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Evangelho de João Silvio Dutra DEZ/2015

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Evangelho de João

Silvio Dutra

DEZ/2015

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A474 Alves, Silvio Dutra João./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2015. 333p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Evangelho. 3. Comentário Bíblico. I. Título.

CDD 230.226

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Sumário

João 1............................................................ 4 João 2............................................................ 26 João 3............................................................ 34 João 4............................................................ 45 João 5............................................................ 66 João 6............................................................ 77 João 7............................................................ 93 João 8............................................................ 112 João 9............................................................ 128 João 10.......................................................... 142 João 11.......................................................... 155 João 12.......................................................... 173 João 13.......................................................... 193 João 14.......................................................... 209 João 15.......................................................... 239 João 16.......................................................... 252 João 17.......................................................... 263 João 18.......................................................... 275 João 19.......................................................... 291 João 20.......................................................... 311 João 21.......................................................... 326

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João 1

Jesus O Verbo e a Luz Divinos

“1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava

com Deus, e o Verbo era Deus.

2 Ele estava no princípio com Deus.

3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.

4 nele estava a vida, e a vida era a luz dos

homens.

5 E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.”. (João 1.1-5)

A palavra “verbo” do texto foi traduzida

do original grego “logos”, que significa “palavra”.

Mas, como “verbo” é palavra indicadora de

ação, a maior parte das traduções da língua portuguesa traz “verbo” em vez de “palavra”.

Ambos podem ser usados e estão corretos, mas

“palavra” define melhor o pensamento de João ao usar o referido termo para se referir à Pessoa

de Jesus, porque certamente ele tinha em mente demonstrar que Jesus foi quem tomou

parte na criação ao lado de Deus e do Espírito Santo, sendo a Palavra que tudo criou, porque é

dito que o mundo foi criado pela Palavra de Deus, uma vez que Ele disse em cada ato da

criação: “haja” ou “faça-se”.

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“Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo sopro da sua boca.” (Sl

33.6).

“Pela fé entendemos que os mundos foram

criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo que se vê.” (Hb 11.3).

“Pois eles de propósito ignoram isto, que pela

palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio

da água subsiste;” (II Pe 3.5).

Ao fazer uso da palavra Verbo, João a associou aos atos da criação dos céus e da terra, conforme

se vê no verso 3.

Ao identificar Jesus como sendo o Logos, a Palavra, ou Verbo eterno, podemos também

considerar que a mente eterna de Deus foi revelada a nós por meio dele.

Os pensamentos puros, perfeitos e

conhecedores de tudo o que há em Deus, são inerentes a Cristo e Ele os revelou a nós.

É somente por meio dele que os selos do livro da vida são removidos para que os mistérios da

verdade sejam revelados a nós.

Se Ele não tivesse se manifestado ao mundo nós permaneceríamos nas trevas quanto a esta vida

do Espírito Santo, que se manifesta nos que têm fé nele.

Vida de poder espiritual e de comunhão em

amor celestial.

Vida de frutos e dons espirituais que são comunicados entre aqueles que têm sido

vivificados pela luz de Cristo, a qual, quando

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permanecemos nela, faz com que a vida de Cristo se manifeste em nós.

Neste sentido, pode-se dizer então que Cristo é a fonte mesma da qual procede toda a Palavra que

sai da boca de Deus, sendo que Ele mesmo é Aquele por quem se expressa esta Palavra.

Daí ter dito que a Palavra que Ele proferia não

provinha dele próprio, mas do Pai, isto é, tudo o que o Pai expressa pela Palavra, Ele o faz por

meio do Filho, de maneira que João havia apreendido este ensino e verdade de Jesus aos

apóstolos em seu ministério terreno, e pôde compreender que o mundo foi feito pela Palavra

liberada pelo próprio Cristo, daí dizer que Ele é a Palavra (Verbo) pela qual todas as coisas foram

feitas, e que sem Ele nada do que foi feito se fez (v. 3); isto é, o Pai nada fez sem a participação de

Cristo.

Somente Jesus tem as palavras de vida eterna. Pedro teve este reconhecimento que é dele que

emana a palavra que dá vida aos pecadores (Jo 6.68), e a experiência comprova isto em todos os testemunhos de conversão.

“Segundo a sua própria vontade, ele nos gerou

pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas.” (Tg

1.18).

“tendo renascido, não de semente corruptível, mas de incorruptível, pela palavra de Deus, a

qual vive e permanece.” (I Pe 1.23).

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Os textos destacados acima de Tiago e Pedro revelam o ato da nova criação espiritual pela

Palavra.

Esta Palavra é a verdade, e Jesus disse também

ser esta verdade, que liberta e dá vida.

Há então, poder e ação envolvidos nesta Palavra,

aqui referida pelo apóstolo, e a que é citada em todas as passagens bíblicas que se referem a

ações de criação, de salvação, de santificação, e de tudo o mais que dependa da liberação do

poder pela Palavra de Cristo.

Por isso Jesus havia dito que as suas palavras são

espírito e vida (Jo 6.63). E também que o homem não vive somente de pão, mas de toda palavra

que procede da boca de Deus (Mt 4.4), porque é pela palavra de ação poderosa, que novas

criaturas com a vida que procede do céu são geradas.

É também, pela prática da sua palavra, isto é, tê-la em devida consideração e vivendo segundo o

seu poder, que se tem a vida solidamente firmada num fundamento inabalável (Mt 7.24).

Era com a sua palavra de ordem que Jesus

expulsava demônios e curava enfermos, e que ainda o faz através daqueles que nele creem (M 8.16).

É por isso que as palavras de Jesus jamais

passarão porque são eternas assim como Ele é eterno (Mt 24.35).

Desta forma, crer de fato em Jesus é permanecer nele, e permanecer nele é permanecer portanto

na sua palavra; e como esta palavra é a vida

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eterna, aquele que a guarda jamais morrerá eternamente (Jo 8.31; 51; 14.24).

Como Jesus é santo, é a sua Palavra que nos

santifica (Jo 15.3; 17.17).

Foi por isso que a Igreja Primitiva tinha poder para pregar o evangelho, porque eles viviam e

pregavam somente a Palavra (At 4.29, 31; 5.20; 6.2, 7; 8.4, 25;10.44; 11.14; 12.24; 13.5, 44, 48, 49;

14.3, 25; 15.35, 36; 16.32; 17.11; 18.5, 11; 19.10, 20; 20.32).

A fé é gerada por se ouvir a Palavra (Rom 10.17).

Nós vemos nas palavras de Paulo em I Cor 1.17;

2.1, 4, 13; I Tes 1.5 que a pregação desta Palavra viva é muito mais do que simplesmente exposição verbal de conceitos teológicos, ou de

meras citações bíblicas, mas a liberação da porção da verdade, conforme está revelada nas

Escrituras, em exposição, com palavras ensinadas pelo Espírito, no poder do Espírito,

conforme esta é revelada pelo mesmo Espírito ao coração e mente do pregador (Ef 6.19):

“Porque Cristo não me enviou para batizar, mas

para pregar o evangelho; não em sabedoria de palavras, para não se tornar vã a cruz de

Cristo.” (I Cor 1.17).

“E eu, irmãos, quando fui ter convosco,

anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui

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com sublimidade de palavras ou de sabedoria.” (I Cor 2.1).

“A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de

sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder;” (I Cor 2.4).

“as quais também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com

palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com

espirituais.” (I Cor 2.13).

“porque o nosso evangelho não foi a vós

somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo e em plena convicção, como

bem sabeis quais fomos entre vós por amor de vós.” (I Tes 1.5).

Esta Palavra já existia antes que houvesse mundo, antes da existência do tempo

cronológico, ao que João chama de “no princípio” mostrando que era, que é e sempre

será.

Cristo sempre esteve em coexistência com o Pai.

Ele estava, está e sempre estará com Deus. De maneira que crer em Cristo é crer em Deus Pai,

porque o Pai e o Filho coexistem em perfeita unidade e são inseparáveis.

Somente Jesus estava qualificado para efetuar a nossa redenção porque Ele conhece

perfeitamente a nossa constituição total, de espírito alma e corpo porque Ele nos criou,

assim como todas as coisas.

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Ele deve receber, portanto a nossa adoração também como Criador, e não apenas como

Salvador e Senhor.

João afirma no verso 4 que a vida estava em

Cristo, e que esta vida era a luz dos homens.

A luz condenará as obras infrutíferas das trevas naqueles que permanecem no pecado, porque

fará a exposição do que se ocultava nas trevas:

“Mas todas estas coisas, sendo condenadas, se manifestam pela luz, pois tudo o que se

manifesta é luz.” (Ef 5.13).

É pela luz da revelação divina que o pecado pode ser condenado ou extirpado.

João nos diz que a vida está em Jesus, e que esta

vida era a luz dos homens; isto é, somente quando a vida poderosa de Jesus se manifesta

em alguém, é que tal pessoa poderá vir para a luz de Deus e conhecer a Deus e compreender as

coisas espirituais e divinas.

Assim, fora de Cristo, não há esta possibilidade, porque vida e luz para os homens procedem dele, e ambas são inseparáveis.

A vida eterna que nós necessitamos para

escapar da morte eterna está somente em Cristo Jesus, e é nele portanto que devemos buscá-la, e

João nos indica o meio de obtê-la, a saber, por meio da Palavra e pelo andar na luz.

É a luz de Cristo que ilumina o nosso

entendimento e espírito para compreendermos as Escrituras.

Elas permanecem como um livro fechado para

nós até que Cristo abra o nosso entendimento e

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se revele ao nosso espírito para que possamos compreendê-las; como fizera com os dois

discípulos no caminho de Emaús, aos quais lhes abriu o entendimento para compreenderem

tudo o que estava escrito acerca dele nas Escrituras.

Não foi João quem conceituou Jesus como luz,

pois Ele próprio fizera tal afirmação acerca de Si mesmo durante o seu ministério terreno,

confirmando aquilo que as Escrituras do Velho Testamento afirmam sobre Ele, especialmente

de que Ele seria luz para os gentios. (Mt 4.16; Jo 3.19; Jo 8.12)

Jesus o Autor de Toda Vida - João 1

“6 Houve um homem enviado de Deus, cujo

nome era João.

7 Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por

ele.

8 Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.

9 Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.

10 Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele,

e o mundo não o conheceu.

11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.

12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que

creem no seu nome;

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13 Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem,

mas de Deus.

14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e

vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”

O apóstolo diz que João Batista havia sido enviado por Deus para dar testemunho da luz,

não da sua luz, mas da fonte da verdadeira luz que é Cristo.

João Batista veio para testificar da luz, clamando no deserto para que todos cressem nAquele que

é a luz e que é a única que pode iluminar a todo homem que chega à existência neste mundo.

Fora dele há somente trevas e morte. Mas os que estão nele encontram luz e vida.

Jesus criou o mundo, e se manifestou ao mundo, mas o mundo não pode conhecê-lo, senão

aqueles que vêm para a sua luz (v. 10).

Este testemunho de João que ele havia aprendido diretamente do próprio Cristo de ser

Ele o criador do mundo, acaba com todo o debate acerca da divindade de Jesus, porque

ninguém, a não ser somente um ser divino poderia ter criado o mundo.

João usa o verbo no passado “estava no mundo”, ao se referir ao Senhor, porque vários anos já

haviam se passado desde que Ele havia ressuscitado e subido ao céu, quando João

escreveu este seu evangelho.

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Então ele está dizendo do que havia visto acerca do ministério terreno de Jesus, e especialmente

da sua rejeição pelos judeus, rejeição esta que continuaria ocorrendo por causa do

endurecimento deles.

A nação de Israel se recusou a receber ao

Senhor, mas todos aqueles que dentre os judeus, e todos os gentios, que O têm recebido, a estes Ele tem dado o poder de se

tornarem filhos de Deus, pela simples fé nele, pela qual alcançam o arrependimento, a

justificação, a regeneração, a santificação e a glorificação que são por meio dele (v. 12).

Estes que são tornados filhos de Deus, foram regenerados pelo Espírito Santo, conforme a

vontade de Deus em relação a eles, e não por nascimento natural (laços de sangue), nem da

vontade da carne, nem da vontade do homem. Não foi por um planejamento dos desejos e nem

da vontade da alma do homem que alguém é transformado num filho de Deus, mas pelo seu

exclusivo poder e vontade (v. 12, 13).

Foi para este propósito que Jesus (o Verbo)

encarnou e veio a este mundo tendo habitado entre os homens, e manifestado aos seus

discípulos a sua glória como Filho unigênito de Deus Pai, estando cheio de graça e de verdade.

Jesus não deixou de ser o Verbo e a Luz quando encarnou.

Muitos haviam permanecido no batismo de João e não avançaram, além disto, e assim não

chegaram a conhecer a verdadeira luz da qual o

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próprio João veio dar testemunho, com a luz da fonte que é Cristo que ardeu no próprio João por

um breve tempo, no seu curto ministério no deserto. João não era o Noivo, mas o amigo do

Noivo. Não era o Príncipe, mas o seu precursor. Não era a luz, mas o reflexo da luz. O próprio João

reconheceu que não era ele que deveria ser seguido, mas o Cristo do qual ele dava testemunho.

De igual maneira, nós não devemos ser

seguidores e adoradores dos ministros do evangelho, mas somente dAquele para o qual

eles devem apontar, que é Cristo. Eles não são nossos senhores, e nem têm domínio sobre a

nossa fé, mas são apenas ministros por meio de quem nós cremos porque deram testemunho da luz como mordomos na casa de Deus.

Ninguém deve se deixar conduzir por uma fé

cega nos homens, por mais santos que eles sejam, porque não são eles aquela luz que veio

ao mundo e pela qual os homens recebem uma nova vida de Deus, mas temos que dar atenção e

receber o testemunho deles porque são enviados pelo próprio Deus como testemunhas

da luz que dá vida aos homens.

Se João Batista tivesse fingido ser ele próprio a

luz, ele não teria sido uma testemunha fiel da luz de Jesus.

Aqueles que usurpam a honra e a glória de Cristo terão que prestar contas a Deus do mau

uso que fizeram da mordomia deles.

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João Batista Testificou da Graça e Verdade de Jesus - João 1

“15 João testificou dele, e clamou, dizendo: Este

era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, porque foi primeiro do que

eu.

16 E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça sobre graça.

17 Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.

18 Deus nunca foi visto por alguém. O Filho

unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.”

O apóstolo havia dito nos versos anteriores que

João Batista havia dado testemunho da luz, e aqui ele começa a mostrar qual foi o

testemunho que ele havia dado, conforme a palavra que Deus havia revelado a ele acerca de

Cristo.

João Batista disse que Jesus viria após ele, mas que já existia antes dele ter vindo ao mundo, e

que era dele que nós recebemos da sua plenitude e graça sobre graça (v. 15, 16).

A razão disto é que Ele não veio nos trazer a Lei

como fora dada a Moisés, mas a graça e a verdade do evangelho, pelas quais somos salvos

e transformados em novas criaturas (v. 17).

Jesus é a expressa imagem de Deus Pai, porque é da mesma essência que Ele, de maneira que o

Deus invisível, que ninguém nunca havia visto,

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foi revelado por meio do seu Filho unigênito (v. 18).

Jesus se manifestou cheio de graça e de verdade

para poder repartir da sua plenitude dando-os como dons aos homens. Ele tem toda a

suficiência de graça e de verdade para salvar os pecadores e torná-los semelhantes a Ele

próprio.

Nós devemos então olhar para Jesus com os olhos da fé, da maneira que convém ser olhado,

isto é, como alguém que está completamente cheio de toda graça, virtude, verdade, dons,

enfim, tudo o que for necessário para o nosso aperfeiçoamento espiritual, e para que

tenhamos um viver em verdadeira vitória perante Ele, recebendo dele toda a provisão que

necessitamos.

Ele está cheio de graça e de verdade e os que

esperam nele não terão falta alguma.

Ele é uma fonte inesgotável, e o Espírito que nos tem dado é um rio de águas vivas que flui para a

eternidade e cujas águas jamais se esgotarão.

Por isso, nunca devemos ficar satisfeitos e

imóveis com a medida de graça que tivermos no presente, porque somos chamados a avançar de

medida de graça sobre graça até à perfeita maturidade em Cristo Jesus.

O apóstolo Paulo havia experimentado

abundantemente desta fonte e viu que sempre havia muito mais para ser experimentado, e

assim ele falou de uma graça superabundante,

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de uma suprema riqueza da graça inescrutável de Cristo (Rom 5.20; Ef 1.7; 2.7; 3.8).

É, graça sobre graça para fazer avançar a própria graça na nossa vida, e não propriamente para

atender a desejos caprichosos terrenos.

Das nossas necessidades terrenas Deus cuidará, mas elas não podem nos melhorar e aperfeiçoar

um só milímetro, por isto a graça é concedida para que sejamos revestidos da plenitude de

Deus em nosso próprio ser.

Uma graça é para melhorar, confirmar e aperfeiçoar outra graça.

Nós somos transformados à imagem divina de glória em glória.

De um grau de graça glorioso para outro (II Cor

3.18).

Por isso se diz que àquele que tem, ser-lhe-á dado mais, porque onde há a verdadeira graça

ela será aumentada por Deus, e tanto mais, quando for mais abundante (Lc 8.18; Tg 4.6).

João Testificou que Jesus é o Messias - João 1

“19 E este é o testemunho de João, quando os judeus mandaram de Jerusalém sacerdotes e

levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?

20 E confessou, e não negou; confessou: Eu não

sou o Cristo.

21 E perguntaram-lhe: Então quem? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu profeta? E respondeu:

Não.

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22 Disseram-lhe pois: Quem és? para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes de

ti mesmo?

23 Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o

profeta Isaías.

24 E os que tinham sido enviados eram dos fariseus.

25 E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias,

nem o profeta?

26 João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água; mas no meio de vós está um a quem vós

não conheceis.

27 Este é aquele que vem após mim, que é antes

de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca.

28 Estas coisas aconteceram em Betânia, do

outro lado do Jordão, onde João estava batizando.” (João 1.19-28)

Nos versos 15 a 18 nós vimos o testemunho geral que João dava de Jesus, e aqui nestes versos 19 a

28 nós temos registrado o testemunho que ele deu em certa ocasião quando os judeus lhe

enviarem sacerdotes e levitas de Jerusalém para lhe perguntarem quem ele era (v. 19).

João confessou que não era o Cristo.

Que ele não era o grande profeta prometido

desde Moisés (Dt 18.18).

Disse também que não era o profeta Elias, que

eles pensavam que voltaria à terra por causa da

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profecia de Malaquias 4.5; que era de fato uma referência a João Batista sob o codinome de Elias

(Mt 17.10-13), mas isto não significava que João fosse de fato Elias.

Ele viria no mesmo tipo de espírito e poder do profeta Elias, conforme o anjo preanunciou o

nascimento de João a seu pai Zacarias (Lc 1.17).

João disse aos sacerdotes e levitas que ele era aquele do qual havia falado o profeta Isaías.

A voz que clama no deserto: Endireitai o

caminho do Senhor. Ele mostrou a eles que o seu ministério estava apoiado nas Escrituras.

Aqueles sacerdotes e levitas que eram fariseus não retrucaram a resposta que João lhes dera,

mas questionaram ainda por que ele batizava, já que não era o Cristo, nem Elias e nem o profeta.

João lhes respondeu que ele batizava com água, mas já se encontrava entre os judeus Alguém

que eles não conheciam, e que viria após ele, apesar de ser antes dele (até mesmo de Abraão

e de tudo e de todos) do qual ele disse humildemente não ser digno sequer de lhe

desatar a correia da sua sandália.

Este serviço era prestado pelos escravos de mais

baixa categoria aos seus senhores.

Deste modo João testificou a respeito da dignidade dAquele que veio anunciando.

É dito que na ocasião que João proferiu estas palavras ele se encontrava na cidade de Betânia,

do outro lado do Jordão, onde estava batizando.

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Esta Betânia não era a mesma que ficava próxima de Jerusalém, porque é dito que ficava

do outro lado do rio Jordão, cidade esta que era chamada também de Betabará.

Era de se esperar que aqueles que tanto se

dedicavam ao estudo das Escrituras, que fossem eles os primeiros a reconhecerem a vinda de

João Batista e do próprio Cristo.

No entanto, a grande maioria deles não chegou a conhecê-lo apesar do testemunho das

Escrituras acerca deles, e a própria manifestação deles entre os judeus.

Isto comprova que é possível Deus estar se

manifestando e operando em nosso meio, e ainda assim não ser percebido e conhecido por

muitos que estiverem dentre aqueles aos quais Ele estiver se manifestando.

Os escribas e fariseus formaram a própria ideia

deles sobre o reino do Messias, e elaboraram o seu próprio sistema para a justificação do

pecado, de maneira que não se submeteram à justiça de Deus revelada em Cristo.

O orgulho lhes impediu de renunciarem às suas

convicções para que pudessem ser convencidos pela verdade de Deus.

Eles não podiam entender que o reino não consiste em palavras e que nem vem em

aparência visível porque é um reino espiritual que se manifesta espiritualmente.

Assim, não podiam discernir as coisas do

Espírito e permaneciam cegos.

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Os Primeiros Discípulos de Jesus - João 1

“37 E os dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus.

38 E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais? E eles

disseram: Rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde moras?

39 Ele lhes disse: Vinde, e vede. Foram, e viram onde morava, e ficaram com ele aquele dia; e era

já quase a hora décima.

40 Era André, irmão de Simão Pedro, um dos

dois que ouviram aquilo de João, e o haviam seguido.

41 Este achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é

o Cristo).

42 E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele,

disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).”.

“43 No dia seguinte quis Jesus ir à Galileia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me.

44 E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de

Pedro.

45 Filipe achou Natanael, e disse-lhe: Havemos

achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.

46 Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê.

47 Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem

não há dolo.

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48 Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te

chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira.

49 Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o

Filho de Deus; tu és o Rei de Israel.

50 Jesus respondeu, e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás.

51 E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo

que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho

do homem.”.

Nós temos nestes versos 37 a 42 o registro da forma como André e Pedro se tornaram

discípulos de Jesus.

André havia seguido ao Senhor depois do testemunho que havia ouvido João dar a respeito

dele, quando passava por eles.

Tendo Jesus mostrado onde morava a André e ao outro discípulo de João que estava com ele,

ambos passaram aquele dia em sua companhia.

André se apressou a contar a Pedro que havia achado o Messias, e levou Pedro até a casa de

Jesus, onde este lhe deu o apelido de Pedro (do hebraico Cefas, e do grego Petros), porque o seu

nome era Simão, que significa caniço.

Este Pedro vem do grego petros, que significa pedra, e não petra, cujo significado é rocha.

Quando Jesus disse mais tarde a Pedro (Petros)

que edificaria a sua igreja sobre aquela pedra

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(petra, rocha), estava falando de si mesmo, e não de Pedro, porque o original grego nos ajuda a

entender o significado das palavras diferentes que Jesus usou naquela ocasião: petros para

Pedro, e petra, para Si mesmo.

Nós vimos nos versículos 37 a 41 do primeiro capítulo de João, que André foi quem conduziu

Pedro a Jesus.

Na passagem dos versos 43 a 51 nós vemos que foi Filipe que conduziu Natanael a Ele.

Este é o modo de se propagar a fé, através do

nosso testemunho acerca de Cristo a outros, e nos esforçando para levá-los a conhecerem ao

Senhor.

Não está em nós o poder de dar tal conhecimento do Senhor às pessoas.

É Ele próprio que se revela a elas, como fizera com Natanael.

Filipe era da mesma cidade de Pedro e André, e

é dito no texto que Jesus o achou e disse-lhe para que O seguisse.

O verdadeiro cristianismo consiste em seguir a

Cristo, porque Ele disse que onde Ele estiver ali devem estar também os seus servos.

Quando Filipe disse a Natanael que havia

encontrado aquele sobre o qual Moisés e os profetas haviam falado nas Escrituras, e que era

Jesus, filho de José, da cidade de Nazaré, esta menção à naturalidade de Jesus fez com que

Natanael apresentasse a objeção que fizera quanto ao fato de que Jesus pudesse ser de fato o

Messias sendo de Nazaré, porque não havia,

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segundo o seu entendimento das Escrituras, nenhum profeta de Deus que tivesse sido

levantado na região da Galileia.

No entanto, ele desconhecia que Jesus não nascera na Galileia, mas em Belém de Judá.

Jesus não era natural de Nazaré, mas de Belém.

Ele residiu por muito tempo em Nazaré, mas

havia nascido em Belém, fato que Natanael desconhecia.

As próprias Escrituras testificavam que o

Messias nasceria em Belém.

Mas apesar da objeção de Natanael, Filipe o

conduziu assim mesmo a Jesus.

Natanael ficou maravilhado com o fato de Jesus

ter declarado que estava com o seu olhar sobre ele, quando se encontrava fora do alcance da sua vista, sentado debaixo de uma figueira.

Ele creu imediatamente e disse que Jesus era de fato, o Filho de Deus e Rei de Israel.

O Senhor se agradou da manifestação da fé de Natanael nele, ainda que diante de uma única

evidência do seu poder, que lhe havia manifestado.

Mas, para mantê-lo firme na sua convicção

disse-lhe que ele veria coisas ainda maiores do que aquela, e que daquele momento em diante

ele viria o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.

Jesus tem sempre muito mais para realizar sobrenaturalmente com o seu poder, de

maneira que aqueles que se aproximam dele

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possam ter a fé deles cada vez mais fortalecida e confirmada.

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João 2

O Primeiro Milagre de Jesus

“1 E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galileia; e estava ali a mãe de Jesus.

2 E foi também convidado Jesus e os seus

discípulos para as bodas.

3 E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho.

4 Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu

contigo? Ainda não é chegada a minha hora.

5 sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser.

6 E estavam ali postas seis talhas de pedra, para

as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam dois ou três almudes.

7 Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E

encheram-nas até em cima.

8 E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala.

E levaram.

9 E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o

sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo,

10 E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o

vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom

vinho.

11 Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galileia, e manifestou a sua glória; e os seus

discípulos creram nele.” (João 2.1-11)

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O terceiro dia ao qual o autor do evangelho se

referiu foi em relação ao dia em que Jesus

retornou da tentação do deserto, e quando passou por João Batista; sendo que no primeiro,

foi seguido por André; no segundo recebeu a Natanael, no relato que lemos no capítulo

anterior, e agora, no terceiro dia depois de ter alcançado a André, Pedro, Filipe e Natanael,

Jesus se dirigiu a um casamento na cidade de Caná da Galileia porque fora convidado para a

festa com seus discípulos.

É dito que Maria, sua mãe, encontrava-se

presente.

Provavelmente poderia ter sido o casamento de algum parente de Maria ou então ela deveria

privar de intimidade com aquela família, o que se pode inferir da sua intervenção junto a Jesus

e aos serventes quando o vinho acabou.

Segundo o relato de João, até esta altura nós

podemos deduzir que os discípulos de Jesus, que estiveram na festa e que presenciaram o

milagre da transformação da água em vinho, eram André e o outro discípulo de João Batista, o qual o nome não foi citado neste evangelho;

Pedro, que seguiu Jesus juntamente com ele; Pedro, Filipe e Natanael.

Segundo João, este foi o primeiro sinal feito por Jesus que manifestou a sua glória perante os

seus discípulos, que tiveram por confirmado com aquele milagre que Ele era de fato o

Messias.

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Jesus não havia sequer começado a pregar a sua doutrina.

O evangelho não havia ainda sido proclamado publicamente, senão em privado a estes poucos

discípulos que haviam se reunido a Ele naquele curto espaço de três dias.

Como os milagres teriam principalmente a função de confirmar que Ele era de fato o

Messias, dando testificação à Palavra que seria pregada, então o Senhor teve uma atitude

reservada em mostrar a Maria que os milagres que Ele faria não tinham o propósito de serem

exibições caprichosas do seu poder, mas sinais que seriam concedidos pelo Pai, pelo poder do

Espírito, para marcarem o seu ministério.

Jesus não fez seu primeiro milagre em

Jerusalém, mas num lugar distante e obscuro de Israel, porque Caná ficava na Galileia, no

território da tribo de Aser.

Isto demonstra claramente que Ele não estava buscando honra de homens, e todos os seus ministros deveriam seguir o seu exemplo nisto.

A sua doutrina e milagres seriam colocados mais à disposição dos humildes galileus do que

dos rabinos orgulhosos e preconceituosos de Jerusalém.

O Senhor não necessitava ter ordenado aos

serventes que enchessem as seis talhas com água até a borda para produzir vinho.

Ele poderia tê-las enchido ainda vazias, mas para evidenciar que realizaria de fato um milagre

porque aqueles serventes e os discípulos

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testemunharam que haviam sido enchidas com água, não haveria como afirmar que aquelas

talhas já continham vinho caso Jesus as enchesse estando vazias.

Apresentamos a nossa água a Cristo com fé e Ele a transforma em vinho.

Apresentamos o nosso pouco e Ele transforma

em muito.

Apresentamos nossas tristezas e Ele as transforma em alegria; nossas enfermidades

em saúde, nossas maldições em bênçãos.

Tudo lhe é possível.

Aquilo que Ele nos dará é excelente, assim como

o vinho que Ele fez era de qualidade superior a todo o vinho que já tinha sido servido naquela

festa.

Jesus Repreende o Comércio no Templo - João 2

“12 Depois disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua

mãe, e seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.

13 E estava próxima a páscoa dos judeus, e Jesus

subiu a Jerusalém.

14 E achou no templo os que vendiam bois, e

ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados.

15 E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou

todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e

derribou as mesas;

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16 E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de

venda.

17 E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará.

18 Responderam, pois, os judeus, e disseram-

lhe: Que sinal nos mostras para fazeres isto?

19 Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este

templo, e em três dias o levantarei.

20 Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu o levantarás

em três dias?

21 Mas ele falava do templo do seu corpo.

22 Quando, pois, ressuscitou dentre os mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes

dissera isto; e creram na Escritura, e na palavra que Jesus tinha dito.” (João 2.12-22)

Ao sair de Caná, Jesus se dirigiu com Maria e

seus discípulos para Cafarnaum, e permaneceu ali alguns dias, (é possível que Jesus tenha ido à

residência de Pedro, o qual apesar de ser natural de Betsaida, residia em Cafarnaum - Mt

17.24,25); tendo subido depois para Jerusalém para a festa da páscoa; porque importava que

cumprisse todas as ordenanças da Lei, inclusive as cerimoniais, de maneira que cumprindo toda

a Lei foi achado inculpável diante de Deus, de maneira que pudesse morrer no lugar dos

pecadores, carregando sobre Si a culpa deles.

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Ele cumpriu a própria Lei, que Ele instituiu e deu a Moisés, para que fosse cumprida pelos

homens.

Chegando ao templo ele açoitou com um azorrague os cambistas e vendilhões, que

haviam estabelecido um comércio no templo de Jerusalém, para obterem lucro financeiro para

si e para os sacerdotes, que exploravam os serviços deles.

Em vez de homens de Deus aqueles sacerdotes

haviam se transformado em meros políticos e comerciantes.

Jesus mostrou que estava comissionado de autoridade divina para fazer o que havia feito

porque quando foi interpelado pelos judeus que sinal Ele faria para lhes mostrar que tinha a autoridade do Messias para fazer aquilo, lhes

disse que o sinal seria que em três dias ele levantaria o templo caso eles o derrubassem,

mas Ele lhes falava da ressurreição do seu próprio corpo como o sinal dado do céu de que

Ele era de fato divino.

Mas pensaram que Ele se referia ao templo de

Herodes que foi construído durante 46 anos, pelos acréscimos e embelezamentos que foram

acrescidos ao templo dos dias de Zorobabel, depois que os judeus retornaram de Babilônia.

Jesus respondeu aos seus interpeladores com

uma parábola relativa à sua ressurreição, de maneira que lhes disse a verdade de uma

maneira que não poderiam compreender.

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Eles não estavam buscando conhecer a verdade, mas desqualificá-lo.

Ao exercer juízos corretivos sobre as coisas que

se faziam no templo nosso Senhor santificou o nome de Deus e manifestou publicamente que a

vontade dele nada tinha a ver com aquele comércio, ao contrário há um juízo dele sobre todos aqueles que fazem da sua santa religião

uma ocasião para ganho mundano.

O templo de Jerusalém era uma instituição divina, porque existia por uma ordenação de

Deus para o Velho Testamento.

Esta ação de Jesus despertou contra ele o ódio e inveja dos sacerdotes do templo e os seus

discípulos se lembraram do Salmo 69.9, que era uma referência ao zelo do qual Jesus estava

completamente tomado pela casa de Deus.

Jesus é zeloso da sua Igreja que é o templo vivo no qual Deus habita e habitará para todo o

sempre.

Ele tem zelo por esta casa espiritual viva e tudo fará para purificá-la mais do que ao templo de

pedra de Jerusalém.

Jesus Sabe o Que é a Natureza Humana Pecaminosa - João 2

“23 E, estando ele em Jerusalém pela páscoa,

durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome.

24 Mas o mesmo Jesus não confiava neles,

porque a todos conhecia;

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25 E não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no

homem.”. (João 2.23-25)

Jesus não se confiou a muitos que haviam professado ter crido nele por causa dos muitos

milagres que Ele havia feito em Jerusalém.

O evangelista diz que Jesus não confiava neles

porque sae que a natureza terrena de todas as pessoas é pecaminosa, e pode muito bem

disfarçar uma confiança e fidelidade que na verdade não existem.

A muitos que declararam ter crido em Jesus; Ele lhes disse que evidenciariam terem crido pela

prática da sua Palavra (Jo 8.31).

Não se pode dizer que os sinais que Jesus havia

feito em Jerusalém foram em vão por causa destes falsos cristãos, uma vez que muitos

outros foram convencidos posteriormente, vindo a se converter por causa dos sinais que

haviam visto Ele fazer em Jerusalém, como por exemplo os galileus que tinham subido à festa

da páscoa e que deram boa acolhida ao Senhor quando Ele retornou de Jerusalém para a

Galileia (João 4.43).

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João 3

Jesus Veio Salvar e Não Condenar

“1 E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.

2 Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de

Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.

3 Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de

novo, não pode ver o reino de Deus.

4 Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem

nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?

5 Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do

Espírito, não pode entrar no reino de Deus.

6 O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.

7 Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.

8 O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai;

assim é todo aquele que é nascido do Espírito.

9 Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como

pode ser isso?

10 Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de

Israel, e não sabes isto?

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11 Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que

vimos; e não aceitais o nosso testemunho.

12 Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?

13 Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que

desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.

14 E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem

seja levantado;

15 Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira

que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida

eterna.

17 Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para

que o mundo fosse salvo por ele.

18 Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no

nome do unigênito Filho de Deus.

19 E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do

que a luz, porque as suas obras eram más.

20 Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não

sejam reprovadas.

21 Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas,

porque são feitas em Deus.”

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Os sinais que Jesus havia feito em Jerusalém e a

sua pregação do evangelho haviam impactado

profundamente a um dos líderes dos fariseus chamado Nicodemos.

Jesus falou sobre o novo nascimento do Espírito

a Nicodemos, e ele não pôde discernir as coisas que Jesus lhe disse porque são celestiais e

espirituais, e Nicodemos tentou compreendê-las apenas com a sua mente natural.

Como lhe faltou a necessária iluminação do Espírito Santo, Jesus lhe disse que ele não estava

compreendendo as suas palavras porque não estava aceitando pela fé o testemunho que Ele estava dando da verdade acerca da iluminação e

operação necessária do Espírito Santo para que as pessoas possam receber uma nova natureza

celestial (regeneração) de maneira que possam ver o reino de Deus.

Este reino é espiritual e pode ser discernido somente espiritualmente pela iluminação e

instrução do Espírito Santo ao nosso espírito.

Para confirmar esta verdade, quando Nicodemos pensou que Jesus estava falando de

um novo nascimento natural, deste mundo, nosso Senhor lhe disse que a carne somente

pode gerar carne, e que estava falando, portanto de um novo nascimento do espírito, o qual só

pode ser gerado pelo Espírito Santo.

Nicodemos estava convencido de que a obra de Jesus era de Deus, porque de outro modo não

poderia fazer os sinais que estava fazendo.

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Ele chamou Jesus de Rabi, reconhecendo que era Mestre.

No entanto, deve ter temido até aquele momento, que os fariseus soubessem que Ele

tinha ido a Jesus, e por isso talvez tenha ido ter com Ele à noite.

Isto explica em muito a dificuldade que ele teve para ser instruído pelo Espírito quanto às coisas

que Jesus lhe falava.

Nicodemos disse que reconhecia que Jesus era

Mestre, mas não disse que sabia que era o Messias, ou Filho de Deus porque lhe faltou tal

ajuda do Espírito, porque ninguém pode reconhecer e dizer que Jesus é o Senhor a não

ser pelo Espírito.

Mas, Jesus deve ter vislumbrado a sinceridade daquele homem, apesar de todas as suas

cautelas humanas, e também a possibilidade de uma conversão futura, diante de maiores

evidências acerca do evangelho e da sua Pessoa divina, tanto que o Senhor não lhe falou por parábolas e lhe disse as verdades centrais do

evangelho de maneira muito direta, para ajudá-lo a um ato de entrega completa a Ele.

Devemos lembrar que este diálogo aconteceu

quando o ministério de Jesus estava começando, e Ele viria ainda a ensinar e a fazer

muitas coisas pelo poder do Espírito.

Dentro de aproximadamente três anos, Jesus

iria para a cruz, e Nicodemos poderia testemunhar acerca das palavras que o Senhor

lhe havia ensinado.

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É bem possível que ele tenha se convertido na ocasião da morte de Jesus, porque nós o

encontramos não somente defendendo o Senhor perante o Sinédrio quando haviam

enviado guardas para prendê-lo, como também acompanhou de perto a sua crucificação, tendo

levado consigo cerca de cem libras de uma mistura de mirra e aloés para colocar no corpo do Senhor, depois que o tiraram da cruz (João

7.50; 19.39).

Jesus também disse a Nicodemos que este novo nascimento do Espírito não é feito com base na

exclusiva vontade do homem, muito pelo contrário, pela exclusiva vontade do Espírito

Santo, porque tal como o vento, Ele sopra aonde quer, e o homem não tem qualquer domínio

para alterar as correntes dos ventos que sopram sobre a terra, porque isto foi fixado por Deus.

De igual maneira, os que nascem do Espírito,

como o evangelista já havia afirmado no primeiro capítulo deste evangelho, não nascem do sangue e da carne, isto é, da vontade do

homem, senão da vontade de Deus.

Até porque todos os homens foram feridos pela picada mortal do pecado, e somente o olhos da

fé podem contemplar o Cristo crucificado para sermos curados da morte espiritual e eterna, tal

como o contemplar a serpente de bronze no deserto nos dias de Moisés foi o único remédio

provido por Deus para curar os israelitas da morte física por causa do veneno das serpentes

abrasadoras que vieram sobre eles como

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manifestação do seu juízo, por causa do pecado que eles haviam praticado.

A serpente é uma criatura que foi amaldiçoada por Deus e por isso Jesus fez a comparação, não

que Ele seja uma serpente, mas porque Ele se fez voluntariamente, por amor de nós, maldição no

nosso lugar, porque está escrito na Lei que todo aquele que for pendurado em madeiro é maldito

de Deus.

Assim Cristo se fez maldição por nós para que

pudéssemos ser livrados da maldição e sermos abençoados por Deus, recebendo o Espírito

Santo.

Deste modo, Jesus, na presente dispensação da

graça, não veio para julgar e condenar o mundo, mas para salvar aqueles que do mundo, o

contemplam pela fé, crucificado pelos nossos pecados.

Antes que Jesus se manifestasse, todo o mundo,

especialmente as nações gentias, encontravam-se em completa treva espiritual, sem o conhecimento do verdadeiro Deus, e sem

qualquer esperança de salvação.

Daí Jesus ter afirmado de Si mesmo ser Ele próprio a luz que dá vida ao mundo que se

encontra morto no pecado (João 8.12).

A luz de Cristo manifestada através do

evangelho está destinada a brilhar em todo o mundo, e não com o brilho fosco da Antiga

Aliança, como ocorria nos dias do Velho Testamento, basicamente apenas no território

de Israel.

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A base da condenação será este fechamento de olhos para a luz porque o livramento da

condenação é simplesmente pelo ato de fé e arrependimento que consiste em vir para a luz.

Deus está perdoando gratuita e livremente a

todo e qualquer que venha para a luz.

Ele está salvando por pura graça e não por

nenhuma qualificação especial ou obra dos que são salvos.

Por isso Jesus disse que aqueles que praticarem a verdade do evangelho, virão para a luz, para

que a suas obras sejam manifestas, porque elas serão feitas em Deus.

Mas aqueles que praticam o mal, odeiam a luz e

não virão para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas.

João Testificou a Supremacia de Jesus - João 3

“22 Depois disto foi Jesus com os seus discípulos para a terra da Judeia; e estava ali com eles, e

batizava.

23 Ora, João batizava também em Enom, junto a

Salim, porque havia ali muitas águas; e vinham ali, e eram batizados.

24 Porque ainda João não tinha sido lançado na

prisão.

25 Houve então uma questão entre os discípulos

de João e os judeus acerca da purificação.

26 E foram ter com João, e disseram-lhe: Rabi,

aquele que estava contigo além do Jordão, do

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qual tu deste testemunho, ei-lo batizando, e todos vão ter com ele.

27 João respondeu, e disse: O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu.

28 Vós mesmos me sois testemunhas de que

disse: Eu não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele.

29 Aquele que tem a noiva é o noivo; mas o

amigo do noivo, que lhe assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do noivo. Assim, pois, já esta

minha alegria está cumprida.

30 É necessário que ele cresça e que eu diminua.

31 Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele

que vem da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos.

32 E aquilo que ele viu e ouviu isso testifica; e

ninguém aceita o seu testemunho.

33 Aquele que aceitou o seu testemunho, esse

confirmou que Deus é verdadeiro.

34 Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito

por medida.

35 O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos.

36 Aquele que crê no Filho tem a vida eterna;

mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.”

Ao deixar Jerusalém Jesus se dirigiu com os seus discípulos para a região da Judeia, que ficava ao

norte de Jerusalém, e ao sul de Samaria.

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Naquela ocasião estava fazendo convertidos que estavam sendo batizados não propriamente por

Ele, mas pelos apóstolos conforme afirmado em João 4.2.

Próximo do lugar em que Jesus se encontrava, João Batista estava também batizando na

localidade de Enom, próximo de Salim.

Alguns pretenderam argumentar com João que

somente ele tinha o direito de batizar nas águas para a purificação dos pecados; julgando que

Jesus e os seus discípulos estavam se intrometendo na missão divina que João havia

recebido para cumprir.

Então, João se apressou em desfazer o equívoco,

lhes explicando que ele era apenas o amigo do Noivo. A noiva de Cristo é a Igreja e João afirmou

que ela não lhe pertence senão a Cristo. Ele estava alegre em ser apenas o amigo do Noivo.

Não havia nenhuma intromissão de ministérios,

mas uma clara definição de papéis de alguém que estava a serviço de Deus e que era terreno (João) e de Alguém para o qual existem todos os

ministérios terrenos, e que é do céu (Cristo).

Aqueles que haviam tomado partido de João contra Jesus, ainda que bem-intencionados

necessitariam nascer de novo para que pudessem entender que era a Jesus que eles

deveriam seguir e servir.

Eles precisavam avançar do batismo de João

para o batismo de Cristo. De uma visão natural do reino de Deus para uma visão espiritual que

poderiam ter somente estando em Cristo.

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Por isso João tratou de lhes ensinar a verdade relativa à sua missão que era apenas a de

apontar Cristo aos homens para que pudessem ser salvos e ter vida eterna nele.

João sabia que o ofício que havia recebido do céu era temporário, e não eterno como o de Cristo.

Assim o seu ministério diminuiria cada vez mais, e o de Cristo aumentaria e jamais cessaria.

Ele fez questão de ressaltar que o testemunho que estava dando agora já havia sido dado por

ele antes, a respeito de Jesus, de maneira que não cabiam aquelas colocações que seus

discípulos estavam fazendo contra o batismo do Senhor, porque na verdade, importava que

fossem batizados por Ele.

Os discípulos de João estavam vendo a Cristo e

seus apóstolos como rivais de João.

Nós devemos ter cuidado para não dividirmos o reino de Deus e a obra do evangelho por causa

das nossas preferências pessoais a favor de pessoas e denominações.

Todos aqueles que são verdadeiramente de Deus e que estão fazendo uma obra verdadeira

que procede dele, fazem parte do mesmo corpo e deveriam evitar este espírito dos discípulos de

João, e seguir o exemplo do mestre deles, que se apressou em instruí-los quanto à unidade que

há no reino de Deus, entre os diversos ministérios diferentes que o próprio Deus

estabeleceu pelo seu próprio poder.

Apesar de muitos terem rejeitado as palavras

celestiais e verdadeiras que Jesus estava

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pregando, no entanto, outros aceitariam o seu testemunho destas coisas celestiais e divinas,

confirmando que Deus é verdadeiro, pela transformação e poder que seriam operados em

suas próprias vidas, conforme a doutrina que Jesus estava pregando, especialmente as da

justificação, redenção, regeneração e santificação.

Jesus não havia recebido uma medida do Espírito Santo, como os profetas do Velho

Testamento e todos os demais servos de Deus, porque sendo divino, habitou nele toda a

plenitude do Espírito Santo, em todos os poderes e dons divinos, e isto explica a

onisciência de Jesus em seu ministério terreno como comprovou no caso de Natanael, da

mulher samaritana, da moeda no ventre do peixe e em muitas outras ocasiões.

Realmente o Espírito Santo habitava em Jesus de uma maneira singular, e por isso João disse que

Ele não havia recebido de Deus Pai o Espírito por medida (v. 34).

Foi do agrado do Pai que toda a plenitude habitasse no Filho, e por isso Lhe sujeitou todas

as coisas; de maneira que a vida eterna é obtida somente pela fé no Filho de Deus, e todos

aqueles que se mantêm rebeldes contra Cristo, a ira de Deus permanece sobre eles.

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João 4

Jesus Vai da Judeia para a Galileia

“1 E quando o Senhor entendeu que os fariseus tinham ouvido que, ele, Jesus, fazia e batizava

mais discípulos do que João

2 (Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os

seus discípulos),

3 Deixou a Judeia, e foi outra vez para a Galileia.” (João 4.1-3)

No capítulo anterior (3) nós vimos no verso 22

que Jesus havia entrado na Judeia depois da festa

em Jerusalém, e agora ele havia deixado a Judeia cerca de quatro meses antes da colheita, como é

dito no verso 35 deste quarto capítulo, de modo que isto é computado de modo a se entender que

Jesus tinha permanecido na Judeia cerca de seis meses.

Aqueles que se convertiam com a pregação de

Jesus na Judeia eram batizados nas águas, não propriamente pelo próprio Jesus, mas pelos

seus discípulos.

O próprio João batizava os seus discípulos

porque batizava como um servo, mas o batismo de Jesus era feito pelos apóstolos porque estes

batizavam como servos daquele que era também o Senhor do próprio batismo de João.

É dito que Jesus havia feito e batizado mais

discípulos do que João, e isto certamente não

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somente naquela ocasião, mas muito mais do que João tivesse feito em todo o tempo do seu

ministério, porque dos milagres, as curas, a palavra pregada pelos próprios lábios do

Senhor, somente se poderia esperar um tal resultado, melhor do que o realizado através de

qualquer homem.

Quando os fariseus o souberam, que multidões estavam se convertendo e sendo batizadas, isto

gerou uma grande inveja neles. Eles estavam certamente contentes com o fato de João ter

sido aprisionado, e pensavam que estavam livres de qualquer competição, mas agora surge

um incômodo muito maior para eles na pessoa do próprio Jesus.

O sucesso do evangelho sempre suscitará uma

grande fúria naqueles que são seus inimigos.

Como o Senhor seria perseguido duramente até mesmo à morte, e como não era ainda chegada

a sua hora, pois havia muita coisa ainda a ser realizada em seu ministério, Ele decidiu deixar a

Judeia e retornar à Galileia novamente.

E como na Galileia não havia tantos religiosos como em Jerusalém com uma grande

concentração de escribas e fariseus, Ele seria menos importunado lá.

O Evangelho Vence o Preconceito - João 4

Isto aprendemos especialmente na narrativa relativa ao encontro de Jesus com a mulher

samaritana, conforme registrado no quarto

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capítulo do evangelho de João, capítulo 4, versículos 4 a 42:

Versículos 4 a 26

“4 E era-lhe necessário passar por Samaria.

5 Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada

Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José.

6 E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado

do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta.

7 Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-

lhe Jesus: Dá-me de beber.

8 Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.

9 Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como,

sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não

se comunicam com os samaritanos).

10 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te

diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.

11 Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com

que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?

12 És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos

deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?

13 Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que

beber desta água tornará a ter sede;

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14 Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se

fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.

15 Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa

água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la.

16 Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá.

17 A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido;

18 Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com

verdade.

19 Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és

profeta.

20 Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve

adorar.

21 Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora

vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.

22 Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.

23 Mas a hora vem, e agora é, em que os

verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a

tais que assim o adorem.

24 Deus é Espírito, e importa que os que o

adoram o adorem em espírito e em verdade.

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25 A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos

anunciará tudo.

26 Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo.”

Quando Jesus se dirigia da Judeia para a Galileia

seria necessário passar por Samaria, e havia aqui um povo misto que era o resultado da união

de israelitas com os povos que o rei da Assíria havia deixado lá depois do cativeiro das dez

tribos, cerca de 722 a.C.

Eles adoravam somente o Deus de Israel para o qual eles haviam erguido um templo no monte Gerizim, em competição com o templo de

Jerusalém.

Havia grande inimizade entre eles e os judeus, e foi por isso que os samaritanos não queriam dar

pousada a Jesus numa outra ocasião, porque o seu aspecto era como o de quem ia a Jerusalém

(Lc 9.52,53).

Tal era a inimizade entre eles que os judeus

quando queriam ofender alguém chamavam a pessoa de “este samaritano”.

É importante frisar que não era ainda o momento de se pregar o evangelho em Samaria

ou em qualquer região dos gentios porque como o próprio Jesus afirmou, o seu ministério

terreno seria junto à circuncisão, isto é, junto às ovelhas perdidas da casa de Israel, porque

importava que o evangelho fosse primeiro pregado a eles, e em face da rejeição deles, seria

estendido aos gentios.

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Então o que ocorreu com a mulher de Samaria e com aqueles que viriam a se converter através

do testemunho dela, foi uma migalha que havia caído da mesa do Mestre, tal como ocorrera com

a mulher sirofenícia.

E, passando por Samaria rumo à Galileia, Jesus

parou numa das cidades de Samaria de nome Sicar, porque ali havia uma fonte, e Ele estava

cansado e sedento em razão da viagem.

Nós vemos nisto, que Ele era verdadeiramente

homem e estava sujeito às fraquezas e necessidades comuns da natureza humana.

Vemos também, que Ele era pobre, senão estaria fazendo a sua viagem a cavalo ou em

carruagens, mas como sempre, Ele viajava a pé.

Quando Jesus chegou em Samaria, os discípulos haviam ido à cidade comprar comida, mas Jesus

ficou ali junto à fonte de exausto que estava.

Nisto veio uma mulher de Samaria pegar água

na fonte.

Mas foi certamente pela Providência divina que

ela foi inspirada a buscar água naquela hora do dia em que o sol estava muito forte.

O Pai estava atraindo a pecadora ao Filho para que fosse salva.

Jesus começou a sua conversa com a mulher

samaritana pedindo-lhe que lhe desse de beber.

Ele fez isso nem tanto pela sua própria

necessidade mas pelo seu desejo de recompensar aquela mulher pela oportunidade

que estava lhe dando de servi-lo.

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A mulher não se negou a atender ao pedido de Jesus, mas estranhou que Ele apesar de ser um

judeu estivesse falando com ela, por ser samaritana.

Os judeus afirmavam que os samaritanos não teriam nenhuma parte na ressurreição e os

excomungavam e os amaldiçoavam em nome de Jeová, e diziam que nunca comeriam nada

das mãos de um samaritano, porque era o mesmo que estar comendo carne de porco.

Então a mulher estranhou que um judeu (Jesus) estivesse lhe pedindo de beber.

Ela ficou perplexa com o fato de Jesus não ter agido da maneira preconceituosa dos judeus.

Ele não rejeitou se aproximar dela pelo fato de ter uma religião diferente da dele, como teria

feito qualquer outro judeu.

Estas disputas religiosas podem endurecer de tal modo o coração que os homens são afastados

da verdadeira religião que nos ordena amar os nossos inimigos, amar o nosso próximo, ser

misericordiosos para com todas as pessoas.

Então Jesus renunciou à objeção dela quanto à

questão religiosa entre os judeus e samaritanos e nos deixou um exemplo nisto porque muitas

diferenças são melhor curadas sendo desprezadas, e evitando-se entrar em disputas

acerca delas.

Jesus conduziria aquela mulher à conversão

sem esquentar o debate em torno do assunto de que a adoração dos samaritanos era cismática

(embora o fosse), mas revelando a própria

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ignorância dela e imoralidade, e consequentemente a sua necessidade de um

Salvador, porque Deus tem imposto o dever ao homem que Ele criou de que este seja santo, e

que tenha coberta a sua dívida de pecados, e não é possível se chegar a isto sem um Salvador.

Jesus iria ajudar aquela mulher samaritana a ver que Ele não era simplesmente um judeu

cansado de sua viagem, mas o Messias do qual ela havia ouvido falar que viria ao mundo.

Ele lhe disse que havia um dom de Deus que ela ignorava, e Ele falava de si mesmo, porque Ele é

o dom de Deus aos homens, do qual dependem todos os demais dons, inclusive o próprio dom

do Espírito Santo, porque se Ele não tivesse morrido na cruz, o Espírito não poderia ser dado.

A mulher o tinha visto como um simples judeu viajante, mas Ele revelaria a ela que havia muito

mais em relação a Ele que ela não sabia, e além do que se via apenas na aparência.

Jesus é o dom de Deus, a riqueza do amor de Deus trazida a nós, e o tesouro mais rico de tudo

que possa haver de bom para nós, e um tesouro que nos é dado gratuitamente sem que seja

exigido qualquer mérito ou trabalho da nossa parte.

É um grande privilégio poder ter este presente

de Deus que nos é oferecido, e ter uma oportunidade de abraçá-lo.

Com o que disse acerca do dom de Deus, Jesus mostrou à samaritana que se ela O conhecesse

não lhe teria dado uma resposta tão rude.

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Mas, como aqueles que desejam conhecer a Cristo terão que procurá-lo, ainda que Ele esteja

muito próximo deles, tal como aquela mulher samaritana, Ele continuaria em seu diálogo com

ela para poder facilitar o encontro que a transformaria numa filha de Deus.

É exatamente isto que Ele continua fazendo até

hoje, para que possa ser achado por aqueles que O buscam.

Ele lhes ajuda na sua cegueira e morte espiritual

por causa do pecado para que possam vir a enxergar e a viver, de modo que possam se

comunicar com Deus e adorá-lo em espírito, tendo uma vez sido vivificados pela vida eterna

que há em Cristo, o dom de Deus aos pecadores, para que possam sair do estado de completa

incomunicabilidade com as coisas espirituais, celestiais e divinas em razão da separação que

foi ocasionada pelo pecado original.

Então Jesus diz à mulher que caso ela O

conhecesse, porque é Ele que é o dom de Deus, Ele lhe daria água viva.

Jesus estava então prometendo uma fonte

espiritual que jorra continuamente no interior dos que O conhecem.

Uma fonte que sacia completamente a sede da alma, porque as graças e os confortos do Espírito Santo satisfazem à alma, porque somente esta

água viva pode satisfazer às necessidade da alma.

Nada mais poderá saciá-la.

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Jesus dará o Espírito Santo a todo aquele que lho pedir.

É por isso que Ele disse à samaritana que o faria caso ela lhe pedisse água viva.

Mas, a mulher não entendeu que Ele falava de coisas espirituais, e pensou que ele estivesse se

referindo a uma fonte de água natural que fluísse continuamente, e que ela era o

proprietário dela.

Ela falou da impossibilidade dele fazê-lo, porque

não era maior do que o patriarca de todos os judeus (Jacó) que havia deixado aquele poço

como herança a eles.

Como boa conhecedora da região, ela devia saber que não havia nas cercanias um poço

melhor do que aquele tal a sua grande profundidade.

Como Jesus poderia cavar mais fundo do que aquilo? Como ele poderia tirar água de uma

fonte escondida para ela, a não ser cavando muito?

De onde ele tiraria tais águas?

Ela, como a maioria das pessoas, não consegue

enxergar que Cristo tem o poder de abrir fontes onde bem Lhe aprouver.

Ele pode fazer todo o bem quiser tanto em

relação ao mundo natural; quanto ao espiritual, porque é o criador e sustentador de todas as

coisas.

Além disso, nós não precisamos saber de onde

procede a fonte da vida que Ele nos concede,

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porque esta fonte se encontra escondida nele próprio.

Para nós basta sabermos que Ele é a fonte, e não

é necessário saber como é que fluem todas as bênçãos através desta fonte para nós.

Então Jesus lhe disse que a água do poço de Jacó era uma provisão que satisfazia necessidades passageiras, de modo que a água natural

necessita ser bebida toda vez que se tem sede.

Mas há uma água espiritual que extingue a sede

espiritual definitivamente, de modo que a pessoa não mais morrerá de sede pelo temor de

que esta água venha a lhe faltar futuramente, porque esta água, diferente da natural, jamais

falha ou falta, e será provida pela eternidade afora.

Apesar de Jesus ter dito à samaritana que a água

viva que Ele lhe estava oferecendo era uma fonte para a vida eterna, ela continuou

pensando apenas no que era natural e material e lhe pediu então que lhe desse daquela água

para que não tivesse mais o trabalho de ter que ir àquele poço para buscar água.

Então Jesus começaria a trabalhar diretamente na vida daquela mulher, derrubando as

fortalezas da sua alma para que ela pudesse receber a verdade.

Ele sabia que ela era uma pessoa sedenta de

vida, mas estava tentando satisfazer esta sede da maneira errada pois já se encontrava no seu

sexto relacionamento conjugal.

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Ela estava buscando no homem aquilo que somente pode ser achado em Deus, a saber,

descanso e paz para a nossa alma.

Jesus, conhecedor deste fato, por revelação

espiritual, fez com que aquela mulher entendesse que Ele era mais do que um simples

judeu viajante.

Quando a mulher samaritana manifestou interesse em receber a água prometida, ainda

que não estivesse entendendo que Ele lhe falava de realidades espirituais, Jesus pediu que ela

fosse chamar o seu marido, e que viesse com ele à sua presença.

A mulher foi sincera em dizer que não tinha marido, e Jesus não somente confirmou que ela

não havia casado com o homem com que ela se relacionava, como também havia tido cinco

maridos antes dele.

Isto gerou na mulher a convicção de que Jesus

era um profeta, conforme ela mesma declarou.

Assim, o Senhor lhe ensinaria que o Messias

procederia de Israel, e não de Samaria, como também lhe mostraria que a questão da

verdadeira adoração não dependeria mais do lugar certo para adorar, com a sua chegada,

como era exigido na Antiga Aliança (no templo de Jerusalém), porque a Nova Aliança ampliaria

totalmente a questão do lugar certo da adoração do templo de Jerusalém, para o próprio corpo do

adorador, porque toda adoração deve ser em espírito, uma vez que Deus é espírito, e também

em verdade, porque Deus é a verdade.

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Versículos 27 a 42

“27 E nisto vieram os seus discípulos, e maravilharam-se de que estivesse falando com

uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela?

28 Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens:

29 Vinde, vede um homem que me disse tudo

quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo?

30 Saíram, pois, da cidade, e foram ter com ele.

31 E entretanto os seus discípulos lhe rogaram,

dizendo: Rabi, come.

32 Ele, porém, lhes disse: Uma comida tenho

para comer, que vós não conheceis.

33 Então os discípulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe, porventura, alguém algo de comer?

34 Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a

vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.

35 Não dizeis vós que ainda há quatro meses até

que venha a ceifa? Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão

brancas para a ceifa.

36 E o que ceifa recebe galardão, e ajunta fruto

para a vida eterna; para que, assim o que semeia como o que ceifa, ambos se regozijem.

37 Porque nisto é verdadeiro o ditado, que um é

o que semeia, e outro o que ceifa.

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38 Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros trabalharam, e vós

entrastes no seu trabalho.

39 E muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, pela palavra da mulher, que

testificou: Disse-me tudo quanto tenho feito.

40 Indo, pois, ter com ele os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com eles; e ficou ali

dois dias.

41 E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra.

42 E diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que

nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente

o Cristo, o Salvador do mundo.”.

Logo depois que Jesus revelou à samaritana que

Ele era o Messias, os seus discípulos chegaram e ficaram admirados que Ele estivesse

conversando com uma mulher, e ainda por cima samaritana.

Jesus não agiria em nome dos costumes de

Israel e nem discriminaria a ignorância dos samaritanos, mas lhes falaria como se fosse um

deles para poder salvá-los.

E vendo os bons motivos, como sempre havia no Senhor deles, os discípulos não ousaram lhe

perguntar sobre o que estava conversando com a samaritana, e esta deixou até mesmo de lado o

cântaro de água porque a água viva que estava agora nela a impulsionou a dar testemunho

acerca de Jesus como sendo o Messias esperado.

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Ela já tinha esta convicção no seu coração de que Ele era o Messias, mas colocou para os seus

conterrâneos que eles o constatassem por si mesmos vindo a ter com Ele.

Por isso ela falou com eles na forma de pergunta: “Vinde, vede um homem que me

disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo?” (v. 29), como a dizer: “já que Ele

me disse tudo quanto tenho feito, como poderia deixar de ser o Cristo que nós aguardamos?”

O Senhor sabia que o Pai atrairia outros a ele ali naquela região de Samaria, e por isso se recusou

a comer ainda que os discípulos insistissem com Ele, porque sabiam o quanto estava faminto,

tanto quanto eles.

Mas Jesus se recusou terminantemente a fazê-

lo porque sabia que havia ainda muito trabalho a fazer pela pregação do evangelho aos

samaritanos que viriam ao seu encontro por causa do testemunho da samaritana.

Ela havia deixado a água para trás para cuidar dos interesses do reino de Deus, e o Mestre dela

estava deixando também a necessidade de se alimentar fisicamente por causa da sede e fome

espiritual que seria saciada de muitos com a conversão deles pela Palavra de salvação que o

Senhor lhes anunciaria.

Jesus fez a honra de se fazer conhecido à samaritana, e agora ela estava dando-Lhe a

honra de fazê-lo conhecido a outros.

A samaritana se tornou uma missionária na sua

cidade.

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Jesus havia desvendado a condição da vida interior pecaminosa da samaritana para que ela

pudesse conhecer a sua real condição perante Deus que exige santidade daqueles que dele se

aproximam.

Jesus não somente fez o diagnóstico da doença como prescreveu a ela o remédio, a saber, o

arrependimento e a fé nele, para que ela recebesse a água viva que Ele havia prometido.

Foi a isto que ela certamente se referiu quando

disse aos samaritanos da cidade que o Senhor havia dito a ela tudo quanto ela havia feito.

A mulher convenceu os samaritanos a conversarem com Jesus não para satisfazerem à

curiosidade deles, mas para constatarem por si próprios que Ele era de fato o Messias pelas

coisas que diria a eles, e pelo poder que havia nas suas palavras.

Toda aquela maravilhosa pesca de homens fez

com que Jesus se esquecesse do seu próprio cansaço e fome, e certamente Ele foi fortalecido

em sua fraqueza física, pelo Espírito Santo, para realizar o trabalho que deveria fazer para a

glória do Pai, cumprindo a sua missão de Salvador do mundo.

O trabalho que Jesus fazia para o Pai era a sua comida e bebida.

A mulher samaritana havia feito o trabalho de

evangelização que os próprios discípulos não haviam feito em Samaria, e agora, cabia a eles,

firmar aqueles discípulos na verdade e orientá-

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los sobre o modo como deveriam viver para o inteiro agrado de Deus.

Assim, eles estariam ceifando as almas que a

mulher samaritana havia plantado com o seu testemunho e evangelização.

Para esta colheita de almas não há necessidade

de se esperar meses como ocorre com a colheita de cereais.

O campo estará sempre pronto para ser ceifado porque Deus não somente nos prometeu uma

colheita todos os anos, mas todos os meses, semanas e dias.

Sempre é tempo de se colher na sua lavoura

espiritual.

Tal foi a alegria da salvação entre os samaritanos que eles insistiram que Jesus

permanecesse entre eles, e o Senhor se permitiu permanecer ali ainda dois dias.

Nós lembramos que ele estava a caminho da

Galileia, mas Ele sempre se deterá onde quer que haja alguém que o hospede em seu coração.

Assim, foi preanunciada naqueles samaritanos

a boa recepção que os gentios dariam ao Senhor e à Palavra do evangelho, diferentemente da

grande maioria dos judeus, para os quais Ele viera, e que o estavam rejeitando e que ainda

rejeitariam.

Deus iria provar então, que um verdadeiro israelita não é conhecido pela circuncisão do

prepúcio, mas pela circuncisão do coração.

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A Cura do Filho de um Nobre João 4

“43 E dois dias depois partiu dali, e foi para a Galileia.

44 Porque Jesus mesmo testificou que um

profeta não tem honra na sua própria pátria.

45 Chegando, pois, à Galileia, os galileus o

receberam, vistas todas as coisas que fizera em Jerusalém, no dia da festa; porque também eles

tinham ido à festa.

46 Segunda vez foi Jesus a Caná da Galileia, onde

da água fizera vinho. E havia ali um nobre, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum.

47 Ouvindo este que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com ele, e rogou-lhe que

descesse, e curasse o seu filho, porque já estava à morte.

48 Então Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e

milagres, não crereis.

49 Disse-lhe o nobre: Senhor, desce, antes que

meu filho morra.

50 Disse-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. E o

homem creu na palavra que Jesus lhe disse, e partiu.

51 E descendo ele logo, saíram-lhe ao encontro

os seus servos, e lhe anunciaram, dizendo: O teu filho vive.

52 Perguntou-lhes, pois, a que hora se achara melhor. E disseram-lhe: Ontem às sete horas a

febre o deixou.

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53 Entendeu, pois, o pai que era aquela hora a mesma em que Jesus lhe disse: O teu filho vive;

e creu ele, e toda a sua casa.

54 Jesus fez este segundo milagre, quando ia da Judeia para a Galileia.” (João 4.43-54)

Jesus teve uma grande acolhida entre os samaritanos, mas importava pregar o evangelho

em todas as partes de Israel, e por isso ele partiu dois dias depois para a Galileia.

Ele não retornou para Nazaré, cidade onde residiu até começar o seu ministério, porque

havia testificado que um profeta não tem honra na sua própria terra, entre aqueles que

conviveram com ele, porque sempre o olharão como mero homem e não enxergarão a

comissão e a autoridade divina que recebeu do alto para ministrar com poder.

Por isso os ministros do evangelho não devem

se aplicar em permanecer em lugares em que não sejam respeitados e não recebam a devida

honra que lhes é devida, por estarem comissionados por Deus para fazer a sua obra.

Mas na Galileia Jesus foi bem acolhido pelos

galileus não como mero homem, mas como profeta, porque haviam visto as coisas que Ele

havia feito em Jerusalém, quando lá estiveram na festa da páscoa.

Quando chegou em Caná da Galileia, pela segunda vez, porque lá estivera antes quando

transformou água em vinho; veio ao seu

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encontro um nobre de Cafarnaum cujo filho estava à morte.

Cafarnaum estava situada ao lado de Betsaida e Corazim, cidades endurecidas para o evangelho,

e Jesus não havia recebido a devida acolhida deles.

Talvez o motivo de ter se recusado a descer com o nobre, para visitar seu filho em Cafarnaum,

tenha sido o de que já teria sacudido a poeira dos seus pés em relação àquela cidade, conforme

vemos nos evangelhos sinópticos.

No entanto, o Senhor não se negou a curá-lo

diante da súplica humilde do seu pai.

Ele não iria à cidade, mas atenderia àqueles que

daquela cidade lhe procurassem com fé.

Assim Jesus curou aquele enfermo à distância, e quando o pai chegou em casa encontrou-o

perfeitamente são, e os seus servos confirmaram que a hora em que ele foi

restabelecido foi justamente a hora em que Jesus havia liberado a sua palavra de ordem para

que ele fosse curado.

Jesus deixou evidenciado para aquele nobre,

antes de curar o seu filho, que crer nele para a salvação é mais importante do que receber dele

um sinal ou maravilha.

O milagre da cura seria uma maravilha e um

sinal que Ele operaria, mas não é efetivamente o melhor caminho para se crer nele, porque há

muitos falsificadores e enganadores espalhados por Satanás, pelo mundo afora, que também

realizam sinais e maravilhas para enganar os

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incautos, mantendo-os na incredulidade deles em relação à Palavra de Deus, na qual importa

crermos para sermos salvos.

É dito que o nobre e toda a sua casa creram

diante da evidência da cura, mas não podemos atestar acerca da qualidade da fé deles, isto é, se

foi a fé que salva, ou simplesmente fé para ser curado, tal como a dos judeus das cidades que creram para serem curados mas que não se

arrependeram dos seus pecados, de maneira que receberam a justa repreensão de Jesus,

dizendo-lhes que Sodoma e Gomorra achariam menos rigor no juízo do que tais cidades (Mt

10.15; 11.24).

Muitos procuram Jesus apenas para serem

aliviados de suas aflições, de suas circunstâncias difíceis, mas lhe negam a honra

que é devida de ser servido e adorado como Senhor.

Mas temos que reconhecer que há muitos que são como Tomé, os quais creem com fé

salvadora, mas somente se virem sinais e prodígios.

O Senhor, julga mais bem-aventurado que se creia sem ver, porque isto honra a sua Pessoa,

por uma fé que não necessita de evidências para crer na sua Palavra.

Afinal, a essência da fé não é a convicção daquilo que vemos, mas daquilo que

não vemos; e também não é a incerteza do que esperamos; mas a plena certeza de que o Senhor

é fiel e cumprirá tudo o que tem prometido.

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João 5

A Cura do Enfermo do Tanque de Betesda

“1 Depois disto havia uma festa entre os judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.

2 Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das

ovelhas, um tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres.

3 Nestes jazia grande multidão de enfermos,

cegos, mancos e paralíticos, esperando o movimento da água.

4 Porquanto um anjo descia em certo tempo ao

tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de

qualquer enfermidade que tivesse.

5 E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo.

6 E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que

estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são?

7 O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me

ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.

8 Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e

anda.

9 Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era sábado.

10 Então os judeus disseram àquele que tinha

sido curado: É sábado, não te é lícito levar o leito.

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11 Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma o teu leito, e anda.

12 Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito, e anda?

13 E o que fora curado não sabia quem era;

porque Jesus se havia retirado, em razão de naquele lugar haver grande multidão.

14 Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para

que não te suceda alguma coisa pior.

15 E aquele homem foi, e anunciou aos judeus

que Jesus era o que o curara.

16 E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estas

coisas no sábado.” (João 5.1-16)

Deus havia proibido aos israelitas, debaixo da

Antiga Aliança, que se fizesse no dia de sábado atividades que visassem ao lucro e interesse

próprios ou aquelas coisas que se fazem habitualmente nos demais dias da semana, de

maneira que houvesse uma atitude de coração voltada para a consagração do dia do descanso à

sua adoração.

No entanto, nunca foi o Espírito da lei de Moisés, impedir a realização de qualquer tipo de ação neste dia, conforme os fariseus estavam

ensinando o povo nos dias de Jesus.

Eles confundiram consagração com ociosidade total, criando um preceito humano que nunca

estivera sequer no pensamento de Deus.

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Jesus nunca descumpriria qualquer preceito da Lei que Ele mesmo havia dado a Moisés, porque

importava que fosse em tudo obediente perfeitamente à Lei, para que pudesse morrer

no lugar dos pecadores.

Mas depois da sua morte e ressurreição Ele

revogaria a Antiga Aliança pela inauguração da Nova Aliança no seu sangue, e

consequentemente os preceitos civis e cerimoniais da Lei de Moisés, inclusive as

prescrições relativas ao Sábado sagrado dos judeus, seriam revogados.

Era de se esperar que Deus manifestasse a sua misericórdia especialmente no dia que havia

separado para a adoração do seu nome como Criador de todas as coisas.

Por isso o nome daquele tanque era Betesda, que significa casa da misericórdia, porque nele

eram operadas curas por um anjo que descia de tempos e tempos e agitava a sua água, e o

primeiro que entrasse no tanque quando a água estava sendo agitada, era curado.

Por muito tempo aquele homem que Jesus curou tentava entrar no tanque, mas como

necessitava da ajuda de alguém que lá o colocasse, sempre entrava alguém antes dele.

Não é dito que o próprio paralítico que Jesus

curou havia se arrependido dos seus pecados, ou se teve fé apenas para ser curado

fisicamente.

Jesus havia se retirado porque havia uma grande

multidão junto ao tanque, e quando o que fora

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curado foi interpelado pelos judeus sobre quem lhe tinha ordenado a carregar o seu leito em dia

de sábado, ele lhes disse que não sabia quem era aquele que lhe havia curado, porque Jesus já

havia se retirado.

No entanto, quando Jesus o encontrou no templo, disse-lhe que ele estava são, mas que

não pecasse mais para que não lhe sucedesse alguma coisa pior do que aquela enfermidade

que ele carregou por 38 anos (v. 14).

Mesmo depois de ter recebido tal advertência

do Senhor, o que fez aquele homem?

Ele correu para delatar Jesus aos judeus, de maneira que estes passaram a procurar o

Senhor com o intuito de matá-lO, porque segundo eles, ele estava quebrando o sábado.

É bom lembrar que o diabo entrou em Judas justamente quando Jesus lhe deu um bocado de

pão.

Um gesto que deveria gerar amor e gratidão,

gerou em Judas inveja e ódio pelo Senhor a ponto de desejar matá-lo pelas mãos dos judeus;

razão pela qual o traiu inspirado por Satanás.

Os Judeus Intentam Matar Jesus - João 5

“17 E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.

18 Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só

quebrantava o sábado, mas também dizia que

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Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.

19 Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na

verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir

fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente.

20 Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que

estas, para que vos maravilheis.

21 Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e

os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer.

22 E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao

Filho todo o juízo;

23 Para que todos honrem o Filho, como honram

o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.

24 Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me

enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.

25 Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.

26 Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si

mesmo;

27 E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é

o Filho do homem.

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28 Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão

a sua voz.

29 E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para

a ressurreição da condenação.

30 Eu não posso de mim mesmo fazer coisa

alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a

vontade do Pai que me enviou.” (João 5.17-30)

Jesus respondeu àqueles judeus que intentavam

matá-lo porque havia curado um paralítico junto ao tanque de Betesda num sábado, e que

lhe havia autorizado a carregar o seu leito, que os motivos deles de honrarem a Deus não eram

corretos, porque não estavam honrando a Ele que havia sido enviado pelo Pai.

Quem não honrar o Filho não pode estar

honrando verdadeiramente ao Pai, porque este tem determinado receber toda a honra dos

homens através da honra que deve ser dada a seu Filho, Jesus Cristo.

Eles estavam agindo com base em preceitos e

tradições de homens que anulavam a verdade da Palavra de Deus.

Eles não chegaram a reconhecer o Filho porque não estavam buscando verdadeiramente a

Deus, tal como os discípulos do Senhor, porque estes desejavam de fato viver segundo a verdade

de Deus.

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O discurso de Jesus não era contra eles, mas a favor de uma genuína conversão.

Se eles lhe dessem ouvidos, muitos deles

poderiam se arrepender dos seus pecados e chegarem ao conhecimento da verdade, pela

revelação do Espírito.

Mas enquanto estivessem endurecidos em suas próprias convicções, sem se submeterem às

palavras do Senhor, permaneceriam nas trevas em que sempre estiveram.

Eles estavam errando no princípio mais básico que pode conduzir alguém à conversão que é o

reconhecimento da divindade de Jesus.

Por isso ficaram ainda mais furiosos contra Ele quando declarou que Deus era seu Pai e que todo

o trabalho que Ele realizava era em perfeita harmonia e conjugação com a vontade do Pai; de

maneira que rejeitar o que Ele fazia era o mesmo que rejeitar o que o Pai estava fazendo.

Jesus disse àqueles judeus endurecidos que eles não deveriam ficar maravilhados com o fato de

ter curado um paralítico, porque Ele tem toda a autoridade para fazer obras ainda maiores,

como ressuscitar e vivificar os mortos.

Além disso, o julgamento moral relativo ao pecado para condenação eterna, ou para a vida

eterna foi também dado pelo Pai ao Filho (v. 22 a 27); de maneira que não deveriam ficar

admirados, achando que Ele era digno de morte por ter curado um paralítico no dia de sábado, e

ter-lhe ordenado que carregasse o seu leito,

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contrariando assim a tradição de homens estipulada pelas autoridades judaicas.

Deus Pai e Deus Filho podem conceder a vida eterna aos homens porque ambos têm vida em

si mesmos, sendo a fonte de toda vida espiritual. Não há verdadeira vida eterna fora do Pai e do

Filho, porque é deles que recebemos esta vida (v. 26).

Jesus Defende a sua Autoridade - João 5

“31 Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro.

32 Há outro que testifica de mim, e sei que o

testemunho que ele dá de mim é verdadeiro.

33 Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade.

34 Eu, porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isto, para que vos salveis.

35 Ele era a candeia que ardia e alumiava, e vós

quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz.

36 Mas eu tenho maior testemunho do que o de

João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que eu faço,

testificam de mim, que o Pai me enviou.

37 E o Pai, que me enviou, ele mesmo testificou

de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer.

38 E a sua palavra não permanece em vós,

porque naquele que ele enviou não credes vós.

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39 Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim

testificam;

40 E não quereis vir a mim para terdes vida.

41 Eu não recebo glória dos homens;

42 Mas bem vos conheço, que não tendes em vós

o amor de Deus.

43 Eu vim em nome de meu Pai, e não me

aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis.

44 Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só

de Deus?

45 Não cuideis que eu vos hei de acusar para

com o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais.

46 Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele.

47 Mas, se não credes nos seus escritos, como

crereis nas minhas palavras?” (João 5.31-47)

Aqueles judeus haviam presenciado a evidência de um milagre realizado pelo Senhor em

alguém que seguramente não havia sido curado por ter entrado no tanque de Betesda, porque

eles sabiam que há 38 anos aquele homem o tentava com insucesso.

Eles o tinham agora perfeitamente são diante deles, e nem com isso creram em Cristo.

Eles tiveram agora a oportunidade de ouvir um discurso sobre a sua missão na terra, que foi

proferido com autoridade e com a unção do

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Espírito, e nem assim eles se deixaram convencer da sua missão e pessoa divina.

O próprio testemunho de Moisés poderia prevalecer contra aqueles judeus no dia do

juízo, porque eles afirmavam fazer o que faziam por serem seguidores de Moisés. Mas se isto

fosse verdadeiro eles teriam seguido a Cristo, porque tudo o que Moisés ensinou, inclusive nas sombras cerimoniais da Lei, apontava para

Cristo. Eles seriam justamente condenados no dia do Juízo.

Jesus nunca procurou a sua própria honra e glória em tudo o que fez, pregou e ensinou,

senão somente a glória e honra do Pai. Todos os seus servos devem seguir o seu exemplo nisto,

não buscando honra e glória para si mesmos.

É em testemunho de verdadeira humildade,

estando esvaziados de nós mesmos, que glorificamos ao Senhor, e receberemos honra e

glória de Deus, e não propriamente dos homens, que muitas vezes até mesmo nos odiarão e

perseguirão.

Aqueles judeus haviam resistido a Cristo e à sua

doutrina, mas receberiam de braços abertos aos falsos mestres e pastores, como seus pais

haviam feito no passado, e como eles estavam fazendo agora com o ensino errôneo dos

escribas e fariseus.

Eles deveriam ter cuidado porque não se fazem

estas coisas opcionalmente, como se Deus nos tivesse dado o direito de escolher a doutrina que

mais nos agrade, se a dele ou a dos homens;

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porque haverá um juízo sobre o modo pelo qual vivemos, e que sempre está baseado naquilo em

que nós cremos e realmente amamos.

Se não for ao Senhor e à sua Palavra, estamos

definitivamente arruinados porque teremos que enfrentá-lo no dia do Juízo para uma

condenação eterna, como Jesus havia alertado aqueles judeus que estavam endurecidos em suas tradições e falsas convicções teológicas.

No entanto, o problema deles como o de qualquer outra pessoa não é simplesmente o

fato de crerem numa doutrina que seja oposta à de Cristo, mas a cobiça dos seus próprios

corações por fome de glória e honra pessoal, em vez de viverem exclusivamente para a honra e

glória de Deus, conforme o próprio Senhor afirmou no verso 44.

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João 6

Aprendendo Lições na Multiplicação dos Pães e dos Peixes

“1 Depois disto partiu Jesus para o outro lado do

mar da Galileia, que é o de Tiberíades.

2 E grande multidão o seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos.

3 E Jesus subiu ao monte, e assentou-se ali com

os seus discípulos.

4 E a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima.

5 Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que

uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes

comerem?

6 Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que havia de fazer.

7 Filipe respondeu-lhe: Duzentos dinheiros de

pão não lhes bastarão, para que cada um deles tome um pouco.

8 E um dos seus discípulos, André, irmão de

Simão Pedro, disse-lhe:

9 Está aqui um rapaz que tem cinco pães de

cevada e dois peixinhos; mas que é isto para tantos?

10 E disse Jesus: Mandai assentar os homens. E

havia muita relva naquele lugar. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco mil.

11 E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças,

repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos

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pelos que estavam assentados; e igualmente também dos peixes, quanto eles queriam.

12 E, quando estavam saciados, disse aos seus

discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.

13 Recolheram-nos, pois, e encheram doze alcofas de pedaços dos cinco pães de cevada,

que sobejaram aos que haviam comido.

14 Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é

verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo.”

Cinco pães e dois peixes representam todos os

nossos poucos recursos que são multiplicados nas mãos de Cristo.

Ao ter ordenado que fossem recolhidas as sobras, o Senhor nos ensinou a sermos

econômicos e a preservamos os seus dons e bênçãos.

Nós não podemos fazer um mau uso ou

desperdiçarmos ainda que sejam as sobras daquilo que Ele nos tem dado, e que temos

reconhecido que temos recebido dele por causa do seu grande poder e amor.

Em todas as oportunidades Jesus procura ocasião para provar a fé dos seus discípulos, tal

como fizera com eles no monte perguntando a Filipe onde comprariam pães para alimentar

toda aquela multidão.

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Quando Jesus fez tal pergunta a Filipe Ele já sabia o que haveria de fazer, mas queria abrir a

visão dos seus apóstolos para buscarem sempre nele as respostas para todas as necessidades que

se apresentassem diante deles, especialmente quando estivessem no seu serviço.

Filipe ainda pensava nas possibilidades

humanas e naturais porque respondeu que eles não tinham nem de longe o dinheiro necessário

para comprar uma tão grande quantidade de alimento.

Mas Jesus não perguntou quanto seria

necessário de dinheiro para comprar o alimento, mas onde eles comprariam.

Não seria comprado na terra, mas no céu.

O recurso viria do alto pela realização de um milagre de multiplicação daquilo que eles

tivessem.

Tal como fora feito no passado com a farinha da

viúva de Sarepta por Elias, e com o azeite da botija, por Eliseu, na casa da mulher do profeta

que havia morrido endividado.

André deu um passo além de Filipe, mas ainda permaneceu na visão das possibilidades

terrenas e humanas, e não conseguiu dar o salto da fé, porque procurou investigar se havia entre

eles na multidão alimentos que pudessem ser repartidos entre todos, mas ficou desencorajado

ao ver que apenas um rapaz tinha cinco pães e dois peixinhos, e questionou Jesus dizendo o que

seria aquilo para tantas pessoas?

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Mas, a busca de solução de André não seria inteiramente frustrada, porque ainda que ele

dissesse o que era aquilo para tantos, seria justamente a partir daqueles poucas pães e

peixes que toda a multidão de cinco mil pessoas seria alimentada.

Filipe havia cruzado os braços ao ver o tamanho do problema e estava completamente certo pela

lógica dos homens que o melhor a fazer seria reconhecer que aquele problema era de solução

impossível em face dos recursos que eles possuíam.

Mas, Deus não age segundo a lógica dos homens

e então como discípulo de Cristo, Filipe estava completamente errado segundo o método

divino, que opera segundo a nossa fé, e não segundo os nossos recursos.

André demonstrou que não tinha ainda uma fé grande no Senhor, mas ao menos tentou se

esforçar para solucionar o problema que Ele havia proposto, e foi honrado apesar da sua

pequena fé.

Cristo sempre honrará os nossos esforços em prol do seu reino, ainda que não saibamos as

coisas grandiosas que Ele fará para atender às nossas presentes necessidades, e resolver

aquilo que Ele mesmo nos solicitou.

Jesus fará o milagre mas nós temos que nos

esforçar para achar a solução.

Nós temos que trabalhar para obter o nosso pão.

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Ele multiplicará os nossos recursos e os abençoará, mas nós temos que nos esforçar para

obtê-los.

André, Filipe e os demais discípulos haviam

aprendido de maneira muito prática, para o crescimento da fé deles, que não há impossíveis

para o Senhor.

Eles estavam até aquele ponto ainda endurecidos e haviam esquecido o milagre da

transformação da água em vinho nas bodas de Caná; tinham presenciado a cura de muitos

enfermos e endemoninhados, tanto como aquela multidão que havia seguido Jesus até o

monte, por estarem vendo como Ele curava os enfermos.

Mas com este milagre Ele revelou a eles a sua

onipotência divina, porque nunca se viu antes tantos sendo alimentados com apenas cinco

pães e dois peixes.

Ao servirmos ao Senhor, sejam quais forem as nossas necessidades, devemos descansar no

fato de que Ele é poderoso para realizar tudo aquilo que Ele tiver solicitado a nós para fazer

em seu nome.

Jesus Caminhou Sobre as Águas - João 6

“15 Sabendo, pois, Jesus que haviam de vir

arrebatá-lo, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, ele só, para o monte.

16 E, quando veio a tarde, os seus discípulos

desceram para o mar.

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17 E, entrando no barco, atravessaram o mar em direção a Cafarnaum; e era já escuro, e ainda

Jesus não tinha chegado ao pé deles.

18 E o mar se levantou, porque um grande vento

assoprava.

19 E, tendo navegado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram a Jesus, andando sobre o mar e

aproximando-se do barco; e temeram.

20 Mas ele lhes disse: Sou eu, não temais.

21 Então eles de boa mente o receberam no barco; e logo o barco chegou à terra para onde

iam.

22 No dia seguinte, a multidão que estava do outro lado do mar, vendo que não havia ali mais

do que um barquinho, a não ser aquele no qual os discípulos haviam entrado, e que Jesus não

entrara com os seus discípulos naquele barquinho, mas que os seus discípulos tinham

ido sozinhos

23 (Contudo, outros barquinhos tinham chegado de Tiberíades, perto do lugar onde comeram o pão, havendo o Senhor dado graças).

24 Vendo, pois, a multidão que Jesus não estava

ali nem os seus discípulos, entraram eles também nos barcos, e foram a Cafarnaum, em

busca de Jesus.

25 E, achando-o no outro lado do mar, disseram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui?

26 Jesus respondeu-lhes, e disse: Na verdade, na

verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e

vos saciastes.

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27 Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna,

a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou.” (joão 6.15-27)

Depois de ter multiplicado os cinco pães e dois

peixes Jesus se retirou da multidão e foi sozinho para o monte.

Ele se antecipou à ação daquelas pessoas porque sabia que tentariam proclamá-lo rei de Israel, e

isto despertaria não somente uma visão incorreta à natureza do seu reino, que não é

política, como também precipitaria novas perseguições contra Ele pelo falso argumento

de que era um subversivo.

Além disso, não é deste modo que Ele deseja ser honrado, a saber, com a motivação incorreta,

porque o que aquelas pessoas desejavam realmente não era se submeterem à sua

autoridade divina, para um governo no coração, mas se livrarem do domínio do Império

Romano, e também, como o próprio Senhor lhes dissera, não por terem reconhecido que Ele era

o Messias, pelos sinais que haviam visto Ele fazer, mas porque haviam comido dos pães e dos

peixes e se fartaram.

Ao cair da tarde os discípulos foram para o mar da Galileia para atravessá-lo para o outro lado,

em direção a Cafarnaum, e como Jesus não apareceu, decidiram fazer a travessia sem Ele, e

sendo escuro enfrentaram uma tempestade no

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meio do mar, porque soprava um vento muito forte.

O Senhor veio ter com eles andando por sobre as águas do mar, e não sabendo que se tratava de

Jesus que vinha na direção deles, temeram, mas o Senhor lhes tranquilizou revelando-se a eles; e

puderam chegar em segurança ao outro lado; porque conforme vemos no complemento desta

passagem nos evangelhos sinópticos Jesus havia ordenado ao mar que se acalmasse.

Jesus caminhou sobre o mar tempestuoso para nos mostrar que Ele tem domínio sobre as

tempestades que atingem as nossas vidas e pode nos manter em perfeita segurança no meio

delas.

Jesus é o Rei dos reis, mas não necessita ser

entronizado pelos homens, nem pelos anjos, porque foi o próprio Pai que Lhe fez Senhor de

tudo e de todos.

Conhecendo o que estava no coração deles, e o motivo pelo qual lhe estavam procurando, Jesus lhes repreendeu dizendo que não o faziam não

pelos sinais que haviam visto, mas por causa da comida grátis, e que eles deveriam trabalhar

para obter o sustento deles, mas não simplesmente pelo sustento material que

estavam buscando nele, mas pelo alimento que permanece para a vida eterna, o qual Ele lhes

daria de boa vontade, caso O buscassem da maneira certa.

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Provisão Espiritual Garantida - João 6

“28 Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus?

29 Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.

30 Disseram-lhe, pois: Que sinal, pois, fazes tu,

para que o vejamos, e creiamos em ti? Que operas tu?

31 Nossos pais comeram o maná no deserto,

como está escrito: Deu-lhes a comer o pão do céu.

32 Disse-lhes, pois, Jesus: Na verdade, na

verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu.

33 Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.

34 Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre

desse pão.

35 E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em

mim nunca terá sede.

36 Mas já vos disse que também vós me vistes, e contudo não credes.

37 Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei

fora.

38 Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me

enviou.

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39 E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca,

mas que o ressuscite no último dia.

40 Porquanto a vontade daquele que me enviou

é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no

último dia.

41 Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu.

42 E diziam: Não é este Jesus, o filho de José, cujo

pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu?

43 Respondeu, pois, Jesus, e disse-lhes: Não murmureis entre vós.

44 Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me

enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.

45 Está escrito nos profetas: E serão todos

ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.

46 Não que alguém visse ao Pai, a não ser aquele que é de Deus; este tem visto ao Pai.

47 Na verdade, na verdade vos digo que aquele

que crê em mim tem a vida eterna.

48 Eu sou o pão da vida.

49 Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram.

50 Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.

51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se

alguém comer deste pão, viverá para sempre; e

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o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.

52 Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo:

Como nos pode dar este a sua carne a comer?

53 Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho

do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.

54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no

último dia.

55 Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é

bebida.

56 Quem come a minha carne e bebe o meu

sangue permanece em mim e eu nele.

57 Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta,

também viverá por mim.

58 Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e

morreram; quem comer este pão viverá para sempre.

59 Ele disse estas coisas na sinagoga, ensinando em Cafarnaum.” (João 6.28-59)

É dito que Jesus disse as coisas que proferiu a partir do verso 28, na sinagoga em Cafarnaum.

É possível que João tenha feito um arranjo

associando este discurso ao que Jesus havia debatido com os galileus de Tiberíades que lhe

haviam seguido até Cafarnaum, porque

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encerrou o seu discurso com eles falando de trabalho de Deus e para Deus.

João registrou que quando Jesus estava

ensinando na sinagoga de Cafarnaum lhe perguntaram o que deveriam fazer para

executar as obras de Deus.

Como há muito pensamento envolvido no fato de se julgar que a obra de Deus é para atender às

nossas necessidades materiais, Jesus disse que a obra de Deus consiste em ter fé nele, porque foi

a Ele que Deus Pai encarregou de fazer a sua obra na terra.

Então é em associação com Cristo, pela fé nele, que se pode fazer efetivamente a obra de Deus.

Eles haviam perguntado pelo modo como

deveriam fazer a obra de Deus, mas na verdade queriam que Deus trabalhasse para eles.

Não havia neles uma verdadeira disposição de servir ao Senhor, porque pediram que fizesse

um sinal demonstrando que era enviado de Deus tal como foi o caso de Moisés, através de

quem Deus havia dado o maná ao povo de Israel no deserto.

Jesus lhes disse que aquele não era um sinal da

vida eterna celestial que somente Ele pode dar, porque aquele pão não era celestial, não era o

pão vivo que dá vida eterna, mas um alimento natural que foi provido de maneira sobrenatural

por Deus para tão somente suprir as necessidades dos israelitas de alimento

material.

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Então nada havia da vida do céu no maná que os israelitas consumiram por quarenta anos.

Se eles achavam que o maná era uma grande evidência para se ter fé em alguém como tendo

sido enviado por Deus, quão maior evidência não era o próprio Jesus, como o pão da vida que

havia sido enviado pelo Pai para dar vida eterna àqueles que nele creem?

Mas eles não podiam enxergar isto porque não creram nele.

Se tivessem crido, como os apóstolos, teriam visto que Ele próprio é o maior sinal e evidência

que podemos ter da parte de Deus, porque passa a viver em nós, dando-nos a vida do céu, em

testificação com o nosso espírito (v. 36).

Eles queriam esta vida, mas sem se entregarem a Cristo. Sem crerem verdadeiramente nele.

Não é possível ter vida eterna sem Cristo, porque Ele próprio é a vida eterna.

Jesus não estava buscando o favor e o aplauso dos homens.

Ao contrário veio fazer o maior dos favores àqueles que necessitam de salvação para

poderem ser resgatados da condenação eterna e serem feitos filhos de Deus.

Desta maneira, nenhum dos que Lhe foram

dados pelo Pai se perderá, mas serão ressuscitados no último dia (v. 39).

Aqueles que enxergam com os olhos da fé que Jesus é o pão vivo que desceu do céu e que dá

vida, creem nele, e terão vida eterna; e seus

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corpos serão ressuscitados no último dia da dispensação da graça (v. 40).

Estas palavras de Jesus deram ensejo a uma

grande murmuração dos judeus, porque havia dito que era o pão que tinha descido do céu, e

eles sabiam que Ele era filho de José e de Maria.

Como poderia ter descido do céu?

A história da encarnação de Jesus foi mantida em segredo até ser registrada pelos apóstolos

nos evangelhos.

Importava que estas coisas fossem ocultadas aos judeus e que fossem ensinados por parábolas,

porque Deus não pretende ser servido e conhecido por evidências externas, mas por um

conhecimento íntimo da sua pessoa, por revelação do Espírito.

Assim, não é pela mera decisão do homem que Ele chegará a conhecer a Deus, mas por um ato do próprio Deus em atraí-lo à salvação em seu

Filho, tal como fizera com o centurião Cornélio (v. 44).

Jesus deu a sua carne como sacrifício na cruz para que pudéssemos ter vida eterna.

Se Ele não tivesse se oferecido como sacrifício

por nós, jamais poderíamos participar da sua vida, por causa dos nossos pecados.

Como os judeus entenderam erroneamente que

Jesus estava falando literalmente de se comer da sua carne, ele reforçou ainda mais o erro deles

dizendo que não deveriam somente comer a carne, como também beber o seu sangue,

porque ofereceria a sua própria vida para que

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tivéssemos vida eterna estando nele e sendo alimentados espiritualmente por Ele.

Os Que Abandonaram Jesus - João 6

“60 Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo

isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?

61 Sabendo, pois, Jesus em si mesmo que os seus

discípulos murmuravam disto, disse-lhes: Isto escandaliza-vos?

62 Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do

homem para onde primeiro estava?

63 O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são

espírito e vida.

64 Mas há alguns de vós que não creem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram

os que não criam, e quem era o que o havia de entregar.

65 E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém

pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido.

66 Desde então muitos dos seus discípulos

tornaram para trás, e já não andavam com ele.

67 Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?

68 Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor,

para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.

69 E nós temos crido e conhecido que tu és o

Cristo, o Filho do Deus vivente.

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70 Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? e um de vós é um diabo.

71 E isto dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão; porque este o havia de entregar, sendo

um dos doze.” (João 6.60-71)

O discurso que Jesus fez por causa de uma

pergunta que lhe foi feita na sinagoga de Cafarnaum pelos judeus quanto ao que

deveriam fazer para realizarem as obras de Deus, precipitou as reações que são citadas

nestes versos 60 a 71.

Até aquele momento muitos estavam seguindo Jesus qualificando-se a si mesmos como seus

discípulos.

Mas a grande maioria estava seguindo aos seus

próprios interesses egoístas e não propriamente ao Senhor.

Todavia, os verdadeiros cristãos seguirão

sempre ao Senhor, ainda que Ele lhes pergunte se não pretendem deixá-lo, como fizera com os

doze.

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João 7

A Incredulidade dos Irmãos de Jesus

“1 E Depois disto Jesus andava pela Galileia, e já não queria andar pela Judeia, pois os judeus

procuravam matá-lo.

2 E estava próxima a festa dos judeus, a dos tabernáculos.

3 Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui, e

vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes.

4 Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se

fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.

5 Porque nem mesmo seus irmãos criam nele.

6 Disse-lhes, pois, Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está

pronto.

7 O mundo não vos pode odiar, mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que as suas

obras são más.

8 Subi vós a esta festa; eu não subo ainda a esta festa, porque ainda o meu tempo não está cumprido.

9 E, havendo-lhes dito isto, ficou na Galileia.

10 Mas, quando seus irmãos já tinham subido à

festa, então subiu ele também, não manifestamente, mas como em oculto.

11 Ora, os judeus procuravam-no na festa, e

diziam: Onde está ele?

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12 E havia grande murmuração entre a multidão a respeito dele. Diziam alguns: Ele é bom. E

outros diziam: Não, antes engana o povo.

13 Todavia ninguém falava dele abertamente,

por medo dos judeus.”

Sabendo do grande risco de morte que pairava

sobre Ele na Judeia, Jesus decidiu permanecer por algum tempo na Galileia, desde a Páscoa em

que curara o paralítico junto ao tanque de Betesda, a qual era celebrada no primeiro mês

judaico, até a festa dos Tabernáculos que era celebrada no sétimo mês; ocasião em que

também concorria um grande número de judeus a Jerusalém, vindos de todas as partes do

mundo, sendo propícia para se dar testemunho do evangelho a muitos deles.

Não foi por medo que Jesus não permaneceu em Jerusalém, mas por prudência, porque não era

ainda chegada a sua hora de morrer na cruz.

Veja que a luz do evangelho é levada para longe daqueles que se esforçam para extingui-la, e que

Jesus não permanecerá onde não for bem recebido.

Aprendemos do mesmo exemplo de Jesus que

não devemos permanecer Lhe servindo onde não sejamos bem recebidos, porque não

somente o nosso testemunho será inócuo, como também nos cumularemos de muitas dores

desnecessárias.

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Jesus não se importou em se unir às pessoas obscuras da Galileia, apesar de pertencer a Ele a

honra de estar sentado na cadeira de Moisés em Jerusalém, recebendo honra de todos os judeus.

O diabo usou os próprios irmãos de Jesus para tentá-lo a ir pública e manifestamente a

Jerusalém para fazer as suas obras, para que fosse visto pelos seus discípulos; de maneira a

que se expusesse e fosse preso e morto antes de cumprir tudo o que ainda deveria fazer.

Eles haviam dito isto com ironia porque até aquela altura ainda não criam nele.

O próprio Tiago que escreveu a epístola que leva o seu nome, viria a crer nele somente depois da

evidência da sua ressurreição (I Cor 15.7).

Ele suportou tudo isto pacientemente porque sabe que a carne não pode entender os mistérios

do reino de Deus, e assim, enquanto se permanece na carne é impossível entender as

coisas do Espírito.

Não sabemos se os irmãos de Jesus estavam

conscientes dos riscos que Lhe aguardavam em Jerusalém por causa do grande ódio dos judeus

por Ele, a ponto de que até mesmo os judeus da dispersão e de outras partes da Palestina terem

temido indagar por Ele manifestamente, para que não fossem entregues aos judeus da Judeia,

que queriam matá-lo.

Mas se estavam ou não conscientes disto o

Senhor lhes respondeu que não subiria com eles à festa porque não era um momento

oportuno para Ele, porque estava sendo odiado

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por aqueles judeus, que eram do mundo, por ter testificado contra as más obras deles.

Todavia, quem do mundo odiaria os seus irmãos

incrédulos?

Eles não podiam testificar contra a

incredulidade sendo eles próprios incrédulos, e assim não granjeariam naquela condição o ódio

de ninguém, e portanto poderiam ir para Jerusalém no tempo que bem lhes aprouvesse.

Assim Jesus foi ocultamente para a festa somente depois que seus irmãos subiram a Jerusalém.

Ele sabia que havia judeus da dispersão e de outras partes da Palestina procurando por Ele e

assim não perderia a oportunidade de lhes pregar o evangelho.

Pouco devemos nos importar com o testemunho que o mundo der a nosso respeito

porque será sempre um testemunho falho, como o que os judeus deram de Cristo porque

alguns diziam que ele era bom, e outros que não era bom, e que enganava o povo.

Eles viam a Jesus apenas como homem e não

tinham um julgamento apropriado, não somente relativo à sua divindade como também

à obra espiritual que Ele realizava no poder do Espírito.

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Jesus Repreendeu a Incredulidade dos Judeus - João 7

“14 Mas, no meio da festa subiu Jesus ao templo,

e ensinava.

15 E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como

sabe este letras, não as tendo aprendido?

16 Jesus lhes respondeu, e disse: A minha

doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.

17 Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou

se eu falo de mim mesmo.

18 Quem fala de si mesmo busca a sua própria

glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele

injustiça.

19 Não vos deu Moisés a lei? e nenhum de vós

observa a lei. Por que procurais matar-me?

20 A multidão respondeu, e disse: Tens demônio; quem procura matar-te?

21 Respondeu Jesus, e disse-lhes: Fiz uma só obra, e todos vos maravilhais.

22 Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos

pais), no sábado circuncidais um homem.

23 Se o homem recebe a circuncisão no sábado,

para que a lei de Moisés não seja quebrantada, indignais-vos contra mim, porque no sábado

curei de todo um homem?

24 Não julgueis segundo a aparência, mas julgai

segundo a reta justiça.

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25 Então alguns dos de Jerusalém diziam: Não é este o que procuram matar?

26 E ei-lo aí está falando abertamente, e nada lhe

dizem. Porventura sabem verdadeiramente os príncipes que de fato este é o Cristo?

27 Todavia bem sabemos de onde este é; mas,

quando vier o Cristo, ninguém saberá de onde ele é.

28 Clamava, pois, Jesus no templo, ensinando, e dizendo: Vós conheceis-me, e sabeis de onde

sou; e eu não vim de mim mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro, o qual vós não

conheceis.

29 Mas eu conheço-o, porque dele sou e ele me enviou.

30 Procuravam, pois, prendê-lo, mas ninguém

lançou mão dele, porque ainda não era chegada a sua hora.

31 E muitos da multidão creram nele, e diziam:

Quando o Cristo vier, fará ainda mais sinais do que os que este tem feito?

32 Os fariseus ouviram que a multidão

murmurava dele estas coisas; e os fariseus e os principais dos sacerdotes mandaram servidores

para o prenderem.

33 Disse-lhes, pois, Jesus: Ainda um pouco de tempo estou convosco, e depois vou para aquele

que me enviou.

34 Vós me buscareis, e não me achareis; e onde eu estou, vós não podeis vir.

35 Disseram, pois, os judeus uns para os outros:

Para onde irá este, que o não acharemos? Irá

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porventura para os dispersos entre os gregos, e ensinará os gregos?

36 Que palavra é esta que disse: Buscar-me-eis, e não me achareis; e: Aonde eu estou vós não

podeis ir?”

O problema básico dos judeus de Jerusalém para reconhecerem a autoridade de Jesus continua

sendo o mesmo problema de muitos na própria Igreja ainda em nossos dias.

Eles achavam que a autoridade de Deus passa obrigatoriamente por instituições de ensino

regulares com atestação de colação de grau pelos homens.

Quando ficaram maravilhados com o conhecimento de Jesus das Escrituras, eles

ficaram ao mesmo tempo resistentes pelo fato de não tê-las aprendido nas escolas rabínicas e

de não ter autorização expressa dos rabinos para se dedicar aos assuntos relativos à religião.

Não somente Jesus, como João Batista e os apóstolos não estiveram debaixo do ensino

deles para poderem exercer o ministério que haviam recebido de Deus, porque eles não

estavam honrando verdadeiramente ao Senhor e à sua Palavra.

A doutrina de Deus é conhecida fazendo-se a sua vontade (v. 17).

A doutrina do evangelho foi revelada nas Escrituras do Velho Testamento, mas estava

escondida aos religiosos de Israel porque todas

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as coisas ditas em relação ao Messias estavam encobertas pelo véu do Velho Testamento.

É somente no próprio Cristo e na forma direta e

clara como Ele expôs o evangelho que este véu é retirado, de maneira que se possa ver

claramente aquelas coisas sobre as quais Deus havia falado através de Moisés e dos profetas do

Antigo Testamento.

Então não seria nenhum rabino que poderia

ensinar a Cristo o que era o evangelho preanunciado por Deus desde Abraão, e revelar

quem era Aquele que pisaria a cabeça da serpente, conforme Deus havia dito a Adão.

Somente aqueles que têm aprendido e ouvido da

parte de Deus podem falar em seu nome.

Aqueles judeus estavam vendo Jesus como um

mero professor de religião.

Um homem envolvido no ministério de ensino para as escolas rabínicas, e não um general

celestial com a incumbência de formar soldados para guerrearem contra os poderes das trevas

que aprisionavam até mesmo a muitos destes que estavam se opondo ao Senhor e

pretendendo matá-lo.

Jesus não estava buscando a glória do reconhecimento de ser um grande mestre entre

os homens, mas a glória de Deus Pai, realizando a obra que Lhe havia designado para cumprir (v.

18).

Para que eles queriam mais um mestre da Lei se

eles não cumpriam a Lei?

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Como podiam então pretender matar o Senhor com a aprovação do Sinédrio, pelo falso

argumento dele ter quebrado a Lei curando aquele paralítico do tanque de Betesda num dia

de sábado?

Diante da afirmação do Senhor de que eles não

guardavam a Lei, eles dissimularam e disseram que Ele estava endemoninhado para fazer uma

tal afirmação de que eles pretendiam matá-lo, pelo motivo de ter quebrado o sábado.

Na verdade eles não estavam procurando tirar-lhe a vida por motivo de zelo religioso. Aquilo

era apenas um pretexto para agradarem os governantes e autoridades judaicos.

Circuncidar no sábado era lícito, mas curar não? Circuncidar era lícito, mas salvar não?

Afinal que pecado Jesus havia cometido então?

Que julgamento era portanto aquele que eles

estavam fazendo? Era segundo a reta justiça? Não.

Era segundo a conveniência deles e segundo a aparência, daquilo que lhes parecia ser a quebra

da Lei sem que fosse de fato.

Então alguns daqueles judeus de Jerusalém se

indignaram ainda mais contra o Senhor e disseram ironicamente que não entendiam

como os principais líderes de Israel permitiam que Ele continuasse falando abertamente.

Para instigar os sacerdotes a zelos, perguntaram ironicamente se por acaso teriam eles

reconhecido afinal que ele era o Cristo?

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Para se justificarem fizeram questão de dizer que no que tocava a eles bem sabiam que ele não

podia ser o Messias, porque sabiam onde ele tinha nascido e vivido; e por uma afirmação

teológica que não sabemos de onde eles a sacaram, porque não consta nas Escrituras,

afirmaram que quando o Cristo se manifestasse ninguém saberia de onde ele é.

Ao contrário, a profecia diz claramente que o

Messias nasceria em Belém Efrata.

Eles afirmaram que sabiam onde Jesus tinha nascido e vivido, no entanto eles não conheciam

de fato de onde Ele viera, porque foi enviado desde o céu pelo Pai, o qual nenhum deles

conhecia.

Eles viram a Cristo, mas também não O

conheceram como importa ser conhecido, isto é, em espírito.

Quando Jesus falou da sua verdadeira

proveniência no templo, tentaram prendê-lo, mas ninguém pôde lançar mão dele, porque não

era ainda chegada a sua hora de ser preso e morto.

Seu testemunho ousado e corajoso debaixo de toda aquela perseguição e os sinais que fazia,

levaram muitos a crerem nele, e julgavam que seria impossível que um outro fosse o Cristo, porque não poderia fazer mais sinais do que

aqueles que Jesus já havia feito.

Quando os fariseus ouviram a multidão fazer tal

afirmação acerca dele, de ser o próprio Messias,

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eles se uniram aos principais sacerdotes para que fossem enviados guardas para prendê-lo.

Sabendo disto Jesus lhes disse que

permaneceria neste mundo com os judeus ainda por mais um pouco de tempo, porque iria

voltar para Aquele que Lhe havia enviado.

Quando isto acontecesse o procurariam, mas não poderiam mais achá-lo, porque para onde

Ele iria, eles não poderiam ir.

Certamente, o céu não é lugar para incrédulos,

conspiradores e perseguidores do próprio Cristo.

Eles pensaram que Ele se retiraria dos termos de

Israel para ensinar os judeus da dispersão que se encontrava entre os gregos, e aos próprios

gregos.

E ficaram a indagar entre si qual era o

significado da palavra que lhes havia dito que eles O buscariam mas não O achariam, e que onde ele estaria eles não poderiam ir.

O Rio de Água Viva - João 7

“37 E no último dia, o grande dia da festa, Jesus

pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.

38 Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.

39 E isto disse ele do Espírito que haviam de

receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não

ter sido glorificado.

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40 Então muitos da multidão, ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente este é o

Profeta.

41 Outros diziam: Este é o Cristo; mas diziam

outros: Vem, pois, o Cristo da Galileia?

42 Não diz a Escritura que o Cristo vem da

descendência de Davi, e de Belém, da aldeia de onde era Davi?

43 Assim entre o povo havia dissensão por causa dele.”. (João 7.37-43)

Jesus comprovou com estas palavras de João

7.37-43, que realmente não veio condenar, mas salvar o mundo na presente dispensação da

graça. Porque, em face de tanta oposição que estava sofrendo, seria de se esperar que Aquele

que recebeu do Pai toda autoridade no céu e na terra para exercer juízos em seu nome,

trouxesse uma palavra de condenação ou correção, e não um convite para a salvação, e

ainda por cima por pura graça.

Era o último dia da festa dos Tabernáculos e as

pessoas estariam voltando para as suas casas.

Então Jesus aproveitou a oportunidade para lhes

deixar um forte apelo em suas consciências para que viessem a se converter a Ele, ainda que

soubesse que apenas alguns dentre eles se converteriam de fato.

É a Cristo e somente a Ele que se deve ir com fé no coração para que se receba o Espírito Santo

como um dom para habitar em nós para sempre.

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Somente os que têm fome e sede de justiça, da justiça do reino de Deus, podem vir a Cristo para

serem saciados.

Por isso Ele não disse simplesmente que viessem beber a água viva todos os que a

desejassem, mas apenas os que têm sede.

Esta sede é, sobretudo por uma vida santa, porque a água do Espírito nos purificará dos

nossos pecados, para sermos santos e inculpáveis como Cristo.

Importava que Jesus fosse glorificado no céu pela obra de redenção que realizou na terra,

para que o Espírito Santo pudesse ser derramado como um dom em todas as nações.

Jesus sabia que Israel estaria endurecido para

tal recepção, conforme havia sido profetizado desde o Velho Testamento (Is 65.1,2), e

conforme eles estavam demonstrando durante todo o seu ministério terreno, mas os gentios

viriam a beber da água que eles haviam rejeitado.

Enquanto os gentios estariam dando glórias e

aleluias, transbordando na alegria do Espírito, os judeus continuariam debatendo acerca de

ser Cristo ou não o Profeta prometido desde Moisés (Dt 18.18), e se fosse o Messias como

poderia ser da Galileia, porque a muitos deles ficou ocultado propositalmente pelo Senhor as

circunstâncias que envolveram o seu nascimento em Belém, e pensavam que Ele

havia nascido em Nazaré, onde viveu, apesar de

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conhecerem pelas Escrituras que o Messias nasceria em Belém.

Jesus se tornou para eles, conforme afirmam as Escrituras, uma rocha de escândalo e de

tropeço, em vez de ser a rocha eleita e preciosa de salvação para aqueles que nele creem.

Não é por meio de discussão e debates sobre a

Lei, e ainda sobre todas as Escrituras que se chega a conhecer a Cristo, mas por um ato de

entrega espiritual, pessoal e voluntária a Ele, confiando completamente nele para que seja o

nosso Salvador e Senhor.

As graças do Espírito Santo são como as águas vivas de uma fonte porque estão sempre em

movimento e em constante renovação, e jamais terminam.

Não são águas paradas de um poço ou cisterna.

Esta água salta para a vida eterna, e é por isso

que Jesus disse à mulher samaritana que ela jamais teria sede se bebesse desta água, porque

é como água de uma fonte, só que é uma fonte que nunca se esgotará e que continuará

saciando a nossa sede por toda a eternidade.

Sem esta água espiritual não é possível ter vida

espiritual eterna.

Nem mesmo vida por alguns dias.

Não há de fato nenhuma vida espiritual se não tivermos esta água viva, que é o Espírito Santo,

fluindo no nosso interior.

Jesus disse que o fluir deste rio de água viva estava citado nas Escrituras do Velho

Testamento.

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Dentre estas Escrituras salta à vista o texto de Ezequiel relativo ao rio que procede do trono de

Deus e que vai aumentando de volume cada vez mais, e que gera vida por onde quer que ele

passe (Ez 47.1-12).

Estas águas do Espírito são também derramadas

como chuva conforme afirmam as Escrituras (Is 44.3; Joel 2.28; Zac 12.10).

Os judeus deixaram o manancial de águas vivas para cavarem cisternas quebradas que não

podem reter as águas (Jer 2.13), e fizeram isto por se firmarem na própria justiça deles, e naquilo

que pensavam ser a justiça das obras da Lei, Lei esta que eles quebravam de todas as maneiras e

formas, e não confiaram na justiça de Cristo para que fossem justificados, e assim

recebessem a promessa da habitação do Espírito Santo.

Mas, todos aqueles que têm o Espírito Santo trabalhando neles tal como a água, lhes

purificando, pela fé, dos seus pecados, amolecendo seus corações para receberem a

Palavra da vida, e sendo alimentados pela água para crescerem e frutificarem espiritualmente;

pode-se dizer destes, que estão de fato transbordando no Espírito Santo, conforme

Cristo havia prometido para todos aqueles que cressem nele.

Este transbordamento fluirá do ventre deles, isto é, do seu interior, do seu espírito, como um

rio poderoso de água viva, especialmente na

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pregação e ensino do evangelho, transmitindo vida a muitos.

Nenhum Outro Fala Como Ele - João 7

“44 E alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele.

45 E os servidores foram ter com os principais

dos sacerdotes e fariseus; e eles lhes perguntaram: Por que não o trouxestes?

46 Responderam os servidores: Nunca homem

algum falou assim como este homem.

47 Responderam-lhes, pois, os fariseus:

Também vós fostes enganados?

48 Creu nele porventura algum dos principais ou dos fariseus?

49 Mas esta multidão, que não sabe a lei, é

maldita.

50 Nicodemos, que era um deles (o que de noite

fora ter com Jesus), disse-lhes:

51 Porventura condena a nossa lei um homem sem primeiro o ouvir e ter conhecimento do que

faz?

52 Responderam eles, e disseram-lhe: És tu também da Galileia? Examina, e verás que da

Galileia nenhum profeta surgiu.

53 E cada um foi para sua casa.”. (João 7.44-53)

Os guardas que tinham saído da parte dos

fariseus e dos principais sacerdotes para prenderem Jesus, retornaram a eles perplexos

afirmando que nunca tinham ouvido alguém

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falar com tanta autoridade e poder como o Senhor.

Eles temeram lançar mão dele para não receberem nenhum juízo severo da parte de

Deus, tal como havia sucedido com aquelas duas guarnições dos capitães de cinquenta que

tinham saído a mando do rei de Israel para prenderem Elias, e que haviam sido consumidos

pelo fogo que veio da parte de Deus sobre eles.

Os próprios fariseus e sacerdotes estavam

procurando um estratagema para pegarem o Senhor, conforme veremos nos capítulos

seguintes, mas não tentariam fazer nada diretamente contra Ele, primeiro por temerem

aqueles do povo que haviam crido nele, e aqueles que estavam considerando que Ele

fosse de fato realmente o grande Profeta e o Messias.

Eles conspirariam fortemente contra Ele entre si e às ocultas.

Os fariseus estavam muito seguros do falho conhecimento que eles tinham das Escrituras, e

na sua cegueira por causa do ódio e inveja que tinham de Cristo, não podiam enxergar a

verdade.

Eles consideravam o povo maldito porque não tendo o conhecimento que eles julgavam ter das

Escrituras, acabaram crendo em Cristo, apesar deles estarem afirmando que Jesus estava

enganando o povo.

Não foi sem razão que Jesus falou duramente

contra a hipocrisia dos escribas e fariseus, que

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sendo guardiões das Escrituras, usavam-nas contra os propósitos de Deus, por causa dos

próprios interesses carnais e egoístas deles.

A maioria dos escribas e fariseus estava

perseguindo a Cristo por motivo de inveja e de falso zelo religioso, porque desejavam manter o

status de únicos guias espirituais do povo de Israel, e para fins políticos na preservação da estima que tinham alcançado junto ao povo.

Outros, como Paulo, que viria a se converter mais tarde perseguiram ao Senhor e seus

discípulos por motivo de ignorância e pensando estarem fazendo de fato um grande serviço a

Deus, tentando suprimir aqueles que eles pensavam estar agindo contra a Lei de Moisés.

Quando Nicodemos, que era um dos principais dos fariseus se levantou para defender Jesus

dizendo que a lei não permitia que alguém fosse condenado sem que primeiro fosse ouvido, para

que se defendesse das coisas contra as quais estava sendo acusado; os demais fariseus lhe

perguntaram com ironia se por acaso ele, Nicodemos, era também natural da Galileia,

para estar defendendo um Galileu como Jesus, uma vez que segundo o exame que eles fizeram

das Escrituras nunca nenhum profeta havia sido levantado por Deus na Galileia.

No entanto, eles não sabiam que Jesus não havia nascido na Galileia, mas na cidade de Belém,

que ficava na Judeia.

Os fariseus faziam esta afirmação de modo

impactante dizendo que não havia sido

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levantado nenhum profeta na Galileia, para enganarem o povo, uma vez que é bem certo que

eles sabiam que Jonas era de Gate-Efer, e Naum um eclosita, ambos da Galileia. Assim, a

afirmação deles era falsa.

Mas, de todo modo, eles foram apanhados por

Deus na própria sabedoria deles, para que permanecessem endurecidos crendo numa

verdade aparente que lhes convinha, para não admitirem que Jesus fosse de fato o Messias.

Eles precisavam de um argumento para justificar o seu endurecimento, e se não

encontrassem um eles o inventariam, assim, Deus lhes confundiu fazendo com que Jesus

nascesse de uma família que residia em Nazaré, na Galileia, mas cujos ancestrais eram naturais

da cidade de Belém, onde tiveram que se recensear por decreto de César Augusto, para

que Jesus lá nascesse dando cumprimento às Escrituras.

Jesus sabia que dificilmente teria governantes e fariseus do seu lado porque a abnegação e o

carregar diário da cruz seria uma lição muito dura para que eles cumprissem em seu orgulho

e presunção.

Por isso o evangelho é destinado aos pobres de

espírito, aos mansos e quebrantados de coração, porque somente estes se autonegam e

carregam a cruz voluntariamente, para fazerem não a sua própria vontade, mas a do Senhor.

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João 8

Jesus e a Mulher Adúltera

“1 Jesus, porém, foi para o Monte das Oliveiras.

2 E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-se,

os ensinava.

3 E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério;

4 E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre,

esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.

5 E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam

apedrejadas. Tu, pois, que dizes?

6 Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se,

escrevia com o dedo na terra.

7 E, como insistissem, perguntando-lhe,

endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire

pedra contra ela.

8 E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.

9 Quando ouviram isto, redarguidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos

mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.

10 E, endireitando-se Jesus, e não vendo

ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores?

Ninguém te condenou?

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11 E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não

peques mais.” (João 8.1-11)

Era de se esperar que Jesus retornasse para a

Galileia, em face da forte perseguição que

estava sofrendo em Jerusalém, no entanto, Ele se retirou temporariamente para o monte das

Oliveiras. Havia passado a noite fora da cidade, mas retornou ao templo logo na manhã do dia

seguinte, onde ensinava o povo que vinha ter com Ele.

Os escribas e fariseus queriam encontrar um

meio de arranjar uma acusação formal contra Ele para que pudesse ser condenado à morte.

Então pensaram em pegá-lo numa afirmação

contra a Lei de Moisés.

Assim, lhe trouxeram uma mulher que havia sido apanhada em flagrante de adultério, e

pediram que Ele desse o veredicto para aquele caso, uma vez que Moisés ordenou na Lei que os

adúlteros fossem mortos por apedrejamento.

Percebendo a intenção deles de terem um motivo para Lhe acusarem e não propriamente

a mulher, Jesus não lhes deu qualquer resposta, e continuou escrevendo com o dedo na terra.

Mas como insistiam na pergunta, Ele afinal lhes

disse que o primeiro a lançar pedra contra a adúltera deveria ser aquele que entre eles

estivesse sem pecado.

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Ouvindo isto eles se retiraram, e Jesus disse à mulher que assim como os seus acusadores não

a haviam condenado Ele também não a condenaria, mas ordenou-lhe que fosse e que

não pecasse mais.

Jesus veio inaugurar uma Nova Aliança, a

aliança da graça, que revogaria a aplicação, entre os israelitas, das penas legais da Antiga

Aliança contra determinadas transgressões da Lei de Moisés.

A graça do evangelho havia derrubado o preconceito nacionalista e religioso, conforme

vimos na narrativa da mulher samaritana no quarto capítulo, e agora, a graça estava se

manifestando para livrar da condenação da penas legais que haviam na Antiga Aliança. A não condenação da mulher adúltera era uma

demonstração prática desta realidade.

As Palavras e Obras de Jesus Testificam da sua

Divindade - João 8

“12 Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará

em trevas, mas terá a luz da vida.

13 Disseram-lhe, pois, os fariseus: Tu testificas

de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro.

14 Respondeu Jesus, e disse-lhes: Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é

verdadeiro, porque sei de onde vim, e para onde

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vou; mas vós não sabeis de onde venho, nem para onde vou.

15 Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo.

16 E, se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai

que me enviou.

17 E na vossa lei está também escrito que o

testemunho de dois homens é verdadeiro.

18 Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de

mim testifica também o Pai que me enviou.

19 Disseram-lhe, pois: Onde está teu Pai? Jesus

respondeu: Não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me conhecêsseis a mim,

também conheceríeis a meu Pai.

20 Estas palavras disse Jesus no lugar do

tesouro, ensinando no templo, e ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua

hora.”. (João 8.12-20)

Como o estratagema dos escribas e fariseus havia falhado ao Lhe terem trazido a mulher

apanhada em adultério, Jesus continuou ensinando abertamente no templo, e,

aproveitou a oportunidade para reafirmar a verdade que não veio a este mundo para julgá-

lo, para estabelecer um juízo de morte sobre aqueles que não O conhecem e que se

encontram mortos em seus pecados, mas para salvá-los, conforme nós podemos deduzir do

modo como Ele tratou com a mulher adúltera.

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Assim, Ele lhes declarou mais uma vez que era a luz do mundo, a luz que dá vida a todo aquele que

O seguir.

Os fariseus replicaram tentando anular o

testemunho do Senhor acerca da verdade, especialmente quanto ao fato de que Deus

estaria se tornando longânimo e gracioso com todos os pecadores, na nova dispensação que Ele

afirmava ter vindo inaugurar, dizendo que o testemunho dele não era verdadeiro porque

testificava de Si mesmo.

Mas o Senhor não deixou de dar a devida resposta dizendo que podia testificar de Si

mesmo porque sabia de onde veio e para onde iria, de maneira que os fariseus não podiam

formular qualquer julgamento sobre a sua pessoa, uma vez que não sabiam de onde Ele

viera nem para onde iria.

Eles não podiam fazer tal julgamento, porque não tinham o Espírito para fazer um julgamento

verdadeiro sobre Jesus.

Assim o julgamento deles era segundo o

homem, segundo a vista, segundo o dizer de Jesus, um julgamento segundo a carne, que

jamais poderá discernir as coisas espirituais, porque estas se discernem no Espírito.

Eles não podiam entender, porque Jesus não

estava julgando ninguém na dispensação da graça, verdade que somente pode ser entendida

em espírito e não na carne.

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Nosso Senhor disse que todos os seus juízos eram verdadeiros já que não julgava segundo a

carne, mas segundo Deus, pelo Espírito.

Assim, não era verdade que somente Ele testificava de Si mesmo, porque o Pai também

testificava juntamente com Ele, confirmando a sua Palavra com os sinais e milagres poderosos que nenhum outro havia feito antes dele.

Neste debate de Jesus com os fariseus Ele deixou

de modo bastante claro a importância de se ter o Espírito e de se andar no Espírito para que se

possa conhecê-Lo e a Deus Pai, porque este conhecimento é de experiência real em espírito,

e é somente em espírito que se pode conhecer a Deus, porque Ele é espírito, e daí se dizer que

importa ser adorado em espírito e em verdade.

Os fariseus não conheceram a Jesus em espírito, e como poderiam conhecer também a Deus?

O fato de terem sido chamados por Jesus de

ignorantes de quem era Deus, como eram de fato, deve ter acendido ainda mais o ódio dos

fariseus e o desejo de matá-lO, no entanto ninguém prendeu o Senhor porque não era

ainda chegada a sua hora.

A Longanimidade Infinita de Jesus - João 8

“21 Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Eu retiro-me, e buscar-me-eis, e morrereis no vosso

pecado. Para onde eu vou, não podeis vós vir.

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22 Diziam, pois, os judeus: Porventura quererá matar-se a si mesmo, pois diz: Para onde eu vou

não podeis vir?

23 E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo.

24 Por isso vos disse que morrereis em vossos

pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados.

25 Disseram-lhe, pois: Quem és tu? Jesus lhes disse: Isso mesmo que já desde o princípio vos

disse.

26 Muito tenho que dizer e julgar de vós, mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele

tenho ouvido, isso falo ao mundo.

27 Mas não entenderam que ele lhes falava do Pai.

28 Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o

Filho do homem, então conhecereis quem eu sou, e que nada faço por mim mesmo; mas falo

como meu Pai me ensinou.

29 E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre

o que lhe agrada.

30 Dizendo ele estas coisas, muitos creram nele.” (João 8.21-30)

A grande misericórdia de Deus para com os seus

inimigos (Rom 5.10) está plenamente manifestada nestas palavras de Jesus, porque

Ele alertou os seus confrontadores do que lhes ocorreria caso não cressem que Ele havia sido

enviado pelo Pai para salvar os pecadores.

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Eles morreriam eternamente nos seus pecados porque é somente pela fé nele que os nossos

pecados podem ser perdoados por Deus, e sermos reconciliados com Ele, deixando de ser

seus inimigos, por causa da natureza pecaminosa que temos, e portanto, sermos

livrados da sua ira que haverá de se manifestar no juízo na condenação eterna daqueles que não tiveram seus pecados perdoados por causa da fé

em Cristo.

Mesmo tendo continuado a zombarem do Senhor depois de lhes ter dito que não poderiam

ir para onde Ele iria (céu), caso não tivessem os seus pecados perdoados, Jesus continuou lhes

advertindo de maneira que chegassem ao arrependimento para que fossem salvos;

especialmente pelo fato de lhes ter revelado que poderiam saber quem Ele era depois que o

levassem à cruz.

Muitos deles poderiam então lamentar e se

arrependerem dos seus pecados, porque o Espírito Santo seria derramado para produzir

neles este convencimento.

O tom de voz de Jesus ao dizer estas palavras não deve ter sido áspero, mas muito terno e

convincente, demonstrando todo o seu amor e paciência, apesar de estar sendo tão duramente contraditado, e com isto muitos creram nele.

No entanto, Jesus colocou à prova a qualidade da

fé destes que creram como veremos a partir do verso 31, e eles revelaram que não era a fé

genuína, porque ao lhes ser dito que a fé seria

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verdadeira se eles permanecessem na sua Palavra, eles não demonstraram estar dispostos

a isto.

A verdadeira fé que salva gera contrição no

nosso coração ao vermos com os olhos da fé Jesus crucificado e sofrendo por carregar os

nossos pecados sobre Si na sua morte na cruz.

E esta fé verdadeira nos moverá a amar ao Senhor e à sua Palavra.

Há também muito de sentimentos envolvido em

nossa salvação. Ela não é um ato frio de assentimento intelectual a uma verdade. A fé

não é uma mera aceitação intelectual de um fato, mas todo um trabalho que é realizado em

nós para mudar o nosso coração de pedra num coração de carne. É uma transação espiritual

real de experiência do cristão com o seu Senhor e Salvador.

Estas palavras de Jesus deixam estas verdades

declaradas de modo muito implícito. Ele declarou que muito teria que falar contra

aqueles judeus e julgá-los por causa dos seus pecados, mas não o faria condenando a nenhum

deles porque recebeu o mandamento do Pai de vir a este mundo para salvá-lo e não para

condená-lo, enquanto durar a dispensação da graça, até que Ele volte.

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Jesus o Libertador - João 8

“31 Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele:

Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos;

32 E conhecereis a verdade, e a verdade vos

libertará.

33 Responderam-lhe: Somos descendência de

Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?

34 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em

verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.

35 Ora o servo não fica para sempre em casa; o

Filho fica para sempre.

36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.

37 Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha

palavra não entra em vós.

38 Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai.

39 Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é

Abraão. Jesus disse-lhes: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.

40 Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus

tem ouvido; Abraão não fez isto.

41 Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de prostituição;

temos um Pai, que é Deus.

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42 Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e

vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.

43 Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra.

44 Vós tendes por pai ao diabo, e quereis

satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na

verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio,

porque é mentiroso, e pai da mentira.

45 Mas, porque vos digo a verdade, não me credes.

46 Quem dentre vós me convence de pecado? E

se vos digo a verdade, por que não credes?

47 Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de

Deus.” (João 8.31-47)

Não é simplesmente por se dizer que se crê em

Cristo que somos de fato seus discípulos, porque a evidência da verdadeira fé será vista no fato de

amarmos e guardarmos a sua Palavra, perseverando em permanecer nela.

É por esta perseverança em permanecer na

Palavra que se conhece a verdade, e a libertação do pecado, dos poderes das trevas e do mundo.

Jesus disse expressamente àqueles judeus que

todos eles eram escravos do pecado, assim como todos os homens que não foram

libertados por Ele.

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O Senhor lhes disse isso porque afirmaram que não eram servos de ninguém, por serem

descendentes de Abraão.

Apesar disso o Senhor lhes disse que sendo

escravos do pecado, não podiam ficar para sempre na casa de Abraão, que é a casa de Deus,

mas o Filho de Deus é senhor sobre esta casa e nela permanecerá para sempre, e assim somente Ele pode libertar os que são escravos

do pecado, para que sejam verdadeiramente livres da condenação e do afastamento eterno

de Deus.

Jesus lhes disse que apesar de serem

descendentes de Abraão, segundo a carne, viviam na contradição de um comportamento

totalmente diferente do patriarca, que foi inteiramente obediente a Deus e que fez a sua

obra.

Abraão havia recebido a Deus, quando se

manifestou a ele em pessoa em Manre, com grande amor, temor e reverência.

No entanto, eles O estavam recebendo agora, na pessoa do seu Filho, com o intuito de matá-lo,

apesar de serem da descendência de Abraão, porque não se sujeitavam à sua palavra; coisa

que o próprio Abraão jamais teria feito, porque era sensível à voz de Deus e teria reconhecido ao

Senhor, assim como Lhe haviam reconhecido os apóstolos.

Jesus estava lhes falando das coisas que havia visto junto ao Pai, assim como aqueles judeus

estavam fazendo o que haviam visto junto ao pai

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deles, que era o diabo; apesar de alegarem que eram filhos de Abraão, mas não eram, porque

não faziam as obras de Abraão.

Os verdadeiros filhos de Abraão fazem as obras de Abraão, que são as obras de Deus; porque é

dito que Abraão é pai de todos os que creem verdadeiramente em Deus.

Os judeus tinham a convicção de que eram filhos de Deus pelo simples fato de serem da

descendência de Abraão, porque Deus lhe havia prometido ser o Deus da nação que faria a partir

do seu descendente, ignorantes do fato de que sem Jesus, todas as pessoas estão debaixo do

senhorio do Arqui-Inimigo de Deus, até que sejam livradas, por meio da fé em Cristo.

Jesus veio destruir as obras do diabo e

transportar do reino das trevas e do domínio de Satanás para Deus e para o reino da luz, aqueles

que estavam escravizados ao Inimigo.

O Mal Nada Tem a Ver com Jesus - João 8

“48 Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Não dizemos nós bem que és samaritano, e

que tens demônio?

49 Jesus respondeu: Eu não tenho demônio, antes honro a meu Pai, e vós me desonrais.

50 Eu não busco a minha glória; há quem a

busque, e julgue.

51 Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a

morte.

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52 Disseram-lhe, pois, os judeus: Agora conhecemos que tens demônio. Morreu Abraão

e os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte.

53 És tu maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? E também os profetas morreram.

Quem te fazes tu ser?

54 Jesus respondeu: Se eu me glorifico a mim

mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, o qual dizeis que é vosso

Deus.

55 E vós não o conheceis, mas eu conheço-o. E,

se disser que o não conheço, serei mentiroso como vós; mas conheço-o e guardo a sua

palavra.

56 Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se.

57 Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?

58 Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou.

59 Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo,

passando pelo meio deles, e assim se retirou.” (João 8.48-59)

Para um juízo carnal todas as verdades do evangelho são loucura, como foi, por exemplo,

para os judeus dos dias de Jesus crerem e aceitarem que Ele existia antes mesmo de

Abraão; que Ele tinha descido do céu; e que pelo

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simples fato de crer nele e guardar a sua Palavra não se morreria mais eternamente.

No entanto, os judeus foram muito além do seu

juízo carnal de pensarem que tudo isto era uma loucura, porque chegaram ao extremo de

afirmar que Jesus estava possuído de demônios para afirmar tais coisas; embora seja difícil de

admitir que mesmo alguém estando na carne, não poderia negar a autoridade, amor,

sabedoria e unção do Espírito que fluíam de Jesus quando Ele falava.

Assim, era muito grave o pecado daqueles

judeus que resistiram ao Senhor até o ponto extremo de chamá-lo de Belzebu, o maioral dos

demônios, como se vê em Mt 10.25.

No entanto, estas coisas continuariam acontecendo contra os discípulos do Senhor,

que ainda que cheios do mesmo amor do Espírito pelos pecadores, seriam perseguidos

por muitos debaixo do mesmo tipo da dura e falsa acusação que haviam dirigido contra o

Senhor em seu ministério terreno.

Como o Senhor não confirmou que os

judeus eram verdadeiros filhos espirituais de Abraão, por simples condição de descendência

natural, então se revoltaram por causa do orgulho nacional e passaram a acusar Jesus de

samaritano, porque odiavam os samaritanos.

Se alguém que nasceu em Israel, como era o caso de Jesus, não abraçava a causa nacional de

Israel, então eles o consideraram como sendo

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um estrangeiro, e da nacionalidade daqueles que eram seus inimigos.

Quando se forma unidade por se vestir a camisa desta ou daquela nação, ou até mesmo

congregação, não se pode experimentar a verdadeira unidade que é fundada na verdade e

no espírito, e não em laços de sentimentos nacionalistas, raciais, tribais, ou de qualquer

outra natureza.

Enquanto afirmamos a nossa unidade, segundo

os homens, não podemos conhecer a que procede do Espírito de Deus que derruba toda

barreira racial, social, ou de qualquer outro tipo.

O Espírito Santo desfaz as inimizades e abre o

coração do cristão a estar receptivo para abençoar qualquer pessoa.

Jesus estava proclamando a verdade aos judeus e se esforçando para que chegassem ao

verdadeiro conhecimento de Deus que livra da morte e que dá vida eterna, mas não somente o

rejeitaram como se voltaram furiosamente contra Ele a ponto de terem pegado em pedras

para matá-lo.

No entanto, o Senhor não deixou de proclamar a verdade, e nem a sua Igreja deve parar de proclamá-la a par de todas as perseguições que

possa vir a sofrer, conforme Jesus orientou os seus discípulos no décimo capítulo de Mateus.

Deus deve ser honrado pela honra que é dada ao

Filho, especialmente por se guardar a sua Palavra.

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João 9

A Cura de Um Cego de Nascença

“1 E, passando Jesus, viu um homem cego de

nascença.

2 E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que

nascesse cego?

3 Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus

pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.

4 Convém que eu faça as obras daquele que me

enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.

5 Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.

6 Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva

fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego.

7 E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi, pois, e lavou-se, e

voltou vendo.” (João 9.1-7)

Este homem não era cego de nascença por

motivo de algum juízo de Deus contra algum pecado específico dos seus pais, e muito menos

dele próprio, uma vez que era cego desde o seu nascimento.

A soberania e autoridade de Deus havia trazido

aquele homem naquelas condições a este

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mundo, para o propósito de ser curado por Jesus durante seu ministério terreno.

Jesus veio dar vista aos cegos.

Àqueles que se encontram em trevas espirituais, por causa do pecado original de

Adão, que sujeitou toda a raça humana à morte espiritual, que é a separação de Deus.

Foi principalmente para destruir o poder desta morte espiritual, e consequentemente da morte

eterna que se segue à mesma, e que é a separação definitiva e irremediável de Deus,

que Jesus veio a este mundo.

Para demonstrar este seu poder sobre a cegueira espiritual que é resultante da morte

espiritual, Jesus curou aquele cego de nascença, porque este mal das trevas espirituais, todo

homem traz consigo desde o seu nascimento, não por causa de algum pecado específico

daqueles que o geraram, mas em razão da morte espiritual que entrou no mundo por causa do

pecado de Adão.

A cegueira física daquele homem seria curada

quando fosse removido o lodo que Jesus colocou nos seus olhos, que foi feito com a saliva da sua

própria boca e com o pó da terra.

De igual modo, a cegueira espiritual é curada quando o pecador é lavado dos seus pecados, e

quando é removida a maldição que foi proferida contra Adão e sua descendência pela boca do

próprio Deus.

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Somente Deus pode remover a maldição que Ele pronunciou contra toda a humanidade, por

causa do pecado original.

Isto acontece, quando o homem é lavado pelo

lavar renovador e regenerador do Espírito Santo.

Jesus poderia ter curado aquele cego diretamente sem usar qualquer recurso para

ser aplicado aos seus olhos.

Mas, certamente queria nos deixar algum

ensinamento espiritual através daquilo que fizera para curá-lo.

Ninguém pode ver o mundo natural se não tiver uma visão física saudável e sem a luz natural.

Ninguém pode ver o mundo espiritual invisível

sem uma visão de fé saudável e sem a luz espiritual de Cristo.

Este é o grande ensinamento desta passagem porque aquele homem não foi somente curado

da cegueira física, como também da espiritual, porque ele se converteu a Jesus conforme

podemos concluir da sua adoração ao Senhor e do testemunho vigoroso que deu acerca dele na

presença dos líderes religiosos de Israel.

Enquanto os escribas e fariseus estavam

debatendo violentamente com Jesus para tentarem desqualificá-lo como tendo sido

enviado de fato por Deus a este mundo, o que era cego de nascença se submeteu ao

Senhor e Lhe obedeceu sem nada contestar naquilo que Lhe foi ordenado, e por sua

obediência a Ele obteve não somente a cura da

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sua cegueira como também a salvação da sua alma.

O Testemunho do Cego de Nascença - João 9

“8 Então os vizinhos, e aqueles que dantes

tinham visto que era cego, diziam: Não é este aquele que estava assentado e mendigava?

9 Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele.

Ele dizia: Sou eu.

10 Diziam-lhe, pois: Como se te abriram os olhos?

11 Ele respondeu, e disse: O homem, chamado

Jesus, fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé, e lava-te. Então fui, e

lavei-me, e vi.

12 Disseram-lhe, pois: Onde está ele? Respondeu: Não sei.

13 Levaram, pois, aos fariseus o que dantes era

cego.

14 E era sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.

15 Tornaram, pois, também os fariseus a

perguntar-lhe como vira, e ele lhes disse: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me, e vejo.

16 Então alguns dos fariseus diziam: Este

homem não é de Deus, pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador

fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.

17 Tornaram, pois, a dizer ao cego: Tu, que dizes daquele que te abriu os olhos? E ele respondeu:

Que é profeta.

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18 Os judeus, porém, não creram que ele tivesse sido cego, e que agora visse, enquanto não

chamaram os pais do que agora via.

19 E perguntaram-lhes, dizendo: É este o vosso filho, que vós dizeis ter nascido cego? Como,

pois, vê agora?

20 seus pais lhes responderam, e disseram:

Sabemos que este é o nosso filho, e que nasceu cego;

21 Mas como agora vê, não sabemos; ou quem lhe tenha aberto os olhos, não sabemos. Tem

idade, perguntai-lho a ele mesmo; e ele falará por si mesmo.

22 seus pais disseram isto, porque temiam os

judeus. Porquanto já os judeus tinham resolvido que, se alguém confessasse ser ele o Cristo,

fosse expulso da sinagoga.

23 Por isso é que seus pais disseram: Tem idade,

perguntai a ele mesmo.

24 Chamaram, pois, pela segunda vez o homem

que tinha sido cego, e disseram-lhe: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador.

25 Respondeu ele pois, e disse: Se é pecador, não sei; uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo.

26 E tornaram a dizer-lhe: Que te fez ele? Como te abriu os olhos?

27 Respondeu-lhes: Já vo-lo disse, e não ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir? Quereis vós

porventura fazer-vos também seus discípulos?

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28 Então o injuriaram, e disseram: Discípulo dele sejas tu; nós, porém, somos discípulos de

Moisés.

29 Nós bem sabemos que Deus falou a Moisés,

mas este não sabemos de onde é.

30 O homem respondeu, e disse-lhes: Nisto,

pois, está a maravilha, que vós não saibais de onde ele é, e contudo me abrisse os olhos.

31 Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e

faz a sua vontade, a esse ouve.

32 Desde o princípio do mundo nunca se ouviu

que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.

33 Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer.

34 Responderam eles, e disseram-lhe: Tu és

nascido todo em pecados, e nos ensinas a nós? E expulsaram-no.

35 Jesus ouviu que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: Crês tu no Filho de

Deus?

36 Ele respondeu, e disse: Quem é ele, Senhor,

para que nele creia?

37 E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo.

38 Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou.” (João 9.8-38)

O problema básico com os escribas e fariseus foi

e sempre será o mesmo que há com todos aqueles que são dirigidos pela carne e não pelo

Espírito.

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Mesmo líderes que tenham sido constituídos por Deus para dirigir o seu povo, como era o caso

dos sacerdotes e governantes de Israel, serão achados em forte oposição a Ele e à sua vontade

caso andem segundo os seus próprios interesses, sem se sujeitarem ao Senhor, para

governar os seus corações, estando purificados pelo seu poder e Palavra.

Assim, em vez de darem a destra de comunhão àqueles que se converterem a Deus, estes

líderes carnais, que são dirigidos pela própria vontade, e não pelo Espírito do Senhor, os

perseguirão e os odiarão como os fariseus fizeram com o cego de nascença que Jesus havia

curado.

Deste modo, confessar publicamente que Jesus

era o Messias estava custando o preço da expulsão da sinagoga pelos judeus.

Isto equivalia ao ato de ser excomungado da igreja antiga.

O cego de nascença que foi curado por Jesus pagou este preço não para ser curado, porque já

havia sido, mas para consagrar sua vida a Deus, porque estava decidido em praticar e defender a

verdade e a justiça do evangelho.

Sabendo que ele havia sido expulso da sinagoga Jesus foi ao seu encontro e lhe perguntou se ele

cria no Filho de Deus, e o cego pediu ao Senhor que lhe mostrasse quem era Ele para que nele

cresse.

Naquele momento Jesus se revelou ao cego

dizendo que era Ele próprio, e certamente

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também operou nele de tal maneira que ele chegou a ter o reconhecimento espiritual desta

verdade, e se converteu naquela mesma hora, tendo adorado ao Senhor confessando a sua fé

nele.

É importante observar que este homem havia

defendido a verdade ainda mesmo antes da sua conversão.

Ele havia se posicionado em favor de Jesus, e toda vez que alguém faz isto com sinceridade de

coração, o Senhor virá ao encontro desta pessoa; e, no momento oportuno se revelará a ela, de

maneira que venha a ser salva por Ele, como fizera com o cego, depois de tê-lo curado de sua

cegueira física.

Os pais do cego temeram ser expulsos da

sinagoga e perderam a oportunidade de darem um testemunho de gratidão a Deus diante dos

fariseus pelo que Jesus havia feito ao seu filho.

Temeram confessar Jesus diante dos homens para não serem banidos da religião de Israel.

O temor de perder a religião fez com que eles perdessem o céu.

Aqueles vizinhos, em vez de se alegrarem com o fato de verem perfeitamente são o que fora cego

desde o seu nascimento, e darem graças e glórias a Deus, ao contrário, levaram-no à

presença dos fariseus, por motivo de um falso zelo religioso e para protestarem fidelidade aos

homens para agradarem-nos, porque a cura foi realizada num dia de sábado, e eles sabiam

quanto os fariseus estavam odiando e

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intentando matar Jesus, porque havia declarado ser o Messias.

Além disso, estariam dando a eles mais um reforço no argumento deles de que Jesus estava

quebrando a Lei de Moisés por realizar curas no dia de descanso.

Se aqueles homens fossem de Deus e estivessem no Espírito, teriam repudiado àqueles que tomassem a atitude que eles

estavam tomando, por causa da grande falsidade, hipocrisia, e bajulação interesseira

que havia naquilo tudo, debaixo do nome de se estar sendo zeloso das coisas de Deus.

O grande fato é que diante da evidência daquele grande milagre houve uma divisão de opiniões

entre os próprios fariseus, porque enquanto um grupo sustentava que Jesus era pecador, porque

quebrou o sábado, outros questionavam esta afirmação, porque segundo eles, como poderia

um pecador fazer um milagre como aquele e todos os demais que Jesus vinha fazendo? (v. 16).

Eles teriam que expulsar o cego da sinagoga caso desse um parecer favorável a Jesus, e por

isso lhe perguntaram o que ele julgava ser aquele que lhe havia curado, e o cego afirmou

que era Profeta.

Mas seria ainda melhor, segundo eles, caso

conseguissem comprovar que ele estava mentindo ao dizer que era cego e que foi curado,

e assim mandaram chamar os seus pais, mas estes confirmaram apenas que era de fato cego

de nascença, mas que nada sabiam quanto ao

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modo como havia sido curado, porque temiam serem expulsos da sinagoga, caso dissessem

que havia sido Jesus.

A grande verdade sobre a qual aquele que fora

cego de nascença queria dar agora testemunho era o próprio Jesus e ele havia determinado ser

seu discípulo, e sustentou este testemunho quando foi duramente confrontado e ameaçado

pelos fariseus; chegando mesmo a ironizá-los quando lhes perguntou se pretendiam também

se fazer discípulos de Cristo, em face da insistência das perguntas deles quanto ao modo

como o Senhor lhe havia curado.

Quando os fariseus declararam serem apenas

discípulos de Moisés e não de Cristo porque não sabiam de onde Ele era, o que fora cego deu o

seguinte testemunho:

“30 O homem respondeu, e disse-lhes: Nisto,

pois, está a maravilha, que vós não saibais de onde ele é, e contudo me abrisse os olhos.

31 Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e

faz a sua vontade, a esse ouve.

32 Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.

33 Se este não fosse de Deus, nada poderia

fazer.”.

É principalmente diante da oposição e

perseguição que se deve dar testemunho corajoso da verdade, porque isto traz muita

glória para Deus, e envergonhamos Satanás, que

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insiste fazer prevalecer a causa da mentira e do engano.

Cristo deve ser confessado em todas as circunstâncias, com amor, mansidão, paz e

longanimidade em nossos corações.

Seu nome nunca deve ser negado, para a glória de Deus Pai.

É assim que testemunhamos que Deus é fiel e

verdadeiro e que realmente enviou seu Filho a este mundo para ser a luz dos homens.

Se temos a comprovação diante dos nossos

olhos da maravilha que Deus está operando em nosso meio, é nosso dever render-Lhe glórias de

todo o nosso coração, e não nos deixarmos dominar por um coração endurecido,

desconfiado, preconceituoso, tal como o dos fariseus, de maneira que cheguemos até ao

ponto extremo mesmo de considerar uma obra verdadeira de Deus como sendo de procedência

do Maligno.

Os fariseus se julgavam santos a um ponto tão

elevado que se achavam no direito de julgar os próprios atos de Deus.

Tudo deveria estar conformado à visão estreita

e preconceituosa deles.

Deus não poderia agir com liberdade e poder, porque deveria continuar sendo, ao modo de ver

deles, apenas o Deus legal, que havia dado preceitos a Moisés para serem cumpridos pelos

homens.

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Quando não deixamos que Deus seja Deus, nós fazemos o papel de deus, e isto é algo

extremamente perigoso.

Jesus curou e ainda cura.

Somente Ele pode salvar pessoas da condenação eterna e torná-los filhos de Deus.

Jesus É Senhor e somente Ele deve ser adorado.

Somente ele é o dono das nossas almas.

Ninguém tem direito de domínio sobre a nossa fé senão somente Ele.

Jesus Repreende a Cegueira dos Fariseus - João

9

“39 E disse-lhe Jesus: Eu vim a este mundo para

juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem sejam cegos.

40 E aqueles dos fariseus, que estavam com ele, ouvindo isto, disseram-lhe: Também nós somos

cegos?

41 Disse-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis

pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso o vosso pecado permanece.”

Com estas palavras Jesus confirmou qual havia

sido o grande propósito de Deus com a cura do cego de nascença, pois todos os homens são

cegos espirituais de nascença por causa do pecado, e é somente pela luz de Cristo que eles

podem ver o reino de Deus.

O modo de recuperar a visão é pelo

reconhecimento de que se é cego, de maneira

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que se possa receber a iluminação do Espírito, e ver as realidades celestiais, que são

discernidas somente em espírito.

O primeiro passo para a conversão é o

reconhecimento da condição de que se é pecador, conforme convencimento do Espírito

ao nosso espírito.

Não é apenas um reconhecimento, mental,

intelectual, mas uma contrição de coração, uma tristeza pelo pecado, que é produzida em nós

pelo Espírito Santo.

É a chamada tristeza segundo Deus que conduz

ao arrependimento que dá vida.

Enquanto isto não acontecer ninguém pode

estar seguro da sua salvação.

Enquanto Cristo não for visto com os olhos da fé como o sacrifício pelos nossos pecados, e não

nos lançarmos completamente a Ele para sermos perdoados e aceitos por Deus, não

podemos estar convictos de termos sido curados de nossa cegueira espiritual, porque a

cura nos permitirá enxergar Cristo como Senhor, como Deus, como nosso Mediador,

como nosso Salvador.

Os fariseus não haviam experimentado nada

disto, mas ainda assim pensavam que conheciam perfeitamente a Deus.

Jesus disse que eles permaneciam condenados em seus pecados, porque não admitiam que

eram cegos espirituais como todos os demais homens, e assim, eles não iam ao único médico

que poderia lhes curar da sua cegueira, porque

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achavam que enxergavam e não necessitavam serem curados.

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João 10

Jesus o Bom Pastor

“1 Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas,

mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.

2 Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor

das ovelhas.

3 A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua

voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora.

4 E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque

conhecem a sua voz.

5 Mas de modo nenhum seguirão o estranho,

antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.

6 Jesus disse-lhes esta parábola; mas eles não entenderam o que era que lhes dizia.

7 Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade,

em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas.

8 Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os

ouviram.

9 Eu sou a porta; se alguém entrar por mim,

salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.

10 O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a

tenham com abundância.

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11 Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.

12 Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as

ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas.

13 Ora, o mercenário foge, porque é mercenário,

e não tem cuidado das ovelhas.

14 Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas

ovelhas, e das minhas sou conhecido.

15 Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida

pelas ovelhas.

16 Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho

e um Pastor.

17 Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la.

18 Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim

mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi

de meu Pai.”

As ovelhas de Jesus devem viver reunidas no

aprisco de Deus.

Não são poucos os salteadores que atacam este aprisco, mas eles nunca entram, por motivos

óbvios, pela porta estreita do curral que é o Senhor Jesus, porque não estão a seu serviço, e

nem sustentam a sua Palavra.

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Jesus cuida das ovelhas e as alimenta com a verdade para que tenham vida, a vida

abundante, vitoriosa, daqueles que estão bem alimentados com as palavras da vida eterna.

Mas, os ladrões que atacam o aprisco têm apenas o propósito de roubar, matar e destruir

as ovelhas, especialmente a vida espiritual delas, porque estão a serviço de Satanás.

Jesus não é apenas a porta do aprisco de Deus, porque ninguém pode entrar neste aprisco que

não é terreno, mas celestial, senão somente aqueles que passam pela porta estreita que é o

Senhor Jesus Cristo.

Afinal, ninguém pode ir ao Pai a não ser por Ele.

Além de ser a porta do aprisco das ovelhas Jesus é também o Pastor delas, aquele que cuida das

ovelhas e que as conduz verdadeiramente.

Elas conhecem somente a voz dele como sendo a voz do seu Pastor, em cujas mãos estão as suas

almas.

Os pastores auxiliares do Supremo Pastor não

são os proprietários do rebanho, e se não falarem com a voz do Pastor dos pastores, as

ovelhas não lhes seguirão, porque reconhecem e atendem somente a voz de Cristo.

Os fariseus, os escribas, os falsos profetas que ministravam em Israel não conseguiram atrair

as ovelhas de Cristo porque eram ladrões e salteadores, que não foram ouvidos pelas

ovelhas do rebanho de Deus, as quais se encontravam perdidas debaixo do ministério

corrompido deles.

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No entanto, assim que Jesus se manifestou, Ele passou a reunir as suas ovelhas que se achavam

dispersas, a começar pelos apóstolos, e desde então, todas elas têm reconhecido a sua voz

como sendo a do seu Pastor, e entrado pela Porta estreita da salvação que é o próprio Jesus e a sua

Palavra.

Jesus é o bom Pastor porque deu a sua vida pelas

ovelhas.

Este foi o preço que Ele pagou para poder

resgatá-las do poder do inferno e da morte e para trazê-las em segurança para o céu.

Nenhum mercenário, como os escribas e fariseus, e os falsos pastores, mestres e profetas

que exploram o rebanho do Senhor pode ter esta mesma disposição de Jesus, de dar a vida pelas

ovelhas.

Somente naqueles que estiverem realmente a serviço de Jesus para apascentarem o seu

rebanho, poderá ser achado este mesmo sentimento que houve também no Senhor.

Como o interesse do pastor mercenário não é pelo bem espiritual das ovelhas, senão explorá-

las para atender aos próprios interesses egoístas deles de enriquecerem, e terem fama, e honra

pessoal, então não é de se admirar que deixem o rebanho desamparado quando o Inimigo as

ataca com o propósito de arrebatá-las e dispersá-las.

Os pastores que são mercenários não terão nenhum cuidado do rebanho nos dias difíceis, e

se aproveitarão do rebanho nos dias fáceis.

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O mercenário não conhece as ovelhas e nem o que é necessário para cuidar delas.

Mas Jesus não somente conhece as suas

ovelhas, como também é por elas conhecido.

O Senhor Jesus não tinha ovelhas somente no aprisco de Israel, apesar de estar ministrando

em seu ministério terreno somente a elas, mas depois que o Espírito fosse derramado no Pentecoste, Ele começaria a agregar num só

rebanho as ovelhas do aprisco das demais nações da terra.

Ele daria a sua vida pelas ovelhas, mas tinha o

poder tanto para dá-la, como também o poder de tornar a tomá-la; porque o Pai havia lhe dado

este mandamento de morrer e ressuscitar para que as ovelhas pudessem também ser batizadas

na sua morte e ressurreição, para poderem viver para sempre na presença de Deus.

A base do conhecimento que as ovelhas têm de

Cristo é da mesma natureza do conhecimento que há entre Ele e o Pai, isto é, espiritual e de

amor.

Jesus e a Cegueira dos Fariseus - João 10

“19 Tornou, pois, a haver divisão entre os judeus por causa destas palavras.

20 E muitos deles diziam: Tem demônio, e está

fora de si; por que o ouvis?

21 Diziam outros: Estas palavras não são de endemoninhado. Pode, porventura, um

demônio abrir os olhos aos cegos?

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22 E em Jerusalém havia a festa da dedicação, e era inverno.

23 E Jesus andava passeando no templo, no alpendre de Salomão.

24 Rodearam-no, pois, os judeus, e disseram-

lhe: Até quando terás a nossa alma suspensa? Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente.

25 Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo tenho dito, e

não o credes. As obras que eu faço, em nome de meu Pai, essas testificam de mim.

26 Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito.

27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu

as conheço, e elas me seguem;

28 E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha

mão.

29 Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos;

e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.

30 Eu e o Pai somos um.

31 Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar.

32 Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado

muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais?

33 Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela

blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo.

34 Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na

vossa lei: Eu disse: Sois deuses?

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35 Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não

pode ser anulada),

36 Àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao

mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?

37 Se não faço as obras de meu Pai, não me

acrediteis.

38 Mas, se as faço, e não credes em mim, crede nas obras; para que conheçais e acrediteis que o

Pai está em mim e eu nele.

39 Outra vez, pois, procuravam prendê-lo; mas ele lhes escapou das mãos.

40 E retirou-se de novo para além do Jordão,

para o lugar onde João batizava no princípio; e ali ficou.

41 Muitos foram ter com ele, e diziam: João, na

verdade, não fez sinal algum, mas tudo quanto disse deste homem era verdadeiro.

42 E muitos ali creram nele.”

Como os fariseus haviam protestado contra Jesus por lhes ter dito que continuavam

condenados em seus pecados, por não reconhecerem que eram cegos

espiritualmente, e que estavam cheios de um orgulho religioso que lhes impedia de

enxergarem a verdade de Deus, o Senhor prosseguiu seu discurso para esclarecer o

motivo porque eles não Lhe davam ouvidos, obediência e adoração, como o cego que Ele

havia curado, que apesar de ser cego e viver na

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mendicância havia reconhecido que Ele era o Messias, enquanto os fariseus, como todo o

conhecimento que tinham da letra das Escrituras não conseguiam enxergar que Jesus

veio a este mundo da parte de Deus, para dar cumprimento ás Escrituras que eles tanto

examinavam, e apesar disto nunca podiam encontrar a Deus.

Por que eles não podiam encontrar a Deus, apesar de todo o exame que eles faziam da sua

Palavra escrita revelada?

Jesus explicou a razão ao falar da metáfora do aprisco e das ovelhas no início deste capítulo

décimo.

A razão de não poderem ter um verdadeiro conhecimento de Deus era devida ao fato de não

serem do rol dos seus eleitos.

Eles não faziam parte do rebanho do Senhor, e

assim por mais que eles estudassem as Escrituras jamais poderiam chegar ao

conhecimento da verdade conforme ela está em Deus, por um conhecimento experiencial e real

em espírito, pela revelação do Espírito Santo a eles.

Não somente eles estavam impossibilitados de

terem conhecimento da verdade, e deste modo jamais viriam a conhecer a Cristo, como

também se tornariam falsos pastores e mestres que jamais poderiam ser ouvidos pelo

verdadeiro rebanho do Senhor.

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Assim, como era de se esperar, estas palavras de Jesus precipitaram uma nova divisão entre os

judeus (v. 19).

Muitos disseram que Jesus estava possuído de

demônios e fora de si, e que não era digno de ser ouvido.

Outros mais sensatos diziam que aquelas palavras não podiam ser a de um

endemoninhado, porque um demônio jamais poderia abrir os olhos aos cegos, conforme Jesus

havia feito com aquele cego de nascença.

No entanto, como vimos antes, e conforme o

Senhor havia afirmado, nada adianta ter um parecer a respeito de Jesus, porque o que

importa é o parecer que Jesus tem acerca de nós, convencendo-nos dos nossos pecados, para que

possamos ser salvos e santificados por Ele e pela sua Palavra.

Não devemos julgar a Palavra de Deus,

conforme os fariseus faziam, mas sermos julgados por ela.

Jesus proferiu estas palavras durante o período da festa da dedicação, a qual durava oito dias, e

era celebrada anualmente, começando no dia 25 do mês de chisleu (dezembro) para comemorar

a purificação do templo, o qual havia sido profanado por Antíoco Epifânio, no período dos

macabeus.

Quando o Senhor passeava no templo, foi

rodeado pelos Judeus no alpendre de Salomão, e estes queriam que Ele fizesse uma afirmação

clara e direta se era de fato o Messias (Cristo).

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Como eles queriam ouvir uma afirmação clara e direta, o Senhor lhes mostrou que não era por

uma afirmação ou um sinal que poderiam chegar a ter tal conhecimento, porque isto é

possível somente para aqueles que fazem parte do seu rebanho.

Como Ele havia dito, somente as suas ovelhas podem ouvir a sua voz. Sem conversão é impossível ouvi-la. Como Ele havia dito a

Nicodemos, que se o homem não nascer de novo do Espírito não pode ver o Reino de Deus.

Assim, se eles não estavam conseguindo crer nele, apesar de lhes ter dito várias vezes que era

o Messias, e tê-lo comprovado através dos sinais que fazia, confirmando as profecias do Velho

Testamento acerca da sua Pessoa e das coisas que Ele faria (como por exemplo Is 61.1-3); era

porque não eram suas ovelhas. Se tivessem sido convertidos a Deus, poderiam ouvi-lo, mas não

era este o caso.

Jesus lhes disse claramente que as suas ovelhas,

como Ele já lhes havia dito, ouvem a sua voz e porque Ele as conhece, elas O seguem (v. 27).

Os fariseus não suportaram ouvir esta verdade porque o endurecimento deles comprovava que

não eram do rebanho de Cristo, e haveriam de perecer eternamente. Então pegaram em

pedras para tentar matá-lO.

Como eles se diziam filhos de Deus, Jesus

perguntou-lhes por qual das boas obras que Ele havia feito da parte de Deus Pai eles o

apedrejariam.

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Eles tentaram se justificar dizendo que não era por nenhuma obra boa, mas porque havia

blasfemado dizendo que era Deus.

A atitude deles estava confirmando tudo o que

Jesus havia dito sobre eles.

Para se defender da acusação de blasfêmia que

Lhe dirigiram, Jesus usou o argumento da própria Escritura, e citou o Salmo 82.6:

“Eu disse: Vós sois deuses, e filhos do Altíssimo, todos vós.”

O verso posterior a este, do Salmo, é o seguinte:

“Todavia, como homens, haveis de morrer e, como qualquer dos príncipes, haveis de cair.” (v.

7.

Para entendermos o teor destas palavras nós

temos que recorrer a Êx 22.8.

“Aos juízes não maldirás, nem amaldiçoarás ao governador do teu povo.” (Êx 22.28).

No original hebraico a palavra para juízes é “Elohim”, isto é, deuses, porque os magistrados

eram considerados no Velho Testamento como representantes de Deus nos seus juízos sobre o

povo de Israel, de maneira que eram designados na Lei pela palavra Elohim, que é a mesma usada

para descrever a divindade, e que significa pluralidade de majestades ou magistrados.

Assim, aqueles juízes (Elohim) corruptos de Israel citados no Salmo 82.6, haveriam de ser

julgados por Deus como homens, e eles cairiam como qualquer outro governante e líder de

Israel.

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Mas Jesus é Elohim justo e perfeito, e se aos magistrados de Israel foi usada tal palavra nas

Escrituras para descrevê-los, pela honra que deveriam dar ao seu cargo, quanto mais Jesus

não era digno de usar tal título, porque não somente tem o pleno direito ao título, como

efetivamente é Deus.

Não havia como eles negarem a divindade de

Jesus, porque Ele fazia as mesmas obras de Deus Pai.

Então ainda que aqueles judeus não fossem

capazes de conhecê-lo da maneira pela qual convém ser conhecido, que é em espírito e em

verdade, pelo menos eles deveriam crer nas obras que Jesus fazia, de maneira que pudessem

saber e crer que de fato o Pai está nele, e Ele no Pai.

No entanto, não lhe eram ouvidos e tentaram

prendê-lo, mas Jesus escapou mais uma vez das suas mãos.

Como a perseguição havia se tornado muito intensa Ele deixou Jerusalém e retornou para o

outro lado do Jordão onde havia começado o seu ministério, quando foi batizado por João, tendo

permanecido por algum tempo naquele lugar.

Mas muitos dos que haviam ouvido suas palavras foram ter com Ele e diziam que o

testemunho de João acerca de Jesus era verdadeiro, ainda que João mesmo não tivesse

feito nenhum sinal.

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O evangelista encerra este capítulo simplesmente dizendo que muitos ali creram

nele.

Eles não haviam crido enquanto estavam em

Jerusalém, mas haviam crido no deserto.

Enquanto na companhia dos endurecidos fariseus, e no meio da oposição e perseguição que eles fizeram a Jesus eles não puderam

expressar a fé deles nele.

Mas ali no silêncio do deserto eles puderam entender o caráter da sua missão e creram nele.

Ainda hoje, não é possível achar Jesus no meio daqueles que se opõem abertamente a Ele.

É preciso sair do meio deles e buscá-lo com

aqueles que adoram a Deus com um coração sincero e puro.

Não acharemos Jesus na taberna, mas onde Ele seja honrado e adorado.

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João 11

O Amor de Jesus por Lázaro

“1 Estava, porém, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta.

2 E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor

com unguento, e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava

enfermo.

3 Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas.

4 E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade

não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.

5 Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a

Lázaro.

6 Ouvindo, pois, que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava.

7 Depois disto, disse aos seus discípulos: Vamos

outra vez para a Judeia.

8 Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda agora

os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá?

9 Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se

alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo;

10 Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele

não há luz.

11 Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do

sono.

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12 Disseram, pois, os seus discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo.

13 Mas Jesus dizia isto da sua morte; eles, porém, cuidavam que falava do repouso do sono.

14 Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro

está morto;

15 E folgo, por amor de vós, de que eu lá não

estivesse, para que acrediteis; mas vamos ter com ele.

16 Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para

morrermos com ele.”

No capítulo anterior vemos que Jesus havia se

retirado de Jerusalém para o deserto, do outro

lado do Jordão, próximo do local onde João batizara, porque estavam tentando matá-lo na

região da Judeia.

Quando se encontrava neste refúgio Jesus foi

procurado por mensageiros da parte da Maria e Marta, irmãs de Lázaro, que lhe disseram que o

irmão delas estava enfermo.

Como eles residiam em Betânia, uma cidade

que ficava próxima de Jerusalém, na Judeia, seria necessário, que Jesus retornasse à região

da qual havia fugido, e estaria se expondo de novo ao risco de ser morto.

Jesus amava aquela família e é possível que tenha se hospedado com eles algumas vezes, de

maneira que não se negaria a ir ter com eles

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ainda que se expondo a ser perseguido e apedrejado.

O Senhor nunca se negou e jamais se negará a socorrer àqueles aos quais Ele ama, quando eles

O buscarem para obterem graça e alívio.

No entanto, Ele o fará dentro da vontade do Pai,

e de acordo com a sua soberania divina, de modo que Deus possa ser glorificado em todos os

livramentos e bênçãos que Ele nos der. Por isso permaneceu ainda dois dias no lugar onde se

encontrava antes de se dirigir a Betânia.

Porque quando a nossa esperança está

totalmente perdida, e parece que Cristo não chegará à hora marcada, então nós o veremos

agindo com poder para nos arrancar, se necessário for até mesmo da sepultura.

O fim da esperança para aquilo que os homens podem fazer é o início da oportunidade que o

Senhor tem para agir e glorificar o seu grande nome.

Esta Maria, irmã de Lázaro não é a mesma

mulher que ungiu a Jesus na casa do fariseu chamado Simão, apesar de ser dito também que

ela ungiu ao Senhor e enxugou os seus pés com os seus cabelos (v. 2), porque esta unção é citada no capítulo seguinte (12.3) na casa de Lázaro,

depois que foi ressuscitado pelo Senhor.

Não podemos esquecer que João escreveu o seu evangelho muitos anos depois de terem

ocorrido os fatos que são por ele narrados.

Lázaro era alguém a quem Jesus muito

estimava, porque na mensagem que suas irmãs

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Lhe enviaram, mandaram dizer que estava enfermo aquele a quem Ele amava.

Isto nos dá um testemunho direto que comprova o amor que Jesus tinha por aqueles

que eram seus discípulos; especialmente aqueles que andavam na verdade, como

certamente era o caso de Lázaro.

A enfermidade de Lázaro estava no cronograma

de Deus para que Jesus fosse glorificado através do que faria em relação a ela. Ele sabia que

Lázaro não deveria passar deste mundo para o céu através daquela enfermidade, e por isso

disse aos seus discípulos que a enfermidade de Lázaro não era para morte. No entanto, Lázaro

morreu daquela enfermidade, e como Jesus disse que ele não sairia deste mundo por causa

da mesma, então era de se supor que ele deveria ser ressuscitado.

João registrou que Jesus amava a Marta, a Maria e a Lázaro.

Quando Ele disse aos seus discípulos que deveriam retornar à Judeia, eles reagiram

lembrando-lhe que ainda recentemente os judeus estavam procurando apedrejá-lo, e como

poderia ter decidido então retornar para lá?

O Senhor lhes respondeu que quando se anda na luz não se tropeça, referindo-se à luz natural, e

que se tropeça somente quando se anda à noite, porque não há luz.

Jesus falou de coisas naturais para ilustrar realidades espirituais, especialmente a de que

quando se está a serviço de Deus andando na sua

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luz, dentro da sua vontade, e com os propósitos certos e com o coração puro, não se tropeçará,

porque Deus nos guardará disto. Mas quando se anda em trevas espirituais não se pode contar

com tal proteção e favor de Deus. Tendo encorajado os discípulos com tais palavras, Ele

lhes declarou então o motivo da ida para a Judeia dizendo que Lázaro, o amigo deles, estava dormindo e que Ele iria despertá-lo do seu sono.

Como eles pensavam que estava falando do

repouso do sono, Jesus lhes disse expressamente que ele havia morrido, e que se

alegrava pelo fato de que não estivesse lá para impedir a sua morte, curando a sua

enfermidade, porque ele faria um sinal ainda maior que daria a eles a oportunidade de terem

a fé deles nele, aumentada.

Tamanha era a intensidade da perseguição que

Jesus estava sofrendo, que Tomé se adiantou aos demais discípulos e lhes encorajou para que

fossem todos com Jesus para a Judeia para morrerem com Ele.

A morte já não pode mais assombrar os cristãos

verdadeiros pelo que podemos deduzir do modo pelo qual Jesus se referiu à morte de Lázaro

como sendo um sono, e dizendo aos discípulos que o amigo deles estava dormindo.

A morte de um cristão é um sono, porque na verdade, a morte já não tem mais poder sobre

eles, porque ainda que morram, permanecem vivos diante de Deus, pois a vida de Cristo está

neles, e assim como Ele vive para sempre,

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também os cristãos vivem para sempre por causa dele.

Simplesmente eles saem deste mundo, mas não permanecem mortos. Quão grande vitória

Cristo nos dá sobre a morte, e Ele comprovaria isto aos seus discípulos ao ressuscitar Lázaro,

como também serviria para encorajá-los a realizarem seus ministérios depois que Jesus

saísse deste mundo, sem nada temerem, conforme o exemplo que lhes estava dando

naquela hora, retornando à Judeia.

Eles já não tinham porque temer a morte porque estavam a serviço dAquele que é a ressurreição

e a vida.

O Consolo Especial Que Jesus Nos Dá - João 11

“17 Chegando Jesus, encontrou Lázaro já

sepultado, havia quatro dias.

18 (Ora Betânia distava de Jerusalém quase

quinze estádios.)

19 E muitos dos judeus tinham ido consolar a Marta e a Maria, acerca de seu irmão.

20 Ouvindo, pois, Marta que Jesus vinha, saiu-

lhe ao encontro; Maria, porém, ficou assentada em casa.

21 Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.

22 Mas também agora sei que tudo quanto

pedires a Deus, Deus to concederá.

23 Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.

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24 Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia.

25 Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;

26 E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?

27 Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao

mundo.

28 E, dito isto, partiu, e chamou em segredo a

Maria, sua irmã, dizendo: O Mestre está cá, e chama-te.

29 Ela, ouvindo isto, levantou-se logo, e foi ter com ele.

30 (Ainda Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara.)

31 Vendo, pois, os judeus, que estavam com ela em casa e a consolavam, que Maria

apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para chorar ali.

32 Tendo, pois, Maria chegado aonde Jesus

estava, e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu

irmão não teria morrido.”

Quando Jesus chegou em Betânia, o corpo de Lázaro se encontrava sepultado há quatro dias.

Sabendo que Ele havia chegado Marta se apressou em se encontrar com Ele, antes

mesmo de entrar na aldeia onde ela morava.

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Ali, ainda longe da sua casa onde as pessoas estavam ainda enlutadas pela morte de seu

irmão, juntamente com sua irmã Maria, teve uma breve entrevista com Jesus e lhe disse que

caso Ele estivesse presente, Lázaro não teria morrido; e que sabia que tudo que Jesus pedisse

a Deus Ele lhe concederia.

Diante desta afirmação de fé, que ela certamente recebeu do alto, na convicção de

que Jesus faria algo extraordinário, mas não cogitou tanto a ponto de que Ele iria ressuscitar

seu irmão ainda naquele dia, porque quando Jesus lhe disse que Lázaro haveria de

ressuscitar, ela afirmou que sabia que isto aconteceria na ressurreição do último dia,

conforme está prometido a todos os cristãos que morrem no Senhor, de terem seus corpos

ressuscitados no dia do arrebatamento da Igreja.

Ela havia dito uma verdade, e Jesus comprovaria

esta verdade ressuscitando Lázaro, para mostrar que Ele tem de fato o poder de trazer os

corpos que morreram de novo à vida.

Assim, disse a Marta que de fato, Ele é a ressurreição e a vida, e que aquele que nele crê,

ainda que esteja morto, viverá, e que todo aquele que vive, e que creia nele, nunca morrerá.

Em seguida perguntou a Marta se ela cria nisto.

Ela respondeu sabiamente dizendo que cria que Ele é o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao

mundo.

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Com esta sua declaração ela fez uma afirmação de fé de que tudo é possível ao Senhor, porque

nada é impossível para o Messias, para o Filho de Deus que deveria vir ao mundo para

restaurar todas as coisas.

Jesus queria falar também separadamente com

Maria, e por isso permaneceu no lugar onde se encontrava, fora da aldeia, e pediu a Marta que

chamasse Maria em segredo para vir ter com Ele.

Maria se apressou em ir ter com o Senhor, mas muitos que estavam na casa pensando que ela

iria para o local do túmulo de Lázaro para chorar, saíram logo depois dela para confortá-la.

Quando Maria chegou ao lugar onde Jesus estava lançou-se aos seus pés dizendo que caso

ele estivesse com eles, Lázaro não teria morrido.

Ela conhecia a virtude sobrenatural que Jesus

possuía para curar toda sorte de enfermidades, e fez esta límpida declaração de fé, da plena

confiança que ela tinha no seu poder.

Não é de se estranhar porque é dito que Jesus amava aquela família.

O Senhor ama de um modo especial a todos que têm esta qualidade de fé na sua pessoa, como a

que Marta e Maria haviam demonstrado, e que certamente era o mesmo tipo de fé que habitava

em Lázaro.

Eles honravam a Jesus com a sua fé, e não foi por

acaso que Deus escolheu aquela família para também honrar a fé deles com o milagre da

ressurreição de Lázaro.

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Nós vemos então o Senhor compartilhando privadamente o que faria àquelas duas gigantes

da fé.

Uma grande fé será também grandemente honrada pelo Senhor.

Ele nos fará saber disto de maneira íntima

falando ao recôndito dos nossos corações.

O Senhor nos separará do meio da multidão e nos consolará em particular.

Ainda que saiba que expulsará os nossos

problemas para bem longe de nós, Ele primeiro nos fortalecerá e consolará, para que saibamos

que tudo quanto necessitamos é da força da sua graça.

Jesus Ressuscitou Lázaro Para Sabermos Que

Também nos Ressuscitará - João 11

“33 Jesus pois, quando a viu chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham,

moveu-se muito em espírito, e perturbou-se.

34 E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem, e vê.

35 Jesus chorou.

36 Disseram, pois, os judeus: Vede como o

amava.

37 E alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que

este não morresse?

38 Jesus, pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, veio ao sepulcro; e era uma caverna,

e tinha uma pedra posta sobre ela.

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39 Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal,

porque é já de quatro dias.

40 Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres,

verás a glória de Deus?

41 Tiraram, pois, a pedra de onde o defunto jazia.

E Jesus, levantando os olhos para cima, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido.

42 Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em

redor, para que creiam que tu me enviaste.

43 E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro, sai para fora.

44 E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num

lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir.”

Jesus não somente se moveu de comoção por

duas vezes em seu interior por causa do quadro de tristeza que encontrou por causa da morte do seu amigo Lázaro, como também Ele próprio

chorou, apesar de saber que iria ressuscitá-lo.

Quando Jesus chegou ao local do sepulcro, que era uma caverna com uma grande pedra

fechando a sua entrada, Ele pediu que tirassem a pedra, e Marta lhe disse que o defunto já estava

cheirando mal, porque era de quatro dias.

Ela não estava tão preocupada com o cheiro,

mas naquela hora a fé dela vacilou um pouco porque não estava vendo sentido na ordem de

Jesus em mandar retirar a pedra do sepulcro.

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O Senhor ajudou Marta fortalecendo a sua fé com uma branda repreensão, lembrando que

lhe havia dito que caso ela cresse, ela veria a glória de Deus.

O milagre não era dependente da fé de Marta,

mas não faria sentido fazer um milagre daquela envergadura para honrar quem não tivesse fé.

Então importava que ela continuasse crendo não somente para honrar o Senhor, para que a fé

dela também fosse honrada.

Assim, tiraram a pedra e Jesus elevando os olhos para os céus, porque é sempre do alto que os

milagres são realizados, tendo orado agradecendo ao Pai pela ressurreição de Lázaro,

porque o Pai já lhe havia respondido que o ressuscitaria.

Ele agradeceu ao Pai por tê-lo ouvido, como sempre.

Ele não precisava ter dito aquelas palavras de

agradecimento de modo audível, mas havia feito isto para que a multidão em redor cresse que Ele

havia sido enviado pelo Pai, porque seria Ele que realizaria o milagre para que soubessem que

Jesus havia sido enviado por Ele como Salvador do mundo.

Uma vez tendo sido dada a devida glória ao Pai e

o testemunho de ser um enviado de Deus na terra para dar vida aos mortos, Jesus clamou

com grande voz: “Lázaro sai para fora!”.

Lázaro saiu da sepultura com as mãos e os pés

ligados com faixas e com o rosto envolto num

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lenço, para que se comprovasse que estava de fato morto e que havia sido ressuscitado.

A única coisa que foi feita pelos homens para que Lázaro viesse para fora depois de

ressuscitado foi o ato de removerem a pedra do sepulcro.

Jesus também poderia tê-la removido pelo seu

poder.

Mas Ele não estava ali fazendo um exibicionismo dos seus poderes, como na

verdade, nunca o faz.

Aquilo que nós podemos fazer enquanto

aguardamos o milagre do Senhor, nós devemos fazer, e O Senhor fará apenas aquilo que nós não

podemos fazer.

As nossas providências preliminares, como aquele ato de retirar a pedra, são uma prova

visível de que estamos crendo naquilo que Ele haverá de fazer.

Assim, se o Senhor disser que nos dará azeite em

abundância, é nosso dever preparar as vasilhas.

Buscando Refúgio no Deserto - João 11

“45 Muitos, pois, dentre os judeus que tinham

vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele.

46 Mas alguns deles foram ter com os fariseus, e disseram-lhes o que Jesus tinha feito.

47 Depois os principais dos sacerdotes e os

fariseus formaram conselho, e diziam: Que

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faremos? porquanto este homem faz muitos sinais.

48 Se o deixamos assim, todos crerão nele, e

virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação.

49 E Caifás, um deles que era sumo sacerdote

naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis,

50 Nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação.

51 Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo

o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação.

52 E não somente pela nação, mas também para

reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos.

53 Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o

matarem.

54 Jesus, pois, já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a terra

junto do deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali ficou com os seus discípulos.

55 E estava próxima a páscoa dos judeus, e

muitos daquela região subiram a Jerusalém antes da páscoa para se purificarem.

56 Buscavam, pois, a Jesus, e diziam uns aos

outros, estando no templo: Que vos parece? Não virá à festa?

57 Ora, os principais dos sacerdotes e os fariseus

tinham dado ordem para que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse, para o

prenderem.”

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Todas as coisas relatadas por João no seu

evangelho continuam ainda ocorrendo quando o evangelho é pregado e o Senhor confirma a

Palavra pregada com sinais e prodígios.

A evidência do poder de Deus entre os homens sempre os separará em dois grupos distintos: o

primeiro é o daqueles que crerão no Senhor e glorificarão o seu nome, porque terão olhos e ouvidos espirituais para entenderem que Deus

esteve entre eles. Assim, para estes, o evangelho é aroma de vida para a vida.

Mas, há o segundo grupo para os quais o

evangelho é cheiro de morte para a morte, porque eles não crerão; antes se oporão e

tentarão impedir o progresso do reino de Deus, como fizeram alguns que haviam testemunhado

a ressurreição de Lázaro, e que em vez de crerem no Senhor como sendo o Messias

enviado ao mundo, apressaram-se em procurar os fariseus para contar a eles o que Jesus havia

feito, não para dar honra ao Senhor, mas para agradarem aos fariseus, sabendo que eles

estavam perseguindo Jesus para matá-lO.

Quando os principais dos sacerdotes e os

fariseus formaram conselho para decidirem o que deveriam fazer para impedir que Jesus

continuasse operando os sinais que fazia, porque temiam que toda a nação viesse a crer

nele, e que fizessem um levante contra o império romano e assim corriam o risco de

serem expulsos do seu território.

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Mas como cristãos fariam um levante, quando temem as autoridades de coração, e oram pela

paz mundial e buscam, conforme Deus lhes tem ordenado?

Assim, o que os fariseus temiam acabou ocorrendo em 70 d. C. como um juízo de Deus

sobre a nação de Israel, justamente por terem rejeitado e crucificado Jesus, porque o Senhor havia falado desde Moisés que pediria contas a

todo aquele que deixasse de ouvir o Profeta que seria levantado por Ele (Dt 18.18).

Deus sempre apanha o sábio na sua sabedoria, e assim a conclusão a que chegaram por conselho

de Caifás, que importava que Jesus morresse para que não perecesse toda a nação, poderia

parecer uma decisão política muito sábia, mas era altamente covarde e injusta.

No entanto, o conselho ladino de Caifás foi interpretado por João como um prenúncio do

significado espiritual da morte de Jesus, que de fato morreria não somente pela nação de Israel,

mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos em todas as

nações; de modo que um morreu por todos, para que eles não vivam mais para si mesmos, senão

para Aquele que por eles morreu e ressuscitou.

A ressurreição de Lázaro fez com que os

sacerdotes e fariseus se reunissem frequentemente para estudarem o modo como

matariam Jesus.

Sabendo das intenções deles Jesus já não se

expunha mais publicamente entre os judeus e

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se retirou da região da Judeia para uma cidade chamada Efraim, que ficava próxima do deserto,

tendo ali permanecido com os seus discípulos.

Se somos discípulos de Jesus, estando a seu serviço, e se Ele é grandemente perseguido

como também o seu evangelho, onde Lhe estivermos servindo, nós devemos seguir o

mover do Espírito para o lugar para o qual Ele nos conduzirá em segurança, e geralmente este

lugar será o deserto ou próximo do deserto, porque os nossos inimigos não se animarão em

nos perseguir no deserto.

Certamente não estamos falando de um deserto literal, mas de situações e condições novas que

nos manterão afastados do clamor das multidões, e onde nossas almas estarão de certo

modo isoladas buscando estar em comunhão com Deus.

Estas retiradas estratégicas são comuns na obra

do ministério, especialmente no trabalho missionário, como aquele no qual o Senhor e

seus discípulos estavam empenhados.

A data da última páscoa que Jesus celebraria

com seus discípulos na terra estava se aproximando, e como muitos haviam subido a

Jerusalém para se purificarem antes da páscoa, buscavam a Jesus perguntando se por acaso ele

subiria para a festa.

Eles procuraram por Jesus no templo, mas Ele não se dirigiu para lá, porque os sacerdotes e

fariseus tinham dado ordem para que se alguém

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soubesse onde Ele se encontrasse, que o denunciassem para que fosse preso.

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João 12

Jesus Caminhou ao Encontro da sua Morte por

Nós

“1 Foi, pois, Jesus seis dias antes da páscoa a

Betânia, onde estava Lázaro, o que falecera, e a quem ressuscitara dentre os mortos.

2 Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia,

e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.

3 Então Maria, tomando um arrátel de unguento

de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos;

e encheu-se a casa do cheiro do unguento.

4 Então, um dos seus discípulos, Judas

Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse:

5 Por que não se vendeu este unguento por

trezentos dinheiros e não se deu aos pobres?

6 Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e

tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava.

7 Disse, pois, Jesus: Deixai-a; para o dia da minha sepultura guardou isto;

8 Porque os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes.

9 E muita gente dos judeus soube que ele estava

ali; e foram, não só por causa de Jesus, mas também para ver a Lázaro, a quem ressuscitara

dentre os mortos.

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10 E os principais dos sacerdotes tomaram deliberação para matar também a Lázaro;

11 Porque muitos dos judeus, por causa dele, iam

e criam em Jesus.

12 No dia seguinte, ouvindo uma grande

multidão, que viera à festa, que Jesus vinha a Jerusalém,

13 Tomaram ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o Rei

de Israel que vem em nome do Senhor.

14 E achou Jesus um jumentinho, e assentou-se

sobre ele, como está escrito:

15 Não temas, ó filha de Sião; eis que o teu Rei

vem assentado sobre o filho de uma jumenta.

16 Os seus discípulos, porém, não entenderam isto no princípio; mas, quando Jesus foi

glorificado, então se lembraram de que isto estava escrito dele, e que isto lhe fizeram.

17 A multidão, pois, que estava com ele quando Lázaro foi chamado da sepultura, testificava que

ele o ressuscitara dentre os mortos.

18 Por isso a multidão lhe saiu ao encontro,

porque tinham ouvido que ele fizera este sinal.

19 Disseram, pois, os fariseus entre si: Vedes que

nada aproveitais? Eis que toda a gente vai após ele.”

Quanta infâmia e desonra Jesus suportou e tem

ainda suportado.

O relato dos evangelhos nos revela que de fato

há no Senhor uma longanimidade divina que

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Lhe permitiu e que ainda permite suportar com grande paciência toda a oposição que façam

contra a sua Pessoa.

Quando lemos, por exemplo, as recomendações

que Ele faz aos seus discípulos no Sermão do Monte, especialmente quanto ao dever de

amarem seus inimigos e abençoarem os que lhes maldizem e perseguem, nós entendemos a

razão destas ordenanças porque em fazendo isto eles estão simplesmente seguindo o seu próprio

exemplo, e importa que sejamos seus imitadores.

Ele nos daria agora o exemplo máximo da sua mansidão e submissão à vontade do Pai,

entregando-se voluntariamente nas mãos dos seus inimigos.

Por inúmeras vezes Ele havia escapado e fugido

das perseguições deles, mas importava que fosse agora para a cruz para pagar o preço

exigido para o perdão dos nossos pecados.

Ele estivera no templo no período da festa da

dedicação que era celebrada no mês de quisleu (dezembro), depois de ter curado o cego de

nascença, e havia se retirado para o deserto junto ao local onde João batizara, mas retornou

à Judeia para ressuscitar Lázaro, e como foi expedida ordem pelos fariseus para que fosse

preso, e sabendo que aquela prisão culminaria com a sua morte, e não era ainda a hora, porque

importava que morresse na Páscoa, Ele se retirou mais uma vez para o deserto, perto da

cidade de Efraim.

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A festa da Páscoa foi instituída por Deus para comemorar o livramento dos primogênitos

israelitas da morte no Egito, nos dias de Moisés, por causa do sangue do cordeiro que foi

colocado nas portas das suas casas, para que o anjo da morte passasse por sobre elas ao ver o

sangue.

Jesus é o Cordeiro pascal, do qual, por causa da

cobertura do seu sangue sobre a casa espiritual das nossas vidas, somos livrados da morte

espiritual e eterna, para que as consagremos Àquele que nos salvou da morte.

Ele teria que retornar à Judeia na época da Páscoa, que era celebrada no mês de Abibe

(março/abril), e Ele o fez indo primeiro para a cidade de Betânia, à residência de Lázaro, Maria

e Marta onde se hospedou, porque além da residência deles ficar apenas cerca de 3

quilômetros de Jerusalém, Jesus achou conforto junto daqueles que O amavam, antes de se

entregar voluntariamente nas mãos dos seus inimigos, os quais lhe infligiriam terríveis

sofrimentos, conforme estava profetizado nas Escrituras.

Mas, para que se cumprissem também as

Escrituras, importava que fosse aclamado antes como rei de Israel, montado em um jumentinho, de maneira a demonstrar o caráter

pacífico e de humildade do seu reino.

No reino do Messias não há excluídos, por causa da baixa condição social que se possa ter para

este mundo.

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Tudo o que este mundo despreza pode ser transformado e estar em honra no reino do

Senhor.

Mas muito do que o mundo considera elevado poderá estar excluído do seu reino, por ser uma

abominação perante Deus.

A mansidão do Cordeiro não será perdida, quando Ele estabelecer seu reino eterno com todos os seus súditos.

A regra do seu governo será o seu amor por eles.

E, a justiça de Deus será a base do seu trono.

Faltavam seis dias para a Páscoa quando Jesus se

dirigiu à casa de Lázaro e ali lhe prepararam uma ceia para Ele e seus discípulos; e Lázaro

estava à mesa enquanto Marta os servia.

Foi nesta ocasião que Maria ungiu os pés de Jesus com nardo puro e enxugou os seus pés

com os seus cabelos.

Judas Iscariotes protestou contra aquele ato de Maria, porque o perfume era muito caro, e ele

considerou que ela havia feito um desperdício, porque poderia vendê-lo por trezentos

dinheiros, para serem distribuídos aos pobres.

No entanto, aquilo não era sequer zelo pelos pobres, porque ele era o tesoureiro do grupo e

era seu costume furtar o que lhes era ofertado.

Jesus sabia que Judas era ladrão, e o poupou não dizendo qual era a sua real intenção.

Mas para desfazer o desconforto que ele criou

para Maria, e o falso preceito religioso de que o evangelho consiste em distribuir dinheiro aos

pobres, o Senhor disse que Maria tinha feito um

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bom serviço, porque O ungira para seu sepultamento, e que importava antes, cuidar de

agradá-Lo do que aos pobres, porque fisicamente teriam os pobres com eles durante

muito tempo, mas apenas Maria, dentre eles, tinha percebido que Ele estaria ainda por apenas

um breve tempo em sua companhia, menos do que uma semana.

Jesus tinha tudo em comum com os apóstolos, e viviam dos recursos que lhes eram providos por

Deus através dos instrumentos que Ele levantava para sustentá-los.

Isto deveria servir de exemplo para diminuir nossa estima por riquezas mundanas, porque

definitivamente Jesus e os apóstolos não andaram à busca das mesmas e nem sonhavam

com elas.

A história tem testemunhado que os principais

ministros do reino de Cristo nunca estiveram interessados em rendas terrenas, e por outro

lado, aqueles que sequer foram chamados para o ministério e que viveram na busca de riquezas

transitaram na Igreja como nuvens sem água, seguindo o exemplo do mestre deles, a saber,

Judas, que também por sua vez, seguiu os passos de Balaão.

Ministros do evangelho não são mordomos de bens que lhes pertencem, porque são

mordomos dos bens de Cristo, e terão todos eles que prestar contas da administração que

fizeram destes bens no tribunal de Cristo.

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Quando os ministros fazem um mau uso dos recursos de Deus eles são como Judas porque

furtam aquilo que não lhes pertence, mas ao Senhor e a todo o povo que colocou debaixo do

cuidado deles.

A estada de Jesus na casa de Lázaro não pôde ser mantida em segredo, de maneira que muitos

acorreram para lá para terem a oportunidade de verem não somente a Ele, como também a

Lázaro, a quem Ele havia ressuscitado.

Estes judeus eram pessoas de boa vontade em sua grande maioria, e isto despertou grande

preocupação nos sacerdotes porque muitos estavam crendo em Jesus por verem que Lázaro

havia de fato sido ressuscitado.

Eles tentariam também destruir a evidência viva do milagre que Jesus havia feito, que era o

próprio Lázaro, e assim também estavam intentando matá-lo.

Não foram os judeus de Jerusalém que odiavam Jesus e que estavam envenenados pelos

sacerdotes e fariseus, que saíram ao seu encontro com ramos de palmeiras clamando

“Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor (v. 13), quando souberam que

Ele estava vindo para a cidade de Jerusalém montado num jumentinho.

Eram judeus das áreas rurais e de outras cidades

que vinham a Jerusalém anualmente para a festa da Páscoa, e especialmente a multidão que

estivera com Jesus na casa de Lázaro e que

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testificara que ele realmente lhe havia ressuscitado (v. 17, 18).

Aquela grande manifestação foi a gota d’água que levou os fariseus a se conluiarem para

prenderem Jesus.

Muitos pensam que a multidão que bradou “Hosana” é a mesma que gritou “Crucifica-o”.

No entanto, os que eram de Jerusalém e que

estavam buscando a crucificação de Jesus certamente não se encontravam entre aqueles

que disseram “Hosana”.

Mais do Que Ensinamentos Jesus Veio Nos Dar

sua Vida - João 12

“20 Ora, havia alguns gregos, entre os que tinham subido a adorar no dia da festa.

21 Estes, pois, dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e rogaram-lhe, dizendo:

Senhor, queríamos ver a Jesus.

22 Filipe foi dizê-lo a André, e então André e Filipe o disseram a Jesus.

23 E Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a

hora em que o Filho do homem há de ser glorificado.

24 Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica

ele só; mas se morrer, dá muito fruto.

25 Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para

a vida eterna.

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26 Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se

alguém me servir, meu Pai o honrará.”

A fama de Jesus deve ter se espalhado pelo mundo conhecido de então, e os gregos que

estavam sempre atrás de novos conhecimentos filosóficos devem ter se interessado em

conhecer o seu ensino, por pensarem que fosse um mero filósofo.

Alguns dos gregos que haviam subido a Jerusalém para a festa da Páscoa pediram a

Filipe que lhes apresentasse a Jesus, e tendo Filipe levado o assunto a André, ambos foram a

Jesus para informá-lo a respeito.

A resposta que o Senhor deu a ambos foi

surpreendente porque Ele tinha diante dos seus olhos somente o propósito de cumprir a missão

que o Pai lhe havia dado de ir para a cruz para morrer no nosso lugar.

O grande objetivo da missão não era ensinar,

mas resgatar.

Não era obter fama pessoal de um mestre de

filosofia, nem sequer de teologia, mas atrair pecadores a Si para se converterem a Ele, e

assim serem livrados da morte eterna, pela destruição da morte espiritual, pela sua morte

na cruz.

Como aqueles gregos poderiam entender tais

coisas com a intenção que tinham em seus corações de satisfazerem à curiosidade deles

em verem alguém a quem eles queriam honrar

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simplesmente como a um grande mestre de filosofia?

Jesus deve ser procurado não pelo nosso próprio

interesse, mas por sermos conduzidos a Ele impulsionados pelo Espírito Santo, para nos

rendermos a seus pés e adorá-lo.

Não admira que o Senhor tivesse dito a André e a Filipe que era chegada a hora em que Ele seria

glorificado, mas não pelos gregos e nem por homem algum que pretendesse homenageá-lo,

ou prestar-Lhe honrarias.

Porque aqueles que O honrassem da maneira pela qual deve ser honrado são os que O seguem

e o servem aonde quer que Ele esteja.

Somente aqueles que O honram desta maneira serão também honrados por Deus Pai, porque

têm honrado a seu Filho (v. 26).

Jesus veio a este mundo para dar a sua vida em resgate de muitos.

Os que são por Ele resgatados devem também estar dispostos a darem a vida deles a seu

serviço.

Assim como um grão de trigo não pode gerar fruto se não morrer na terra, para que germine

uma nova vida, que gerará muitos outros grãos de trigo, de igual maneira, se Jesus não

morresse na cruz, permaneceria Ele só como Filho de Deus, mas pela sua morte, o Pai poderia

se prover de muitos outros filhos, que seriam tornados semelhantes ao seu Filho unigênito.

Desta forma, também os discípulos devem tal

como Cristo, perderem a vida por amor a Ele, e a

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palavra “vida” no original grego é psiquê, assim eles devem perder o viver pela energia da alma,

morrendo para o ego, de forma que, vivendo pelo espírito, possam ser instrumentos nas

mãos de Deus para serem canais do Espírito Santo para a regeneração (novo nascimento) de

muitas outras vidas.

Por isso, quando não se perde este modo de viver pela alma, em vez de se viver pelo espírito,

perde-se também a possibilidade de se viver o único modo que existe para se experimentar a

vida eterna, que é vivendo espiritualmente.

É preciso, pois aborrecer o nosso viver pela

alma, pela negação do nosso ego, cedendo lugar a um viver dirigido pelo Espírito.

Assim, os gregos também se converteriam a Ele, mas no tempo próprio.

Isto aconteceu especialmente através do

ministério de Paulo.

Importava agora que o Senhor fosse para a cruz,

que o evangelho fosse primeiro pregado, depois do Pentecoste, em Jerusalém, Judeia, Samaria, e

depois até aos confins da terra.

O Empenho Amoroso de Jesus Para Que

Sejamos Salvos - João 12

“27 Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto

vim a esta hora.

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28 Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra

vez o glorificarei.

29 Ora, a multidão que ali estava, e que a ouvira, dizia que havia sido um trovão. Outros diziam:

Um anjo lhe falou.

30 Respondeu Jesus, e disse: Não veio esta voz por amor de mim, mas por amor de vós.

31 Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.

32 E eu, quando for levantado da terra, todos

atrairei a mim.

33 E dizia isto, significando de que morte havia de morrer.

34 Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido

da lei, que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu que convém que o Filho do

homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?

35 Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está

convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos

apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.

36 Enquanto tendes luz, crede na luz, para que

sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se deles.”

A expectativa das coisas que brevemente

deveria sofrer, fez com que o Senhor não somente tivesse proferido a André e a Filipe as

palavras que lhes havia dito, em razão de ter

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sabido que alguns gregos estavam interessados em falar com Ele, como também O levou a se

angustiar pelo fato de ter avaliado o grande custo que seria para Ele ter que ir para a cruz,

carregando os nossos pecados sobre Si.

Tão terrível seria o sofrimento que O aguardava

que a sua alma se angustiou a ponto de estar convicto de que não poderia se livrar daquela

angústia porque não poderia pedir para ser livrado pelo Pai das coisas que Lhe aguardavam,

porque foi para aquele propósito mesmo que Ele havia vindo a este mundo.

Ele se submeteu mansamente à vontade do Pai

dizendo que Ele glorificasse o seu nome através do seu sacrifício.

Deus respondeu com uma voz audível que pareceu à multidão como se tivesse sido um

trovão, ou anjo que tivesse falado; dizendo:

“Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei.”.

Deus Pai estava sendo glorificado pelo Filho através das coisas que estava fazendo através

dele, como por exemplo através da ressurreição de Lázaro.

E receberia muito maior glória com a libertação

dos milhões de pessoas que sairiam do cativeiro das trevas e de Satanás para o reino da sua luz,

depois que o Filho fosse para cruz, e por isso lhe foi dito que outra vez glorificaria seu nome

através dele.

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Por esta razão Jesus disse que aquela voz não foi propriamente por amor a Ele, mas por amor dos

homens.

Porque foi por amor que o Pai Lhe havia enviado ao mundo para morrer no lugar dos pecadores.

Deus Pai levaria seu Filho à cruz por amor aos pecadores, para que pudessem ser resgatados

da morte eterna e serem reconciliados com Ele através da mediação do seu Filho.

Jesus disse expressamente que aquela voz tinha

a ver com o fato do juízo que seria imposto sobre Satanás na cruz, porque Ele seria tirado da sua

posição de poder sobre as almas que ele vinha trazendo cativas até então.

O evangelho seria pregado no mundo, e o poder de Deus traria a liberdade àqueles que o Pai deu

ao Filho e que até então estavam debaixo do jugo do diabo.

Isto seria feito em todas as partes do mundo

porque Satanás seria despojado do seu poder quando Jesus morresse na cruz.

O diabo não seria, portanto, expulso da terra, mas da sua posição de autoridade sobre as almas daqueles que pertencem a Deus.

O diabo os trazia sujeitos por causa de estarem debaixo do pecado, mas em Cristo eles não estão

mais debaixo do pecado, mas da graça que os resgatou do pecado e da morte, porque Cristo se

fez maldição na cruz, no lugar deles, para resgatá-los da maldição, e assim foi desfeito

todo o poder que o Inimigo detinha sobre eles.

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Depois que Jesus fosse levantado da terra, sendo elevado na cruz (v. 32, 33), a humanidade seria

atraída a Ele pelo Pai.

Qualquer um poderia vir agora livremente a Ele

pela simples fé, porque consumaria completamente a obra de resgate em seu favor

com sua morte na cruz, de maneira que desfaria a barreira de inimizade que havia entre eles e

Deus, por causa da natureza terrena pecaminosa que se opõe a Deus.

Mas, como o pecado recebeu a sua sentença de

morte na cruz, foi resolvido para sempre o problema que nos separava de Deus, de maneira

que deixamos de ser inimigos de Deus, para nos tornarmos seus amigos, por meio da fé em

Jesus.

Os incrédulos da multidão que ouvia Jesus dizer estas coisas rechaçaram o fato dele ter dito que

deveria morrer, porque segundo a teologia deles o Messias jamais morreria.

É certo que o Messias é eterno, mas importava,

pelas Escrituras, que padecesse e morresse no lugar dos pecadores, para se regozijar depois com o fruto do penoso trabalho da sua alma.

Eles queriam saber quem era o Filho do homem

e por que convinha que o Filho do homem fosse levantado?

Estas coisas somente podem ser entendidas por

iluminação do Espírito Santo.

Jesus é a luz do mundo.

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Ele trouxe o conhecimento da verdade relativa à nossa condição espiritual e o que é necessário

fazer para sermos salvos.

Mas tudo isto somente pode ser entendido espiritualmente debaixo da iluminação do

Espírito Santo.

Por isso, o Senhor disse que convinha ser levantado, não somente para a nossa

justificação, como também para que fôssemos regenerados e santificados pelo Espírito que

seria derramado depois da sua morte, ressurreição e ascensão.

Aquelas pessoas e quaisquer pessoas de todas as épocas devem crer na luz para que sejam filhos

da luz.

Se não crermos nas palavras de Jesus, o Espírito Santo jamais poderá fazer o seu trabalho de nos

transformar em filhos da luz.

Jesus fez a luz da verdade raiar sobre aquelas pessoas e logo em seguida retirou-se delas,

escondendo-se, porque ainda importava deixar instruções para os seus discípulos; cear com

eles, orar por eles e fortalecer-lhes a fé.

A Rejeição de Jesus Deu Cumprimento à Profecia de Isaías - João 12

“37 E, ainda que tinha feito tantos sinais diante

deles, não criam nele;

38 Para que se cumprisse a palavra do profeta

Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa

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pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?

39 Por isso não podiam crer, então Isaías disse

outra vez:

40 Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e

compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure.

41 Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele.

42 Apesar de tudo, até muitos dos principais

creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da

sinagoga.

43 Porque amavam mais a glória dos homens do

que a glória de Deus.

44 E Jesus clamou, e disse: Quem crê em mim, crê, não em mim, mas naquele que me enviou.

45 E quem me vê a mim, vê aquele que me

enviou.

46 Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo

aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.

47 E se alguém ouvir as minhas palavras, e não

crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.

48 Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último

dia.

49 Porque eu não tenho falado de mim mesmo;

mas o Pai, que me enviou, ele me deu

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mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar.

50 E sei que o seu mandamento é a vida eterna.

Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.”

João passou a expor a partir do verso 37 quais foram os motivos que haviam levado os judeus a

rejeitarem Jesus, conforme havia dito no início deste seu evangelho que Jesus havia vindo para

o que era seu, mas os seus O haviam rejeitado.

Ele havia deixado de modo muito claro em toda a sua narrativa, que fizera até esta altura, como

os judeus haviam realmente amado as trevas e assim, não tinham vindo para a luz para que as

suas más obras não fossem manifestas.

João mostrou também como alguns hipócritas

haviam professado crerem em Cristo, mas que não praticavam a sua Palavra, e não se

submeteram ao seu senhorio, porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de

Deus, como sucedera com muitos fariseus que haviam confessado crer que Ele era o Messias

mas que não deram um testemunho público da fé deles, por temerem serem expulsos da

sinagoga (v. 42, 43).

Assim, ele conclui esta primeira parte do seu evangelho mostrando como Jesus havia sido

rejeitado, aceito, e até mesmo como fingiram aceitá-lo, porque, do capítulo seguinte (13) até o

capítulo 17 João registrou quais foram as últimas

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palavras e ações de Jesus junto aos seus discípulos.

O Senhor já havia declarado expressamente aos judeus quanto à impossibilidade de muitos

deles aceitarem a sua Palavra.

Não seria pela realização de sinais, seja em qualidade, seja em número, que tais pessoas se

converteriam ao Senhor.

Esta condição de endurecimento espiritual dos judeus, foi profetizada por Isaías, em relação à

reação das pessoas ao evangelho, e que resistiriam à mensagem da salvação:

“Senhor, quem creu na nossa pregação? E a

quem foi revelado o braço do Senhor?” (v. 38).

O motivo desta incredulidade foi declarado pelo próprio Isaías:

“Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o

coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu

os cure.”.

O profeta Isaías fez esta afirmação quando viu a

glória de Jesus; quando estava à direita do Pai nos céus, antes mesmo da sua encarnação

quando veio a este mundo.

Os que resistem a Jesus são mantidos no seu endurecimento porque Deus não pode lhes

conceder graça para que vejam e entendam, porque isto não pode ser feito com aqueles que

se recusam terminantemente a honrar o seu Filho Unigênito, Jesus.

Por isso João fez um resumo da pregação que

Jesus fez continuamente em seu ministério

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terreno nos versos 44 a 50, onde se destaca a necessidade da fé nele para a salvação (v. 44),

porque crer nele é crer no Pai, porque foi enviado pelo Pai sendo igual ao Pai, de maneira

que aquele que o vê conforme convém ver (em espírito), vê o Pai, porque Ele é a perfeita

imagem do Pai (v. 45).

Somente Jesus é a luz que veio ao mundo para expulsar as trevas da vida daqueles que nele

creem (v. 46).

Ele veio inaugurar uma nova dispensação, a da graça, de maneira que neste período Ele não

está julgando o mundo para efeito de condenação, mas salvando aqueles que do mundo se convertem a Ele (v. 47).

No entanto, rejeitá-lo e rejeitar suas palavras, significa estar em posição de juízo para condenação, o que há de se manifestar no dia do

Juízo Final (v.48).

Ele foi enviado ao mundo pelo Pai para nos revelar a vontade do Pai, expressada no

mandamento que dele recebeu de dar a vida eterna a todo aquele que nele crer.” (v. 49, 50).

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João 13

A Intimidade de Jesus é Para Aqueles que o

Amam

“1 Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus

que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus,

que estavam no mundo, amou-os até o fim.

2 E, acabada a ceia, tendo o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que

o traísse,

3 Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de

Deus e ia para Deus,

4 Levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se.

5 Depois deitou água numa bacia, e começou a

lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.

6 Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim?

7 Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço

não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois.

8 Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não

tens parte comigo.

9 Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.

10 Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não

necessita de lavar senão os pés, pois no mais

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todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos.

11 Porque bem sabia ele quem o havia de trair;

por isso disse: Nem todos estais limpos.

12 Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-

lhes: Entendeis o que vos tenho feito?

13 Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.

14 Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés,

vós deveis também lavar os pés uns aos outros.

15 Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.

16 Na verdade, na verdade vos digo que não é o

servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.

17 Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois

se as fizerdes.” (João 13.1-17)

João registrou as palavras e os atos de Jesus,

especialmente durante a última ceia de Páscoa que celebrou juntamente com os seus

discípulos, nos capítulos 13 a 17 do seu evangelho.

Nós temos um primeiro registro das coisas que

aconteceram naquela tarde e noite em que ele seria traído por Judas, a começar deste décimo

terceiro capítulo.

Aqui é descrito por João como o amor de Jesus foi demonstrado por seus discípulos até mesmo

naquela hora de tensão e crise em que Ele sabia

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que seria traído, e que sofreria horrivelmente nas mãos de homens ímpios (v. 1).

O Senhor manteve a mesma serenidade de sempre e a paz imperturbada de seu espírito e

mente, conforme se pode ver nas coisas que Ele fez e falou e que estão registradas nestes cinco

capítulos do evangelho de João (13 ao 17).

O amor de Jesus por nós não é alterado

conforme as circunstâncias.

Nós podemos contar sempre com a sua

fidelidade e constância porque Ele nunca muda.

Jesus tirou o seu manto e se cingiu com uma toalha, e pegando uma bacia encheu-a com água

e passou a lavar os pés dos discípulos e os enxugava com a toalha com a qual havia se

cingido.

João disse que Ele fez isto, porque sabia que o Pai

tinha depositado todas as coisas em suas mãos, e que Ele havia saído de Deus e estaria voltando

para Deus.

O gesto de Jesus comprova que apesar do grande

respeito e reverência que os discípulos tinham por Ele, não havia nenhuma formalidade ou

dissimulação no relacionamento deles.

Ao contrário, isto nos mostra a liberdade,

intimidade e familiaridade que havia entre eles.

Uma Igreja que cresce desta forma é também

bem-aventurada, como eram os discípulos no relacionamento deles uns com os outros e com

o Senhor, porque eles conviviam pelos laços de

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amor e amizade que haviam recebido do Senhor e aprendido com Ele.

Agora, sabendo que deixaria este mundo, Jesus aproveitou a oportunidade para lhes dar uma

grande lição da humildade, que deveria haver entre eles, na disposição mesma de fazerem até

os serviços mais humildes para demonstrarem o amor que tinham uns pelos outros.

Pedro havia sido tomado de uma falsa humildade e respeito ao Senhor quando lhe

disse que de modo nenhum deixaria que Ele lhe lavasse os pés.

Jesus disse que Ele não estava entendendo o que Ele estava fazendo naquela hora, mas que depois

entenderia, porque sendo um dos líderes do seu rebanho, viria a aprender depois, como de fato

aprendeu que os pastores devem servir às suas ovelhas, estando dispostos a fazerem as tarefas

mais humildes, se necessário, em prol da santificação das vidas do rebanho colocado

debaixo do cuidado deles.

O Senhor havia feito uma relação entre o ato de

lavar os pés com o fato da grande lavagem de pecados que ocorreu na regeneração dos

apóstolos pela fé e prática da sua Palavra.

Então, ainda que tenha havido uma grande transformação no nosso novo nascimento do

Espírito, há esta necessidade de progredirmos em santificação, conforme o Senhor estava

representando por aquele gesto de lavar os pés dos discípulos.

Sem santificação ninguém verá o Senhor.

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Isto pode ser inferido das palavras que Jesus disse a Pedro, quando este se recusou a deixar

que Ele lhe lavasse os seus pés, porque Jesus disse que caso Pedro continuasse se recusando,

não teria parte com Ele.

Ora, sabemos que é exigido perseverança até o

fim em santificação, para a confirmação da nossa salvação, isto é, nós permanecemos em

Cristo, e participamos da sua vida, caso tenhamos realmente participação espiritual na

sua vida divina.

É pelo crescimento na graça e no conhecimento

do Senhor, que comprovamos que de fato pertencemos a Ele, e é também deste modo que

podemos permanecer nele e Ele em nós, porque sem santificação apagamos o fogo do Espírito Santo; e é este fogo que nos santifica.

Havia muito a ser aprendido pelos apóstolos

daquele gesto humilde de Jesus de lavar os pés deles.

Obviamente, aquele gesto não se aplicava a Judas porque não tinha sido regenerado.

Ele continuava escravo do pecado porque não havia sido limpo pela Palavra como os demais.

Como então poderia ser santificado?

O Espírito santifica somente quem foi

regenerado.

Este não era seguramente o caso de Judas; por

isso o Senhor disse que todos os discípulos haviam sido purificados dos seus pecados,

exceto um, que era Judas.

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Depois de lavar os pés dos discípulos Jesus se assentou outra vez à mesa e lhes explicou o que

havia feito apesar de ser o Mestre e o Senhor deles.

Se Ele, como Mestre e Senhor havia feito tal gesto, quanto mais eles deveriam fazê-lo,

lavando os pés uns dos outros, porque isto é um dever para todos aqueles que Lhe pertencem.

Ele havia dado um exemplo daquilo que devemos fazer na condição de seus discípulos.

Nenhum servo é maior do que Ele, portanto não está excluído do dever de cumprir esta regra do

reino dos céus.

Felizes são aqueles que seguem o exemplo do

seu Mestre quanto a praticarem isto que Ele nos ensinou.

Em sua infinita sabedoria Jesus fixou este

exemplo de humildade extrema bem próximo da sua partida deste mundo, que muito ajudaria

os discípulos a se manterem humildes e não mais disputarem entre si qual seria o maior

deles tanto na Igreja aqui neste mundo, quanto no reino de Deus na glória.

Os evangelhos sinópticos registram que houve uma disputa entre os apóstolos neste sentido

justamente quando Jesus estava passando pelo momento de aflição, que antecedeu o seu

sofrimento.

O exemplo que Ele havia dado faria um grande

eco nas consciências e corações dos discípulos de maneira que entendessem definitivamente

qual é o caráter do reino do Messias, que dá

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graça a quem se humilha, e abate a quem se exalta.

Judas Era Usado por Satanás - João 13

“18 Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas para que se cumpra a Escritura: O que come o pão comigo, levantou

contra mim o seu calcanhar.

19 Desde agora vo-lo digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que eu

sou.

20 Na verdade, na verdade vos digo: Se alguém receber o que eu enviar, me recebe a mim, e

quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.

21 Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito, e afirmou, dizendo: Na verdade, na verdade vos

digo que um de vós me há de trair.

22 Então os discípulos olhavam uns para os outros, duvidando de quem ele falava.

23 Ora, um de seus discípulos, aquele a quem

Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus.

24 Então Simão Pedro fez sinal a este, para que perguntasse quem era aquele de quem ele

falava.

25 E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus,

disse-lhe: Senhor, quem é?

26 Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a

Judas Iscariotes, filho de Simão.

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27 E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa.

28 E nenhum dos que estavam assentados à

mesa compreendeu a que propósito lhe dissera isto.

29 Porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam

alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa; ou que desse

alguma coisa aos pobres.

30 E, tendo Judas tomado o bocado, saiu logo. E

era já noite.” (João 13.18-30)

Aqueles que Satanás planta como joio na Igreja

para traírem a causa de Cristo, raramente sabem que estão a serviço do Inimigo,

porque ele lhes ilude fazendo pensar que são verdadeiros servos de Cristo.

Isto explica muito sobre o motivo que levou

Judas a se suicidar logo depois de ter traído Jesus.

Satanás o abandonou e lhe acusou depois de ter

feito o uso que pretendia fazer dele, atacando-lhe duramente a consciência e mostrando-lhe

que não passava de uma fraude, e que nunca tinha sido um verdadeiro apóstolo de Jesus.

Judas era uma árvore plantada pelo diabo na Igreja.

Não era uma árvore que tivesse sido plantada

por Deus.

Assim, jamais poderia dar bons frutos.

Jesus nunca esperou qualquer bom fruto dele

porque sabia a árvore má que ele era.

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Não se pode colher figos dos abrolhos.

A árvore é conhecida pelo seu fruto, e o de Judas acabou se manifestando completamente no

momento da traição de Jesus.

Jesus sabia que Satanás entraria em Judas e faria por meio dele toda a sua vontade, para que o

traísse.

Ele viu em Espírito aquilo que os demais

apóstolos não puderam perceber.

Judas traiu Jesus com um beijo para dissimular seu ato de traição.

Os traidores sempre usam esta estratégia de

chorar, de beijar, de abraçar aqueles que eles estão traindo e aos quais trairão de forma ainda

mais intensa quando Satanás se levantar para usá-los de tal forma.

Aitofel também era amigo de Davi e

compartilhava da sua intimidade, mas era invejoso do rei, e quando se lhe deparou a

oportunidade de agir contra ele, logo se apresentou a Absalão com o propósito de

destruir Davi e arrancá-lo do trono no qual foi colocado pelo Senhor.

Assim, como Judas, Aitofel também se suicidou

depois de ter traído Davi, e nós sabemos agora qual era a mão que estava por detrás de tudo

aquilo, a mão de Satanás.

Nossa luta não é contra os Aitoféis e Judas, mas contra o diabo. Nossa luta não é contra a carne e

o sangue, ou seja, contra as pessoas.

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É das ações do diabo através dos seus instrumentos que devemos nos prevenir

através da oração e da fé no Senhor.

Judas poderia ao menos ter deixado a

companhia de Jesus e dos apóstolos sem nada fazer contra eles, e especialmente contra o

Senhor.

Afinal ele privava da intimidade deles, e comia à

mesma mesa com Jesus.

É digno de destaque que o diabo entrou nele

justamente quando Jesus lhe deu o bocado de pão para comer.

O bem que Jesus fez a Judas não lhe tornou melhor, mas pior, e assim ele odiou a quem

nunca lhe fez qualquer mal, senão somente o bem.

E o Senhor dá grande honra àqueles que são por

Ele enviados com a missão de pregarem o evangelho ao mundo.

Aqueles que são enviados por Ele, quando são recebidos pelas pessoas, é como se elas

estivessem recebendo ao próprio Cristo, e a Deus Pai que foi quem enviou seu Filho a este

mundo com a missão que seria agora realizada pela Igreja.

Foi justamente quando estava proferindo estas palavras de grande honra para os apóstolos, que

Jesus se turbou em espírito (v. 21), porque aquilo não se aplicava a Judas, que apesar de ter sido

escolhido pelo Senhor para estar entre os apóstolos, não seria enviado por Ele como os

demais para cumprir a sua grande comissão de

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irem por todo o mundo pregando o evangelho a todas as pessoas.

Judas não somente não seria enviado, como também seria aquele que haveria de traí-lo para

que se cumprissem as Escrituras.

Qual é o Tipo de Amor do Novo Mandamento? João 13

“31 Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é

glorificado nele.

32 Se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e logo o há de

glorificar.

33 Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco. Vós me buscareis, mas, como tenho dito aos judeus: Para onde eu vou não podeis vós

ir; eu vo-lo digo também agora.

34 Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós,

que também vós uns aos outros vos ameis.

35 Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.

36 Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde

vais? Jesus lhe respondeu: Para onde eu vou não podes agora seguir-me, mas depois me seguirás.

37 Disse-lhe Pedro: Por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida.

38 Respondeu-lhe Jesus: Tu darás a tua vida por

mim? Na verdade, na verdade te digo que não

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cantará o galo enquanto não me tiveres negado três vezes.” (João 13.31-38)

Tão logo Judas se retirou do meio dos apóstolos, durante a ceia da Páscoa, Jesus disse

imediatamente que Ele estava sendo glorificado e que o Pai também estava sendo glorificado nele.

Ora! Se Ele sabia que Judas saiu para traí-lO, qual glória poderia ser resultante de um ato de

traição?

O Pai seria glorificado na morte do Filho, e seria justamente a traição de Judas que precipitaria

todas as ocorrências que culminariam na morte do Senhor.

Como o Pai seria glorificado por causa do Filho com a conversão de milhões de pessoas em todo

o mundo, então era de se esperar que o Pai também glorificasse o Filho, e isto começaria

logo depois da sua ressurreição, quando Ele entrasse no céu com grande triunfo e glória pela

obra que havia consumado na terra, sendo celebrado, honrado e adorado pelas potestades

celestiais e pelos espíritos desencarnados dos santos que haviam morrido antes da sua

ascensão, que aguardavam com grande expectativa por esta vitória sobre a morte, porque disto dependeria a ressurreição futura

dos corpos deles.

Este foi um dos motivos de Jesus ter dito que

Abraão havia visto o seu dia de glória e se

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alegrado, por causa da expectativa de tais coisas que seriam cumpridas pelo seu Senhor e nosso.

Esta glória seria recebida por Jesus no céu, onde os seus apóstolos não poderiam estar com Ele,

pelo menos por algum tempo.

Mas, eles, de fato não poderiam testemunhar

todo o cortejo triunfal com que Jesus entrou nos céus depois da sua morte.

Os seus mais diletos amigos não poderiam ver isto, mas como era amigo deles e os amava Ele

lhes falou de todas estas coisas antes de partir para a glória que O aguardava, para que também

exultassem com Ele, e soubessem que as coisas que Ele ainda teria que padecer, até à sua morte

na cruz, não significavam de modo algum, o fracasso da sua missão, que era a mesma missão

dos discípulos.

Foi nesta ocasião, em face da glória que haveria

de se seguir aos seus sofrimentos, e pelo derramar do Espírito Santo sobre os discípulos

como comprovação daquela glorificação que Ele receberia no céu, que o Senhor lhes deu o novo

mandamento de se amarem uns aos outros, assim como Ele lhes havia amado; isto é, eles

deveriam se amar com o mesmo amor de comunhão espiritual que sempre existiu entre

Ele e o Pai.

Seria por este amor divino, celestial, que o

mundo saberia que eles eram de fato seus discípulos.

Eles sairiam com uma missão ao mundo.

Eles teriam uma mensagem para pregar.

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Eles receberiam poder do Espírito para testemunhar dele e da sua morte e ressurreição.

Mas, caso faltasse este amor entre eles, faltaria

tudo o mais, e Ele não seria glorificado.

Deus não pode ser glorificado quando falta a unidade e a comunhão espiritual, no Espírito.

Os apóstolos haviam aprendido do Senhor o

modo como deveriam viver neste amor, mas deveriam crescer nisto.

Deveriam avançar para o alvo da maturidade em

Cristo, que é, sobretudo amadurecimento no seu amor divino.

Isto não se aprende nos livros, mas na prática da vida. Na submissão à vontade do Senhor e à sua

Palavra, num espírito quieto e manso que é agradável a Deus.

O brilho da face de Cristo deve ser visto também

nos rostos dos cristãos, porque sem isto, não é possível cumprir o novo mandamento que Ele

nos deixou.

É importante lembrar que Ele falou deste novo mandamento do amor no contexto das palavras

que havia proferido acerca da sua glorificação nos céus, e no ajuntamento futuro de todos os

seus discípulos no céu para participarem da sua glória.

Pedro não entendeu a que tipo de amor Jesus

estava se referindo, e tentou demonstrar que o seu amor por Ele era maior do que os de todos os

demais discípulos. Já que Jesus havia falado de amor, então Pedro na sua sinceridade quis lhe

demonstrar até que ponto ia o seu amor por Ele.

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Ele insistiu em dizer que seguiria Jesus mesmo depois dele ter-lhe falado que não poderia segui-

lo para onde Ele iria naquela ocasião, a saber, para o céu, mas como não disse a Pedro para

onde iria, Pedro disse que iria segui-lo até mesmo dando a própria vida por ele.

Mas Jesus lhe respondeu que o galo não cantaria

naquela noite antes que Pedro lhe tivesse negado três vezes.

O amor natural de Pedro não seria suficiente

para mantê-lo firme na fé e perseverante em confessar o Senhor mesmo diante do perigo de

perder a sua própria vida.

Mas Pedro não havia aprendido esta lição, e teria que passar por ela de uma maneira muito

dolorosa, para que jamais confiasse na carne.

Afetos, sentimentos, emoções, vontade, tudo isto faz parte da alma e não do espírito.

Portanto, nada tem a ver com o amor

sobrenatural de Deus que é fruto do Espírito e que é gerado no nosso espírito.

Pedro deveria aprender a andar no Espírito, e a não confiar na carne, isto é, pelo seu ego (alma).

É somente estando fortalecido no Espírito, pela

graça do Senhor que podemos cumprir o novo mandamento que ele nos deixou.

Por isso quando o Senhor restaurou Pedro

depois de tê-lo negado, perguntando-lhe também por três vezes se ele o amava, no grego,

ele usou a palavra ágape (amor divino) nas duas primeiras vezes, e como Pedro respondeu com a

palavra filéo (amor de amizade natural), Jesus

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usou esta palavra “filéo” na última pergunta que fez, e Pedro tornou a responder em sua

insegurança também com “filéo”, porque não estava certo ainda de possuir o amor divino.

Jesus queria demonstrar a Pedro, que importa

ser amado com o amor espiritual, celestial e divino, e não com o amor natural que é

resultante de nossos afetos naturais, porque não o conhecemos mais segundo a carne, mas

segundo o espírito.

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João 14

As Moradas Eternas Celestiais

“1 Não se turbe o vosso coração; credes em Deus,

crede também em mim.

2 Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não

fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.

3 E quando eu for, e vos preparar lugar, virei

outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.”. (João

14.1-3)

Com o passar do tempo, no conhecimento de

Cristo, descobrimos que a nossa alegria se fundamenta nem tanto por sermos livrados de

nossas tribulações, mas por continuarmos a ter a aprovação e a companhia do nosso único e

melhor amigo, a saber, o próprio Senhor.

Por isso a expectativa de serem separados de Cristo fez com que a tristeza penetrasse o

coração dos seus discípulos.

Mas, como nada escapa do conhecimento de

Jesus, ele percebeu o quanto estavam tristes, e lhes dirigiu palavras para reanimá-los, de

maneira que entendessem que não havia motivo para se entristecerem com a sua partida,

senão de alegria, porque afinal não os abandonaria, e além disso, lhes enviaria o

Espírito Santo como cumprimento da promessa

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feita por Deus a todos aqueles que se unissem ao seu Filho.

Muitas coisas concorreram para a tristeza que os discípulos estavam sentindo:

(1) Jesus lhes havia contado há pouco o abandono que ele deveria receber de alguns

deles, e isto entristeceu a todos.

Pedro, sem nenhuma dúvida, deveria estar

muito triste com o que Cristo lhe disse, e todos os demais sentiram muito por ele e por eles

também.

Mas o Senhor os confortou acerca disso.

(2) Jesus tinha lhes contado há pouco sobre a sua própria partida, e que isto ocorreria debaixo de

uma densa nuvem de sofrimentos.

Eles O veriam brevemente debaixo de

sofrimentos que O conduziriam até a morte; e esta espada atravessaria a própria alma deles,

porque muito o amavam e haviam deixado tudo para segui-Lo.

Quando contemplarmos Cristo traspassado pelos nossos pecados, nós não podemos deixar

de lamentar com tristeza, entretanto nós vemos o fruto glorioso que decorre destes sofrimentos

de Jesus por nós.

Mas eles não podiam ainda compreender isto o

tanto quanto nós o compreendemos, e como viriam a compreender depois, conforme as

próprias palavras que o Senhor lhes dirigiu quanto à instrução que receberiam do Espírito

Santo.

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Eles não compreendiam ainda a natureza do reino do Messias, e pensavam que o Senhor logo

livraria a nação do domínio dos romanos e restauraria o reino de Israel com a mesma

glória, e ainda maior do que a que possuía nos dias de Davi e Salomão.

Todavia, agora, Ele deixaria o mundo nas mesmas circunstâncias de maldade e pobreza

nas quais eles tinham vivido, e pior, eles se sentem totalmente derrotados.

Assim, se sentiam tristemente abandonados,

frustrados e expostos.

Eles souberam por experiência que nada podiam fazer sem o Mestre deles.

Mas não sabiam ainda que nosso triunfo deve

ser neste mundo, mas não para este mundo.

Deste modo, não há realmente motivo para tristeza se somos fracassados nas coisas que

dizem respeito a esta vida.

Contudo, Jesus lhes disse que não deixassem apesar de todos estes pensamentos e sentimentos, que o coração deles ficasse

turbado.

O verbo usado no grego para turbar é “tarasso”, que significa ficar inquietado, ansioso,

angustiado, perturbado, por temores e dúvidas.

Em outras palavras, Ele estava lhes dizendo que não deixassem seus corações ficarem tristes por

causa das aflições.

Conforme diziam os puritanos: Embora a nação e a cidade estejam turbadas, ou sua igreja, ou

sua família, contudo não deixe seu coração ficar

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turbado. Mantenha a posse e controle de sua própria alma, quando você não puder ter a posse

e o controle de nada mais.

O coração é a principal fonte de tudo o que você

faz; por isso você deve mantê-lo firme com toda diligência em toda e qualquer dificuldade.

É o espírito que tem que sustentar a fraqueza, portanto, não permita que ele seja ferido.

Somos discípulos de Cristo, fomos escolhidos, resgatados e santificados por Ele, e embora

outros possam ser vencidos com tristezas deste tempo presente, não permitamos que se dê o

mesmo conosco, porque aqueles que têm a promessa de habitarem para sempre em Sião

com o seu Rei, não têm motivo para se deixarem vencer pela tristeza, seja ela de qual ordem for.

Até mesmo a tristeza pelo pecado pode ser resolvida pelo arrependimento e confissão, de

maneira que se viva debaixo do mandamento de se estar sempre alegre em Cristo.

O remédio que Jesus prescreveu aos discípulos para vencerem o tremor de seus corações, é o

mesmo que temos que tomar, a saber, a fé em Deus.

Ele lhes disse que cressem no pai e que cressem também nele.

Creia na providência de Deus e creia na mediação de Cristo.

Construa sua confiança nos grandes princípios revelados na Palavra, especialmente nas

promessas que Deus nos deu pelo Filho.

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Deus é santo, sábio, poderoso e bom, e governa todas as coisas, e não há nenhum evento fora do

seu controle.

É do agrado de Deus que aprendamos a

descansar nele em meio às nossas dificuldades em plena confiança, com fé inabalável na sua

providência e cuidado.

Isto lhe traz grande honra e glória, e este é um

dos motivos pelos quais permite que passemos por aflições neste mundo.

Se fôssemos deixados aos nossos próprios recursos, teríamos então motivo para ficar

abatidos e entristecidos, mas tendo a promessa de que nunca seríamos abandonados por Deus,

por sermos seus filhos, a recusa de lhe dar louvor e glória mesmo nas aflições, é uma

grande ingratidão e prova de incredulidade, que muito o desonra.

Crer no Pai e no Filho é o melhor remédio para

curar o coração aflito. Ficar firme na fé em nada duvidando de que o Senhor está ao nosso lado controlando a medida da nossa aflição, e fará

com que permaneçamos na esperança e no amor de Deus e este é o único e o melhor

remédio na hora da tribulação.

A promessa para o justo é que viverá pela fé.

A vida eterna de Cristo saltará em toda e

qualquer circunstância, a vida abundante que Ele nos dá, quando nos mantemos firmes na fé

na providência do Pai e na sua mediação como nosso Sumo Sacerdote e Advogado à direita do

Pai.

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A fé é direcionada para o céu, para as moradas celestiais que o Senhor foi preparar para nós.

Ela não está ancorada em nada deste mundo que passará, mas no céu e nas coisas que não podem

ser abaladas ou removidas.

A nossa fé em Cristo não é somente para esta vida. É muito mais para a vida ainda por se

revelar em nós no por vir.

“Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de

lástima.” (I Cor 15.19).

É com a promessa da vida eterna da qual estamos tomando posse pela fé que devemos

nos encorajar mutuamente em todas as nossas aflições.

Há muitas mansões celestiais preparadas pelo

próprio Cristo para receber os que são seus, depois de terem triunfado pela fé sobre todas as

tribulações deste mundo (v. 2).

A felicidade eterna do céu é representada por muitas mansões na casa do Pai.

O céu é uma casa, não uma tenda, é uma casa não feita por mãos humanas.

Era para a casa do Pai que Cristo estaria subindo

agora, como o irmão primogênito de todos os verdadeiros cristãos, os quais serão bem-vindos

na mesma morada, depois de terem deixado este mundo: a casa do Rei dos reis e Senhor dos

senhores, que habita na luz inacessível, que habita na eternidade.

Há habitações distintas reservadas para cada

um dos filhos de Deus.

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Jesus poderia ter omitido a existência das mansões do céu, mas para confortar os

discípulos lhes fez esta revelação agora, dizendo-lhes que caso não fosse assim Ele lhes

teria dito, entretanto, como tudo o que lhes havia dito até então era verdadeiro, seria

impossível que lhes estivesse mentindo agora, porque Ele mesmo é a Verdade.

Com este “se não fosse assim” o Senhor quis deixar bem claro para eles e para todos nós, seus

discípulos, que não estava falando de alegorias ou figuras, mas de realidades que

desfrutaremos no tempo apropriado.

Com esta promessa Jesus estava mostrando aos

discípulos que não foi em vão que eles haviam abandonado tudo para segui-lo. A esperança

deles não seria frustrada, e a recompensa da fidelidade seria dada com certeza absoluta.

Ele tinha que deixar este mundo e subir ao céu para afiançar o direito que havia conquistado

para nós como nosso Advogado.

Ele entraria como nosso precursor na posse da

nossa herança comum.

O homem não foi criado para pertencer ao mundo, mas ao céu.

Estamos aqui de passagem, como peregrinos e forasteiros.

A promessa feita por Jesus no verso 3: “virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para

que onde eu estiver estejais vós também”, é uma referência ao arrebatamento da Igreja, quando

se completará plenamente a promessa de estar

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toda a família reunida no céu, e quando os que morreram em Cristo terão seus corpos

ressuscitados, transformados em corpos glorificados, para o encontro com Ele entre

nuvens, dando-se cumprimento à promessa feita aos que Lhe pertencem.

Muitas Escrituras falam do retorno de Cristo

para o estabelecimento do reino de Deus em sua forma final (Fp 1.23; 4.5; Tg 5.8; I Tes 4.17; II Tes

2.1; João 17.24; etc).

Jesus É o Caminho para a Verdade e a Vida

Eterna - João 14

“4 Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis

o caminho.

5 Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o

caminho?

6 Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.

7 Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o

conheceis, e o tendes visto.

8 Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta.

9 Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu:

Mostra-nos o Pai?

10 Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai

está em mim? As palavras que eu vos digo não as

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digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras.

11 Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim;

crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras.” (João 14.4-11)

As declarações feitas por Jesus nos versos 1 a 3, seguidas da afirmação feita no verso 4 de que os

discípulos sabiam para onde Ele iria e que conheciam o caminho para lá, deram ocasião a

que dois dos seus discípulos lhe abordassem com indagações e dúvidas.

O primeiro foi Tomé que afirmou não conhecer nem sequer o lugar para onde Ele ia, e muito

menos poderia conhecer o caminho, numa contradição direta ao que Jesus havia afirmado

de que eles conheciam tanto o lugar quanto o caminho.

Como eles estavam sonhando com um reino

terreno a ser estabelecido pelo Senhor, não seria de se estranhar que não soubessem para

onde Ele iria.

Apesar de lhes ter falado várias vezes sobre o céu, e o reino comum que teriam com Ele na

presença do Pai, estavam endurecidos e não podiam entender as realidades espirituais que

podem ser discernidas somente espiritualmente.

Não se trata de se ter uma ideia sobre o céu, mas de experimentar as realidades celestiais em

espírito.

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A proposta de Deus para a Igreja através de Cristo é vida eterna, e esta vida está no próprio

Cristo, e é somente por se estar nele que podemos ser achados no caminho para o céu,

porque Ele próprio é também o caminho, e não há nenhuma incerteza quanto a isto, porque

tudo o que Ele diz e promete é verdadeiro, porque Ele próprio é também a verdade.

Todas estas coisas são testificadas pelo Espírito Santo que habita nos cristãos.

É somente por meio da testificação do Espírito

Santo que podemos discernir estas realidades celestiais, como também ter a plena certeza da

esperança da participação delas, pelo antegozo do céu, que o Espírito nos propicia ainda neste

mundo.

Por isso Jesus disse a Tomé, apesar dele tê-Lo contraditado, que Ele é o caminho, e a verdade e

a vida.

A afirmação de Jesus está cheia de significado,

porque sendo o caminho, Ele é o princípio; sendo a verdade, Ele é o meio; e sendo a vida, Ele

é o fim.

Em outras palavras: só podemos estar caminhando na direção do céu se nos unirmos a

Ele, e esta união tem o seu meio e o modo, a saber, estarmos na verdade, assim como Ele é a

verdade, e finalmente, o objetivo desta união com Cristo e deste viver na verdade atinge a sua

meta que é a vida eterna com Deus.

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Somente a doutrina de Cristo é a única verdadeira em relação ao significado da nossa

vida e do seu destino eterno.

Somente o seu ensino sobre o modo de se

agradar a Deus e do modo de ser livrado da condenação eterna é verdadeiro.

Por isso todo ensino que não se conforma à doutrina de Cristo, é erro, engano, falsidade e

desviará a qualquer que se deixe guiar por tais doutrinas à perdição eterna, ou então fará que

tal pessoa caminhe longe do caminho do céu.

Sendo o próprio Cristo o caminho, e a verdade e

a vida, é a presença dele em nós que faz toda a diferença.

Não importa tanto, o que eu creia, porque se Cristo não permanece em mim e eu nele, terei

errado o alvo proposto por Deus para mim.

É a própria participação da sua vida que nos

santifica, e isto é verdadeiro nas palavras proferidas pelo apóstolo Paulo de que não vivia

mais ele, mas Cristo era a sua vida.

Daí a necessidade da autonegação determinada

por Jesus a todos os que desejarem ser verdadeiramente seus discípulos.

Eles terão que abandonar o governo de suas vidas para que Cristo assuma o comando.

Onde e em quem isto não estiver ocorrendo, terá sido perdido o caminho, e se entrado por

um atalho de perdição. Por isso precisamos aprender a verdade como está em Jesus (II Cor

1.20).

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Por isso Jesus disse que ninguém pode ir ao Pai senão por Ele.

É somente Ele, pelo seu sacrifício, que pode nos aproximar do trono da graça, ao qual nos é

ordenado que nos aproximemos continuamente.

Afinal, fomos criados para estar permanentemente na presença de Deus.

Quando Caim saiu da presença de Deus, saiu para a morte espiritual eterna, e para viver no

pecado.

Afastar-se do Caminho que é Cristo, sem estar nele em todo o tempo, sem permanecer nele,

conforme é da vontade do Pai, significa morte espiritual e viver no pecado.

Por isso nos é ordenado na Palavra que nos aproximemos do Santo dos Santos, onde está o

trono da graça, com um coração puro e sincero, mas não por outro, mas pelo único e vivo

caminho que Jesus abriu para nós pela sua própria carne (Hb 10.19-22).

Não há outro Mediador entre Deus e os homens, e nem mesmo poderia haver, por tudo que se

exige do Mediador, quanto ao trabalho de unir a parte ofendida (Deus) à parte ofensora (o

pecador), de maneira que a parte ofendida pudesse ficar plenamente satisfeita, pelo

trabalho tanto de expiação da culpa quanto da transformação dos ofensores na essência

mesma da natureza deles, de maneira que não sejam mais achados como transgressores da lei

e da vontade de Deus.

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Jesus fala do Pai como o fim tanto da nossa vida quanto do seu trabalho (v. 7).

Todo nosso relacionamento com Ele tem por

fim último a glória do Pai, e o seu inteiro agrado.

Ele afirmou que caso os discípulos Lhe tivessem

conhecido corretamente, e a sua missão, eles também teriam conhecido ao Pai, porque afinal,

tudo o que Ele fez não foi por sua própria e exclusiva conta, mas para cumprir o mandado

do Pai de dar vida eterna aos que nele cressem.

Assim a sua doutrina que lhes havia ensinado não era propriamente dele, mas do Pai que Lhe

havia enviado ao mundo para salvar os pecadores.

Por isso podia afirmar que os discípulos desde que estiveram com Ele, tiveram a oportunidade

de conhecer o Pai, porque quem via a Ele, Jesus, via o Pai.

Filipe esteve tanto tempo com Jesus e não havia

feito grande progresso no conhecimento adequado que deveria ter feito dele.

Não que Jesus não soubesse da dificuldade deles para conhecê-lo, e não somente Filipe, mas a repreensão passada em Filipe serve para nos

advertir que é possível ser cristão, ter a habitação do Espírito, e fazer muito pouco

progresso na fé, no conhecimento de Jesus pelo crescimento na graça.

É preciso diligência, aplicação nos deveres ordenados na Palavra, meditação na Palavra de

Deus, de maneira que possamos ter uma

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compreensão cada vez maior das realidades celestiais, espirituais e divinas.

Obras Maiores do Que as do Ministério Terreno

de Jesus - João 14

“12 Na verdade, na verdade vos digo que aquele

que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu

vou para meu Pai.

13 E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o

farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.

14 Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o

farei.” (João 14.12-14)

Nosso Senhor não somente continuou

confortando os discípulos, como também lhes revelou que para que tivessem poder suficiente

para dar prosseguimento à obra para a qual haviam sido designados, era necessário que Ele

morresse na cruz, ressuscitasse e partisse para a presença do Pai, de maneira que pela inteira

aceitação da sua obra feita em favor dos pecadores, a promessa do derramamento do

Espírito Santo sobre todas as nações, conforme prometido desde Abraão, pudesse ser cumprida

por Deus.

Os seus discípulos seriam revestidos com

poderes e dons espirituais suficientes para ampliarem a obra de evangelização, que havia

sido iniciada pelo Mestre deles.

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Assim, obteriam maiores vitórias pelo evangelho do que as que tinham sido obtidas por

Cristo, enquanto Ele estava na terra.

Agora, nenhuma destas obras seria feita sem que fossem humildes suplicantes a Deus em

nome de Cristo.

Não seria por causa deles, mas por causa da obra e dos méritos de Jesus.

Não seria pelo próprio poder deles, mas pelo poder do Espírito Santo, como resposta às suas

súplicas humildes a Deus.

Deve ser assim, porque tudo que a Igreja fizer deve ser para a glória de Deus e não para a glória

dos homens, então todo o trabalho deve ter a marca da realização do próprio Deus.

Daí a razão de Jesus ter instruído os seus discípulos dizendo-lhes:

“13 E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o

farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.

14 Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.”

Este “eu o farei” não significa que qualquer coisa que seja pedida será atendida, mas que

tudo o que for efetivamente feito na Igreja como resposta de oração em nome de Cristo, terá sido

feito de fato por Ele, e não pelos próprios cristãos, de maneira que, como dissemos antes,

o propósito do Pai ser glorificado no Filho, possa ser cumprido.

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Quem Ama a Cristo Guarda os seus Mandamentos - João 14

“15 Se me amais, guardai os meus

mandamentos.

16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para

sempre;

17 O Espírito de verdade, que o mundo não pode

receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e

estará em vós.” (João 14.15-17)

Aqui nestes versículos, Jesus revelou quem seria o agente de todo o poder que seria

derramado sobre os cristãos: o Espírito Santo.

Ele não seria um mero poder ou influência, mas um companheiro, um advogado, um

“paracleto”, um consolador, que estaria unido aos discípulos habitando neles, e não estando

apenas com eles.

Ele diz outro Consolador que seria dado pelo Pai, porque Ele, o próprio Jesus foi o primeiro

Consolador enviado ao mundo pelo Pai.

Seria um Consolador conforme Ele foi com eles, porque é a terceira pessoa da Trindade, o

mesmo Deus, único e verdadeiro, que existe em três pessoas, a saber, o Pai, o Filho e o Espírito

Santo.

A promessa do envio do Espírito Santo, como Consolador, foi vinculada por Jesus ao ato de os

discípulos comprovarem seu amor por Ele,

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guardando os seus mandamentos (v. 15), isto é, pela santificação de suas vidas pela Palavra que

lhes havia ensinado e pregado.

O Espírito Santo seria derramado sobre os que haviam crido nele no dia de Pentecostes, depois

deles terem permanecido em oração unânime durante 40 dias.

Na verdade, o Espírito, no seu trabalho de Consolador, não pode consolar em comunhão

espiritual, os espíritos daqueles que não foram por Ele regenerados (nascidos de novo do alto).

Primeiro Ele regenera e santifica e depois

consola, porque não pode fortalecer a quem vive deliberadamente na prática do pecado.

Ele é um Consolador, bondoso, amigo, fiel, incansável, perdoador, mas somente daqueles

que se aproximam de Deus com um coração sincero, reconhecendo-se pecadores e necessitados de serem lavados de seus pecados.

Isto pode ser depreendido das palavras de Jesus no verso 17 de que o mundo não pode receber o

Espírito Santo.

Isto não quer significar que pessoas que estão no mundo não possam chegar ao arrependimento

e ao recebimento do Espírito como um dom de Deus, mas que aqueles que continuam amando

o mundo de pecado estão impossibilitados de receberem o Espírito Santo, porque Ele é dado

somente àqueles que se arrependem do pecado.

Jesus não queria que os discípulos

demonstrassem o amor deles por Ele

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entristecendo-se com o fato da sua partida, mas guardando os seus mandamentos.

Não é com manifestações sentimentais e

emocionais que demonstramos o quanto amamos a Jesus, mas com demonstrações

vigorosas de obediência aos seus mandamentos.

Antes de encerrarmos esta seção devemos registrar, que o Espírito Santo é derramado

como dom pelo Pai, mediante intercessão de Jesus, porque Ele disse claramente que o

Espírito Santo seria enviado pelo Pai por causa da sua intercessão.

Amamos o Jesus Invisível - João 14

“18 Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.

19 Ainda um pouco, e o mundo não me verá

mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis.

20 Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.

21 Aquele que tem os meus mandamentos e os

guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me

manifestarei a ele.

22 Disse-lhe Judas (não o Iscariotes): Senhor, de

onde vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?

23 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me

ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele

morada.

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24 Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é

minha, mas do Pai que me enviou.” (João 14.18-24)

Jesus amava seus discípulos e eles O amavam

em genuína amizade.

A presença dele entre eles era toda a alegria de

suas vidas.

Então, assim como quando amigos de verdade

se separam por um período em razão de um afastamento que lhes é imposto, sempre há a

preocupação de que continuem se comunicando, dando notícias um ao outro de

como têm passado.

Por isso, apesar da promessa de lhes enviar

outro Consolador, Jesus lhes prometeu que Ele voltaria a ter com eles, e começa a lhes mostrar

agora qual seria o tipo de relacionamento que teriam com Ele.

Não seria mais um relacionamento segundo a carne, mas segundo o espírito.

Isto é, Ele permaneceria invisível a eles, mas seria a pessoa mais real na existência deles,

porque se lhes manifestaria permanentemente, e por seu turno, se ocupariam em todo o tempo

com a sua presença e vontade em seus pensamentos.

Eles tinham a sua Palavra, os seus mandamentos para guardarem e pregarem e

ensinarem ao mundo.

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O Senhor continuaria operando entre eles, só que dali por diante em espírito, e não mais

estando presente num corpo de carne e osso como o deles.

Por isso o apóstolo Paulo diz o que lemos em II Cor 5.16.

“Assim que daqui por diante a ninguém

conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a

carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo.” (II Cor 5.16).

Pedro fala do que Cristo que não vemos, mas que

nós amamos:

“Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com

gozo inefável e glorioso;” (I Pe 1.8).

Ele é invisível, mas é real. É pessoal. É amado. É companheiro. É amigo sempre presente, que se

manifesta a nós em espírito.

Assim, é também em espírito que devemos ter comunhão com Ele, com o Pai, com o Espírito Santo, e uns com os outros.

Este conhecimento espiritual é invisível, mas é

mais fundamentado, estruturado, duradouro do que o conhecimento do que se vê com os olhos,

porque além da ilusão de ótica, há a ilusão de julgamento.

Mas o conhecimento que é pelo Espírito e no

espírito, é verdadeiro e permanente, e não há nele, nenhum engano.

Daí, o motivo de Deus, sendo a verdade e

verdadeiro, relacionar-se sempre conosco em

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espírito, e por isso se diz que Ele busca adoradores que o adorem em espírito e em

verdade.

Para ser em verdade deve ser em espírito.

Para ser em espírito, deve ser em verdade, porque o Espírito Santo é Espírito de verdade, e

não opera e jamais operará mediante o que é falso ou que não se conforme à verdade revelada

por Deus.

Ele nunca colocará a sua chancela divina no que

for falso, mas somente no que for verdadeiro.

Por isso se exige um coração, reto, puro, sincero, verdadeiro, na adoração a Deus, porque Ele rejeitará todo espírito que não apresentar

tais atributos, porque Deus é perfeitamente santo e justo, e não pode compactuar com a falta

de retidão.

Não é nada surpreendente que Jesus tenha dito que os que têm corações puros são bem-

aventurados, porque é por esta condição de pureza de coração que poderão ver a Deus.

Nenhum cristão é órfão porque tem ao próprio Deus por Pai (v. 18) e Jesus tem feito a promessa

de manter esta paternidade por causa da obra que fez em nosso favor de maneira que

pudéssemos ser adotados como filhos de Deus para sempre.

E, se ser órfão é perder a paternidade para sempre, ficando sem pai no mundo, no caso do

cristão, Jesus garantiu que isto jamais ocorreria, porque por meio dele, Deus será para sempre o

nosso Pai.

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É por isso que ainda que um cristão possa estar triste por um breve tempo, contristado pelas

tribulações que forem necessárias ao seu aperfeiçoamento, no entanto ele nunca está

sem conforto, porque nunca estará órfão, porque tem a Deus por Pai perpetuamente.

O próprio Jesus seria retirado dos discípulos em

seu ministério terreno, por causa da sua breve ausência entre o período da sua morte e

ressurreição, mas depois disto, estaria para sempre com eles e com todos os que viessem a

crer depois deles até a consumação dos séculos.

Isto significa, que jamais seremos desamparados por Ele em nossa jornada

terrena. Ele prometeu estar sempre ao nosso lado assistindo-nos em nossas aflições neste

mundo.

O modo de garantirmos sua presença conosco, do Pai e do Espírito Santo, é guardando a sua

Palavra, conforme Ele declarou aos discípulos nesta seção do capítulo que estamos

comentando (v. 21 a 23).

Esta é também a única maneira segura de

garantirmos a manifestação da sua presença em nós e entre nós, a saber, guardando os seus

mandamentos.

Aqueles cristãos que não honram a Palavra do Senhor e que não se esforçam em diligência

para conhecê-la e cumpri-la, não deveriam ficar surpreendidos com o fato de o Senhor deles se

manifestar em suas vidas, não em confortos e

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consolações, mas em correções disciplinadoras da desobediência deles.

Como podem aqueles que conhecem a Cristo

agirem como aqueles que não O conhecem e não O Amam?

Qual foi a característica destacada por Jesus

quanto àqueles que não O conhecem e que não O amam? Não é exatamente por não guardarem

a sua Palavra? (v.24)

Como ousariam os verdadeiros cristãos

desprezarem a Palavra do Senhor, sabendo o quanto Ele a preza, e o quanto ela é fundamental

para a santificação deles? (João 17.17).

A Paz Eterna - João 14

“25 Tenho-vos dito isto, estando convosco.

26 Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará

todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.

27 Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-

la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João 14.25-27)

Os discípulos seriam confrontados pelo vento forte da tribulação ao verem não muito depois

de estarem ouvindo este discurso de Jesus, o Mestre deles sendo duramente escarnecido e

maltratado pelos homens até a morte de cruz, então, com o intuito de fortalecê-los para aquela

hora, Jesus prosseguiu lhes confortando com

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estas palavras, e aqui Ele destaca o fato de que o Espírito Santo que lhes seria enviado pelo Pai,

em seu nome, lhes ensinaria todas as coisas e lhes faria recordar tudo quanto havia dito.

Além disso, lhes deixou como promessa o recebimento da sua paz em meio a todas as

aflições que sofreriam neste mundo, e por isso não deveriam ficar com seus corações turbados,

nem atemorizados.

O legado que Jesus deixou para os seus

discípulos quando saísse deste mundo não seria ouro e prata, mas a sua paz.

Sobretudo a paz da reconciliação com Deus que alcançamos por meio da justificação que é pela

fé no nome de Jesus (Rom 5.1).

Mas daí também decorre uma tranquilidade de

mente pela certeza da nossa justificação diante de Deus. Foi Jesus que adquiriu esta paz para nós.

Assim, o próprio Jesus se tornou da parte de

Deus para nós a nossa paz (Ef 2.14). Aqui Ele justificou o título que lhe foi dado pelo profeta

Isaías de Príncipe da Paz (Is 9.6).

Esta paz de Cristo é um legado que somente

podem receber aqueles que são filhos da paz, porque demanda a reconciliação do pecador

com Deus, de maneira a ser livrado da sua ira que repousa sobre todo aquele que não foi

justificado do pecado.

É possível que até aquele momento, os

discípulos não estivessem devidamente seguros da profundidade da bênção que seria

conquistada por Cristo para eles com a sua

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morte que ocorreria não muito depois de ter lhes falado tais coisas.

Para lhes ajudar no entendimento desta preciosa bênção da paz espiritual e eterna, pelo

livramento absoluto do juízo de condenação divino, Jesus disse que esta paz que estava dando

como legado não era como a paz do mundo, que significa ausência de problemas e tribulações.

Há uma falsa paz passageira que até mesmo o dinheiro pode comprar. Mas uma vez que a

pessoa sair deste mundo, se não tiver a Cristo como seu Salvador, terá que enfrentar a ira de

Deus no Juízo.

Deste modo, o coração do cristão não deve ficar

turbado nem atemorizado por qualquer mal que lhe possa ameaçar, porque todo cristão

verdadeiro já foi livrado do poder do mal por Cristo, bem como da condenação eterna, por

causa dos seus pecados.

O Caráter da Submissão Cristã - João 14

“28 Ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para

vós. Se me amásseis, certamente exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai

é maior do que eu.

29 Eu vo-lo disse agora antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis.

30 Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o príncipe deste mundo, e nada tem

em mim;

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31 Mas é para que o mundo saiba que eu amo o Pai, e que faço como o Pai me mandou. Levantai-

vos, vamo-nos daqui.” (João 14.28-31)

Jesus iria para o Pai. Ele retomaria a glória que tinha com Ele desde antes da fundação do

mundo.

Os discípulos deveriam exultar com isto em vez de se entristecerem, sobretudo porque Jesus

lhes prometeu que voltaria a estar com eles novamente, como vimos antes, em espírito.

É certo que Ele esteve com eles pelo espaço de

quarenta dias depois da sua ressurreição, mas lhes aparecia ocasionalmente, e certamente a

referência de que voltaria a estar com os discípulos aponta para a sua manifestação

espiritual àqueles que obedecem aos seus mandamentos.

Jesus estava lhes passando todas estas

informações antecipadamente para que pudessem reforçar a sua fé nele.

Afinal tudo o que havia predito quanto à forma como sairia deste mundo de fato aconteceu, tal

como havia falado aos seus discípulos.

O propósito disto, como afirmou, não foi somente para consolá-los na tristeza, mas para

confirmá-los na fé.

Ao afirmar no final do verso 28 que o motivo da alegria dos discípulos com a sua ida para o Pai

consistia no fato de ser o Pai maior do que Ele, significa que apesar da sua própria divindade

em semelhança em essência em tudo com o Pai,

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na Trindade, tanto o Filho quanto o Espírito Santo são submissos voluntariamente à vontade

do Pai.

Jesus declarou várias vezes que todo o seu

prazer era fazer a vontade do Pai.

Há na própria Trindade um belo exemplo da

submissão que é exigida dos cristãos.

O princípio do verdadeiro amor é submissão.

Onde há o desejo de prevalecer sobre o outro já

não pode mais existir o amor.

A natureza do amor mesma chama por esta

submissão implícita, este desejo de ouvir, atender e servir ao outro.

Nisto Jesus nos deixou um exemplo perfeito do caráter desta obediência em amor.

Estamos muito acostumados a ver submissão

pelo modelo autoritário que há no mundo, mas a submissão em amor nada tem a ver com isto, e

a este respeito Jesus havia alertado os discípulos que aquele que quisesse ser o maior entre eles, deveria ser o servo de todos.

A grandeza do reino dos céus está em se fazer

pequeno diante de seus próprios olhos, perante aqueles que devemos nos colocar numa posição

de serviço.

O argumento de Jesus aos discípulos, de que

deveriam exultar com o fato de estar indo para o Pai, que era maior do que Ele, baseava-se na

afirmação de que havia uma relação verdadeiramente filial de amor familiar entre

Ele e o Pai.

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A sua ida para o Pai nesta condição tinha a ver com os próprios interesses dos discípulos, pela

condição de serem também participantes da família de Deus.

Note as palavras de Jesus no verso 31:

“Mas é para que o mundo saiba que eu amo o Pai, e que faço como o Pai me mandou”.

Tamanha era a submissão de Jesus ao Pai, que

foi revelado ao profeta Isaías que Ele se deleitaria no temor do Pai:

“E deleitar-se-á no temor do Senhor; e não

julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus

ouvidos.” (Is 11.3).

É de tal ordem o prazer que o Pai sente em relação ao Filho por causa desta perfeita

submissão em amor, que nós o vimos declarando isto toda vez que se referia a Ele,

como por exemplo quando foi batizado por João Batista:

“E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Mt 3.17)

Em outra ocasião, quando se dirigiu aos

apóstolos quando estavam com Jesus no monte da transfiguração:

“E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua

sombra, e saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu filho amado; a ele ouvi.” (Mc 9.7).

No verso 30, Jesus fez uma parada abrupta no

seu discurso dizendo que já não falaria muito com os discípulos porque o príncipe deste

mundo estava se aproximando, não para que ele

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tivesse a precedência em ser ouvido, ao contrário, porque ele não tinha nenhuma parte

a ver com ele.

Aquela era a hora que foi concedida ao diabo

para atuar não somente inspirando Judas a trair a Jesus, como fazendo todo o levante de

injustiças que culminariam com a sua morte na cruz.

O Espírito Santo, conforme Jesus havia prometido, conduziria os discípulos a toda a

verdade e lhes lembraria tudo o que Ele lhes havia falado, razão porque não seria necessário

tentar esgotar tudo o que eles precisavam ainda aprender sobre o seu reino espiritual, e que

melhor aprenderiam quando o Espírito fosse derramado no Pentecostes, passando a agir

como um professor dentro deles.

A urgência daquela hora demandava a tomada de providências para que tudo acontecesse

conforme havia sido planejado pelo Pai. Jesus estava agindo estritamente debaixo deste

planejamento e das ordens que recebia diretamente do Alto. Bem fariam especialmente

todos os seus ministros de não darem um só passo que não tenha sido determinado por Ele,

seguindo o próprio exemplo que Ele nos deixou em seu ministério terreno.

Jesus provou o seu amor pelo Pai fazendo somente aquilo que Ele lhe ordenava, e nós,

pecadores, não raras vezes agimos presunçosamente, pensando que nos é dada a

liberdade em nosso ministério de traçarmos os

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planos gerais de ação de tudo o que pretendemos fazer por nossa própria

deliberação e conta.

Quão distantes ficamos do exemplo que Cristo

nos deu quanto ao modo correto de se servir a Deus.

Todo ministério, toda obra que seja verdadeiramente de Deus, já está traçada por

Ele, e a nós cabe tão somente fazer tudo de acordo com o que Ele tem determinado para

nós.

Paulo aprendeu esta lição de andar segundo o

passo de Deus nas experiências que ele teve em seu apostolado, como por exemplo quando

intentou evangelizar a Bitínia, mas foi impedido de fazê-lo pelo Espírito Santo (At 16.7,8), e

quando tentou evangelizar Jerusalém no início da sua conversão e foi repreendido por Jesus,

porque não era ali a área que Deus havia demarcado para ele para realizar o seu

ministério (At 22.18).

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João 15

A União Vital com Cristo

“1 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.

2 Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e

limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.

3 Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho

falado.

4 Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na

videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.

5 Eu sou a videira, vós as varas; quem está em

mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.

6 Se alguém não estiver em mim, será lançado

fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.

7 Se vós estiverdes em mim, e as minhas

palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.

8 Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito

fruto; e assim sereis meus discípulos.” (João 15.1-8)

Nosso Senhor discursa relativamente ao fruto que os seus discípulos deveriam produzir,

usando a ilustração de uma videira.

Jesus Cristo é a videira, a verdadeira videira.

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A igreja que é o corpo de Cristo é uma videira. Cristo é a videira plantada no vinhedo, e não

uma planta que nasce espontaneamente da terra; ao contrário, Ele foi plantado na terra,

porque o Verbo se fez carne.

A videira é uma planta que é cultivada por

propagação, e por isso Cristo será conhecido como salvação até aos confins da terra.

O fruto da videira honra a Deus e dá alegria aos

homens, assim o fruto da mediação de Cristo é melhor que o ouro (Prov 8.19).

Ele é a verdadeira videira, porque o oposto à

verdade é a falsificação; e é somente nele que podemos achar o fruto da verdade.

A fonte de vida, designada como videira, que é

Cristo, produz a verdade que salva, e somente nele podemos encontrar esta salvação

verdadeira, pelo conhecimento da verdade que está nele.

Os cristãos são os ramos desta videira da qual

Cristo é a raiz.

A raiz é visível, e nossa vida está escondida com

Cristo; a raiz desta árvore de vida eterna (Rom 9.18), que difunde seiva a todos os ramos da

videira e que os tornam férteis e frutíferos.

Todos os ramos, embora muitos se encontrem todos eles ligados à raiz. Assim Cristo é o centro

da unidade de todos os cristãos.

O Pai é o agricultor.

Embora a terra seja do Senhor, ela não produziria nenhum fruto a menos que Deus a

trabalhe.

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É Deus quem cuida de todos os ramos da videira.

Ele os limpa por poda, e provê todos os meios necessários para que sejam frutíferos (I Cor 3.9;

Is 5.1,2; 27.2,3).

Por isso devemos ser frutíferos, porque os ramos estéreis (v 2) são lançados fora.

Há muitos que passam por ramos em Cristo, contudo não dão frutos; porque estão ligados a

Ele apenas por uma profissão externa, e embora eles pareçam ser ramos, eles logo secarão

porque a seiva da videira não penetra no coração deles.

Estes ramos não honram a Deus porque

não podem dar fruto, ao contrário trazem desonra ao seu nome.

Por isso serão cortados como Judas.

Mas Deus limpará os ramos frutíferos pela poda para que produzam ainda mais fruto.

Note que a fertilidade adicional é a recompensa

abençoada de uma vida fértil.

A quem tem mais se dará.

O que for fiel no pouco, sobre o muito será

colocado.

A primeira bênção era ser frutífero; e ainda será

uma bênção ainda maior, porque está determinada uma fertilidade ainda maior para

os que estão dando frutos, e para tanto será necessário que sejam podados, por se lançar fora aquilo que for supérfluo neles e

que esteja atrapalhando a sua frutificação.

Pela poda serão renovados, de maneira a terem

maior vigor e força para a frutificação.

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Assim, na época apropriada o Pai tirará pela mortificação do Espírito e pela Palavra, tudo

aquilo que necessita ser limpo na vida destes cristãos frutíferos.

O Pai fará este trabalho como agricultor para a sua própria glória.

Os benefícios que os cristãos têm através da

doutrina de Cristo, o poder pelo qual eles serão trabalhados para terem um bom testemunho

numa vida frutífera será a própria Palavra de Cristo, que os limpou (v. 3).

A Palavra de Cristo é uma palavra distintiva que

separa o precioso do vil, e foi por esta Palavra que Judas ficou separado dos demais apóstolos,

porque não se firmou nela.

É por esta Palavra que os cristãos são santificados (João 17.17). Esta Palavra é

quem purifica os nossos corações (At 15.9).

É pela Palavra que o Espírito refina os cristãos de

toda escória do mundo e da carne, e remove deles todo fermento dos escribas e fariseus.

Quando a Palavra de Cristo habita ricamente no

coração do cristão ele fica santificado por esta Palavra.

Seus pensamentos são direcionados para Deus,

seus objetivos de vida são centrados em Cristo, a carnalidade e todo comportamento mundano

são despojados, e o lugar deles é ocupado pelo revestimento das virtudes de Cristo, em

pensamentos espirituais, celestiais e divinos.

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O Espírito Santo se move num coração que está assim tomado pelo amor de Deus, e por

sentimentos puros e elevados.

O contrário disto produz uma porta aberta para as operações do Inimigo, porque ele acha um

repouso seguro num coração impuro que seja dominado pelo ódio, pela inveja, ciúme,

sensualidade e toda forma de obra da carne.

Nós comprovamos que somos limpos pela

Palavra, quando nós produzirmos fruto de santidade.

Nisto nosso Pai será glorificado.

Para sermos frutíferos nós temos que

permanecer em Cristo.

Isto é um dever ordenado por Ele(v. 4).

Devemos permanecer (estar) em Cristo, em comunhão espiritual, para que Ele permaneça

(esteja) em nós.

Veja que esta palavra foi dirigida aos que já eram

cristãos.

Exige-se constância nesta permanência no Senhor para a frutificação.

Aqueles que são de Cristo têm que permanecer nele. Ele nos convoca a estarmos nele por fé, e

Ele estará em nós pelo Espírito.

Ele promete que da parte dele nunca falhará

nesta união, pois tem dito que permanecerá em nós caso permaneçamos nele.

Esta permanência será real na medida que tiver a evidência de estarmos cumprindo os

mandamentos de Cristo, permanecendo na

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sua Palavra que será luz para os nossos pés em nossa caminhada neste mundo.

O ramo não pode ter vida separado da videira; de

igual modo a vida espiritual que está em Cristo só pode ser experimentada se estivermos

unidos a Ele permanentemente.

A necessidade de estar em Cristo tem a ver com a nossa fertilidade (v. 4, 5). Ele diz que sem Ele nada podemos fazer, mas se estivermos nele e

suas Palavras em nós, daremos muito fruto.

Aquele que é constante no exercício da fé e amor a Cristo, aquele que vive nas suas

promessas e é dirigido pelo seu Espírito, dará muito fruto, e será muito útil à glória de Deus.

Há consequências fatais em abandonar a Cristo

(v. 6):

"Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam

no fogo, e ardem."

Aqueles que pensam erroneamente que não têm nenhuma necessidade de Cristo serão por

fim também rejeitados por Ele.

Mas há um privilégio abençoado para aqueles que frutificam em Cristo (v. 7):

"Se vós estiverdes em mim, e as minhas

palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito."

Como nossa união com Cristo é mantida pela

Palavra, onde estiver a Palavra de Cristo ali Ele habitará.

Como nossa comunhão com Cristo é mantida

através da oração: Você pedirá o que quiser e lhe

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será feito. Não há risco de pedirmos o que não seja segundo a vontade de Deus quando se está

numa comunhão real e verdadeira com o Senhor porque tudo o que sair da nossa boca

estará debaixo da instrução e direção do Espírito Santo, que na verdade é quem intercede por

nós, pois não há verdadeira oração que não seja no poder do Espírito (Ef 6.18).

Se o Senhor é o nosso deleite, a nossa alegria, o

nosso agrado, todo desejo carnal dará lugar a desejos santos e aprovados por Deus.

Se nós estivermos em Cristo, numa verdadeira e

íntima comunhão com Ele, guardando a sua Palavra, nada lhe pediremos, que seja fruto de

desejos interesseiros, egoístas, carnais, senão o que é bom para edificação.

Buscaremos como Ele nos tem ordenado o

reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais nos será acrescentado. Estas coisas acrescentadas

não precisam ser buscadas porque Ele tem prometido que as acrescentará se buscarmos

diligentemente os interesses de Deus e do seu reino.

Amados e Amigos - João 15

“9 Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor.

10 Se guardardes os meus mandamentos,

permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de

meu Pai, e permaneço no seu amor.

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11 Tenho-vos dito isto, para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja

completa.

12 O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.

13 Ninguém tem maior amor do que este, de dar

alguém a sua vida pelos seus amigos.

14 Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.

15 Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos

chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.

16 Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos

escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que

tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.

17 Isto vos mando: Que vos ameis uns aos

outros.” (João 15.9-17)

O Senhor revelou aos apóstolos, com estas palavras, qual é a maneira de permanecer no

amor de Deus.

Ele mostrou que isto é possível somente quando se faz a vontade de Deus, por se honrar e guardar

seus mandamentos.

Muitos têm falhado na comunhão que deveriam ter com Deus e com seus irmãos, porque não

consagram suas vidas ao Senhor, e assim não são despertados pelo Espírito Santo, para que

possam conhecer ao Senhor e à sua vontade.

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Por isso é que se nos ordena que cresçamos na graça e no conhecimento de Jesus (II Pe 3.18),

porque esta é a única maneira de sermos tomados de toda a plenitude do amor divino.

Sem esta capacitação espiritual que é recebida

do Espírito Santo, quando nos consagramos nas mãos de Deus, para fazer a sua vontade, é

impossível viver e permanecer no Senhor e no seu amor.

Assim, Ele foi muito claro em nos dizer que é

necessário guardar os mandamentos de Deus para que se possa experimentar o seu amor;

porque o Senhor não manifestará a beleza da sua intimidade e santidade àqueles que não Lhe

honrarem, ainda que tenham nascido de novo do Espírito.

Jesus havia dado seu próprio exemplo aos apóstolos, em plena submissão à vontade do Pai,

e era esta a razão dele ser amado pelo Pai e de sempre exultar e se alegrar em espírito em seu

relacionamento com Ele.

É somente quando se vive neste amor e alegria espiritual, que somos capacitados pelo Espírito a

darmos frutos espirituais para Deus, de maneira que Ele seja glorificado através das nossas vidas.

O caráter deste amor divino é de amizade paternal, dele em relação a nós, e amizade fraternal, de nós em relação a nossos irmãos, e

de amizade filial, de nós em relação a Deus.

Jesus demonstrou até que ponto esta amizade

espiritual pode nos levar, a saber, a dar a nossa

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vida pelos irmãos, assim como Ele entregou a sua vida por nós.

Ele não deu sua vida por nós somente na cruz,

mas no serviço amoroso e cuidadoso que tem por cada um dos seus discípulos e que é

demonstrado em manifestações reais das operações das suas graças e bênçãos em nossas

vidas.

O Senhor não nos trata como escravos, mas como amigos.

Ele nos revelou toda a verdade que está no seio

do Pai.

Ele não age de maneira reservada com nenhum daqueles que guardam os seus mandamentos.

Ao contrário, faz com que privem da sua

intimidade.

É pela nossa obediência ao Senhor que provamos a nossa amizade a Ele.

Na verdade é impossível estar em relação de

amizade com Ele sem esta obediência que Lhe é devida em tudo.

Mal Rejeita o Bem - João 15

“18 Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do

que a vós, me odiou a mim.

19 Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo,

antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.

20 Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o

servo maior do que o seu Senhor. Se a mim me

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perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão

a vossa.

21 Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me

enviou.

22 Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não

teriam pecado, mas agora não têm desculpa do seu pecado.

23 Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai.

24 Se eu entre eles não fizesse tais obras, quais nenhum outro tem feito, não teriam pecado;

mas agora, viram-nas e me odiaram a mim e a meu Pai.

25 Mas é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem causa.” (João

15.18-25)

Jesus alertou seus discípulos, que não deveriam se iludir esperando ser amados por aqueles que não amam a Deus e os seus mandamentos.

Ao contrário, eles seriam odiados.

Mas aqueles que guardassem seus

mandamentos viveriam no seu amor.

Assim, eles deveriam estar preparados em seu

espírito, para sofrerem perseguições no mundo, assim como haviam Lhe perseguido antes deles.

O motivo desta perseguição seria exatamente a semelhança com Ele, por causa da pregação fiel

da Palavra, que afirma a necessidade de

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arrependimento do pecado e fê nele para a salvação.

A arrogância, o orgulho, a prepotência

farisaicos, não somente recusam reconhecer esta verdade, como também, em muitos casos

se opõem a ela, na vã tentativa de fazer calar a Palavra de Deus, a qual nunca foi, e jamais

poderá ser detida, por qualquer poder, seja deste mundo, ou das potestades espirituais da

maldade.

Satanás sempre se levantará em oposição a uma obra verdadeira de Deus, porque não lhe agrada

nem um pouco perder pessoas, pela libertação de Cristo.

O Espírito Santo É Invencível João 15

“26 Mas, quando vier o Consolador, que eu da

parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de

mim.

27 E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio.”. (João 15.26,27)

Os discípulos não deveriam ficar intimidados pelo ódio que receberiam do mundo, porque o

Espírito Santo seria enviado para fortalecê-los e dar testemunho através deles.

Não seriam propriamente eles que pregariam,

mas o Espírito que falaria por eles.

O Espírito capacitaria os discípulos a cumprirem

a missão de darem testemunho de Cristo; e por

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isso deveriam aguardar na cidade orando, diariamente, até que fossem revestidos do

poder do Espírito, o qual desceu sobre eles no dia de Pentecostes; e somente a partir de então

saíram pregando o evangelho por toda a parte, começando de Jerusalém.

Assim é o Espírito Santo que manterá a causa de Cristo no mundo, apesar de toda oposição que possa ser feita ao evangelho.

A promessa do Senhor Jesus tem sido literalmente cumprida nestes dois mil anos de

história da Igreja, porque o Espírito Santo tem sustentando o testemunho do evangelho em

todo o mundo, a par de todas as perseguições e oposições que os cristãos têm sofrido, inclusive

até o ponto de muitos deles terem sido, e ainda estarem sendo martirizados.

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João 16

Jesus Animando e Encorajando os Discípulos – Parte 1

“1 Tenho vos dito estas coisas para que vos não

escandalizeis.

2 Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará

fazer um serviço a Deus.

3 E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim.

4 Mas tenho-vos dito isto, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que já vo-lo

tinha dito. E eu não vos disse isto desde o princípio, porque estava convosco.

5 E agora vou para aquele que me enviou; e

nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?

6 Antes, porque isto vos tenho dito, o vosso coração se encheu de tristeza.

7 Todavia digo-vos a verdade, que vos convém

que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo

enviarei.

8 E, quando ele vier, convencerá o mundo do

pecado, e da justiça e do juízo.

9 Do pecado, porque não creem em mim;

10 Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;

11 E do juízo, porque já o príncipe deste mundo

está julgado.

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12 Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.

13 Mas, quando vier aquele, o Espírito de

verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o

que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.

14 Ele me glorificará, porque há de receber do

que é meu, e vo-lo há de anunciar.

15 Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos

disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.” (João 16.1-15)

Antes de fazer a oração intercessória do

capítulo seguinte (cap 17), depois da qual se dirigiu para o jardim do Getsemâni, Jesus fez

estas advertências finais aos discípulos, para que entendessem que as perseguições contra o

evangelho não cessariam, ao contrário, elas se intensificariam muito, e eles deveriam ser

pacientes e perseverantes debaixo das aflições que sofreriam.

A história dos mártires, especialmente da Igreja

Primitiva, nos primeiros trezentos anos da história da Igreja bem comprova a exatidão

desta profecia de Jesus.

Muitos cristãos foram mortos pelos judeus,

especialmente nos primeiros anos de existência da Igreja, e eles pensavam que estavam de fato

fazendo um serviço para Deus, uma vez que consideravam o cristianismo como sendo uma

perigosa heresia que visava destruir o judaísmo.

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O Senhor alertou os discípulos; e o alerta que lhes foi dirigido se aplica aos cristãos de todas as

épocas, para que não fiquem escandalizados com o fato de receberem por vezes o mal, como

paga de todo o bem que fizerem às pessoas.

Apesar de o evangelho ter sido pregado no princípio nas sinagogas espalhadas por todo o

mundo conhecido de então, assim que era detectado pelos judeus que era o nome de Jesus

que estava sendo pregado; eles se levantavam em dura oposição e perseguição aos cristãos, a

ponto de o apóstolo Paulo ter decidido pregar somente aos gentios, em face das duras

perseguições que estava sofrendo da parte dos judeus.

Assim, todos os judeus que se convertiam ao

cristianismo eram expulsos das sinagogas, e isto foi mais agravado na região da Judeia,

especialmente em Jerusalém, por causa da influência dos sacerdotes, fariseus e escribas

que se concentravam naquela região.

Jesus havia alertado os discípulos quanto a tudo isto, para que, quando acontecesse, eles não

desistissem de pregar o evangelho em razão das perseguições que eles sofreriam (v. 4).

Os discípulos de Jesus não devem ficar ofendidos com a cruz.

A ofensa da cruz é uma tentação perigosa até

mesmo para cristãos espirituais, porque poderão ser tentados a recuar na fé ou na obra

de evangelização quando perceberem as fortes

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oposições que recebem da parte do mundo espiritual, capitaneadas pelo diabo.

Tempos de sofrimento são tempos de tentação.

O sofrimento é uma constante na vida daqueles

que estão empenhados numa obra que seja verdadeiramente de Deus.

“Não temas o que hás de padecer. Eis que o

Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação

de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” (Apo 2.10).

O Senhor percebeu que em vez de ficarem

estimulados, os discípulos se encheram de tristeza ao ouvirem as suas palavras,

especialmente o fato de lhes ter dito que se retiraria deles para ir para junto do Pai.

Em vez de tristeza, isto deveria ser um motivo de grande alegria, porque se Ele não fosse para o Pai, o Espírito Santo não poderia ser derramado.

Se o Espírito não fosse derramado eles não teriam o poder espiritual necessário para

cumprirem o ministério que havia sido designado a eles por Deus.

Eles deveriam ver o céu azul do outro lado da

nuvem escura que sempre os acompanharia.

Jesus disse que iria voltar para o seio do Pai, e eles não manifestaram interesse em perguntar-

lhe o motivo desta ida, e as coisas maravilhosas que diziam respeito a eles e que lhes seriam

concedidas com a sua partida para ser glorificado no céu, sendo a principal delas, o

envio do Espírito Santo para ser um Consolador,

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amoroso, paciente e persistente em ajudá-los em suas fraquezas, bem como no

aperfeiçoamento espiritual para estarem também habilitados para habitarem no mesmo

céu para o qual Jesus estaria indo, depois de morrer na cruz e ressuscitar.

Seria o Espírito Santo, e não propriamente eles quem convenceria o mundo do pecado, da justiça e do juízo.

O convencimento do pecado não consiste tanto na convicção das pessoas quanto às coisas

erradas que elas pensam, falam e praticam, mas que o pecado prevalece onde não há a fé

justificadora de Jesus.

A condição de incredulidade, de não se crer no

Senhor para a salvação, é o problema básico do pecado, porque Deus está se revelando na

dispensação do Espírito Santo, que é a da graça, longânimo para com todos os pecadores,

estando disposto a perdoar-lhes todas as suas iniquidades e transgressões (Jer 31.31-35), tão

somente por se unirem a Cristo pela fé.

A vida do próprio Cristo os purificará e

santificará completamente, de maneira que sejam achados na glória, santos, perfeitos e

inculpáveis.

O Espírito não somente convence o mundo

revelando aos homens que eles são pecadores, como também convence o mundo de que Cristo

é justo, e que somente Ele pode ser a nossa justiça diante de Deus, o que se comprova no

fato dele ter voltado para o seio do Pai em glória.

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É o Espírito que nos dá este testemunho da justiça que há em Cristo; justiça esta que Ele

tornou disponível para nós justificando-nos dos nossos pecados, quando nos arrependemos e

cremos nele.

A presença do Espírito no mundo tem desfeito

as obras do diabo, por causa da sentença de despojamento que Ele recebeu da parte de Deus

quando Cristo morreu na cruz.

As muitas coisas que Jesus tinha a dizer aos

discípulos, especialmente aquelas relativas às particularidades deste trabalho do Espírito de

convencimento do pecado, da justiça e do juízo, foram deixadas por Ele para serem ensinadas

pelo próprio Espírito aos discípulos; porque, afinal o Espírito não falaria de si mesmo, e nem traria uma nova doutrina, senão para dar

seguimento à missão de Cristo através dos cristãos.

Jesus Animando e Encorajando os Discípulos – Parte 2 - João 16

“16 Um pouco, e não me vereis; e outra vez um

pouco, e ver-me-eis; porquanto vou para o Pai.

17 Então alguns dos seus discípulos disseram

uns aos outros: Que é isto que nos diz? Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e

ver-me-eis; e: Porquanto vou para o Pai?

18 Diziam, pois: Que quer dizer isto: Um pouco?

Não sabemos o que diz.

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19 Conheceu, pois, Jesus que o queriam interrogar, e disse-lhes: Indagais entre vós

acerca disto que disse: Um pouco, e não me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-eis?

20 Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se

alegrará, e vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria.

21 A mulher, quando está para dar à luz, sente

tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se

lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo.

22 Assim também vós agora, na verdade, tendes

tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém

vo-la tirará.

23 E naquele dia nada me perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto

pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar.

24 Até agora nada pedistes em meu nome; pedi,

e recebereis, para que a vossa alegria se cumpra.

25 Disse-vos isto por parábolas; chega, porém, a

hora em que não vos falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei acerca do Pai.

26 Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos

digo que eu rogarei por vós ao Pai;

27 Pois o mesmo Pai vos ama, visto como vós me amastes, e crestes que saí de Deus.

28 Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o

mundo, e vou para o Pai.

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29 Disseram-lhe os seus discípulos: Eis que agora falas abertamente, e não dizes parábola

alguma.

30 Agora conhecemos que sabes tudo, e não

precisas de que alguém te interrogue. Por isso cremos que saíste de Deus.

31 Respondeu-lhes Jesus: Credes agora?

32 Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que

vós sereis dispersos cada um para sua parte, e me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai

está comigo.

33 Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom

ânimo, eu venci o mundo.” (João 16.16-33)

O que Jesus estava sentindo naquela última ceia

com seus discípulos era como as dores de parto

de uma mulher que está prestes a trazer um filho ao mundo; que é uma hora de aflições,

tristezas e dores, mas que logo se transforma em grande alegria, uma vez tendo dado à luz um

novo ser.

De igual modo a grande aflição que Jesus estava

sentindo e que se intensificaria ainda mais até morrer na cruz, daria à luz uma nova

dispensação, na qual seriam gerados muitos filhos para Deus.

Assim tudo o que Ele lhes estava dizendo e que

estava gerando tristeza no coração deles não era motivo para ficarem desanimados, ao contrário,

em todas as suas aflições deveriam ter o bom

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ânimo da fé de que o fruto que é gerado por elas e através delas é um fruto precioso gerado pelo

próprio Deus.

Estes que nascem de novo, estes muitos filhos

espirituais de Deus já não morrem, e viverão eternamente com o Senhor deles, onde não

haverá mais luto, tristeza e dor.

Daí Jesus ter concluído este capítulo com as

palavras do verso 33:

“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais

paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (v. 33).

Eles seriam dispersos por um tempo, quando

Jesus estivesse padecendo diante dos sacerdotes no sinédrio, e de Pôncio Pilatos, e do

escárnio e do açoite dos seus soldados, na humilhação do carregar da cruz, e por fim na

crucificação, mas deviam entender que aquilo não significava uma derrota, mas uma vitória

sobre este mundo de aflições, de maneira que tivessem bom ânimo e se mantivessem em paz nele, em comunhão com os seus sofrimentos.

Sofrimentos estes que completariam também

nas suas próprias aflições por amor ao evangelho, mas como o seu Senhor deveriam

ter paz e bom ânimo em tudo o que teriam que passar neste mundo por causa do evangelho.

O fato de que não veriam mais o Senhor por um pouco de tempo, porque Ele seria arrebatado da

companhia deles por aqueles que o prenderiam, açoitariam e crucificariam, não significava que

não o veriam mais, porque o veriam de novo,

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porque ressuscitaria, e mesmo depois que subisse aos céus poderiam vê-Lo, não mais

segundo a carne, mas em espírito, através da presença do Espírito Santo.

O Senhor incentivou os discípulos a começarem a se exercitar em orações dirigidas ao Pai,

fazendo petições em seu nome, porque eles se alegrariam ao verem suas orações sendo

respondidas por Deus.

Até pouco antes de sair para o Getsemâni, Jesus

vinha falando muitas coisas aos discípulos por meio de parábolas, especialmente quanto à sua

procedência do céu, e do seu retorno para lá, uma vez que geralmente dizia simplesmente

que não sabiam para onde Ele iria, e que eles não poderiam segui-lo naquela hora, mas agora Ele

lhes fala claramente acerca do céu e do Pai (v. 27, 28).

Ele queria lhes mostrar que daquele momento em diante o Espírito Santo lhes ensinaria de

maneira direta tudo o que se referisse às coisas celestiais, espirituais e divinas, porque Ele teria

a honra de remover inteiramente o véu que permanecia sobre o mistério de Deus, que era o

próprio Cristo, véu este que vinha sendo mantido durante todo o período de vigência da

Antiga Aliança.

Então importava que muitas coisas fossem

ensinadas por Jesus por meio de parábolas, porque o véu seria inteiramente removido

somente a partir da inauguração da Nova

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Aliança, a qual entraria em vigência somente depois da sua morte na cruz.

Por isso Ele havia chamado o cálice de vinho nesta última ceia de Páscoa que celebrara com

os discípulos de cálice da Nova Aliança feita no seu sangue.

Ela seria selada com o sangue que Ele derramaria na cruz, assim como a Antiga Aliança foi selada com o sangue de animais, por

Moisés.

Foi pelo mesmo motivo que o véu do templo,

que separava o Lugar Santo, do Santo dos Santos, foi também rasgado de cima abaixo, para

indicar que o véu da Antiga Aliança, que impedia o conhecimento completo e direto da

verdade seria removido em Cristo, e este trabalho seria feito pelo Espírito que seria

derramado em todas as nações da terra.

Os apóstolos se alegraram de Jesus ter falado

com eles daquela maneira direta e clara, e por lhes ter dito que aquele seria o modo que Ele

trataria com eles dali por diante através do Espírito Santo.

Ele lhes encorajou a começarem a orar pedindo ao Pai em seu nome, de maneira que Eles

poderiam falar diretamente com o Pai, e não necessitavam mais pedir a Ele que rogasse, Ele

mesmo, por eles ao Pai, porque o caminho para a presença do Pai seria aberto por Ele na cruz, de

maneira que poderiam ser admitidos em espírito no Santo dos Santos celestial, pelo novo

e vivo caminho que seria aberto.

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João 17

A Oração Sacerdotal de Jesus – Parte 1

“1 Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao

céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique

a ti;

2 Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos

lhe deste.

3 E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a

quem enviaste.

4 Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer.

5 E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti

mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.” (João 16.1-5)

Todo este capítulo é uma oração.

A oração que Jesus fez quando estava prestes a

ser traído por Judas.

É dito no início do capítulo seguinte a este, que depois de Jesus ter feito esta oração. ele saiu

com os seus discípulos para o jardim do Getsemâni, no qual seria traído por Judas, que

conduziu guardas da parte dos principais sacerdotes e fariseus até o local onde Jesus se

encontrava.

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Com esta oração Jesus fechou a última ceia de páscoa que havia celebrado com seus

discípulos, porque João diz que depois de ter pronunciado estas palavras ele saiu para o outro

lado do ribeiro de Cedrom, onde ficava o Jardim do Getsemâni (Jo 18.1).

Jesus orou pelos discípulos e com eles.

Como esta foi a última oração que fizera por eles

pouco antes da sua crucificação, os pedidos do Senhor que estão nela contidos são

absolutamente essenciais.

Jesus pediu proteção ao Pai para os discípulos,

de maneira que fossem guardados de se desviarem da verdade.

Para isto seria necessário que fossem

santificados na verdade, de maneira que pudessem ser mantidos em unidade,

permanecendo na comunhão com Deus Pai, com o Filho, e uns com os outros.

O Senhor pediu também que fossem feitos perseverantes até à glória final, de maneira que

pudessem também participar da sua própria glória.

Todas estas coisas dependeriam da obra que seria feita a partir da cruz, com a ressurreição,

ascensão e glorificação de Jesus nos céus, porque importava que o seu trabalho de

redenção fosse aceito pelo Pai, de maneira que pudesse cumprir a promessa que fizera e que

estava associada à sua glorificação, a saber, o derramamento do Espírito Santo em todas as

nações.

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Assim, não somente o Pai glorificaria o Filho, com a glória que Ele tivera nos céus, antes

mesmo de ser formado o mundo, comprovando que o seu retorno aos céus foi em vitória e em

glória quanto à obra que lhe fora designada pelo Pai para consumar na terra; como também o Pai

seria glorificado pelo Filho, pela muita honra e glória que receberia da parte daqueles que começariam a ser salvos na terra, por causa da

obra realizada pelo Filho.

Esta obra que o Pai designou ao Filho é a de dar a vida eterna àqueles que se encontram mortos

espiritualmente, e que sem a luz de Cristo, que lhes dá a vida, seriam fatalmente condenados à

morte eterna.

Mas o Senhor disse que apesar de Lhe ter sido

dado poder sobre toda a carne, no entanto a vida eterna seria concedida apenas a todos aqueles

que lhes foram dados pelo Pai.

Nenhum deles virá a se perder eternamente, porque Jesus recebeu autoridade e poder do Pai

para que não perca a nenhum destes aos quais foi dado pelo Pai, crerem nele.

Nenhuma ovelha será perdida, e o Senhor veio buscar cada uma delas, porque a salvação ainda

que individual tem um propósito coletivo, e isto está demonstrado claramente no teor desta

oração que o Senhor fez no final da sua última ceia com os discípulos, porque ela não foi feita

para atender necessidades particulares e individuais, mas para a consolidação de um

corpo espiritual, do qual Jesus é a cabeça.

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Oração Sacerdotal de Jesus - Parte 2 - João 17

“6 Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e

guardaram a tua palavra.

7 Agora já têm conhecido que tudo quanto me

deste provém de ti;

8 Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e

eles as receberam, e têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me

enviaste.

9 Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas

por aqueles que me deste, porque são teus.

10 E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas

coisas são minhas; e nisso sou glorificado.” (João 17.6-10)

Jesus orou de maneira muito clara quando disse que não estava pedindo pela unidade do mundo

de pecado.

Caso o fizesse, o que é impossível, o mundo se

tornaria muito pior, pela união daqueles que buscam praticar o mal e não o bem.

Então, Ele orou para que fossem santificados em unidade espiritual, aqueles que servem à causa

do bem, aos que Lhe amam e observam com temor e reverência os mandamentos de Deus.

O Senhor Jesus afirmou em sua oração que tudo o que Ele possui é do Pai, assim como tudo o que

é do Pai é dele, e nisto está a sua glória.

Isto significa que ninguém pode ser de Deus Pai

se não for de Cristo.

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Aquele que rejeitar o Filho terá também rejeitado o Pai, porque não é possível pertencer

a um deles sem pertencer ao outro.

A Oração Sacerdotal de Jesus – Parte 3 - João 17

“11 E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo,

guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós.

12 Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu

me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se

cumprisse.

13 Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo,

para que tenham a minha alegria completa em si mesmos.

14 Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não

sou do mundo.

15 Não peço que os tires do mundo, mas que os

livres do mal.

16 Não são do mundo, como eu do mundo não sou.” (João 17.11-16)

Dos apóstolos de Jesus apenas Judas abandonou

a comunhão em unidade espiritual que havia entre os apóstolos.

Na verdade ele nunca havia chegado a participar da mesma, porque não era um filho da salvação,

um filho da promessa, mas um filho da perdição,

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um vaso para desonra, um vaso de ira, conforme as Escrituras do Velho Testamento haviam

predito acerca dele.

Quando orou para que o Pai guardasse os

discípulos para que fossem um, assim como Ele era com o Pai, e para que continuassem unidos

em espírito como haviam vivido com Ele durante seu ministério terreno, por causa das

suas intercessões em favor deles, e pela aplicação da Palavra da verdade em suas vidas,

Jesus não estava pedindo que fossem guardados de se perderem definitivamente tal como Judas,

porque isto seria impossível, mas para que não viessem a esfriar e a apostatar da fé, ainda que

temporariamente, porque seria por meio deles que as primeiras congregações cristãs seriam

fundadas; e importava que fossem achados firmes e crescendo na fé.

Quando o Senhor começou a fazer esta oração de João 17, Judas tinha acabado de sair para traí-

lo, e assim havia abandonado definitivamente a companhia do Senhor e dos demais apóstolos,

retornando para o seu próprio lugar, a saber, o mundo, porque ele nunca chegou a pertencer

ao reino de Deus.

O Novo Testamento chama de mundo, em

sentido negativo, a todo o sistema pecaminoso que se opõe à Deus e à sua vontade.

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A Oração Sacerdotal de Jesus - Parte 4 - João 17

“17 Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.

18 Assim como tu me enviaste ao mundo,

também eu os enviei ao mundo.

19 E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.”

A missão dos cristãos é a mesma de Cristo, na

verdade, é a continuidade da sua missão porque Ele continua operando através deles.

Para cumprir a mesma missão que Cristo havia

cumprido no mundo, necessitam de santificação, e por isto o Senhor intercedeu

neste sentido nos versos 17 e 19.

Sem santificação é absolutamente impossível ver uma obra de Deus entre nós que seja

consistente, regular e permanente.

Na condição de Sumo Sacerdote da nossa fé Cristo santificou a Si mesmo para oficiar no

tabernáculo celestial, assim como os sacerdotes de Israel deviam se consagrar a Deus antes de

serem admitidos no seu serviço.

O Pai chamou o Filho para ser Sumo Sacerdote para sempre segundo a ordem de

Melquisedeque, e Ele se consagrou completamente a este serviço, de maneira que

tudo o que fez e que tem feito foi por um completo e permanente compromisso com o

Pai e com os seus discípulos.

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A santificação dos cristãos está garantida porque há este compromisso da parte do Senhor

em realizar tal trabalho em nós para que possamos cumprir a missão que Ele nos

designou para levarmos a efeito neste mundo.

A Oração Sacerdotal de Jesus - Parte 5 - João 17

“20 E não rogo somente por estes, mas também

por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim;

21 Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és

em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me

enviaste.

22 E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.

23 Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo

conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim.” (João

17.20-23)

Jesus não orou somente pelos discípulos que se encontravam com Ele no momento da sua

oração, mas por todos os cristãos que viessem a se converter pelo testemunho daqueles

primeiros discípulos, especialmente pela pregação da palavra dos apóstolos, conforme a

encontramos no Novo Testamento, que não é propriamente a palavra deles, mas a palavra de

Deus.

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Mais uma vez o Senhor orou pela unidade dos cristãos, revelando o quanto ela é essencial para

o testemunho deles, de maneira que seja produzido o convencimento do Espírito no

mundo, quanto à unidade e amor espirituais que há entre os cristãos, e assim as pessoas possam

ser despertados e convertidos através deste testemunho daqueles que já estão em Cristo.

Se Cristo orou pela unidade dos cristãos desta forma, é nosso dever nos esforçar para

preservar esta unidade do Espírito no vínculo da paz.

É do Senhor que procede esta unidade, deste

modo só será encontrada nas congregações nas quais os cristãos estiverem andando no Espírito,

de maneira que toda a glória pela existência de tal unidade seja reconhecida como sendo do

Senhor (v. 22).

O caráter desta unidade é espiritual, porque é o

mesmo tipo de unidade que há na trindade divina.

O Pai e o Filho são de um mesmo sentir e pensar,

e assim devem ser também os cristãos em suas congregações.

Deste modo isto somente será possível se eles andarem no Espírito e não segundo a carne.

Por isso o Senhor não orou por uma unidade

social, parcial, acadêmica, ou seja, de qual natureza for, senão unidade de fé, amor e

espiritual realizada pelo Espírito.

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Uma unidade perfeita, isto é amadurecida, que revele especialmente ao mundo o amor que há

entre Deus e os cristãos (v. 23).

É desta forma que o mundo é convencido que Cristo está entronizado no meio do seu povo, e

que de fato veio a este mundo para resgatar um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.

A Oração Sacerdotal de Jesus - Parte 6 - João 17

“24 Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para

que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo.

25 Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim.

26 E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me

tens amado esteja neles, e eu neles esteja.”

Com estas palavras Jesus encerrou a oração que

fez no final da ceia de páscoa, que celebrara com seus discípulos, antes de sair em direção ao

jardim do Getsemâni.

O seu pedido final ao Pai em favor dos cristãos

foi que estivessem com Ele no céu para que pudessem ver a glória que Ele havia recebido do

Pai, por causa da grande obra de salvação que fizera por eles; glória que sempre tivera junto ao

Pai, antes mesmo da fundação do mundo.

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Desde toda a eternidade, o Pai amou ao Filho e eles decidiram expandir e compartilhar este

amor com muitos filhos semelhantes a Cristo.

Foi por eles e para tal propósito que o Senhor

intercedeu pedindo ao Pai que estejam todos reunidos na glória compartilhando dAquele

amor divino que sempre existiu entre o Pai e o Filho.

O mundo de pecado nada sabia e sabe acerca disto, e desta maneira não poderia dar qualquer

testemunho sobre a verdade pela qual o Senhor estava orando; mas os cristãos têm

experimentado este amor, pelo Espírito, como os primeiros discípulos, e assim têm conhecido

que Jesus foi realmente enviado pelo Pai.

Somente o Filho e o Espírito Santo conhecem o

Pai, e assim são os únicos que podem fazer com que Ele seja conhecido.

Como este conhecimento é por uma

experiência real de comunhão espiritual e pessoal com Ele em amor, pelo Espírito Santo, somente os que forem salvos por Cristo poderão

obter tal conhecimento que conduz à glória eterna do céu.

A nossa fé e santificação têm grande

recompensa.

O Senhor não confessará a ninguém diante do

seu pai e dos santos anjos na glória, que tenha se envergonhado dele e de suas palavras neste

mundo, ou que tenha negado o seu santo nome por um viver segundo a carne, e não segundo o

Espírito.

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O tempo se abrevia e o céu está mais perto de nós do que antes, e é importante que vigiemos e

nos apeguemos às verdades que temos ouvido e lido, de maneira que jamais nos desviemos delas

e tenhamos completa recompensa na glória.

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João 18

A Prisão de Jesus

“1 Tendo Jesus dito isto, saiu com os seus discípulos para além do ribeiro de Cedrom,

onde havia um horto, no qual ele entrou e seus discípulos.

2 E Judas, que o traía, também conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se ajuntava ali

com os seus discípulos.

3 Tendo, pois, Judas recebido a coorte e oficiais

dos principais sacerdotes e fariseus, veio para ali com lanternas, e archotes e armas.

4 Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A

quem buscais?

5 Responderam-lhe: A Jesus Nazareno. Disse-

lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, estava com eles.

6 Quando, pois, lhes disse: Sou eu, recuaram, e caíram por terra.

7 Tornou-lhes, pois, a perguntar: A quem

buscais? E eles disseram: A Jesus Nazareno.

8 Jesus respondeu: Já vos disse que sou eu; se,

pois, me buscais a mim, deixai ir estes;

9 Para que se cumprisse a palavra que tinha dito:

Dos que me deste nenhum deles perdi.

10 Então Simão Pedro, que tinha espada,

desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o

nome do servo era Malco.

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11 Mas Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me

deu?

12 Então a coorte, e o tribuno, e os servos dos

judeus prenderam a Jesus e o maniataram.” (João 18.1-12)

Nós vimos que João registrou as palavras e atos

de Jesus durante sua última ceia de Páscoa, que havia celebrado com seus discípulos, nos

capítulos 13 a 17 do seu evangelho.

João relatou os eventos relativos à prisão, sofrimentos e morte de Jesus, nos capítulos 18 e

19; e os relativos à sua ressurreição nos capítulos 20 e 21.

Nos primeiros versos deste 18º capítulo (1 a 12)

são descritas as circunstâncias da prisão de Jesus no jardim do Getsêmani.

Jesus havia voltado a Jerusalém na ocasião da

Páscoa com o firme propósito de se entregar voluntariamente como oferta de sacrifício

cruento pelos nossos pecados, porque Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

Ele poderia ter procurado as autoridades de Israel e se entregado a eles, porque, afinal,

estavam procurando prendê-lo pela falsa acusação de ter cometido o crime de blasfêmia

e quebra da Lei de Moisés, por estar curando em dia de sábado.

No entanto, importava, segundo as Escrituras

que lhes fosse entregue por um ato de traição, e

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que o prendessem por uma ação insidiosa e injusta, de maneira que ficasse configurada a

corrupção deles.

Assim, as chaves do reino dos céus seriam

tiradas definitivamente das mãos das autoridades religiosas de Israel, e passadas para

aqueles que têm fé em Cristo, e também pela instituição de uma nova aliança, cuja vigência

revogaria automaticamente a antiga, sob a qual aqueles líderes corrompidos de Israel regiam.

O ato de entrega das chaves do reino dos céus por Jesus a Pedro, bem demonstra o que temos

afirmado.

Elas haviam sido tiradas das mãos dos

sacerdotes, escribas e fariseus, e foram entregues aos apóstolos do Senhor,

representados na pessoa de Pedro, naquele gesto de Jesus.

Os principais sacerdotes e fariseus haviam ouvido a seguinte sentença que Jesus havia dado

se referindo a eles na parábola dos lavradores na vinha:

“Portanto eu vos digo que vos será tirado o reino

de Deus, e será dado a um povo que dê os seus frutos.” (Mt 21.43).

Eles não deixavam as pessoas entrarem no reino, assim como eles não entravam, com as

suas práticas corrompidas e legalistas.

Eles continuariam com suas atividades

religiosas, mas a glória de Deus já havia se retirado há muito tempo do culto corrompido

que Lhe prestavam.

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Para demonstrar que estava realmente se entregando voluntariamente, Jesus fez com que

os soldados que vieram prendê-lo recuassem e caíssem por terra, quando se identificou como

sendo aquele a quem eles buscavam.

Ninguém poderia tocar-Lhe caso assim o

desejasse, mas importava que fosse preso, para que fosse conduzido à morte de cruz.

Aquela demonstração de poder sobrenatural tinha também por alvo gerar temor nos

soldados de maneira que atendessem ao pedido de Jesus que se deixaria prender por eles caso

deixassem livres os apóstolos, que se encontravam com Ele.

Até o seu momento final o Senhor demonstrou o seu grande cuidado e proteção para com

aqueles que o amam.

Pedro tentou ainda reagir para impedir que

Jesus fosse preso tendo arremetido contra o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha

direita.

João não registra o fato, mas sim os evangelhos sinópticos, que Jesus lhe restaurou a orelha que

havia sido cortada.

O reino de Deus não deve ser conquistado nem

defendido pela espada, e por isso Jesus ordenou que Pedro embainhasse a sua espada.

Nem ele, nem todos os exércitos deste mundo poderiam ter impedido que Ele bebesse o cálice

de sofrimentos que deveria sorver completamente para vencer a morte, o pecado e

o diabo, quando morresse por nós na cruz.

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A Negação de Pedro - João 18

“13 E conduziram-no primeiramente a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote

daquele ano.

14 Ora, Caifás era quem tinha aconselhado aos judeus que convinha que um homem morresse

pelo povo.

15 E Simão Pedro e outro discípulo seguiam a

Jesus. E este discípulo era conhecido do sumo sacerdote, e entrou com Jesus na sala do sumo

sacerdote.

16 E Pedro estava da parte de fora, à porta. Saiu então o outro discípulo que era conhecido do

sumo sacerdote, e falou à porteira, levando Pedro para dentro.

17 Então a porteira disse a Pedro: Não és tu

também dos discípulos deste homem? Disse ele: Não sou.

18 Ora, estavam ali os servos e os servidores, que

tinham feito brasas, e se aquentavam, porque fazia frio; e com eles estava Pedro, aquentando-

se também.

19 E o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.

20 Jesus lhe respondeu: Eu falei abertamente ao

mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde os judeus sempre se ajuntam, e

nada disse em oculto.

21 Para que me perguntas a mim? Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que

eles sabem o que eu lhes tenho dito.

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22 E, tendo dito isto, um dos servidores que ali estavam, deu uma bofetada em Jesus, dizendo:

Assim respondes ao sumo sacerdote?

23 Respondeu-lhe Jesus: Se falei mal, dá

testemunho do mal; e, se bem, por que me feres?

24 E Anás mandou-o, maniatado, ao sumo sacerdote Caifás.

25 E Simão Pedro estava ali, e aquentava-se. Disseram-lhe, pois: Não és também tu um dos

seus discípulos? Ele negou, e disse: Não sou.

26 E um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse:

Não te vi eu no horto com ele?

27 E Pedro negou outra vez, e logo o galo

cantou.” (João 18.13-27)

Jesus foi preso como se fosse um malfeitor,

porque teve suas mãos amarradas.

Ele que não havia oferecido qualquer

resistência ao ser preso, e que não havia feito nenhum mal a qualquer pessoa, e muito menos

qualquer ato de violência, estava sofrendo agora violência por parte daqueles que deviam

debelar a violência e promover a justiça.

Eles queriam passar uma impressão de uma

suposta periculosidade de Jesus ao terem-no tratado daquela maneira, ao mesmo tempo em

que procurariam agradar às autoridades que lhes haviam enviado, porque bem conheciam o

ódio que elas sentiam por Jesus.

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Eles exibiram Jesus como um troféu do triunfo deles, levando-o à residência de Anás, porque

era sogro de Caifás, o sumo sacerdote indicado para aquele ano.

Eles estavam em conselho há muito tempo para verem como prenderiam Jesus e agora estavam

se deleitando com o triunfo deles.

No entanto, quando injustiças devem ocorrer, a

providência divina se encarregará de conduzir ao poder homens maus como Anás, Caifás e

Pilatos, para a própria ruína deles, de maneira que nenhum justo tenha que deliberar contra a

justiça.

Importava que Jesus fosse injustiçado, mas Deus

providenciou que isto fosse feito pelas mãos de injustos, previamente preparados para aquela

hora.

O triunfo daqueles homens foi a pior das ruínas

que poderia ocorrer a qualquer mortal, a saber, a de condenarem o próprio Filho de Deus como

um malfeitor digno de morte, por motivo de inveja e ódio, e se baseando em acusações falsas

e injustas.

O sumo sacerdote era conhecido por um discípulo de Jesus, do qual João não citou o nome, e nem com isto ele se desviou da maldade

que praticaria contra o Senhor.

Nós vemos nisto que Jesus terá discípulos até mesmo na casa dos seus piores inimigos.

Ele sempre terá testemunhas em todas as partes para que todos os que Lhe resistem sejam

indesculpáveis perante Ele no dia do juízo

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quanto à sua incredulidade e maldade; assim como lhes dá também a oportunidade de se

arrependerem pelo que virem no bom testemunho dos seus servos.

Este discípulo de Jesus que era conhecido do sumo sacerdote acompanhou o Senhor até a sua

sala, e sabendo que Pedro estava junto à porta, do lado de fora, levou Pedro para dentro.

Jesus havia dito a Pedro que o galo não cantaria naquela noite até que ele Lhe tivesse negado por

três vezes.

Pedro estava seguindo o Senhor porque disse

que não o abandonaria de maneira nenhuma.

Nós temos nesta passagem a oportunidade de

ver que para o serviço de Deus, e para os laços de comunhão eterna que devem existir entre os

cristãos, o afeto natural é de pouco ou nenhum proveito, porque não persistirá e não resistirá às

provas a que for submetido, assim como ocorreu com Pedro, que negou veementemente

que conhecia a Jesus, quando foi confrontado na casa do sumo sacerdote.

Ele começou negando que conhecia Jesus logo à

entrada quando a porteira lhe perguntou se não era um dos seus discípulos (v. 17).

Quando o sumo sacerdote perguntou ao Senhor acerca dos seus discípulos e da sua doutrina,

Jesus lhe respondeu que aqueles aos quais havia ensinado poderiam responder por Ele.

Pedro certamente seria um destes, mas ele estava atemorizado demais para fazê-lo, e

preferiu ficar se aquentando juntamente com os

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servidores que haviam acendido um braseiro, porque fazia muito frio naquela noite.

Jesus foi esbofeteado por um dos servidores por ter respondido ao sumo sacerdote daquela

maneira.

Mas o Senhor lhe perguntou por que lhe havia

esbofeteado uma vez que se tivesse falado mal, o servidor deveria dar testemunho do mal que ele

havia falado.

Na verdade Jesus não estava na obrigação de dar

qualquer resposta a Anás, porque ele não era o sumo sacerdote principal naquele ano, mas

Caifás seu genro, assim ele estava abusando de sua autoridade ao interrogar Jesus, porque

deveria fazê-lo com um tribunal regularmente instituído para tal, e ao ver que não conseguiu

obter nenhuma informação privilegiada da parte do Senhor, ele o enviou a Caifás, ainda

manietado, para demonstrar que Jesus não havia obtido nenhum ato de misericórdia da sua

parte.

Enquanto isto Pedro negaria ao Senhor mais

uma vez quando aqueles com os quais se aquentava lhe perguntaram se ele não era um

dos discípulos de Jesus (v. 25).

E, logo o negaria pela terceira vez quando foi indagado por um dos parentes de Malco,

também servo do sumo sacerdote, se não o tinha visto no jardim do Getsêmani juntamente com

Jesus.

Assim que Pedro negou o Senhor pela terceira

vez, o galo cantou.

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Jesus Entregue a Pilatos - João 18

“28 Depois levaram Jesus da casa de Caifás para

a audiência. E era pela manhã cedo. E não entraram na audiência, para não se contaminarem, mas poderem comer a páscoa.

29 Então Pilatos saiu fora e disse-lhes: Que acusação trazeis contra este homem?

30 Responderam, e disseram-lhe: Se este não

fosse malfeitor, não to entregaríamos.

31 Disse-lhes, pois, Pilatos: Levai-o vós, e julgai-o

segundo a vossa lei. Disseram-lhe então os judeus: A nós não nos é lícito matar pessoa

alguma.

32 (Para que se cumprisse a palavra que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de

morrer).

33 Tornou, pois, a entrar Pilatos na audiência, e chamou a Jesus, e disse-lhe: Tu és o Rei dos

Judeus?

34 Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes isso de ti

mesmo, ou outros te disseram isto de mim?

35 Pilatos respondeu: Porventura sou eu judeu? A tua nação e os principais dos sacerdotes

entregaram-te a mim. Que fizeste?

36 Respondeu Jesus: O meu reino não é deste

mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu

reino não é daqui.

37 Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus

respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso

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nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da

verdade ouve a minha voz.

38 Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E, dizendo isto, tornou a ir ter com os judeus, e disse-lhes:

Não acho nele crime algum.

39 Mas vós tendes por costume que eu vos solte alguém pela páscoa. Quereis, pois, que vos solte

o Rei dos Judeus?

40 Então todos tornaram a clamar, dizendo: Este não, mas Barrabás. E Barrabás era um

salteador.” (João 18.28-40)

Aqueles líderes hipócritas de Israel não

matariam Jesus por apedrejamento tal como fariam depois com Estevão, e com muitos outros

cristãos, porque no caso de Jesus eles queriam dar uma satisfação aos romanos e lhes agradarem pelo temor de serem acusados de

estarem tolerando insurreições em seu território.

Nós lembramos que Caifás havia dado a “grande ideia” de que importava que alguém morresse

por toda a nação, em vez da nação ser destruída por causa de uma só pessoa.

Eles conduziriam Jesus aos romanos, ao

representante deles (procônsul), responsável pela região da Judeia, que naquela ocasião era

Pôncio Pilatos.

Como era dia da Páscoa, os judeus não queriam se contaminar entrando na casa de gentios,

ainda que fosse o pretório deles (audiência), de

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maneira que não poderiam participar da ceia pascal.

Eles tinham escrúpulos religiosos suficientes para não se contaminarem cerimonialmente,

mas não o suficiente para não se contaminarem com injustiças e assassinatos, agravado pelo fato

de estarem conduzindo a uma sentença de morte Alguém que sequer tinha qualquer pecado. Eles sentenciariam à morte o próprio

Deus.

Mas importava que tudo aquilo ocorresse,

porque Jesus teria que morrer ao modo da condenação dos romanos, que era naquele

tempo por crucificação.

A morte de cruz era o tipo de morte mais infame,

e assim os judeus desejavam marcar o Senhor com a morte mais infame possível, para

dissuadir pela intimidação a todos que tentassem segui-lo, confessando-o como

Messias.

Eles não somente excluiriam tais pessoas das

sinagogas como também poderiam recorrer aos romanos para que fossem crucificados debaixo

da falsa acusação de que estavam se insurgindo contra o imperador romano, afirmando que

serviam somente a outro rei chamado Cristo.

Jesus havia ensinado o respeito e submissão às

autoridades constituídas, e que se deveria dar a César o que é de César, mas também a Deus o

que é de Deus; de maneira que o culto de verdadeira adoração a Deus não pode ser

impedido por César, porque isto não está na

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esfera de deliberação de nenhum poder constituído terreno, porque, na verdade

deveriam promover e defender a verdadeira devoção ao Senhor, porque afinal as autoridades

foram instituídas por Ele para garantir a ordem civil.

Jesus nunca foi amaldiçoado pelo Pai, mas todos os demais homens estão debaixo de maldição

por causa do pecado original.

Ao ser elevado no madeiro Jesus seria feito

maldição de Deus, conforme está escrito na Lei.

Ele não tinha pecado, e assim a maldição que foi

colocada sobre Ele foi a nossa própria maldição, para que fosse removida na sua morte, de

maneira que estando identificados na sua morte, morremos para a maldição que foi

proferida sobre nós desde o Éden.

Pilatos interrogou Jesus lhe perguntando se Ele era o Rei dos judeus.

E nosso Senhor deu a Pilatos a oportunidade de ponderar a procedência daquela pergunta que

lhe fizera quanto à legalidade de estar sendo julgado por ele, porque os romanos não se

intrometiam nas questões religiosas das nações dominadas por eles, desde que estas religiões

fossem consideradas lícitas, como era o caso do judaísmo, baseado na Lei de Moisés, Lei esta da

qual Jesus era o autor e a qual cumpriu integralmente, e sobre a qual afirmou que não

veio revogá-la.

Então, não seria da esfera da competência de

Pilatos julgar um caso religioso, porque o

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Sinédrio tinha autoridade inclusive para prender e matar judeus que agissem contra a

religião de Israel, conforme prescrito na Lei de Moisés, até mesmo fora dos termos da nação

deles, o que se comprova pelo fato de Paulo ter saído em perseguição aos cristãos fora dos

termos de Israel, antes da sua conversão, com autorização do Sinédrio.

Jesus lhe perguntou se afirmara que Ele era o Rei dos judeus, de si mesmo ou por ter sido

insuflado por outros.

Ele sabia que Pilatos afirmaria que não era judeu

e que não foram os soldados romanos que lhe haviam prendido.

Então ele estava respondendo indiretamente que não lhe cabia de fato julgar um assunto de

interesse exclusivo dos judeus, conforme ele próprio havia afirmado em princípio, quando o

trouxeram à sua presença (v. 31).

A culpa de Pilatos foi mais agravada ainda,

quando Jesus lhe disse que era de fato rei, e que para estabelecer o seu reinado havia vindo a

este mundo.

No entanto, o seu reino não era deste mundo, o que se comprovava porque nenhum dos seus seguidores estava lutando naquela hora para

fazer valer o seu direito de reinar.

Ele era rei de um reino espiritual nos corações, e não terreno, e que não tinha qualquer

influência nos interesses do Império Romano.

Jesus havia dito também a Pilatos que os súditos

do seu reino são aqueles que são da verdade, os

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quais ouvem a sua voz, porque Ele veio a este mundo para dar testemunho da verdade. Deste

modo, nem Ele, nem os seus súditos são empecilho para qualquer governo deste mundo,

senão bênção.

Pilatos perguntou ao Senhor ironicamente o que era a verdade, mas Jesus nada lhe

respondeu, porque lhe havia dito que somente os que são da verdade ouvem a sua voz, o que

certamente não era o caso de Pilatos.

Assim o veredito de Pilatos não poderia ser outro senão reconhecer que não havia

nenhuma culpa em Jesus que o tornasse digno de morte.

Mas ele não queria contrariar as autoridades judaicas, porque é comum que autoridades

injustas troquem favores mutuamente ainda que à custa da vida de inocentes.

Ele também temia que os judeus lhe acusassem

diante de César de que não estava sendo zeloso dos interesses do Império, por tolerar que

alguém afirmasse ser rei em competição com o imperador romano.

Quando se tenta ajustar interesse político incorreto com a verdade, dificilmente será

possível conciliar a ambos, e geralmente, a verdade padecerá, conforme ocorreria com Jesus.

Tudo o que se relacionasse à sua morte seguiria a trilha da injustiça para que Ele pudesse ser

feito justiça por nós.

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Sendo inocente seria condenado injustamente, de maneira que pudesse remover a culpa

daqueles que deveriam ser condenados justamente por Deus.

Assim a substituição foi feita deste modo: Ele era justo e foi condenado injustamente.

Nós éramos injustos e fomos livrados da condenação justamente.

De maneira que a condenação que estava reservada para nós foi colocada sobre Ele para

que houvesse um motivo justo para a sua condenação, uma vez que Ele não tinha

qualquer pecado.

A prova desta troca foi declarada de maneira

inequívoca na troca também injusta que os judeus também fizeram optando por Barrabás,

que era salteador, em vez do Senhor, que é perfeitamente santo e justo.

Ele tomou o lugar que seria justo ser ocupado por Barrabás e não por Ele.

Assim, é deste modo que todos os pecadores são salvos, a saber, tomando Jesus o lugar deles,

para que eles possam estar no lugar de Cristo.

Se eles eram culpados, então Cristo se fez

culpado no lugar deles.

Se Cristo está em glória diante de Deus, então

eles também estarão em glória diante de Deus.

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João 19

Jesus Condenado por Pilatos

“1 Pilatos, pois, tomou então a Jesus, e o açoitou.

2 E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram sobre a cabeça, e lhe vestiram

roupa de púrpura.

3 E diziam: Salve, Rei dos Judeus. E davam-lhe bofetadas.

4 Então Pilatos saiu outra vez fora, e disse-lhes:

Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum.

5 Saiu, pois, Jesus fora, levando a coroa de

espinhos e roupa de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem.

6 Vendo-o, pois, os principais dos sacerdotes e

os servos, clamaram, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e

crucificai-o; porque eu nenhum crime acho nele.

7 Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque

se fez Filho de Deus.

8 E Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou.

9 E entrou outra vez na audiência, e disse a Jesus:

De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta.

10 Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar

e tenho poder para te soltar?

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11 Respondeu Jesus: Nenhum poder terias sobre mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele

que me entregou a ti maior pecado tem.

12 Desde então Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamavam, dizendo: Se soltas este, não és

amigo de César; qualquer que se faz rei é contra César.

13 Ouvindo, pois, Pilatos este dito, levou Jesus

para fora, e assentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, e em hebraico Gábata.

14 E era a preparação da páscoa, e quase à hora

sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso Rei.

15 Mas eles bradaram: Tira, tira, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso Rei?

Responderam os principais dos sacerdotes: Não temos rei, senão César.”. (João 19.1-15)

Que tipo de juiz é aquele que manda açoitar

alguém de quem disse repetidas vezes que não achou nenhum crime nele?

Pilatos era desta classe de juiz, quando

abusando da sua autoridade mandou que açoitassem Jesus, e permitiu ainda que os seus

soldados o ridicularizassem colocando sobre a sua cabeça uma coroa de espinhos, e que o

vestissem com um manto de púrpura para que fosse exposto à ignomínia pública por ter se

declarado rei, e davam-lhe bofetadas enquanto diziam debochadamente: “Salve, Rei dos

Judeus”.

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Importava que Jesus fosse morto tanto pelas mãos dos judeus, quanto dos gentios,

representados nos romanos, porque na verdade ambos os povos foram culpados da sua morte.

Foi por causa da culpa do pecado de todos os homens, tanto judeus, quanto gentios, que Jesus

teve que morrer na cruz.

Cada um de nós teve culpa pela sua morte, em

razão de todos sermos pecadores.

Se não houvesse pecado no mundo, se todos os

homens fossem santos, justos e perfeitos, Jesus não necessitaria ser elevado na cruz para pagar

o preço da redenção dos nossos pecados.

Entretanto, a cruz sempre esteve no coração de Deus, porque não é apenas o instrumento de

resgate de todos os seus filhos, que se encontravam debaixo do pecado, mas também o

instrumento de crucificação de todos os egos daqueles que hão de ser achados no céu.

É somente pela mortificação do pecado pela nossa cruz que podemos renunciar à nossa

própria vontade, para escolhermos sempre a vontade de Deus.

Assim, até mesmo o próprio Jesus sempre carregou a sua cruz, antes mesmo de morrer

numa cruz de madeira no Calvário, porque por esta cruz Ele sempre se submeteu

voluntariamente à vontade do Pai, e nos convida, a cada um de nós, a seguirmos o seu

exemplo, tomando também a nossa própria cruz, para que sejamos sempre achados fazendo

não a nossa vontade, mas a vontade de Deus.

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O Calvário, além de ser um lugar de redenção, é um lugar de instrução quanto ao modo que se

deve viver para Deus; porque é sempre pelo princípio morte/vida que se encontra a

verdadeira vida, que é a vida ressurreta que se acha do outro lado da morte do nosso ego na

cruz.

Jesus suportou todas aquelas injustiças porque importava passar por tudo aquilo, conforme era

da vontade do Pai, para que pudéssemos ser livrados do pecado e da morte.

Ele deu o exemplo supremo até que ponto

devemos estar prontos para fazer a vontade de Deus, isto é, até à renúncia da nossa própria

honra e vida.

Quando morremos para nós mesmos, para os

nossos direitos, para que possamos fazer a vontade de Deus, então podemos contar que

teremos o seu governo real sobre os nossos espíritos, e é nisto que consiste a verdadeira

vida, porque fomos criados para ter tal governo do Senhor no nosso coração.

Era por causa desta obediência e submissão

perfeitas de Jesus à vontade do Pai que este declarou que Ele era o seu Filho amado que Lhe

dá muita alegria.

De igual modo Deus testificará a nosso respeito quando andarmos no mesmo exemplo de

obediência e submissão à sua vontade.

Os líderes da religião de Israel, que deveriam

dar o exemplo de obediência e submissão a

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Cristo, em vez disso clamaram juntamente com os seus servos: “crucifica-o, crucifica-o”.

Em vez de tomarem as suas próprias cruzes, eles

mandaram Jesus para a cruz.

Toda vez que alguém se recusa a se arrepender

dos seus pecados e entregar-se a Cristo para receber os benefícios da sua morte, esta pessoa está de novo clamando como aqueles judeus

que Ele deve voltar para a cruz, porque o desejo deles é que Deus morresse para sempre, para

que jamais tivessem que Lhe prestar contas dos seus pecados.

Mas tendo Jesus morrido uma vez, já não morre mais, e se encontra à direita do Pai, em glória, no

céu, de onde voltará para julgar a cada um dos homens segundo as suas próprias obras.

A autoridade civil é ministro de Deus e por isso

traz a espada para fazer a justiça, para castigo dos malfeitores.

Entretanto, Pilatos excedeu-se na autoridade que é conferida por Deus aos magistrados

quando disse a Jesus que tinha poder para livrar da morte a quem quisesse, assim como para

crucificar a quem ele também desejasse que morresse. Ora, de quem ele havia recebido

poder para crucificar inocentes?

O poder que lhe foi dado por Deus certamente não lhe foi conferido para este propósito, e

assim teria que dar contas a Ele no dia do Juízo, do mau uso que fizera do poder que havia

recebido.

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Mas, a gravidade do pecado de Pilatos era menor do que a dos principais sacerdotes de Israel que

haviam conduzido Jesus à sua presença lhe pedindo que fosse crucificado, porque estes

estavam fazendo isto em nome de Deus, e violando as suas leis para fazê-lo.

Pilatos estava abusando da sua autoridade, e eles estavam deturpando a autoridade do

próprio Deus, distorcendo e deturpando a sua Palavra para praticarem um crime horrível

contra a Pessoa do próprio Filho de Deus que havia sido enviado a eles para que tivessem o

privilégio de pregarem o evangelho em todo o mundo, privilégio este que eles haviam

desprezado e rejeitado, de maneira que seria dado aos gentios.

O esforço de Pilatos para tentar livrar Jesus da morte não passou de uma encenação para que

não fosse constrangido junto ao Imperador para responder pela morte de um inocente.

Ele estava agindo para estar em posição confortável tanto junto ao Imperador romano,

quanto junto das autoridades judaicas.

Os judeus estavam dizendo que ele não seria

amigo de César caso libertasse Jesus, porque este afirmava ser também rei.

Ele não se exporia a ter que responder perante

César que havia libertado alguém que poderia se tornar perigoso para Roma realizando um

levante com seus seguidores.

Assim, ele entregou Jesus para que fosse

crucificado, ainda na parte da manhã daquela

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sexta-feira, quando o sol havia se levantado (hora sexta).

A Crucificação de Jesus - João 19

“16 Então, consequentemente entregou-lho,

para que fosse crucificado. E tomaram a Jesus, e o levaram.

17 E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se

chama Gólgota,

18 Onde o crucificaram, e com ele outros dois,

um de cada lado, e Jesus no meio.

19 E Pilatos escreveu também um título, e pô-lo em cima da cruz; e nele estava escrito: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.

20 E muitos dos judeus leram este título; porque

o lugar onde Jesus estava crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico,

grego e latim.

21 Diziam, pois, os principais sacerdotes dos

judeus a Pilatos: Não escrevas, O Rei dos Judeus, mas que ele disse: Sou o Rei dos Judeus.

22 Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.

23 Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus,

tomaram as suas vestes, e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e também a túnica.

A túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura.

24 Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para

ver de quem será. Para que se cumprisse a

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Escritura que diz: Repartiram entre si as minhas vestes, E sobre a minha vestidura lançaram

sortes. Os soldados, pois, fizeram estas coisas.

25 E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria mulher de Clopas, e

Maria Madalena.

26 Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.

27 Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E

desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.

28 Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas

estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.

29 Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E

encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissope, lha chegaram à boca.

30 E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está

consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.”

A inscrição que Pilatos colocou sobre a cruz de

Jesus: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS, era correta, apesar de ter mandado escrever

aquelas palavras com ironia, e também como uma forma de lavar suas mãos por uma segunda

vez, para tentar acalmar a sua consciência culpada, porque teria sido aquele o motivo

suposto de ter condenado Jesus à morte de cruz.

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Para mostrar para César que estava sendo zeloso em preservar a sua coroa, livrando-o de

possíveis competidores.

Ele procurou diminuir a extensão do reinado de

Jesus, limitando-o somente aos judeus, conforme a inscrição que mandou fixar na cruz.

Só que ele não sabia que Jesus é efetivamente rei somente sobre os que são verdadeiramente

judeus, que não são necessariamente aqueles que eram nascidos por condição natural da

descendência de Judá, um dos filhos de Jacó, porque, por exemplo, os principais sacerdotes

que haviam protestado contra aquele título que havia sido colocado por Pilatos, não eram de fato

súditos do reino de Jesus, que será somente com aqueles que são circuncisos de coração, e que

compõem o verdadeiro Israel de Deus.

Jesus era da tribo de Judá, portanto também

judeu.

Assim, todos os que estão unidos à sua vida pela

fé, são também judeus, porque a Cabeça deles, o Rei deles, é judeu, e desde o Antigo Testamento

Deus havia prometido a Judá, através da bênção profética que lhe foi dada por seu pai Jacó, que o

cetro do reinado jamais se afastaria de Judá.

Então são estes judeus espirituais, que são

nascidos do Espírito, e não propriamente da carne, que haverão de reinar para sempre com

Cristo.

Assim, Ele é de fato o Rei dos judeus.

Os súditos deste reino não são admitidos por

condição de nobreza ou de qualquer

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qualificação que tenham neste mundo, porque apesar de João ter omitido este fato, houve a

conversão de um dos ladrões que foram crucificados com Jesus, conforme vemos nos

evangelhos sinópticos.

Ele havia libertado em seu ministério terreno,

endemoninhados que haviam se convertido; havia salvo uma prostituta na casa de um fariseu, e continuaria admitindo através do

ministério da Igreja outros súditos que são considerados indignos pelo mundo, mas aos

quais Ele transformou em pessoas dignas pela mudança operada em suas mentes e corações,

pelo trabalho de regeneração do Espírito.

Bendito e maravilhoso Rei dos judeus que

conquistou um reino para Si ao morrer naquela rude cruz.

Um reino que Ele não conquistou pela força da espada, mas pela força do seu grande amor e

misericórdia, que manifestou por nós, pobres pecadores.

Digno de honra e de glória para todo o sempre é Aquele que foi desonrado e escarnecido pelos

homens e que suportou tamanha afronta para poder reconciliar consigo mesmo aqueles que

eram seus inimigos, ao abrir os seus braços na cruz, num convite a que se identifiquem com Ele

na sua morte, para que possam ter vida, e vida em abundância.

Para que se desse cumprimento às Escrituras, os soldados romanos fizeram exatamente, ainda

que não o soubessem, o que está escrito no

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Salmo 22.18: “Repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançam sortes.”

João viu o que eles haviam feito com as vestes e

a túnica de Jesus e viu ali bem diante dos seus olhos mais uma evidência de que Ele era de fato

o Messias.

João foi testemunha ocular da crucificação juntamente com Maria, mãe de Jesus, e da irmã

dela que também se chamava Maria; e de Maria Madalena.

Ao contemplá-los juntos compartilhando do seu

sofrimento na cruz, Jesus consolou Maria lhe dizendo que João era seu filho, e a João, que

Maria era sua mãe, e desde então João passou a cuidar dela em sua casa.

Para que se cumprisse a Escritura Jesus disse

que tinha sede, e por bebida, lhe deram vinagre em vez de água, para que ficasse demonstrada a

crueldade com que havia sido tratado, porque até mesmo no momento final de sua vida os seus

algozes não lhe mostraram a mínima compaixão.

“Deram-me fel por mantimento, e na minha

sede me deram a beber vinagre.” (Sl 69.21).

O autor da vida e de toda a verdadeira alegria

teve que beber o intragável vinagre para que pudéssemos beber do vinho da sua alegria.

Aquele vinagre representava todo o cálice

amargo de sofrimentos que Ele teve que suportar por causa dos nossos pecados.

Ele não se negou nem por um só momento, em

beber uma só gota de todo aquele amargor que

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lhe deram para beber, apesar de não ser digno de nada daquilo que Lhe fizeram.

Tal ódio que havia sido despejado sobre o santo, imaculado e maravilhoso Cordeiro de Deus, só

poderia ser compensado por um grande ato de misericórdia, no sentido inverso, que seria

demonstrado por Ele aos pecadores.

Deus não se vingaria deles pelo que fizeram ao

seu Filho, sujeitando a todos eles a uma terrível destruição, mas, ao contrário, faria com eles

exatamente o contrário de tudo aquilo que fizeram injustamente com o seu Filho.

O consolo de Deus seria ver aquela morte terrível sendo compensada pelos frutos de

justiça que seriam gerados por ela.

Deus faria que aquela morte produzisse vida.

A fúria dos inimigos impenitentes de Jesus seria

vingada com o fato de terem que suportar por toda a eternidade, que a grande maldade deles

foi transformada em belos frutos de justiça gerados por Deus nas vidas que Ele perdoaria

por causa daquela morte.

Caifás, Anás e todos os seus seguidores que não

se converteram terão que suportar por toda a eternidade em suas aflições no inferno, a

grande aflição de saberem que graças aos atos de maldade deles muitos alcançaram o perdão

eterno dos seus pecados, coisa da qual eles próprios se excluíram por causa da dureza dos

seus corações impenitentes.

Que grande Deus, maravilhoso e sábio nós

temos.

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303

Não podemos entender os seus planos e pensamentos elevados demais para a nossa

compreensão finita, e que somente podemos conhecer se Ele no-los revelar pelo Espírito.

Exaltado seja para sempre, por manter em

mistério coisas tão grandiosas e revelá-las apenas aos pequeninos, que são contritos e

humildes de coração.

Sábios e entendidos segundo o mundo nunca

compreenderão tais coisas, como não as compreenderam os grandes de Israel, aos quais

Deus tornou muitos pequenos sujeitando-os ao castigo eterno do fogo do inferno.

Bem aventurado é todo aquele que pode

entender o significado da palavra “está consumado”, isto é, realizado, completado,

quando Jesus entregou o espírito ao Pai e morreu na cruz.

Aquele consumado, não apenas se referiu ao

último sofrimento que teve que experimentar para cumprir as Escrituras, quando lhe deram

vinagre para beber.

Ainda perfurariam o seu lado com uma lança,

mas Ele já estava morto quando o soldado lhe traspassou.

Tudo o que está registrado nas Escrituras em

relação ao Messias se cumpriu completamente nele.

Ninguém mais neste mundo poderia atender ao cumprimento de todas aquelas profecias que

foram dadas para atestar que Jesus é o Messias,

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o Filho de Deus que deveria vir ao mundo para nos libertar da morte e dos nossos pecados.

A obra que o Pai lhe dera para fazer estava

perfeitamente consumada, sem necessidade de que lhe fosse acrescentada qualquer coisa.

Tudo o que é necessário para libertar alguém das trevas, do diabo, do pecado, da morte e para

dar-lhe vida eterna, reconciliação e paz com Deus, aceitação e filiação a Ele, e uma herança

eterna no céu foi feita somente por Cristo em tudo o que suportou, até sua morte na cruz.

De maneira que todo aquele que se ligar a Ele

achará toda a provisão necessária para a salvação da sua alma, sem que necessite

acrescentar algo ao trabalho que Ele realizou, pelo qual nos tem concedido a sua graça, pela

qual somos regenerados e santificados.

A Lei cerimonial e civil do Velho Testamento foi abolida naquele “está consumado”.

Todas as sombras e figuras do Velho Testamento foram fechadas porque haviam

sido cumpridas literalmente em Cristo.

O véu do templo foi rasgado porque a obra de Jesus havia sido consumada no momento em

que Ele morreu na cruz.

A Velha Aliança foi revogada e passou a vigorar

uma Nova Aliança, conforme havia sido prometida por Deus a Abraão, e que havia sido

planejada por Ele desde antes da fundação do mundo, para que por meio dela se provesse de

filhos em todas as nações.

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Assim como Cristo pôde dizer está consumado em relação aos seus sofrimentos; assim como a

tempestade havia terminado para Ele e o pior já havia passado, por terem chegado ao fim todas

as suas dores e agonias, de igual modo os que são de Cristo poderão também dizer um dia que

está consumado, de maneira que deixarão seus sofrimentos neste mundo para trás, quando forem admitidos para sempre na alegria

inefável do céu.

Estes sofrimentos que aqui passamos não são para sempre, e Deus porá um fim neles no dia em que nos chamar para estar para sempre em

sua presença, e assim, em vez de nos entristecer, a morte agora é para nós um

conforto e consolo, como foi para Cristo.

Jesus o Cordeiro Pascal - João 19

“31 Os judeus, pois, para que no sábado não

ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado),

rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.

32 Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro

que como ele foram crucificados;

33 Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não

lhe quebraram as pernas.

34 Contudo um dos soldados lhe furou o lado

com uma lança, e logo saiu sangue e água.

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35 E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que é verdade

o que diz, para que também vós o creiais.

36 Porque isto aconteceu para que se cumprisse

a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado.

37 E outra vez diz a Escritura: Verão aquele que traspassaram.”. (João 19.31-37)

João se lembrou do Salmo 22.17 quando os ossos de Jesus foram preservados sem serem

quebrados pelos soldados, conforme fizeram com os dois outros ladrões, porque Jesus havia

morrido antes deles, e os soldados usaram aquele expediente para apressar a morte de

ambos, porque era dia de Páscoa e eles teriam que comer da ceia e não queriam fazê-lo com

corpos de judeus morrendo na cruz; porque afinal a Páscoa celebrava a vida e não a morte,

porque foi por causa daquela ceia no Egito, que Deus havia livrado os primogênitos de Israel da

morte.

O verdadeiro Cordeiro pascal que nos livra da

morte estava bem ali diante deles, e eles, contrariando as prescrições das Escrituras para

o preparo do cordeiro da ceia, que não podia ter nenhum dos seus ossos quebrado, para ser uma

figura do sacrifício de Jesus, pelo qual na verdade os israelitas foram poupados, e não

propriamente por causa do sangue de animais, eles pediram aos soldados que quebrassem as

pernas tanto dos dois ladrões quanto de Jesus.

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Eles tiveram misericórdia dos cordeiros que eles sacrificaram para a ceia pascal não

quebrando os ossos de nenhum deles, mas não tiveram misericórdia daqueles homens que

estavam sofrendo na cruz, a pretexto de não se contaminarem cerimonialmente.

Eles estavam como era sempre o costume deles, coando um mosquito e engolindo um camelo.

A pretexto de cumprirem a Lei eles estavam

agindo de maneira cruel com o seu próximo.

A reverência deles pelo sábado era maior do que a compaixão pelo próximo.

Segundo eles era melhor quebrar pernas do que

ter malfeitores na cruz num dia de sábado.

Até que ponto pode chegar o endurecimento do coração humano, e é até bem provável que

aqueles homens tenham se abençoado no seu íntimo pensando estarem fazendo um grande

favor para Deus.

Os ossos de Jesus não poderiam ser quebrados, mas como a justificação e redenção dos pecadores são feitas com base no sangue que Ele

derramou na cruz, houve um maior derramamento de sangue quando foi perfurado

pela lança do soldado.

João viu sair água junto com o sangue.

A água que nos limpa dos nossos pecados estava saindo do lado de Jesus.

Assim como o sangue é a base da nossa

purificação, porque o sangue representa a vida, e o preço que foi ajustado para a nossa redenção

foi a própria vida de Jesus, que foi oferecida de

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maneira visível pelo derramar do seu precioso sangue; tudo o que é concedido por Deus aos

pecadores, sempre é com base neste sangue que foi derramado na cruz.

Ele pode estabelecer condições para as suas bênçãos, como a nossa obediência e perdão dos

nossos devedores, por exemplo, mas nada disto teria eficácia se Jesus não tivesse derramado seu

sangue na cruz para que tivéssemos o direito de sermos abençoados pelo Pai.

O Sepultamento de Jesus - João 19

“38 Depois disto, José de Arimateia (o que era

discípulo de Jesus, mas secretamente, por medo dos judeus) rogou a Pilatos que lhe permitisse

tirar o corpo de Jesus. E Pilatos lho permitiu. Então foi e tirou o corpo de Jesus.

39 E foi também Nicodemos (aquele que

anteriormente se dirigira de noite a Jesus), levando quase cem arráteis de um composto de mirra e aloés.

40 Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o

envolveram em lençóis com as especiarias, como os judeus costumam fazer, na preparação

para o sepulcro.

41 E havia um jardim naquele lugar onde fora crucificado, e no jardim um sepulcro novo, em

que ainda ninguém havia sido posto.

42 Ali, pois (por causa da preparação dos judeus, e por estar perto aquele sepulcro), puseram a

Jesus.” (João 19.38-42)

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José de Arimateia era um discípulo de Jesus em segredo, porque temia os judeus, o qual era,

segundo o registro em Lc 23.50,51, senador, homem de bem e justo que não tinha

consentido no conselho e nos atos das demais autoridades.

Sendo de alta posição na sociedade judaica, pediu pessoalmente a Pilatos que lhe desse

autorização para sepultar o corpo de Jesus, o que lhe foi concedido sem resistências.

José de Arimateia foi preparado por Deus para aquele momento, porque apesar de ter crido em

Jesus e ter mantido isto em segredo, nós o vemos tomando a atitude corajosa de

providenciar o sepultamento do Senhor, e fez isto, conforme registram os evangelho

sinópticos usando a sepultura que ele havia reservado para si mesmo, para o dia da sua

morte (Mt 27.60).

O texto de Mateus 27.57 cita que José de

Arimateia era um homem rico.

Então, se cumpriu com isto a profecia de Isaías

53.9 que diz que Ele estaria com os ímpios na sua morte (os dois ladrões na cruz) e com o rico (José

de Arimateia).

Assim, apesar de ser morto como um malfeitor, Deus prepararia um rico para se encarregar do

sepultamento de Jesus.

Tal como José de Arimateia, Nicodemos que

também era um amigo secreto de Jesus, teve a coragem de dar um testemunho público do seu

amor pelo Senhor, preparando o seu corpo com

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mirra e aloés e envolvendo-o em lençóis para o sepultamento.

O sepulcro de José de Arimateia ficava num jardim próximo do lugar onde Jesus foi

crucificado.

Assim, Ele não foi sepultado na cidade, mas num jardim perto do monte Calvário.

Foi sem pompa ou solenidade que o corpo de Jesus desceu à sepultura fria e silenciosa.

Era um sepulcro novo onde nenhum outro morto havia sido colocado, porque Aquele que

vive para sempre não teria o seu corpo contado entre os mortos, pois não poderia ser retido pela

morte por muito tempo, porque em três dias Ele ressuscitaria, conforme veremos nos capítulos

seguintes.

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João 20

A Ressurreição de Jesus

“1 E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda

escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro.

2 Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes:

Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram.

3 Então Pedro saiu com o outro discípulo, e

foram ao sepulcro.

4 E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo

correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro.

5 E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia

não entrou.

6 Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis,

7 E que o lenço, que tinha estado sobre a sua

cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte.

8 Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu.

9 Porque ainda não sabiam a Escritura, que era

necessário que ressuscitasse dentre os mortos.

10 Tornaram, pois, os discípulos para casa.

11 E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-

se para o sepulcro.

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12 E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à

cabeceira e outro aos pés.

13 E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e

não sei onde o puseram.

14 E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu

Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus.

15 Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras?

Quem buscas? Ela, cuidando que era o jardineiro, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste,

dize-me onde o puseste, e eu o levarei.

16 Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se,

disse-lhe: Raboni (que quer dizer, Mestre).

17 Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque

ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e

vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.

18 Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos

que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto.” (João 20.1-18)

Muitas coisas ocorreram naquele domingo

em que Jesus ressuscitou, tanto na terra quanto nos céus.

Primeiro de tudo, houve a ida de Maria Madalena ao sepulcro de Jesus, ainda de

madrugada naquele primeiro dia da semana (domingo), imediato à sexta-feira em que Jesus

foi crucificado.

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Ela foi a primeira a perceber que a pedra que fechava a entrada do sepulcro havia sido

retirada, e foi correndo contar o fato a Pedro e a João, e disse-lhes que haviam roubado o corpo

do Senhor.

Pedro e João correram em direção ao sepulcro,

sendo que João foi o primeiro a chegar e viu que os lençóis que envolviam o corpo de Jesus

estavam no chão, mas não entrou no sepulcro.

Pedro que chegou depois dele deparou com a

mesma cena, e também que o lenço que estava sobre a cabeça de Jesus não estava junto aos

lençóis, mas enrolado num lugar à parte.

Depois disto, João entrou no sepulcro e viu e

creu naquela hora que Ele havia de fato ressuscitado porque não conheciam a Escritura

que fala sobre a ressurreição do Messias (Sl 16.10).

“Pois não deixarás a minha alma no Seol, nem

permitirás que o teu Santo veja corrupção.” (Sl 16.10).

O corpo de Jesus não conheceu a corrupção da morte porque segundo as Escrituras não seria

deteriorado, não somente porque foi muito pequeno o espaço entre a sua morte numa noite

de sexta-feira, e a ressurreição na madrugada de domingo, quando ainda estava escuro.

Independentemente disto, o Pai não permitiria que o corpo do Filho visse corrupção pela ação

do seu poder sobrenatural porque segundo as Escrituras o corpo de Jesus seria mantido

intacto durante o sono da morte.

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Ele não tinha nenhuma corrupção e não experimentaria qualquer corrupção, ainda que

fosse no seu corpo que foi moído na cruz não por causa de algum pecado que Ele tivesse, mas por

causa dos nossos próprios pecados.

Por isso a morte de Jesus foi pública para que

todos vissem a vergonha e infâmia a que Ele foi exposto por causa de todos os pecadores.

Mas a sua ressurreição foi em privado, sendo testemunhada apenas pelos seus amigos,

porque não fomos nós que demos ocasião àquela ressurreição, porque a morte não

poderia jamais deter Aquele que é a fonte e o autor da própria vida.

Ainda hoje o poder maravilhoso da vida ressurreta de Jesus é manifestado somente

àqueles que têm intimidade com Ele.

Não é possível participar da plenitude da sua ressurreição sem que sejamos

verdadeiramente seus amigos, pela consagração de nossas vidas a Ele, em obediência aos seus mandamentos e vontade.

O Senhor havia deixado os lençóis e lenço que

estava em sua cabeça no sepulcro para ser uma evidência aos discípulos de que seu corpo não

havia sido roubado, uma vez que os ladrões certamente não teriam arrancado os lençóis e o

turbante, e também não os deixariam no sepulcro, caso o corpo de Jesus tivesse sido

roubado.

Jesus havia testificado diante de Simão, o

fariseu, que o amor de Maria Madalena por Ele

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era muito grande, e que por isso os muitos pecados dela eram perdoados.

Ela deu provas deste grande amor pelo seu Senhor estando com Ele na sua crucificação,

como sendo também a primeira que foi visitar seu corpo no sepulcro, na madrugada de

domingo, quando ainda estava escuro.

Ela foi a primeira a procurar o Senhor e assim foi também a primeira pessoa a quem Ele apareceu

depois da sua ressurreição.

Jesus faria uma visita aos seus discípulos na tarde daquele domingo da sua ressurreição.

Esta seria, na verdade, a primeira reunião dos

cristãos num dia de domingo, que passaria a ser agora o dia da semana do descanso, para a

adoração de Deus, porque não seria mais apenas celebrado como criador do mundo, como era no

dia de Sábado na Antiga Aliança, mas também como o Redentor, o Salvador do seu povo,

porque Jesus havia ressuscitado num domingo para tornar todos os filhos de Deus também

participantes da sua ressurreição.

Pedro apesar de ter negado ao Senhor por três

vezes, há apenas dois dias atrás, foi o primeiro a entrar no sepulcro vazio, apesar de João ter

chegado lá na sua frente.

João se sentiu encorajado a entrar somente depois que viu Pedro dentro do sepulcro.

João não teve a honra de entrar porque não

recebeu graça, coragem e ousadia para fazê-lo.

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Honra que o Senhor concedeu a Pedro, para principalmente começar a restaurá-lo e curá-lo

da dor em sua consciência, por tê-lo negado.

Pedro começaria a aprender a grande lição que não devemos fazer a obra de Deus na nossa

própria força e capacidade, porque sempre O negaremos, mas na força e na graça do Senhor que nos capacita em nossa fraqueza, tal como

Pedro fora capacitado para correr ao sepulcro, e também para entrar nele e ser o primeiro a

constatar com certeza que o corpo do Senhor não se encontrava de fato no seu interior.

Jesus havia falado várias vezes aos seus

discípulos que Ele ressuscitaria, mas eles não se aplicaram a dispor seus corações a crer nisto,

nem a confirmarem a promessa da Escritura a este respeito; por isso tiveram dificuldades, em

princípio, para entender que Jesus havia ressuscitado.

De igual maneira, ainda hoje, quando não nos

aplicamos a meditar e a crer em nosso coração sobre todas as promessas e verdades que

existem na Palavra de Deus, e quando não conferimos em nossos corações as coisas que o

Senhor nos tem falado, nós teremos dificuldades em reconhecer a obra que Ele está

realizando em nosso meio, porque as coisas que Ele nos prometeu fazer foram às vezes

proferidas num passado distante, e não tivemos zelo suficiente para reter suas promessas em

nossas mentes e corações.

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Quando Pedro e João foram embora, Maria Madalena ainda permaneceu no jardim onde

estava o sepulcro, e chorava desconsoladamente, e inclinando-se para ver o

interior do sepulcro viu dois anjos vestidos de branco assentados onde estivera deitado o

corpo de Jesus, provavelmente os mesmos anjos que haviam retirado a pedra que fechava o sepulcro, estando um à cabeceira, e outro aos

pés, e eles lhes perguntaram por que estava chorando. Ela respondeu, porque haviam levado

o corpo do Senhor e não sabia onde o haviam colocado.

Mas logo que ela olhou para trás viu alguém,

mas não sabia que era Jesus e Ele lhe fez a mesma pergunta que os anjos haviam feito, e

acrescentou a pergunta sobre quem ela estava buscando.

Ela pensou que Jesus fosse o jardineiro e lhe pediu que lhe dissesse onde havia colocado o

corpo que ela o levaria consigo.

Então, o Senhor se revelou a ela chamando-a

pelo seu nome.

Ele poderia ter se revelado primeiro a Pedro e a

João que eram seus apóstolos, mas o Senhor não trabalha no seu reino amarrado a hierarquias.

Foi a ela que Jesus disse que estaria subindo

naquela hora à presença do Pai e Deus, tanto dele quanto deles, e que dissesse isto aos demais

discípulos.

Tanto os anjos quanto Jesus perguntaram a

Maria Madalena, por que ela estava chorando.

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Afinal não havia motivo para ela chorar, mas para se alegrar.

Não há mais motivo para qualquer cristão

chorar sem consolo e esperança, porque Jesus ressuscitou.

Se Maria soubesse disto, ela não estaria

chorando.

A realidade não dava realmente motivo para choro, mas para alegria. Mas o desconhecimento da realidade fez com que ela

estivesse chorando por ter perdido a sua esperança.

Os cristãos devem estar bem seguros da vitória

do Senhor deles sobre o pecado, a morte e o mundo, para que tenham sempre bom ânimo

em suas aflições.

Mas mesmo quando nossa fé é pequena, quando nos sentimos fracos e desconsolados como

Maria, o Senhor nunca rejeitará um coração quebrantado, tal como Jesus demonstrou na

maneira como procedeu em relação a ela.

Se o motivo do nosso choro for porque temos buscado a Cristo e não O temos achado, é certo

que O acharemos, porque Ele se manifestará a nós, como fizera com Maria.

Primeira Aparição de Jesus aos Discípulos

Depois da Ressurreição - João 20

“19 Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde

os discípulos, com medo dos judeus, se tinham

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ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.

20 E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram,

vendo o Senhor.

21 Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também

eu vos envio a vós.

22 E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.

23 Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes

são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos.

24 Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo,

não estava com eles quando veio Jesus.

25 Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não

vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha

mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.”

Os apóstolos estavam aterrorizados pelas coisas que haviam sucedido em relação a Jesus e

quanto às ameaças que estavam fazendo aos seus seguidores, de maneira que estavam

escondidos a portas fechadas.

No entanto, a mensagem que Maria Madalena levaria a eles da parte do Senhor serviria para

tranquilizá-los, porque Ele disse que estaria ainda com eles na tarde daquele domingo da sua

ressurreição.

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O fato de não ter enviado tal mensagem por Pedro ou por João a todos eles, mas por Maria,

tinha também o propósito de evitar que pudesse ser suscitado entre eles que Ele havia escolhido

a Pedro e a João como os chefes dos demais apóstolos, pela informação privilegiada que

tinha dado a eles.

Mas exatamente para evitar este perigo de

se levantar um líder supremo no meio deles, uma vez que todos estavam investidos

igualmente da mesma autoridade apostólica, apareceu primeiro a uma mulher e fez dela uma

apóstola naquela hora, para os seus apóstolos, de maneira que se mantivessem humildes,

considerando os outros superiores a si mesmos, para serem curados deste mal que é o desejo de

se estabelecer como chefe sobre o rebanho do Senhor, que deveria ser apascentado, e não

dominado por eles.

Tomé foi o primeiro cristão a faltar à primeira reunião da igreja num domingo, quando o

Senhor apareceu no meio dos discípulos no lugar em que eles se encontravam para lhes

confortar dizendo que a paz fosse com eles, por duas vezes, e também lhes dando uma primeira

unção especial do Espírito, para terem forças para aguentar a pressão da perseguição até o dia

do seu derramamento no dia de Pentecostes.

Do sábado da páscoa até o dia de Pentecostes, eram contados 50 dias corridos, daí o nome

Pentecostes.

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Como os discípulos teriam que retornar da Galileia para Jerusalém para permanecerem em

oração unânime até serem revestidos do alto com o poder do Espírito, e como Jesus lhes

apareceu ainda por um espaço de 40 dias depois da sua ressurreição (At 1.3). Então, desde que Ele

subiu aos céus, até o Pentecostes decorreriam ainda cerca de 10 dias.

Eles precisariam ter um primeiro revestimento de poder do Espírito para permanecerem

perseverantes suportando aqueles dias de perseguição e grande tensão.

Assim Jesus soprou o Espírito sobre eles, ainda naquele primeiro domingo, no qual havia

ressuscitado, para que eles fossem revestidos de poder.

De igual maneira nós necessitamos ser revestidos do poder do Espírito para

continuarmos fazendo a obra do evangelho no meio das perseguições e oposições que

sofremos do reino das trevas.

Isto era necessário para os discípulos porque

Jesus havia confirmado mais uma vez, naquele domingo da ressurreição, que a missão deles era

a mesma que o Pai lhe havia dado.

Eles haviam recebido as chaves do reino dos céus. Deus falaria agora, dali por diante somente

através daqueles que têm fé em Jesus.

Aqueles que cressem na pregação do evangelho

através daqueles que têm sido enviados por Cristo, desde os apóstolos, teriam os seus

pecados perdoados, assim como aqueles que se

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recusassem a crer na pregação deles, teriam os seus pecados retidos, isto é, não perdoados por

Deus.

Quando Tomé chegou, Jesus já havia se retirado, e tendo os demais discípulos dito a ele que

haviam visto o Senhor, Tomé não creu na palavra deles, e disse que creria somente caso

visse o sinal dos cravos nas suas mãos e o seu lado que havia sido perfurado pela lança do

soldado romano.

Jesus havia mostrado tanto as suas mãos perfuradas, quanto o seu lado, aos discípulos,

quando esteve com eles naquela tarde de domingo, mas não foi por tais evidências que

eles creram nele, senão por suas palavras.

De igual maneira nós devemos crer agora,

porque não vemos o Jesus no qual nós cremos, mas vivemos pela fé nas suas Palavras.

Afinal a fé não é a convicção e certeza do que

vemos e que temos ao alcance do toque das nossas mãos, mas do que não vemos e

esperamos, porque confiamos nas promessas do Senhor.

No plano de Deus Jesus deveria ressuscitar num domingo e não em um sábado, para colocar uma

grande distinção entre a Antiga e a Nova Aliança, e para demonstrar que havia realmente revogado a Antiga, porque dali em diante, o dia

de reunião da Igreja para a adoração pública não seria mais no sábado, mas no domingo.

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Segunda Aparição de Jesus aos Discípulos depois da Ressurreição - João 20

“26 E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-

se no meio, e disse: Paz seja convosco.

27 Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê

as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas cristão.

28 E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu,

e Deus meu!

29 Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé,

creste; bem-aventurados os que não viram e creram.

30 Jesus, pois, operou também em presença de

seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro.

31 Estes, porém, foram escritos para que creiais

que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (João 20.26-

31)

A segunda vez que Jesus apareceu aos discípulos

reunidos, depois da sua ressurreição foi também num domingo.

A Igreja reunida no domingo terá a visita do Senhor, ainda que isto não signifique que Ele estará ausente caso eles também se reúnam nos

demais dias da semana.

Mas, a mensagem que Jesus estava passando aos

discípulos era bastante clara, porque ainda que

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se reunissem em outros dias, Ele queria vê-los reunidos regularmente aos domingos para

adorá-lO.

Tomé teve que aguardar o próximo domingo

para ter suas dúvidas dissipadas pelo Senhor.

Enquanto os demais discípulos estavam

consolados e alegres por terem visto Jesus, Tomé deveria estar entregue às suas tristezas

porque sete dias eram passados, e Jesus não havia reaparecido.

Certamente para ensinar a todos eles e a nós a não negligenciarmos a adoração do dia do

domingo, Ele voltou a aparecer a eles somente oito dias depois, isto é, no primeiro domingo

seguinte àquele no qual havia ressuscitado.

Ninguém precisou contar a Jesus qual tinha sido a reação de Tomé no domingo anterior quando

os demais discípulos lhe disseram que Jesus aparecera a eles e que lhes havia revestido com

o poder do Espírito e lhes dado a comissão de pregarem o evangelho tanto para o perdão quanto para a retenção de pecados.

Em sua onisciência o Senhor viu e ouviu não

apenas aquilo que Tomé falou, mas a incredulidade e dureza do seu coração.

Por isso, ao estar com eles outra vez naquele segundo domingo, em que todos estavam

reunidos, depois de ter impetrado a sua paz sobre eles, dirigiu-se imediatamente a Tomé lhe

pedindo para tocar com seu dedo as suas mãos, e com a sua mão o seu lado; dizendo-lhe que não

fosse incrédulo, mas crente.

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Mesmo depois de Tomé ter dito “Senhor meu, e Deus meu!”, Jesus continuou lhe repreendendo

dizendo que ele havia crido somente porque havia Lhe visto, mas bem-aventurados eram os

que não viram e creram; porque a substância da fé não é vista, mas confiança naquilo que não se

vê.

Jesus não apagou o pavio fumegante de Tomé,

mas acendeu o mesmo com uma repreensão para que ele não voltasse a agir da mesma

maneira dali em diante.

Ele não estaria mais presente em carne com eles.

O Espírito Santo também não agiria com eles

visivelmente, de maneira que aprendessem a viver por fé e a discernir o mundo espiritual em

espírito e não pelos sentidos naturais da visão, audição, olfato, tato ou qualquer outro.

Deus é espírito e importa ser conhecido em

espírito e não pelo que vemos ou ouvimos.

João encerrou este capítulo afirmando qual foi o propósito para o qual escreveu o seu evangelho,

dizendo que não havia registrado todos os sinais que Jesus havia operado na presença dos seus discípulos, mas que havia escrito alguns deles

para que os leitores creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que crendo,

possam ter vida eterna em seu nome.

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João 21

A Restauração de Pedro depois da Negação

“1 Depois disto manifestou-se Jesus outra vez

aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se assim:

2 Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná

da Galileia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos.

3 Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-

lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam.

4 E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na

praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus.

5 Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não.

6 E ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na, pois,

e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes.

7 Então aquele discípulo, a quem Jesus amava,

disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a

túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar.

8 E os outros discípulos foram com o barco

(porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados), levando a rede cheia

de peixes.

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9 Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão.

10 Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes.

11 Simão Pedro subiu e puxou a rede para a terra,

cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes e, sendo tantos, não se rompeu a rede.

12 Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos

discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor.

13 Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes

e, semelhantemente o peixe.

14 E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado

dentre os mortos.

15 E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me

mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe:

Apascenta os meus cordeiros.

16 Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho

de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as

minhas ovelhas.

17 Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito

terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-

lhe: Apascenta as minhas ovelhas.

18 Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas

por onde querias; mas, quando já fores velho,

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estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras.

19 E disse isto, significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me.

20 E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se

recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair?

21 Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será?

22 Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.

23 Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus,

porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te

importa a ti?

24 Este é o discípulo que testifica destas coisas e

as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.

25 Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita,

cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém.”

Pelo que lemos no final do capítulo anterior

parece que João já havia encerrado a escrita do seu evangelho, quando o Espírito lhe lembrou

de deixar registrado o modo pelo qual Pedro

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havia sido restaurado pelo Senhor, quanto à negação do seu nome.

Isto ocorreu na terceira vez que o Senhor apareceu aos discípulos depois da sua

ressurreição. Não a todos eles, porque o grande alvo daquela terceira aparição era Pedro, pois o

Senhor trataria com Ele em particular.

O próprio João, que já estava avançado em dias de vida, quando escreveu seu evangelho, deve

ter lembrado que o fato de ter sido mantido em vida por tanto tempo, depois que todos os

apóstolos já haviam morrido, foi devido a uma Palavra específica de Jesus em relação a ele,

enquanto revelou a Pedro, na mesma ocasião, que seria martirizado quando fosse velho, mas

João seria mantido em vida depois que Pedro morresse, porque Jesus disse que queria que

João permanecesse depois que Pedro fosse martirizado.

Eles haviam saído de Jerusalém para a Galileia, mas deveriam voltar a Jerusalém para

permanecerem em oração na cidade até que o Espírito Santo fosse derramado sobre eles, e

para que o mesmo Espírito testificasse de Cristo através deles.

Mas, Pedro foi ao mar de Tiberíades que ficava na parte ocidental do mar da Galileia, próximo à

cidade de Cafarnaum onde residia.

Jesus não lhes repreendeu por terem ido pescar.

Ao contrário, ainda lhes ajudou, por um milagre, a pescarem 153 peixes grandes, e não

permitiu que as redes fossem rompidas. Logo

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eles estariam pescando muitos homens com as redes do evangelho, as quais o Senhor não

permitirá, pelo seu poder, que jamais sejam rompidas.

Além disso, o Senhor mesmo havia preparado na praia um braseiro onde já estava assando um

peixe e pão, os quais não seriam suficientes para alimentá-los a todos, e por isso o Senhor pediu

que lhe trouxessem dos peixes que haviam acabado de pescar.

Para se alimentar eles tiveram que pescar, apesar de o Senhor ter sido quem preparou o

alimento.

De igual maneira nós temos que sair para pescar

os homens apesar de sabermos que é Jesus que os prepara para o céu, pelo trabalho da sua

graça.

Nos dois domingos em que aparecera aos

discípulos, antes da sua terceira aparição no mar de Tiberíades, Jesus nada havia falado com

Pedro acerca do assunto da sua negação.

Mas aquilo precisaria ser tratado, não para a satisfação de Jesus que conhecia o amor de

Pedro por Ele, e que sabia, conforme lhe havia dito com antecedência, que ele não poderia sustentar o testemunho de fé nele no meio de

grande perseguição, sem que estivesse ainda revestido do poder do Espírito.

Por isso tratou de curá-lo fazendo-lhe entender

que O amava apesar de ter-lhe negado.

Jesus não citou por um só momento que Pedro

tinha sido um traidor, ou que lhe havia

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decepcionado, ou que não deveria tê-lo negado ou disse qualquer outra palavra que lhe fizesse

se sentir culpado e acusado da negação sucessiva por três vezes.

Uma negação de três vezes seria curada com

uma afirmação de amor também por três vezes.

O Senhor perguntou a Pedro se ele Lhe amava mais do que todos os demais, e Pedro respondeu afirmativamente.

A palavra no original grego para “amor”, que

Jesus usou naquela primeira pergunta é “filéo”, que significa o amor de “amizade.”

Foi também esta mesma palavra que Jesus usou

quando perguntou novamente se Pedro o amava.

Mas na terceira pergunta, a palavra usada foi

“ágape”, que significa o “amor espiritual, divino”.

A ambas Pedro respondeu também

afirmativamente.

Entretanto, ele se entristeceu porque percebeu que Jesus queria lhe dar oportunidade para se

arrepender da sua negação, e reatar sua amizade com Ele sem a sombra daquela negação

que deveria ficar para trás, enterrada no passado.

O Senhor conhecia Pedro e sabia que se voltaria

para Ele plenamente restaurado.

E, uma vez que havia sido curado, Jesus lhe pediu que apascentasse as suas ovelhas.

Ninguém que não ame ao Senhor como um

amigo, de todo o seu coração, e com um amor

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espiritual e divino, não pode apascentar o seu rebanho, porque este deve ser apascentado com

o mesmo amor que temos por Cristo, pois quando amamos os irmãos, nós temos também

Lhe amado. Quando fazemos o bem ao menor dos seus

discípulos, é a Ele mesmo que estamos fazendo. O Senhor queria que todos os apóstolos

aprendessem esta lição para pô-la em prática, quando as igrejas começassem a serem

fundadas por eles.

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O Evangelho, a graça, a ninguém condena – a condenação é consequência

da rejeição da oferta de justificação graciosa que é mediante a fé em Jesus.