Revista vip garopba #6

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Claudio SilveiraPersonalidade Garopaba

Um lugar para ficarDica de hospedagem

O Mestre dos BarcosRaquel e as baleeiras

Alejandro LloretEm Garopaba

Vigia e PreguiçaEncantos e Sensações

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CONTEÚDO INVERNO

SocialCoquetel de Lançamento 5ª Edição

Os Visitantes de InvernoUma longa jornada

Spaghetti ao VôngoleGastronomia

Surf x Pesca da TainhaSurf

A influência no dia a diaArquitetura

Saúde bucalTambém é qualidade de vida

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É inverno no Hemisfério Sul e assim chegamos à sexta edição da Vip Garopaba.

Estamos felizes. Muito felizes.

A busca por uma consolidação de matérias e textos diferenciados é a proposta que

não para de crescer em nossa equipe.

É um job diferenciado por fugir ao padrão comercial de edição de revistas. Trata-

mos temas consistentes que retratam a realidade cotidiana, histórica e periódica da

cidade de Garopaba e entorno. Para nós, um imenso prazer em cada tema, textos,

trabalho incessante de pesquisas e muitas entrevistas. E a nossa maior finalidade é

propiciar aos nossos leitores, parceiros e apreciadores uma obra literária de qualidade,

informativa, divertida e emocionante.

Aliás, emoção é o que não faltou nesta Vip Garopaba #6. Prepare o seu coração. É

bem provável que seus olhos brilhem um pouco mais intensamente com a história de

Raquel e seus barcos. Imperdível.

Há também uma história de sucesso e amizade entre dois amigos de longa data

da empresa maior empregadora de mão de obra local. Mais emoção pela frente.

Mas há também relatos de um dos cenários mais paradoxais da cidade: Vigia e

Preguiça. Descubra as causas históricas deste pedaço do paraíso em Garopaba.

Há a relação entre a pesca da tainha e o surf, as aves migratórias, hospedagens, ar-

quitetura e muito mais. E o que dizer da história do artista incomum cubano-brasileiro

Alejandro Lloret que escolheu a nossa “Garopabinha” para morar e produzir obras que

correm o mundo inteiro?

Se você, caro leitor estiver lendo esta edição em Garopaba, certamente descobrirá

novidades, informações e fatos incríveis sobre a sua cidade. O que dizer do leitor que

aqui não mora?

Vem conosco. Você é o nosso convidado ilustre.

CARO LEITOR

Vip Garopaba | Carta ao Leitor

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Costão da Vigia

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Imagine-se nascer nos anos 50 com mais

doze irmãos. Os tempos eram outros e nos pri-

meiros anos de vida de Claudio Silveira - sócio

fundador dos Supermercados Silveira em Garo-

paba - a vida era inocente, e como ele mesmo

diz, feliz, muito feliz. As brincadeiras eram de rua,

amigos fieis, cavalgadas, banhos de lagoa, car-

rinhos feitos de sobras encontradas no quintal

de casa e arredores. Aos doze anos comprava e

revendia ossos de boi, alumínio, vidros e outros

“produtos”. O jeito para os negócios era notório.

Crescendo no bairro do Campo D’Una, chega

à adolescência. Mesmo trabalhando com o pai

Manoel Balbino da Silveira, não se limitava a isto,

cultivava mudas de eucaliptos e as vendia. Havia

o suficiente em casa, mas queria o seu lugar ao

sol. Os olhos de Claudio brilham de uma forma

que só os que viveram aqueles dias podem en-

tender, talvez. Havia a inocência juvenil e apesar

de não haver internet, jogos eletrônicos, roupas

de grifes e shoppings, a impressão é que aque-

les dias foram insuperáveis. Com a voz cheia de

Vip Garopaba | Personalidade

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PERSONALIDADE GAROPABA

CLAUDIOSILVEIRA

emoção cita os bailes da época. Os casais adultos deixa-

vam suas roupas mais pesadas numa antessala do salão

principal. Neste local dançavam os adolescentes. Eram

os primeiros olhares entre os meninos e as meninas.

Nestas infinitas histórias, Claudio fala do grande amor

de sua vida, Neni, esposa e fiel companheira até os dias

de hoje. Nos momentos mais difíceis e nos mais fáceis,

ela o amparou e deu a força suficiente para suportar os

reveses da vida. Afinal só há vitória quando há dificulda-

des. E foram incontáveis para não fugir à regra de toda

história de sucesso. Em 1974, Claudio inicia sociedade

com o irmão, José Sena Silveira, no pequeno armazém

de secos e molhados que pertencera ao pai de ambos,

no bairro Campo D’Una.

Surge Petronilio, o 3º sócio. Cininha sendo irmã da

esposa de José Sena Silveira faz a aproximação entre

Claudio e Petronilio. Porém, não caberiam no pequeno

negócio 3 sócios e assim Claudio propõe que a socieda-

de aconteceria somente se abrissem uma loja no centro

de Garopaba e assim foi feito. Onde hoje está a loja na

principal avenida da cidade, inicia-se o negócio em Fe-

vereiro de 1977. Mais trabalho e desafios. Naquele ano

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ocorre uma séria crise financeira no país com reflexos

na empresa. A contra gosto de Claudio e Petronilio, José

Sena abandona a sociedade. Ficava então a dupla que

daria muito certo.

Vagner, filho de Petronilio é quem fala agora. Iniciou

aos 13 anos de idade e hoje está na direção dos negócios

na empresa e conta: “meu pai nasceu em Ibiraquera, um

lugar conhecido por sua beleza indiscutível e gente muito

boa. Acreditem, em sua juventude, era músico dos bons.

Tinha até um conjunto chamado Andorinha, porém ao

procurar outro meio de subsistência, se transfere para a

cidade de Tamarana no Paraná, trabalhando na lavoura.

Dias difíceis. E longe de casa enviava cartas para Cininha,

minha mãe, e a pede em casamento. Casados, meus pais

constituem uma vida de trabalho e muitos sacrifícios”.

Chegam os filhos Katia, Vagner, Silvana e Gilberto. Nos

anos 70 decidem retornar às origens e em Garopaba

nasce a última filha do casal, Andreza, que atu-

almente participa na administração da empresa.

As duas famílias, passam a morar em duas

casas em cima do supermercado no centro da

cidade. Nascem Deivid e depois Stefano, os dois

filhos de Claudio e Neni. Deivid, aliás, iniciou mui-

to cedo na empresa, ainda menino seguia os

passos de Vagner, e ao formar-se em administra-

ção de empresas, finalmente em 2002 assumiu o

posto de diretor. O que Deivid é para a empresa,

Vagner também o é: competente e importante.

Assim a empresa chega à liderança e no mo-

mento da construção da 3ª unidade - a 2ª fica

no Campo D’Una – Petronilio falece. Em seguida,

Cininha, também. Perdas irreparáveis, sentidas

por todos, sobretudo pela família. A presença

de Petronilio no novo empreendimento é forte

e com muita justiça há uma placa de reconhe-

cimento por suas realizações. Vagner com os

olhos cheios d’água diz que dentro de si há 100%

do pai. Todos os dias antes do trabalho, beija a

foto de Petronilio.

Claudio e Petronilio confiavam um no outro.

E com olhos marejados, Claudio diz mais para si

mesmo “sinto muito a falta dele. Queria que esti-

vesse ao nosso lado” !

Fazendo jus ao slogan da empresa - Super-

mercados Silveira, aqui você está em casa - há

nos clientes, colaboradores e fornecedores mui-

to destas histórias que não acabam por aqui.

Vip Garopaba | Personalidade

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Imaginar-se em um paraíso é muito bom. Agora, quando isto se dá na inigualável Garopaba, não tem preço.

UM LUGAR PARA FICAR

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O clima, as paisagens de tirar o fôlego e outros desfrutes

mais, certamente mexem com qualquer pessoa. Tudo isso é en-

contrado na bucólica cidade a beira mar. Uma inacreditável baía

considerada das mais lindas do mundo. Mas onde ficar? Onde ser

tratado com toda a atenção e carinho? E a gastronomia especial,

onde encontrá-la? Se pudéssemos compor um quadro sobre o

tema, certamente utilizaríamos inúmeros ingredientes. E cá entre

nós, é sim possível desfrutar deste paraíso com alguns requintes e

outros mimos mais. São várias as possibilidades locais de hospeda-

gens. Há hotéis, pousadinhas deliciosas e até casas para aluguel.

Nossa dica é a Morada Prainha com excelente ambiente,

arquitetura e decoração de bom gosto, café da manhã, serviços de

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Vip Garopaba | Baleias

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camareira, wi-fi, estacionamento, piscina, academia, sala

de massagem, estúdio de pilates e gourmeteria em es-

tilo banqueting room. A Morada Prainha está localizada

na Praia da Silveira – onde as coisas parecem ser dife-

rentes e mágicas, e, ao mesmo tempo, fica a apenas 1,5

km do centro de Garopaba, separadas apenas por uma

magnífica montanha. A impressão que se tem é que o

tempo ali passa de modo diferente. O relógio parece que

para seus ponteiros todas as vezes que o sol desponta no

meio do mar, e, assim também parece que nossa mente

quer parar para contemplar tanta beleza: o mar, areias

branquinhas, brisa constante e leve, ondas mais que per-

feitas, local paradisíaco, lugar para relaxar, praticar surf e

atividades afins.

Para quem gosta de quebrar a rotina estressante

do dia a dia, a Praia da Silveira é também um ótimo local

para meditação, caminhadas, trilhas, exploração de suas

montanhas a beira mar, dentre outras vertentes.

Depois disso tudo, o próximo passo é conferir pes-

soalmente essas e outras possibilidades.

Ah! Não esqueça a sua máquina fotográfica em

casa, ela ajudará a contar sua história aos amigos de for-

ma que ninguém duvidará de você, afinal de contas, sim,

o paraíso existe e ele é bem aqui.

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Vip Garopaba | Hospedagem

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Por Fábio Brito

Raquel e as Baleeiras

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Vip Garopaba | O Mestre dos Barcos

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Raquel é um mestre. Um mestre na arte de fazer

ou reformar barcos. Sua especialidade, porém, é com os

pequenos. Réplicas perfeitas e premiadas, vendidas para

pessoas comuns ou chefes de Estado. No Museu do Mar

em São Francisco do Sul no litoral norte catarinense há

um exemplar de Raquel. Seus barcos já foram presente-

ados a empresários, governadores, prefeitos e embaixa-

dores. O embaixador do Brasil na República Socialista do

Vietnã, por exemplo, tem uma peça de Raquel em seu ga-

binete. Há peças espalhados pelo mundo todo, Inglater-

ra, Alemanha, Argentina, Uruguai e Paraguai são alguns

dos países que Raquel se lembra, outros nem tanto. Mas

há um país que possui mais de 10 peças para exposi-

ção contribuindo deste modo para a rica história ligada

diretamente ao Brasil. Estamos falando de Portugal, es-

pecificamente da região dos Açores. Os Açorianos estão

antropologicamente contidos no conjunto de fatos de po-

voamento, costumes, modo de trabalho, sotaques, gas-

tronomia e etc, do litoral catarinense. E não se pode falar

desta história sem mencionar que os Açorianos eram - e

ainda são - exímios navegadores, e assim, para cá trou-

xeram esta arte de dominar os mares e suas marés, on-

das bravias, e acima de tudo, retirar dos oceanos, os seus

preciosos produtos. Dentre os mais buscados, estavam

as baleias. Todos sabem que estes cetáceos atualmen-

te estão protegidos por leis severas em territó-

rio brasileiro, ainda bem, mas também se sabe

que, até recentemente, muitos foram mortos em

águas de Santa Catarina. Destes enormes e do-

ces mamíferos, de tudo se aproveitava, carne, os-

sos, óleo e pele. Tudo. As Francas fazem parte in-

clusive da arquitetura local e regional. O seu óleo

era extraído e utilizado para composição de uma

massa de areia e pequenas pedrinhas, e assim,

as paredes das casas eram construídas. Incrível.

Mas quais barcos eram utilizados para

a caça às baleias francas? As baleeiras. Uma

embarcação típica dos Açores. Específicas e

construídas de modo que fossem rápidas e ao

mesmo tempo não tão pesadas ou no formato

inadequado para a aproximação dos doces e de-

licados gigantes. Com as baleeiras podia-se efe-

tuar o “arpoamento” sem grandes dificuldades,

portanto as baleeiras fazem parte da rica história

luso-açoriana-brasileira. E Raquel se especiali-

zou neste tipo de embarcação. Porém em tama-

nho diminuto. Os barcos de Raquel são lindos. Se

adultos gostam, imagine as crianças. Qual garo-

to não quer ter em seu quarto um barco idêntico

aos de “verdade”?

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E, a medida que a entrevista é conce-

dida, Raquel vai se emocionando e a todos

emociona. Cita por exemplo que seu pai fazia

boias em madeira aos pescadores, pois não

havia o material conhecido como “isopor” para

ser vendido e utilizado nas malhas das redes

para a captura do pescado. Raquel, ainda pe-

quenino, observava o pai e o ajudava a fazer

pequenos acabamentos nas boias de madeira

que serviriam para o trabalho dos pescadores

locais. Começava assim o contato de Raquel

com a madeira. Esta relação dura até hoje.

Nas baleeiras da Garopaba do início

do século 20, eram transportadas mercado-

rias das mais inusitadas - feijão, farinha, aipim

e etc. E para ir até Florianópolis, acredite, não

era tão simples assim, os mestres das baleei-

ras tinham que aguardar a chegada do vento

sul, uma frente fria, que era o grande facilita-

dor das correntes marítimas para a chegada

à capital do Estado catarinense. Para a volta,

aguardava-se o tempo que fosse necessário

para a chegada de outro “vento”, desta vez, o

facilitador era o não menos famoso, vento nor-

deste, que então ajudava as baleeiras trazerem

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de lá pra cá produtos como: tecidos, roupas, charque,

querosene, calçados e outras necessidades. Um detalhe

é importante citar: ambas as viagens, ida e volta, eram

realizadas no remo.

Claro que com o passar do tempo, motores a die-

sel foram adaptados às baleeiras que ficaram mais rápi-

das e assim mais utilizadas para as atividades pesquei-

ras, pois as estradas foram então abertas e as facilidades

implementadas para transporte e desenvolvimento. Ra-

quel entende que a baleeira é o símbolo da cidade de

Garopaba. Como se fosse uma pedra fundamental. Tudo

começou com elas, diz Raquel com os olhos marejados.

Garopaba chegou a ter uma “frota” de cinquenta e duas

embarcações que serviam à população, destas restam

apenas cinco ainda em atividade profissional. Outras

quatro estão guardadas já como relíquias. E assim Ra-

quel vai falando em tom carregado de nostalgia e ainda

mais emoção.

Raquel faz uma revelação com voz entusiasmada:

um pescador proprietário de uma baleeira chega a cuidar

mais do seu barco do que da própria casa que mora, ta-

manho é o amor por este meio de transporte, trabalho e

sobrevivência. É como se fosse um membro da família.

Há casos verídicos de pescadores que aceitavam vender

e negociar a casa em que moravam, mas que rejeitavam

qualquer oferta de compra de suas embarcações. Um tí-

pico caso de amor inseparável.

Raquel cita as maiores baleeiras de Garopaba e

ainda em atividade. São elas: “Isadora” e “Talita” – assim

mesmo denominadas, com carinho mais que humano -

cada uma com onze metros de comprimento e três de

largura em média, suportando até onze toneladas de car-

ga. As outras baleeiras são menores e suportam em mé-

dia cinco toneladas. Se cada uma delas falasse, quantas

histórias ouviríamos!

Raquel é do mar, não passa um dia sequer sem

vê-lo e diz com uma dose grandiosa de orgulho simples

que só nos simples se encontra – “quando não me encon-

tram na praia pode me visitar em minha casa, pois estou

bastante doente. O caso é grave”.

Raquel trabalhou numa empresa de

Garopaba por 16 anos, e neste período o go-

verno português o convidou para visitar, nos

Açores, o local em que mais de 10 obras suas

estão expostas. Infelizmente não pode fazê-lo,

mas considera que mesmo assim foi até lá,

pois quando uma peça é por ele construída é

um pedaço de si mesmo que se vai. E Raquel

está correto em seu modo de pensar.

E a entrevista vai prosseguindo, de re-

pente Raquel dá um tom sério, inflexivo à voz.

Está preocupado. O mar está avançando, a fai-

xa de areia está diminuindo em nossas praias.

Talvez Raquel já tenha ouvido falar em degelo

polar. É provável que sim. Ah Raquel! Estás cer-

to em sua preocupação. A comunidade cientifi-

ca também o está.

Outra revelação importante de Raquel

é que o tempo começa a cobrar a sua fatura

e com o nosso entrevistado não é diferente.

Depois de produzir e reformar tantas embar-

cações, sejam as grandes ou as miniaturas, o

pó residual da madeira mexeu com a saúde de

Raquel. Mas nem isso o fará parar.

Vip Garopaba | O Mestre dos Barcos

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Mas surpreenda-se mais uma vez, Raquel não se

considera nem mestre de construção naval, nem refor-

mador de embarcações e muito menos artesão. Raquel

diz soletrando: “eu sou pescador”.

Raquel conseguiu criar três filhos em mais de

trinta e um anos de casamento e pescou embarcado em

diversos estados brasileiros, mas frisa com orgulho: “ne-

nhum lugar é mais lindo que Garopaba. Nasci nesta terra

e aqui vou ser enterrado”.

Mas a nossa história está chegando ao fim e é

provável que você - caro leitor – esteja se perguntando,

como é que um pescador, com tanta riqueza de história,

pode ter um nome feminino? Então, deixamos a “cereja

do bolo” por último propositadamente.

Na verdade “Raquel” é Manoel Constante – 53

anos e desde muito pequenino para ajudar a família no

sustento da casa, passou a trabalhar como guia turístico

local e numa destas visitas de jovens hippies que “des-

cobriram” Garopaba na década de 70, aportou por aqui

um grupo de moças, e uma especificamente “adotou”

Manoel e o apelidou de Roberto, pois segundo a mesma,

Manoel era idêntico ao seu irmão de nome Roberto. O

apelido nunca “pegou” em Manoel. Os anos se passaram,

e Manoel já adulto, andando na Praia do Centro de Ga-

ropaba, vê um carro se aproximando. Era um modelo de

luxo, grande e de cor escura. Os vidros se abrem e desce

uma moça. Com os filhos, apresenta o marido

a Manoel e diz: “você é Manoel, estou certa?

Eu sou aquela moça que te adotou tantos anos

atrás, quero conhecer a sua família, quero visi-

tar a sua casa.” E lá vai o nosso personagem

desta incrível e emocionante história apresen-

tá-la aos seus pais e irmãos. “Gente esta é uma

grande amiga que conheci quando eu tinha

doze anos de idade. Trabalhei como guia de

turismo para ela e suas amigas. Pois então, ela

voltou para me ver e conhecer a minha família.”

E todos se abraçaram em meio a muitas lágri-

mas. A emoção era muito grande. Mas num

esforço maior ainda, aquela moça estende a

sua mão para cada membro da família e diz:

“muito prazer, eu sou a Doutora Raquel. Médi-

ca formada”.

E se Manoel não “ficou” com o nome

do irmão de Raquel, a amizade entre um pe-

quenino de doze anos e uma jovem estudante

de medicina era tão sem medidas que Manoel

virou carinhosamente Raquel.

Se alguém encontrar a Doutora Raquel

no Rio Grande do Sul ou mundo afora pode

chamá-la de Doutora Manoel que ela também

atende.

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Alejandro Lloret é um homem incomum. Definiti-

vamente incomum. E a referência incomum não é física.

Na verdade o que é incomum é a sua história pessoal.

Pelo menos para alguns brasileiros, sobretudo aqueles

que não enfrentaram um governo com mãos de ferro e

que tenham herdado uma pátria como a brasileira, hoje

totalmente livre e sem limitações ou “impedimentos polí-

ticos” dentro do estado do direito democrático, esta é sim

uma história incomum de uma pessoa incomum.

Lloret é nascido em Cuba. A ilha. Localizada em

meio ao Oceano Atlântico, ao sul dos Estados Unidos.

Não há quem estude a história contemporânea da huma-

nidade e passe ao largo da história cubana.

Alejandro é natural de Yaguajay, hoje província

de Sancti Spiritus, nasceu em 1957. Estudou na Escola

Nacional de Artes de Havana e se formou em pintura e

desenho.

Após uma década em que insistentemente o go-

verno lhe negava qualquer possibilidade de viagem para

fora da Ilha, por motivos políticos (como foi caracterizado

pela burocracia repressiva cubana), finalmente em 1993,

obtém a permissão de vir ao Brasil para fazer uma expo-

sição individual.

O constrangimento infringido a sua pessoa acon-

teceu em função da prática religiosa - kriya Yoga - método

ensinado por Paramahansa Yogananda, além do apro-

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fundamento em reflexões filosóficas dissidentes do Marxismo.

1976 foi o ano que acontecem interrogatórios inten-

sos, ameaças, restrições por parte das instituições repressi-

vas conhecidas como União de Jovens Comunistas e do pró-

prio Partido Comunista. Momentos muito difíceis.

Em 1988 uma comissão da ONU é enviada a Cuba

para observar violações dos direitos humanos. Com mais tre-

zentos opositores, Alejandro apresenta-se para fazer acusa-

ções de violações infringidas a ele e outros artistas. Todos os

presentes recebem então o devido reconhecimento de sua

resistência através de uma carta enviada pelo presidente da

ONU.

Em 1993 Lloret vem para o Brasil, diretamente para

São Paulo, onde estabelece sua residência até janeiro de

2013.

E, na cidade que o acolheu, vai morar em bairros im-

portantes da Capital Paulistana, como Pinheiros e Perdizes.

Conhece Carla, a esposa, dois anos depois da chegada. Além

do casamento, inicia-se uma parceria comercial que dura

quase 18 anos. Carla é sua outra perna. Carla Saudades Llo-

ret é marchand e historiadora de arte. Faz a intermediação da

obra de Alejandro. Desde a sua chegada ao Brasil, impensá-

vel conceber a vida e obra sem a presença de Carla.

Nestes anos, Alejandro e Carla, constro-

em um bom mercado no Brasil, em alguns paí-

ses da Europa e nos Estados Unidos. Abel Holtz,

o maior colecionador privado de Joan Miró, já

adquiriu seis obras suas. Em São Paulo, grandes

colecionadores já adquiriram as suas obras de

duas séries. Ao longo deste período foram inú-

meras as exposições e leilões de sua obra no

exterior e no Brasil.

Mas como este casal escolhe Garopaba

para morar? Carla é responsável por isto. Desde

os anos setenta, Carla e sua família frequenta-

vam o paraíso, e o ideal de vida ficou em stand

by em sua memória. Mas o sonho nunca mor-

rera, e assim, com o devido tempo e condições

favoráveis, aportaram finalmente em Garopaba.

No Morro da Silveira – uma colina lindíssima

que divide ao meio uma majestosa paisagem

do Oceano Atlântico com a bucólica Garopaba,

finalmente este é o local escolhido por Alejan-

dro e Carla. Sim, se com as palavras você já se

viu nesta atmosfera incrível, imagine o que este

casal visualiza todas as manhãs. E isto inspira, e

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muito! Mas o próprio Alejandro define assim esta mudan-

ça da metrópole para a pequenina cidade a beira mar:

“veja bem, eu tenho meia dúzia de razões que justificam

o fato de eu ter me mudado para Garopaba, mas preferi-

ria deixar bem claro que assim como Garopaba tem uma

aparência que nos conduz ao sublime, também prefiro

me deixar surpreender pela experiência do mistério que

toma conta do meu dia na Silveira. Esse mistério, eu não

consigo descrever (nem vejo sentido nenhum em fazê-lo)

e que alimenta o meu continente estético e vital, tem se

constituído uma companhia muito querida, não só para

mim como para minha família. É bem claro, pelo menos

para mim, como a experiência com o belo enriquece a

vastidão dos seus olhares. Imagino que eles tenham a

mesma percepção! – impossível acrescentar uma única

vírgula ao conceito de Alejandro.

Alejandro expõe com regularidade em galerias

pelo mundo. Tem reconhecimento internacional. As pai-

sagens imaginárias de Lloret são totalmente brasileiras,

carregam a busca de uma identidade que vem se cons-

truindo ao longo deste período onde optou pelo Brasil

como a sua segunda pátria. Suas florestas-pensantes

extrapolam a linguagem na fronteira da própria aparên-

cia. Sua obra coloca o expectador neste paradoxo: “elas

existem ou não existem? estão dentro ou fora de nós?”.

O Brasil lhe deu asilo político. Hoje tem a residên-

cia e está tramitando a nacionalidade brasileira.

Alejandro Lloret tem 55 anos de vida e é da ge-

ração dos artistas cubanos dos anos 80 que mudaram

o panorama das artes visuais em Cuba. No Brasil, vem

construindo suas florestas imaginárias brasileiras.

Está na mídia especializada, em jornais de circu-

lação nacional, e, revistas como a Vogue, o consideram

um grande artista de nossos dias.

E Alejandro vai numa escalada paulatina,

rumo à consolidação irrefutável do sucesso. Mas

é um homem paradoxalmente culto e ao mes-

mo tempo humanizado, grato, reconhecedor de

pessoas que o ajudam, seja no tempo passado,

presente e futuro. Um verdadeiro cavalheiro das

artes.

E nem que a Vip Garopaba tivesse a pre-

tensão de trazer 1/10 de tanta criatividade, his-

tória, talento e lutas, conseguiria êxito. Portanto...

Alejandro, como definir a sua obra? Sem

dúvidas, um desafio. Um colorido e magnífico de-

safio. Mas, vamos tentar de um modo que todos

os leitores da Vip Garopaba possam assimilar, e

caso não haja unanimidade, a proposta será pro-

piciar o debate sobre sua obra. Obra esta carre-

gada de emoção e realismo, aliás, realismo sim-

plesmente falando não estaria correto, algumas

de suas obras, podemos denominá-las como um

hiperrealismo. Ao apreciá-las, qualquer ser vivo

é sugado para o inacreditável, o maravilhoso, o

belo. E o belo pode sim tomar contornos de per-

feição. O perfeito nas mãos de Alejandro, pode

tornar-se inacreditável.

“Alejandro, Garopaba é a sua casa. Fique

por aqui o tempo que quiser”.

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Por Fábio Brito

Vip Garopaba | Vigia e Preguiça

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Encantos e Sensações

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O dicionário é um campo farto de informações e

de muitas curiosidades. Para não fugir desta regra, em

Garopaba, entre os locais mais visitados por moradores e

visitantes, estão duas de suas praias com nomes próprios

conflitantes e instigadores: Vigia e Preguiça - deliciosa-

mente assim denominadas por todos, são locais de uma

beleza que beira a raridade e de uma história riquíssima.

Se nos debruçarmos junto aos dois termos e suas

etimologias, teremos: vigia, que deriva do latim vigilare -

cuidar, observar, vigiar. Historicamente, na Roma da épo-

ca do Imperador Augusto, foram instituídos guardas, os

vigili, para manter a segurança dos cidadãos durante a

noite e para combater os incêndios, que podiam tomar

proporções desastrosas. Até hoje os bombeiros italianos

portam o nome em seus uniformes “vigili del fuoco”, vigias

do fogo em português; já a palavra preguiça, também é

um termo oriundo do latim pigritia, e em português enten-

da-se como uma espécie de aversão ao trabalho. Aque-

le sentimento de “hoje não quero fazer nada, ou quase

nada”. Você sabe o que significa este sentimento.

E como é possível “vigiar” e ao mesmo tempo

“preguiçar”? A resposta é: visite o local para poder enten-

der. Simples assim!

A Vigia em Garopaba é o que podemos classifi-

car como o início de uma baia ao sul da Praia do Centro,

uma espécie de reentrância de mar. Vegetação rasteira

e sempre verde, próxima ao contorno marítimo.

Rochas em tom de bronze. Mar com cor de es-

meralda, às vezes. Mas vigie, se o tom for cinza,

pode estar chegando tempestade por aí. Na área

montanhosa, a vegetação é de Mata Atlântica,

com clima, fauna e flora correspondentes. E em

meio a este “complexo” natural da Vigia está con-

tida a Praia da Preguiça - linda, pequenina, areias

cristalinas e mar calmo - frequentemente visitada

ou como moradia constante de humanos e seres

do reino animal.

De modo simplista e não científico po-

demos classificar ambos os locais assim: huma-

nos - pescadores, turistas, trilheiros, estudiosos,

praticantes de esportes náuticos, fotógrafos, es-

tudantes e pessoas de fé; reino animal - baleias

francas, golfinhos, aves marinhas, lobos mari-

nhos, elefantes marinhos, tartarugas, mariscos e

peixes das mais variadas espécies.

E o termo vigia, o que significa para os

locais? O termo é empregado na atividade de

pesca artesanal, de geração a geração de pes-

cadores e denomina o responsável por vigiar a

chegada do cardume. O Vigia busca inexoravel-

mente a parte mais alta possível do relevo local

portando em uma das mãos um tecido, pedaço

O

Page 35: Revista vip garopba #6

Vip Garopaba | Vigia e Preguiça

35

de pano, geralmente de uma só coloração, e

agitando-o, faz movimentos de orientação – siga

em frente, retorne, vá para a direita, vá para a es-

querda – aos companheiros embarcados para o

cerco aos cardumes de peixes tais como sardi-

nhas, anchovas e as mais cobiçadas de todas

– as tainhas. No final da atividade, o quinhão é

dividido por todos, na devida proporção. Portan-

to o Vigia deve estar atento ao trabalho, ter boa

coordenação motora e boa visão. Todos, afinal,

dependem de suas orientações para um bom dia

de trabalho. E como é possível, em meio a tanta

agitação e movimentação, gritos e assobios e trabalho

braçal muito duro, haver uma linda prainha denominada

Preguiça? Talvez em razão de tanta adrenalina despeja-

da no organismo, através da atividade pesqueira, ocorra

aquele momento de descanso, de alívio, de dever cum-

prido, talvez. Quem sabe um pensamento de “ufa, con-

seguimos, tivemos sucesso” ou olhos perdidos no infinito

do Oceano Atlântico outro tipo de pensamento “desta vez

não deu, perdemos o cardume, fracassamos”.

Se você que lê esta matéria chegar muito cedo

ao local, terá uma das visões tidas como inesquecíveis à

retina de uma pessoa: o nascimento do Sol saindo entre

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algumas nuvens e o mar. Pense o quanto é marcante o

cenário. Mas não é só isto. Há também as aves saindo

dos ninhais em busca do alimento para si e seus filhotes,

passarinhos cantando e a brisa que sopra levemente o

cheiro inconfundível das ondas do oceano. É um convite

à reflexão ou não é? E no final do dia, como uma cortina

de palco teatral, um crepúsculo de sombras e raios sola-

res emolduram este cenário que em lugares do mundo

inteiro talvez não se encontre.

As histórias sobre o local são ricas, carregadas de

folclores e a imaginação de moradores mais antigos. Há

um misticismo muito forte enraizado e sempre retornam

ao imaginário popular. Diz a lenda que, “figuras” já foram

vistas por aquelas bandas, alguns afirmam inclusive que

foram perseguidos por pessoas que já morreram. Som-

bras de homens muito altos, noivas com seus vestidos

de casamento soltos ao vento, bolas de fogo, gemidos,

ruídos, luzes e por aí vai. E claro, todo este cenário sem-

pre ocorre à noite, tarde da noite. Nunca durante o dia

ensolarado e cheio de luz. Isto certamente mantém os

elos familiares e acende o calor de comunicação entre as

pessoas. Mesmo que de modo estritamente imaginário.

Também por ali se encontra uma gruta

para visitação e orações de moradores locais e

visitantes. Há quem zele pelo local com muita

disciplina e reverência. A palavra de ordem é fé.

E num cenário natural como o descrito, fica até

mais fácil acreditar nas possibilidades da vida.

Aliás, fotografias antigas demonstram o quanto

famílias inteiras por ali passavam em dados mo-

mentos do ano. Muitos para agradecer pelos ob-

jetivos alcançados, outros para pedir por aqueles

a serem alcançados.

Ultimamente o local é habitado por uma

classe economicamente elevada, casas de altís-

simo padrão são cada vez mais notadas e cons-

truídas. Mas no início dos anos 70 e 80 a classe

frequentadora do local era bem outra. Os hippies

“descobriram” o lugar e por ali passaram a acam-

par, com a ajuda da gente nativa sempre recepti-

va e sorridente. E isto fez com que um fenômeno

mundial também ocorresse no local, afinal, di-

zem os antropólogos e estudiosos do compor-

tamento social que, os hippies em sua maioria,

abandonaram suas roupas coloridas, cabelos

compridos e formaram famílias, estudaram mais,

adquiriram, saíram de suas barracas de acam-

pamento e entraram em casas no sentido literal

e concreto da palavra. O cenário hoje é, portanto,

bem diferente no mundo, e em Garopaba, na Vi-

gia e Preguiça ocorreu o mesmo.

Portanto aqui vai um convite: se quiser

“vigilantemente” passar um tempo num local pa-

radisíaco venha para cá constatar tudo o que foi

aqui descrito. Se eu fosse você não perderia este

sentimento conflituoso de jeito algum.

E não se esqueça, mantenha-se em esta-

do de vigia e preguiça. Ao mesmo tempo!

Vip Garopaba | Vigia e Preguiça

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Um brinde!No dia 21 de dezembro de 2012, Garopaba deu boas vindas para a

5ª edição na compania fiel da família Vip Garopaba. A espumante

da Casa Perini e a cerveja Therezópolis deu sabor ao brinde. Os

canapés da chef Tatiane Colares e os assados de Rodrigo Walter

surpreenderam o paladar dos convidados. O Condomínio Garopaba

Internacioanal acolheu o evento em grande estilo.

Realização: Apoio:

Coquetel de lançamento 5ª Edição Revista Vip GaropabaFLASH

Page 41: Revista vip garopba #6

Vip Garopaba | Social

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Page 42: Revista vip garopba #6

A histórica costa catarinense é mundialmente

famosa por constituir uma das mais importantes áreas

reprodutivas das baleias francas (Eubalaena australis). A

espécie distribui-se ao longo do litoral vinda das águas

geladas austrais, realizando uma migração de cerca de 5

mil km, selando aqui uma linda fase de sua vida: o nasci-

mento dos filhotes.

Mas o continente gelado também abriga uma

enorme diversidade de outros animais marinhos, como

aves, focas, golfinhos e as grandes baleias filtradoras. Os

mais numerosos habitantes da Antártica são os pinguins-

-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), agrupados

em colônias compostas por milhares de indivíduos. To-

dos estes animais são muito resistentes ao frio e estão

bem adaptados para condições extremas (ventos fortes e

temperaturas entre -30°C e -65°C). Com a chegada do in-

verno, grande parte migra para outros locais procurando

melhores condições de sobrevivência, seja para disponi-

bilidade alimentar ou reprodutiva.

As migrações podem ser longas ou curtas, até

mesmo diárias, como é o caso de algumas espécies que

passam o dia alimentando-se nas praias e, com o pôr do

sol, voam em direção às ilhas costeiras para descansar e

nidificar (postura dos ovos). Seguindo este exemplo, os

piru-pirus (Haematopus palliatus) e os penilongo-de-cos-

tas-brancas (Himantopus melanurus) são aves facilmen-

te vistas durante o dia em busca de alimentos nas areias.

A migração mais longa conhecida é a do trinta-réis-do-

-ártico (Sterna paradisaea), que viaja todo o ano do ártico

para o antártico.

Foto

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Page 43: Revista vip garopba #6

Já alguns mamíferos como os leões e lobos mari-

nhos podem deslocar-se a grandes distâncias à procura

de alimento e suas migrações são sazonais, variando en-

tre áreas alimentares e as colônias de reprodução onde

formam haréns.

Ilhas, como a do Coral e o Ilhote do Siriú, são de

extrema importância por proporcionarem um local de

descanso para certas aves e mamíferos marinhos e a

preservação destas áreas é fundamental para sobrevi-

vência das espécies.

Os métodos que os animais empregam para en-

contrar com exatidão as rotas migratórias ainda são des-

conhecidos e alguns são mais interessantes e certeiros

que um sistema de GPS. Cientistas apostam na utilização

do faro, sistema planetário, posição solar, marcos visuais,

clima e até campo magnético.

Se pudéssemos voltar no tempo cerca de

200 anos, poderíamos admirar milhares de ba-

leias nadarem ao longo de sua rota migratória.

Preservar a abundância das espécies não é uma

tarefa fácil, mas se reconhecermos a importân-

cia ecológica das migrações, poderemos então

aperfeiçoar ações que conservem as rotas antes

ainda que populações-animais comecem a dimi-

nuir. A importância científica de estudar tais mo-

vimentos em massa nos responsabiliza a todos

para a perfeita maravilha de tais espetáculos. As

migrações são um tipo de culminação da nature-

za.Vamos contemplá-las!

Vip Garopaba | Visitantes

43

por Mônica PontaltiBióloga CRBio 058623/03

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Foto

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ica

Pont

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Page 44: Revista vip garopba #6

Nesta edição, além da tradicional receita aos nos-

sos leitores, publicamos também algumas informações

sobre o Vôngole assim conhecido na Itália, ou Berbigão

no Brasil, uma espécie de molusco bivalve que habita

águas arenosas ou lodosas e cuja carne é muito apre-

ciada. Este fruto do mar é encontrado em todo litoral bra-

sileiro e para nosso deleite, em Garopaba é fartamente

encontrado.

Muito apreciado na Itália e também em alguns

restaurantes pelo Brasil, o Vôngole é primo das ostras e

dos mariscos, economicamente barato, e se bem utiliza-

do, pode ser um prato muito valorizado.

Uma dica: quando localizado, retirar somente o

que for para consumo, em alguns lugares já está escas-

so. Com consciência deve ser preservado para não sumir.

Spaghetti ao Vôngole é um prato conhecido no

mundo inteiro e esta é a receita desta edição. Porém são

conhecidas mais de 100 maneiras de utilização desta

iguaria das águas marinhas.

Outra dica é que os moluscos abertos antes do

cozimento devem ser descartados, pois estão impróprios

para o consumo humano, com risco à saúde.

Este prato pode ser acompanhado por um bom

vinho branco, verde ou por espumantes.

por Zeca D’Aléssio

Foto

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Page 45: Revista vip garopba #6

Preparo:

• Vá preparando o molho enquanto a massa

estiver cozinhando.

Em uma panela coloque o azeite e o alho. Re-

fogue até que o alho fique douradinho, junte o

vinho branco e deixe ferver, em seguida adicio-

ne os tomates picados.

• Quando levantar fervura coloque os Vôngoles

e deixe fervendo até que todos os moluscos se

abram.

Pronto, está no ponto certo para terminar sua

receita. Falta apenas adicionar a salsinha, o sal

e o spaghetti. Misture bem todos os ingredien-

tes e está pronto para servir.

Ingredientes:

• 500 gramas de Spaghetti (o Barilla nº 3

ou nº 5 são excelentes)

• 1 quilo de Vôngole com cascas

• 8 colheres de sopa de azeite

• 3 dentes de alho amassados

• 1 xícara de vinho branco

• 2 colheres de sopa de salsinha picada

• 4 tomates maduros sem casca e picados

• Sal a gosto.

Obs.: O mais importante nesta receita é que os Vôngoles

estejam muito limpos, por isso, devem ser lavados abun-

dantemente em água corrente para retirar resíduos de

areia. Depois de limpos, reserve-os.

Vip Garopaba | Gastronomia

45

Fotos: Guto Souza e Zeca D´Aléssio

Page 46: Revista vip garopba #6

A TEMPORADA DA TAINHA

SURF

Dois fenômenos ocorrem simultaneamente

nos meses de maio, junho e julho no Oceano

Atlântico – Costa Sul Brasileira e especificando

um pouco mais, em Santa Catarina: a migração

das soberanas Mugil Cephalus também conhe-

cidas como Tainhas - espécie de peixe marinho

muito apreciado na culinária brasileira; e ondula-

ções acima da normalidade, devido à formação

constante de ciclones extratropicais. Em Garopa-

ba não é diferente.

Mas o que um evento interfere no outro? In-

terfere totalmente. Vejamos:

1. Por ser um período considerado “muito

curto” pelas comunidades pesqueiras e a explo-

Tales FernandoHartmann

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ração da atividade, instituiu-se o “fechamento” das praias para a

prática de esportes náuticos, especialmente o surf;

2. O “fechamento” das praias impede o surfista de também

explorar ondas que não serão encontradas nos demais períodos

do ano;

3. Devido aos inevitáveis conflitos e ideias tão divergentes, são

observadas ocorrências de ambas as partes: acusações, amea-

ças, atos de violência e, acreditem, até a convivência pacífica em

que surfistas ajudam a puxar as redes e recebem o seu “quinhão”

no final da atividade.

E, como tudo tem dois lados, surfistas procuram encarar a re-

alidade com um sentimento dualista, tanto quanto é custoso ver

ondas perfeitas para o esporte preferido sendo proibido, também

entendem que a atividade profissional pesqueira sustenta muitas

famílias, isto é fato. Algumas alternativas estão sendo pensadas

ao longo do tempo, por exemplo, na Praia da Ferrugem há um

espaço nobre para o esporte, mas que comprime todos os surfis-

tas da região em um “pico” só. A disputa por uma onda vira um

estresse. Quem frequenta sabe. Os novatos com menos experiên-

cia, são os que mais sofrem, pois os mais experientes são mais

rápidos, e o clima entre os praticantes pode ficar tenso.

E a lei o que diz sobre o assunto? Segundo o MS 89732 SC

1997.008973-2, a informação disponível é a seguinte:

• Mandado de Segurança Coletivo. Lei Municipal que proíbe a

prática de surf em período dedicado à pesca da tainha. Legalida-

de e inconstitucionalidade.

• A competência para legislar sobre as praias marítimas e

o mar territorial, *ex vi do art. 20, IV e V, da Constituição Federal

de 1988, é da União. Portanto, extrapola de sua competência o

Município que promulga lei proibindo a utilização do mar pelos

surfistas sob o argumento de prejuízo à pesca de tainha. Plano

nacional de gerenciamento costeiro. LEI FEDERAL N. 7661/88.

Sobreposição à lei municipal. A Lei Federal n. 7661/88, institui-

dora do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, garante, em

seu art. 10, o livre acesso às praias e ao mar, contrapondo-se e

sobrepondo-se, assim, à Lei Municipal que veda a prática de surf

nas praias do município.

Na prática, o que tem se visto são placas de orientação proi-

bindo ou limitando as áreas de surf e acesso ao mar nesse perí-

odo. Algo nesta questão precisa ser repensado. E preferencial-

mente de modo pacificado e sinergético. Boas ondas, boa pesca!

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Vip Garopaba | Arquitetura

48

Conceituando arquitetura podemos dizer

que, essencialmente, é a organização dos espa-

ços além de estar presente na vida e no cotidia-

no de todos.

Nos cenários que emolduram os aconteci-

mentos do cotidiano da humanidade, desde o

espaço onde nascemos, passando por residên-

cias, escolas, praças, prédios públicos ou comer-

ciais, todos são concepções de arquitetura.

De que modo nos relacionamos com estes

espaços e como estão configurados? Estão atu-

ando de forma positiva no nosso cotidiano?

Passamos a maior parte da vida na casa ou

no trabalho. Isto é fato. Mas vamos ampliar a nos-

sa análise sobre o tema: certamente o ambiente

externo e as questões sociais são fatores deter-

minantes na arquitetura. Enquanto uma casa

em São Paulo tende a ser um bloco de concreto

mais fechado, por questões óbvias de seguran-

ça e privacidade, uma casa em Garopaba ou em

Trancoso tende a ser mais aberta, vazada, solta,

iluminada e ventilada naturalmente, receptiva

a vida e ao convívio com a natureza no sentido

mais amplo. Podemos inclusive dizer que a ar-

quitetura é uma moldura da sociedade local ou

regional de um bairro, cidade, região e até mes-

mo de uma nação.

Os espaços nos transmitem sensações. E,

sejam elas, boas ou ruins, interferirão na nossa

atmosfera física, mental e emocional.

e a influência no dia a dia

Foto: Guto Souza | Projeto: WB Arquitetura

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Vip Garopaba | Arquitetura

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Waleska BurlacenkoArquiteta e Urbanista

WB Arquitetura e Paisagismo

Externamente, a boa arquitetura gera volumes com “movimentos”

que podem despertar a atenção de pessoas por formatos e relações de

proporção entre os elementos que os constituem. Os elementos arqui-

tetônicos como janelas, portas, vigas, pilares, telhados ou até mesmo a

ausência deles, devem se unir formando um todo harmônico que leva

a edificação a assumir o papel não de simples construção, mas de

obra de arte, ou como diria Goethe: “música congelada”.

Internamente, um espaço adequado é aquele que desperta uma

sensação agradável tanto à visão quanto ao tato, além de possuir di-

mensões aptas à função que o ambiente exija. Superfícies dos elemen-

tos, em suas infinitas texturas e cores, com a utilização de uma tempe-

ratura adequada ao espaço, a qual pode ser controlada não só pela

escolha dos materiais construtivos, pela consideração à posição solar,

os ventos predominantes ou pelo uso de plantas, amenizam o calor e

embelezam o lugar. Sem dúvida, todos são ingredientes importantes

para a contribuição de noções de aconchego e bem estar.

Portanto, não se pode negar a influência da arquitetura, com seus

espaços bem projetados, na vida dos seres humanos.

Assim, particularmente, não concordo com a definição de que Ar-

quitetura é uma ciência exata. Arquitetura é, acima de tudo, uma ciên-

cia humana, pois é ARTE ALIADA DO BEM VIVER, contribuindo direta-

mente para a nossa felicidade.

Foto: Luciano Plentz | Projeto: WB Arquitetura

Foto: Luciano Plentz | Projeto: WB Arquitetura

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Vip Garopaba | Saúde

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A qualidade de vida está diretamente relacionada

com o estado de saúde. Esta é definida pela Organiza-

ção Mundial da Saúde (OMS) como “o completo estado

de bem estar físico, mental e social e não meramente a

ausência de doença ou enfermidade”. Não basta estar li-

vre de doenças sistêmicas, mas devem ser considerados

outros fatores de saúde na vida do indivíduo como: mo-

radia, lazer, satisfação pessoal, emprego, remuneração

adequada e a saúde bucal. Estes indicadores ajudam a

mensurar a qualidade de vida e definem o bem estar do

indivíduo.

Uma das funções primordiais do cirurgião dentista é

promover saúde, o que significa aumentar a qualidade de

vida das pessoas, conseguindo com isto, ausência de dor,

bem estar físico, psicológico, social e autoestima positiva.

Uma boa saúde bucal elimina dores na boca e na face,

melhora a mastigação, facilita a digestão, comunicação

(sorrir e falar), eleva a autoestima e diminui o número de

doenças. Podemos afirmar que envelhecer com os den-

tes naturais saudáveis, é sinônimo de qualidade de vida.

Diversos estudos mostram uma porcentagem grande

de idosos com problemas nutricionais, sendo este o fator

que mais prejudica a saúde geral do idoso.

A ausência de dentes leva a pessoa a mudar seu pa-

drão alimentar deixando de comer alimentos nutritivos,

consumindo uma alimentação mais pastosa, pobre em

nutrientes, rica em açúcares e carboidratos, aumentando

a incidência de doenças como a diabetes, hipertensão

e obesidade, e, consequentemente prejudicando muito a

sua qualidade de vida.

A melhor forma para a reposição dos dentes perdidos

dá-se pela instalação de implantes dentários. A cirurgia é

feita através da colocação de pinos de titânio que subs-

tituirão as raízes dentárias. A técnica apresenta ótimos

resultados estéticos e funcionais.

SAÚDE BUCALtambem é qualidade de vida

Implantodontia, Prótese Dentária

Endodontia, Periodontia

Clínica Geral, Estética Dental

Extrações de Sisos

Imbituba: 48 3255 3072

Garopaba: 48 3354 1529

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Redação: Fábio BritoRevisão: Daniela PapaleoComercial: André SantiDesign Gráfico: Guto SouzaDistribuição: Sul do PaísColaboraram nesta edição: Mônica Pontalti, Tales Hartmann, Dr. Walter B. Júnior,Waleska Burlacenko e Zeca D´Anézio.Fotografia: Kaco Hübner, Ivana Werner, André Santi, Guto Souza, Mônica Pontalti, Luciano Plentz, Zeca D´Anézio e André Aéreas.

Anuncie! [email protected] | 48 3254 6299 | 48 9147 7291

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Capa obra:Alejandro Lloret“Templo profano I”Óleo sobre tela2,30 x 1,80 m | 2013

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Até a próxima estação...

Praia da SilveiraLendas e Folclores

Tom VeigaUm artista do oceano

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Morro da Silveira, 23 de julho de 2013.

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