Órgão SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021...ão é de hoje ue essa discussão existe no rasil. rimeiro...

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35 -3 9 12 28 Órgão oficial SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021 ANO 14 - NÚMERO 2087 CIRCULAÇÃO NAS TERÇAS, QUINTAS E SÁBADOS EDIÇÃO ESPECIAL GABINETE DO PREFEITO SECRETARIA MUNICIPAL DE GABINETE PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO DECRETO Nº 42.466, DE 27 DE JANEIRO DE 2021. REGULAMENTA O PLANO MUNICIPAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQIA+ 2021 A 2024. O Prefeito Municipal de Betim, no desempenho de suas atribuições legais; DECRETA: Art. 1º Fica instituído o Plano Municipal de Políticas Públicas para a População LGBTQIA+ 2021 a 2024, nos termos do anexo I. Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário. Prefeitura Municipal de Betim, 27 de janeiro de 2021. Vittorio Medioli Prefeito Municipal Bruno Ferreira Cypriano Procurador-Geral do Município

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    Órgãooficial

    Órgãooficial

    SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021

    ANO 14 - NÚMERO 2087

    CIRCULAÇÃO NAS TERÇAS, QUINTAS E SÁBADOS

    EDIÇÃO ESPECIAL

    GABINETE DO PREFEITO SECRETARIA MUNICIPAL DE GABINETE PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO

    DECRETO Nº 42.466, DE 27 DE JANEIRO DE 2021.

    REGULAMENTA O PLANO MUNICIPAL DE

    POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO

    LGBTQIA+ 2021 A 2024.

    O Prefeito Municipal de Betim, no desempenho de

    suas atribuições legais;

    DECRETA:

    Art. 1º Fica instituído o Plano Municipal de Políticas

    Públicas para a População LGBTQIA+ 2021 a 2024, nos termos do anexo I.

    Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua

    publicação.

    Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.

    Prefeitura Municipal de Betim, 27 de janeiro de 2021.

    Vittorio Medioli

    Prefeito Municipal

    Bruno Ferreira Cypriano

    Procurador-Geral do Município

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    SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021

    ATOS DO EXECUTIVO 2

    Prefeito de Betim: Vittorio Medioli

    V i c e - Prefeito de Betim: Cleusa Lara

    Presidente da Câmara Municipal de Betim: Kleber Eduardo de Sousa Rezende

    Procurador Geral do Município: Bruno Ferreira Cypriano

    Secretaria Municipal de Comunicação: Bianca Silveira Christófori

    Secretaria Municipal de ComunicaçãoSuperintendência de Imprensa

    Rua Pará de Minas, 640, Brasileia - Betim - MGTelefone: (31) 3512-3289 Publicações: [email protected]

    ANEXO I

    PLANO MUNICIPAL DE

    POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A

    POPULAÇÃO LGBTQIA+ 2021 A

    2024.

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    3SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021ATOS DO EXECUTIVO

    PLANO MUNICIPAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQIA+ 2021 A

    2024.

    Plano Municipal de Políticas Públicas para a

    População LGBTQIA+, elaborado pelo Conselho

    LGBTI de Betim/MG, apresentado ao Prefeito, Sr.

    Vittorio Medioli.

    Betim/MG

    2021

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    PREFEITO DO MUNICÍPIO

    Vittorio Medioli

    SECRETÁRIA MUNICIPAL DE GOVERNO

    Bárbara Caroline Martins

    CONSELHO MUNICIPAL DE ATENÇÃO À DIVERSIDADE SEXUAL LGBIT – Gestão 2020-

    2022

    Presidente Leônidas Ferraz

    EQUIPE TÉCNICA DE ELABORAÇÃO

    Leônidas Ferraz – Presidente

    Nilvan Justino Moreira Baeta – Vice-Presidente

    Márcio Antunes Silveira – Conselheiro da Temática LGBTI

    Maicon Douglas Alves Nepomuceno da Costa – Secretária Executivo

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    GLOSSÁRIO

    • LGBTQIA+ – Lésbicas; Gays; Bissexuais; Travestis, Transexuais; Transgêneros;

    Queer, Intersexual; Assexual e outros.

    • Lésbica: é a identidade assumida pela pessoa do gênero feminino que

    possui atração afetiva (seja sexual, romântica ou emocional) por pessoa do

    gênero feminino.

    • Gay: é a identidade assumida pela pessoa do gênero masculino que possui

    atração afetiva (seja sexual, romântica ou emocional) por pessoa do gênero

    masculino.

    • Bissexual: consiste na atração afetiva (seja sexual, romântica ou emocional)

    por pessoas de ambos os gêneros (feminino e masculino),

    independentemente do gênero a que correspondem.

    • Travesti: é a identidade assumida pelo individuo nascido do sexo masculino

    que vive, se expressa e se reconhece diferente como de gênero designado

    no nascimento.

    • Transexual: é o indivíduo que possui uma identidade de gênero diferente do

    gênero designado no nascimento e tem o desejo de viver e ser aceito como

    sendo do gênero oposto.

    • Transgênero: é um conceito abrangente que engloba grupos diversificados

    de pessoas que têm em comum a não identificação com comportamentos

    e/ou papéis esperados do sexo biológico, determinado no seu nascimento.

    Esses grupos não são homogêneos dado que a não identificação com o

    gênero de nascimento se dá em graus diferenciados e refletem realidades

    diferentes.

    • o “Q” é de queer – quem transita entre os gêneros feminino e masculino, e

    mesmo em outros gêneros fora da binaridade masculino-feminino (o

    chamado não-binário). A teoria queer afirma que a orientação sexual e a

    identidade de gênero são resultado de uma construção social, e não de

    uma funcionalidade biológica.

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    • O “I”, que é mais recente, diz respeito ao intersexo – identidade de gênero

    de pessoas cujo desenvolvimento sexual corporal (seja por hormônios,

    genitais, cromossomos ou outras características biológicas) é não binário; ou

    seja, não se encaixam na forma binária masculino-feminino.

    • O “A” volta a se referir a orientação sexual. Agregam os assexuais, aqueles

    que não sentem atração afetivo-sexual por outra pessoa, independente de

    orientação sexual e de identidade de gênero.

    • Homofobia: aversão, repugnância, medo, ódio, preconceito, prática

    discriminatória, que algumas pessoas ou grupos nutrem contra a população

    LGBTQIA+. Atualmente, optou-se por relacionar o termo homofobia somente

    a gays; distinguindo, assim, a discriminação sofrida por lésbicas como

    lesbofobia e por transexuais, travestis e transgêneros como transfobia.

    • Homofobia institucional: é a discriminação praticada pelo poder público.

    Manifesta-se na omissão das autoridades em investigar crimes contra

    LGBTQIA+, na recusa e mau atendimento das vítimas nas delegacias, na

    impunidade dos assassinos, na omissão do legislativo em aprovar leis que

    equiparem e punam a homofobia como ao crime de racismo, no veto do

    poder executivo a ações afirmativas que promovam a cidadania LGBTQIA+.

    • SIDA/AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.

    • IST – Infecções sexualmente Transmissíveis.

    • HIV – Vírus da Imunodeficiência Adquirida

    • HSH – Homens que fazem sexo com homens.

    • MSM – Mulheres que fazem sexo com mulheres.

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    SUMÁRIO

    APRESENTAÇÃO ............................................................................................06

    INTRODUÇÃO...................................................................................................08

    OBJETIVOS E CONCEITOS.............................................................................08

    AÇÕES GOVERNAMENTAIS...........................................................................12

    Assistência Social, Direitos Humanos e Promoção da Cidadania.....................13

    Saúde.................................................................................................................14

    Trabalho e geração de emprego e renda..........................................................20

    Esporte e Lazer..................................................................................................22

    Cultura...............................................................................................................23

    Segurança Pública.............................................................................................24

    LGBTFobia.........................................................................................................26

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................33

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    APRESENTAÇÃO

    No Brasil, a cada 28 horas um (a) LGBTQIA+ é morto (a), vítima de

    homofobia. Somos o país com o maior número de assassinatos por motivação

    homofóbica do mundo. Diante de todo esse cenário, necessário se faz que haja

    ações interdisciplinares para inclusão e aceitação desta população na

    sociedade: ações de segurança pública, que protejam a vida e a integridade

    física; políticas de saúde, que atendam particularidades e demandas

    específicas; na educação, inclusão e reeducação; culturalmente, há de se

    reconhecer e estimular a diversidade; e na assistência social, políticas públicas

    especiais para acolher e dar suporte aos LGBTQIA+. E, de suma importância, no

    que se refere ao mercado de trabalho, o respeito e a igualdade de

    oportunidades devem ser a regra (GRUPO GAY DA BAHIA - GGB).

    Para iniciar a discussão sobre o tema, devem-se ressaltar dois pontos

    centrais. O primeiro diz respeito à gravidade do tema e como, aparentemente,

    o problema tem-se agravado nos últimos anos. O segundo ponto diz respeito à

    invisibilidade desse problema sob o ponto de vista da produção oficial de

    dados estatísticos. Hoje, não se sabe sequer qual é o tamanho da população

    LGBTQIA+ (o que inviabiliza qualquer cálculo de prevalência relativa de

    violência contra esse grupo social). Não há perguntas relativas à orientação

    sexual no Censo do IBGE, nem nos registros da segurança pública ou

    declarações de óbito, impossibilitando identificar tais dados.

    Portanto, é tarefa árdua conseguir dimensionar e traçar diagnósticos para

    produzir políticas públicas que venham a mitigar a violência contra a

    população LGBTQIA+. Na Bahia, como exceção, há 39 anos o Grupo Gay da

    Bahia (GGB) tem conduzido as discussões e divulgado relatórios estatísticos com

    levantamento do número de pessoas assassinadas por questões homofóbicas,

    com base em notícias publicadas na imprensa, na internet e informações

    pessoais compartilhadas (IPEA, 2019).

    Nesse plano, serão apresentados dados relevantes sobre a população

    em questão, em nosso município, além de estratégias de políticas públicas para

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    redução de danos, combate aos preconceitos, igualdade no mercado de

    trabalho, dentre outras.

    Importante destacar que a orientação sexual é diferente da identidade

    de gênero, em razão disso, há a opção da alteração do nome social, senão

    veja-se:

    • Orientação Sexual: indica por quais gêneros a pessoa se sente atraída, seja

    física, romântica e/ou emocionalmente. Pode ser assexual (nenhuma

    atração sexual), bissexual (atração pelos gêneros masculinos e feminino),

    heterossexual (atração pelo gênero oposto), homossexual (atração pelo

    mesmo gênero) ou pansexual (atração independentemente do gênero).

    • Identidade de gênero: se refere ao gênero com que a pessoa se assume

    socialmente. Deve-se ter em mente que sexo e gênero são conceitos

    distintos; sendo que sexo diz respeito aos aspectos anatômicos, morfológicos

    e fisiológicos da espécie humana; enquanto gênero é relacionado ao papel

    social desempenhado no ambiente coletivo (roupas, corte de cabelo, etc.).

    Destaca-se que a identidade de gênero nem sempre corresponde ao sexo

    do nascimento: uma pessoa pode nascer com o sexo feminino e sentir-se um

    homem ou vice-versa, como acontece com travestis e pessoas transexuais.

    • Nome social: é o nome pelo qual pessoas transexuais e travestis preferem ser

    chamadas cotidianamente, em contraste ao nome oficialmente registrado

    que não reflete sua identidade de gênero.

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    PLANO MUNICIPAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQIA+

    1 INTRODUÇÃO

    O plano municipal de políticas públicas para a população LGBTQIA+ visa

    não somente o reconhecimento, mas, ainda, a implantação de ações

    governamentais que visem o acolhimento, a proteção, a saúde e o trabalho

    dessa população. São essas ações que valorizam e impactam a gestão

    administrativa e econômica do governo em todo o território brasileiro.

    2 OBJETIVOS E CONCEITOS

    Esse plano abrange todas as pessoas que sofrem discriminação em razão

    de sua orientação sexual, identidade de gênero ou prática sexual, abarcando,

    assim, os LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e/ou

    transgêneros e demais), os HSH (homens que fazem sexo com homens), as MSM

    (mulheres que fazem sexo com mulheres) e as (os) profissionais do sexo.

    O presente plano entende como práticas sexuais apenas aquelas lícitas

    de acordo com a lei vigente.

    2.1 São objetivos do presente plano:

    • executar, acompanhar e avaliar a política municipal de promoção à

    diversidade e cidadania LGBTQIA+;

    • promover os direitos fundamentais da população LGBTQIA+ betinense de

    inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

    propriedade, dispostos no art. 5º da Constituição Federal;

    • implementar ações governamentais, promovendo as articulações entre

    órgãos municipais, e entre esses e entidades beneficentes e/ou de

    assistência social, assim como as entidades da sociedade civil que tratem da

    temática diretamente necessárias à implementação da politica municipal

    em questão;

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    • promover a cooperação da sociedade, da família e do município na

    promoção da autonomia, participação e integração da pessoa LGBTQIA+ à

    sociedade;

    • promover o direito a vida, cidadania, dignidade, segurança, saúde,

    educação, cultura e ao bem estar social;

    • proteger o/a cidadão/ã contra discriminação de qualquer natureza;

    • prevenir e educar para o enfrentamento do preconceito, discriminação e

    violência motivados por orientação sexual e/ou identidade de gênero; VIII –

    Universalizar os direitos sociais, a fim de incluir LGBTQIA+ atendidos pelas

    politicas públicas;

    • transversalizar, político-administrativamente os programas, projetos, serviços e

    benefícios de atenção à pessoa LGBTQIA+;

    • desenvolver programas que assegurem igualdade de oportunidades e de

    tratamento às pessoas profissionais do sexo;

    • estimular a participação da sociedade por meio de suas organizações

    representativas;

    • possibilitar o planejamento de ações a curto, médio e longo prazo, com

    metas exequíveis, objetivos claros, a aferição de resultados e garantia de

    continuidade de políticas públicas voltadas para a população LGBTQIA+ a

    serem definidas pelo poder executivo através de edição de decreto;

    • conscientizar sobre o direito das travestis, transexuais e transgêneros de

    utilizar banheiros conforme sua identidade de gênero independente do

    registro civil da pessoa;

    • levantar e reconhecer os Grupos LGBTQIA+ como utilidade pública;

    • garantir a participação da Secretaria Municipal de Assistência Social na

    efetivação de direitos para as pessoas profissionais do sexo, garantindo

    amplo acesso à saúde, educação, moradia e segurança pública de forma

    adequada às suas necessidades;

    • padronizar e sistematizar os dados LGBTQIA+ atendidas por todos os

    equipamentos e serviços municipais, utilizando-os para realizar pesquisas que

    orientem as políticas públicas para LGBTQIA+ no município; especialmente

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    mediante censo municipal da população LGBTQIA+ a fim de mensurar esses

    munícipes para que sejam adotadas políticas públicas a seu favor;

    • reunir com todos os equipamentos e construir instrumento para coleta de

    dados referentes à população LGBTQIA+ (senso LGBTQIA+);

    • criar parceria com ONG’s e estreitar relacionamento com a

    Superintendência de Políticas Sobre Drogas- SUPOD para apoiar e criar

    estratégias para a população LGBTQIA+, usuária de álcool e outras drogas;

    • garantir viabilidade e recursos para a atuação do Conselho Municipal

    LGBTQIA+ de forma a haver maior divulgação e mobilidade nas ações do

    conselho e seus conselheiros;

    • propor a criação de Decreto Municipal sobre o direito de travestis e

    transexuais femininas e masculinas de utilizar banheiros de órgãos da

    administração pública municipal direta e indireta, conforme sua identidade

    de gênero, independentemente do registro civil da pessoa;

    • promover seminários para discussão e realização de ações voltadas para o

    respeito à Diversidade Sexual no mundo do trabalho, público e privado;

    • divulgar amplamente para a população LGBTQIA+, nas redes sociais, meios

    de comunicação da Prefeitura e material impresso distribuído em locais

    estratégicos, ofertas de vagas de emprego, estágio, cursos gratuitos e

    concursos;

    • realizar Seminário Municipal para discutir e promover ações de respeito à

    diversidade sexual no mundo do trabalho, público e privado, reunindo

    órgãos públicos, empresas, centrais sindicais, federações, sindicatos e

    organizações não governamentais;

    • articular a criação de grupo intersecretarial de fomento a políticas públicas

    de trabalho e geração de renda para o segmento LGBTQIA+;

    • sensibilizar e estimular que as empresas privadas utilizem o nome social de

    travestis e transexuais, desde a realização do processo seletivo, respeitando

    a identidade de gênero;

    • criar o Selo da Diversidade, para reconhecer as empresas que respeitem e

    promovam a diversidade no ambiente de trabalho;

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    • mapear e reconhecer as instituições e organizações não governamentais

    voltadas à população LGBTQIA+, reconhecendo-as como Patrimônio

    Cultural Imaterial de Betim; e

    • promover ações a fim de garantir que cidadãos LGBTQIA+ não sejam

    discriminados em seu acesso profissional ou demitidos por qualquer

    estabelecimento público ou privado, em função de sua orientação sexual

    e/ou identidade de gênero;

    3 AÇÕES GOVERNAMENTAIS

    Na implementação da Política Municipal de Promoção à Diversidade e

    Cidadania LGBTQIA+, os órgãos e entidades municipais empenharão esforços

    para:

    3.1 Educação

    • Estimular, apoiar e desenvolver estudos, pesquisas e debates sobre as

    particularidades da orientação sexual e identidade de gênero;

    • incluir o uso do nome social das/dos travestis, transexuais e transgêneros nos

    registros escolares da rede municipal e respeitar o uso de banheiros e

    uniformes, conforme sua identidade de gênero, independentemente do

    registro civil da pessoa, conforme determina a Resolução nº 12, de 16 de

    janeiro de 2015, do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e

    Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais da

    Secretaria de Direitos Humanos;

    • promover sensibilização e reeducação dos profissionais de educação sobre

    Diversidade Sexual e Cidadania LGBTQIA+, estendendo-as para a

    comunidade escolar;

    • produzir e divulgar pesquisas que analisem a situação da população

    LGBTQIA+ no ambiente escolar;

    • formular programas de mediação de conflitos, que envolva educadores,

    alunos, pais e comunidade, como estratégia de combater a violência

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    escolar, principalmente aquela motivada por preconceito em relação à

    orientação sexual e de gênero;

    • garantir a Semana da Diversidade nas escolas, capacitando os profissionais

    de educação para lidar com a pauta LGBTQIA+;

    • elaborar diretrizes que orientem a rede municipal de educação na

    formulação, implementação, monitoramento e avaliação de ações que

    promovam o respeito, a convivência e o reconhecimento da diversidade de

    orientação sexual e identidade de gênero que colaborem para a

    prevenção e a eliminação da violência sexista e homofóbica;

    • incentivar e/ou criar projetos com “EXPERIÊNCIAS EXITOSAS- DIVERSIDADE

    SEXUAL”, com a criação de banco de dados de propostas pedagógicas

    para uso dos professores, a partir de experiências exitosas das escolas que

    trabalhem com o tema da diversidade sexual, bem como a realização de

    um encontro anual para a premiação das melhores propostas;

    • articular parcerias com universidades, faculdades e escolas para realizar

    pesquisas que orientem as políticas públicas para população LGBTQIA+ no

    município; e

    • viabilizar a distribuição de preservativos na comunidade escolar e instituições

    de ensino frequentados por maiores de dezoito anos (faculdades, cursos

    profissionalizante, dentre outros).

    3.2 Assistência Social, Direitos Humanos e Promoção da Cidadania

    • incentivar o respeito nos estabelecimentos privados e/ou repartições

    publicas, localizados no município por meio de campanhas e propagandas;

    • coibir toda e qualquer manifestação atentatória ou discriminatória praticada

    contra qualquer cidadão em função de sua orientação sexual e identidade

    de gênero;

    • Incluir a temática LGBTQIA+ nos CRAS (Centro de Referência da Assistência

    Social) para combater a homofobia e melhor atender a população

    LGBTQIA+;

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    • conscientização dos ambientes ou estabelecimentos públicos de assistência

    visando liberdade de expressão de todo cidadão LGBTQIA+;

    • promover, junto ao Conselho (Casa de Acolhimento/Abrigos) ações de

    apoio aos jovens LGBTQIA+ expulsos de casa e/ ou que sofram violência

    doméstica, física e/ou psicológica;

    • reconhecer a família homoparental nos programas geridos pela assistência

    do município;

    • articular parcerias com as Superintendência da Bolsa Família, promovendo a

    devida capacitação de seus profissionais para divulgar e disponibilizar

    benefícios sociais e programas de transferência de renda para população

    LGBTQIA+ em situação de rua ou de extrema pobreza e vítimas de violação

    de direitos humanos;

    • criar o Observatório da Homofobia com o objetivo de mapear e monitorar a

    violência homofóbica na cidade;

    • realizar, no mínimo, um mutirão para retificação de nome social; e

    • Realizar, no mínimo, um casamento coletivo da população LGBTQIA+.

    3.3 Saúde

    • promover respeito ao uso do nome social das travestis e transexuais no

    serviço de saúde;

    • divulgar, junto às universidades e para o público afim, os procedimentos

    previstos na PORTARIA Nº 2.803, de 19 de novembro de 2013 do SUS a

    respeito do processo transexualizador;

    • capacitar os profissionais de saúde e o corpo administrativo das unidades de

    saúde para o entendimento das questões referentes à saúde mental da

    população LGBTQIA+ frente às suas vulnerabilidades específicas,

    promovendo o acesso à saúde mental, com atendimento psicológico e

    psiquiátrico específico;

    • criar Centro de Testagem volantes de IST/HIV/AIDS em diversas regiões da

    cidade, além de garantir horários alternativos, como noturnos e finais de

    semana, melhorando o acesso;

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    • implementar os quesitos “Orientação Sexual” e “Identidade de Gênero”, por

    autodefinição, nos prontuários, fichas de atendimento nos serviços

    municipais de saúde, além das fichas de notificação;

    • incentivar pesquisas e produção de conhecimento, por parte da Secretaria

    Municipal de Saúde, sobre saúde da população LGBTQIA+;

    • fazer a criação, administração e acolhimento da população LGBTQIA+ que

    se encaixem nos critérios de uso dos serviços de saúde do PrEP - Profilaxia Pré-

    Exposição ao HIV

    • promover e divulgar materiais de prevenção às DST/HIV/AIDS;

    • realizar diagnóstico precoce de profilaxia pós-exposição - PEP às

    DST/HIV/AIDS específicos para população LGBTQIA+, bem como exames

    anuais de anuscopia e papanicolau, de forma humanizada;

    • promover campanha ampla e periódica dirigida à população, com foco nos

    direitos da população LGBTQIA+ e no combate à homofobia, e incentivo ao

    cuidado da saúde integral;

    • promover e ampliar a área de distribuição de preservativos femininos e

    masculinos e gel lubrificante, incluindo a distribuição em grandes eventos e

    locais de grande circulação da população;

    • desenvolver ações de conscientização e prevenção junto à população de

    profissionais do sexo, distribuindo preservativos e gel lubrificante nas áreas de

    prostituição da cidade, de modo a controlar e prevenir doenças

    sexualmente transmissíveis e de infecção pelo HIV/AIDS;

    • capacitar as equipes e profissionais de saúde com foco nas atividades dos

    profissionais do sexo, de modo a abranger suas práticas sexuais e

    desenvolver métodos de prevenção e acompanhamento aos riscos

    envolvidos, provendo um ambiente acolhedor, saudável e humanizado para

    o atendimento;

    • desenvolver campanhas de saúde integral que incentivem a população

    LGBTQIA+ a cuidar de sua saúde, não somente em relação à IST/AIDS;

    • sensibilizar e capacitar profissionais da área da saúde, inclusive os gerentes

    das unidades, para atender adequadamente, lembrando-se da importância

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    de ter representantes LGBTQIA+ nos conselhos gestores das unidades de

    saúde;

    • garantir a participação do Conselho LGBTQIA+ nos grupos de discussão da

    população LGBTQIA+, junto ao SEPADI;

    • garantir recursos para confecção de materiais gráficos com foco na

    prevenção as IST’s; e

    • viabilizar a manutenção do abastecimento dos dispensers de preservativos

    instalados nos estabelecimentos parceiros da SMS, para acesso pelo público

    em geral;

    Importante destacar que as ações governamentais acima expostas visam

    o acolhimento, proteção e orientação do público LGBTQIA+, diante da

    realidade dos boletins epidemiológicos da saúde desse público, bem como o

    cenário das doenças no país, senão, veja-se:

    3.3.1 Último boletim epidemiológico do HIV/AIDS

    Dados do último boletim epidemiológico do HIV/AIDS mostram que 73%

    (30.659) dos novos casos de HIV, em 2017, ocorreram em pessoas do sexo

    masculino. Um em cada cinco novos casos de HIV está entre homens de 15 a 24

    anos (2017). Entre homens, na faixa etária de 20 a 24 anos, a taxa de detecção

    de AIDS cresceu 133%, entre 2007 a 2017, passando de 15,6 para 36,2.

    (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

    3.3.2 Casos de HIV no país

    Estima-se que 866 mil pessoas vivem com o HIV no Brasil. De acordo com o

    Boletim Epidemiológico de HIV e AIDS, divulgado no final do ano passado, a

    epidemia no Brasil está estabilizada, com taxa de detecção de casos de AIDS

    em torno de 18,3 casos a cada 100 mil habitantes, em 2017. Isso representa 40,9

    mil casos novos, em média, nos últimos cinco anos.

    Nos últimos quatro anos, a taxa de mortalidade pela doença passou de

    5,7 óbitos/100 mil habitantes, em 2014, para 4,8 óbitos/100 mil habitantes, em

  • 35 -3 912 28

    18SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021ATOS DO EXECUTIVO

    2017. A redução é resultado da garantia do tratamento para todos - lançada

    em 2013 -, aliada à melhoria do diagnóstico, além da ampliação do acesso à

    testagem e redução do tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento.

    (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

    3.3.3 Ações implementadas no Brasil

    Em relação à prevenção, o Brasil vem diversificando as ações dentro de

    um conceito de prevenção combinada (uso de vários métodos), que inclui a

    distribuição de preservativos masculinos e femininos, gel lubrificante, ações

    educativas e ampliação do acesso a novas tecnologias, como testagem rápida

    (incluindo fluído oral), profilaxia pós-exposição e profilaxia pré-exposição.

    (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

    Mas o preservativo tem que estar na rua, sem juízo de valor.

    É preciso fazer parcerias com o setor privado. Aqui ao lado,

    em Buenos Aires, se encontra preservativo em todos os

    banheiros. No Brasil é mais fácil achar fio dental nos

    banheiros de bares e restaurantes do que preservativo.

    (GEORGIANA BRAGA-ORILLARD).

    O Governo Federal financia o tratamento para o HIV/AIDS no país. Desde

    2013, o país adotou o tratamento para todos, independentemente da

    quantidade de vírus e da situação imunológica do paciente. Desde então, até

    dezembro de 2018, 593 mil pessoas com HIV/AIDS estavam em tratamento no

    país. A maioria (87%) faz uso do dolutegravir, um dos melhores medicamentos

    do mundo, que está disponível gratuitamente no SUS. O medicamento aumenta

    em 42% a chance de supressão viral (que é diminuição da carga viral do HIV no

    sangue) entre adultos, quando comparado ao tratamento anterior, usando o

    efavirenz. (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2019).

    Como ação de prevenção da doença, o Ministério da Saúde oferta,

    desde 2018, a Profilaxia Pré-Exposição (PREP). A terapia está disponível em 109

  • 35 -3 912 28 35 -3 912 28

    19SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021ATOS DO EXECUTIVO

    serviços de 90 municípios, em 22 estados e no Distrito Federal. Desde a

    implantação da prevenção, cerca de oito mil pessoas já fizeram uso da

    prevenção, ao menos uma vez. Atualmente, mais de seis mil pessoas fazem uso

    da PrEP.

    3.3.4 A relação da doença entre os sexos

    Na relação heterossexual mais comum, penetração vaginal, a mulher é

    biologicamente mais vulnerável do que o homem à infecção. Se a relação for

    vaginal, a mulher tem mais chances de contrair o vírus: a área de exposição da

    genitália feminina é maior e o sêmen masculino tem maior carga viral do que a

    secreção feminina.

    Por causa da carga viral pequena na secreção feminina, o contágio

    entre mulheres homossexuais é bem menor.

    A penetração anal, mais comum entre homens que têm relações

    homossexuais, aumenta a vulnerabilidade. Durante o ato sexual, o ânus sofre

    mais lacerações (ferimentos) do que a vagina. Além disso, as mucosas do ânus

    e do tubo digestivo absorvem as secreções de maneira diferente da vagina. Há

    uma prevalência maior de infecções nesses casos.

    3.3.5 Estatísticas Globais Sobre HIV 2019

    • 24,5 milhões (21,6 milhões a 25,5 milhões de pessoas com acesso à terapia

    antirretroviral até o final de junho de 2019).

    • 37,9 milhões (32,7 milhões a 44,0 milhões de pessoas em todo o mundo

    vivendo com HIV até o fim de 2018).

    • 1,7 milhão (1,4 milhão a 2,3 milhões de novas infecções por HIV até o fim de

    2018).

    • 770 mil (570 mil a 1,1 milhão de pessoas morreram de doenças relacionadas

    à AIDS até o fim de 2018).

    • 74,9 milhões (58,3 milhões a 98,1 milhões de pessoas foram infectadas pelo

    HIV, desde o início da epidemia até o fim de 2018).

  • 35 -3 912 28

    20SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021ATOS DO EXECUTIVO

    • 32 milhões (23,6 milhões a 43,8 milhões de pessoas morreram de doenças

    relacionadas à AIDS, desde o início da epidemia até o fim de 2018).

    3.3.6 Pessoas vivendo com HIV

    • Em 2018, havia 37,9 milhões.

    • 36,2 milhões de adultos.

    • 1,7 milhão de crianças-menos de 15 anos.

    • 79% de todas as pessoas vivendo com HIV conheciam seu estado sorológico

    positivo para HIV.

    • Cerca de 8,1 milhões de pessoas não sabiam que estavam vivendo com HIV.

    De acordo com o “I Encontro Brasileiro de Saúde Trans Fomenta Debate

    Sobre Direitos, Políticas Públicas e Saúde da População Trans, Travestis e Pessoas

    Intersexo” (2017), 61% dos Programas Nacionais de resposta à AIDS não incluem

    pessoas transexuais, e 57 países ainda criminalizam ou perseguem pessoas

    transgênero.

    3.3.7 Homens x mulheres e o HIV

    • Segundo dados da UNAIDS, agência da ONU, as mulheres eram 60% dos

    jovens de 15 a 24 anos com HIV no mundo, em 2015.

    • O sexo entre gerações diferentes está gerando essa epidemia entre mulheres

    mais jovens na África. É por isso que a maioria dos nossos relatórios foca nas

    mulheres.

    • A América Latina, principalmente a do Sul, tem uma epidemia diferente,

    Georgiana Braga-Orillard, diretora do UNAIDS Brasil, disse à BBC Brasil.

    • Os dados do Ministério da Saúde mostram que a taxa de homens de 15 a 19

    anos, infectados pelo HIV, mais que duplicou nos últimos 10 anos (de 2,9

    casos por mil habitantes em 2003 para 6,9 em 2015). O mesmo ocorreu na

  • 35 -3 912 28 35 -3 912 28

    21SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021ATOS DO EXECUTIVO

    faixa de 20 a 24 anos (de 18,1 casos por mil habitantes a 33,1). (NEWS BRASIL,

    2016).

    • Os números brasileiros seguem a tendência da América Latina, onde os

    garotos de 15 a 24 anos correspondem a cerca de 64% das novas infecções,

    segundo a ONU.

    3.3.8 Homens jovens ou homossexuais ainda são as grandes vítimas do HIV

    • Há 21 novos casos em homens para cada 10 entre mulheres.

    • 65% dos diagnósticos ocorreram em homens. Desses, 45% fazem sexo com

    outros homens.

    • 52% das infecções, entre 2007 e 2016, ocorreram na faixa etária entre 20 e 34

    anos de ambos os sexos.

    • A taxa de detecção entre homens jovens (20 a 24 anos) saltou de 15,9 a

    cada 100 mil habitantes, em 2006, para 33,1, em 2015. (MINISTÉRIO DA SAÚDE

    2019).

    3.4 Trabalho e geração de emprego e renda

    • Reconhecer e implantar selos de empresas amigas/parceiras para

    empreendimentos que respeitem e promovam a diversidade no ambiente

    de trabalho;

    • promover a inclusão da comunidade LGBTQIA+ nos programas

    governamentais de capacitação para o trabalho;

    • promover o respeito às profissionais do sexo, reconhecendo a legitimidade

    de sua atividade laborativa, conforme titulação 5198, preceituada pelo

    Ministério do Trabalho, na Classificação Brasileira de Ocupações; e

    • criar políticas de geração de renda e incentivar a criação de cooperativas e

    empreendimentos de economia solidária para a população LGBTQIA+, com

    prioridade a travestis e transexuais, bem como o empreendedorismo

    individual e a inserção no mercado de trabalho.

  • 35 -3 912 28

    SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021

    ATOS DO EXECUTIVO22

    A inserção da população LGBTQIA+ no mercado de trabalho é de suma

    importância, além de agregar a mão de obra do munícipio e gerar renda. O

    reconhecimento profissional impacta nas saúdes física e mental desse público

    que se sente parte ativa economicamente da sociedade.

    3.4.1 Transexuais são excluídas do mercado de trabalho

    • Com raras oportunidades de emprego, cerca de 90% das pessoas TRANS no

    Brasil acabam recorrendo à prostituição. (RELATÓRIO DA VIOLÊNCIA

    HOMOFÓBICA NO BRASIL, 2016). “Não há razão para as pessoas serem

    excluídas por sua identidade de gênero. Simplesmente não tem lógica.

    Ainda mais quando são profissionais excelentes”. (LUISA IKEMOTO, 2016).

    Segundo a UNAIDS, o risco de infecção por HIV, em 2019, era 10 vezes maior

    em trabalhadores do sexo, 24 vezes maior em homens que fazem sexo com

    homens, 24 vezes maior em pessoas que usam drogas injetáveis e 49 vezes

    maior em pessoas trans.

    Fonte: UNAIDS, (2019).

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    SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021

    ATOS DO EXECUTIVO23

    3.5 Esporte e Lazer

    • Criar ação conjunta para a conscientização e inclusão da comunidade

    LGBTQIA+ junto aos profissionais do esporte, por meio de capacitação e

    distribuição de materiais informativos em ações, atividades e eventos

    esportivos municipais;

    • estimular parcerias junto à Secretaria Municipal de Esportes para criar

    atividades conjuntas, dialogando sobre esporte e combate ao preconceito

    LGBTQIA+;

    • garantir o funcionamento e manutenção das áreas de convivência e

    frequência da população LGBTQIA+;

    • realizar um passeio ciclístico da semana da diversidade;

    • promoção da inclusão da comunidade LGBTQIA+ nos Jogos Estudantis de

    Betim (JEB).

    3.5.1 Do calendário de Esporte e Lazer

    A criação do calendário de Esporte e Lazer visa estimular, fomentar e

    realizar junto à Secretaria de Esportes e Lazer do município as ações, atividades

    e eventos esportivos de cunho social e integralizado com a proposta de

    conscientização de combate ao preconceito LGBTQIA+.

    Objetiva-se estruturar de forma organizada o plano municipal de política

    pública de combate ao preconceito LGBTQIA+ no esporte, com ideias e

    funções, além do organograma anual, com possíveis datas a definir com o

    “Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual LGBTI” nas realizações de

    eventos esportivos de caráter inclusivo da diversidade.

    Eventos e datas:

    1° Festival de Vôleibol LGBTQIA+ Data a definir e período

    1° Corrida das Cores LGBTQIA+ Data a definir

    1° Festival de Peteca LGBTQIA+ Data a definir e período

    1° Passeio Ciclísitco LGBTQIA+ Data a definir

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    24SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021ATOS DO EXECUTIVO

    3.6 Cultura

    • resgatar a história do movimento LGBTQIA+, tendo como material final a

    publicação e divulgação, em data a definir, para a população da cidade;

    • estimular a manifestação artística independente e que represente os diversos

    segmentos da cultura LGBTQIA+, tais como a cultura queer, drag queen,

    crossdresser e drag king;

    • incentivar ações voltadas para a difusão da cultura LGBTQIA+ e de

    manifestações culturais e artísticas LGBTQIA+ durante os grandes eventos

    oficiais da cidade;

    • articular iniciativas culturais que promovam os Direitos Humanos e a

    Diversidade Cultural LGBTQIA+ no município;

    • reconhecer a livre manifestação do movimento LGBTQIA+, por meio da

    realização da Parada LGBTQIA+ de Betim, do Mês da Diversidade e da

    Jornada da Diversidade, garantindo apoio estrutural para tais eventos;

    • elaborar festivais por meio da Secretaria de Arte e Cultura, em parceria com

    empresas e entidades, como artes integradas: cinema, teatro, artes plásticas,

    fotografia, música, dança etc;

    • realizar Campanha Anual dirigida à população em geral, com foco nos

    direitos da população LGBTQIA+ e no combate à homofobia, a ser

    veiculada em todos os espaços publicitários do município, como Jornal do

    Ônibus e demais mídias, e em todos os espaços públicos da prefeitura, como

    subprefeituras, postos de saúde, escolas, dentre outros; e

    • realizar concurso de beleza para a população LGBTQIA+.

    3.7 Segurança Pública

    • promover o mapeamento dos principais pontos onde ocorram crimes de

    intolerância com a Guarda Municipal, buscando, quando necessário, apoio

    aos órgãos de segurança estaduais;

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    25SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021ATOS DO EXECUTIVO

    • demandar junto aos órgãos de segurança estadual e a Polícia Militar, a

    presença de postos e/ou patrulhas nos pontos apontados como de grande

    incidência de violência contra a população LGBTQIA+;

    • garantir a segurança da população LGBTQIA+ nos espaços públicos,

    culturais e de lazer;

    • sensibilizar a Guarda Civil Municipal sobre as questões relacionadas ao

    respeito à diversidade e o combate à violência contra a população

    LGBTQIA+;

    • garantir a identificação, em local visível, dos profissionais de segurança

    pública e privada, com nome patente e cargo bordado à roupa, a fim de

    fiscalizar e coibir eventuais abusos, além de possibilitar a denúncia dos

    mesmos;

    • promover instrumentos de denúncia e incentivo ao registro de boletim de

    ocorrências de toda e qualquer atitude de violência – física e/ou

    psicológica- e discriminação à população LGBTQIA+;

    • garantir a segurança das(os) profissionais do sexo durante o exercício de sua

    atividade, por meio de ações junto à Guarda Municipal e Polícias;

    • realizar capacitação e sensibilização dos órgãos de segurança pública

    quanto às atividades das profissionais do sexo e suas demandas; e

    • denunciar a violência e evitar a repressão policial sofrida pelas profissionais

    do sexo e coibir a discriminação enfrentada devido aos estereótipos morais

    negativos.

    • apresentar projeto junto aos órgãos de segurança estadual para a criação

    de delegacia especializada no atendimento da população LGBTQIA+

    (Delegacia da Mulher).

    4 LGBTFOBIA

    O termo LGBTFobia não é tão conhecido, já que outro é normalmente

    usado como sinônimo para se referir ao ódio à população LGBTQIA+:

    a homofobia. Refere-se apenas à hostilidade direcionada a homossexuais,

    lésbicas e gays, mas o termo se popularizou e é utilizado amplamente. Nesse

  • 35 -3 912 28

    SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021

    ATOS DO EXECUTIVO 26

    sentido, Maria Berenice Dias, presidente da Comissão da Diversidade Sexual do

    Conselho Federal da OAB, define a homofobia como o “ato ou manifestação

    de ódio ou rejeição a homossexuais, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais”.

    4.1 O Brasil é o país onde mais se assassina homossexuais no mundo

    O Brasil registrou 445 casos de assassinatos de homossexuais em 2017.

    Entre 2008 e junho de 2016, 868 travestis e transexuais perderam a vida de forma

    violenta (RELATÓRIO DE VIOLÊNCIA LGBTFÓBICAS NO BRASIL, 2016).

    Segundo pesquisa feita pela ONG, a cada 20 horas, um(a) LGBT morre no Brasil

    por ser LGBTQIA+, ou seja, por conta da LGBTfobia. O grupo também registrou

    um aumento de 30% nas mortes de LGBTQIA+ em 2017, quando 445 pessoas

    foram mortas, em relação a 2016, ano em que 343 mortes foram motivadas por

    LGBTfobia. Já em 2018, esse número caiu, mas ainda se manteve alto, com 420

    mortes. Dentre as 445 vítimas de 2017, 387 foram assassinadas e 58 cometeram

    suicídio. A maior parte dos assassinatos aconteceu em via pública (56%), mas

    uma grande parte (37%) ocorreu na casa das vítimas, detalhe que indica que o

    crime teria sido realizado por conhecidos. Das 445 vítimas de LGBTfobia

    registradas em 2017, 194 eram gays (43,6%), 191 trans (42,9%), 43 lésbicas (9,7%),

    5 bissexuais (1,1%) e 12 heterossexuais (2,7%).

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    27SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021ATOS DO EXECUTIVO

    27

    Fonte: Grupo Gay da Bahia, (2017).

    Fonte:

    Grupo Gay da Bahia, (2017).

    Fonte: Politize (2019).

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    28SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021ATOS DO EXECUTIVO

    Fonte: Politize (2019).

    Fonte: Grupo Gay da Bahia (2016).

    Fonte: Grupo Gay da Bahia (2016).

    Fonte: Grupo Gay da Bahia (2016).

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    29SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021

    ATOS DO EXECUTIVO

    Fonte: Grupo Gay da Bahia (2016).

    Fonte: Grupo Gay da Bahia (2016).

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    30SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021ATOS DO EXECUTIVO

    4.2 A LGBTFOBIA é crime?

    Não é de hoje que essa discussão existe no Brasil. O primeiro projeto sobre

    o tema foi apresentado no Congresso, em 2001, como PL 5003/01 e tinha como

    objetivo determinar “sanções às práticas discriminatórias em razão da

    orientação sexual das pessoas”.

    Em 2006, esse projeto acabou se transformando no PLC

    122/2006, apresentado pela então deputada Iara Bernardi. O projeto buscava

    alterar a “Lei do Racismo” (Lei 7716/89) incluindo nela a discriminação por

    “gênero”, “sexo”, “orientação sexual” e “identidade de gênero”. Note que ao

    tratar sobre tudo dos dois últimos pontos, a PLC 122/2006 não abrange

    apenas homossexuais, mas também a outros grupos da comunidade LGBTQIA+.

    Com isso, o mais “correto” seria tratá-lo como um projeto que criminaliza

    a LGBTfobia. Se o projeto tivesse sido aprovado, a mudança mais perceptível

    seria no artigo 1º, da Lei 7716/89, que passaria a dizer que: “serão punidos, na

    forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça,

    cor, etnia, religião, procedência nacional (sem modificação)”, gênero, sexo,

    orientação sexual e identidade de gênero. (modificada)”.

    Apesar de ter passado pela Câmara dos Deputados, o projeto de lei foi

    arquivado no Senado após passar oito anos sem aprovação. Com isso, a

    prática de LGBTfobia ainda não é criminalizada no Brasil. Esse congelamento do

    processo, no Senado, pode ser explicado pelo grande debate que o PLC gerou

    entre seus defensores e opositores.

    4.3 STF define que LGBTFOBIA deve ser equiparada ao crime de racismo/2019

    Decisão vale até que Congresso crie legislação específica sobre este tipo

    de violência. Pena é de até três anos e crime será inafiançável e imprescritível,

    como o racismo. “Todo preconceito é violência. Toda discriminação é forma de

    sofrimento. Mas aprendi que alguns preconceitos causam mais sofrimento

    porque alguns castigam desde o seu lar, só pela circunstância de tentar ser o

    que é”. (MINISTRA CARMEN LÚCIA, 2019).

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    31SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021ATOS DO EXECUTIVO

    4.4 Exclusão da População LGBTI de diretrizes de Direitos Humanos

    O Ministério dos Direitos Humanos foi transformado em Ministério da

    Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Agora, a pasta está sob a

    responsabilidade da pastora Damares Alves.

    5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    1- ANTRA- Associação Nacional de Travestis e Transexuais; ASSASSINATOS DE

    PESSOAS TRANS VOLTAM A SUBIR EM 2020: Brasil apresenta novo aumento

    consecutivo nos casos de assassinatos de pessoas trans em relação ao ano de

    2019, desta vez no primeiro quadrimestre de 2020, mesmo no período de

    pandemia pelo coronavírus. Disponível em: https://antrabrasil.org/noticias/.

    Acesso em 15 de julho de 2020.

    2- BRASIL DE FATO, Uma Visão Popular do Brasil e do Mundo; Relatório registra

    420 vítimas fatais de discriminação contra LGBTs no Brasil em 2018: Estudo do

    Grupo Gay da Bahia (GGB) documenta mortes violentas e suicídios e apresenta

    medidas de combate à violência. Disponível em:

    https://www.brasildefato.com.br/2019/02/08/relatorio-registra-420-vitimas-fatais-

    de-discriminacao-contra-lgbts-no-brasil-em-2018. Acesso em 15 de julho de 2020.

    3- MINISTÉRIO DA SAÚDE; POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DE LÉSBICAS,

    GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS. Brasília – DF 2013. Disponível em:

    https://bvsms.saude.gov.br/bvs/pub licacoes/

    politica_nacional_saude_lesbicas_gays.pdf. Acesso em 15 de julho de 2020.

    4- BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Ministério da Saúde lança campanha para

    conter avanço de HIV em homens; Dados apontam que 73% dos casos de HIV

    ocorrem em homens. Campanha visa conscientizar e estimular o uso do

    preservativo para prevenção de doenças. Publicado: 22.02.2019 - 14h41min

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    32SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021ATOS DO EXECUTIVO

    última modificação: 11.03.2019 - 10h53min. Disponível em:

    http://www.aids.gov.br/pt-br/noticias/ministerio-da-saude-lanca-campanha-

    para-conter-avanco-de-hiv-em-homens. Acesso em 15 de julho de 2020.

    5- CB Correio Braziliense; Transexuais são excluídos do mercado de trabalho,

    Com raras oportunidades de emprego, cerca de 90% das pessoas trans no Brasil

    acabam recorrendo à prostituição, 2016. Disponível em:

    http://especiais.correiobraziliense.com.br/transexuais-sao-excluidos-do-

    mercado-de-trabalho. Acesso em 15 de Julho de 2020.

    6- Estratégia ODS. LGBTfobia no Brasil: Fatos, números e Polêmicas, 2016.

    Disponível em: http://www.estrategiaods.org.br/lgbtfobia-no-brasil-fatos-

    numeros-e-polemicas/. Acesso em 15 de Julho de 2020.

    7- HUFFPOST; STF define que LGBTfobia deve ser equiparada ao crime de

    racismo, Decisão vale até que Congresso crie legislação específica sobre este

    tipo de violência. Pena é de até Três anos e crime será inafiançável e

    imprescritível, como o racismo, 2019. Disponível em:

    https://www.huffpostbrasil.com/entry/criminalizacao-da-lgbtfobiabr 5d02949d

    e4b0304a120 b f758. Acesso em 15 de julho de 2020.

    8- IPEA. Fórum Brasileiro de Segurança Pública; Atlas da violência 2019. /

    Organizadores: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Fórum Brasileiro de

    Segurança Pública. Brasília: Rio de Janeiro: São Paulo: Instituto de Pesquisa

    Econômica Aplicada; Fórum Brasileiro de Segurança Pública. ISBN 978-85-67450-

    14-8. Disponível em:

    https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/arquivos/downloads/6537-atlas2019.pdf.

    Acesso em 03/09/2020.

    9- Politize. LGBTfobia no Brasil: Fatos, números e Polêmicas, 2016. Disponível em:

    https://www.politize.com.br/lgbtfobia-brasil-fatos-numeros-polemicas/. Acesso

    em 15 de julho de 2020.

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    33SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2021ATOS DO EXECUTIVO

    10- Relatório de Assassinatos de Homossexuais em 2013, elaborado pelo Grupo

    Gay da Bahia (GGB). De acordo com a lista, 312 LGBTs foram assassinados em

    2012, o que significa uma morte a cada 28 horas. Os números representam um

    decréscimo de 7,7% na comparação com o ano anterior quando houve 338

    mortes, mas um aumento de 14,7% na comparação com ano de 2010.

    Disponível em: http://niteroi.rj.gov.br/downloads/plano-lgbt.pdf. Acesso em

    03/09/2020.

    11- SENADO FEDERAL radio senado. Brasil é o país onde mais se assassina

    homossexuais no munda, 2018. Disponível em:

    https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/brasil-e-o-pais-que-mais-mata-

    homossexuais-no-mundo. Acesso em 15 de julho de 2020.

    12- UNAIDS. I Encontro Brasileiro de Saúde Trans fomenta debate sobre direitos,

    políticas públicas e saúde da população trans, travesti e pessoas intersex, 2017.

    Disponível em: https://unaids.org.br/2017/11/i-encontro-brasileiro-de-saude-trans-

    fomenta-debate-sobre-direitos-politicas-publicas-e-saude-da-populacao-trans-

    travestis-e-pessoas-intersex/. Acesso em 15 de julho de 2020.

    13- VEJA SAÚDE; Homens jovens ou homossexuais ainda são as grandes vítimas

    do HIV: Dados divulgados pelo Ministério da Saúde traçam o perfil do

    soropositivo brasileiro; Atualizado em 20 fevereiro de 2020, 10h31 - Publicado em

    15 dez 2017, 10h07. Disponível em: https://saude.abril.com.br/medicina/homens-

    jovens-ou-homossexuais-ainda-sao-as-grandes-vitimas-do-hiv/. Acesso em 15 de

    julho de 2020.