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    sumrioCFFa4 Convnios so obrigados a cobrir implante coclear bilateral

    5 Distrbio da voz pode ser reconhecido como doena relacionada ao trabalho

    6 Sistema de Conselhos abordar assuntos variados em congresso de Fonoaudiologia

    7 Beb Sarado percorre o pas

    CREFONO 18 Controle e avaliao dos servios de Ateno Sade Auditiva do Rio de Janeiro: voc pode contribuir para melhor-los?

    CREFONO 212 Como est a Fonoaudiologia brasileira perante os outros pases?

    15 Jornada de trabalho do fonoaudilogo

    CREFONO 316 A histria da escrita e a escrita da histria no processo de envelhecimento: uma experincia no Paran18 A Fonoaudiologia Educacional na Rede Municipal de Ensino de Balnerio Cambori Santa Catarina

    CREFONO 420 Fonoaudilogos nas escolas pblicas22 Insero do fonoaudilogo na rea judicial23 Artigo

    CREFONO 524 Fonoaudilogo refora a ateno materno-infantil27 Sindicatos de fonoaudilogos apostam na parceria com os associados

    CREFONO 628 CIF: voc sabe o que ?30 Nova liga acadmica no Esprito Santo proporciona maior aprendizado aos futuros fonoaudilogos31 Educao em pauta na 6 Regio

    CREFONO 732 Polticas Pblicas de Sade para pessoas com deficincias33 Fonoaudiologia e Psicanlise: uma outra forma de pensar possvel!34 Fonoaudilogos participam da 6 Conferncia Municipal de Sade

    CREFONO 836 CREFONO 8 realiza campanha para divulgar o Teste da Orelhinha38 Hospital Infantil Albert Sabin: referncia em Fonoaudiologia no Cear 39 Fonoaudilogos participam de residncias multiprofissionais em sade

    As matrias da Revista Comunicar so de responsabilidade de seus respectivos Conselhos, conforme listado acima.

    SiStema de ConSelhoS Federal e regionaiS de Fonoaudiologia

  • 3

    CFFa - 10 Colegiadogesto abril/2011 a abril/2012

    Bianca arruda manchester de Queiroga PresidenteCarla monteiro girodo Vice-Presidente

    Charleston texeira Palmeira diretor-SecretrioJaime luiz Zorzi diretor-tesoureiro

    ConSelhoS regionaiSgesto abril/2011 a abril/2012

    CreFono 1Cludia maria de lima graa Presidente

    Cludia magalhes C. d oliveira Vice-Presidenteadriana dile Bloise diretora-Secretria

    henrique de albuquerque Carvalho diretor-tesoureiro

    CreFono 2thelma regina da Silva Costa Presidente

    Fabiana gonalves Cipriano Vice-Presidentemaria do Carmo redondo diretora-SecretriaSilvia tavares de oliveira diretora-tesoureira

    CreFono 3ngela ribas - Presidente

    ana Paula Pamplona da Silva muller - Vice-PresidenteJackeline martins - diretora-SecretriaSolange Pazini - diretora-tesoureira

    CreFono 4ana Cristina de albuquerque montenegro - Presidente

    maria da glria Canto de Sousa Vice-PresidenteSandra maria alencastro de oliveira diretora-Secretria

    Cleide Fernandes teixeira diretora-tesoureira

    CreFono 5Silvia maria ramos - Presidente

    mrcia regina Salomo - Vice-PresidenteCaroline Silveira damasceno diretora-Secretriarodrigo do Carmo dornelas diretor-tesoureiro

    CreFono 6graziela Zanoni de andrade - Presidente

    Juliana lara lopes - Vice-Presidenteandrea Wanderley dias gattoni - diretora-Secretria

    erika Bottero Silva - diretora-tesoureira

    CreFono 7marlene Canarim danesi - Presidente

    themis maria Kessler - Vice-Presidentendia maria lopes de lima e Silva - diretora-Secretria

    Cristina moreira - diretora-tesoureira

    CreFono 8hyrana Frota Cavalcante de Vasconcelos - Presidente

    Karine medeiros Carvalho - Vice-PresidenteClaudia Sobral de oliveira uchoa diretora-Secretria

    danielle levy albuquerque de almeida diretora-tesoureira

    reViSta ComuniCarProduo editorial

    liberdade de expresso agncia e assessoria de Comunicaowww.liberdadedeexpressao.inf.br

    Jornalista responsvel Patrcia Cunegundes (JP 1050 drt/Ce)reportagem rafael nascimento

    edio rogrio dy la Fuente/reviso Jora Coelho e ana lcia dantas Projeto grfico Ana Helena Melo

    diagramao: Wagner ulisses

    imPreSSoPlural Editora e Grfica Ltda.

    tiragem45.000 exemplares

    Para anunCiartel. (0 ** 61) 3322-3332

    e-mail: [email protected]

    Como entrar em contato com a revista Comunicar:SrtVS Qd. 701, ed. Palcio do rdio ii Bl. e, Salas 624/630

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    SiStema de ConSelhoS Federal e regionaiS de Fonoaudiologia

    editorial

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    Conquistas e tendnciasDepois de meses de articulaes e

    empenho dos CREFONOs, a campanha

    Sade: o Seio da Questo ganhou o Brasil.

    Os fonoaudilogos arregaaram as man-

    gas e desenvolveram eficientes aes

    para conscientizar a populao dos be-

    nefcios da amamentao para a vida das

    crianas. O Sistema de Conselhos con-

    tinuar promovendo, ao longo do ano,

    aes estratgicas sobre a importncia

    da Fonoaudiologia na assistncia me

    e ao beb.

    A aceitao da campanha pela popu-

    lao foi animadora. Parte desse sucesso

    deve-se s veiculaes de nossas aes

    nos meios de comunicao. Nesse sen-

    tido, a imprensa teve papel importante,

    divulgando com responsabilidade e coe-

    rncia as informaes que ns, fonoaudi-

    logos, repassamos.

    A campanha Sade: o Seio da Questo

    provou que a integrao dos conselhos

    regionais com o federal, em quaisquer

    reas e especificamente na comunica-

    o, est dando bons resultados. E as-

    sim que pretendemos seguir daqui pra

    frente: promovendo a Fonoaudiologia

    para a sociedade.

    Na matria de capa, destacamos a

    deciso da Agncia Nacional de Sade

    Suplementar (ANS) em tornar obriga-

    tria a cobertura gratuita do implante

    coclear bilateral pelos planos de sade.

    Uma conquista que certamente benefi-

    ciar milhares de brasileiros com surdez

    severa e profunda.

    Outro assunto de extrema relevncia

    o 19 Congresso Nacional e o 8 Con-

    gresso Internacional de Fonoaudiologia.

    Convidamos todos os profissionais a par-

    ticipar desse Congresso, que acontece no

    ano em que completamos 30 anos de re-

    gulamentao. Durante o evento, na sala

    do Sistema de Conselhos, promoveremos

    debates sobre o momento atual da nossa

    profisso, conquistas e tendncias.

    As prximas pginas da revista Comu-nicar tambm trazem entrevistas com Mara Behlau e Irene Marchesan, que fa-

    lam sobre como a Fonoaudiologia vista

    nos outros pases, alm de matrias sobre

    percia fonoaudiolgica, residncias mul-

    tiprofissionais, Fonoaudiologia neonatal,

    relao entre psicanlise e Fonoaudiolo-

    gia e outras boas reportagens.

    Boa leitura!

    Bianca QueirogaPresidente do CFFa

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    CFFa

    Rafael Nascimento,Reprter

    O implante coclear bilateral passa

    a ser procedimento obrigatrio na co-

    bertura dos planos de sade a partir

    de 1 de janeiro de 2012. A resoluo

    da Agncia Nacional de Sade Suple-

    mentar (ANS) permitir que as pesso-

    as que necessitam da cirurgia possam,

    enfim, solicit-la a seus convnios gra-

    tuitamente, mediante recomendao

    conjunta de fonoaudilogos, mdicos

    e psiclogos.

    Para Carla Affonso, fonoaudiloga e

    doutora em Lingustica pela Universida-

    de Federal da Bahia, somente o implante

    coclear pode estimular suficientemente

    a audio em pessoas que tm surdez

    severa e profunda, ou seja, que no ou-

    vem com nenhuma qualidade.

    Para jovens e adultos, esta medi-

    da possibilita o acesso ao tratamento

    mais indicado para restaurar as habi-

    lidades auditivas. E para as crianas,

    permite que adquiram e desenvol-

    vam todas as funes relacionadas

    audio, em especial a linguagem

    oral, analisa.

    Segundo a fonoaudiloga, a fala

    um som complexo, com combina-

    es variadas em um curto intervalo

    Os planos de sade que no seguirem as normas podero ser multados em at R$ 80 mil.

    MultaAs operadoras que no seguirem as regras estaro sujeitas a punio,

    como garante Karla Coelho, gerente de Assistncia Sade da ANS: Inves-

    tigamos a denncia do usurio e, dependendo do resultado da apurao,

    abrimos processo administrativo contra o convnio. A multa varia de R$ 30

    mil a R$ 80 mil, afirma. As reclamaes podem ser feitas pelo site da ANS

    ou pelo telefone 0800.701.9656.

    de tempo. Discriminar todos esses

    sons para extrair pistas que favoream

    aprender e desenvolver a prpria fala

    uma tarefa que exige muita preciso

    e ateno, enfatiza Carla Affonso.

    O implante coclear bilateral auxilia

    no desenvolvimento das habilidades

    auditivas, como a somao binaural e

    a figura-fundo, que permitem a locali-

    zao da fonte sonora e a compreen-

    so da fala em meio ao rudo. So be-

    nefcios que contribuem para o melhor

    desempenho das atividades do dia a

    dia do paciente.

    Deciso da ANS vale a partir de 2012 e vai beneficiar pacientes com surdez severa e profunda.

    Arquivo Sercom/Centrinho-USP

    Convnios so obrigados a cobrir implante coclear bilateral

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    CFFa

    Rafael Nascimento,Reprter

    O Conselho Federal de Fonoau-

    diologia (CFFa) e o Ministrio da Sa-

    de retomaram as discusses sobre as

    notificaes para trabalhadores que

    desenvolveram problemas com a

    voz por causa de suas profisses. Um

    protocolo est sendo elaborado para

    orientar os profissionais que lidam

    com doenas ocupacionais sobre os

    procedimentos nos casos de suspeita

    de alguma alterao vocal grave.

    As conversas sobre o documento

    estavam paralisadas desde 2006 e vol-

    taram a ser discutidas este ano entre

    representantes do Ministrio da Sa-

    de, fonoaudilogos, otorrinolaringolo-

    gistas e mdicos do trabalho. A notifi-

    Fonoaudilogos e Ministrio da Sade reiniciam conversas paralisadas h cinco anos.

    HistricoAs discusses que deram origem ao protocolo de Distrbio de Voz Re-

    lacionado ao Trabalho comearam em 1997. Desde ento foram realizados vrios eventos para a elaborao do documento.

    poca, o Conselho Federal de Fonoaudiologia encaminhou, para al-guns fonoaudilogos, ofcio circular que considerava que muitas altera-es na laringe, com consequentes disfonias, poderiam ser caracterizadas como doenas ocupacionais.

    Em 2006, o protocolo foi concludo, mas as mobilizaes para sua re-gulamentao esfriaram. S voltaram carga este ano, com o CFFa e os Cerests de So Paulo e Rio de Janeiro encabeando as conversas com o Ministrio da Sade.

    Hoje, o protocolo est sendo avaliado pelo Comit Brasileiro Multidis-ciplinar de Voz Ocupacional. Na sequncia, ser encaminhado Coorde-nadoria de Ateno Sade do Trabalhador, do Ministrio da Sade. Se aprovado, o documento seguir para audincia pblica.

    cao um avano muito importante,

    pois o primeiro passo para que a dis-

    fonia seja reconhecida como doena

    ocupacional, explica Leslie Piccolotto,

    professora da Pontifcia Universidade

    Catlica de So Paulo (PUC-SP) e uma

    das pioneiras no assunto.

    O reconhecimento pode signi-

    ficar a mudana na maneira de fa-

    zer poltica, possibilitando a criao

    de aes pblicas preventivas e de

    conscientizao para os profissionais

    que usam a voz como instrumento

    de trabalho. Fazem parte desse gru-

    po professores, operadores de tele-

    marketing, atores, cantores, radialis-

    tas, jornalistas, entre outros.

    Experincia No Rio de Janeiro, j existe uma recomendao do servio

    estadual de epidemiologia que per-

    mite notificaes em casos de distr-

    bios de voz relacionados ao trabalho.

    Segundo a fonoaudiloga Cludia

    DOliveira, vice-presidente do CRE-

    FONO 1, para convencer os gestores

    municipais de sade a incluir o dis-

    trbio como um agravante sade

    do trabalhador foi preciso enviar um

    comunicado s autoridades com jus-

    tificativas tcnicas sobre a disfonia.

    O nosso argumento foi baseado

    no conhecimento literrio que temos

    do assunto e na falta de estatsticas

    oficiais sobre a disfonia, afirma Clu-

    dia DOliveira, que tambm faz parte

    do Centro de Referncia Estadual de

    Sade do Trabalhador (Cerest-RJ),

    instituio que encaminhou a justifi-

    cativa tcnica para o servio de epi-

    demiologia do estado. A ausncia de

    informaes sistematizadas pelos r-

    gos governamentais dificulta a cria-

    o de polticas pblicas.

    A justificativa foi aceita e, a partir

    de dezembro de 2008, todo o Estado

    do Rio de Janeiro passou a notificar a

    disfonia como doena ocupacional no

    mbito do Sistema nico de Sade.

    Distrbio da voz pode ser reconhecido como doena relacionada ao trabalho

  • 6 6

    CFFa

    bro e 2 de novembro, na cidade de

    So Paulo.

    Esperamos que os participantes

    saiam dessas mesas com uma viso

    mais politizada e engajada sobre a

    Fonoaudiologia. O congresso o mo-

    mento no qual buscamos, anualmen-

    te, reafirmar a nossa luta, enfatiza a

    presidente do CFFa, Bianca Queiroga.

    Mara Behlau, presidente da So-

    ciedade Brasileira de Fonoaudiologia,

    instituio organizadora do congres-

    Rafael Nascimento,Reprter

    O Conselho Federal de Fonoau-

    diologia (CFFa) e CREFONOs reuniro

    profissionais de vrias especialidades

    para expor, em 16 mesas-redondas, as

    aes que esto desenvolvendo para

    fortalecer a categoria. Os temas asso-

    ciam a Fonoaudiologia a aes pol-

    ticas, acessibilidade na comunicao,

    educao, sade e incluso social. Os

    debates acontecero durante a pro-

    gramao do 19 Congresso Brasileiro

    de Fonoaudiologia, entre 30 de outu-

    Sistema de Conselhos abordar assuntos variados em congresso de Fonoaudiologia

    Mesas-redondas do Sistema de Conselhos no 19 Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia

    so, considera o CFFa o parceiro mais

    importante da SBFa. A programao

    construda pelo Conselho vai ajudar

    o fonoaudilogo a desenvolver a pro-

    fisso com mais dignidade e respeito,

    acredita. (Ver programao.)

    Congresso O tema deste ano Comunicao como um direito de

    todos. A escolha ocorreu por causa

    do lanamento do primeiro relatrio

    mundial sobre deficincia elaborado

    Dia 30/10/2011

    Mesa: Telessade Mesa: Aes polticas e Fonoaudiologia Mesa: Acessibilidade na comunicao Mesa: Fonoaudiologia na educao

    Dia 31/10/2011

    Mesa: Fonoaudiologia na Sade da Famlia Mesa: Incluso e surdez Mesa: tica e formao nas novas especiali-dades: Disfagia e Fonoaudiologia Educacional Mesa: Residncia multiprofissional

    Dia 1/11/2011

    Mesa: Fonoaudiologia na sade do trabalhador Mesa: Fonoaudiologia, sade da criana e aleitamento materno Mesa: Instrumentos de avaliao e diagnstico: bases conceituais e legais Mesa: Percia em Fonoaudiologia

    Dia 2/11/2011

    Mesa: Fonoaudiologia e projetos de lei Mesa: Fonoaudiologia e projetos sociais Mesa: Fonoaudiologia: 30 anos de regulamentao Mesa: Balizadores de tempo em Fonoaudiologia

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    CFFa

    Sistema de Conselhos abordar assuntos variados em congresso de Fonoaudiologia

    Beb Sarado percorre o pasRafael Nascimento,Reprter

    O ms de agosto foi de mobiliza-o em torno da campanha Sade: o Seio da Questo. A iniciativa apoiada pelo Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia teve diversas aes realizadas e o Beb Sarado, mascote da campanha, ficou conhecido em todo o Brasil.

    O CREFONO 1 participou da Sema-na Mundial de Aleitamento Materno, da I Semana do Beb Carioca, alm de aes realizadas em 23 municpios do Estado do Rio de Janeiro. O sucesso da campanha o resultado do traba-lho de toda a classe, resume Flvia Bessa, fonoaudiloga do CREFONO 1.

    Em So Paulo, houve distribuio de material sobre amamentao, em hospitais e universidades, pelas fono-audilogas do CREFONO 2. Em So Bernardo do Campo, funcionrios do Hospital Amigos da Criana fizeram caminhada para reforar a importn-cia da amamentao.

    Nos estados do Paran e Santa Ca-tarina, fonoaudilogas ajudaram na coleta de leite. Professores e estudan-tes de oito universidades articularam aes baseadas na campanha Sade: o Seio da Questo. A populao conhe-ceu melhor o trabalho que os fonoau-dilogos desenvolvem, afirma, ngela Ribas, presidente do CREFONO 3.

    Em Alagoas, Bahia, Paraba, Per-nambuco e Sergipe, estados que constituem o CREFONO 4, foram pro-movidas palestras e orientaes para mes. O mesmo ocorreu em Porto Alegre (RS), que teve ainda a instala-

    o temporria de um posto de cole-ta de leite, iniciativa da Brigada Militar do estado com apoio do CREFONO 7.

    No Par, fonoaudilogas e estu-dantes da Universidade da Amaznia deram instrues aos pacientes da Santa Casa. Acredito que o objetivo de reforar a importncia da ama-mentao foi atingido em todos os estados do CREFONO 5, celebra a presidente do Regional, Silvia Ramos.

    Nos estados que compem o CRE-FONO 8 Cear, Rio Grande do Norte, Maranho e Piau , foram realizadas aes em universidades para cons-cientizar professores e alunos sobre a importncia da amamentao.

    Planejamento O CREFONO 6 decidiu realizar estrategicamente suas aes nas Feiras da Gestante e do Beb, que vo ocorrer em Belo Ho-rizonte (MG) e Vitria (ES). As fonoau-dilogas vo falar sobre a importncia do aleitamento materno para cerca de 30 mil pessoas.

    pela Organizao Mundial da Sade.

    No documento, o rgo das Naes

    Unidas considerou os distrbios da

    comunicao como uma perda de

    funcionalidade importante. No en-

    tanto, segundo a SBFa, esses distr-

    bios no foram bem representados.

    A partir da, decidiu-se pelo aprofun-

    damento do tema no congresso.

    Simultaneamente ao 19 Con-

    gresso Brasileiro, ocorrer a 8 edi-

    o do Congresso Internacional de

    Fonoaudiologia. Os participantes

    tero a oportunidade de aprender

    com Paul Rao, presidente da Ame-

    rican Speech-Language Pathology

    and Audiology Association (Asha).

    Ele vai falar sobre reabilitao da

    comunicao em adolescentes que

    sofreram traumatismos crnio-ence-

    flicos por causa de acidentes auto-

    mobilsticos.

    Alm disso, haver a palestra

    de Dolores Battle, ex-presidente da

    Asha e da International Association

    of Logopedics and Phoniatrics (Ialp),

    sobre os aspectos globais dos dis-

    trbios da comunicao.

    Campanha Sade: o Seio da Questo reforou a importncia da amamentao.

    Deviantart.com

  • 8 8

    CREFONO 1RJ

    Controle e avaliao dos servios de Ateno Sade Auditiva do Rio de Janeiro:voc pode contribuir para melhor-los?

    Rose Maria,

    Assessora de imprensa

    Como o senhor avalia o desempe-

    nho da rede de atendimento em

    sade auditiva no Rio de Janeiro?

    Srgio Voronoff: A poltica de

    sade auditiva passou a integrar as

    aes do Sistema nico de Sade

    (SUS) a partir de 2004, quando o Mi-

    nistrio da Sade editou portarias

    especficas, como a Portaria SAS/MS

    n 587 e 589/2004, que estabelecem

    diretrizes para estruturao das re-

    des de Ateno Sade Auditiva. J

    em 2004, comeamos a organizar

    essa rede, constituindo, na poca,

    uma Cmara Tcnica para auxiliar

    nas complexidades e especificida-

    des desses atendimentos. A partir de

    2005, credenciamos e habilitamos os

    primeiros servios e, hoje, possumos

    12 servios habilitados, sendo 6 de

    mdia e 6 de alta complexidade. Em

    2010, constitumos trs fruns para

    acompanhamento da rede. O primei-

    ro rene responsveis tcnicos pelos

    servios habilitados; o segundo, o Co-

    mit Gestor, com representantes das

    secretarias municipais que tm servi-

    os habilitados nos seus territrios e

    da Secretaria Estadual de Sade, para

    o fortalecimento das aes de acom-

    panhamento, controle e avaliao.

    Esse frum muito importante, pois

    a Portaria Ministerial determina que

    esses municpios indiquem o profis-

    sional que atuar como autorizador,

    regulador e auditor (fonoaudilogo

    ou otorrinolaringologista). Atualmen-

    te, as Secretarias Municipais de Sa-

    de de Natividade, Duque de Caxias,

    Barra Mansa, Rio de Janeiro e Niteri

    possuem esse acompanhamento,

    por meio de fonoaudilogos. Com

    esse trabalho e a futura regulao no

    mbito municipal, que programamos

    implementar, poderemos contar com

    atendimentos mais integrados e efi-

    cazes. O terceiro frum a Cmara

    Tcnica, de carter permanente, que

    congrega a academia, os Conselhos

    de Fiscalizao Profissional e a socie-

    dade, e que tem por objetivo com-

    plementar e subsidiar as normas e os

    parmetros para as aes de sade

    auditiva.

    O coordenador de controle e avaliao da Superintendncia de Ateno Especializada, Controle e Avaliao da Secretaria Estadual de Sade do Rio de Janeiro (SES/RJ), doutor Srgio Voronoff, responsvel pela rede de Ateno Bsica em Sade Auditiva do estado, prope um desafio a profissionais e gestores municipais do Rio de Janeiro: at o fim de 2011, credenciar o maior nmero possvel de servios de terapia fonoaudio-lgica para atender adultos e crianas. Gostaramos de poder contar com a regulao das aes de sade auditiva na rede estadual at o final do ano e a disponibilidade de terapia em pelo menos 50% dos nossos 92 municpios. Psiquiatra com especializao em gesto hospi-talar e ex-diretor do Instituto Municipal de Medicina Fsica e Reabilita-o Oscar Clark, Srgio Voronoff acredita que o caminho para dar este salto qualitativo a participao dos fonoaudilogos e a organizao do sistema. Atualmente, o Conselho Regional de Fonoaudiologia do Rio de Janeiro tem representao na Cmara Tcnica de Sade Auditiva do es-tado (Comunicar n 49) e participa da consolidao da atual poltica de sade auditiva do Rio de Janeiro.

    Divulgao

  • 9

    CREFONO 1RJ

    Controle e avaliao dos servios de Ateno Sade Auditiva do Rio de Janeiro:voc pode contribuir para melhor-los?

    Os servios habilitados funcionam

    bem em todo o estado, segundo

    sua avaliao?

    Srgio Voronoff: Os servios

    de Niteri e do Rio de Janeiro, que

    esto habilitados em unidades pr-

    prias, passaram por dificuldades para

    manuteno de suas equipes, equi-

    pamentos (revises) e tambm com-

    pra de aparelhos. Ento, desde o ano

    passado, estamos, junto com eles, dis-

    cutindo e encaminhando estratgias

    para que esses problemas sejam sana-

    dos. Em 2010, tivemos cerca de 12.500

    usurios protetizados na rede, o que

    est dentro da expectativa, porque os

    recursos financeiros hoje disponibi-

    lizados esto previstos para cerca de

    900 protetizaes/ms. Percebe-se,

    na anlise dos dados de produo,

    uma migrao dos pacientes em fun-

    o da demanda reprimida. O usurio

    vai em busca do servio que possa

    atend-lo. Como coordenador da

    rede, acompanho e percebo que, de

    certo modo, as expectativas e metas

    foram atendidas, apesar das distor-

    es que ainda precisam ser corrigi-

    das. Por exemplo: 30% dos pacientes

    atendidos na rede estadual em 2010

    residem no municpio do Rio de Ja-

    neiro, mas procuraram e foram aten-

    didos nos servios da Baixada Flumi-

    nense, dada a proximidade regional.

    O que est sendo feito para melhor as-

    sistir a populao do norte e noroeste?

    Srgio Voronoff: O norte e o no-

    roeste do estado so regies pobres,

    com estradas precrias, onde o usu-

    rio precisa da ajuda das secretarias

    municipais para o transporte e acesso

    aos tratamentos. A primeira rede au-

    ditiva que pensamos, em 2004, previa

    um nico servio para essas regies,

    no municpio de Campos dos Goyta-

    cazes. Defrontamo-nos, na poca,

    com o pedido do municpio de Nati-

    vidade para credenciamento da en-

    to Associao de Pais e Amigos dos

    Excepcionais (Apae) hoje Centro

    Educacional Nosso Mundo que no

    nos parecia interessante pela locali-

    zao geogrfica, distante e frontei-

    ra, enquanto Campos mais central.

    Diante da constatao de que em Na-

    tividade j se tinha um servio mon-

    tado, e em Campos no, decidiu-se

    pelo credenciamento dos dois. Com

    o tempo, o desempenho do servio

    de Natividade revelou-se importante

    e de peso para as regies, ao contrrio

    do de Campos, que no apresentava

    produo. Ento, a Cmara Tcnica de

    Sade Auditiva da SES/RJ, analisando

    esse problema, em especial porque

    os tratamentos de alta complexida-

    de estavam previstos para Campos,

    recomendou a migrao de todos os

    atendimentos para Natividade (alta e

    mdia complexidade), o que foi aco-

    lhido e pactuado no mbito da Co-

    misso Intergestora Bipartite (CIB/RJ),

    em julho deste ano.

    Analisando a atual poltica de sade

    auditiva no estado, o senhor diria

    que h necessidade de uniformiza-

    o dos procedimentos? Por qu?

    Srgio Voronoff: Sem dvida.

    Quando ns fazemos o levantamen-

    to da produo no banco de dados

    do Departamento de Informtica do

    SUS (Datasus), vemos distores en-

    tre o nmero de pacientes que so

    admitidos no programa de sade

    auditiva e o nmero de avaliaes,

    como tambm em alguns outros pro-

    cedimentos. Nos acompanhamentos

    e reavaliaes, constatamos que os

    servios, por vezes, fazem uma inter-

    pretao subjetiva e discordante da

    aplicabilidade dos procedimentos, o

    que acarreta uma distoro que difi-

    culta a avaliao comparativa entre

    os servios, que uma estratgia de

    gerncia importante para entender-

    mos por que acontece mais isso aqui

    ou ali. Hoje, j temos esses procedi-

    mentos limitados, definidos e para-

    metrizados, tanto quantitativa, como

    qualitativamente, a partir de normas

    que foram recomendadas pela Cma-

  • CREFONO 1RJ

    10

    ra Tcnica e aprovadas pela CIB. Outra

    questo importante que a portaria

    ministerial de sade auditiva j tem 7

    ou 8 anos e, com a incorporao de

    novas tecnologias, pode-se ver que o

    que era parmetro h oito anos no

    mais hoje. Dispomos de tecnologia

    digital que pode ser oferecida ao cus-

    to e ao parmetro do que, h 7 anos,

    corresponderia ao analgico. Alguns

    servios no usam mais analgicos,

    outros ainda se prendem aos ditames

    da portaria, que define que 50% de-

    vem ser desses aparelhos. Ento, essas

    questes tambm precisam de atua-

    lizao, uniformizao, absorvendo o

    que se tem de mais novo e moderno.

    Como o senhor analisa, hoje, a re-

    gulao dos servios?

    Srgio Voronoff: Hoje, a regula-

    o o nosso calcanhar de Aquiles.

    Passou a ser preocupao maior des-

    de o ano passado, por conta da lei

    federal que obriga a Triagem Auditiva

    Neonatal (TAN). Esta lei est por ser re-

    gulamentada. Isso nos aflige, porque

    reconhecemos que ns no temos

    controle desse acesso. Fizemos, no

    ano passado, uma campanha de cata-

    rata, em que realizamos 3 mil cirurgias

    num perodo de cinco meses. Todo o

    acesso, o encaminhamento, foi infor-

    matizado. Hoje, o sistema estadual j

    regula leitos de CTI, procedimentos

    de Oncologia, Ortopedia, Oftalmolo-

    gia, e j trabalhamos para incluso da

    sade auditiva. Os municpios aces-

    saro pela internet, com uma senha

    especfica, o sistema estadual e faro

    suas solicitaes, j dentro de uma

    tela determinada. Hoje, temos distor-

    es, porque o ideal que os muni-

    cpios tenham uma porta de entrada

    para o Programa de Sade Auditiva

    onde, provavelmente com um fono-

    audilogo, com uma referncia de

    Otorrinolaringologia, faam anlise e

    triagem dos casos, encaminhando o

    paciente para os servios especializa-

    dos de mdia ou alta complexidade.

    L, eles seriam examinados pela equi-

    pe multidisciplinar de sade auditiva,

    estabelecendo-se o nvel de compro-

    metimento, as condies psicossociais

    e funcionais. O tudo no possvel.

    Da, a necessidade de escolhas e prio-

    ridades. O trabalhador, a criana, per-

    das unilaterais, perdas na faixa de 50,

    60 decibis, so exemplos de priorida-

    des em relao a perdas de 45, 47 de-

    cibis, quando um dos ouvidos bom.

    Como os municpios devem respon-

    der a esse sistema de regulao?

    Srgio Voronoff: O controle ser

    descentralizado nos municpios que

    tm servios de sade auditiva habilita-

    dos em seus territrios. Duque de Ca-

    xias, por exemplo, tem quatro servios.

    Ento, o gestor municipal designar o

    profissional que atuar como autoriza-

    dor-regulador, cabendo a ele, em par-

    ceria com a Secretaria Estadual de Sa-

    de, receber os pedidos, acompanhar e

    liberar as autorizaes dos tratamentos,

    com base nos critrios de prioridade

    que venham a ser estabelecidos.

    Na sua opinio, por que as esta-

    tsticas mostram que a maior con-

  • CREFONO 1RJ

    11

    centrao de protetizaes se d

    acima dos 60 anos? Quais estrat-

    gias poderiam ser adotadas para

    ampliar o atendimento tambm

    entre crianas?

    Srgio Voronoff: Temos hoje

    uma concentrao de pacientes ido-

    sos com um grau de funcionalidade

    muito grande, o que um avano da

    medicina. Essas pessoas tm mais fa-

    cilidades para chegar aos servios e,

    l, pleitear o atendimento. J quanto

    s crianas, constatamos que o Hospi-

    tal Clementino Fraga Filho (Fundo)

    o que mais atende, em decorrncia da

    parceria que estabeleceu com o Insti-

    tuto Nacional de Educao de Surdos

    (Ines). A incluso da clientela na faixa

    etria de 0 a 12 anos uma preocu-

    pao nossa, prevista como item de

    pauta para discusso na Cmara Tc-

    nica, de modo que se possam pensar

    e estabelecer estratgias mais eficazes

    para incluso dessa clientela nos pro-

    gramas de sade auditiva. A triagem

    neonatal j vem como uma realidade

    de curto prazo, que se implantar de

    vez, no meu entendimento, com a

    edio da respectiva portaria ministe-

    rial, regulamentando a lei. Quanto ao

    escolar, possivelmente ser necess-

    rio pensarmos um tipo especfico de

    triagem para essas crianas.

    Como tem sido o acompanhamento

    do paciente protetizado?

    Srgio Voronoff: A rede prev

    unidades de mdia e alta complexi-

    dades e de terapia fonoaudiolgica. A

    terapia a porta de sada. Hoje temos

    um lapso muito grande, um vazio, de-

    corrente da falta de servios de terapia

    nos municpios. Alm de o tratamento

    ficar incompleto, no acompanhamos

    a continuidade do processo, em espe-

    cial, se os benefcios reais com a pro-

    tetizao foram alcanados. Seria inte-

    ressante se pudssemos contar com a

    participao dos fonoaudilogos que

    trabalham no interior, nos nossos 92

    municpios, vinculados a servios

    prestadores do SUS ou no, levando

    essa discusso aos gestores, sensibili-

    zando e/ou auxiliando na organizao

    dos servios de terapia fonoaudiol-

    gica. O credenciamento pode dar-se

    em unidades pblicas, filantrpicas

    ou privadas que tenham vinculao

    com o SUS municipal, e que dispo-

    nham de consultrio, do profissional

    e de alguns poucos equipamentos,

    como espelho, tatame, treinadores de

    fala, jogos pedaggicos, por exemplo.

    Isso traria um benefcio muito grande,

    porque os pacientes, protetizados nas

    unidades de alta ou mdia comple-

    xidade de sua referncia, que por ve-

    zes ficam geograficamente distantes,

    continuariam o tratamento de sade

    auditiva, fazendo a terapia no mu-

    nicpio de residncia, processo esse

    que se daria no fluxo da referncia e

    contrarreferncia. Entendo que, hoje,

    nosso maior problema e desafio na

    sade auditiva a falta da terapia,

    com a sensao de no termos a inte-

    gralidade e consolidao dos recursos

    e investimentos alocados para essa

    assistncia, que no so poucos, cerca

    de R$ 1,6 milho/ms.

    O que o fonoaudilogo deve efeti-

    vamente fazer?

    Srgio Voronoff: Deve procurar

    seu Conselho Profissional, a Secreta-

    ria de Estado, ir ao seu municpio, le-

    var ao Conselho Municipal de Sade

    da sua cidade essa questo, discutin-

    do, explicando, esclarecendo, sensi-

    bilizando, ajudando. Muitas vezes, os

    gestores municipais, diante de tantas

    outras demandas e dificuldades, aca-

    bam se perdendo nesses encaminha-

    mentos, que, pelas especificidades,

    acabam ficando num segundo plano.

    nesse contexto que o fonoaudi-

    logo pode entrar em cena, trazendo

    mais efetivamente essa discusso

    localmente, no Conselho de Sade

    e na prpria Secretaria Municipal. A

    maioria das Secretarias Municipais de

    Sade tem, em seus quadros, fono-

    audilogos que poderiam se organi-

    zar e planejar essas aes de terapia,

    dimensionando inclusive a neces-

    sidade de ampliao do quadro, se

    levantamento da expectativa dos

    pacientes a serem atendidos apon-

    tar para essa direo. Penso que este

    poderia ser mais um dos caminhos,

    alm daqueles que fazemos nas reu-

    nies da CIB/RJ e nos Colegiados de

    Gesto Regional (CGR) para atingir-

    mos a meta proposta, sensibilizando

    os gestores.

    Quais as regies do estado que

    mais precisam da oferta de terapia?

    Srgio Voronoff: Temos apenas

    um servio credenciado no municpio

    de Quissam. Todo o estado precisa.

  • 12

    Entrevistas com profissionais renomados de nossa classe fonoaudiolgica mostram como a viso internacional. Veja algumas dicas.

    12

    Como est a Fonoaudi ologia brasileira perante os outros pases?

    Comisso de divulgao

    A comisso de divulgao entrou em contato com duas profissionais de grande visibilidade no mercado, que possuem uma carreira profissional e cientfica definida e extensa. A ideia saber delas como a Fonoaudiologia brasileira vista internacionalmente.

    CREFONO 2 SP

    Nossa primeira entrevistada Dra. Mara Suzana Behlau, fonoaudilo-ga especialista em voz, consultora em comunicao humana, docente permanente do programa de Ps-Graduao em Distrbios da Co-municao Humana da Universida-de Federal de So Paulo (Unifesp), diretora do Centro de Estudos da Voz (CEV) e presidente da Socie-dade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa), gesto 2010-2011.

    Por que voc acha importante fre-quentar congressos?

    Frequentar congressos traz trs benefcios: atualizao intensiva ime-diata (a maior parte dos trabalhos le-var em mdia dois anos para ser pu-

    blicada), ampliao da rede de relacionamen-tos (essencial nos mo-mentos de crescimen-to e mais ainda nos de crise) e reflexo sobre nossa posio em re-lao a nossos colegas. Podemos at pensar que, com todo o co-nhecimento disponvel online, os congressos

    perderiam sua importncia, mas no isso o que se observa. Alm disso, nos congressos que se identificam as novas lideranas e se compreendem os caminhos da profisso. Considero ir a um congresso to importante que comprei o maior vaso de vidro que encontrei e nele coloquei os crachs dos eventos de que participei. Est em minha sala e olho para esse vaso todos os dias, para que eu nunca me esquea do tamanho do investimen-to que fiz e do orgulho que tenho de minha profisso.

    Quero ainda comentar que, no presente momento, ocupo a honrosa posio de presidente da SBFa e isso me permite conversar diariamente com colegas de todo o Brasil. H um

    grupo que alinhado, elogia, critica e se oferece para ajudar, e h outro mais distante, que , s vezes, at mesmo agressivo com os membros da direto-ria. Os colegas do primeiro grupo so entusiastas, ficam irritados quando al-guma coisa no funciona em um con-gresso, reclamam, exigem e tambm identificam e elogiam as mudanas conquistadas nos ltimos dez anos; j os colegas do segundo grupo ou rei-teram insistentemente que so contra a sociedade, ou se queixam de que o congresso caro e que a profisso vai mal. Gostaria que todos frequentas-sem os congressos, que reclamassem estando dentro da sociedade, que criticassem a produo cientfica nas discusses aps as apresentaes, pois com isso teramos mais fora, ajudaramos os colegas que se iniciam na profisso e poderamos realmente diminuir os custos de um evento de grande porte.

    Como a Fonoaudiologia brasileira vista no exterior? E sua rea de atuao especificamente?

    Nossa produo de conhecimento muito bem vista em diversas reas. Quase no temos condies de pro-

  • 13

    Como est a Fonoaudi ologia brasileira perante os outros pases?

    duzir pesquisas bsicas no Brasil, mas somos conhecidos por contribuies clnicas importantes. Quanto a minha especialidade, dificilmente um con-gresso internacional na rea de voz ou em reas correlatas no conta com a participao de brasileiros como professores convidados, debatedo-res de mesas-redondas ou, ainda, na apresentao de temas livres, o san-gue vivo desses eventos. O Brasil este-ve presente em todos os World Voice Congress e pelo menos nos ltimos 15 anos do The Voice Foundation Sym-posium: Care of the Professional Voice, alm dos congressos de temtica ge-ral em distrbios da comunicao hu-mana, como os da International Asso-ciation of Logopedics and Phoniatrics (Ialp) e da American Speech-Langua-ge and Hearing Association (Asha), muitas vezes colaborando tambm na comisso cientfica dos eventos.

    Na sua opinio, em quais reas a Fonoaudiologia brasileira mais forte? O que voc acha que po-deria ser feito para aumentar e melhorar essa representatividade internacional?

    Somos fortes em pesquisa clni-ca; nossos projetos so considerados criativos, conseguimos coletar dados de um grande nmero de pacientes e quase um milagre fazer pesquisas com recursos financeiros to limita-

    dos. Isso admirado em todo o mun-do! Para aumentar essa representativi-dade temos que incentivar os jovens mestres e doutores a apresentar seus estudos para a comunidade inter-nacional, preparando-os para serem bem-sucedidos e corresponderem ao formato de divulgao do conheci-mento esperado em outros pases. J reduzimos em muito a distncia entre a forma de fazer pesquisa no Brasil e em pases lderes da produo do co-nhecimento, e agora devemos aper-feioar nossas tcnicas de apresenta-o e a publicao de nossos estudos, para fixarmos nossa presena nos cr-culos profissionais mais poderosos. Os professores de ps-graduao so os responsveis por facilitar a entrada de novos colegas.

    Acredita que nossas publicaes cientficas tm boa representativi-dade internacional?

    Estamos conseguindo ter nossos trabalhos aceitos em prestigiadas re-vistas internacionais, como o Journal of Voice e a Folia Phoniatrica et Logo-pedica. Temos brasileiros entre os pa-receristas avaliadores dessas duas pu-blicaes, apenas para ilustrar o fato de que realmente estamos inseridos nesse crculo. Contudo, precisamos de maior visibilidade aos artigos pu-blicados aqui no Brasil. Para tanto, os dois peridicos sob responsabilidade

    da SBFa a Revista da SBFa e o JSBFa so abertos, em formato eletrnico e bilngues; mas o fator de impacto ainda muito baixo. Lutamos para me-lhorar a qualidade dos artigos, com uma rigorosa avaliao e reviso tc-nica. O caminho ainda muito longo, mas promissor.

    O que voc acha que poderia me-lhorar em nossa profisso em com-parao com a Fonoaudiologia dos demais pases?

    Acho que deveria ocorrer cumpri-mento de crditos anuais para con-tinuar em exerccio profissional. At mesmo em pases nos quais nossa profisso no de ponta, como, por exemplo, na Itlia, j necessrio comprovar um nmero mnimo de horas de participao em cursos e congressos para ser autorizado a con-tinuar a exercer a profisso. Isso ajuda a manter a qualidade profissional e defende todos contra a m prtica.

    Voc incentiva os fonoaudi logos brasileiros a participar de congres-sos internacionais? Quais? Como?

    Sim, incentivo. Ajudo de todas as formas possveis e preparo meus ps-graduandos para apresentao em congressos nacionais e internacionais. Apresentar nos congressos nacionais lei para quem estuda e trabalha. Indico o que prefiro que seja subme-

    CREFONO 2 SP

  • 14

    CREFONO 2 SP

    tido a apresentao oral, pster e os estudos que considero terem chance de concorrer a prmios cientficos. Seleciono os melhores trabalhos para os eventos internacionais, indepen-dentemente de serem resultado de estudos de especializao no CEV, ou mestrado e doutorado na Unifesp, as duas instituies onde tenho o privi-lgio de orientar colegas. Se o traba-lho for bom, ele tem chance de resistir a um congresso no exterior. Eu me sinto profundamente responsvel pe-las pessoas que compartilham algum momento de sua formao comigo e valorizo essa experincia. Para citar um exemplo, neste ano tive a satis-fao de acompanhar uma especiali-zanda que saiu pela primeira vez do pas para apresentar seu estudo na The Voice Foundation. Ela se preparou por seis meses e a apresentao foi re-almente tima! Sei que ela jamais se esquecer disso e que essa memria de sucesso lhe trar fora em momen-tos futuros difceis.

    As mesmas perguntas foram feitas para a atual presidente da Comisso de Divulgao do CREFONO 2, Dra. Irene Queiroz Marchesan, fonoau-diloga formada pela PUC-SP em 1977, doutora pela Unicamp e di-retora do Cursos de Ps Graduao em Sade e Educao (Cefac).

    Por que voc acha importante fre-quentar congressos?

    no congresso que sabemos o que existe de novo, principalmente na apresentao de psteres e te-mas livres. Tambm ficamos saben-

    do das novas pesquisas que esto sendo realizadas. No congresso, a gente rev colegas de outros esta-dos e podemos criar um network (rede de contatos) excelente. Para se ter ideia de como acho importante o congresso, nunca perdi nenhum promovido pela SBFa. Compareci a todos, seja como palestrante ou como integrante da diretoria da So-ciedade.

    Como a Fonoaudiologia brasileira vista no exterior? Em sua rea de atuao especificamente?

    Somos, de maneira geral, bas-tante respeitados na Amrica Latina. Nos Estados Unidos nos desconhe-cem; alis, de maneira geral, desco-nhecem tudo que no seja realizado em seu pas. Na Europa, depende do pas. Em geral somos muito bem vis-tos na rea de voz e de motricidade orofacial. Audiologia quase sempre um curso tcnico, com exceo do Brasil e EUA de forma geral. A motri-cidade orafacial brasileira bastante respeitada na Amrica Latina.

    Na sua opinio, em que reas a Fonoaudiologia brasileira mais forte?

    Fora do Brasil, em motricidade orofacial e voz.

    O que voc acha que poderia ser feito para aumentar e melhorar essa representatividade internacional?

    Ir a congressos internacionais e chamar pessoas representativas de fora para que participem dos nossos congressos.

    Acredita que nossas publicaes cientficas tm boa representativi-dade internacional?

    Depende do pas. Outro problema que, se no estiver escrito em espa-nhol ou em ingls, no somos lidos.

    O que voc acha que poderia me-lhorar em nossa profisso em com-parao com a Fonoaudiologia dos demais pases?

    Comparando com os Estados Uni-dos, que muito forte em tecnologia, poderamos melhorar esse aspecto. O segundo aspecto quantificar nossos resultados e comprov-los de forma que os outros possam acreditar no que fazemos.

    Voc incentiva os fonoaudilogos brasileiros a participar de congres-sos internacionais?

    Sim, muito. Eu, evidentemen-te, incentivo-os a participar como ouvintes e apresentando trabalhos nos congressos da SBFa e nos es-pecficos de Motricidade Orofacial, como participantes ou levando tra-balhos.

    Esperamos que estas entrevistas possam contribuir para uma viso geral do estado atual da Fonoau-diologia, bem como incentivar a classe fonoaudiolgica a comparti-lhar cada vez mais suas publicaes, seguindo a principal dica das duas entrevistas, que levar seus estu-dos e pesquisas para os congressos internacionais e, se possvel, com verso tambm em outro idioma, para o reconhecimento e fortaleci-mento da cincia brasileira.

  • 15

    CREFONO 2 SP

    Fabiana Cipriano, CRFa 15.477-SP Thelma Costa, CRFa 4.211-SPCibele Siqueira, CRFa 6.198-SP

    O evento, promovido pelo Conse-

    lho Regional de Fonoaudiologia da 2

    Regio/SP, no dia 7 de maio de 2011,

    teve como finalidade debater a jor-

    nada de trabalho do fonoaudilogo,

    tema do PLC n. 119/2010 que tramita

    no Senado Federal. O referido Proje-

    to, alm de fixar em, no mximo, 30

    (trinta) horas a carga horria semanal

    de trabalho do fonoaudilogo, sem

    reduo de salrios, prev a alterao

    do art. 1 da Lei n 6.965/1981. O de-

    bate suscitou, entre outros aspectos,

    questes referentes a remunerao,

    condies de trabalho e vnculos

    empregatcios, evidenciando a fra-

    gilidade da Fonoaudiologia no Esta-

    do de So Paulo, no que se refere s

    questes sindicais. Diante disso, a pre-

    sidente Thelma Costa fez um breve

    relato acerca da trajetria do Sindica-

    to dos Fonoaudilogos do Estado de

    So Paulo e colocou o CREFONO 2

    disposio, dentro de sua competn-

    cia legal, daqueles que tiverem a in-

    teno de reativar o Sindicato.

    Aps os debates, os presentes ma-

    nifestaram-se favorveis reduo da

    jornada de trabalho semanal, sendo que

    tal posicionamento foi enviado ao CFFa.

    Para esclarecer questes recebidas

    frequentemente por este Regional, a

    fonoaudiloga Sandra Murat (presi-

    dente do Sindicato dos Fonoaudi-

    Jornada de trabalho do fonoaudilogo

    logos da Baixada Santista, de 1995 a

    2007) relatou aspectos importantes

    relacionados s atribuies de um

    Sindicato: O Sindicato um rgo de

    classe que representa oficialmente os

    profissionais em suas discusses traba-

    lhistas. As principais aes devem estar

    direcionadas para o acesso ao empre-

    go e permanncia no mercado de tra-

    balho; a fixao de valores, em tabela

    referencial para procedimentos; as ne-

    gociaes coletivas visando normati-

    zao de piso salarial; uma jornada de

    trabalho digna; a incluso nos planos

    de sade e ampliao de cargos pbli-

    cos destinados a nossa atividade.

    Grupo Pr-Sindicato do Estado de So PauloEm 2006, um grupo de fonoaudilogos retomou a discusso acerca do Sin-

    dicato dos Fonoaudilogos do Estado de So Paulo, por meio de uma srie de

    reunies e, at mesmo, da proposio de chapas para promover nova eleio.

    Por motivos diversos, especialmente relacionados falta de mobilizao e ao

    desgaste do grupo, as discusses foram interrompidas. Para o Grupo Pr-Sindi-

    cato, o debate acerca da reduo da carga horria semanal, bem como outras

    questes envolvendo o trabalho em Sade e a Fonoaudiologia, trouxe tona a

    necessidade da organizao sindical.

    Desse modo, o grupo disponibiliza, aos interessados, o endereo de acesso

    lista de discusso na internet: .

    Para ler esta matria na ntegra, acesse: .

    Presidente Thelma Costa na abertura do evento.

    Divulgao

  • 16

    A histria da escrita e a escrita da histria no processo de envelhecimento:uma experincia no Paran

    CREFONO 3 PR | SC

    Giselle Massi, CRFa 4.640-PRRegina Clia Loureno, CRP 08/6176

    Estamos vivendo uma alterao no

    quadro demogrfico planetrio, deter-

    minada por um intenso crescimento

    na longevidade mundial. Em 2025, ha-

    ver 1,2 bilhes de pessoas idosas no

    mundo. No Brasil, esse nmero estar

    prximo a 32 milhes de pessoas com

    60 anos ou mais1. Contudo, no basta

    que o nmero de idosos se eleve em

    nossa sociedade. O idoso deve desfru-

    tar de qualidade e autonomia em face

    da sobrevida que lhe est sendo con-

    cedida pelos avanos tecnolgicos

    das cincias da sade.

    Nesse contexto, a Fonoaudiologia

    pode englobar aspectos sociais e sin-

    gulares do envelhecimento, para que

    esse processo no traga dificuldades

    para a sociedade e para o prprio su-

    jeito que envelhece. Entendemos que

    imprescindvel a promoo de prti-

    cas discursivas para que cada sujeito

    exera plenamente sua cidadania, seu

    papel social, fazendo valer seu direito

    a uma vida saudvel e ativa, na medi-

    da em que participa de maneira sin-

    gular de aes mediadas pela escrita,

    na perspectiva do letramento2.

    Ressaltamos o papel que a escrita

    pode assumir ao longo da vida, pois

    essa realidade lingustica, como pro-

    duo discursiva, promove a incluso

    social, a singularidade e cidadania de

    cada sujeito que envelhece3. Direcio-

    nadas ao enfoque do envelhecimen-

    to por uma dimenso que destaca a

    singularidade/sociabilidade humana,

    analisamos os sentidos que idosos

    atribuem relao que estabelece-

    ram com a escrita desde muito jovens

    e os sentidos que conferem escrita

    de suas histrias de vida elaboradas

    aps atingirem 60 anos. Nossa anlise

    comparativa foi desenvolvida a partir

    da transcrio de respostas dadas por

    pessoas entre 64 e 84 anos a entrevis-

    tas semiestruturadas.

    Ao serem questionados a respeito

    de suas histrias de relao com a es-

    crita, os idosos afirmaram:

    Quando eu ia escrever, tinha ver-

    gonha de escrever errado e de me

    chamarem de burra. (D.)

    Eu duvidava de mim, se seria ca-

    paz de escrever. (O.)

    Tinha vergonha de minha letra,

    mas no da minha histria. (J.)

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    Manuteno calibrao e ensaio de todas as marcas de

    CalibraoAcreditada de Audimetro e Imitancimetro

    EnsaioAcreditado de Cabina Audiomtrica

    Audimetro AO-250D de fabricao prpria com Registro na ANVISA n80100810004

    Imitancimetro AO-400R de fabricao prpria com Registro na ANVISA

    Manuteno, calibrao e ensaio de todas as marcas deequipamentos audiolgicos (audimetros, imitancimetros e

    cabinas audiomtricas - inclusive BERA).

    com Registro na ANVISAn 80100810005

  • 17

    CREFONO 3 PR | SC

    Referncias:

    [1] KALACHE, A. Os desafios do envelhecimento por um brasileiro que sabe envelhecer. O Estado de S. Paulo, 3 dez. 2006, p. A34.

    [2] SOARES, M. Letramento e escolarizao. In: RIBEIRO, V. M. (Org.). Letramento no Brasil: reflexes a partir do Inaf, 2001.

    So Paulo: Global, 2004.

    [3] LOURENO, R. C. C.; MASSI, G. Linguagem e velhice: consideraes acerca do papel da escrita no processo de envelhe-

    cimento. Curitiba: Juru, 2011.

    triste a velhice, voc fica velho e

    como que ia escrever nessa idade? (V.)

    Aps passarem um ano fazendo

    parte de uma Oficina de Linguagem

    organizada em parceria entre a Uni-

    versidade Tuiuti do Paran e uma Uni-

    dade de Sade situada em Curitiba

    em que foi oportunizado a esse grupo

    de idosos um trabalho significativo

    com a escrita, o grupo foi novamente

    questionado. Ao serem indagados so-

    bre o que significou escrever parte de

    suas histrias de vida, eles relataram:

    As pessoas passaram a me ver

    com mais respeito depois da escri-

    ta desse livro. Sinto-me mais seguro,

    mais digno. Estou me dando mais va-

    lor. A escrita me deu mais objetivo. (O.)

    A escrita nos ajuda a vencer na

    vida. (J.)

    Quando eu ia imaginar que um

    dia eu ia escrever um livro com mi-

    nhas histrias! (L.)

    Escrever fez a gente se soltar.

    Quando eu via que tinha pginas

    cheias de escrita, peguei confiana

    em mim. (V.)

    Escrever saber deixar para os

    outros alguma coisa de bom. (E.)

    O que escrevi uma forma de aju-

    dar os outros, pois transmite valores,

    experincias e vivncias. Foi pela escri-

    ta que pude fazer essa anlise, permi-

    tir que o jovem que existiu dentro de

    mim retorne minha memria e me

    deixe satisfeito com a velhice. (H.)

    A apresentao de fragmentos dos

    discursos dos idosos, ressaltando a his-

    tria da escrita e a escrita da histria,

    permite afirmar que suas relaes com

    a escrita foram marcadas por desprazer,

    desde a infncia, pois no lhes foi lega-

    do o privilgio de atrelar a escrita vida

    cotidiana. De modo geral, o convvio

    familiar e escolar de geraes passadas

    no assumia a linguagem em funo do

    vnculo que ela estabelece com a vida.

    Focada na forma da escrita e na

    correo de erros ortogrficos, a his-

    tria de relao com a escrita foi, para

    esses idosos, marcada por uma noo

    punitiva. Por outro lado, ao serem

    convocados a assumir a autoria da es-

    crita de histrias de vida, esses idosos

    passaram a perceber, na escrita e pela

    escrita, possibilidades de desenvolver

    autoconfiana na elaborao de seus

    relatos singulares, bem como respeito

    e valorizao da prpria velhice e de

    suas posies nas relaes sociais.

  • 18

    CREFONO 3 PR | SC

    A Fonoaudiologia Educacional na Rede Municipal de Ensino de Balnerio Cambori Santa CatarinaJuliana Dornelles, CRFa 8.715-SC

    O servio de Fonoaudiologia Edu-cacional na Rede Municipal de Ensino de Balnerio Cambori teve incio no ano de 2003, para complementao do processo ensino-aprendizagem dos educandos da rede. Atualmente, o servio conta com 11 fonoaudilogas educacionais, que assessoram 23 N-cleos de Educao Infantil e 16 Centros Educacionais de Ensino Fundamental.Cerca de 13,6 mil alunos so contem-plados pelo programa.

    O objetivo da Fonoaudiologia Educacional desenvolver um traba-lho de preveno na rea da comu-nicao oral e escrita, voz, audio e motricidade oral, participao e orien-tao no planejamento educacional, inserindo aspectos preventivos liga-dos a assuntos fonoaudiolgicos.

    Dessa forma, so realizados os se-guintes trabalhos:

    Avaliaes fonoaudiolgicas e encaminhamentos com o obje-tivo de possibilitar descobertas que facilitem a interveno precoce em alteraes que possam interferir no processo ensino-aprendizagem e/ou que necessitem de encaminhamen-tos para interveno clnica, ou, ainda, encaminhamentos a exames com-plementares para auxiliar a melhor conduta ante a equipe da instituio educacional e o educando.

    Oficinas fonoaudiolgicas em sala e extraclasse, onde so realizadas atividades em pequenos ou grandes grupos de educandos, que visam potencializar as habilidades para seu melhor desenvolvimento.

    Campanhas para a comunidade que buscam promover a divulgao da Fonoaudiologia em suas diversas reas de atuao, bem como trabalhar a preveno dessas reas com a co-munidade. Anualmente so realizadas diversas campanhas, tais como: Dia Mundial da Voz, Sade Auditiva, Dia Internacional da Gagueira, Semana da Incluso e Dia do Fonoaudilogo.

    Orientao aos pais e/ou res-ponsveis so realizadas sempre que houver necessidade, destacando assuntos relacionados aos aspectos fonoaudiolgicos, a fim de estabele-cer parceria com a famlia.

    Assessoria e consultoria escolar neste servio o fonoaudilogo par-ticipa dos Conselhos de Classe, das paradas pedaggicas, da orientao aos professores e no seu planejamen-to, consolidando a importncia da parceria entre a Fonoaudiologia e a comunidade escolar.

    Reunies da equipe fonoaudio-lgica encontros mensais com o ob-

    Fonoaudilogas catarinenses desenvolvem aes de avaliao, orientaes aos pais e campanhas na comunidade.

    Divulgao

  • 19

    CREFONO 3 PR | SC

    ERRATA (Edio n 49 abril-junho de 2011, p. 16, item e.) Leia-se: Sade do Trabalhador: a Portaria GM 2.728/09 dispe sobre a Rede Nacional de Ateno Integral Sade do Trabalhador (Renast) e inclui o Cerest como estratgia de ao, onde o fonoaudilogo parte integrante da equipe.

    A Fonoaudiologia Educacional na Rede Municipal de Ensino de Balnerio Cambori Santa Catarina

    jetivo de trocar experincias, elaborar os planos de ao, planejar e organizar campanhas, entre outras atividades.

    Participao no processo de incluso o Municpio de Balnerio Cambori conta com um nmero signi-ficativo de educandos com diversas de-ficincias. O fonoaudilogo, em parceria com os professores de Apoio Pedaggi-co Especial, realiza atividades que auxi-liam no processo de aprendizagem e in-cluso no meio educacional e social, de maneira ativa, reconhecendo-se como sujeito por meio da linguagem.

    Fortalecendo esse processo, a Se-cretaria de Educao cedeu duas fo-noaudilogas para a Escola Especial Tempo Feliz Apae, que assumem atividades de Fonoaudiologia Educa-cional e clnica, conforme a Resoluo CFFa n 309, de 1 de abril de 2005, art. 2, 2, desenvolvendo atividades com as turmas do Servio de Atendimen-to Educacional Especializado (Saede), orientaes a pais e professores, capaci-tao e assessoria por meio de palestras e estudos de caso.

    Desse modo, pode-se afirmar a im-portncia da Fonoaudiologia atuando

    DEPOIMENTOS

    Fica clara a atuao do profissional da Fonoaudiologia em nossa sociedade, visando

    atingir objetivos de carter preventivo em relao comunicao. No mbito escolar

    fundamental no diagnstico, na triagem e na orientao a professores e pais.

    (Nilson Probst- Vereador em Balnerio Cambori)

    Vejo a atuao do fonoaudilogo educacional como de suma importncia. So

    profissionais que tm um olhar especfico para o desenvolvimento da comunica-

    o oral e escrita dos nossos educandos, visando sempre a preveno e deteco de

    possveis alteraes relacionadas comunicao, favorecendo um trabalho educa-

    cional mais completo e mais eficaz.

    (Fabiana Lorenzoni Educadora Especial, Diretora do Departamento de Educao Especial Balnerio Cambori)

    O trabalho que o profissional de Fonoaudiologia realiza nas unidades escolares

    tem contribudo muito com o desenvolvimento das habilidades lingusticas dos

    alunos, bem como dos professores. Esta parceria estabelecida amplia as condies

    de apropriao de conhecimento durante o processo de alfabetizao.

    (Julcimari B. Hickmann Supervisora Escolar)

    na rea educacional, enfatizando o trabalho de preveno e promoo por meio de trabalhos em grupo, em sala de aula, com professores e com toda a comunidade escolar, desmistificando o tabu da atuao

    clnica. Cabe a ns, profissionais, firmar e fortalecer a necessidade da Fonoaudiologia Educacional no processo de ensino-aprendizagem, com propriedade e conhecimento em educao.

  • 20 20

    Fonoaudilogos nas escolas pblicasComo os profissionais inserem a Fonoaudiologia no servio pblico na 4 Regio.

    CREFONO 4 AL | BA | PB | PE | SE

    Maurcio Junior, Assessor de comunicao

    Depois de ter se tornado uma es-pecialidade, por meio da Resoluo n 387/2010, que complementou a 309/2005, a Fonoaudiologia Edu-cacional ganhou uma importncia equivalente ao seu valor. Aps anos de estudos, o Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa) reconheceu a necessidade de esclarecer em deta-lhes a funo do fonoaudilogo que trabalha na rea da educao.

    A fonoaudiloga Gracita Didier, uma das pioneiras e incentivadoras da Fonoaudiologia Educacional na 4 Re-gio, afirma que o campo promissor. Aprova tambm a mudana na deno-

    minao. Acho que a especialidade deve mesmo deixar de ser escolar para ser educacional. Isso dar um sentido mais amplo rea, explica Didier.

    A partir da Resoluo n 387/2010 aumentou o nmero de fonoaudilo-gos nas instituies de ensino do pas, sendo maior nas escolas particulares. Na esfera pblica, poucos eram os exemplos de projetos desenvolvidos. Depois de ouvir profissionais que la-butam na rea, encontramos alguns modelos que nos fazem sonhar que possvel, num futuro bem prximo, ter um servio especializado de Fonoau-diologia nas escolas pblicas.

    O primeiro exemplo est no Muni-cpio de Arapiraca, o segundo de maior populao de Alagoas. Implantado h

    trs anos, pelo fonoaudilogo Robson Caque Ferreira, o servio conta com trs fonoaudilogos e uma psicloga, uma psicopedagoga e uma assistente social. O professor preparado para ensinar, mas identificamos que nossos alunos apresentavam diversos proble-mas em linguagem oral, linguagem escrita, aprendizado em geral, que o professor, apenas com a sua formao, no conseguia suprir tudo isso, expli-cou a secretria de Educao da cida-de, Ana Valria Peixoto.

    Aps esse diagnstico, a Secretaria de Educao do municpio alagoano criou o Centro de Apoio e Orientao Educacional Especializada. A equipe multidisciplinar termina dando um suporte aos professores, alunos e seus familiares. Passados quase quatro anos percebemos melhoras, principalmen-te para os professores, que esto ten-do melhores condies de trabalho, completou a Ana Valria Peixoto.

    O trabalho fonoaudiolgico no municpio consiste em aes de pre-veno com orientaes, elaborao e implementao de projetos para o de-senvolvimento de alunos e professores em suas atividades escolares, alm da adeso efetiva s campanhas realiza-das pelo Conselho Regional de Fono-audiologia (CREFONO 4) e pelo CFFa.

    A cidade de Arapiraca possui 56 escolas municipais e cerca de 3,5 mil alunos. Nosso foco, inicialmente, nas escolas de tempo integral, com as seguintes atividades: dois fonoaudi-logos fazem orientaes e trabalhos

    Fonoaudilogos precisam sensibilizar os gestores sobre a importncia do trabalho fonoaudiolgico no segmento educacional.

    Divulgao

  • 21 21

    Fonoaudilogos nas escolas pblicasCREFONO 4

    AL | BA | PB | PE | SE

    de preveno, e quando identificada alguma alterao, os alunos so enca-minhados para o tratamento especiali-zado no Centro de Apoio. A Secretaria de Educao pretende estender essas aes a todas as escolas, finalizou o fo-noaudilogo Robson Caque.

    Outro campo de ao de promo-o o trabalho desenvolvido na Co-ordenao de Apoio Sade dos Pro-fissionais de Educao de Jaboato dos Guararapes, na Regio Metropo-litana do Recife. O trabalho comeou em 2009, quando as fonoaudilogas Ubirajane Oliveira e Tatiana Cavalcanti

    identificaram que 77% dos professo-res da rede municipal de ensino apre-sentavam problemas vocais, dentre outros. A partir desses dados, duas fonoaudilogas do assessoria nas escolas, enquanto outra compe uma equipe multidisciplinar para atender a demanda dos docentes, contou a fonoaudiloga Ubirajane Oliveira, res-ponsvel pela Coordenao.

    A Secretaria de Educao de Jabo-ato dos Guararapes estuda a possibi-

    lidade de ampliar essas aes para os alunos. Enquanto isso, participamos das campanhas e continuamos com as orientaes a respeito dos cuida-dos que eles devem ter com a voz, au-dio e linguagem, avisou Ubirajane.

    Futuro Um dos entraves para a con-tinuao de projetos como esses o de cunho poltico. Por serem idealiza-dos durante as gestes, as iniciativas ganham, indiretamente, um prazo de validade: as prximas eleies. Um exemplo claro do que estamos falando foi o trabalho desenvolvido pela fono-audiloga Consuelo Chieria Dantas, na Prefeitura de Carmpolis, em Sergipe.

    A paranaense radicada em Sergi-pe apresentou um projeto na antiga gesto, o qual foi aceito. Realizva-mos orientaes aos professores, en-tre elas, sobre os possveis distrbios auditivos que poderiam estar dificul-tando a aprendizagem dos alunos. Os professores, ao identificar alguma alterao nos alunos da 1 srie do Ensino Fundamental, comunicavam-nos e os encaminhvamos para as triagens audiolgicas no Posto de Sade, com quem tnhamos parce-ria. Realizvamos esse trabalho tam-bm em crianas especiais, explicou. Os resultados obtidos foram timos. Sentamos uma melhora significativa no rendimento do aluno e da classe. Tudo isso era documentado e apre-sentado regularmente aos gestores, contou a fonoaudiloga Consuelo.

    A soluo para o fim desse impas-

    se poltico seria a criao de uma lei nos municpios. Quando o projeto se torna lei, independentemente do ges-tor, as aes continuam em benefcio da populao, comentou a outra fo-noaudiloga de Jaboato dos Guara-rapes, Ana Sulamita.

    Diante do que foi exposto, cabe aos profissionais de Fonoaudiologia sensibilizar os gestores e a sociedade sobre a importncia do trabalho fono-audiolgico no segmento educacio-nal. A participao nas conferncias municipais e estaduais de educao pode ser um bom caminho. Alm dis-so, precisamos estar unidos nas cam-panhas voltadas ao esclarecimento da populao, pois uma populao esclarecida passa a exigir mais os seus direitos, explicou a presidente do CREFONO 4, Ana Cristina Montenegro.

    A presidente da Comisso de Educao do CFFa, Bianca Queiroga, reconhece que ainda h muito que avanar na rea da Fonoaudiologia Educacional, sobretudo no campo poltico. Na rea de formao profis-sional temos evoludo bastante. Espe-ramos que dentro de algum tempo, fortalecidos pelo trabalho de todos os fonoaudilogos interessados nes-se segmento, possamos ter um maior reconhecimento perante os gestores educacionais, do setor pblico e do privado, assim como de toda a socie-dade, finalizou Bianca Queiroga que tambm presidente do Conselho Federal de Fonoaudiologia.

    "Esperamos ter um maior reconhecimento perante os

    gestores educacionais, do setor pblico e do privado, assim como de toda a sociedade

    Presidente do CFFa,Bianca Queiroga

  • 22

    CREFONO 4 AL | BA | PB | PE | SE

    Insero do fonoaudilogo na rea judicialConhea as atribuies do perito e as diferenas entre percia e auditoria fonoaudiolgica.

    Cleide Teixeira, CRFa 4.183-PE Sandra Alencastro, CRFa 4.447-PE

    Percia o exame cientfico de situa-

    es relacionadas a coisas e pessoas, pra-

    ticado por especialista na matria, com o

    objetivo de elucidar fatos controversos.

    O fonoaudilogo perito o profissional

    habilitado e capacitado para utilizar seus

    conhecimentos tcnicos especficos em

    busca da verdade, com o objetivo de

    contribuir com a justia. Ele pode atuar

    nas reas criminal, civil e trabalhista.

    Na rea judicial, o fonoaudilogo

    pode atuar como perito nomeado

    pelo juiz ou como perito assistente tc-

    nico desde que tenha conhecimento

    tcnico suficiente para o desempenho

    da funo, assim como habilidade no

    trato de conflitos, conhecimentos ju-

    rdicos e experincia em produo de

    prova pericial. So comuns os casos de

    avaliao de nexo de causalidade em

    atividade ocupacional.

    O perito nomeado o olho tc-

    nico do juiz, cabendo-lhe a anlise

    da matria de fato, abstendo-se de

    manifestar-se sobre matria de direito

    ou de emitir concluses que possam

    induzir o juiz a erros no julgamento.

    Ao perito assistente tcnico cabe

    defender o interesse da parte que o

    contratou, para o deslinde do proces-

    so da forma mais favorvel possvel,

    dentro dos limites da legalidade e da

    razoabilidade.

    Sua funo acompanhar o desen-

    rolar da prova pericial, apresentar su-

    gestes, criticar o laudo do perito ofi-

    cial e apresentar as hipteses possveis,

    desde que tcnica e juridicamente

    sustentveis. Tambm cabe diligenciar

    criteriosamente no sentido de verificar

    as diferentes hipteses de abordagem

    da matria tcnica, para que no seja

    o seu cliente prejudicado com vises

    distorcidas da realidade.

    Na formulao de quesitos fun-

    damental a participao do assistente

    tcnico, para assessorar o advogado

    de forma que os quesitos sejam for-

    mulados objetivamente. Ningum

    melhor que o assistente tcnico, com

    formao especfica na sua rea tc-

    nica, para saber quais elementos de

    prova sero necessrios para o con-

    vencimento do Juzo.

    O trabalho do fonoaudilogo pe-

    rito j acontece no Nordeste. Devido

    ao grande crescimento da regio, a

    rea pode ser considerada promis-

    sora, principalmente na parte de Au-

    diologia. Na Justia do Trabalho, por

    exemplo, os valores da remunerao

    so at compensadores, entretanto,

    em diversas situaes, os honorrios

    periciais so pagos somente aps a

    sentena ser transitada em julgado.

    O perito, antes de qualquer coisa,

    no deve se esquecer que:

    1. No juiz, por conseguinte no

    lhe facultativo oferecer con-

    cluses sem fundament-la tec-

    nicamente.

    2. No testemunha, assim no

    pode basear seu pronunciamen-

    to naquilo que ouviu ou lhe foi

    confessado.

    3. Apura fatos fsicos, com imparcia-

    lidade e acuidade, demonstran-

    do-os ou comprovando-os, de-

    vidamente, sempre que possvel.

    4. Analisa e coordena esses fatos,

    luz de sua experincia tcnica e de

    seus conhecimentos cientficos.

    5. Redige seus laudos com mtodo,

    preciso e clareza, sem esquecer

    que sero apreciados por pessoa

    de nvel universitrio, mas no

    por especialistas na matria.

    6. No se deixa influenciar por in-

    junes polticas, familiares ou

    de amigos, ou outras de nature-

    za subalterna.

  • 23

    CREFONO 4AL | BA | PB | PE | SE

    ARTIGOUm assunto que traz muitas dvidas aos fonoaudilogos que trabalham na rea a diferenciao entre auditoria e percia fonoaudiolgica. Para esclarecer o problema, confira abaixo explicao dada pelo assessor jurdico do Conselho Regional de Fo-noaudiologia da 4 Regio.

    Ricardo Toscano Dias Pereira,Advogado e assessor jurdico do CREFONO 4

    Segundo a Classificao Brasileira de Procedimentos em Fonoaudiolo-

    gia (CFFa, 3. ed., outubro de 2009), a auditoria fonoaudiolgica consiste

    na Avaliao da qualidade da assistncia prestada, por meio da anlise

    de pronturios, exames e relatrios, e verificao da compatibilidade

    entre procedimento e pagamento cobrado/efetuado, enquanto a pe-

    rcia fonoaudiolgica consiste no Exame de situaes ou fatos com o

    objetivo de elucidar aspectos tcnicos relacionados linguagem, fala,

    voz, audio, motricidade e funes orofaciais.

    J o Guia do Fonoaudilogo em Sade Suplementar (CFFa, edio de

    outubro de 2008) descreve a auditoria, como atividade de avaliao in-

    dependente, e de assessoramento da administrao, voltada para o exa-

    me e anlise da adequao, eficincia (a ao), eficcia (o resultado), efe-

    tividade (o desejado: custo benefcio), e qualidade nas aes de sade,

    praticados pelos prestadores de servios, sob os aspectos quantitativos

    (produo e produtividade), qualitativos e contbeis (custos operacio-

    nais), com observncia de preceitos ticos e legais.

    Por outro lado, a percia fonoaudiolgica encontra-se dentro da Fo-

    noaudiologia Forense, que, segundo a Academia Brasileira de Fonoau-

    diologia Forense, a interface entre a lei e a cincia da comunicao

    humana. a aplicao de tcnicas cientficas dentro de um processo

    legal e abrange todas as questes relacionadas comunicao nas reas

    da voz, fala, linguagem oral, escrita e audio.

    Assim, sinteticamente, podemos asseverar que a auditoria se trata da

    avaliao da qualidade assistencial prestada ao paciente, enquanto a pe-

    rcia, o exame de determinada situao ou fato, destinado a levar ao juiz

    elementos de instruo que dependam de conhecimentos especficos de

    ordem tcnica. A percia realiza-se por demanda judicial, enquanto na au-

    ditoria isto no se faz necessrio.

    7. No omite ou silencia sobre fa-

    tos que, aparentemente, possam

    enfraquecer a fora da concluso

    pericial, explicando-os ou justifi-

    cando-os, sempre que possvel,

    mesmo que no tenham sido

    objeto de quesitos.

    8. Pleiteia remunerao condigna

    para seu trabalho, sem estimati-

    va exagerada e sem permitir seu

    aviltamento.

    9. Aceita como contingncia natu-

    ral da luta judiciria as crticas e

    contribuies que forem feitas ao

    seu laudo, desde que se trate de

    ponderaes de ordem tcnica.

    10. No recusa encargo judicirio, a

    no ser por motivos relevantes, de

    natureza tcnica, legal ou tica.

    (FONTE: Jos Del Picchia Filho e Celso Mauro Ribei-

    ro Del Picchia.)

    23

  • 24

    Fonoaudilogo refora a ateno materno-infantil

    CREFONO 5 AC | AP | AM | DF | GO | PA | RO | RR | TO

    Deivid Souza,Reprter

    O especialista em motivao hu-

    mana Abraham H. Maslow (1908-1970)

    apresentou a teoria da motivao, se-

    gundo a qual as necessidades huma-

    nas esto organizadas e dispostas em

    cinco nveis. Nessa hierarquia, as ne-

    cessidades fisiolgicas so as primeiras

    que o ser humano busca para sobrevi-

    vncia e preservao da espcie.

    Maslow estava to certo, que o

    Hospital Materno-Infantil, em Goinia,

    aplica este conceito. Uma equipe de

    profissionais tem o reforo do fonoau-

    dilogo com o objetivo de promover

    uma alimentao segura e eficaz. O

    trabalho desenvolvido para os bebs

    de at 28 dias, chamados de neonatos,

    e tambm para os que porventura te-

    nham mais de quatro semanas e ainda

    caream de cuidados especiais.

    No hospital, cerca de 80% dos

    bebs so prematuros ou de baixo

    peso; nesses casos eles apresentam

    imaturidade das condies clnicas,

    fisiolgicas, enzimticas, gstricas,

    bem como imaturidade do sistema

    sensrio-motor oral e da coorde-

    nao da suco, deglutio e res-

    pirao. A fonoaudiloga Giuliana

    Caetano Rosa Borges explica como

    o trabalho: Ns utilizamos tcni-

    cas intra e extraoral para favorecer

    o amadurecimento desse sistema

    sensrio-motor oral (SSMO) e cada

    beb nico nas suas preferncias e

    tolerncias, complementa.

    Os bebs prematuros tm carac-

    tersticas particulares; especialmente

    os que nascem entre 32 e 34 sema-

    nas apresentam grandes variaes

    individuais. Os que apresentam idade

    gestacional menor que 32 semanas

    comumente no tm fora para sugar,

    demonstram uma suco dbil, ainda

    no tm os reflexos orais presentes

    e eficientes, so instveis e fadigam

    com facilidade.

    Para estimular o fortalecimento da

    musculatura, a fonoaudiologia lana

    mo da estimulao orofuncional.

    Uma das tcnicas consiste em intro-

    duzir uma luva na boca da criana

    para avaliar as funes orais, eliciar o

    reflexo da suco ou favorecer um ca-

    nolamento de lngua.

    Para o sucesso do tratamento, um

    plano estruturado. Os estmulos so

    feitos diariamente nos recm-nasci-

    Fonoaudiloga Giuliana Caetano passando orientaes me do beb prematuro

    Deivid Souza

  • 25

    Fonoaudilogo refora a ateno materno-infantil

    CREFONO 5AC | AP | AM | DF | GO | PA | RO | RR | TO

    dos, exceto quando observamos que

    ficam fadigados, relata a fonoaudilo-

    ga Maria do Socorro Echalar Martins.

    Aleitamento Das fonoaudilo-gas as mes recebem informaes e

    justificativa da importncia do aleita-

    mento materno, que tem as funes

    nutricionais, imunolgicas, psicolgi-

    cas e econmicas. Outros benefcios

    so: fortalecimento da musculatura

    que a criana usa para falar, preveno

    de problemas futuros de fala e de alte-

    raes na arcada dentria e estmulo

    respirao adequada.

    No Hospital Materno-Infantil

    proibido o uso de mamadeiras e si-

    milares. A medida tambm uma

    exigncia para que seja mantido o

    ttulo de Hospital Amigo da Crian-

    a, reconhecimento concedido pelo

    Ministrio da Sade a hospitais que

    implementem aes visando promo-

    o, proteo e apoio ao aleitamento

    materno. Em alguns casos, a me re-

    cebe alta e o beb permanece inter-

    nado na unidade. Nesses casos elas

    so orientadas e convidadas a rein-

    ternao na unidade. Quando no

    possvel, a sugesto para que faam

    visitas dirias, retirem o seu leite e par-

    ticipem de forma ativa do processo de

    reabilitao de seu filho.

    Para que a criana deixe de rece-

    ber alimentao pela sonda e passe

    a receber pela boca, ela precisa estar

    com suco, deglutio e respirao

    presentes e coordenadas. Sem, cla-

    ro, manifestar qualquer intercorrncia.

    A vantagem desse trabalho que o

    beb vai aumentar o vnculo com a

    me, vai receber uma alta mais pre-

    coce, ter menos risco de infeco

    hospitalar. Ele vai receber uma ali-

    mentao de forma muito mais segu-

    ra e eficiente, diminuindo o risco de

    complicaes, e alm do mais uma

    preveno de problemas fonoaudio-

    lgicos futuros, completa Giuliana

    Caetano.

    A campanha Sade: o Seio da Ques-

    to que se realiza na primeira semana

    de agosto, visa conscientizar as mes

    sobre a importncia do aleitamento

    materno para a sade do beb. Para

    se tornar mais atrativa, um vdeo que

    apresentado pela atriz Maria Paula

    est disponvel na internet no stio do

    Youtube.

    Para uma amamentao de quali-

    dade necessrio que a me obser-

    ve a postura adequada do beb, ele

    no pode estar muito deitado, por

    exemplo. O recm-nascido ou lacten-

    te que ainda no tem a coordenao

    da respirao, suco e deglutio

    pode broncoaspirar, isto , a entrada

    de alimento no caso o leite materno

    para as vias areas inferiores at os

    pulmes. Isso pode ocasionar infec-

    es ou inflamaes no pulmo, tam-

    bm conhecidas como pneumonias,

    alerta a fonoaudiloga Elaine Lopes,

    do Hospital de Clnicas de Belm-PA.

    Me pela primeira vez, Thais Hele-

    na, 20 anos, seguiu as orientaes da

    equipe de atendimento. Ela demons-

    tra ansiedade de receber alta junto

    com o filho. O tratamento foi muito

    bom e a expectativa como ser me

    l na minha casa; aqui eles do su-

    porte para tudo, a fono ensina voc

    a amamentar corretamente, ressalta.

    O trabalho em equipe favorece os

    resultados positivos, inclusive quan-

    do os casos so bastante delicados, a

    exemplo dos prematuros que nascem

    com menos de mil gramas. Mdica do

    Hospital Materno-Infantil, a pediatra e

    especialista em neonatologia, Rosan-

    gela Brito, valoriza o trabalho do fono-

    Fonoaudiloga Maria do Socorro e o carinho pelas pessoas.

    Acervo pessoal

  • 26

    CREFONO 5 AC | AP | AM | DF | GO | PA | RO | RR | TO

    CREFONO 5 AC | AP | AM | DF | GO | PA | RO | RR | TO

    audilogo: nesse sentido extrema-

    mente importante, um profissional

    que nos ajuda muito, reconhece.

    A alimentao muito importan-

    te para o desenvolvimento e estado

    geral da sade do beb; quando pas-

    sa dos seis meses, chegada a hora

    de introduzir novos alimentos. Com

    o acompanhamento do mdico pe-

    diatra passamos do lquido para o

    pastoso; podem ser frutas batidas ou

    papinhas, at chegar na alimentao

    slida. Essa modificao de consis-

    tncias alimentares ir proporcionar o

    desenvolvimento e a coordenao do

    sistema sensrio-motor oral, estimu-

    lando o beb para uma fala adequa-

    da, orienta Elaine Lopes.

    A recompensa para os profissio-

    nais da rea so os resultados. A felici-

    dade da famlia em levar o mais novo

    membro para casa. A gente v os pais

    felizes, entusiasmados, comemora a

    fonoaudiloga Elaine Lopes, do Hos-

    pital das Clnicas de Belm-PA. Maria

    do Socorro, que atua na rea desde

    o ano 2000, enxerga a segurana da

    ERRATA Ao contrrio da informao veiculada, acerca do Servio de Audiologia do Crer, na Revista Comunicar, edi-o n 48, de que os pacientes que necessitam de aparelhos auditivos fazem um teste com at trs aparelhos [...], quando

    h a indicao do uso de aparelho auditivo, o paciente submete-se a testes com, no mnimo, trs Aparelhos de Ampliao

    Sonora Individual (AASI), de modo a avaliar a impresso do usurio e a comparao do desempenho percebida por meio

    do ganho funcional.

    me, fruto das recomendaes profis-

    sionais: Eu vejo que me tem segu-

    rana para cuidar do recm-nascido

    no aspecto da alimentao, comenta.

    Manaus O Instituto da Mulher Dona Lindu foi inaugurado em ju-

    nho de 2010 com 96 leitos de obste-

    trcia, entre outras instalaes. O obje-

    tivo ofertar uma nova proposta de

    atendimento integral e acolhedor, es-

    pecfico ao segmento feminino, que

    vai desde o parto humanizado, com

    atuao de equipe interdisciplinar, at

    a possvel necessidade de internao

    do recm-nascido em uma Unidade

    de Tratamento Intensivo (UTI).

    A unidade tem dez leitos de UTI,

    acrescidos de uma Unidade de Cuida-

    dos Semi-Intensivos (UCI) com quatro

    leitos. O instituto conta ainda com os

    servios de Fisioterapia, Servio Social,

    Nutrio, Psicologia e Fonoaudiologia.

    O Servio de Fonoaudiologia re-

    aliza atendimentos na UTI Neonatal,

    na UTI Materno, no Alojamento Con-

    junto, no Mtodo Canguru, no Banco

    de Leite Humano, alm do Teste da

    Orelhinha. Os recm-nascidos pre-

    maturos ou com necessidade de cui-

    dados especializados possuem hoje

    a possibilidade de sobrevida maior

    devido no somente aos avanos

    tecnolgicos, mas tambm imple-

    mentao do trabalho de humani-

    zao, com a participao de uma

    equipe interdisciplinar.

    As rotinas da UTI modificam os

    padres tidos como adequados para

    os recm-nascidos, essa a preo-

    cupao da fonoaudiloga Annalyz

    Carvalho: Na vida intratero eles

    passam por volta de 80% do dia dor-

    mindo. Essas mudanas e instabili-

    dades fisiolgicas podem gerar um

    aumento de gasto calrico, compro-

    metendo, portanto, o ganho de peso

    ponderal, necessrio para sua evolu-

    o clnica, avalia.

    Assim que deixam a sonda, os be-

    bs passam direto para alimentao

    no seio. Exceto em casos em que a

    me falece, est internada, ou nos ca-

    sos de mes que so soropositivas.

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    CREFONO 5AC | AP | AM | DF | GO | PA | RO | RR | TO

    Deivid Souza,Reprter

    Os sindicatos ocupam importante

    papel na sociedade, sendo algumas de

    suas atribuies reivindicar um piso sala-

    rial adequado, requisitar boas condies

    de trabalho, alm de propor diversos ou-

    tros projetos de interesse da classe.

    A presidente do Sindicato dos

    Fonoaudilogos do Estado de Gois

    (Sindfono/GO), Lorena Peixoto, expli-

    ca como a atuao: O Sindicato

    o legtimo representante da categoria

    na defesa de seus direitos econmi-

    cos, nas negociaes salariais e nos

    acordos coletivos e individuais de

    trabalho, como piso salarial, carga ho-

    rria, elaborao de projetos trabalhis-

    tas, tabela de honorrios, negociao

    junto aos planos de sade, homolo-

    gao de contratos, detalha.

    Na defesa dos direitos da classe

    necessrio ter volume de associados,

    assim o rgo representante ganha

    fora. Hoje, falar em sindicato mui-

    to importante. Para ter fora neces-

    srio unio. Quanto mais membros,

    Sindicatos de fonoaudilogos apostam na parceria com os associados

    mais forte se torna

    o sindicato, afirma

    o presidente do

    Sindicato dos Fo-

    noaudilogos do

    Estado do Par

    (Sindfono/PA), Fa-

    bricio Peixoto.

    Alm de se as-

    sociar, importante fazer parte. Ser

    sindicalizado vai muito alm da contri-

    buio anual. Ser sindicalizado parti-

    cipar ativamente de aes, reunies e

    assembleias propostas pelo sindicato;

    contribuir com sugestes, reivindica-

    es e denncias, para juntos lutar por

    melhores condies de atuao pro-

    fissional e pela valorizao da Fonoau-

    diologia, esclarece Lorena Peixoto.

    Benefcios Todo trabalhador per-tence a uma classe e contribui com

    ela por meio da contribuio sindical

    anual. Caso o fonoaudilogo queira se

    engajar mais nas lutas da classe, pode

    filiar-se ao sindicato, neste caso o pro-

    fissional paga um valor mensal e tem

    benefcios extras.

    As contribuies cedidas ao sindi-

    cato retornam ao contribuinte, muitas

    vezes, na forma da concesso de be-

    nefcios. No Estado do Par o sindicato

    oferece a todos os profissionais asses-

    soria jurdica e administrativa, entre

    outras comodidades.

    Outra conquista foi a diminuio

    da burocracia para a liberao do

    atendimento de fonoaudilogos, por

    parte de um dos planos de sade da

    regio. Atualmente, o segurado pode

    procurar diretamente a especialidade

    de Fonoaudiologia.

    Conhea seu sindicato:

    Sindicato dos Fonoaudilogos do Estado de Gois (Sindfono/GO)Endereo: Rua Rio da Garas, 836 Cj. Aruan II Goinia (correspondncia)E-mail:

    Sindicato dos Fonoaudilogos do Estado do Par (Sindfono/PA)Endereo: Av. Joo Paulo II, 342 Bairro do Marco CEP 66095-494 (entre Tv. do Chaco e Tv. Curuz)Telefone: (91) 3089 1000E-mail: Site:

    Fonoaudilogas do sindicato goiano.

    Presidente do sindicato dos fonoaudilogos do Par, Fabricio Peixoto.

    Divulgao

    Divulgao

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    CREFONO 6 ES | MG | MS | MT

    CIF: voc sabe o que ?Isadora Dantas,Assessora de comunicao

    Ainda pouco difundida na Fono-audiologia, a Classificao Interna-cional de Funcionalidade (CIF) ganha maior notoriedade na 6 Regio, a partir da criao do GT de Sade Fun-cional, grupo de estudos focado em discusso e elaborao de materiais voltados para a rea, na qual a CIF um dos temas abordados.

    Como estratgia do GT foi elabora-da uma pequena pesquisa publicada no site do CREFONO 6, com o objeti-vo de conhecer o que e o quanto os fonoaudilogos da regio sabem so-bre o assunto. Dos participantes, 77% responderam no conhecer e, destes, 97% tm interesse em conhecer e sa-ber como funciona. A pesquisa ainda aponta que apenas 16% dos fonoaudi-logos que tm conhecimento sobre a CIF utilizam-na em sua prtica clnica.

    Luciana Ulha Guedes (CRFa 2386-MG), fonoaudiloga pesquisadora do assunto, acredita que a utilizao da CIF na prtica fonoaudiolgica con-tribui para maior integrao entre as reas da sade e, consequentemente, eleva o nvel de tratamento do pa-ciente. Em entrevista, a profissional responde a algumas perguntas e for-nece noes bsicas a respeito de em que consiste a Classificao Interna-cional de Funcionalidade.

    De acordo com a OMS, sade um bem-estar fsico, mental e social. A CIF prope avaliar estes