto provê a essencial visibilidade para
os comandantes. O desenvolvimento de pro-
tótipos mais realistas é a maneira mais ade-
quada para inserir essa tecnologia aos siste-
mas de C2 [2].
4 Referências Bibliográficas[1] RUSSELL, E.; NORVIG, P. Artificial
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[5] HARRIS, C.J. (Ed). Application of Artifi-
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○32
Spectrum
Capacitação Científica para Aplicação Aperacional: a Aeronave Furtiva Brasileira
Jorge Luiz Schwerz – Cap.-Av.Profª Drª Mirabel Cerqueira Rezende
Imagine estar dentro de uma aeronave que
decole para interceptar um inimigo. Se
uma das aeronaves possuir uma RCS de 5
e a outra de 3, esta última detectaria a opo-
nente 10s antes de ser observada pelo opo-
nente. Entretanto, se a capacidade de detecção
fosse de 125km ao invés de 50km, o tempo de
detecção aumentaria para 20s, isto é, seriam
20s a mais para lançar um míssil ar-ar antes
mesmo de ser detectada. Sendo assim, o efei-
to surpresa devido a uma menor seção reta
radar torna-se preponderante [1].
Como no exemplo citado, ouve-se falar
de aeronaves stealth (do inglês: ação secreta,
furtiva) como aeronaves invisíveis ao radar,
imunes aos sistemas de defesa inimigos. A
aeronave com tecnologia stealth, também cha-
mada de aeronave furtiva, tem sido objeto de
muitas pesquisas e destaca-se em campanhas
militares nos dias atuais. Esse vetor nada mais
é do que uma aeronave que devolve para a
antena receptora do radar um sinal reduzido,
ou seja, possui uma Seção Reta Radar reduzi-
da.
O que é Seção Reta Radar - RCSA RCS (Radar Cross Section) – Seção Reta
Radar - é definida como a potência refletida
pelo alvo por unidade de ângulo sólido sobre
a densidade de potência incidente dividida por
4p. Pode-se entendê-la como a quantidade de
energia que o alvo devolve para o radar que o
iluminou, sendo medida em dBsm (dB relati-
vo a um metro quadrado) ou metros quadra-
dos[2]. Quanto menor a RCS de uma aerona-
ve, maior será a dificuldade da mesma ser de-
tectada por um radar.
A Figura 1 mostra valores típicos de RCS[2].
A Figura 2 ilustra um exemplo de medi-
ção monoestática (emissor e receptor na mes-
ma posição geográfica) da seção reta radar da
aeronave AT-26 Xavante, em vôo.
Para ser considerada stealth, uma aero-
nave deve ter a sua seção reta radar abaixo de
0,5m2 [3]. O foco principal deste trabalho é a
redução da seção reta radar. Porém, o concei-
to de aeronave stealth é bem mais amplo, não
sendo restrito apenas à redução da seção reta
radar. Para que uma aeronave passe desaper-
cebida, não se deve esquecer que aspectos re-
lacionados à detecção visual, infravermelha e
sonora também devem ser considerados.
Redução da Seção Reta RadarFatores determinantes da Seção Reta Radar
Para melhor entender como reduzir a se-
ção reta radar, faz-se necessário conhecer os
fatores que nela interferem, podendo-se citar
que esta é função da[4]:
• posição do transmissor em relação ao
alvo;
• posição do receptor em relação ao alvo;
• geometria do alvo e composição do ma-
terial;Figura 1 - Ordem de grandeza de RCS em m2 e dBsm, de alvos comuns[2].
Figura 2 - Medição monoestática da RCS da aeronave AT-26, em vôo.
33
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
• orientação angular do alvo em relação
ao transmissor e ao receptor;
• freqüência ou comprimento de onda;
polarização do transmissor; e
polarização do receptor.
A redução da seção reta radar poderá ser
obtida por alguns dos artifícios apresentados a
seguir que, de uma maneira ou de outra, afe-
tam os fatores determinantes da RCS citados
anteriormente. Esses artifícios são[2]:
• formato do alvo;
• materiais absorvedores;
• cancelamento passivo, e
• cancelamento ativo.
Formato do AlvoNa consideração deste aspecto, a fusela-
gem da aeronave deve ser projetada para que
haja um retorno reduzido de onda para o radar
que a emitiu. Hoje em dia, até mesmo superfí-
cies primárias, como o leme de direção, têm a
sua utilização limitada para não gerarem diedros
e devolverem a radiação incidente diretamente
para o radar. A aeronave B-2 americana é um
exemplo disto, e utiliza-se de flaps para o con-
trole direcional. Neste contexto, toda superfí-
cie da aeronave deve ser o mais lisa possível,
com o mínimo de descontinuidades, evitando,
dessa maneira, que as ondas eletromagnéticas
que se propagam na superfície sejam refletidas
nessas descontinuidades da estrutura. O arma-
mento escamoteável confirma a utilização des-
ta teoria.
Além das preocupações citadas, não se
pode esquecer que as antenas, feitas para irra-
diar de maneira perfeita, são ótimos refletores
e podem chegar a representar até 50% da RCS
de uma aeronave[5]. As cavidades das aerona-
ves, notadamente a entrada de ar do motor e a
cabine do piloto são preocupações constan-
tes. Na primeira, utilizando-se materiais
absorvedores e na segunda uma finíssima pe-
lícula metálica, na qual a onda eletromagnéti-
ca é refletida em diferentes direções, pode-se
reduzir a RCS dessas cavidades.
É em função da influência gerada pelo
formato do alvo que se diz que boa parte da
seção reta radar é reduzida já na prancheta do
projetista e para ilustrar, há as fuselagens nada
convencionais de aeronaves como o B-2 e o
F-22 da figura 3, que aplicam os conceitos de
um formato “ideal” para uma seção reta radar
reduzida.
Materiais absorvedoresO segundo método de redução de seção
reta radar é por meio do uso de Materiais
Absorvedores de Radiação Eletromagnética
(MARE), ou seja, absorvedores da onda radar,
conhecidos também como RAM – RadarAbsorbing Material2. O termo MARE é
abrangente e engloba materiais como tintas[7],
espumas, tecidos, não-tecidos[8] (feltros) e híbri-
dos (Figura 4). Os materiais absorvedores se
valem de dois processos para reduzir as refle-
xões da estrutura: absorção e cancelamento.
(a)
(b)
Figura 3 - Aeronaves (a) B-2 e (b) F-22, exemplos de aeronaves stealth[6].
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○34
Spectrum
A absorção se refere à transferência de ener-
gia da onda para o material, quando esta incide
e se propaga por este. De maneira simplificada
pode-se assumir que a energia da onda é passa-
da para os elétrons livres e utilizada em fenô-
menos de inversão de spins dos elétrons, asse-
melhando-se à perda ôhmica encontrada em
condutores. Quando o material é mais espesso,
como por exemplo, as mantas de borracha, a
redução da radiação incidente pode ser aumen-
tada por meio do cancelamento por múltiplas
reflexões dentro do material, podendo tornar-
se o mecanismo primário de perda, sendo o
cancelamento mútuo das ondas preponderante
ao fenômeno de absorção.
Os materiais absorvedores de radiação
podem ser ainda divididos naqueles que ab-
sorvem os campos magnético ou elétrico ou,
ainda, a combinação de ambos, denominados
materiais absorvedores híbridos. Os
absorvedores dielétricos são obtidos a partir
da adição de pequenas partículas de carbo-
no[9], grafite, polímeros condutores[10] ou partí-
culas de metal pulverizadas em uma matriz de
resina. E, os absorvedores magnéticos pela in-
corporação de partículas magnéticas, como
ferritas[11] [12], à matriz polimérica. Os MARE
encontram aplicações nas faixas de freqüên-
cia de 30 MHz até 100 GHz.
Cancelamento passivoO cancelamento passivo consiste em ins-
talar elementos que cancelam passivamente a
onda incidente em uma determinada polari-
zação.
Como esta técnica é efetiva apenas em
uma banda estreita de freqüências e está res-
trita a uma determinada posição da aeronave,
é utilizada como complemento das anteriores.
Para que seja implementada, uma quan-
tidade considerável de informações sobre a
ameaça e o alvo é requerida: a freqüência do
radar inimigo, direção, polarização e RCS do
alvo que estará voltado para o radar[2]. A Figu-
ra 5 mostra o cancelamento passivo da onda
eletromagnética, utilizando-se dipolos e slots(pequenas fendas na fuselagem).
Cancelamento ativoSendo uma extensão do cancelamento
passivo, o cancelamento ativo trabalha em
cenários dinâmicos de ameaças. Enquanto o
cancelamento passivo é restrito a uma faixa
de freqüências e direção, esta metodologia
permite cobrir diversos ângulos e freqüências,
sendo necessário, no entanto, transmissores e
antenas que cubram previamente todos os ân-
gulos, freqüências, densidades de potências
incidentes e polarizações da ameaça que se
espera encontrar, tornando-se extremamente
difícil e cara a sua implementação. O uso des-
ta metodologia pode ser de dois tipos:
·totalmente ativo: o sistema de cancela-
Figura 4 - MARE (a) flexível à basede não-tecido/polímero condutor,(b) espuma de poliuretano/negrode fumo e (c) tinta absorvedora deradiação eletromagnética aplicadaem míssil ar-ar brasileiro.
(a)
(b)
(c)
Figura 5 - Cancelamento da onda eletromagnética utilizando-sedipolos e slots [ 2].
35
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
mento do sinal recebe, amplifica e retransmite
o sinal do alvo anulando o seu retorno;
·semi-ativo: onde não ocorre a emissão
de um novo sinal, mas a modificação do sinal
que retorna do alvo para o radar emissor.
A solução brasileiraDe modo a facilitar a compreensão da
dificuldade que é encontrada para que se con-
siga a redução da distância de detecção, é apre-
sentada a Figura 6[13], onde pode-se observar
que para se atingir uma redução de 50% na
distância de detecção é necessária uma redu-
ção da seção reta radar de 95%. Em resumo,
pode-se afirmar que para que se consiga uma
aeronave stealth é necessário um elevado in-
vestimento em diferentes tecnologias.
A solução brasileira se restringe em parti-
cularizar a utilização da aeronave e associar
sistemas de armas e de guerra eletrônica mais
acessíveis à Força Aérea.
A partir de informações da aeronave sele-
cionada: missão e seção reta radar, conjugadas
às informações sobre o inimigo: freqüências
nas quais operam os seus radares, direção do
feixe do radar e polarização de suas emissões
eletromagnéticas, será possível reduzir o cus-
to da tecnologia empregada na diminuição da
RCS.
Esta descrição é melhor visualizada com
a apresentação de um cenário, tendo uma ae-
ronave com formato convencional recebido a
missão de se aproximar à baixa altura para re-
alizar um ataque a um radar na banda X (8 -
12GHz). Neste exemplo, como o inimigo vai
se apresentar na parte frontal da aeronave (di-
reção do feixe inimigo), uma das possibilida-
des de redução da sua RCS seria a partir da
aplicação do material absorvedor na parte fron-
tal da sua estrutura. Se neste mesmo ambiente
existir o apoio de uma aeronave amiga fazen-
do interferência no radar inimigo, o efeito da
furtividade de nossa aeronave seria aumenta-
do pelo ruído causado ao radar.
O toque final de sucesso na missão pode-
ria ser dado pelos sistemas de lançamento de
armamento fora do alcance inimigo, aumen-
tando ainda mais as chances de sobrevivência
do vetor de ataque.
Entender a tecnologia que nos propicia
uma aeronave furtiva possibilita associar equi-
pamentos necessários a meios disponíveis.
Associar a estratégia do guerreiro ao conheci-
mento do pesquisador brasileiro, sempre trou-
xe para a Força Aérea grandes resultados. É
chegada a hora da aeronave furtiva brasileira
ser o fruto dessa associação.
(os autores agradecem as sugestões do Prof. Dr. Titular daDivisão de Eletrônica do ITA, José Edimar Barbosa Oliveira eProf. Dr. Inácio Malmonge Martim)
Referências Bibliográficas1 MENDES, E. A. B. Determinação Experi-
mental Monoestático da Seção Reta
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vidual (Especialização em Análise de
Ambiente Eletromagnético) – Instituto
Tecnológico de Aeronáutica, São José dos
Campos.2 JENN, D. C. Radar and Laser Cross Section
Figura 6 - Relação entre distância de detecção e RCS[13].
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○36
Spectrum
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Míssil Infravermelho:Operacionalidade Baseada em Pesquisa Aplicada.
Ricardo Augusto Tavares Santos – Cap.-Av.
Estatisticamente a arma mais efetiva usa-
da contra aeronaves é o míssil
infravermelho (IV).
O primeiro míssil IV a ser usado em um
cenário real foi o americano AIM-9 (Air
Intercept Missile-9). Estes mísseis foram dispa-
rados a partir de caças F-86 de Taiwan contra
aeronaves MIG-15 da Força Aérea Chinesa na
década de 50. Os resultados foram muito po-
sitivos para Taiwan e devastadores para os
chineses, resultando na decisão chinesa de não
mais fazer decolar suas aeronaves, pois, sim-
plesmente, explodiam no ar. Os mísseis eram
disparados a partir das seis horas das aerona-
ves chinesas e, pelo fato de serem passivos,
não eram detectados.
Na primeira Guerra do Golfo, conforme
mostra a tabela 1, os mísseis infravermelhos
foram responsáveis por 78% das aeronaves
aliadas abatidas durante o conflito [1].
Mais recentemente, na Guerra do Kosovo,
as aeronaves da OTAN evitavam ao máximo o
vôo abaixo de 15.000 ft a fim de evitar
engajamentos com mísseis SAM (superfície-ar)
IV [2].
Este artigo tem o objetivo de mostrar
como pesquisa aplicada e operacionalidade
podem trabalhar conjuntamente e produzir
conhecimento vital altamente vital para o de-
senvolvimento de sistemas bélicos, como mís-
seis ar-ar. O estudo do desenvolvimento do
míssil IV foi escolhido em função desta arma
ser utilizada em todos os conflitos modernos
que se tem notícia e porque, ao longo de seus
cinqüenta anos de desenvolvimento, incorpo-
rou adventos tecnológicos de vários campos
do conhecimento.
Para que possamos melhor compreen-
der os princípios físicos que regem seu funci-
onamento, é necessário tecer comentários so-
bre a radiação infravermelha, citando as leis
que direcionam as pesquisas nesta banda do
espectro. Após, pode-se falar mais diretamente
a respeito do míssil IV, suas divisões, gera-
ções e um pouco do funcionamento. Tudo
isso, com o objetivo de mostrar os resultados
obtidos em pesquisas feitas no CTA, por Ofi-
ciais que estão estudando para melhorar as
concepções técnicas e operacionais de Força
Aérea.
Entendendo a Radiação InfravermelhaA radiação infravermelha é a porção do
Espectro que se situa entre a faixa de luz visí-
vel e a de microondas, sendo dividido em qua-
tro bandas, conforme mostrado na tabela 2. É
proveniente da temperatura (calor) em que se
encontram corpos e objetos, por isso sua re-
gião dentro do espectro é conhecida como
região quente. Mais precisamente, todos os
corpos que se encontram acima do zero ab-
soluto (-273º C) emitem radiação, mudando
apenas o comprimento de onda em que a in-
tensidade da radiação é máxima. A intensi-
dade da radiação se relaciona com a tempe-
ratura através das Leis de Stefan-Boltzmann e
de Planck [3].
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○38
Spectrum
O IV foi descoberto, em 1800, por Sir
William Herschel quando estudava os efeitos
do aquecimento pela luz solar na forma de
energia radiante que não podia ser vista. A
partir de 1860, vários estudos foram realiza-
dos e também propostas famosas teorias que
ainda hoje são as bases de todos os estudos e
projetos que envolvem esta banda do espec-
tro [4], podendo-se destacar:
•Lei dos Estados de Kirchoff;
•Lei do Deslocamento de Wien;
•Lei de Stefan-Boltzmann;
•Lei de Rayleigh-Jeans e
•Lei de Planck.
Todas essas leis são aplicadas neste traba-
lho, tendo as aeronaves como as suas princi-
pais emissoras considerando como fontes pri-
márias de radiação IV as partes quentes da tur-
bina, a pluma (gases quentes originários da
combustão da turbina) e fuselagem como um
todo.
O Míssil InfravermelhoNos dias de hoje, há uma grande varie-
dade de modelos de mísseis com guiamento
IV no mercado internacional. Cada modelo
pode se distinguir de outro em vários aspec-
tos, cabendo ao comprador escolher as carac-
terísticas que mais se adaptam às suas aerona-
ves e às ameaças que irá enfrentar. Além dis-
so, não se pode perder de vista a relação cus-
to-benefício, pois nem sempre o “Estado da
Arte” em tecnologia vai atender as expectati-
vas do usuário a um preço que justifique sua
compra. Para tanto, é necessário conhecimento
técnico que possibilite a compreensão do fun-
cionamento e a avaliação do desempenho de
alguns componentes do armamento, conhecer
bem os ambientes de emprego e avaliar a com-
patibilidade do armamento com as plataformas
disponíveis a serem empregadas.
O míssil IV é formado por cinco partes:
sistema de guiamento, sistema de pilotagem,
espoleta, cabeça de guerra e sistema propul-
sor [5]. Todas as partes são importantes para
haver um conjunto eficiente, mas os fatores
que, hoje em dia, determinam as diferenças
de performance entre os produtos ofertados são
o autodiretor, que faz parte do sistema de
guiamento, e o sistema propulsor.
O autodiretor processa e envia dados de
um alvo estacionário ou móvel a um sistema
de pilotagem. Este sistema é o que mais incor-
pora inovações tecnológicas, sendo um dos
principais responsáveis pela caracterização das
gerações de mísseis IV. Nas três primeiras ge-
rações de mísseis, os detectores eram
monocromáticos, trabalhavam em apenas uma
banda de freqüências, por isso não consegui-
am discernir entre a emissão de uma aeronave
ou de um flare. Também, pode-se dizer que
contavam com pouca ou nenhuma resistência
a medidas de ataque eletrônico. A diferença
entre as gerações é que, na primeira, o seeker,
que faz parte do autodiretor, não era refrigera-
do. Na segunda, o seeker passou a ser refrige-
rado e na terceira houve um ganho de sensibi-
lidade propiciando engajamentos sob qualquer
ângulo de visada (all aspect), pois passaram a
usar detectores fotônicos. Na quarta geração,
os mísseis incorporaram a discriminação
espectral (freqüência) entre aeronaves e flares.
Na quinta geração, o autodiretor utiliza um
39
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
arranjo de detectores, através de dispositivos
focais planos matriciais ou através de
detectores em linha na forma de line scan, para
conseguir uma imagem do alvo. A partir daí,
ocorre uma comparação quadro a quadro do
alvo. Se o alvo lança um flare, este logo é des-
cartado, pois não faz parte da imagem anali-
sada. Além disso, passaram a contar com sis-
temas inerciais que propiciaram a capacidade
de lock-on-after-launch, normalmente quando
se utiliza o Helmet Mounted Display (HMD).
Quando se fala do Sistema de Propulsão,
não há muitas diferenças até a terceira gera-
ção. Nas quarta e quinta gerações alguns mís-
seis incorporaram inovações significativas
como o sistema de propulsão em dois estágios
(booster e sustainer), o controle vetorial de
empuxo (perfis aerodinâmicos ou pastilhas são
inseridos no fluxo dos gases do propelente a
fim de desviar o fluxo e assim obter altos fato-
res de carga, chegando a valores de 100 G),
conforme se vê na figura 1, e o aumento na
quantidade de energia armazenada nos
propelentes (passou-se de propelentes de base
dupla para propelentes baseados em
composite, que são mais estáveis e com maior
concentração de energia).
A seguir, a tabela 3 cita as várias gerações
de mísseis e suas principais características.
Figura 1: Defletores de jato da tubeira do Míssil AIM-9X [6}
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○40
Spectrum
Observando a tabela ao lado, conclui-se
que a geração de um míssil é definida por suas
características intrínsecas e não por equipa-
mentos acessórios como o HMD. Além disso,
observa-se que a quinta geração de mísseis su-
perou em muitos aspectos as gerações anteri-
ores, promovendo melhorias na performance
de quase todos os subsistemas. Porém, cabe
ressaltar que é possível encontrar mísseis de
uma geração com algumas características de
outra geração. As fronteiras entre as gerações
são muito tênues e há muitos exemplos que
validam a informação anterior. Alguns dos re-
quisitos básicos que norteiam o desenvolvi-
mento de um míssil moderno são:
•Operação em qualquer condição de
tempo;
•Dispare e esqueça;
•Longo alcance;
•Baixa assinatura infravermelha e
ultravioleta;
•Capacidade de engajamento de alvos em
altos ângulos de visada;
•Guiamento preciso com discriminação
de alvo;
•Baixo custo;
•Resistência a contramedidas; e
•Compatibilidade entre diversos tipos de
aeronaves.
Pesquisa Aplicada à Necessidade OperacionalMas onde se quer chegar mostrando fatos
que chamam a atenção quanto à eficácia no
uso de armamentos IV, ao se verificar as leis
que regem a teoria básica das emissões IV ou
ao se entender como funciona um míssil IV? A
resposta não é muito simples. Não basta pos-
suir ou operar armamento inteligente ou de
última geração se não houver entendimento
do seu funcionamento, das suas limitações ou
dos resultados obtidos com seu uso. Para tan-
to, é necessário aliar conhecimento técnico à
doutrina de emprego, pois como visto no de-
senvolvimento deste trabalho, o míssil IV é a
junção de várias áreas do conhecimento em
uma única aplicação.
A 5ª geração de mísseis IV traz consigo
cinqüenta anos de pesquisa e desenvolvimen-
to que geraram grandes impactos nas doutri-
nas de emprego das Forças Aéreas que ope-
ram este tipo de armamento. Isto quer dizer
que a pesquisa andou lado a lado com o fator
operacional na forma de parceria.
Ciente da importância deste tipo associa-
ção, o Comando da Aeronáutica tem promo-
vido esta parceria e colhido excelentes resul-
tados. Através do convênio COMGAR – ITA,
estão sendo pesquisados diversos temas de
importância operacional, gerados por neces-
sidades de emprego em vários campos do co-
nhecimento. As linhas de pesquisa fazem par-
te de programas de Especialização, através do
Curso de Especialização em Análise de Ambi-
ente Eletromagnético – CEAAE, e de progra-
mas de Mestrado e Doutorado, através do Pro-
grama de Pós-Graduação em Aplicações
Operacionais – PPGAO.
Uma linha de pesquisa desenvolvida por
estes programas tem foco no infravermelho. A
necessidade de se pesquisar esta faixa do es-
pectro foi criada a partir da incorporação de
mísseis de terceira geração (com capacidade
all aspect) ao arsenal da FAB [5]. Hoje, têm-se
desenvolvido trabalhos que permitem enten-
der como as aeronaves emitem a radiação IV[5] [7] [8], como um míssil de quarta geração rea-
liza a discriminação espectral [9] e como estu-
dar meios para uma aeronave se evadir de um
ataque de míssil IV, a partir de simulações
computacionais [10]. Cada trabalho produzido
resultou em conhecimento estratégico, pois
não está disponível em nenhuma bibliografia.
Quando juntos, em futuro próximo, irão cau-
sar um profundo impacto operacional.
A partir desses trabalhos, pode-se afirmar
41
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
que, hoje em dia, a probabilidade de um mís-
sil IV abater uma aeronave, sem um mínimo
de equipamentos de autodefesa, é muito gran-
de. É muito difícil para um piloto em uma mis-
são real, onde tem de gerenciar vários aspec-
tos do vôo ao mesmo tempo, identificar o dis-
paro de um míssil visualmente. Deve-se lem-
brar, ainda, que o míssil está navegando a uma
velocidade próxima de 2,5 mach, com capa-
cidade de manobrar a mais de 35 G e que pode
ser lançado sob qualquer ângulo de aspecto.
Em simulações realizadas durante as pesqui-
sas, após várias tentativas frustradas, obteve-
se êxito em apenas um tipo de manobra de-
fensiva durante o engajamento de uma aero-
nave de caça e um míssil semelhante ao MAA-
1, sem uso de flare [9]. Deve-se dizer que as
condições de contorno do lançamento eram:
o piloto sabia a posição e o momento de dis-
paro do míssil. Pode-se imaginar qual seria o
resultado se o alvo fosse uma aeronave de
transporte ou de patrulha ou um helicóptero.
Vale lembrar, ainda, que mísseis de ombro,
como o IGLA, são tão precisos que possuem
espoleta por impacto. Com base nestes estu-
dos e nas estatísticas citadas anteriormente,
pode-se entender a necessidade de se equipar
as aeronaves da FAB com dispositivos de au-
todefesa.
Hoje em dia a FAB já conta com Oficiais
Aviadores especialistas em Guerra Eletrônica
que são capazes de fornecer conhecimento
técnico e dar suporte à implementação de no-
vas Doutrinas de Emprego, nas diversas Avia-
ções. Esses Oficiais incorporam a experiência
operacional de empregar uma plataforma de
combate e o conhecimento técnico-científico
adquirido em linhas de pesquisa desenvolvi-
das pelos programas supracitados, pois fize-
ram parte dos programas. Além disso, podem
ser usados como elo de ligação entre os lados
puramente operacional e o puramente cientí-
fico. Por isso, ao incentivar o intercâmbio da
área operacional com a área científica, não só
no espectro do infravermelho, conclui-se que
a FAB ganhará em eficiência operacional.
A partir das premissas colocadas aqui, vis-
lumbra-se que o caminho escolhido não será
percorrido com facilidade ou rapidamente, mas
pode-se imaginar que sua escolha foi correta,
pois o aumento na eficiência de emprego será
baseado no conhecimento tecnológico aplica-
do à Área Operacional.
Bibliografia[1] TAYLOR, William. “Understanding the
Infrared Threat”. Journal of Electronic
Defense, Fevereiro de 1999.
[2] TAYLOR, Bill. “Pre-emptive vs. Reactive
Infrared Countermeasures”. Journal of
Electronic Defense, Março de 2000.
[3] HUDSON, Richard D. Jr. “Infrared
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New York, 1969.
[4] KRUSE, Paul W. McGLAUCHLIN,
Laurence D., McQuistan, Richmond B..
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mission and detection”. John Wiley &
Sons, New York, second edition. Maio de
1963.
[5] TAVARES, Ricardo A. S. “Proposta de
Procedimento para a Medida do Envelope
Infravermelho de Aeronaves”. 2001. Tese
(Especialização em Análise de Ambiente
Eletromagnético) – Instituto Tecnológico
de Aeronáutica, São José dos Campos.
[6] Disponível em: http://
www.sistemasdearmas.hpg.ig.com.br
[7] MAGALHÃES, Luciano B. “Estudo de
Metodologia de Estimativa da Assinatura
Infravermelha de Aeronaves a Reação na
Faixa de 3 a 5 mm”. 2002. Tese
(Especialização em Análise de Ambiente
Eletromagnético) – Instituto Tecnológico
de Aeronáutica, São José dos Campos.
[8] JANHSEN, Bruno C. “Análise de
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○42
Spectrum
Pedro Carlos da Silva Euphrásio 1S BMA
Integração Digital de Aviônicos por Barramento MIL-STD-1553B
Na década de 60 observou-se um au-
mento da quantidade de equipa-
mentos aviônicos embarcados,
compondo sistemas de complexa integração
nas aeronaves. A integração tornou-se neces-
sária para melhor distribuição das informações
entre os sistemas, pois os sistemas antigos
conectavam uma pequena quantidade de
aviônicos ponto-a-ponto (figura 1a) e, quando
uma informação era necessária a vários equi-
pamentos, várias ligações eram feitas entre eles.
Foi então criado um caminho de dados único
entre os equipamentos, comumente chamado
de barramento (figura 1b).
O aumento da complexidade dos equi-
pamentos embarcados resultou no crescimen-
to de interconexões entre os vários componen-
tes de uma aeronave e, conseqüentemente,
aumentando seu peso e tamanho. Para soluci-
onar esse problema, em 1968 a filial da SAE,
Aerospace Branch of the Society of Automotive
Engineers (Filial Aeroespacial da Sociedade de
Engenheiros de Automóvel), estabeleceu um
comitê com pessoas das áreas militar e indus-
trial para definir os requisitos básicos de um
barramento de dados serial (dados enviados
em um fluxo, um bit de cada vez, através do
barramento). O Departamento de Defesa dos
Estados Unidos denominou o projeto como
norma MIL-STD-1553 a fim de ser aplicada
pelos militares e seus contratantes. Esta norma
militar estabeleceu parâmetros técnicos e de
projeto para os processos, procedimentos, prá-
Figura 1a - conexão ponto-a-ponto. Figura 1b - conexão em barramento.
ticas e métodos que foram adotados como pa-
drão. Em 1978, a norma foi revisada e passou
a ser denominada MIL-STD-1553B.
A MIL-STD-1553B define as característi-
cas elétricas e de protocolo para um
barramento de dados e utiliza a multiplexação
por divisão no tempo (TDM), operando
assincronamente com comando e resposta,
sendo adequada para a utilização em aplica-
ções aeroespaciais. As informações que trami-
tam neste barramento são compartilhadas en-
tre os subsistemas aviônicos, tendo esta
integração algumas vantagens: eliminação da
duplicação de informações de sensores e
displays, ganhos de desempenho e segurança,
redução de custos e otimização de espaço na
aeronave.
Os requisitos básicos para a padroniza-
ção do barramento 1553B são:
•as informações devem ser transferidas
entre os terminais do barramento por um ca-
nal de comunicação serial digital;
•os requisitos de interface elétrica são de-
finidos por um padrão único para todos os ter-
minais e conexões do barramento; e
•as informações devem ser transferidas de
forma confiável, determinística e no formato
de comando / resposta.
A Estrutura da MIL-STD-1553B.O barramento MIL-STD-1553B foi proje-
tado para conexão de até 32 unidades, ou ter-
minais (módulos) no barramento. A estrutura
do 1553B é composta por três tipos de
módulos: Controlador do Barramento (Bus
Controller-BC), Terminal Remoto (Remote Ter-
mina-RT) e Monitor do Barramento (Bus
Monitor-BM). Cada módulo determina as fun-
ções dos terminais na estrutura do barramento.
Na figura 2 podemos ver um exemplo típico
de terminais integrados em um barramento
1553B.
43
Spectrum
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O Controlador do Barramento (BC)O BC transmite e recebe dados, coorde-
nando o fluxo de todas as transmissões no
barramento através de comandos para os RTs
em momentos pré-determinados. Todas as
transferências de comandos e dados no
barramento são iniciadas pelo BC, portanto
nenhuma comunicação pode ser iniciada por
outro terminal.
Monitor do Barramento (BM)É um terminal usado para monitoramento
do barramento de dados. Tem as tarefas de listar
o tráfego no barramento e a de extrair infor-
mação selecionada para utilização posterior.
Todas as informações obtidas, enquanto agin-
do como monitor, são usadas estritamente para
aplicações offline (gravação de teste em vôo,
registro para manutenção, análise de missão).
Em caso de falha no BC, o monitor do
barramento (BM) contém informações sufici-
entes para assumir a função de BC.
Terminal Remoto ou Remote Terminal (RT)Um terminal remoto é uma unidade da
aviônica projetada para transferir dados entre
o subsistema da aeronave a que pertence e o
barramento de dados. Ele recebe comandos e
envia respostas ao BC codificando e
decodificando as mensagens.
Definições das Palavras 1553BAs informações trafegam no barramento
em forma de palavras. Uma palavra do
barramento 1553B é formada por uma seqüên-
cia de 20 bits: 3 bits para o sinal de sincroni-
zação (sync),16 bits para dados, comando ou
estado e 1 bit de paridade.
As informações (palavras) que circulam no
barramento de dados podem ser de três tipos:
Palavra de Comando (Command Word – fig
3), Palavra de Estado (Status Word – fig 4) e
Palavra de Dados (Data Word – fig 5).
Fluxos de InformaçõesO barramento 1553B utiliza o princípio
de comando / resposta onde todas as recep-
ções de comando (sem erro) por um RT são
seguidas por uma transmissão de uma palavra
de estado (status word) do RT para o BC. Esta
troca de dados valida o recebimento do co-
mando pelo RT. Os tipos de transferências de
mensagens são BC-RT, RT-BC e RT-RT. O pro-
tocolo do barramento 1553B permite também
transmissão no modo difusão (broadcast) e
transferências especiais classificadas como
Mode Code (modo de operação especial que
os RTs assumem ao receber o código enviado
pelo BC).
Exemplo de Mensagem BC-RTA mensagem do Controlador do
Barramento para o Terminal Remoto (BC-RT) é
enviada por uma palavra de comando “rece-
ba” seguida das palavras de dados. Ao receber
Figura 2 - Exemplo de Terminais Integrados via Barramento 1553B
as palavras, o terminal remoto responde com
uma palavra de estado informando se recebeu
a mensagem com ou sem erros (fig. 6).
Montagem Experimental do Barramento 1553BNo Laboratório de Guerra Eletrônica do
ITA foram feitas instalações de duas placas
padrão 1553B (modelo PASS-PCI-1 e ABI-PCI-
1) em slot PCI em dois computadores distintos
juntamente com cabos e terminadores de pa-
drão 1553B, conforme figura 7. Estas placas
foram emprestadas pela empresa Lunus Comér-
cio e Representações LTDA., representante da
SBS Technologies no Brasil.
A construção de um barramento 1553B
entre dois computadores possibilitou a reali-
zação de testes elétricos e de protocolo em
laboratório, facilitando a compreensão de con-
ceitos da norma MIL-STD-1553B e a verifica-
ção de possíveis falhas na construção do
barramento e na caracterização das mensa-
gens. Nos testes elétricos foram feitas verifica-
ções de alguns parâmetros como: níveis de ten-
são, impedância característica e continuida-
de. Nos testes de protocolo foram feitas medi-
das de tempo de reposta, intervalo entre men-
sagens, número máximo de envio e recebimen-
to de palavras de dados, entre outros.
Utilizando o software PASS3200, foram
realizadas simulações entre sistemas e
subsistemas de aviônica, onde se pôde
monitorar o tráfego de mensagens entre os ter-
minais remotos e o controlador do barramento.
Obteve-se como primeiro resultado uma
familiarização com o barramento 1553B, an-
tes de se iniciar testes de monitoramento em
aeronaves.
Utilização do Sistema PASS3200 para Leitura do1553B em Aeronaves da FAB.
Os mesmos meios de conexão (stubs,
conectores e transformadores), testados em la-
boratório, e a placa PASS-PCI-1 foram utiliza-
dos posteriormente em testes nas aeronaves A-
1 do 1º/16º GAv, na Base Aérea de Santa Cruz
e R-99B do 2º/6º GAv., na Base Aérea de
Anápolis.
No período de 22 a 24 de outubro de 2003
foram realizados testes no barramento 1553B
da aeronave A-1 5515 (figura 8). Nesse teste,
foi feito um levantamento dos terminais da
aeronave que estavam ligadas ao 1553B.
Após a identificação dos terminais, foi feita
a gravação das mensagens trocadas pelo HUD
(Head Up Display) com o BC/MC (Bus
Controller / Main computer). Logo em segui-
da, o HUD foi desligado e, no editor de termi-
nais remotos do software PASS3200, configu-
rou-se o respectivo endereço e subendereço
do HUD com as palavras de estado (status
word) corretas, para a transmissão e recepção
que deveria fazer com o BC/MC. O computa-
dor passou a trabalhar no modo ativo e o teste
foi realizado com sucesso, sem aviso de erros
enviados pelo BC/MC.
No dia 31 de outubro de 2003, no 2o/6o
GAv, na Base Aérea de Anápolis, foi feito o
monitoramento do barramento 1553B da ae-
ronave R-99B 6751, através de um cartão PASS-
PCMCIA-1 utilizado em um notebook (figura
9). Inicialmente, foi feito o monitoramento das
mensagens trocadas entre terminais remotos,
Figura 6 - Exemplo de Mensagem BC-RT
Figura 7 - Testes Elétricos e de Protocolo no Laboratório de GE no ITA.
trabalhando no modo passivo.
Após o levantamento das mensagens, foi
feita a configuração de um terminal remoto no
editor de terminais do PASS3200, com seu
endereço e subendereço. A partir desse mo-
mento, o computador passou a trabalhar no
modo ativo no barramento 1553B do R-99B e
foi possível trocar mensagens entre o compu-
tador e a aeronave.
ConclusãoO Programa de Fortalecimento do Con-
trole do Espaço Aéreo prevê o
reaparelhamento da Força Aérea Brasileira.
As aeronaves incluídas nos processos de
compra e revitalização possuem modelos de
barramento de dados (ARINC 429, MIL-STD-
1553B) que permitem um maior controle e
uma maior integração entre sistemas. Tor-
na-se vital o conhecimento de como as no-
vas unidades de aviônica conversam entre
si. Esses sistemas precisam ser compreendi-
dos para que os dados fornecidos pelo fa-
bricante sejam verificados e testados pelas
equipes de recebimento, operação e manu-
tenção. A capacidade de caracterizar equi-
pamentos e sistemas é de fundamental im-
portância para se evitar má operação e gas-
tos em atualizações desnecessárias. A gera-
ção de conhecimento deve ser estimulada
para que os mantenedores e operadores se-
jam capazes de otimizar a utilização de no-
vos sistemas e o Ensino e a Pesquisa este-
jam síncronos, para um melhor aproveita-
mento na disseminação deste conhecimen-
to.
Referências Bibliograficas[1] EUPHRÁSIO, P.C.S. “Estudo da
Utilização de Placas PASS-PCI-1/1 e
ABI-PCI-1/1 para Aquisição e Controle
de Dados no Barramento MIL-STD-
1553B”, São José dos Campos, ITA, Dez
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[2] Principles of MIL-STD-1553. Louisiana
NE, SBS Avionics Technologies, Sep
2000.
[3] An Interpretation of MIL-STD-1553B.
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gies, Aug 2000.
[4] PASS 3200 User’s Manual. Louisiana
NE, SBS Avionics Technologies, Sept
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[5] SPITZER, C. R. Digital Avionics
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1987
[6] SPITZER, C. R The Avionics
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[7] MIL-STD-1553B Interface Standard for
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Sep 1978
[8] MIL-HDBK-1553A - Multiplex Applica-
tions Handbook. DoD, 1 Nov 1988.
[9] MIL-STD-1553 ABI/ASF User’s
Manual. Louisiana NE, SBS Avionics
Technologies, Sep 2000.
Figura 8 :Conexão 1553 no Nariz da Aeronave A-1 e noCompartimento do BC/MC
Figura 9 :Conexão 1553 no Interior da Aeronave R-99B
Colaboradores
O Cel.-Av. Carlos deAlmeida Baptista Júnioré piloto de caça, tendoconcluído o CFOAV em1981, exercendo atual-mente a Chefia da Se-ção de PlanejamentoOrçamentário do Co-mando-Geral do Ar.Foi assessor do Orça-
mento da Comissão de Implantação do SIPAM,Oficial de Operações do 1º GDA e Coman-dante do 2º/6º GAv. Além dos cursos de car-reira, possui o de Especialização em Planeja-mento e Gestão Orçamentária e Financeira,na Escola Nacional de Administração PúblicaENAP.
O Prof. Dr. OsamuSaotome é Ph.D. emProcessamento Digitalde Sinais, com título ob-tido no Tokyo Institute ofTechnology (TIT) em1987. Atualmente, é
Professor Adjunto na Divisão de EngenhariaEletrônica - Departamento de Eletrônica Apli-cada, atuando em microprocessadores,processadores de sinais digitais, arquitetura decomputadores, algoritmos de processamentode sinais, coordenação de projetos. O Prof.Osamu tem orientado trabalhos de graduaçãoe de pós-graduação aplicados à Guerra Ele-trônica.
O Cap.-Av. JorgeMaurício Mottaconcluiu o CFOAvem 1994, é Primei-ro Piloto de Patru-lha e além dos cur-sos normais de car-reira possui o deGuerra Eletrônica eBacharelado em
Engenharia Eletrônica no ITA (2003). O Ca-pitão Maurício está sendo designado paraaplicar seus conhecimentos no sistemaSIVAM, devido aos seus trabalhos realiza-dos na graduação do ITA.
O Maj Av Raimun-do Nogueira LopesNeto é piloto decaça, tendo exerci-do como principaiscargos o de Oficialde Inteligência do1º/10º Grupo deAviação, Oficial de
Guerra Eletrônica do 1º/16º Grupo de Avi-ação e Oficial de Pessoal do 1º/4º Grupode Aviação. Possui os cursos operacionaisde Tática Aérea e Liderança de Esquadrãode Caça. Alé dos cursos de carreira, possuio Curso de Metodologia de Produção deInformações no CEFARH e pós-graduaçãoem Análise de Sistemas na PUC-RJ (LatuSensu). Atualmente está cursando omestrado no Programa de pós-graduaçãoem aplicações operacionais - PPGAO naárea de Comando e controle.
A Drª MirabelCerqueira Rezendeé bacharel em Quí-mica na UNESP deAraraquara (1980),Mestre em Ciênciaspelo Instituto de Fí-sica e Química pelaUSP de São Carlos(1985) e Doutora
em Engenharia Química pela POLI-USP(1991). É pesquisadora da Divisão de Ma-teriais (AMR)/IAE/CTA na área de materiaisdede 1985 e, atualmente, chefia a Subdi-visão de Compósitos da Divisão de Mate-riais do Instituto de Aeronáutica e Espaçodo CTA, sendo responsável pelas ativida-des de P&D em MARE no CTA.
O 1S BMAPedro Carlos da Sil-va Euphrásio é for-mado na especiali-dade Aeronavespela Escola de Espe-cialista de Aeronáu-tica em 1986, exer-ce atualmente traba-lhos no Laboratóriode Guerra Eletrônica
do ITA com equipamentos de simulação desinais radar (TS-100+), Simulador Virtual deGuerra Eletrônica (VIEWS), simulação e testesde validação, em laboratório, para equipamen-tos que utilizam o padrão MIL-STD-1553B.Possui os seguintes cursos: Básico de GuerraEletrônica (GITE), Processamento de Dados(Unitau), Confiabilidade em Sistemas Eletrô-nicos (ITA), Análise de Circuitos Eletrônicos As-sistida por Computador (ITA) e desenvolve tra-balho de mestrado, em barramento de dadospadrão MIL-STD-1553B (ITA).
O Cap.-Av. Jorge LuizSchwerz concluiu oCurso se Formaçãode Oficiais Aviadoresno ano de 1990. É lí-der de Esquadrão deAtaque, tendo reali-zado os Cursos Bási-co de Guerra Eletrô-nica, ano de 1997, e
o Curso Expedito de Guerra Eletrônica daMarinha do Brasil. Atualmente está cursandoo mestrado no Programa de pós-graduação emaplicações operacionais - PPGAO, na área deGuerra Eletrônica, no ITA.
O Cel.-Av NarcelioRamos Ribeiro é pi-loto de patrulha,concluiu o CFOAvem1980 e exerceatualmente o cargode Comandante daBase Aérea de Sal-vador. Possuio cur-so de Guerra Eletrô-
nica na Inglaterra (“Electronic WarfareDirectors”) e pós-graduação em Planejamen-to Estratégico e Qualidade Total pela AEUDF(Brasília). O Cel.-Av Narcelio tem vários arti-gos publicados nesta revista, bem como nasrevistas da UNIFA e O Patrulheiro.
O Cap.-Av.Ricardo AugustoTavares Santos é Pilo-to Operacional da Avi-ação de Transporte,concluiu o CFOAV em1993 e, atualmente, éaluno de mestrado noPrograma de Pós-gra-duação em Aplicações
Operacionais do ITA. Foi Instrutor de Vôoda AFA, desempenhando a funçãode Comandante de Esquadrilha, e Instrutordo Curso de Guerra Eletrônica para Cade-tes na AFA. Possui o Curso de Especializa-ção em Análise de Ambiente Eletromagné-tico no ITA.
O Maj.-Av. André L.Pierre Mattei con-cluiu o CFOAv em1987, é 1º Piloto dePatrulha e além doscursos normais decarreira possui osde Guerra Eletrôni-ca em Salvador(1990), Bacharela-
do em Engenharia Eletrônica no ITA (1996),Mestrado em Ciências no ITA (1997) e, atu-almente, cursa o MBA em Gestão Estraté-gica pelo ITA/ESPM. Exerce as funções degerente técnico dos projetos P-3BR e CL-Xe de instrutor do ITA na área de Guerra Ele-trônica. Realizou diversos trabalhos técni-cos em parceria com o COMGAR, colabo-rou na criação do Laboratório de Guerra Ele-trônica do ITA, coordena os Simpósios deGuerra Eletrônica desde 2000 e realizou aorientação de mais de uma dezena de tra-balhos acadêmicos de graduação e de pós-graduação aplicados à Guerra Eletrônica.
O Prof. Dr. KarlHeinz Kienitz é pro-fessor Adjunto IV,Departamento deSistemas e ControleChefe da Divisão deEngenharia Eletrôni-ca, ITA. Possui for-mação acadêmicapelo ITA em Enge-
nharia Eletrônica, ano de 1983, com pós-graduação nível Mestrado em EngenhariaEletrônica, Instituto Tecnológico de Aero-náutica (ITA), Doutorado em Ciências Téc-nicas pelo Institut für Automatik, Swiss Fed.Inst. of Technology Zürich e Estágio de pós-doutorado pelo Institut für Robotik undSystemdynamik, Deutsches Zentrum fürLuft- und Raumfahrt (DLR),Oberpfaffenhofen, Alemanha, novembro de1996 – outubro de 1997. É Capitão Enge-nheiro da Reserva desde setembro de 1993