Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da...

68
Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em I I SEMINÁRIO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS PRIÔNICAS SEMINÁRIO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS PRIÔNICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO NO ESTADO DE SÃO PAULO 6 de novembro de 2006 Vila Mariana, São Paulo, SP.

Transcript of Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da...

Page 1: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Ricardo NitriniGrupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do

Departamento de Neurologia da FMUSPCEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos

do Hospital das Clínicas da FMUSP

Ricardo NitriniGrupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do

Departamento de Neurologia da FMUSPCEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos

do Hospital das Clínicas da FMUSP

I I SEMINÁRIO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS PRIÔNICAS NO SEMINÁRIO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS PRIÔNICAS NO ESTADO DE SÃO PAULOESTADO DE SÃO PAULO

6 de novembro de 2006 Vila Mariana, São Paulo, SP.

Page 2: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

PFG, 49 anos, negra, dona de casa, começou a queixar-se de alterações da visão em dezembro de 2000.

Referia que não distinguia bem os limites dos objetos, que os via com formas e cores diferentes das usuais. Os familiares notaram que a paciente esbarrava em objetos quando andava, principalmente se estivessem situados à sua esquerda.

PFG, 49 anos, negra, dona de casa, começou a queixar-se de alterações da visão em dezembro de 2000.

Referia que não distinguia bem os limites dos objetos, que os via com formas e cores diferentes das usuais. Os familiares notaram que a paciente esbarrava em objetos quando andava, principalmente se estivessem situados à sua esquerda.

Page 3: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Procurou oftalmologista que não constatou distúrbios de refração e a encaminhou à avaliação neurológica.

A avaliação neurológica, em janeiro de 2001, constatou paciente normotensa que não tinha distúrbios de motricidade e sensibilidade mas que não conseguia ler corretamente (as letras pareciam sobrepor-se), embora não tivesse diplopia; tendia a negligenciar o hemicampo visual esquerdo.

Procurou oftalmologista que não constatou distúrbios de refração e a encaminhou à avaliação neurológica.

A avaliação neurológica, em janeiro de 2001, constatou paciente normotensa que não tinha distúrbios de motricidade e sensibilidade mas que não conseguia ler corretamente (as letras pareciam sobrepor-se), embora não tivesse diplopia; tendia a negligenciar o hemicampo visual esquerdo.

Page 4: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Hemograma, glicemia, uréia, creatinina, transaminases, bilirrubinas, T4 livre e TSH normais. VHS = 40mm na primeira hora (normal até 20)

TC do crânio: normal.

EEG: normal

LCR: normotenso, límpido e incolor, 1 célula/mm3, 32 mg/dl de proteínas, 87 mg/dl de glicose; reações para sífilis e cisticercose neg.; eletroforese de proteínas: normal.

Hemograma, glicemia, uréia, creatinina, transaminases, bilirrubinas, T4 livre e TSH normais. VHS = 40mm na primeira hora (normal até 20)

TC do crânio: normal.

EEG: normal

LCR: normotenso, límpido e incolor, 1 célula/mm3, 32 mg/dl de proteínas, 87 mg/dl de glicose; reações para sífilis e cisticercose neg.; eletroforese de proteínas: normal.

Page 5: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Ressonância magnética (RM) do crânio: lesões isquêmicas (?) subagudas de limites imprecisos biparieto-occipitais, frontais e dos núcleos caudados e putâmens. Discreta dilatação não-hipertensiva do sistema ventricular supra-tentorial, alargamento dos sulcos e cisternas cerebrais.

Ressonância magnética (RM) do crânio: lesões isquêmicas (?) subagudas de limites imprecisos biparieto-occipitais, frontais e dos núcleos caudados e putâmens. Discreta dilatação não-hipertensiva do sistema ventricular supra-tentorial, alargamento dos sulcos e cisternas cerebrais.

Page 6: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 7: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 8: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Células LE; Anti-DNA nativo; Anti-SSA (ro); Anti SSB (la): dentro dos limites normais.

Fator anti-núcleo: 1/80, pontilhado.

Eletroforese de proteínas; proteína C-reativa; prova do látex; anticorpo anticitoplasma de neutrófilos, complemento sérico: dentro dos limites normais.

Anticorpos anticardiolipina; anticoagulante lúpico: negativos.

Células LE; Anti-DNA nativo; Anti-SSA (ro); Anti SSB (la): dentro dos limites normais.

Fator anti-núcleo: 1/80, pontilhado.

Eletroforese de proteínas; proteína C-reativa; prova do látex; anticorpo anticitoplasma de neutrófilos, complemento sérico: dentro dos limites normais.

Anticorpos anticardiolipina; anticoagulante lúpico: negativos.

Page 9: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Foi medicada com metilprednisolona 1 g/dia IV por dia durante cinco dias, em janeiro de 2001.

Após a alta evoluiu com depressão e embotamento afetivo. Em fevereiro, contatos verbal e visual tornaram-se progressivamente mais pobres, ficando restrita ao leito.

Foi medicada com metilprednisolona 1 g/dia IV por dia durante cinco dias, em janeiro de 2001.

Após a alta evoluiu com depressão e embotamento afetivo. Em fevereiro, contatos verbal e visual tornaram-se progressivamente mais pobres, ficando restrita ao leito.

Page 10: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Ao exame, foram observados movimentos

distônicos dos membros superiores e

movimentos involuntários bruscos (abalos), de

pequena ou média amplitude nos quatro

membros, síncronos ou assíncronos, por vezes

de modo maciço, que se repetiam com alta

freqüência, de modo arrítmico.

Ao exame, foram observados movimentos

distônicos dos membros superiores e

movimentos involuntários bruscos (abalos), de

pequena ou média amplitude nos quatro

membros, síncronos ou assíncronos, por vezes

de modo maciço, que se repetiam com alta

freqüência, de modo arrítmico.

Page 11: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

EEG revelou paroxismos de ondas agudas trifásicas repetidos a intervalos regulares de 1 por segundo, aproximadamente, com depressão da atividade de base (atividade periódica curta).

EEG revelou paroxismos de ondas agudas trifásicas repetidos a intervalos regulares de 1 por segundo, aproximadamente, com depressão da atividade de base (atividade periódica curta).

Page 12: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 13: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 14: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

RM: presença de hipersinal em gânglios da base e em áreas corticais mais facilmente visíveis com técnica de difusão.

RM: presença de hipersinal em gânglios da base e em áreas corticais mais facilmente visíveis com técnica de difusão.

Page 15: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 16: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 17: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 18: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 19: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 20: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Foi reinternada em abril, quando se encontrava vigil, mas aperceptiva, reagia aos estímulos dolorosos com retirada dos segmentos. (Escore de 8 na escala de Glasgow: 2 pontos em abertura ocular, 4 na melhor resposta motora e 2 na resposta verbal).

Mioclonias freqüentes.

LCR: presença da proteína 14-3-3.

Evoluiu com piora progressiva do nível de consciência e faleceu em setembro de 2001, com broncopneumonia, cerca de 10 meses após o início dos sintomas.

Foi reinternada em abril, quando se encontrava vigil, mas aperceptiva, reagia aos estímulos dolorosos com retirada dos segmentos. (Escore de 8 na escala de Glasgow: 2 pontos em abertura ocular, 4 na melhor resposta motora e 2 na resposta verbal).

Mioclonias freqüentes.

LCR: presença da proteína 14-3-3.

Evoluiu com piora progressiva do nível de consciência e faleceu em setembro de 2001, com broncopneumonia, cerca de 10 meses após o início dos sintomas.

Page 21: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Anatomia Patológica: DCJ

Page 22: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Anatomia Patológica: DCJ

Page 23: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA D. DE CREUTZFELDT-JAKOB

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA D. DE CREUTZFELDT-JAKOB

• PROVÁVEL: Demência rapidamente progressiva <2anos com atividade periódica no EEG (ou proteína 14-3-3 no LCR e pelo menos 2 dos abaixo:

– mioclonias;

– sinais cerebelares e/ou visuais;

– sinais piramidais e/ou extrapiramidais

– mutismo acinético.

• PROVÁVEL: Demência rapidamente progressiva <2anos com atividade periódica no EEG (ou proteína 14-3-3 no LCR e pelo menos 2 dos abaixo:

– mioclonias;

– sinais cerebelares e/ou visuais;

– sinais piramidais e/ou extrapiramidais

– mutismo acinético.

Page 24: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA D. DE CREUTZFELDT-JAKOB

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA D. DE CREUTZFELDT-JAKOB

• POSSÍVEL: semelhante ao provável mas sem exames complementares sugestivos

• DEFINITIVO: quadro clínico + encefalopatia espongiforme ou PrPRES

no exame neuropatológico

• POSSÍVEL: semelhante ao provável mas sem exames complementares sugestivos

• DEFINITIVO: quadro clínico + encefalopatia espongiforme ou PrPRES

no exame neuropatológico

Page 25: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Doença de Creutzfeldt-Jakob Esporádica

Doença de Creutzfeldt-Jakob Esporádica

– 85 -90% casos de DCJ

– Igual prevalência entre os sexos

– Incidência 1 : 1.000.000 hab./ ano

– Idade média de início: 60 anos

– Duração média: 8 meses

– 85 -90% casos de DCJ

– Igual prevalência entre os sexos

– Incidência 1 : 1.000.000 hab./ ano

– Idade média de início: 60 anos

– Duração média: 8 meses

Page 26: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Insônia

Doença de Creutzfeldt-Jakob Esporádica

Quadro ClínicoPródromos Astenia

Anorexia

Sd. Pseudobulbar

MutismoIncoordenação

cerebelar

Hiperreflexia Demência global

Tremor

Alt. Comp.e memória

AtaxiaNistagmo

Diplopia Alucinações

Sd de Parinaud

Cegueira CorticalMioclonias

Dist. do Moviment

o

Disartria

Page 27: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

EEG típico de DCJ:

Atividade

periódica curta

Page 28: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

ENCEFALOPATIAS SUBAGUDAS COM ATIVIDADE PERIÓDICA NO EEG

• P.E.S.A.• Alzheimer• Men-encefalite herpet.• Enc. Hepática• Enc. Anóxica• Enc. de Hashimoto• Enc. Límbica• Deg. estriatonigral• Gliose subcortical

• P.E.S.A.• Alzheimer• Men-encefalite herpet.• Enc. Hepática• Enc. Anóxica• Enc. de Hashimoto• Enc. Límbica• Deg. estriatonigral• Gliose subcortical

• Glioblastoma

• Metástases

• Abscessos

• Neurossífilis

• Men. Criptocócica

• Hematoma intracraniano

• Hiperparatiroidismo, hipercalcemia

• Li, tricíclicos, Bi

Page 29: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 30: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 31: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Anatomia Patológica: DCJ

Page 32: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Doenças Priônicas: Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis

Doenças Priônicas: Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis

• Grupo de doenças caracterizadas por:

1)progressiva vacuolização, morte neuronal associada a

hipertrofia e proliferação glial

2) presença nos tecidos (principalmente no sistema nervoso)

de um tipo de proteína estruturalmente anormal resistente

a proteases denominada prion (pronuncia-se príon)

• Grupo de doenças caracterizadas por:

1)progressiva vacuolização, morte neuronal associada a

hipertrofia e proliferação glial

2) presença nos tecidos (principalmente no sistema nervoso)

de um tipo de proteína estruturalmente anormal resistente

a proteases denominada prion (pronuncia-se príon)

Page 33: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

DOENÇAS PRIÔNICASDOENÇAS PRIÔNICAS• Acometem animais e seres humanos

• Transmissíveis

• Material transmissor não é inativado por

processos que inativam ácidos nucleicos

• Podem ser hereditárias

– (e, simultaneamente, transmissíveis)

• Acometem animais e seres humanos

• Transmissíveis

• Material transmissor não é inativado por

processos que inativam ácidos nucleicos

• Podem ser hereditárias

– (e, simultaneamente, transmissíveis)

Page 34: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

DOENÇAS PRIÔNICAS HUMANAS

DOENÇAS PRIÔNICAS HUMANAS

• Kuru

• Doença de Creutzfeldt-Jakob

• Doença de Gerstmann-Sträussler-Scheinker

• Insônia Fatal Familial

• Kuru

• Doença de Creutzfeldt-Jakob

• Doença de Gerstmann-Sträussler-Scheinker

• Insônia Fatal Familial

Page 35: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 36: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 37: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 38: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

D. Carleton Gajdusek (1923- )

Prêmio Nobel 1976

Page 39: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Stanley B. Prusiner (1942- )

Prêmio Nobel 1997

Page 40: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

DOENÇAS PRIÔNICASDOENÇAS PRIÔNICASA principal hipótese patogênica baseia-se na

transformação de uma proteína normal (PrPC) em

uma isoforma estruturalmente anormal (PrPSc),

parcialmente resistente a proteases. A PrPSc atua

como uma fôrma (template), transformando mais

unidades de PrPC em PrPSc, que se acumulam no

interior da célula, destruindo-a.

A principal hipótese patogênica baseia-se na

transformação de uma proteína normal (PrPC) em

uma isoforma estruturalmente anormal (PrPSc),

parcialmente resistente a proteases. A PrPSc atua

como uma fôrma (template), transformando mais

unidades de PrPC em PrPSc, que se acumulam no

interior da célula, destruindo-a.

Page 41: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

DOENÇAS PRIÔNICAS EM ANIMAIS

DOENÇAS PRIÔNICAS EM ANIMAIS

• Scrapie (ovinos)

• Encefalopatia do mink (Mustela vison)

• Chronic wasting disease (Cervidae)

• Encefalopatia espongiforme bovina (BSE)

• Encefalopatia espongiforme de felinos

• Encefalopatia espongiforme de ruminantes

selvagens em cativeiro

• Scrapie (ovinos)

• Encefalopatia do mink (Mustela vison)

• Chronic wasting disease (Cervidae)

• Encefalopatia espongiforme bovina (BSE)

• Encefalopatia espongiforme de felinos

• Encefalopatia espongiforme de ruminantes

selvagens em cativeiro

Page 42: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Classificação das Doenças Priônicas Humanas

Classificação das Doenças Priônicas Humanas

• Esporádicas

• Hereditárias

• Adquiridas

• Esporádicas

• Hereditárias

• Adquiridas

Page 43: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Doenças Priônicas Humanas Esporádicas

Doenças Priônicas Humanas Esporádicas

Esporádicas:

Doença de Creutzfeldt-Jakob

Insônia Fatal - Forma esporádica

Esporádicas:

Doença de Creutzfeldt-Jakob

Insônia Fatal - Forma esporádica

Page 44: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Doenças Priônicas Humanas Hereditárias

Doenças Priônicas Humanas Hereditárias

• D. de Creutzfeldt-Jakob familial

• Doença de Gerstmann-Sträussler-Scheinker

• Insônia Fatal Familial

• Atípicas

• D. de Creutzfeldt-Jakob familial

• Doença de Gerstmann-Sträussler-Scheinker

• Insônia Fatal Familial

• Atípicas

Page 45: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Doença de Creutzfeldt-Jakob Familiar

Doença de Creutzfeldt-Jakob Familiar

10 - 15% casos

Autossômica dominante

• Início mais precoce

• Duração mais longa

10 - 15% casos

Autossômica dominante

• Início mais precoce

• Duração mais longa

Page 46: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 47: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Doença de Creutzfeldt-Jakob Familial

Doença de Creutzfeldt-Jakob Familial

R.Nitrini

Codon 183

Início 44 anos

Duração de 4 anos

Alteração precoce da personalidade

Demência fronto-temporal

R.Nitrini

Codon 183

Início 44 anos

Duração de 4 anos

Alteração precoce da personalidade

Demência fronto-temporal

Page 48: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Anatomia Patológica:

DCJ (mutação T183A)

Anatomia Patológica:

DCJ (mutação T183A)

Page 49: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 50: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Predominância de homozigose Predominância de homozigose

Está relacionado com a variabilidade do quadro

clínico, da evolução e dos achados anatomo-

patológicos.

Está relacionado com a variabilidade do quadro

clínico, da evolução e dos achados anatomo-

patológicos.

Polimorfismo no codon 129

Pop. Caucasiana: 37% M/M

51% M/V

12% V/V

Polimorfismo no codon 129

Pop. Caucasiana: 37% M/M

51% M/V

12% V/V

DCJ esporádico

DCJ iatrogênico

DCJ esporádico

DCJ iatrogênico

Page 51: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.
Page 52: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Dois subtipos moleculares de proteína priônica

• Tipo 1 – cerca de 2/3 dos casos (casos mais típicos)

• Tipo 2 – menos de 1/3 –exames (14-3-3, EEG, MRI) menos conclusivos ou negativos; clinicamente atípicos; evolução mais longa

Page 53: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Exames (%) de acordo com subtipo de PrP e polimorfismo no códon 129

EEG TÍPICO 14-3-3 +

MM1 72,8 91,2

MV1 52,9 86,2

VV1 41,7 90,0

MM2 44,4 60,9

MV2 17,5 70,6

VV2 12,8 95,2

Page 54: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Doenças Priônicas Humanas Adquiridas

Doenças Priônicas Humanas Adquiridas

Adquiridas

Kuru

Doença de Creutzfeldt-Jakob

- forma iatrogênica

Nova variante da doença de Creutzfeldt-

Jakob

Adquiridas

Kuru

Doença de Creutzfeldt-Jakob

- forma iatrogênica

Nova variante da doença de Creutzfeldt-

Jakob

Page 55: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Doença de Creutzfeldt-Jakob Iatrogênica

Doença de Creutzfeldt-Jakob Iatrogênica

Transplante de córnea

Hormônio de crescimento de cadáveres

Aloenxertos de dura-máter

Eletrodos intracorticais

Transplante de córnea

Hormônio de crescimento de cadáveres

Aloenxertos de dura-máter

Eletrodos intracorticais

Page 56: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

NOVA VARIANTE DA

DOENÇA DE

CREUTZFELDT - JAKOB

NOVA VARIANTE DA

DOENÇA DE

CREUTZFELDT - JAKOB

Page 57: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Nova Variante da DCJNova Variante da DCJ

• 1986 - primeiros casos de Encefalopatia

espongiforme bovina (BSE)

• 1988 - proibido uso de ração com proteína

animal; notificação compulsória de BSE

• 1986 - primeiros casos de Encefalopatia

espongiforme bovina (BSE)

• 1988 - proibido uso de ração com proteína

animal; notificação compulsória de BSE

Page 58: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Nova Variante da DCJNova Variante da DCJ

• 1990 - Centro de controle de unificado para

doenças priônicas humanas na GB

• 1995 - Casos de DCJ atípicos (nvDCJ)

• 1997 - Demonstrado vínculo nvDCJ-BSE

• 1990 - Centro de controle de unificado para

doenças priônicas humanas na GB

• 1995 - Casos de DCJ atípicos (nvDCJ)

• 1997 - Demonstrado vínculo nvDCJ-BSE

Page 59: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Will, R. World Congress of Neurology, Sydney, November 2005.

Page 60: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

vDCJna Grã-Bretanha (até setembro de 2006) N=156

1995 3

1996 10

1997 10

1998 18

1999 15

2000 28

2001 20

2002 17

2003 18

2004 9

2005 5

2006 (até 29/09) 3

Page 61: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

vDCJ fora da Grã-Bretanha (até outubro de 2005)

Outros 10 países:

França (9) USA

Portugal Itália

Holanda Irlanda

Espanha Japão

Canadá Ar. Saudita

Page 62: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Transmissão da vDCJ

• Não há evidência de transmissão placentária: 9 casos de parto na vigência de vDCJ. Crianças sem a doença, com idades < 10 anos (Will, 2005)

• Um caso de vDCJ pós-transfusão (Llewelyn et al., Lancet 2004)

• Outro caso pós-transfusão com PrPSc no baço e linfonodo cervical (sem doença clínica; era heterozigoto no codon 129)

Page 63: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Diferenças entre a DCJ esp. e a nvDCJESPORÁDICA NOVA

VARIANTEMédia de idade de óbito

66 anos 29 anos

Mediana da duração

4 meses 13 meses

Hipersinal na RM

Caudado e putâmen (60%)

Tálamo (pulvinar) (90%)

14-3-3 no LCR Mais de 90% 50%Imunohistoquím. (Tonsilas)

Negativa Positiva

EEG Típico (70%) Típico (0%)

Will, R. World Congress of Neurology, 2005

Page 64: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

Collie et al. AJNR, 2003

Page 65: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

TRATAMENTO

• Não há tratamento recomendado para as doenças priônicas. Para as adquiridas, prevenção é essencial

• Tem sido proposto o emprego de quinacrina e flupirtina para a DCJ mas os efeitos são muito discretos e/ou duvidosos

Page 66: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

TRATAMENTO

• Maleato de Flupirtine– Analgésico não-opióide– Efeito citoprotetor in vitro e in vivo sobre

neurônios que foram induzidos à apoptose.

• Quinacrina + Clorpromazina na DCJ

Page 67: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

CONCLUSÕESCONCLUSÕES

Doenças priônicas humanas:Doenças priônicas humanas:

• são encefalopatias transmissíveis, geralmente são encefalopatias transmissíveis, geralmente

espongiformes espongiformes

• podem ser esporádicas, adquiridas ou podem ser esporádicas, adquiridas ou

hereditáriashereditárias

• são raras; a mais freqüente é a DCJsão raras; a mais freqüente é a DCJ

Doenças priônicas humanas:Doenças priônicas humanas:

• são encefalopatias transmissíveis, geralmente são encefalopatias transmissíveis, geralmente

espongiformes espongiformes

• podem ser esporádicas, adquiridas ou podem ser esporádicas, adquiridas ou

hereditáriashereditárias

• são raras; a mais freqüente é a DCJsão raras; a mais freqüente é a DCJ

Page 68: Ricardo Nitrini Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Departamento de Neurologia da FMUSP CEREDIC - Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos.

CONCLUSÕESCONCLUSÕES

Doenças priônicas humanas:Doenças priônicas humanas:• Incluem, além da DCJ, kuru, GSS e IFF.Incluem, além da DCJ, kuru, GSS e IFF.• A nova variante da DCJ merece cuidados A nova variante da DCJ merece cuidados

especiais de acompanhamento epidemiológicoespeciais de acompanhamento epidemiológico• Ainda não existe tratamento específicoAinda não existe tratamento específico• Outras doenças podem ter etiopatogenia similarOutras doenças podem ter etiopatogenia similar

Doenças priônicas humanas:Doenças priônicas humanas:• Incluem, além da DCJ, kuru, GSS e IFF.Incluem, além da DCJ, kuru, GSS e IFF.• A nova variante da DCJ merece cuidados A nova variante da DCJ merece cuidados

especiais de acompanhamento epidemiológicoespeciais de acompanhamento epidemiológico• Ainda não existe tratamento específicoAinda não existe tratamento específico• Outras doenças podem ter etiopatogenia similarOutras doenças podem ter etiopatogenia similar