Revista - Viajando com Arte

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27ª BIENAL DE SÃO PAULO Alunos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio conhecem a Bienal e a cidade de São Paulo.

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Revista do Projeto Viajando com Arte da EPSJV

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27ª BIENAL DE SÃO PAULO Alunos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncioconhecem a Bienal e a cidade de São Paulo.

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Diretor: André Malhão Vice-Direção de Ensino e Informação: Marise Ramos

Vice-Direção de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico: Isabel Brasil Vice-Direção de Desenvolvimento Institucional: Sergio Munck

Núcleo de Tecnologias Educacionais em Saúde - NUTEDLaboratório de Formação Geral na Educação Profissional em Saúde - LABFORM

Coordenação da Revista: Chaiana Furtado, Gregorio Galvão e Verônica Soares

Editora: Chaiana Furtado e Joyce Soares Projeto Gráfico: Gregorio Galvão Foto da Capa: Chaiana Furtado

Av. Brasil, 4365, Manguinhos - CEP 21040-900Rio de Janeiro - RJ tel.: (21) 3865-9797

Relatório de viagemProfessora/pesquisadora: Verônica de Almeida Soares

Atividade: 27ª Bienal de São Paulo e outros espaços culturais da cidade de São Paulo. Tema da Bienal : ”Como viver junto”.

Professores responsáveis: Verônica Soares, Luciana Figueiredo, Neila Ruiz, Rosineide Guilherme, ( LABFORM) e Luiz Gustavo (VDPDT) .

Monitores e responsáveis pela documentação visual da viagem: Gregório Galvão e Chaiana Furtado (NUTED), Elaine Rabelo (LABFORM), Edilene Pereira (LAVSA), Luan Carpes (LABGESTÃO), Bianca Vidal

(Secretaria Escolar – Apoio).Data: 02 (quinta-feira), 03 (sexta-feira) e 04 (sábado) de novembro de 2006.

02 de novembro de 200607h: Saída da EPSJV para São Paulo.16h: Chegada ao alojamento em São Paulo. Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães - Rua Manoel da Nóbrega, 1361, Jardim Paulista. Organização dos grupos no alojamento; banho; lanche reforçado. 20h: Jantar no bairro do Bexiga.21h30: Peça de teatro.22h30:Retorno ao alojamento.

03 de novembro de 200610h: Ida para o Parque do Ibirapuera.10h30: Visita orientada à 27ª Bienal em grupos coordenados; Registro em vídeo, fotografia, diário escrito, gravação em áudio das impressões dos “alunos viajantes” e dos visitantes da Bienal.17h30: Horário livre no Parque do Ibirapuera (OCA, MAM, Jardim das Esculturas).20h: Jantar na Av. Paulista.

04 de novembro de 20061030h: Ida para a Estação da Luz – Praça da Luz11h: Museu da Língua Portuguesa.13h30: Almoço.14h30: Pinacoteca do Estado de São Paulo.16h: Saída de São Paulo – retorno ao Rio de Janeiro.18h30: Arte em deslocamento. Apresentação de trabalhos usando diferentes narrativas para expressar as vivências relacionadas à viagem como: poesias coletivas, desenhos, performances e canto.22h30: Chegada ao Rio de Janeiro.

27ª BIENAL DE SÃO PAULO

IBIRAPUERA

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAÇÃO DA LUZ

PINACOTECA

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Esta revista apresenta-se como um primeiro registro do projeto A ESCOLA VIAJA COM ARTE, que acontece desde 1992. Pensando em não deixar passar em branco mais uma viagem, buscamos reunir em formato de revista um conjunto de olhares e reflexões daqueles que viveram essa experiência.

Com o tema “Como viver junto”, a 27 ª Bienal de Arte de São Paulo levantou questões nos ex-alunos e atuais estagiários da escola Luan Cassal e Elaine Rabello, que escreveram artigos discutindo sobre suas impressões. Para falar mais sobre o projeto “Arte na Estrada” entrevistamos a sua coordenadora, a professora Verônica Soares, do Laboratório de Formação Geral na Educação Profissional em Saúde / EPSJV.

Montamos a estrutura pensando nos locais visitados e seguindo a programação. Passamos pelo Parque do Ibirapuera, pela reformada Estação da Luz e pelo novíssimo Museu da Língua Portuguesa que, através das tecnologias, como vídeos e projeções multimídias, foi o espaço no qual a interatividade nos ajudou a descobrir a história da nossa língua. O último espaço a ser visitado foi a Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Durante a volta, os “viajantes” puderam compartilhar suas impressões no momento intitulado de “Arte em Movimento”, em que no próprio ônibus, foram construídos e expostos desenhos, poemas, canções e interpretações sobre os diferentes significados apropriados na viagem.

Esperamos que gostem desta edição, que busca ser não apenas um registro, mas uma contribuição ao projeto de formação de profissionais qualificados e politécnicos.

EDITORIAL

Foram selecionados alunos da 3ª série do ensino médio que apresentaram bom desempenho na disciplina de educação artística e demais áreas do conhecimento envolvidas na atividade e alunos da 2ª série de Artes Plásticas e Visuais, de Música e Teatro.

Foram incluídos também alguns alunos do curso subseqüente e dos vários laboratórios, que desenvolveram atividades culturais e trabalhos sobre a temática da 27ª Bienal de Artes de São Paulo.

Foram realizadas, durante o ano de 2006, atividades prepara-tórias específicas relacionadas aos locais a serem visitados em São Paulo, como: pesquisa sobre os artistas que participariam da 27ª Bienal de São Paulo e textos sobre a temática da Bienal.

SUMÁRIO

27ª BIENAL DE ARTE DE SÃO PAULO ___________________ 04

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA _____________________ 06

ENTREVISTA _______________________________________ 08

PINACOTECA ______________________________________ 10

ESTAÇÃO DA LUZ _________________________________ 12

ARTE NA ESTRADA ________________________________ 14

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS PARICIPANTES

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No segundo dia da programação o destino foi o Parque do Ibirapuera, local de exposição da 27ª Bienal de Arte de São Paulo. O parque foi inaugurado em 21 de agosto de 1954. Seu projeto contou com a participação do arquiteto Oscar Niemeyer em parceria com o paisagista Roberto Burle Marx . O espaço conjuga a beleza das formas arquitetônicas com a paisagem.

Atualmente o Parque contém diversas estruturas, tais como o Museu de Arte Moderna (MAM), cuja missão, segundo o site do próprio museu, é colecionar, estudar e difundir a arte moderna e contemporânea brasileira, tornando-a acessível ao maior número de pessoas possível. Existe também a OCA, o Pavilhão Japonês, o Planetário e o Viveiro, além de vários espaços livres dedicados a atividade física.

Os participantes da escola tiveram um dia inteiro para ficar no parque observando suas obras de arte espalhadas nos jardins. Alguns registraram, tirando fotos e fazendo entrevistas e filmagens.

PARQUE DO IBIRAPUERA

Parque Ibirapuera é Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, Vila Mariana - São Paulo. Aberto diariamente das 5h da manhã até a meia-noite.

FOTO BÁRBARA BARRETO

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Esta é uma questão sempre levantada na atualidade. Com tantas guerras, conflitos, ganân-cia e egoísmo, poderia o ser humano viver em paz, com seus semelhantes? E essa discussão se deu na 27ª Bienal de Arte de São Paulo: o resultado do trabalho de diversos artistas é apenas o ponto de partida para a reflexão dos visitantes, não só do Brasil como do exterior. Nós carrega-mos o que vimos e aprendemos, espalhando, problematizando, discutindo e multiplicando essas reflexões – definitivamente muito complexas e sem respostas. Seres humanos sempre entrarão em conflito? De que forma podemos estar juntos? Procuramos descobrir com os visitantes (da Escola e de todos os lugares) qual a impressão que a Bienal passa, e como a arte pode ajudar as pessoas a (con)viverem. Este artigo tenta compilar essas idéias, criações, pensamentos.

Os Politécnicos – alunos, profissionais e convidados – ficaram impressionados: é muito grande, muita informação, muita interatividade, muito espaço... Essa sensação gera ânimo de assistir tudo; e, por isso mesmo, tensão e decepção, já que não há tempo suficiente. Realmente, um dia é uma passagem muito rápida. Mas, na verdade, não importa quanto tempo ficássemos, sempre haveria mais coisas, mais reflexões para ver! Alguns tiveram suas expectativas confirma-das, outros realmente se surpreenderam com tanta coisa. Algumas obras não tinham relação com o tema, outras eram bastante complicadas, e mais algumas muito interessantes. Foi destacado ainda o lado pessimista das obras, onde parecia que é muito difícil vivermos juntos.

Por outro lado, os Politécnicos levantaram muitas formas em que a Bienal ajuda as pes-soas a conviverem! Os artistas muitas vezes trabalham juntos para produzirem suas obras; as estéticas e linguagens diferentes se unem. Expõe-se em espaços como a Bienal – coletivos com muitas pessoas de muitos países, inclusive alguns que mantém relações inimigas. Através disso, dos interesses, das culturas, dos ideais, as pessoas podem se reconhecer, deixar o individualismo de lado e dialogar para construirem algo juntos e, assim, sensibilizar para a diferença e para a unidade da diversidade (todos são diferentes, cada qual a sua maneira). Isso porque a arte não é feita para si de forma egoísta, e sim para compartilhar com o outro.

Curiosamente, houve um relato destacando que era tão difícil viver junto que todos se dispersaram durante a Bienal. Ora, se por um lado isso é verdade, por outro foi ótimo todos con-viverem e terem experiências juntos. A Escola investe na participação de um evento como esse porque acredita que o contato com essa diversidade será muito importante para os atuais e futuros profissionais da saúde. Afinal, o que é o cuidado a saúde dos usuários sem ter que lidar com a diversidade e com o contato entre pessoas?

É POSSÍVEL VIVER JUNTO?

Luan Carpes Barros Cassal

Laboratório de Educação Profissional em Gestão em Saúde Ex-aluno da EPSJV (TURMA 2001)Estudante de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

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O último dia da viagem começou com um passeio até a Estação da Luz. Os visitantes se deparam com sua arquitetura particular, construída entre 1895 e 1901 com projeto de estilo vitoriano e material importado. É um marco histórico para a cidade, sendo a responsável pelo escoamento da produção de café. A estação que em 1946 sofreu um incêndio passou por uma restauração concluída no aniversário de 450 anos da cidade de São Paulo.

A Estação da Luz abriga o Museu da Língua Portuguesa que, sem dúvidas, impressionou e foi um dos lugares que mais agradou e surpreendeu. Os visitantes encontraram ao longo de três pisos um prédio com instalações novíssimas de alta tecnologia e o máximo de interatividade.

ESTAÇÃO DA LUZ

MUSEU DA LINGUA LINGUA PORTUGUESA

Mutante e dinâmico, o museu proporciona uma viagem sensorial pelo idioma. Abriga um vasto conteúdo sobre a história da língua que são apresentados de diversas formas e com diferentes mídias, incluindo filmes, audição de leituras e até jogos.

No segundo andar, local de Exposições Temporárias, estava a impressionante instalação de Bia Lessa homenageando os 50 anos de uma das maiores obras da literatura brasileira: Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.

Essa primeira mostra temporária permitiu embarcar por esse clássico e conhecer a história do amor de Riobaldo e Diadorim. Com sete caminhos diferentes, a instalação ganhou trilhas que corresponderam a um personagem ou a um aspecto

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O último local a ser visitado foi a Pinacoteca do estado de São Paulo, edifício construído entre 1897 e 1900. A proposta inicial do espaço era de se transformar na sede do Liceu de Artes e Oficio, uma instituição que formava técnicos e artesãos para construir as cidades que se enriqueciam com o café. Mas em 1901 o lugar passou a abrigar o museu, considerado o primeiro de arte da cidade.

Sua frente é voltada para a Estação da Luz, as paredes são de tijolos rústicos, sem revestimentos, com amplas janelas. Possui grandes salões, pátios internos cobertos, uma iluminação planejada e costuma abrigar importantes exposições. Seu acervo, segundo o site do Governo de São Paulo, é de 4 mil peças de artistas como Almeida Júnior, Pedro Alexandrino, Oscar Pereira da Silva, Cândido Portinari, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.

Uma curiosidade: a obra ficou inacabada. Os tradicionais tijolos expostos não eram para ficar à mostra mas, com a demora para a finalização da obra, não foi possível concluí-la. Restou somente a opção de deixar o prédio desta maneira, o que hoje é uma referência

PINACOTECA

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Lá estávamos nós pelos pavilhões da Bienal de Arte, ainda no nosso primeiro dia de chuva em São Paulo, animados pela chegada e pelas novidades que se apresentavam aos olhos, corpos e mentes. Com nossos bloquinhos, canetas e máquinas fotográficas, eu e um grupo de alunas nos deparamos com uma foto que nos chamou a atenção. Difícil dizer o porquê num primeiro momento. “Seria pela loucura da disposição dos objetos na foto?” comentou uma das alunas. “Seria pela familiaridade que sentimos com essa loucura?” me questionei. Fico bastante à vontade em utilizar estes termos “loucura” “objetos”e “familiaridade”. A loucura que representa de fato a realidade, mas é tida como algo subversivo à ordem, pelo menos à ordem que é pregada ou ditada. Objetos, sim, só temos objetos nesta fotografia. Aliás, palmas ao fotógrafo: captou imageticamente como nos sentimos enquanto sujeitos desta educação que se vive hoje. E daí talvez venha o sentimento de familiaridade. Em uma escola ténica de formação de profissionais de saúde, não deixamos de viver, ainda que nos esforcemos para tal, reflexos de uma educação tradicional pela qual passamos boa parte de nossas vidas, na qual os olhares não se cruzaram, os sujeitos interagiam. Espaço-sujeito-objeto era um trinômio para o qual não se fazia muita diferenciação entre suas partes. Não porque se pregava uma filosofia de integração e não-partição da realidade, mas por descaso mesmo em pensar estas instâncias. Corpos docilizados, como diria Foucault. Vigiados, robotizados, parecem ou ignorar ou serem totalmente familiarizados com um espaço caótico em que fragmentos de educação são dispersos: livros que, se é que estão realmente sendo lidos, nunca se sabe o que dizem; um globo, um mundo, inacessível para os sujeitos-objetos, próximo a um foco de luz que mais se parece com um sol, cujos raios também não chegam a eles; e uma simbólica maquete pólitica de parte de um corpo humano, ali, também vigiada, também olhando para o nada e para o ninguém, a espera de um conhecimento ou acontecimento que virão sabe-se lá de onde. Repare no canto direito, abaixo, um outro foco de luz branco-azulada. Deixe-me contar este segredo: vocês verão no catáogo da Bienal, que esta fotografia no original não possui esse foco de luz. Trata-se do registro de um observador, do flash de sua máquina fotográfica refletindo no vidro a mensagem “Estamos vendo, estamos registrando, estamos pensando sobre” mesmo contra os protestos dos segurançs do pavilhão da Bienal, que repetiam incessantemente “É proibido fotografar com flash!” Subvertamos as ordens; queremos registrar nosso registro! Resta saber o que não, donos do flash branco-azulado, depois de interferirmos nesta obra através do registro, iremos fazer para interferir nesta realidade fotografada. Para finalizar, assumo um erro que cometi corrigido graças a incrível disponibilidade de informações na pós-modernidade. Diante da mobilização pela obra, esqueci-me de anotar seu tíulo e o nome do fotógrafo. O que também é muito simbólico... Pergunto-me se minha mente ainda chocada por me reconhecer na loucura, por me identificar com os objetos e por me sentir de certa forma vontade com a familiaridade do simbólico da fotografia “queria realmente se lembrar desta obra de arte”. Bem, nunca vou estar certa do que realmente aconteceu para justificar esse esquecimento. Mas, para não correr o risco de ser traição pelos meus próprios atos-falhos ou pela pura falta de memória, achei melhor deixar aqui registrado o que pensei sobre a fotografia e contar com as interlocutores, diretas e indiretas entre suas idéias e as minhas.

É PROIBIDO FOTOGRAFAR COM FLASH!

Elaine Rabello

Laboratório de Formação Geral em Educação Profissional em SaúdeEx-aluna da EPSJV (TURMA 1998)Estudante de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janei-

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Verônica, você é professora de artes plásticas da EPSJV há quanto tempo? Como surgiu o projeto de levar os alunos para a Bienal de São Paulo?

Desde 1990. As viagens para a Bienal de Artes de São Paulo fazem parte do projeto “A Escola Viaja Com Arte” desde 1992. Sempre desenvolvi a minha práxis como arte-educadora dentro de uma proposta metodológica chamada triangular, expressão cunhada por Ana Mae Barbosa, onde, além do fazer e do contextualizar as produções artísticas, a fruição estética e a leitura da obra de arte ocupam um papel central no trabalho com os alunos. A apreciação das obras se dão através de reproduções em livros, fotografias, filmes, vídeos e DVDs. O acesso ao original das obras, no entanto, é desejável, indispensável e deve ser possibilitado, sempre que possível, através de visitas orientadas aos museus e outros espaços culturais. A experiência sensível de entrar em contato com a obra nas exposições no Rio de Janeiro sempre foi uma possibilidade dos educandos serem afetados diretamente pelo objeto estético mas permaneceu o desejo de compartilhar com os alunos e outros profissionais da EPSJV a experiência de viajar. Viajar para outra cidade, conviver durante vários dias com colegas e alunos, interagir com os paulistas e com a cidade de São Paulo, viajar pelo mundo e por vários tempos através das obras de artistas e suas concepções estéticas nas diferentes culturas (regional, nacional e internacional) representativas da História da Arte da humanidade.

Coordenadora do Projeto A Escola Viaja com Artes

ENTREVISTA COM VERÔNICA SOARESFOTO CHAIANA FURTADO

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Como são escolhidas as pessoas que participam da viagem?

Os professores que participam da viagem são de várias disciplinas, partilham a crença no poder de afetação pela arte e se envolvem no planejamento das atividades que integram a proposta das Bienais. Os alunos que participam da seleção são, geralmente, da 3ª e 2ª série do Integrado e que demonstram bom desempenho nas atividades escolares e culturais da cidade do Rio de Janeiro como: visitas à exposições, sessões de cinema, peças de teatro, oficinas de música, saraus de poesia, etc. Os funcionários de apoio e estagiários dos vários laboratórios da EPSJV que vem sendo incorporados às viagens tiveram a possibilidade de compartilhar essa proposta de educação estética.

Que tipos de trabalhos você realiza com os alunos antes da viagem?

Atividades de pesquisa sobre os artistas e temas abordados nas Bienais e visitas a museus e outros espaços culturais.

Para você, como professora, qual a importância de um projeto como esse em uma escola profissionalizante de nível médio?

Dentro da proposta de Politecnia desenvolvida pela EPSJV acho que o projeto A ESCOLA VIAJA COM ARTE ou ARTE NAS ESTRADAS contribui com a formação integral dos alunos e trabalhadores de educação e saúde ao favorecer o desenvolvimento da construção do pensamento sensível e simbólico mediado pelas linguagens artísticas. A arte possibilita o sonho e

O que você repara que modifica nos alunos dentro de sala de aula após uma viagem como essa?

A integração entre professores e alunos, entre colegas de turmas diferentes e principalmente o estado de êxtase pelo contato com a Arte.

Para você, como é montar o programa, pensar as atividades a serem realizadas e os lugares a serem visitados? O que é prioridade?

As atividades são planejadas pelos professores, tendo como foco o tema de cada Bienal e de cada acervo dos locais visitados. Essa viagem englobou não só a vista ao Parque do Ibirapuera, como também a Estação da Luz e o recém inaugurado Museu da Língua Portuguesa.

Da primeira viagem à última, agora no ano passado, aumentou o número de participantes? O que foi mais marcante na viagem?

O mais importante foi a diversidade de participantes e a inclusão de alunos da concomitância externa que se prepararam para a atividade e tiveram excelente desempenho em todas as propostas.

Pretende continuar com esse projeto nos próximos anos?

Sempre, mas acho que em breve os ex-alunos estarão organizando suas próprias viagens. Vários alunos estão fazendo formação de graduação em artes e tem participado ativamente das viagens.

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Enquanto todos embarcavam no ônibus e se aconchegavam em suas cadeiras para a viagem de volta a professora Verônica So-ares sugeriu o “Arte em Movimento”. Disponibilizou materiais, tintas, papeis, panos e brilhos para livres manifestações sobre o que a pessoa quisesse retratar. Quem achou que os alunos iriam preferir dormir se enganou. Os viajantes levaram a sério e embarcaram nesse movimen-to.

Na passarela que se formou entre as cadeiras a aluna Emanuela de Lemos Cruz abriu as apresentações com uma intervenção teatral. Ela se maquiou, pegou alguns panos e encenou uma situação que durante uma das noites que jantou em São Paulo presenciou: uma prostituta agendando um programa. Ninguém esperava que a aluna tímida simulasse uma cena tão importante.

Os alunos Ana Lúcia, Emanoele Marinho, Vivian Pinho e Yuri Muniz apresentaram uma paródia da Canção do Exílio comparando o cá, São Paulo com o lá, Rio de janeiro. As alunas Ana Caroline dos Santos e Claudimara Monteiro desenharam as suas impressões depois da visita ao Museu da Língua Portuguesa. O desenho com diferentes figuras regionais e gírias mostra bem a experiência da mistura de conviver com o diferente.

A aluna Maira Vargas apresentou uma folha de oficio que de um lado havia um ponto de interrogação, demonstrando o antes da viagem e do outro lado desenharam uma teia formada por palavras e conceitos como: diferenças, arte, linguagem e questões, levantando a discussão sobre conceitos adquiridos.

Além dos alunos que ainda se expressaram com o funk, a aluna Lílian Lessa comandou um coro com músicas do Legião Urbana. Luiz Gustavo Tomás, profissional da Vice-Direção de Pesquisa e Desenvol-vimento Tecnológico da EPSJV, dividiu suas anotações e leu algumas poesias que produziu durante esses três dias. E com rimas, paródias

ARTE EM MOVIMENTO

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Aluna Emanuela de Lemos Cruz

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O português no Brasil é fruto de uma longa historia. Criação coletiva que confirma e expressa nossa identidade, ela esta a todo tempo sendo reinventada por nós: nas roças, nas ruas e favelas, em nossos ritmos e mitos, nos poemas e nas canções. Todos somos autores de nossa língua, todos somos seus alunos e professores. Nossa língua é, portanto, nosso melhor retrato.

Ana Carolina dos S. e Santos Claudimara Lopes Monteiro

Simulacros

As palavras...

Vem-me e vão

Vão e desvão das almas

Irrisão.

De mim para as brisas.

Na estrada

A chuva fina bate contra o pára-brisa

Seus riscos interrogam-me

Para onde vão esses espermatozóides?

Receba-os ovários do tempo!

Dê-nos temporão.

Luiz Gustavo Tomás

Vice-Direção de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da EPSJV

Canção da anistia

Minha terra tem problemasComo em qualquer lugar

Guarda-chuva de MagritteNão se usa como cá.

Minha terra tem primoresQue tais não encontro eu cáNão tem insetos voadores

Na hora de almoçar.Mutilar o ser humanoNão podemos aceitar

Conviver com a indiferençaÉ tão difícil quanto lá

Nosso bairros tem mais tirosNossas vidas mais temores,

Nós não vimos nenhuma praiaMas conhecemos grandes autores

Não permita, ó Deus, que eu morra. Sem que eu volte para lá,

Sem que eu desfrute os saberesQue tais encontrei cá.

Ana LúciaEmanoele Marinho

Vivian PinhoYuri Muniz

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O grupo partiu da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, na manhã de quinta-feira do dia 02 de novembro, rumo ao Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, local previsto para o alojamento, situado no bairro Jardim Paulista.

A viagem foi longa e cansativa, porém todos estavam muito animados e envoltos num misto de sentimentos, dentre os quais, alegria, curiosidade e ansiedade para o que estava por vir . À noite, o grupo saiu rumo ao bairro do Bixiga para jantar, fazendo um passeio pelo centro de São Paulo, passando pelo Museu de Arte de São Paulo – MASP, Instituto Cultural Itaú, dentre outros edifícios e equipamentos públicos culturais localizados ao longo da Avenida Paulista.

Esta avenida, que é considerada ícone máximo dos paulistanos, famosa por sua suntuosidade e seus magníficos prédios, já é um dos centros culturais mais importantes, como também, um dos pontos turísticos mais característicos da cidade. Isto também em virtude de seu passado, pois consta em seu histórico que esta abrigava em seu conjunto arquitetônico vários casarões dos Barões de café. Nos dias atuais, conta com tamanha quantidade de restaurantes, sede de empresas, bancos, hotéis e tantos outros edifícios ali presentes, que é considerada também como o “centro financeiro da cidade”. Nesta mesma noite de sexta-feira, o grupo assistiu a uma peça de teatro chamada “Armadilhas da Vida”.

Na manhã de sexta-feira do dia 03 de novembro, o grupo estava ávido e novamente muito ansioso, pois enfim estávamos rumo a Bienal de Arte, ponto principal da viagem. A Bienal foi realizada no período de 07 de outubro a 17 de dezembro no Parque do Ibirapuera, zona sul de São Paulo. Com o tema “Como Viver Junto”, a mostra, segundo o site UOL, teve obras de conteúdo fortemente político, experiências comunitárias e

O trajeto começou pelo belíssimo Jardim das Esculturas, parte externa ao local onde as obras da Bienal estavam expostas, o Pavilhão Ciccilo Matarrazo, passando pelo Museu de Arte Moderna – MAM, pela OCA e enfim havíamos chegado à 27ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo.

O Pavilhão conta com três pisos e já era em si, uma grande obra. Tudo marcado por muita suntuosidade, que despertava também igual curiosidade pois, às vezes, era difícil, num primeiro momento, identificar o que o autor quis passar para o público.

Neste momento o grupo subdividiu-se em três pequenos grupos, cada um sob a orientação de um professor da Escola Politécnica e saímos em busca de um mundo que para muitos era novo, o mundo das Artes .

Na noite de sexta, o grupo saiu para jantar na Avenida Paulista e dessa vez teve a oportunidade de conhecer a famosa Rua Augusta, que nos anos 60 representava o glamour e a diversão da juventude paulistana. Era o ponto de encontro dos jovens, como já dizia Raul Seixas: “entrei na Rua Augusta a 120 por hora, botei a turma toda do passeio pra fora (...)”. Hoje ela é considerada, em sua parte baixa, ponto de prostituição e em sua parte alta como um local mais nobre. No terceiro e último dia da viagem (04 de novembro), o grupo partiu logo cedo com destino a Praça da Luz. Lá encontraríamos a Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca do Estado de São Paulo.

A Estação da Luz compreende uma imponente estação ferroviária, em estilo neoclássico, construída entre os anos de 1895 e 1901, com o

Edilene Menezes Pereira

Laboratório de Educação Profissional em Vigilância em Saúde (LAVSA)

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Todo o material para a construção foi importado da Irlanda, Escócia e França. Na década de 40, um incêndio quase a destruiu. Nos anos 80, ela foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico. Atualmente ela passou por um processo de restauração, que foi concluído no aniversário de 450 anos da cidade, em janeiro de 2004.

O Museu da Língua Portuguesa é um espaço novo, inaugurado em março de 2006. Diferente dos outros museus da cidade, este apresenta um estilo totalmente high-tech e proporciona ao visitante um passeio virtual pela história, língua e literatura. O museu, que foi construído com o objetivo de representar um espaço vivo da língua portuguesa, surpreende o visitante, em meio a muita interatividade e tecnologia, pela forma inusitada como apresenta nossa língua.

“Hoje, mais do que nunca, é necessário cultivar a criatividade humana, pois, em um contexto de rápida mutação, os indivíduos, as comunidades e as sociedades só podem adaptar-se ao que é novo e transformar sua realidade por meio da iniciativa e da imaginação criadoras. A noção de criatividade deve ser amplamente utilizada, não apenas para se referir à produção de novas obras ou formas artísticas, mas para buscar soluções de problemas em todas as áreas possíveis. Longe de ser exclusivamente ligada às artes, a criatividade é vital para a indústria e o comércio, a educação e o desenvolvimento social e comunitário”.

(CUÉLLAR, 1997, p. 101-102 apud MOREIRA, 2006, p. 445).

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