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Rio de Janeiro, quarta-feira, 15 de abril de 2020 www.jornalcorreiodamanha.com.br Presidente: Cláudio Magnavita Ano CXVIII Nº 23.479 COLUNA MAGNAVITA - PÁGINA 3 E PÁGINA 4 De saída, Mandetta estica a corda e ameaça governo Fundado em 15 de junho de 1901 Fundador: Edmundo Bittencourt EDIÇÃO EXPRESSA Edição Finalizada: 20h50 A exemplo do que acon- tece nos EUA, com Trump, a Azul pede ao presidente Jair Bolsonaro apoio para supe- rar a crise provocada no setor aéreo pela pandemia de coro- navírus. “Não podemos ter desvantagem mundialmente só porque estamos no Brasil”, afirma o presidente da empre- sa, John Rodgerson. A Azul espera ajuda do BNDES. Página 8 Divulgação Reprodução Divulgação Morre no Rio o escritor Rubem Fonseca PÁGINA 10 CORONAVÍRUS NO BRASIL CONFIRMADOS 28,3 1,7 MORTOS MIL MIL 66,6%: recorde de famílias com dívidas Ídolos da música tocam em festival online Funerais pós-Covid afetam famílias Empresa só concorre se voar no azul Contra a barriga vazia, Rio oferece prato cheio OMS critica decisão dos EUA PÁGINA 12 PÁGINA 10 PÁGINA 11 PÁGINA 6 PÁGINA 9

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Rio de Janeiro, quarta-feira, 15 de abril de 2020 www.jornalcorreiodamanha.com.br Presidente: Cláudio Magnavita Ano CXVIII Nº 23.479

COLUNA MAGNAVITA - PÁGINA 3 E PÁGINA 4

De saída, Mandetta estica a corda e ameaça governo

Fundado em15 de junho de 1901

Fundador:Edmundo Bittencourt

E D I Ç Ã O E X P R E S S A

Edição Finalizada:

20h50

A exemplo do que acon-tece nos EUA, com Trump, a Azul pede ao presidente Jair Bolsonaro apoio para supe-rar a crise provocada no setor aéreo pela pandemia de coro-navírus. “Não podemos ter desvantagem mundialmente só porque estamos no Brasil”, afirma o presidente da empre-sa, John Rodgerson. A Azul espera ajuda do BNDES.

Página 8

Divulgação

Reprodução

Divulgação

Morre no Rio o escritor Rubem Fonseca

PÁGINA 10

CORONAVÍRUS NO BRASIL

CONFIRMADOS

28,3 1,7MORTOS

MIL MIL

66,6%: recorde de famílias com dívidas

Ídolos da música tocam em festival online

Funerais pós-Covid afetam famílias

Empresa só concorre se voar no azul

Contra a barriga vazia, Rio oferece prato cheio

OMS critica decisão dos EUA

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2 Quarta-feira, 15 de abril de 2020OPINIÃO

Uma boa chance para voltar a ouvir a razão

EDITORIAL

Com o governador Wilson Witzel cuidando de sua saúde e com todos torcendo pela sua breve recuperação, será um bom momen-to para ele reavaliar o que está ocor-rendo no seu entorno e prejudican-do o seu futuro político.

Nestas horas, em que a fragi-lidade humana nos rouba o ar de super-homem, em que tudo pode-mos, o que tudo temos é uma chan-ce de reflexão pessoal e até existen-cial do fato histórico de comandar, por exemplo, o estado do Rio em um momento tão delicado da his-tória da humanidade.

As denuncias que pipocaram nas últimas semanas, envolvendo as contratações na área da saúde e, principalmente, por estarem fun-damentadas por um forte trabalho investigativo de alguns jornalistas,

especialmente o nosso colega Ru-ben Berta (o Correio da Manhã não se cansará de reconhecer o mérito deste profissional), e com a omis-são preocupante de outras grandes jornais do Rio, merecem ser inves-tigadas, convocando-se uma força tarefa que envolva o Ministério Público, Tribunal de Contas do Es-tado, Tribunal de Justiça, Contro-ladoria Geral do Estado, para que previamente analisem cada compra sem licitação, principalmente as de valores significativos.

Passado este susto, talvez tenha-mos um governador mais propício a ouvir, não aquilo que gostaria, mas o que precisa ser dito. O suces-so do Governo do Rio é o sucesso de todos nós e o fracasso do gover-no é um novo mergulho em um abismo de corrupção.

NANI

Não de hoje alguns escritores mais sensíveis refletem sobre as grandes tragédias de que a hu-manidade é acometida. Stefan Zweig, escritor universal de lín-gua alemã, morou em Petrópo-lis e escreveu o livro “Brasil do Futuro”. Segundo ouvi do seu biógrafo, Alberto Dines, Zweig teria dito que os horrores da guerra lhe sopraram felicidades insuspeitas ao aportar no Bra-sil. Aliás, em icônica palestra na ABI ele emitiu frase polêmica, “Saí do terror para entrar no es-plendor”.

Para mim, a Peste que nos aflige poderá levantar os véus espessos de um Brasil profun-do, pouco desvendado na misé-ria, na fome e na infraestrutura. Mas geralmente surpreendente a quem (a minoria) é capaz de en-xergar grandeza na solidariedade de que o povo brasileiro é capaz.

Este viés de compaixão e pu-reza voluntárias, que estão a se revelar em número surpreenden-te, nada tem a ver com a máqui-na burocrática.

A cada eleição os candida-tos se comprometem priorita-riamente com saúde, educação e segurança, sendo a primeira a mais solicitada pelo eleitor. O país estarrecido está compro-vando agora a falta de material para os hospitais do Brasil. São de comover os clamores públi-cos do pessoal da enfermagem, que reivindica o que deveria ter: máscaras, luvas e assepsia total. Aliás, o cúmulo das carências hospitalares provoca o desespero dos infectados.

O lado escuro da burocra-cia estatal não me aprazaria sublinhar. Muito mais justo é comentar esforços individuais dos voluntários, o melhor neste pior em que gravitamos. Gente solidária que agora se multiplica “como flores adubadas pelo es-trume cheiroso das almas claras,

tal como nuvens de algodão”, fra-se cunhada pelo escritor católico Alceu de Amoroso Lima, quan-do Presidente do Centro Dom Vital.

É esse Brasil invisível que está a se descerrar aos nossos olhos.

Há dias li que um jovem po-bre e desempregado foi entrevis-tado quando visto trabalhando 12 horas por dia na Rocinha. Ele organizava sacolas de comi-da para quem nada tinha o que comer. Questionado, veio res-posta piedosa e bela do jovem de 19 anos – “olha aqui, não traba-lho não a troco de nada. É claro que sou muito bem pago quan-do vejo essas crianças famintas, que podiam ser meus irmãos, de barriga cheia. E felizes, mesmo na miséria e na fome que lhes é comum.”

Com o confinamento das cidades, a economia parou. Vejo tempos ainda mais temerários se avizinharem. Mas também com-provo o crescimento da solida-riedade da população, fato reve-lador da alma brasileira que jazia em sombras. Ouso avaliar que a pandemia absorverá mensagens

a serem decifradas para melho-rar a qualidade da vida no plane-ta. Um protesto mundial deverá abrir os olhos de países podero-sos que dão petulantemente de ombros com a destruição de suas riquezas naturais. Eles, os ricos, impõe combustíveis fosseis, en-venenando o ar que respiramos, destruindo o frescor e a limpeza dos rios e da água dos oceanos, incendiando florestas...

Esforço-me para acreditar que a cooperação entre as na-ções será o melhor destino do bicho-homem. Creio que já em risco de ser varrido do planeta. No Brasil, as mazelas e injustiças para com os mais pobres “clama aos céus e macula em negror as consciências”, como proclamou Santo Agostinho, indignação depois repetida pelo poeta Jorge de Lima.

Volto a Zweig para relacionar estados díspares de sentimentos como o terror e o esplendor. Afi-nemos gritos de protestos para exigir que a face do terror desta pandemia possa deixar aflorar a face do esplendor. O sol dando fim à treva.

Ricardo Cravo Albin

O impensável: a pandemia revela o Brasil

Direção Executiva: Cláudio Magnavita (Editor Chefe) Fernando Vale Nogueira (Editor Executivo) [email protected]ção Edição Expressa: José Aparecido Miguel Redação: Affonso Nunes, Gabriel Moses, Guilherme Cosenza, Ive Ribeiro, Marcelo Perillier, Marcio Corrêa e Pedro Sobreiro. Estagiários: João Victor Ferreira e Willian Cobian. Serviço noticioso: Folhapress e Agência BrasilOperações: Bruno Portella. Projeto Gráfico e Arte: Leo Delfino (Designer)

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Fundado em 15 de junho de 1901

Edmundo Bittencourt (1901-1929)Paulo Bittencourt (1929-1963)Niomar Moniz Sodré Bittencourt (1963-1969)

Os artigos publicados são de exclusiva responsabilidade dos autores e não necessariamente refletem a opinião da direção do jornal.

Agência Brasil

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Quarta-feira, 15 de abril de 2020 3POLÍTICA

Agência Brasil

[email protected]

Por Cláudio Magnavita*

Há uma máxima na medicina de que todo o médico ortopedis-ta é grosso, truculento e bruto. Não é função para pessoas sensí-veis e delicadas. Não se trata de nenhum demérito à especialida-de, mas um pré-requisito até para um bom ortopedista.

Foi exatamente esta a espe-cialidade que o acadêmico da Gama Filho do Rio, Luiz Hen-rique Mandetta, escolheu para seguir a sua carreira.

Nos últimos dias ele tem exercido com perfeição o papel truculento nas relações quem emanavam a sua fonte de poder.

Nunca um brasileiro jogou fora uma oportunidade histórica por puro egocentrismo e a inca-pacidade de perceber que parte da bajulação que recebia tinha um objetivo único: ferrar o seu chefe, constranger aquele que o ungiu ao cargo mais importante da saúde no Brasil.

Por ter tido dois mandatos de deputado e por ter tido duas campanhas financiadas por pa-trocinadores, que depois vira-ram fornecedores do próprio Ministério sem ter licitação, não se pode dizer que Mandetta foi um inocente útil na mão de uma oposição velada, e por parte da mídia que quer implodir a popu-laridade de Bolsonaro.

O certo é que o ministro foi

inábil, partiu para o confronto, acreditando que em plena crise ninguém seria capaz de exonerá--lo. O apoio que recebeu de cole-gas e até da turma verde-amarela do Palácio se esfacelou por pura deslealdade.

Faltou humildade a Mandet-ta, faltou perceber que ele não era mais detentor de um manda-to, no qual teria imunidade por fazer e desfazer ao bel prazer.

Ele estava preso a uma cadeia de comando, a uma delegação de

seus pontos de vista? Não po-deria usar a sua eloquência para equilibrar os ritos do poder?

Por que ser irônico? Por que se aliar a inimigos? Será que o cansaço e o esgotamento físico levaram um tarimbado homem público a perder o dom do di-álogo?

Mandetta cometeu todos os pecados que um ocupante de uma função de confiança não deveria cometer. Desafiou pu-blicamente o chefe. Foi desleal

poderes, a uma hierarquia que um dia o nomeou e, como fala-mos antes, o ungiram ao cargo mais alto da saúde do país. E o que ele fez? Passou os últimos dias, destruindo os tênues fios que o ainda o sustentavam.

Como um médico, um brasi-leiro, um pseudo apaixonado pela ciência, joga fora a maior oportu-nidade de sua vida por simples orgulho? Por vaidade. Ele não poderia ter usado o seu charme para convencer o presidente dos

com os colegas que enfrenta-ram o presidente e avalizaram sua permanência. Foi desleal com o seu currículo, jogando fora o julgamento de Hipócra-tes, pilotando o maior plano de emergência de saúde da história da humanidade.

Ele vai sair do Governo e vai se abrigar em São Paulo ou em Goiás, atrás de uma trincheira nitidamente de oposição. Será julgado pela história não pela sua capacidade de tentar acertar, mas de não ter a humildade e o jogo de cintura para permanecer em uma função que o destino lhe deu e que, por burrice política, deixou escapar pelas mãos.

A história será implacável, mas o carimbo de traidor e, so-bretudo de ingrata esta fixado em seu currículo. Um ministro que durante semanas fritou o seu próprio presidente e que foi incapaz de perceber que estava fazendo o jogo de uma oposição inconformada de ter no Palácio do Planalto um homem dispos-to a quebrar paradigmas, aca-bar com privilégios e que, pela primeira vez, deu carta branca e porteira fechada a todos os seus ministros. Infelizmente, no caso do ortopedista Luiz Henrique Mandetta, ele não soube usar..

Cláudio Magnavita é diretor de Redação do

Correio da Manhã

Mandetta, o ingrato!Ministro entrará para a história como o homem que tentou fritar quem o nomeou e jogou uma oportunidade única de escrever seu nome nos anais da medicina.

“MANDETTA COMETEU TODOS OS

PECADOS QUE UM OCUPANTE DE

UMA FUNÇÃO DE CONFIANÇA NÃO

DEVERIA COMETER. “

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4 Quarta-feira, 15 de abril de 2020

CORREIO NACIONALOs passageiros sumiram

também dos trens, metrôs e VLT

TCU no youtube

28 MPS

Mais bolsas

Despejos adiados

A redução de passagei-ros no sistema metroferro-viário do país, por causa da pandemia de corona-vírus, provocou um  défi-cit  de R$ 933 milhões na receita tarifária de metrôs, trens urbanos e Veículo Leve sobre Trilhos. A con-clusão é de estudo feito pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), que analisou o período a partir de 16 de março e o mesmo período de 2019.

Em março do ano pas-sado, os sistemas metro-viários transportaram 250

A partir do dia 22/4, as sessões plenárias do Tri-bunal de Constas da União vão ocorrer de forma te-lepresencial, por meio da plataforma Teams. A trans-missão será feita pelo ca-nal do TCU no YouTube. A medida está prevista na Resolução nº 314/2020. Pela primeira vez, também, a sessão plenária será transmitida ao vivo.

A Presidência da Repú-blica já editou 28 medidas provisórias, desde feverei-ro, destinadas ao  combate à pandemia de coronaví-rus.  Desse total, 11 abrem créditos extraordinários para o enfrentamento da pande-mia e de seus impactos na economia. As medidas provi-sórias (MPs) são normas com força de lei que produzem efeitos jurídicos imediatos.

A Coordenação de Aper-feiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) divul-gou hoje (15) que oferecerá mais 850 bolsas de pós-gra-duação para pesquisadores interessados em desenvol-ver produtos e soluções re-lacionados à pandemias. A iniciativa é a segunda etapa do Programa Estratégico Emergencial inaugurado em abril de 2020.

O Projeto de Lei 1179/20 institui regras transitórias para as rela-ções jurídicas privadas durante a pandemia de Covid-19, como contratos, direito de família, relações de consumo e entre con-dôminos.Entre outros pon-tos, a proposta suspende, até 30 de outubro, a con-cessão de liminares para despejo de inquilinos.

milhões de passageiros. Em março deste ano, o nú-mero caiu para 98 milhões, informou o presidente do Conselho da ANPTrilhos, Joubert Flores.

Para abril, a projeção é que sejam transportadas apenas 50 milhões de pes-soas. “Quer dizer, 79% a 80% a menos do que nor-malmente transportamos. O impacto é direto na re-ceita”. O cenário deverá se repetir no mês de maio. A ideia é buscar um meca-nismo de financiar capital de giro nos meses de crise, para que a situação possa ser retomada depois.

O ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) afirmou nes-ta quarta-feira (15) que, quando deixar o ministério, sairá junto com o secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira, e com o secretário executivo da pasta, João Gabbardo.

“Estamos aqui eu, Wander-son e Gabbardo. Entramos jun-tos, estamos juntos e sairemos do ministério juntos”, declarou o ministro, em coletiva de im-prensa no Palácio do Planalto. “Vamos trabalhar juntos até o momento de sairmos juntos do Ministério da Saúde.”

O ministro passa por um processo de fritura e avisou alia-dos que deve ser demitido no posto. Ele não disse na coletiva, no entanto, quando seu desliga-

Mandetta estica a cordaMinistro afirma que sua equipe deixa o Governo com sua saida

NACIONAL

mento ocorrerá.Wanderson chegou a pe-

dir demissão nesta quarta, mas Mandetta não aceitou o pedido. Já Gabbardo era um dos nomes especulados como um possível substituto “tampão” para a che-fia do ministério.

Mandetta avisou sua equipe na noite desta terça-feira (14) que Bolsonaro já procura um nome para o seu lugar. O minis-tro conversou com integrantes da pasta em clima de despedida e avisou que combinou de esperar a escolha do substituto.

O ministro afirmou a interlo-cutores que cometeu um erro ao dar a entrevista ao Fantástico no último domingo (12), com uma série de críticas indiretas ao pre-sidente Jair Bolsonaro (sem par-

tido), e reconheceu que, diante disso, seu cargo está novamente ameaçado.

Depois de escapar na semana passada de uma demissão que muitos consideravam certa, o ministro foi avisado que sua sa-ída do governo federal voltou a ser uma possibilidade nos próxi-mos dias.

Além da visível perda de sus-tentação entre os militares, que consideraram o tom da entrevis-ta um ato de insubordinação, Na entrevista à TV Globo, domin-go, Mandetta disse que a popu-lação não sabe se deve seguir as recomendações do Ministério da Saúde (favorável ao isolamento social) ou de Bolsonaro (crítico de medidas como o fechamento de comércios, por exemplo).

Quatro meses depois da decisão da Justiça, a Mesa Di-retora do Senado decidiu nesta quarta-feira (15), por quatro votos a um, declarar a perda de mandato da Juíza Selma (Po-demos-MT). A senadora teve o mandato cassado na primei-ra quinzena de dezembro pela Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico e caixa dois na campanha eleitoral de 2018. A senadora se elegeu pelo PSL adotando um forte discurso de combate à corrupção, o que lhe rendeu o apelido de “Moro de saia” -em referência a Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato e mi-nistro da Justiça.

Diante da decisão, o TSE de-terminou a realização de novas eleições, que estão previamente marcadas para o final deste mês. O afastamento da senadora de suas funções legislativas, contu-do, ainda dependia do aval da Mesa Diretora da Casa.

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na madru-gada desta quarta-feira (15), a Medida Provisória 905/19, que cria o contrato de trabalho Verde e Amarelo. Aprovada na forma de uma emenda do relator, depu-tado Christino Aureo (PP-RJ), a medida precisa ser analisada ainda pelo Senado. A MP perde a vigência no próximo dia 20.

Entre outros pontos, o texto prevê incentivo para o primeiro emprego, com a redução de en-cargos trabalhistas; considera aci-dente de trabalho no percurso ca-sa-emprego somente se ocorrer no transporte do empregador; e colo-ca acordos coletivos acima de juris-prudência e súmulas do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Para conseguir mais apoio à votação da matéria, o relator fez várias mudanças em relação ao projeto de lei de conversão apro-vado pela comissão mista no dia 17 de março.

O Ministério da Infraestru-tura enviou na terça-feira (14) ao Tribunal de Contas da União (TCU) o projeto de concessão de três rodovias federais, num segmento que liga Anápolis (GO) a Aliança do Tocantins (TO), um dos principais cor-redores de integração do meio--norte com o centro-sul do país. Esta será a primeira rodovia con-cedida pelo governo em modelo híbrido, que tem como principal critério para o leilão a combina-ção entre o menor valor de tarifa e maior valor de outorga fixa. Segundo o ministério, a inten-ção é preservar os investimentos contra lances muito agressivos e que podem inviabilizar a saúde financeira da concessionária. A concessão abrange 850,7 km, dos quais 623,4 km  devem ser duplicados, segundo o projeto. Estão previstos R$ 8,46 bilhões de investimentos e R$ 6,17 bi-lhões em custos operacionais.

‘Moro de Saias’ perde mandato de senadora

Contrato Verde Amarelo aprovado na madrugada

Governo avança com projeto de concessões

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6 Quarta-feira, 15 de abril de 2020

CORREIO CARIOCAPM e LBV realizam arrecadação

em 28 pontos das UPPs

Cremação

Segunda etapa

Cartão Família

Alerj a Jato

A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) da Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro iniciou esta semana a campanha hu-manitária “Todos contra o coronavírus”. A cam-panha tem o objetivo de arrecadar cestas básicas – compostas de alimentos não perecíveis, materiais de limpeza e produtos de higiene pessoal – para

A Assembleia Legisla-tiva do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, em discussão única, nes-ta quarta-feira (15/04), o projeto de lei 2.132/2020, que autoriza a cremação de mortos pela Covid-19 durante a pandemia, des-de que solicitada pelos parentes. O texto seguirá para o governador Wilson Witzel, que tem até 15 dias úteis para sancionar ou vetar.

A Prefeitura do Rio dá início nesta quin-ta-feira, 16 de abril, à segunda fase da Cam-panha Nacional de Vaci-nação contra a Influenza forças de segurança e salvamento, portadores de doenças crônicas, funcionários do sistema prisional, internos do sistema prisional, cami-nhoneiros, motoristas de transporte coletivo e portuários.

Mudança na Lei nº 5.358/2011 aprovada pela Câmara Munici-pal amplia o rol de be-neficiários do Cartão Família Carioca. Em segunda discussão, os vereadores aprova-ram o Projeto de Lei, que inclui no programa trabalhadores autôno-mos, ambulantes ou in-formais, bem como os microempreendedores individuais.

O presidente da Alerj, deputado André Seciliano aprovou em seção única dia, na terça (14), 12 pro-jetos de lei apresentados pelos deputados para contribuir com o combate à pandemia. Entre eles a obrigatoriedade de distri-buição de equipamentos de proteção individual para trabalhadores de serviços essenciais e a prioridade para idosos em serviços de entrega em domicílio.

distribuí-las às famílias cadastradas nos projetos sociais de prevenção. Re-alizada em parceria com a Legião da Boa Vontade (LBV), a campanha dis-ponibilizou 28 pontos de arrecadação, localizados nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Os postos de arrecadação es-tarão funcionando durante os próximos 15 dias.

RIO

A Prefeitura do Rio tomou duas medidas importantes para garantir que a população não tenha dificuldade para fazer suas   refeições, todos os dias da semana, durante esse período de quarentena, Des-de o último fim de semana, as unidades passaram a ficar abertas, de 11h às 14h, no sis-tema de venda de quentinhas, a R$ 2. Só no último fim de semana, foram 2.241 refeições vendidas.

Já a abertura do terceiro turno começou no dia 25 de março. Os restaurantes populares municipalizados, que ficam nos bairros de Bangu, Campo Grande e Bonsucesso, passaram a abrir para o jantar, de 17h às 20h.

Prato cheio todo os dias46 mil refeições nos restaurantes populares em duas semanas

Até agora, 6.406 jantares fo-ram servidos.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação, que gerencia os restaurantes, contabiliza nú-meros ainda mais expressivos. Desde que começaram a fun-cionar em três turnos, Bangu, Bonsucesso e Campo Grandes serviram 46.013 refeições, en-tre almoço e jantar.

A iniciativa, também, tem o objetivo de ajudar pessoas do grupo de risco e com di-ficuldade de locomoção, que vivem nas comunidades e de-vem evitar sair, como preven-ção contra o coronavírus.  “Os representantes das associações de moradores poderão com-prar até 100 quentinhas para

entregar nas residências dessas pessoas”, explica o secretário da SMDEI, Cláudio Souza.

FIM DE SEMANA- As pessoas compram

quentinhas e levam para casa. Cada um pode comprar até quatro refeições e o valor é o mesmo cobrado no almoço e no jantar, durante a semana: dois reais, cada. Representan-tes das Associações de Mora-dores podem comprar até 100 quentinhas para entregar nas residências de moradores de suas localidades, em especial, os dos grupos de risco. Para isso, deve fazer o pedido até 48h antes do dia em que for retirar no restaurante de sua preferência.

A Secretaria de Seguran-ça, Serviços e Ordem Pública (SSOP) de Petropolis . au-tuou em flagrante as unida-des do bairro Alto da Serra e da Rua Coronel Veiga das Lojas Americanas, pelo des-cumprimento dos decretos 1.103 e 1.108, no que diz res-peito ao controle do atendi-mento para evitar aglomera-ções. Além das duas lojas uma barbearia e dois bares foram autuados nos distritos.

As lojas foram flagradas descumprindo o artigo 2º do decreto municipal nº 1.103, que determina em seu inci-so terceiro que “os estabele-cimentos que continuarem funcionando deverão adotar medidas para evitar aglomera-ções e interações prolongadas, além das estritamente neces-sárias entre os consumidores”.

O  Detran.RJ vai liberar o parcelamento das multas de trânsito no cartão de crédito em até 12 vezes. Outros débi-tos dos veículos, como o seguro obrigatório DPVAT, também poderão ser parcelados nas mesmas condições.

O parcelamento será feito por instituições que se creden-ciarão junto ao departamento nos próximos 30 dias. O presi-dente do Detran.RJ,  Antonio Carlos dos Santos,  acredita que essa medida seja importante para ajudar a população fluminense também na recuperação econô-mica após o enfrentamento do novo coronavírus.

-  Em tempos de crise como a que estamos passando, preci-samos estar atentos a todas as possibilidades para amenizar a situação financeira da população - afirmou Santos.

A Secretaria Municipal de Edu-cação do Rio, lançou nesta quarta--feira, (15), aulas de inglês e espa-nhol no Aplicativo SME Carioca 2020, com conteúdo pedagógico para os alunos da Rede Municipal de Ensino continuarem estudando durante o período de quarentena já tem mais de 2,2 milhões de acessos, e oferece aulas para todos os seg-mentos, da Educação Infantil ao Programa de Jovens e Adultos.

O aplicativo já foi visualizado em outros países como Estados Unidos, Canadá, Argentina, Fran-ça, Portugal, Espanha, Alemanha, Japão, México, entre outros, e de diversos estados do Brasil e de outros municípios do Rio de Ja-neiro. O conteúdo está atualizado, ganhando novas atividades a cada semana.O Aplicativo, ser baixado via celular e computador pelo en-dereço eletrônico  https://app.vc/smecarioca2020.

Lojas Americanas autuada em Petrópolis

Multas do Detran em até 12 vezes

APP do Rio faz sucesso até no exterior

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Quarta-feira, 15 de abril de 2020 7

É falsa a informação de que o Brasil é o único país do mundo a registrar protestos contra o isola-mento social em função da pande-mia do novo coronavírus. Estados Unidos, Canadá e Israel são algu-mas nações que tiveram manifesta-ções semelhantes.

No mês passado, em Israel, centenas de manifestantes ultra-ortodoxos também protestaram contra as medidas de quarentena impostas pelo governo. O protesto aconteceu no bairro de Mea She-arim, em Jerusalém. Na Índia, mi-grantes se manifestaram contra a extensão do bloqueio. O primeiro--ministro do país, Narendra Modi, ampliou na terça-feira (14) as me-didas de isolamento no país de 1,3 bilhão de habitantes até 3 de maio. 

A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Orçamento de guerra foi aprovada, em primeiro turno, nesta quarta-feira (15), no Senado com limitações aos super-poderes do BC (Banco Central) durante a crise. A proposta deverá voltar à análise dos senadores nesta sexta-feira (17), para votação em segundo turno. O texto aprovado foi relatado, com alterações em relação à proposta enviada pela Câmara, pelo senador Antonio Anastasia (PSD-MG). A nova ver-são ganhou o apoio de 58 senado-res e 21 foram contrários. A PEC restringiu ainda mais a atuação do BC durante a crise. O texto veta o uso de dinheiro da autoridade mo-netária para lucro e dividendos de bancos.

  A cotação comercial do dólar teve a terceira alta seguida nesta quarta-feira (15), com valorização de 1%, a R$ 5,2430, maior valor desde 6 de abril. Já o Ibovespa teve queda de 1,36%, a 78.831 pontos. Assim como as principais Bolsas globais, a queda refletiu a aceleração no número de mortes pela Covid-19 na França e Inglaterra e primeiros registros do impacto da quarentena na economia americana.

O resultados trimestrais de gran-des bancos americanos vieram abai-xo do esperado, com queda no re-torno dos investimentos e aumento das provisões contra calotes devido à crise. Nesta quarta, o Fed, divulgou que a produção industrial americana despencou 6,3% em março, a maior queda desde fevereiro de 1946.

Rubinho Barsotti, fundador e baterista do Zimbo Trio, morreu na madrugada desta quarta (15), aos 87 anos, em São Paulo. O mú-sico morreu por causa de compli-cações de uma cirurgia no fêmur que realizou na semana passada. Considerado um dos maiores bate-ristas do Brasil, Rubinho se juntou ao pianista Amilton Godoy e ao baixista Luís Chaves –que morreu em 2007– para formar o Zimbo Trio, em 1964. Eles fizeram parte do programa “O Fino da Bossa”, da TV Record, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues, em 1965. Ao longo da carreira, o trio criou novas concepções rítmicas e har-mônicas, marcando a música brasi-leira. Eles também se apresentaram ao lado de grandes nomes do jazz. 

A Justiça Federal no Distrito Federal proibiu, nesta quarta-feira (15), bancos de aumentar taxas de juros ou ampliar exigências para concessão de crédito durante a cri-se do novo coronavírus. A decisão provisória atendeu pedido feito em uma ação popular contra a União e o presidente do Banco Central, Ro-berto Campos Neto. Cabe recurso.

O processo foi ajuizado pelo presidente do PDT (Partido De-mocrático Trabalhista), Carlos Lupi. A decisão vale para todo o país.

“De nada adianta a criação de norma para ampliação de crédito, se esse crédito não circula” escreveu o juiz Renato Coelho Borelli, da 9ª Vara Cível da Justiça Federal do Distrito Federal.

Brasil não é oúnico país a

registrar protestos

Aprovado a PEC do Orçamento de

guerra em 1º turno

Dólar sobe 1% e vai a R$ 5,24;

Bolsa cai 1,36%

Rubinho Barsotti, baterista e fundador

do Zimbo Trio

Bancos proibidos de aumentarem juros na crise

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8 Quarta-feira, 15 de abril de 2020ECONOMIA

CORREIO ECONÔMICO

O presidente do Santan-der, Sérgio Rial, defendeu que as grandes empresas listadas em Bolsa emitam dívidas que possam ser con-vertidas em ações na hora do pagamento (os chamados tí-tulos conversíveis) para fazer frente à atual crise.

O título conversível per-mite ao investidor que apli-car dinheiro em uma empre-sa comprando uma dívida, converter esse título em par-ticipação acionária. Dessa forma, ele é pago não neces-sariamente com dinheiro e juros, mas com ações dessa companhia.

Segundo Rial, o sistema financeiro não tem condi-ções de ajudar todos os se-tores do país e, agora, as dis-cussões acerca das reformas necessárias para retomada econômica também englo-

bam os segmentos que mais estão sofrendo com a crise do novo vírus, como é o caso das companhias aéreas e do varejo não essencial.

A estimativa do presi-dente do Santander é que as empresas de aviação estejam gastando entre R$ 70 mi-lhões e R$ 100 milhões por dia.

“Os conversíveis são ins-trumentos financeiros que possuem características de dívida e de equity [ação] dentro de sua estrutura e permitem que o detentor desse papel, na retomada econômica, possa conver-ter a dívida em um preço de ação e se beneficiar do upside [potencial de alta de deter-minado ativo “ afirmou Rial em transmissão ao vivo fei-ta pelo próprio banco nesta quarta-feira (15).

Em projeto orçamentário en-viado ao Congresso nesta quarta--feira (15), o governo Jair Bolso-naro prevê que o salário mínimo passará de R$ 1.045 para R$ 1.079 em 2021. O valor estima-do não promove ganho real aos trabalhadores.

A proposta que traça as dire-trizes para o Orçamento de 2021 estima que o piso de salários no Brasil terá uma correção de 3,25%, referente à previsão de va-riação da inflação no período.No ano passado, o governo decidiu acabar com a política de reajuste real do salário mínimo. Agora, o valor se limita a seguir a determi-nação da Constituição, que fala em preservação do poder aqui-sitivo do trabalhador.O ganho real do salário mínimo foi im-plementado informalmente em 1994, por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), logo após a adoção do Plano Real. As gestões petistas oficializaram a medida.

Santander quer agora as ações como garantia

Salário Mínimo será de R$ 1.079 em 2021

O presidente da Azul Linhas Aéreas, John Rodgerson, disse que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem que dar para as empresas brasileiras o mesmo be-nefício que o presidente dos Esta-dos Unidos, Donald Trump, está dando para minimizar as perdas causadas pela quarentena imposta para contar o novo coronavírus. “Não podemos ter desvanta-gem mundialmente só porque estamos no Brasil”, disse duran-te uma live feita pela Eleven Fi-nancial nesta quarta-feira (15). Rodgerson se referia aos no-vos voos para Nova York, que a empresa brasileira pretende começar a operar quando o se-tor voltar ao normal. “Como vamos concorrer com a Ame-

Azul é a aérea de bandeira do BrasilSe Trump apoia as americanas, Bolsonaro tem que fazer o mesmo

rican Airlines?”, questionou. Os problemas pelos quais a em-presa tem passado agora, disse, são frutos de uma crise global. ”Entra-mos nessa crise com uma das em-presas mais rentáveis do mundo. Esse não é um problema de gestão. A Azul voa para 50 cidades, que nossos concorrentes nem voam. Se a Azul não for saudável, se-

rão milhares de desempregados”. Rodgerson entende que é preci-so dar crédito ao governo. “Nin-guém sabe onde isso [a crise da pandemia] vai parar”. O executivo afirmou que a companhia está em negociação com o BNDES (Ban-co Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para evitar que a Azul quebre.

Novo saque do FGTS para quem ganha acima de R$ 5 mil

Estado presente-I Estado Presente-II

Estado Presente - IV

Integrantes da equi-pe econômica avaliam a possibilidade de promover uma segunda rodada de saques de contas ativas do FGTS, o bilionário fun-do que opera recursos dos trabalhadores, como for-ma de ajudar aqueles que têm rendimentos mensais acima de R$ 5 mil e que sofreram perdas com a crise causada pelo coro-navírus. A ideia, segundo técnicos envolvidos nos

O ministro Paulo Gue-des (Economia) colocou sua equipe para estudar medidas que possam impe-dir o país de mergulhar em uma depressão econômica.

Para a ala militar do go-verno, a retomada depen-derá de uma ampliação do peso do Estado na econo-mia, inclusive com investi-mento público, o que des-truiria o modelo liberal do ministro.

Uma das saídas para evitar esse caminho, se-gundo pessoas que par-ticipam das discussões, será a ampliação do cré-dito para destravar ao menos R$ 100 bilhões em empréstimos de curto prazo para micro, peque-nas e médias empresas. Elas são responsáveis por empregar mais da meta-de dos trabalhadores com carteira assinada no país.

Seria uma forma de tentar restabelecer a confiança do consumidor e, assim, fazer o motor da economia voltar a gi-rar após meses de iso-lamento. Os bancos pú-blicos -Caixa, Banco do Brasil e BNDES- serão o carro-chefe da política. As medidas permitirião destravar mais de R$ 100 bilhões em novos em-préstimos.

estudos, é tentar estimu-lar a economia com uma nova injeção de recursos que poderá variar entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bi-lhões no total entre aque-les que concentram cerca de 40% da massa salarial e metade do consumo do país. Na quarta-feira (8), governo editou uma MP incorporando o PIS-Pasep ao FGTS e autorizando sa-ques de até R$ 1.045 por cotista.

Reprodução

TAM quer, na crise, os mesmos benefícios praticados nos EUA

Estado Presente -IIITambém se avalia

uma redução de custos de captação de recursos do FGTS, fundo com re-cursos do trabalhador usado para lastrear fi-nanciamentos imobiliá-rios, para um corte de, no mínimo, um ponto percentual nos juros de contratos pela compra da casa própria.

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Quarta-feira, 15 de abril de 2020 9

CORREIO NO MUNDO

INTERNACIONAL

OMS condena bebida alcoólica na quarentena

Medo

Embargo

Só com teste

Governos deveriam li-mitar a venda de bebidas alcoólicas durante a qua-rentena, recomendou a OMS (Organização Mun-dial de Saúde). Segundo a entidade, o álcool reduz a imunidade, e seu consumo excessivo pode prejudicar a saúde física e mental e elevar o risco de violên-cia doméstica durante

A queda no número de novos casos de corona-vírus na Dinamarca levou o país a reabrir escolas e creches nesta quarta-feira (15).

O indício de que o país escandinavo começa a su-perar a crise causada pelo coronavírus, entretanto, não foi suficiente para tranquilizar mães e pais dinamarqueses, que ain-da não se sentem seguros para permitir que seus fi-lhos voltem às aulas.

O medo de que as es-colas se tornem um am-biente propício para fazer surgir uma segunda onda de contaminação fez com que milhares de pais mantivessem seus filhos em casa.

Cuba denuncia que a política de embargo dos Estados Unidos está im-pedindo suas compras de medicamentos e respira-dores. De acordo com a chancelaria cubana, duas empresas médicas que habitualmente forneciam

à ilha equipamentos de ventilação artificial, funda-mentais ao tratamento dos casos graves de corona-vírus, suspenderam suas relações comerciais com Cuba após ser adquiridas por uma corporação norte--americana.

Países que decidirem relaxar a quarentena pre-cisam ter capacidade para testar e isolar todos os ca-sos suspeitos e seus con-tatos, afirma a OMS (Orga-nização Mundial da Saúde) nas recomendações técni-cas de combate à pande-mia de coronavírus, atuali-zadas na noite de terça (14),

Gerenciar a transição para um nível de contágio baixo e estável pode ser “a melhor saída em curto e médio prazo, na ausência de vacina segura e eficaz”, segundo a organização.

Para evitar um repique dos contágios, porém, as deci-sões devem ser baseadas em evidências, monitorada por dados de qualidade e imple-mentadas de forma gradual.

confinamentos. A seção europeia da OMS tam-bém afirmou que as bebi-das não protegem contra o novo coronavírus, uma resposta a declarações do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, que, numa entrevista ao jornal britânico The Times, recomendou vodca contra a doença..

A OMS (Organização Mun-dial da Saúde) lamentou a de-cisão do presidente americano, Donald Trump, de suspender repasses ao órgão em meio à pandemia, mas vai continu-ar “concentrada em combater e vencer o coronavírus”, disse nesta quarta (15) em Genebra o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Segundo ele, uma divisão em meio à crise beneficia apenas a transmissão do coronavírus. “Somos um mundo, uma huma-nidade, lutando contra um ini-migo comum.”

A suspensão foi anunciada na terça (14) à noite por Trump, que acusou a OMS de ter “falha-do em seu dever básico e [por isso] deve ser responsabilizada”.

Maiores doadores da enti-dade, os EUA repassaram em 2019 o equivalente a 15% do orçamento da OMS: US$ 400

A Organização Mundial da Saúde -OMS pede cautelas aos países europeus que iniciam a redução das medidas de confina-mento impostas para combater a propagação do novo coronavírus - tentam assim aliviar as drás-ticas repercussões económicas que a pandemia de covid-19 irá provocar.

A Espanha - o segundo país com mais mortes na Europa a seguir a Itália - levantou nesta semana algumas restrições, em-bora com moderação. É preci-so ter em conta que quando se

Decisão de Trump prejudica combate ao vírus pela OMS

Países europeus começam a diminuir restrições

Estados Unidos congelam repasses de recursos e prejudicam o mundo

milhões (R$ 2,1 bilhões).Questionado duas vezes so-

bre o valor que deixaria de entrar na conta da OMS e os mecanis-mos viáveis de transferência de recursos, Ghebreyesus repetiu que o departamento financeiro da organização está verificando o impacto da suspensão e que vai discutir com outros Estados membros, empresas e indivídu-os alternativas para cobrir a la-cuna.

“Os EUA têm sido um ami-go antigo e generoso da OMS, e esperamos que continuem assim. Com o apoio da popu-lação e do governo americanos, temos trabalhado para melhorar a saúde dos mais pobres e mais vulneráveis no mundo”, disse o diretor.

Sobre a afirmação do pre-sidente americano de que a OMS demorou a reagir, o que, segundo Trump, teria contribu-

ído para a crise provocada pelo coronavírus, a líder técnica da entidade, Maria van Kerkhove, disse que, no dia 11 de janeiro, foi dado um alerta sobre a neces-sidade de reunir conhecimento sobre o novo patógeno e evitar a possibilidade de contágio.

A OMS também rebateu a acusação de Trump de que ex-cluiu Taiwan de seus esforços contra o coronavírus, e citou dez exemplos recentes em que cientistas, o governo taiwanês e pesquisadores e técnicos da organização trabalharam em conjunto.

“A Covid-19 [doença provo-cada pelo coronavírus] não dis-crimina entre nações grandes ou pequenas, ricas ou pobres, na-cionalidades, etnias ou ideolo-gias. Nem nós. Este é o momen-to de união contra um inimigo poderoso”, afirmou o diretor da organização.

fala em alívio de confinamento no país ibérico deve ter-se em conta que as medidas apli-cadas pelo governo liderado por Pedro Sánchez eram mais duras do que as impostas em Portugal. Nesta segunda-fei-ra a indústria e a construção civil puderam voltar ao traba-lho. Já a Itália, o país do velho continente mais massacrado pela pandemia, também está no mesmo processo de aliviar as medidas, embora nesta ter-ça-feira tenha voltado a regis-tar mais mortes do que no dia

anterior: 602 vítimas mortais em comparação com as 566 de segunda-feira.

A Áustria, a Dinamarca, a Noruega e a República Checa foram os primeiros europeus a avançar com o regresso à “nor-malidade”, depois de olharem com otimismo para a curva dos casos de contaminação por covid-19. Em Portugal, o pri-meiro-ministro Antonio Cos-ta, admitiu algumas alterações, quando for renovado o estado de emergência, mas falou na neces-sidade de ponderação.

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10 Quarta-feira, 15 de abril de 2020

CORREIO CULTURAL

Por Affonso Nunes

E a TV rendeu-se ao strea-ming. Desde o início dos dias de isolamento social e o cancela-mento de grandes shows e even-tos, o público se voltou para a in-ternet e as redes sociais, fazendo dasd lives um grande aconteci-mento global. Na intimidade de suas casas, ídolos da música tra-vam um novo tipo de relação com seus fãs e os artistas em início de carreira têm a chance de bombar a qualquer instante. No próximo sábado, os canais Globo, Globo-play e Multishow apresentarão, a partir das 16h, o festival de músi-ca online ‘One World: Together At Home’, que reúne uma seleção de astros da música internacional como Paul McCartney, Stevie Wonder, Elton John, Alanis Morrisette e Billie Eillish, todos fazendo shows intimistas dentro de suas casas.

O festival é uma parceria da ONG Global Citizen com a Organização Mundial da Saúde (OMS), com curadoria de Lady Gaga, com o objetivo de reforçar o apelo para que as pessoas não saim de casa e ajudem a combater a proliferação da Covid-19. Além dos nome de peso da música, es-pecialistas em saúde, comediantes e personalidades internacionais têm participação confirmada.

‘One World: Together At Home’ homenageia os profissio-nais de saúde e a OMS em sua liderança na luta contra a pande-mia de Covid-19, levando entre-tenimento e conscientização em meio à pandemia. Canais de te-levisão e rádio de todo o mundo, além de serviços de streaming globais, estarão unidos nesse megaevento. A transmissão in-ternacional terá apresentação de Jimmy Fallon, Jimmy Kimmel e Stephen Colbert. Já no Brasil,

TV transmite festival online

Elton John, Paul Mccartney e Bollie Eillish estão confirmados

Divulgação

O ex-Beatle Paul McCartney fará um show intimista direto de sua casa

a exibição será comandada por Tiago Leifert.

A transmissão começará si-multaneamente no Multishow (na TV e em seu canal Música Multishow no Youtube) e tam-bém através do Globoplay (aber-to para logado free no Brasil e nos EUA), que exibirão o pré--show, ao vivo, a partir das 16h (horário do Brasil). O público poderá acompanhar apresen-tações de nomes como Adam Lambert, Ben Platt, Burna Boy, Cassper Nyovest, Hozier, Juanes, Kesha, Luis Fonsi, Mat-thew McConaughey, Maluma e Sebastián Yatra.

Na sequência, às 21h, ambos exibem os grandes shows do fes-tival. Estão confirmadas as can-toras pop Billie Eilish e Lizzo, artistas do rock, como Billie Joe Armstrong, vocalista e guitarris-ta do Green Day, além de lendas da música, como o ex-Beatle Paul McCartney, Elton John e Stevie Wonder. A exibição será sincro-

nizada com a dos Estados Uni-dos, com tradução simultânea.

Já TV Globo exibirá o show completo de duas horas logo após o Altas Horas. Assim, quem não conseguir acompanhar pela TV por assinatura e pelo digital, terá mais uma oportunidade de rever os shows e as emoções des-se encontro da música mundial.

LINE-UP COMPLETO O evento contará com gran-

des nomes da música, come-diantes, profissionais da saúde e lideranças globais. Alanis Mo-rissette, Andrea Bocelli, Billie Eilish, Billie Joe Armstrong, Burna Boy, Chris Martin, David Beckham, Eddie Vedder, Elton John, Finneas, Idris e Sabrina Elba, J Balvin, John Legend, Ka-cey Musgraves, Keith Urban e Kerry Washington, Lang Lang, Lizzo, Maluma, Paul McCart-ney, Priyanka Chopra Jonas, Shah Rukh Khan e Stevie Won-der estão confirmados.

O mundo das letras perde o talentoso Rubem Fonseca

Sem Cannes Ícone punk

Um dos grandes nomes da prosa brasileira contem-porânea, Rubem Fonseca faleceu no início da tarde desta quarta-feira (15). O escritor, de 94 anos, sofreu um infarto em seu aparta-mento no Leblon, Zona Sul carioca, e foi levado a uma unidade do hospital Sama-ritano, mas não resistiu.

Autor de clássicos como “Feliz ano novo” (1976), “A cólera do cão” (1963) e “O cobrador” (1979), foi um dos princi-pais cronistas brasileiros da segunda metade do sé-culo 20. Mineiro de Juiz de Fora, formou-se em Direito e demorou a dedicar-se to-

O Festival de Cinema de Cannes anunciou que sua edição de 2020 foi, no-vamente, adiada devido à pandemia do coronavírus. O evento estava previsto para ocorrer em junho ou julho, mas foi cancelado e, por enquanto, não tem no-vas datas.

Jimmy Webb, figura emblemática de Nova York, morreu na última terça (14), aos 62 anos. Webb tra-balhava na loja Trash and Vaudeville, reduto da moda punk, no East Village, es-paço frequentado por Iggy Pop, Debbie Blond e os in-tegrantes dos Ramones.

talmente à literatura. Seus livros foram publicados no Brasil e no exterior, sempre muito bem recebidos pela crítica e pelo público.

Recebeu vários prê-mios literários, incluindo três Jabutis – por “A coleira do cão” (conto), “A grande arte” (romance) e “O buraco na parede”. Também cole-cionou troféus da Associa-ção Paulista de Críticos de Arte, Prêmio Estácio e Prê-mio Goethe. Também es-creveu roteiros para cinema, entre os quais “Relatório de um homem casado”, de Flávio Tambelini; “Stelinha”, de Miguel Faria; e “A grande arte”, de Walter Salles Jr.

Divulgação

Romancista e contista premiado, Fonseca também escreveu roteiros de cinema

CULTURA

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Quarta-feira, 15 de abril de 2020 11COMPORTAMENTO

Por Camila Appel (Folhapress)

O escritor e compositor José Miguel Wisnik já definiu o luto como a “internalização da pessoa que morre”. O processo do luto seria ocupar um mundo desertifi-cado por essa ausência. Aos pou-cos, vamos recompondo esse es-paço, nos transformando naquilo que se perdeu, que passa a viver em nós. O avanço do coronavírus no Brasil tem impactado a forma como lidamos com a morte e, principalmente, com o luto.

Rituais fúnebres como veló-rios e enterros passaram a ser evi-tados, mas não estão proibidos. Segundo o documento oficial do Ministério da Saúde, publicado em 25 de março, sobre o manejo dos corpos, os velórios e funerais de pacientes com confirmação ou suspeita de Covid-19 não são recomendados.

Se ocorrerem, há uma orien-tação para que tenham no má-ximo dez pessoas, respeitando a distância mínima de dois metros entre elas, “bem como outras medidas de isolamento social e de etiqueta respiratória”.

Gisela Adissi, presidente do Sindicato e Associação dos Ce-mitérios do Brasil, diz ter visto uma diminuição na ocorrência desses rituais desde o início da pandemia, independente da cau-sa da morte.

- Muitas vezes, a própria fa-mília prefere não fazer, ou com-binam de adiar o evento até que a pandemia termine.

Adissi organizou um docu-mento que traz orientações para esse momento.

- O perigo de contaminação surge do encontro de muitas pessoas. Então, a orientação é que os velórios não tomem mais do que duas horas e tenham no máximo dez pessoas no total, e não em sistema de rodízio. E os profissionais do setor devem usar todos os equipamentos de

proteção adequados - comenta.Em algumas cidades, como

Curitiba e São Paulo, o rito fú-nebre para casos suspeitos e confirmados de Covid-19 está proibido.

A psicóloga e doutora em psicologia clínica Gabriela Ca-sellato, sócia-fundadora do 4 Estações Instituto de Psicologia, especializado em luto, vê com preocupação as consequências da privação desses momentos.

- O primeiro impacto é viver o luto abafadamente, isolada-mente. Isso tende a impactar a duração do luto e sua intensi-dade. Outra questão é a falta da concretude, do corpo presente, podendo criar um aspecto ambí-guo no enfrentamento da perda. A pessoa tende a ter mais dificul-dades em seguir a vida - comen-ta.

O luto de quem perdeu um ente querido para o vírus é ainda mais difícil. Casellato teme o es-tigma da morte pelo vírus.

- A pessoa que está em luto por alguém que morreu em de-corrência da contaminação re-presenta o que mais tememos neste contexto da pandemia. É alguém que está vivendo algo que eu não quero viver. A minha tendência instintiva é me de-fender dessa dor, porque eu não

quero me ver na posição dessa pessoa. E tem o risco do contá-gio real, não posso conviver com essa pessoa porque ela conviveu com alguém que se contaminou.

Ela diz que costumamos criar uma narrativa para a morte, ba-seada em como a pessoa ficou doente, quando foi internada, o que aconteceu durante essa in-ternação, a fase da complicação, e como ocorreu a morte em si. Os pacientes contaminados são isolados, não permitindo aos familiares desenvolver essa nar-rativa.

- Deixar a pessoa no hospital, nunca mais vê-la e não saber o que se passou é muito perturba-dor. Será que ela sofreu muito, será que ela agonizou? Fantasias como essas fazem as pessoas fi-carem presas nesse pensamento - observa.

Ela sugere, sempre que pos-sível, valorizar o ritual simbó-lico, para não deixar de ter esse momento de processamento da perda.

- Uma sala de bate papo com fotos da pessoa morta pode pa-recer mórbido, mas exerce a mes-ma função do funeral, a de poder compartilhar e concretizar. De não estar sozinho na dor - argu-menta.

Gisela Adissi vê essas novas

opções como um possível ensi-namento da pandemia no que se refere ao luto.

- Estamos ganhando a opor-tunidade de reescrever os rituais fúnebres diz.

A pesquisa que realizou em 2018, “A Cartografia da Mor-te”, concluiu que a maioria dos entrevistados não entendia o sig-nificado dos rituais. Esse seria, então, um momento para repen-sarmos a forma como são feitos, para ganharem mais sentido e, assim, contribuir ainda mais para o processo do luto.

Pensando nisso, Tom Almei-da, fundador do movimento In-finito.Etc, está trabalhando em uma plataforma, que será lança-da dia 20 de abril, para ajudar as pessoas a realizar seus rituais virtuais. Contará com dicas de planejamento do ritual online, como a escolha da plataforma, a criação do convite, com orien-tação para deixar claro a data, horário, tempo de duração e o motivo do encontro.

Também há indicações para a elaboração do roteiro do en-contro. Boas-vindas iniciais, tal-vez um poema, fazer uma oração de acordo com a religião, depen-dendo do dogma da família e do falecido, abrir espaço para com-partilhar histórias e depoimen-

tos, e encerrar com uma música ou com um brinde à vida.

As teorias desenvolvidas so-bre esse processo de perda passa por fases como negação, isola-mento, raiva, barganha depres-são, e por fim, aceitação (Eliza-beth Kubler-Ross, 1926 - 2014), ou o processo de rompimento de um vínculo e sua reorganização, e não aceitação, (Colin Murray Parkes, 1928 - e John Bowlby, 1907 - 1920).

A psicóloga pioneira do tema no Brasil Maria Helena Franco entende as fases como algo ul-trapassado e prefere usar a teoria do processo dual do luto. A dua-lidade está em você oscilar entre uma vivência de perda e uma de restauração.

- Como oscilação tem cono-tação negativa no Brasil, costu-mo dizer que são ondas - diz a especialista.

Maurício (nome fictício) perdeu a mãe para a Covid-19 no final de março. Ela teve acesso ao tratamento com cloroquina e respirador, mas não melhorou. Tinha 56 anos e nenhum doen-ça prévia.

- Meu pai foi sozinho reco-nhecer o corpo no hospital, so-zinho até o cemitério e sozinho acompanhá-lo ao crematório. É tudo muito sozinho - relata.

Não tiveram velório ou qualquer ritual fúnebre, mas Mauricio espera poder realizar algo quando a pandemia passar, como “uma missa de celebração da vida dela”.

Receber ligações e mensa-gem de apoio, ver como sua mãe era querida, trouxe conforto.

- Minha mãe era uma pessoa muito querida por muita gente. Fico emocionado na hora, mas eu me sinto bem. Vejo gente so-frendo por não ter tido o ritual. Faz muita falta sim. A sociedade está passando por uma coisa que vai nos marcar para sempre.

Mudanças até nos ritos fúnebresRestrição a velórios e sepultamentos são um desafio para as famílias durante a pandemia

Karime Xavier/Folhapress

Sob novas regras, agentes funerários enterram corpo de vítima da Covid-19 no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo

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12 Quarta-feira, 15 de abril de 2020

1- Medidas de isolamento po-dem ser necessárias até 2022, diz estudo. Anticorpos du-rariam de 1 a 2 anos. Indica risco de 2ª onda de casos. Me-didas radicais não recomen-dada, pois não irão erradicar o coronavírus, informa Ighor Nobrega. Um estudo da Uni-versidade Harvard mostra que as medidas de distanciamento social podem ser aplicadas até 2022. (...) (Poder360)

2- Em Manaus morreram 11 pacientes com Covid-19, após receberam dose alta de cloroquina, apresentaram ba-timentos cardíacos irregula-res. A droga é apregoada por Donald Trump e Jair Bolso-naro como panaceia para o tratamento do novo corona-vírus. Cientistas interrompe-ram precocemente testes com a dosagem. A informação é do jornal The New York Times. (...) (Brasil247)

3- Em 109 testes registrados, nenhuma droga teve eficácia comprovada contra a Co-vid-19. “Nenhuma terapia se mostrou efetiva até agora”, afirma um levantamento re-cente feito por cientistas da Universidade do Texas anali-sando mais de 100 testes clí-nicos de medicamentos para combater a Covid-19, reporta Rafael Garcia. (...) (O Globo)

4- Brasil já tem 1.002 cidades com registros de infectados por coronavírus, segundo dados estaduais, escreve Car-los Madeiro. Aos menos 253 desses municípios têm mortes em decorrência da doença.(...) (UOL)

5- Em São Paulo, 15% dos

internados por coronavírus não sobrevivem à doença. Mais de 2 mil pacientes com o vírus ocupam leitos do esta-do; para especialista, a taxa, que não deve ser desprezada, pode ainda estar subestimada, reportam Cleide Carvalho e Dimitrius Dantas. (...) (O Globo)

6- Governo Bolsonaro adota mote ‘proteger vidas e em-pregos’. Última peça institu-cional, intitulada como ‘O Brasil não pode parar’, se po-sicionava contra o isolamento social durante pandemia da covid-19, e foi suspensa pela Justiça Federal. “A vida dos brasileiros vem em primeiro lugar”, diz o locutor. (...) (O Estado de S. Paulo)

7- O plenário do STF deve julgar nesta semana ações que questionam medidas de Bolsonaro, as competências de estados e municípios e os limites que devem ser respei-tados pelas esferas adminis-trativas no enfrentamento da pandemia. (...) (Editorial-Fo-lha de S. Paulo)

8- Governo paga auxílio emer-gencial de R$ 600 para 1,6 milhão de pessoas. A Caixa paga nesta quarta-feira (15) a primeira parcela do auxílio emergencial de R$ 600 para nascidos em fevereiro, março ou abril que estavam inscritos no Cadastro Único até 20 de março e não recebem Bolsa Família. O pagamento para quem faz aniversário em ja-neiro foi feito na terça-feira (14). Quem faz aniversário nos demais meses receberá até sexta-feira, escreve Ricardo Marchesan.(...) (UOL)

9- Governo deve pagar auxí-lio emergencial a 70 milhões de informais, acima do pre-visto. Estimativa inicial era de 54 milhões, informam Ge-ralda Doca e André de Souza. (...) (O Globo)

10- Percentual de famílias com dívidas bate novo recor-de, diz CNC. Cerca de 66,6% das famílias brasileiras tem algum tipo de dívida, aponta levantamento da CNC, escre-ve Tácio Lorran. O percen-tual de famílias endividadas no país subiu para 66,6% em abril deste ano, o que repre-senta a maior taxa alcançada de toda a série histórica, ini-ciada em janeiro de 2010. (...) (Metrópoles)

11- Havan suspende contra-to de 11 mil funcionários. O grupo Havan, que pertence ao empresário Luciano Hang, um dos principais apoiadores de Jair Bolsonaro, suspendeu o contrato de trabalho de 11 mil funcionários, reporta Eri-ck Mota. Durante a suspen-são do contrato, a empresa paga 30% do salário do fun-cionário afastado e o governo complementa o restante com 70% do seguro-desemprego. (...) (Congresso em Foco)

12- A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (14) o texto da medida provisória do trabalho Verde e Amarelo, que reduz direitos dos traba-lhadores e encargos para pa-trões que contratarem jovens no primeiro emprego e pesso-as acima de 55 anos que esta-vam fora do mercado formal. Partidos de oposição fizeram obstrução por mais de cinco horas. Agora, os deputados

vão votar propostas de altera-ções ao projeto, informam os jornalistas Danielle Brant e Thiago Resende na Folha de S.Paulo. (...) (Brasil247)

13- Mandetta avisa equipe que será demitido e que Bol-sonaro procura substituto. Conversa com integrantes do ministério teve clima de des-pedida nesta terça, reporta Mônica Bergamo. De acordo com relatos, Mandetta avisou que combinou de esperar a es-colha do substituto e de ficar até a exoneração de fato ocor-rer. (...) (Folha de S. Paulo)

14- Ministro admite que avançou sinal, e Bolsona-ro tenta desconstruir ‘herói Mandetta’. Titular da Saúde sente desgaste após entrevis-ta, mas há indefinição sobre o melhor momento para tirá--lo e sobre o substituto. Bol-sonaro e seus ministros mais próximos planejam agora des-construir a imagem de “he-rói” que Mandetta adquiriu para grande parte da opinião pública durante a pandemia, para que sejam criadas condi-ções políticas para demiti-lo. (...) (Folha de S. Paulo)

15- Trump transfere culpa por mortes para alvo fácil. Na terça-feira e depois de dias de ameaças, o americano anun-ciou que estava suspendendo os repasses para a OMS, re-porta Jamil Chade. O corte ocorre justamente quando o mundo mais precisa da agên-cia. Se a OMS vinha alertan-do sobre os riscos do corona-vírus desde janeiro, Trump e outros presidentes insistiram por meses que o vírus não era uma ameaça. (...) (UOL)

16- Contra a recessão, FMI se alinha à OMS. Boas políticas sanitárias, como o isolamento social, tornarão mais prová-vel a reativação da economia a partir do segundo semestre e algum desafogo em 2021. (...) (Editorial-O Estado de S. Paulo)

17- Prisões em flagrante em casos de violência doméstica crescem 51%, diz MP-SP. O estudo foi realizado pelo Nú-cleo de Gênero do Ministério Público de São Paulo, e con-templa os meses de fevereiro e março, reporta Rafa San-tos. O dado que mais chama atenção é o das prisões em fla-grante por violência contra a mulher: aumento de 51% em março em comparação ao mês anterior. (...) (Conjur)

18- Diante do coronavírus, reduzir superlotação com penas alternativas é impera-tivo. No momento, trata-se simplesmente de salvar vidas. Segundo dados da Secretaria da Administração Penitenci-ária, 11% dos detentos e de-tentas do estado pertencem a grupos de risco para a pande-mia do coronavírus. (...) (Edi-torial-Folha de S. Paulo)

Percentual de famílias com dívidas (66,6%) bate novo recorde

(*) José Aparecido Miguel, jornalista, diretor da Mais

Comunicação-SP (http://www.maiscom.com), trabalhou

em todos os grandes jornais brasileiro - e em todas as mídias. Foi editor-executivo do Jornal do

Brasil, no Rio, de 2007 a 2009. (http://www.outraspaginas.com.

br) E-mail - [email protected]

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