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0 Roberta Barros da Costa Parreira Detecção de eventos adversos a medicamentos em idosos hospitalizados Rio de Janeiro 2016

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Roberta Barros da Costa Parreira

Detecção de eventos adversos a medicamentos em idosos hospitalizados

Rio de Janeiro

2016

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Roberta Barros da Costa Parreira

Detecção de eventos adversos a medicamentos em idosos hospitalizados

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Epidemiologia em Saúde Pública,

do Departamento de Epidemiologia e Métodos

Quantitativos em Saúde da Escola Nacional de

Saúde Pública Sérgio Arouca, na Fundação

Oswaldo Cruz, como requisito parcial para a

obtenção do título de mestre em Ciências na área

de concentração: Epidemiologia Geral.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Enirtes Caetano Prates

Melo

Co-orientadora: Profª Drª Lusiele Guaraldo

Rio de Janeiro

2016

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Catalogação na fonte

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica

Biblioteca de Saúde Pública

P258d Parreira, Roberta Barros da Costa

Detecção de eventos adversos a medicamentos em idosos

hospitalizados. / Roberta Barros da Costa Parreira. -- 2016.

109 f. : tab. ; graf.

Orientador: Enirtes Caetano Prates Melo

Lusiele Guaraldo

Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública

Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2016.

1. Efeitos Colaterais e Reações Adversas Relacionados a

Medicamentos. 2. Segurança do Paciente. 3. Hospitalização.

4. Idoso.I. Título.

CDD – 22.ed. – 615.1

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Roberta Barros da Costa Parreira

Detecção de eventos adversos a medicamentos em idosos hospitalizados

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Epidemiologia em Saúde Pública,

do Departamento de Epidemiologia e Métodos

Quantitativos em Saúde da Escola Nacional de

Saúde Pública Sérgio Arouca, na Fundação

Oswaldo Cruz, como requisito parcial para a

obtenção do título de mestre em Ciências na área

de concentração: Epidemiologia Geral.

Aprovada em: 19 de abril de 2016.

Banca Examinadora:

Prof.ª Dr.ª Fabiola Giordani Cano

Prof. Dr. Luiz Antonio Bastos Camacho

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Enirtes Caetano Prates Melo

Co-orientadora: Profª Drª Lusiele Guaraldo

Rio de Janeiro

2016

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A Deus por permitir minha existência. Aos meus pais por terem me dado tantas oportunidades de crescimento. Ao meu irmão pelo carinho e demonstração de persistência. Ao meu marido pela compreensão, incentivo, disponibilidade e amor. Ao meu filho pela alegria, paz e energia. À minha pequena que me deu ainda mais impulso.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade da minha existência e pela minha capacidade de

pensar.

À minha orientadora Enirtes Caetano Prates Melo pela disposição, compreensão e

paciência.

À minha co-orientadora Lusiele Guaraldo pela gentileza, atenção aos detalhes e

prontidão.

À equipe de especialistas que colaboraram com meu trabalho – Karla Araujo Maciel,

Flavia de Frias Gonçalves, Virginia Maria Machado Lessa, Keroulay Estebanez Roque – pela

disponibilidade e pelas ótimas discussões.

Ao diretor do hospital Dr. Gabriel Pimenta de Moraes Neto que permitiu o início da

pesquisa e o acesso aos dados do hospital com vistas à melhora da organização institucional.

Aos membros da Clínica Médica – Gloria Maria de Oliveira, Antônio Carlos Mendes

Tavares Seda, Alessandra Silva de Almeida, toda a equipe de staffs e residentes - pelo estímulo

e incentivo constantes, por cederem o espaço de trabalho e por acreditarem na minha

capacidade.

Às acadêmicas Anna Carollina Pinto Ferreira (Carol) e Raphaela Nóbrega Ramos

(Rapha) pela presença, ajuda, amizade e estímulo.

Ao Sr. Luiz Carlos de Araújo Rodrigues e a toda a equipe do Arquivo Médico, que

gentilmente estavam a postos para meus pedidos de prontuários.

À Fernanda da Silva Daco da SIA e Nadja Garrido Tavares da Estatística, que foram

muito solícitas.

À Profª Suely Rozenfeld, que abriu as portas para minhas ideias.

À Renata Borges, minha amiga do mestrado, por ouvir minhas lamúrias e me estimular

constantemente.

Aos funcionários da biblioteca da Ensp, principalmente Valtecir dos Santos Ambrosio,

sempre de braços abertos e muito simpáticos.

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À Audrey Fisher que, mesmo sem me conhecer, me ajudou prontamente com o

formulário do Access.

A todos os professores do mestrado de Epidemio pela dedicação e pelo conhecimento

transmitido.

Ao Prof. Walter Mendes, que parou para ouvir uma ideia embrionária e me impulsionou.

Aos meus pais, Ana Lucia Attayde e João Roberto Costa que sempre me estimularam a

estudar, acreditaram em mim e ainda me ajudaram com o filhote. Ao meu irmão Felipe Barros,

que mesmo longe, me estimulou e torceu por mim.

À Rosane Fernandes Parreira, Eliane Queiroz e D. Edineia Queiroz (in memorian), que

também me ajudaram com o filhote.

Ao filhote Mateus Parreira pela alegria constante e pela ressignificação da vida.

À pequena Beatriz Parreira que ainda está por vir e acabou “agilizando” minha

dissertação.

Ao meu marido Carlos Augusto Parreira, que me incentivou, topou a “barra” financeira

e o retorno aos plantões noturnos e de fim de semana, cuidou do filhote na minha ausência e,

ainda por cima, não reclamou. Uma pessoa definitivamente indispensável para meu sucesso.

Sem vocês, nada disso seria possível.

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RESUMO

O presente estudo objetivou avaliar os eventos adversos a medicamentos (EAM)

ocorridos em idosos hospitalizados, em uma unidade federal localizada no Rio de Janeiro.

Foram avaliadas 176 internações de 175 idosos de 60 a 96 anos admitidos nos meses de janeiro,

abril e julho de 2014. Foi utilizado um instrumento de detecção empregando rastreadores de

EAM baseado na metodologia do Institute of Healthcare Improvement (IHI). A avaliação

longitudinal das internações compôs uma coorte retrospectiva, na qual foram encontrados 1641

rastreadores em 3584 pacientes-dia, o que equivale à taxa de cerca de 46 rastreadores por 100

pacientes-dia. Dos pacientes, foram encontrados 146 (82,9%) com ao menos um rastreador. Os

casos com potenciais EAM (n=84) foram encaminhados para reunião de consenso

interdisciplinar para o diagnóstico. Foram detectados 75 EAM em 28,9% dos pacientes, com

uma taxa de 42,6 EAM por 100 pacientes. A hipotensão arterial foi o EAM mais encontrado,

correspondendo a 66,7% dos eventos, seguida de náuseas e vômitos, hipoglicemia e

nefrotoxicidade. As classes farmacológicas mais envolvidas nos EAM foram as que atuam no

aparelho cardiovascular (44,2%) e no sistema nervoso central (34,1%); o medicamento mais

envolvido foi a dipirona. Em 22,7% (17) dos EAM verificou-se a presença de interações

medicamentosas suspeitas, ocorridas em oito pacientes O rastreador “uso de antieméticos” foi

o mais encontrado (705; 43%), seguido de “hipotensão/sedação excessiva” (460; 28%) e

“suspensão abrupta de medicamento” (259; 15,8%), porém o rastreador com maior rendimento

foi “glicose<50mg/dL”, seguido de “hipotensão/sedação excessiva” e “ureia ou creatinina

aumentada”. O tempo de internação e o número de medicamentos utilizados estiveram

associados à ocorrência de EAM.

Palavras-chave: Efeitos Colaterais e Reações Adversas Relacionados a Medicamentos.

Segurança do paciente. Hospital. Idoso.

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ABSTRACT

This study aimed to evaluate adverse drug events (ADE) occurred in hospitalized elderly

in a federal unit located in the city of Rio de Janeiro. 176 admissions of 175 older patient (60

to 96 years old) were evaluated in three months of analysis (January, April and July of 2014).

A detection instrument employing ADE trackers based on the methodology of the Institute of

Healthcare Improvement (IHI) was used. Longitudinal evaluation of admissions composed a

retrospective cohort study, in which were found 1641 triggers in 3584 patients-day, equivalent

to 46 triggers per 100 patient-day. 146 (82.9%) of the patients evaluated had at least one trigger.

The potential ADE cases (n = 84) were reviewed by a multidisciplinary team. A total of 75

ADE were detected in 28.9% of total patients, with a rate of 42.6 ADE per 100 patients. The

most frequent ADE found in the study was hypotension, corresponding to 66.7% of the total

events, followed by nausea and vomiting, hypoglycemia and nephrotoxicity. The Anatomical

Therapeutic Chemical (ATC) groups most frequently associated with ADE were C

(cardiovascular system - 44.2%) and N (central nervous system - 34.1%); dipyrone was the

most commonly drug implicated in ADE. In 22.7% (17) of the ADE the presence of suspected

drug interactions was verified in eight patients. The trigger "anti-emetic administration" was

the most frequent (705; 43%), followed by "over-sedation/hypotension" (460; 28%) and "abrupt

medication stop" (259; 15.8%), but the trigger with highest yield was "glucose less than 50

mg/dL," followed by "over-sedation/hypotension" and "rising BUN or serum creatinine two

times (2x) over baseline". The length of stay and the number of used drugs were associated

with the occurrence of ADE.

Keywords: Adverse drug event. Patient safety. Hospital. Elderly.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Pág.

Figura 1 – Taxa de fertilidade e expectativa de vida ao nascer no mundo de 1950 a

2050

17

Figura 2 – Pirâmide Populacional (valores relativos), Brasil, 2000 18

Figura 3 – Quantidade de doenças crônicas autorreferidas por adultos de 18 anos ou

mais na Pesquisa Nacional de Avaliação da Saúde e Nutrição (NHANES), segundo

faixa etária, Estados Unidos da América (EUA), 2012 (Distribuição percentual)

19

Figura 4 – Prevalências de doenças crônicas segundo idade e ano. PNAD/Brasil,

2003 e 2008

20

Figura 5 – Relação entre eventos adversos a medicamentos (EAM), reações

adversas a medicamentos (RAM) e erros de medicação

26

Figura 6 – Modelo teórico proposto – aspectos do envelhecimento 37

Figura 7 – Modelo teórico proposto – aspectos da hospitalização 38

Figura 8 – Fluxograma de elegibilidade e identificação de EAM dos pacientes

internados no hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014

46

Figura 9 – Fluxograma de identificação de eventos adversos a medicamentos (EAM)

dos pacientes internados no hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014

51

Figura 10 – Duração dos eventos adversos a medicamentos, segundo grau de dano

classificado pelo National Coordinating Council for Medication Error Reporting and

Prevention (NCCMERP), hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014

62

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Número de medicamentos utilizados, segundo faixa etária em adultos e

idosos não institucionalizados, Pesquisa Nacional de Avaliação da Saúde e Nutrição

(NHANES), EUA 2007 a 2010

22

Tabela 2 – Distribuição de diagnósticos segundo Classificação Internacional de

Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) de pacientes internados no

hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014

57

Tabela 3 – Distribuição de causa da admissão segundo Classificação Internacional de

Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) de pacientes internados no

hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014

58

Tabela 4 – Características demográficas dos pacientes internados no hospital Y,

segundo a ocorrência de EAM, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014 59

Tabela 5 – Distribuição de condições clínicas classificadas segundo Índice de

Charlson segundo ocorrência de EAM, hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e

julho de 2014

60

Tabela 6 – Distribuição de eventos adversos a medicamentos segundo tipo, hospital

Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014 61

Tabela 7 – Medicamentos envolvidos nos eventos adversos em pacientes internados

no hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014 63

Tabela 8 – Medicamentos suspeitos envolvidos em eventos adversos a medicamentos

com hipotensão, no hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014 64

Tabela 9 – Classes de medicamentos envolvidas em eventos adversos com hipotensão,

segundo o primeiro nível da classificação Anatomical Therapeutic Chemical (ATC),

hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014 65

Tabela 10 – Interações medicamentosas envolvidas nos EAM, hospital Y, Rio de

Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014 65

Tabela 11 – Fatores associados à ocorrência de EAM, hospital Y, Rio de Janeiro,

janeiro, abril e julho de 2014 (total e subgrupo com >90% das prescrições disponíveis) 67

Tabela 12 – Características dos rastreadores, hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril

e julho de 2014 68

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Eventos adversos a medicamentos (EAM) em pacientes hospitalizados,

identificados por rastreadores, Brasil 29

Quadro 2 – Descrição do Cálculo Amostral 43

Quadro 3 – Critérios de rastreamento de eventos adversos a medicamentos (EAM),

local de busca e racionalidade 47

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

AIH Autorização de Internação Hospitalar

ATC Anatomical Therapeutic Chemical

AVE Acidente vascular encefálico

BRA Bloqueador de receptor de angiotensina

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CID Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas

Relacionados à Saúde

CNS Conselho Nacional de Saúde

CPF Cadastro de Pessoa Física

DESA Department of Economic and Social Affairs

DP Desvio-padrão

EAM Evento Adverso a Medicamento

EUA Estados Unidos da América

GTT Gastrostomia

GIFA Gruppo Italiano di Farmacovigilanza nell’Anziano Sample

HAS Hipertensão arterial sistêmica

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IC Intervalo de confiança

ICC Índice de Comorbidades de Charlson

IECA Inibidor de enzima conversora de angiotensina

IHI Institute of Healthcare Improvement

IM Intramuscular

INR International Normalized Ratio

IOM Institute of Medicine

IV Intravenoso

NCC MERP National Coordinating Council for Medication Error Reporting

and Prevention

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NHANES National Health and Nutrition Examination Survey

OFT Oftalmológico

OMS Organização Mundial de Saúde

OR Odds ratio

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNSP Programa Nacional de Segurança do Paciente

RAM Reação Adversa a Medicamento

SAI Serviço de Internação e Alta

SC Subcutânea

SISREG Sistema Nacional de Regulação

SL Sublingual

SNC Sistema nervoso central

SNE Sonda nasoentérica

SNG Sonda nasogástrica

SOG Sonda orogástrica

SOE Sonda oroentérica

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VO Via oral

VR Via retal

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................... 16

1.1. ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA.... 17

1.2. USO DE MEDICAMENTOS EM IDOSOS.................................................................. 21

1.3. SEGURANÇA NO USO DE MEDICAMENTOS........................................................ 23

1.4. MODELO TEÓRICO.................................................................................................... 32

2. JUSTIFICATIVA........................................................................................................... 39

3. OBJETIVOS.................................................................................................................... 40

4. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................... 41

4.1. POPULAÇÃO................................................................................................................ 41

4.2. FONTE DE DADOS...................................................................................................... 41

4.3. AMOSTRA.................................................................................................................... 42

4.4. COLETA DE DADOS................................................................................................... 43

4.5. VARIÁVEIS SELECIONADAS................................................................................... 52

4.6. ANÁLISE DE DADOS................................................................................................. 53

5. RESULTADOS............................................................................................................... 55

5.1. CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO GERAL..................................................... 55

5.2. CARACTERÍSTICAS DOS EAM................................................................................ 60

5.3. CARACTERÍSTICAS DOS MEDICAMENTOS ENVOLVIDOS NOS EAM........... 62

5.4. MODELOS EXPLICATIVOS....................................................................................... 66

5.5. PERFIL DOS RASTREADORES................................................................................. 68

6. DISCUSSÃO.................................................................................................................... 69

7. CONCLUSÃO.................................................................................................................

79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 81

APÊNDICES........................................................................................................................ 90

APÊNDICE A. FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS.......................................... 90

APÊNDICE B. EXAMES LABORATORIAIS................................................................ 91

APÊNDICE C. FICHA DE COLETA DE MEDICAMENTOS..................................... 92

APÊNDICE D. CRITÉRIOS DE RASTREAMENTO................................................... 93

APÊNDICE E. EAM E REUNIÃO DE CONSENSO...................................................... 94

APÊNDICE F. NARANJO POR MEDICAMENTO E/OU PAR DE INTERAÇÃO

MEDICAMENTOSA......................................................................................................... 96

APÊNDICE G. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO SEGUNDO

DISPONIBILIDADE DE PRESCRIÇÕES, HOSPITAL Y, RIO DE JANEIRO,

JANEIRO, ABRIL E JULHO DE 2014............................................................................

97

APÊNDICE H. DIFERENÇA ESTATÍSTICA DA PRESENÇA DE

COMORBIDADES ENTRE OS GRUPOS SEGUNDO DISPONIBILIDADE DE

PRESCRIÇÕES (>=90% VS <90%).................................................................................

98

APÊNDICE I. FOLHA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA E

PESQUISA.......................................................................................................................... 99

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ANEXOS.............................................................................................................................. 104

ANEXO A. CATEGORIA DO EAM SEGUNDO GRAU DO DANO (NCC

MERP).................................................................................................................................. 104

ANEXO B. ALGORITMO PARA ERROS DE MEDICAÇÃO SEGUNDO

CATEGORIAS DO NCC MERP....................................................................................... 105

ANEXO C. ALGORITMO DE NARANJO..................................................................... 106

ANEXO D. ÍNDICE DE COMORBIDADES DE CHARLSON.................................... 107

ANEXO E. DECODIFICAÇAO DO CID.10 PARA AS COMORBIDADES DO

ÍNDICE DE CHARLSON.................................................................................................. 108

ANEXO F. CLASSIFICAÇÃO ANATOMICAL THERAPEUTIC CHEMICAL

(ATC) – 1º NÍVEL............................................................................................................... 109

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1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional trouxe modificações no âmbito da Saúde Pública

(KALACHE; VERAS; RAMOS, 1987). O acúmulo de comorbidades e a medicalização do

envelhecimento propiciaram um cenário de maior utilização de medicamentos pelo grupo etário

de idosos (HILMER; FORD, 2009; SILVA et al., 2012). Grande parte das internações

hospitalares concentram-se entre idosos (SILVEIRA et al., 2013). O uso de polifarmácia e

alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas tornam essa faixa etária mais propensa a

desenvolver eventos adversos a medicamentos nos diferentes contextos de atenção à saúde

(HARUGERI et al., 2011; HILMER; FORD, 2009; KLOPOTOWSKA et al., 2013a; MALANI;

VAITKEVICIUS; ORRINGER, 2009; ONDER et al., 2010; PASSARELLI; JACOB-FILHO;

FIGUERAS, 2005; ROZENFELD, 2003; SZLEJF et al., 2012).

Conforme definição proposta pela Organização Mundial de Saúde para a área de

Segurança do Paciente, evento adverso a medicamento (EAM) é qualquer dano (doença,

incapacidade, lesão, sofrimento ou morte) infligido ao paciente que seja causado por

medicamentos. Os EAM podem apontar falhas relacionadas à assistência ao paciente (OMS,

2009) (SHERMAN et al., 2009).

A ocorrência de EAM em idosos hospitalizados traz inúmeras consequências, tais como

aumento de custos financeiros (PAGE; RUSCIN, 2006), demanda por medidas de suporte de

vida ou aumento da mortalidade hospitalar. Tais consequências têm relevância na Saúde

Pública e podem ser evitadas, especialmente entre EAM desnecessários. A preocupação em

torno do tema engloba a monitoração constante do EAM, a investigação de fatores associados

ao EAM e a implementação de medidas preventivas, tais como o treinamento das equipes

assistenciais.

No Brasil, há poucos estudos sobre o tema em idosos, embora existam técnicas

consolidadas de detecção de EAM, aplicadas internacionalmente, utilizando delineamentos

prospectivos (GRAY et al., 1998; HARUGERI et al., 2011; ONDER et al., 2010;

PASSARELLI; JACOB-FILHO; FIGUERAS, 2005; SZLEJF et al., 2012); retrospectivos

(KLOPOTOWSKA et al., 2013a; SIKDAR et al., 2012); empregando sinais de alerta; ou outros

(GRAY et al., 1998; HARUGERI et al., 2011; ONDER et al., 2010; PASSARELLI; JACOB-

FILHO; FIGUERAS, 2005; SZLEJF et al., 2012).

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17

Esta dissertação tem o objetivo de contribuir com o estudo de EAM em idosos

hospitalizados numa unidade pública federal.

1.1 – Envelhecimento populacional e transição epidemiológica

A transição demográfica se caracteriza pela mudança do cenário de elevadas taxas de

fecundidade e mortalidade para aquele com taxas reduzidas (PAIM et al., 2011). Expressa o

aumento da expectativa de vida e o envelhecimento populacional.

Observa-se redução das taxas de fertilidade acompanhada do aumento da expectativa de

vida no período de 1950 a 2050 (UNITED NATIONS, POPULATION DIVISION, 2001)

(Figura 1). O aumento da expectativa de vida se deve à redução da mortalidade, especialmente

a infantil (CHAIMOWICKZ, 2013). No Brasil, já em 2000, a proporção de indivíduos com 60

anos ou mais era de 8,6% (Figura 2).

Figura 1 – Taxa de fertilidade e expectativa de vida ao nascer no mundo de 1950 a 2050

Fonte: United Nations, Population Division, Department of Economic and Social Affairs (DESA), 2001

Simultaneamente às transformações demográficas, ocorreram mudanças nas tendências

de mortalidade e morbidade. Verifica-se redução da mortalidade por doenças transmissíveis e

incremento de doenças crônicas (LEBRÃO, 2007); mudanças que acarretaram transformações

na sociedade, dentre elas o aumento na demanda por serviços de Saúde pela crescente

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18

população de idosos (BRITO et al., 2013; GURALNIK; FERRUCCI, 2009; KALACHE;

VERAS; RAMOS, 1987; LIMA-COSTA; VERAS, 2003).

Em países em desenvolvimento como o Brasil, a morbimortalidade por doenças crônicas

não transmissíveis, somada às causas externas, se sobrepõe à reemergência de doenças

transmissíveis, tornando mais complexa a demanda por serviços de Saúde (KALACHE;

VERAS; RAMOS, 1987).

Figura 2 – Pirâmide Populacional (valores relativos), Brasil, 2000

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2010

Mudanças de necessidades da população idosa no âmbito do sistema de Saúde,

motivadas principalmente pela duração maior de doenças crônicas, acarretaram aumento na

demanda por assistência multiprofissional e elevação de custos, sobretudo no cuidado de idosos

dependentes, exigindo a reflexão por novos modelos de enfrentamento (BRITO et al., 2013;

KALACHE; VERAS; RAMOS, 1987).

A quantidade de doenças crônicas aumenta conforme o envelhecimento, segundo a

Pesquisa Nacional de Avaliação da Saúde e Nutrição (NHANES), que monitora as condições de

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19

saúde da população civil norte-americana não institucionalizada realizada em 2012 (Figura 3).

Foram consideradas as seguintes doenças crônicas: hipertensão arterial sistêmica (HAS),

coronariopatia, acidente vascular encefálico (AVE), diabetes, câncer, osteoartrose, hepatite,

nefropatia, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e asma. Há uma relação diretamente

proporcional entre o aumento da faixa etária e o aumento da quantidade de doenças crônicas

autorreferidas. Nas faixas etárias de pessoas mais idosas, há menor proporção de indivíduos

com uma ou nenhuma doença crônica (CDC, 2013).

Figura 3 – Quantidade de doenças crônicas autorreferidas por adultos de 18 anos ou mais na

Pesquisa Nacional de Avaliação da Saúde e Nutrição (NHANES), segundo faixa etária,

Estados Unidos da América (EUA), 2012 (Distribuição percentual)

Fonte: Center for Disease Control and Prevention (CDC), 2013

Resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), comparando os

anos de 2003 e 2008, mostram aumento da prevalência de um ou mais problemas de saúde,

conforme aumento da idade. A partir de 70 anos esse padrão se estabiliza em ambos os sexos

(BARROS et al., 2011). Entre as doenças crônicas e os problemas de saúde mais prevalentes

nos idosos estão, em ordem decrescente, a hipertensão, a doença de coluna, a artrite, a

cardiopatia, o diabetes, a depressão, entre outros (BARROS et al., 2011). Com o aumento da

idade, a prevalência cresce para a maior parte das comorbidades avaliadas, como

artrite/reumatismo, cardiopatias, insuficiência renal crônica e câncer. Já no caso de hipertensão,

diabetes, doenças de coluna/costas e depressão, a prevalência aumenta com a idade, porém

mantém-se estável a partir dos 60 anos de idade (Figura 4). Cerca de 12% dos indivíduos

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

18 a 44 anos 45 a 64 anos 65 a 74 anos 75 anos oumais

4 ou mais

2 a 3

0 a 1

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20

portadores de doença crônica relataram hospitalização nos últimos doze meses, enquanto a

proporção entre aqueles sem doenças crônicas foi de 5,41% (BARROS et al., 2011).

Figura 4 – Prevalência de doenças crônicas segundo idade e ano. PNAD/Brasil, 2003 e 2008

Fonte: BARROS et al., 2011

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21

1.2 – Uso de medicamentos em idosos

Em virtude do envelhecimento populacional e do acúmulo de doenças crônicas, o uso

contínuo de medicamentos em esquemas terapêuticos mais complexos faz-se necessário. O

tratamento dos idosos, encarado atualmente de forma menos niilística, passa pelo aumento de

medicalização associado à baixa aplicação de medidas não farmacológicas disponíveis e, por

vezes, polifarmácia inadequada (HILMER; FORD, 2009; ROZENFELD, 2003; SILVA et al.,

2012).

Além do envelhecimento populacional e do acúmulo de morbidades, o crescente uso de

medicamentos tem sido influenciado em parte pelo cenário atual da indústria farmacêutica

marcado por técnicas intensivas de marketing voltadas para o incentivo à medicalização,

direcionadas aos pacientes e aos médicos prescritores (CASTRO, 2000).

Nos EUA, o uso de medicamentos difere entre as populações de adultos jovens e de

idosos, sendo que os últimos utilizam mais medicamentos (Tabela 1). A Pesquisa Nacional de

Avaliação da Saúde e Nutrição (NHANES) que monitora as condições de saúde da população

civil norte-americana de adultos jovens e idosos não institucionalizados realizada em 2012

evidenciou que entre os que não usaram medicamentos nos últimos 30 dias, 69,2% tinham entre

18 a 44 anos de idade e 3,9% tinham 65 anos ou mais. Entre aqueles que utilizaram cinco

medicamentos ou mais, 10,8% tinham de 18 a 44 anos e 47,5% correspondiam à população de

65 anos ou mais (CDC, 2013).

Estimativas de países europeus corroboram esses achados. Estudo na França

demonstrou que, apesar de a população de idosos representar cerca de 15%, um terço das

prescrições medicamentosas eram direcionadas para essa faixa etária (PAILLE, 2004).

Na farmacologia do envelhecimento é preciso considerar duas dimensões: a

farmocinética e a farmacodinâmica. Algumas peculiaridades são encontradas, especialmente o

aumento da variabilidade interindividual das respostas fisiológicas decorrente da

heterogeneidade do envelhecimento (BUXTON; BENET, 2011; SPINEWINE et al., 2007).

A absorção, a distribuição, o metabolismo e a excreção são processos da

farmacocinética (BUXTON; BENET, 2011). A absorção pouco se modifica no envelhecimento

saudável, apesar de alterações fisiológicas como diminuição da motilidade do trato digestivo,

redução da acidez gástrica e redução do fluxo sanguíneo do trato digestivo ocorrerem

frequentemente. Considerando o envelhecimento patológico, as alterações de hábitos

alimentares, o uso de medicamentos que intensifiquem as alterações fisiológicas e o uso de

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22

automedicação, como laxativos e antiácidos, promovem modificações da absorção

(PASSARELLI, 2005).

Tabela 1 – Número de medicamentos utilizados, segundo faixa etária em adultos e idosos não

institucionalizados, Pesquisa Nacional de Avaliação da Saúde e Nutrição (NHANES), EUA

2007 a 2010

Faixa etária Total Nenhum

medicamento

1 a 4

medicamentos

5 medicamentos

ou mais

18-44 anos 48,9 69,2 40,7 10,8

45-64 anos 34,5 26,9 39,8 41,7

65 anos ou mais 16,6 3,9 19,5 47,5

Fonte: CDC, 2013

Conforme a lipossolubilidade ou hidrossolubilidade do fármaco, o volume de

distribuição pode se alterar segundo mudanças na composição corporal (aumento de tecido

adiposo, redução da água corporal e da massa magra). Nos idosos, há aumento do volume de

distribuição dos fármacos hidrossolúveis, como o paracetamol, e redução do volume de

distribuição dos fármacos lipossolúveis, como o diazepam (SETH, 2009).

Em casos de múltiplas comorbidades, desnutrição, insuficiência renal ou hepática, há

queda dos níveis de albumina sérica, com consequente aumento da fração livre de fármacos que

se ligam a proteínas plasmáticas, alterando a farmacodinâmica, a excreção e o metabolismo da

substância farmacologicamente ativa (SETH, 2009).

Com a redução na atividade das enzimas do citocromo P450, o metabolismo dos

medicamentos pode se alterar nos idosos (SETH, 2009). O clearance hepático apresenta-se

reduzido devido à diminuição de fluxo sanguíneo hepático, assim como o clearance renal, por

redução da filtração glomerular ocasionada por perda glomerular, fibrose intersticial,

aterosclerose e atrofia dos túbulos renais. Tais efeitos podem reduzir a excreção de

determinados fármacos (BUXTON; BENET, 2011).

Tratando-se de farmacodinâmica, o sistema cardiovascular e o sistema nervoso central

(SNC) são os mais sensíveis às alterações fisiológicas do envelhecimento. Quanto ao sistema

cardiovascular, existe maior risco de hipotensão e, em relação ao SNC, maior risco de redução

do nível de consciência (BUXTON; BENET, 2011), confusão mental, alucinações e delirium

(MALANI; VAITKEVICIUS; ORRINGER, 2009).

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23

Considera-se um desafio a adequada prescrição medicamentosa para o idoso dadas as

suas singularidades, por exemplo: a presença da síndrome da fragilidade em determinados

indivíduos, a presença de múltiplas comorbidades, a polifarmácia (uso de cinco ou mais

medicamentos) e as interações medicamentosas (ARDUINO; MANGONI, 2012; HILMER;

FORD, 2009; MALANI; VAITKEVICIUS; ORRINGER, 2009; MANGONI; JACKSON,

2004; MCLEAN; LE COUTEUR, 2004; PASSARELLI, 2005). Além disso, a falta de rotinas

para a segurança na prescrição de medicamentos contribui para o surgimento de EAM

desnecessários em idosos. São exemplos de práticas que favorecem a segurança no uso de

medicamentos: checagem de alergia a medicamentos; dupla checagem de doses de

medicamentos; ajuste de doses conforme a função renal; e reconhecimento de potenciais

interações medicamentosas (MALANI; VAITKEVICIUS; ORRINGER, 2009).

1.3 - Segurança no uso de Medicamentos

A despeito dos inegáveis benefícios da terapêutica farmacológica, é preciso considerar

os eventuais riscos inerentes a ela. A Segurança do Paciente é definida como a redução a um

mínimo aceitável do risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde (MINISTÉRIO

DA SAÚDE, 2013).

Para o estudo da Segurança de Medicamentos, alguns conceitos essenciais devem ser

explorados, com base no Glossário de Termos Relacionados à Segurança do Paciente e Uso de

Medicamentos (COMMITTEE OF EXPERTS ON MANAGEMENT OF SAFETY AND

QUALITY IN HEALTH CARE, 2005).

Um evento adverso é caracterizado por dano não intencional infligido ao paciente

decorrente de um ato, comissão ou omissão do cuidado de saúde prestado, não justificado por

condição de saúde ou doença adjacente. Eventos adversos a medicamentos incluem qualquer

dano, leve, moderado ou grave, causado pelo uso de um medicamento com finalidade

terapêutica, definição que engloba reações adversas a medicamentos (RAM) e erros de

medicação (COMMITTEE OF EXPERTS ON MANAGEMENT OF SAFETY AND

QUALITY IN HEALTH CARE, 2005). A Organização Mundial da Saúde (OMS) define RAM

como “qualquer resposta prejudicial ou indesejável e não intencional que ocorre com

medicamentos em doses normalmente utilizadas no homem para profilaxia, diagnóstico,

tratamento de doença ou para modificação de funções fisiológicas” (OMS, 1972).

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Erros de medicação são definidos como qualquer evento evitável que possa ser causado

pelo uso inadequado de medicamentos ou que cause dano ao paciente enquanto o medicamento

está sob controle de um profissional de saúde, paciente ou consumidor. Isso inclui os erros de

prescrição, de rotulagem, de armazenamento, de nomenclatura, de dispensação, de distribuição,

de administração, de educação, de monitoramento e de uso (NATIONAL COORDINATION

COUNCIL FOR MEDICATION ERROR REPORTING AND PREVENTION, 2014) (Figura

5).

Quanto ao mecanismo, as RAM podem ser classificadas como tipo A e tipo B. As

primeiras são responsáveis por 70 a 80% dos casos, associadas a características dos fármacos,

previsíveis e geralmente dose-dependentes; já o tipo B, idiossincrásicas ou alérgicas, e

geralmente não são dose-dependentes (CLASSEN et al., 1991).

São consideradas RAM graves reações que trazem risco ou resultam em morte,

requerem internação hospitalar, prolongam a hospitalização, resultam em incapacidade,

deficiência persistente ou significativa, ou se manifestam como anomalias congênitas

(COMMITTEE OF EXPERTS ON MANAGEMENT OF SAFETY AND QUALITY IN

HEALTH CARE, 2005). A relação entre EAM e erros de medicação está representada na Figura

6. Alguns erros de medicação podem se tornar EAM – são os EAM potenciais. Quando os erros

de medicação causam danos, o EAM é denominado evitável ou desnecessário. Pressupõe-se

que se os protocolos recomendados para uma assistência terapêutica adequada forem seguidos,

o evento desnecessário não acontecerá (COMMITTEE OF EXPERTS ON MANAGEMENT

OF SAFETY AND QUALITY IN HEALTH CARE, 2005).

As condições em que o dano não foi decorrente de um erro, mas sim do risco intrínseco

ao uso do medicamento, são denominadas EAM não evitáveis ou RAM (OTERO;

DOMINGUEZ-GIL, 2000).

Nos estudos sobre segurança no uso de medicamentos realizados no contexto hospitalar,

diferentes frequências de EAM são observadas conforme o método de detecção de EAM

utilizado (MARTINS; GIORDANI; ROZENFELD, 2014; NOREN; EDWARDS, 2009).

Três métodos de detecção de EAM têm sido empregados em pacientes hospitalizados:

a notificação espontânea, a análise retrospectiva de prontuários e a monitorização prospectiva,

na qual os EAM são detectados durante a hospitalização, por meio de revisão dos registros

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clínico-laboratoriais, de entrevista com os pacientes e/ou com os profissionais de saúde

(MANIAS, 2013; NOREN; EDWARDS, 2009). Cada método apresenta virtudes e limitações.

Os EAM têm sido detectados também por meio de rastreadores. Rastreamento é um

termo derivado do inglês screening que denota o significado de peneira – do inglês sieve – rica

em furos. Isso quer dizer que o rastreamento serve para peneirar os possíveis “casos” dentro de

uma população composta por “casos” e “não casos” de determinado agravo ou doença. O

sucesso de um estudo de incidência de eventos adversos depende de um método que produza

julgamentos válidos e seguros. Em situações equivalentes à estudada, a sensibilidade e o valor

preditivo negativo do processo de rastreamento de prontuários médicos devem ser mais

valorizados do que a especificadade e o valor preditivo positivo (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2010). Não há, neste caso, um "padrão ouro" a ser utilizado. Uma avaliação do “padrão ouro”

do dano não está geralmente disponível para revisões implícitas dadas as incertezas envolvidas

na maioria das intervenções médicas e as dificuldades associadas com o desenvolvimento de

padrões clínicos. O dano em questão é um evento que requer que se considere os padrões do

cuidado, assim como a discriminação entre eventos causados por processos de adoecimento e

aqueles que resultam da assistência médica prestada. Três estratégias permitem avaliar a

validade de aferições que não podem ser confirmadas diretamente a partir dos sentidos: validade

de face ou conteúdo, validade de constructo e validade de critério (concorrente). Na ausência

de um padrão de referência aceito na comunidade científica, a avaliação da validade de

conteúdo representa uma alternativa e permite que o processo seja examinado por meio de

peritos. Ainda que represente uma etapa preliminar, a realização de consensos de especialistas

cumpre esta tarefa.

O método de detecção de EAM por meio de rastreadores visa a auxiliar a revisão

direcionada dos prontuários, com redução do tempo despendido e maior viabilidade de

identificação na prática. Os rastreadores propostos pelo Institute for Heathcare Improvement

(IHI), desenvolvidos a partir de 1999, inicialmente estavam voltados para eventos adversos a

medicamentos e foram adaptados conforme as áreas de internação hospitalar, como, por

exemplo, unidade de terapia intensiva. A capacidade dos instrumentos/ processo de

rastreamentos em classificar corretamente ou discriminar diferenças entre os indivíduos ainda

não foi avaliada do ponto de vista psicométrico. Porém a metodologia tem sido amplamente

utilizada em diferentes contextos hospitalares em todo o mundo. O feedback dos resultados

encontrados permite a atualização constante da lista de rastreadores e a retirada de rastreadores

que captam poucos eventos. O rastreamento de eventos tem como objetivo a avaliação de

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26

serviços de saúde, possibilitando a monitorização da melhoria contínua, conforme as medidas

de intervenção propostas para a Segurança do Paciente. O uso de rastreadores permite a

eliminação de casos sem a suspeição de EAM.

Os rastreadores de EAM do IHI apontam prioritariamente para danos causados ao

paciente, sem a proposição de categorizá-los em erros de medicação, em erros por omissão de

medicamentos ou em eventos evitáveis (GRIFFIN; RESAR, 2009).

Figura 5 – Relação entre eventos adversos a medicamentos (EAM), reações adversas a

medicamentos (RAM) e erros de medicação

Fonte: Institute of Medicine of the National Academies, 2006 (adaptado)

Após revisão de literatura, foram observados diferentes dados epidemiológicos acerca

dos EAM, conforme o método de detecção e o delineamento dos estudos.

Jha e colaboradores compararam a detecção de EAM em estudo concorrente por revisão

de prontuário, notificações espontâneas e rastreadores detectados por monitorização

computadorizada. O método computadorizado com rastreadores detectou 45% de todos os

EAM, a revisão de prontuários detectou 65% e as notificações espontâneas, 4% (JHA et al.

2008).

No ano de 1991, de forma pioneira, Classen e colaboradores propuseram uma forma de

rastreamento de EAM a partir da monitorização computadorizada de sinais sentinela em

pacientes internados em hospital de nível terciário (CLASSEN et al., 1991). Essa nova

abordagem elevou a detecção de EAM, comparativamente aos sistemas tradicionais de

detecção, como aqueles de notificação espontânea e voluntária – com baixa sensibilidade e

baixa especificidade (FORSTER, 2005). Os resultados do estudo de Classen e colaboradores

EAM

potenciais

Erros de

medicação

EAM EAM não evitáveis

(RAM)

EAM evitáveis

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27

evidenciaram uma taxa crescente de EAM, conforme o aumento da idade em décadas, sendo

1,4% em adultos jovens e 3,3% em idosos acima de 60 anos (CLASSEN et al., 1991).

Como Classen e colaboradores previam originalmente, o desenvolvimento de um

software capaz de monitorar a Farmácia e a atividade médica poderia não ser reprodutível em

todos os cenários de assistência à saúde. Dessa forma, Rozich e colaboradores modificaram a

metodologia original de Classen e colaboradores e passaram a oferecer treinamento para a

revisão de pequeno número de prontuários sem a necessidade de consultar bancos de dados

eletrônicos, nem sempre disponíveis (CLASSEN et al. 1991; ROZICH; HARADEN; RESAR,

2003).

No Brasil, o método empregando critérios de rastreamento para EAM do Institute of

Healthcare Improvement (IHI) foi aplicado em alguns estudos (Quadro 1). Estudos nacionais

recentes, que avaliaram os EAM em indivíduos internados em hospitais públicos, embora não

se propusessem a estudar idosos, observaram média de idade superior a 50 anos. Foi observada

incidência muito próxima de EAM, entre 14,3% e 15% (GIORDANI ET AL., 2012; ROQUE;

MELO, 2012; ROZENFELD; GIORDANI; COELHO, 2013). Estudo em Minas Gerais

detectou 34,1% de EAM, em delineamento retrospectivo, realizado em uma unidade de terapia

intensiva por meio de monitorização intensiva associada à aplicação de critérios de

rastreamento em pacientes com idade acima de 18 anos (REIS, 2009).

Revisão sistemática com metanálise de estudos observacionais não concorrentes sobre

RAM em indivíduos adultos hospitalizados detectou uma proporção de 8,7% de eventos

(intervalo de confiança [IC 95%]: 4,8–15,3%) (MARTINS, GIORDANI, E ROZENFELD,

2014). A proporção de RAM nesses estudos variou de 1,7% (IC 95%:1,4–2,2) a 15,6% (IC

95%: 10,3–23,0). Tal variação se justificou pela qualidade dos registros disponíveis, pelo

treinamento da equipe de pesquisa, pelo uso de monitorização computadorizada e pelo conjunto

de rastreadores aplicados em cada estudo (MARTINS; GIORDANI; ROZENFELD, 2014).

Além dos danos causados aos indivíduos, os EAM acarretam encargos para o sistema

de saúde. Os idosos sofrem hospitalizações em maior proporção do que a população geral e

geram custos extraordinários com EAM na atenção hospitalar. No Brasil, entre 2002 e 2011,

ocorreram 20.590.599 internações hospitalares de idosos no contexto do Sistema Único de

Saúde. No período, os idosos representavam 16,11% da população, porém contribuíram para

27,85% das internações e 36,47% dos recursos financeiros despendidos (SILVEIRA et al.,

2013). Nos Estados Unidos da América (EUA), os EAM em idosos são responsáveis por

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milhares de mortes por ano, além de acarretar custos financeiros de bilhões de dólares (PAGE;

RUSCIN, 2006).

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29

Autor Desenho de estudo Média de idade e DP População estudada Resultados

ROQUE;

MELO, 2012

Estudo não concorrente em um

hospital público federal

especializado em Cardiologia

no Rio de Janeiro

59 anos (DP = 15,82)

n= 112

Maiores de 18 anos internados por, pelo

menos, 48h.

Foram excluídos os casos obstétricos e os

casos em tratamento oncológico.

21

rastreadores

Incidência=

14,3%

ROZENFELD;

GIORDANI;

COELHO,

2013

Estudo não concorrente em

hospital público federal no Rio

de Janeiro

53,2 anos (DP = 17,4)

n=128

Pacientes com 15 anos ou mais, internados

por, pelo menos, 48h.

Foram excluídos os casos obstétricos e

aqueles internados no setor de emergência.

18

rastreadores.

Incidência=

15,6%

23,6

EAM/100

prontuários

GIORDANI et

al., 2012

Estudo não concorrente em

hospital público de ensino no

Paraná

50,8 anos (DP = 20)

n= 240

Pacientes com 15 anos ou mais.

Foram excluídos o período de UTI, os casos

obstétricos e as internações com menos de

48h.

19

rastreadores

Incidência =

14,6%

18,3

EAM/100

prontuários

Quadro 1 – Eventos adversos a medicamentos (EAM) em pacientes hospitalizados, identificados por rastreadores, Brasil

Pr

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30

*DP = desvio padrão; n = tamanho da amostra; UTI= unidade de terapia intensiva

Autor Desenho de estudo Média de idade e DP População estudada Resultados

REIS, 2009 Estudo transversal 54,5 anos

N=299

Pacientes maiores de 18 anos,

internados em UTI por pelo menos

cinco dias

22

rastreadores+monitorização

intensiva

Ocorrência de EAM =

34,1%

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31

A detecção de EAM em idosos hospitalizados em Amsterdã/Holanda

(KLOPOTOWSKA et al., 2013a), em um grupo de 250 indivíduos acima de 65 anos com a

média de idade de 76,9 anos, em sua maioria admitida para cuidados agudos (85,2%), utilizou

estratégia específica do IHI (GRIFFIN; RESAR, 2009) em conjunto com revisão de

prontuários. Foram identificados retrospectivamente 118 EAM em 62 pacientes e taxa de 47,2

EAM por 100 hospitalizações. Foram detectados pelo método do IHI 17,2 EAM a cada 100

hospitalizações e o restante foi identificado por meio de revisão completa de prontuários. A

população de estudo utilizava cinco ou mais medicamentos antes da admissão. Nesse estudo

foram contemplados EAM por omissão (KLOPOTOWSKA et al., 2013a).

Além de estudos não concorrentes com rastreadores, outros pesquisadores realizaram

estudos concorrentes sobre o tema no Brasil. Passareli e colaboradores observaram RAM em

61,8% dos idosos internados em enfermaria de Clínica Médica de um hospital-escola com 1,7

RAM por paciente em média. Foram identificados como fatores de risco para RAM: o número

de diagnósticos (odds ratio [OR] 1.41; 95% CI 1.06, 1.86), o número de medicamentos (OR

1.10; 95% CI 1.03, 1.17) e o uso de medicamentos inapropriados (OR 2.32; 95% CI 1.17, 4.58).

Foi proposto um instrumento de predição de RAM conforme os fatores de risco detectados

(PASSARELLI; JACOB-FILHO; FIGUERAS 2005).

Szlejf e colaboradores estudaram pacientes idosos de 60 anos ou mais admitidos em

uma unidade de cuidados agudos do setor de Geriatria de um hospital universitário e

observaram 82 EAM entre os 171 indivíduos avaliados (SZLEJF et al., 2012).

Estudos internacionais observaram incidência variada de EAM. No Canadá, uma coorte

retrospectiva foi acompanhada por 12 anos utilizando ampla base de dados administrativos para

a análise de RAM em idosos com 65 anos ou mais que tiveram ao menos uma hospitalização

no período (SIKDAR et al., 2012). O estudo avaliou 64446 pacientes e verificou incidência de

15,2 RAM por 1000 pessoas-ano (IC 95% 14,8-15,7). A classe terapêutica de medicamentos

cardiovasculares foi a categoria mais comumente associada à RAM (17,7%); algumas

comorbidades foram detectadas como fortes preditores de RAM – insuficiência cardíaca

congestiva (RR 1,58, IC 95% 1,33-1,89), diabetes melitus (RR 2,42, IC 95% 1,64-3,56) e câncer

(RR 3,12, IC 95% 2,58- 3,76). Os autores consideraram que, nesse grupo, com alta

probabilidade de múltiplas comorbidades, a idade por si só não aumenta a chance de EAM

(SIKDAR et al., 2012). Apesar de os idosos estarem sob maior risco de desenvolver EAM em

relação aos jovens, outro estudo revelou que a idade não representava um preditor independente

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para o número de EAM, mas sim o acúmulo de comorbidades e a gravidade da doença de base

(CARBONIN et al., 1991).

Na Índia – país que em 2011 tinha 12,8% dos idosos do mundo – estudo de coorte

prospectivo monitorou 920 pacientes hospitalizados. A mediana de idade foi de 66 anos

(variação de 60 a 108 anos). Cerca de um terço da população do estudo apresentou EAM. Na

análise bivariada, foram considerados como fatores de risco para EAM o número de

comorbidades (≥ 4), o número de medicamentos utilizados (≥10), o tempo de permanência

hospitalar (≥10 dias) e o número de doses de medicamentos administradas (≥200). No modelo

de regressão logística, apenas o sexo feminino se mostrou associado à ocorrência de EAM

(HARUGERI et al., 2011).

Grupo de pesquisadores da Itália acompanhou de forma prospectiva idosos

hospitalizados alocados no Gruppo Italiano di Farmacovigilanza nell’Anziano Sample (GIFA).

A média de idade dos 5936 participantes era de 78 anos (DP = 7,2). Entre os indivíduos, 383

(6,5%) apresentaram RAM. Na análise multivariada, mostraram-se associados ao aumento do

risco de RAM: o número de medicamentos, a história de RAM prévia, a presença de quatro ou

mais comorbidades, a insuficiência cardíaca, a hepatopatia e a insuficiência renal. A variável

mais fortemente associada à RAM foi o uso de oito ou mais medicamentos, seguida da história

de RAM prévia (ONDER et al., 2010).

Em estudo prospectivo realizado nos Estados Unidos da América, com 145 idosos de

70 anos ou mais hospitalizados, um em cada seis pacientes apresentou pelo menos um EAM

durante a hospitalização. Os EAM se mostraram associados à prescrição de maior número de

medicamentos novos e à pior cognição segundo o Mini exame de estado mental, instrumento

de avaliação cognitiva (GRAY et al., 1998).

1.4 – Modelo teórico

O modelo teórico a ser considerado baseia-se na premissa de que a ocorrência de EAM

em idosos hospitalizados pode ser predita por fatores relacionados ao envelhecimento e à

assistência no ambiente hospitalar (Figuras 6 e 7). O envelhecimento fisiológico acarreta

mudanças na composição corporal, redução da massa renal e decréscimo do fluxo e da massa

hepática. Esse envelhecimento não é homogêneo entre os idosos, havendo diferentes respostas

fisiológicas aos mesmos medicamentos entre os indivíduos. A heterogeneidade do

envelhecimento pode acarretar manifestações atípicas de doenças em determinadas pessoas, o

que dificulta o diagnóstico e a adoção da terapêutica adequada. A medicalização excessiva,

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levando a polifarmácia e a interações medicamentosas inadequadas, pode aumentar o risco de

EAM.

No envelhecimento patológico, a presença da síndrome de fragilidade com acentuação

da mudança da composição corporal e alterações nas respostas aos fármacos, o transtorno

cognitivo e de humor, a falta de rede familiar e social e a desnutrição impõem direta ou

indiretamente maior risco aos EAM.

Estão relacionados à assistência ofertada no ambiente hospitalar: a qualidade dos

recursos humanos, a monitoração e os protocolos padronizados dos processos de trabalho, a

disponibilidade de tecnologia e a manutenção de equipamentos e a organização do ambiente

interno de trabalho (EDMONTON, 2012). Supõe-se nesse modelo que a falta de treinamento

da equipe no assunto da Geriatria e Gerontologia, a baixa adesão à cultura de Segurança do

Paciente, a falta de padronização do armazenamento de medicamentos e a baixa

interdisciplinaridade contribuem direta ou indiretamente para a ocorrência de EAM relacionada

a erros de prescrição, de administração e de aprazamento.

Deve ser considerado um conjunto de fatores intimamente relacionados à ocorrência de

EAM no idoso: composição corporal, função renal, função hepática, variabilidade

interindividual, absorção, transtorno cognitivo, polifarmácia inadequada, cascata iatrogênica,

alterações farmacodinâmicas, uso de medicamentos inapropriados para o idoso e presença de

síndrome de fragilidade (Figuras 6 e 7).

Composição corporal

O envelhecimento fisiológico acarreta modificações da composição corporal. A gordura

corporal aumenta de 20 a 40% e a água corporal reduz de 10 a 15% nos idosos, comparando-se

com os adultos jovens (BEAUFRERE; MORIO, 2000; HILMER; FORD, 2009; KARGI;

MERRIAM, 2000; MCLEAN; LE COUTEUR, 2004; YOUNG; KHOW, 2015), o que resulta

em aumento na concentração de fármacos hidrossolúveis e prolongamento da meia-vida de

fármacos lipossolúveis (BEAUFRERE; MORIO, 2000).

Função renal

Com o envelhecimento, nota-se redução da filtração glomerular e do fluxo plasmático

renal, decorrentes de redução dos néfrons, do peso renal e do fluxo intravascular. O uso rotineiro

da dosagem da creatinina sérica em idosos para a aferição da função renal é questionável,

devido à redução da massa muscular com o próprio envelhecimento (HILMER; FORD, 2009;

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MANGONI; JACKSON, 2004; MCLEAN; LE COUTEUR, 2004). Dessa forma, utiliza-se de

uma fórmula específica para o cálculo do clearance renal – Cockcroft-Gault (COCKCROFT;

GAULT, 1976) –, que leva em consideração o peso, a idade, o sexo e a creatinina sérica.

Fórmula de Cockcroft-Gault (clearance de creatinina)

Há diversos fármacos que sofrem excreção renal, tais como digoxina, hidroclorotiazida

e antibióticos aminoglicosídeos, que devem ter a dose corrigida pela fórmula do clearance renal

(BRUNTON, L.; CHABNER, B.; KNOLLMAN, B., 2011; MCLEAN; LE COUTEUR, 2004).

Função hepática

A redução do fluxo sanguíneo hepático e da massa hepática contribui para a diminuição

da excreção hepática de certos fármacos. Outra manifestação do envelhecimento é a redução

do metabolismo de fármacos que dependem da fase I do metabolismo hepático (reações de

oxidação, redução e hidrólise), cujas enzimas mais envolvidas são aquelas do citocromo P450

(FONTE, 2014; BRUNTON, L.; CHABNER, B.; KNOLLMAN, B., 2011; MANGONI, 2012;

MCLEAN; LE COUTEUR, 2004).

Variabilidade interindividual

O aumento da variabilidade interindividual na resposta fisiológica homeostática ocorre

com o envelhecimento e influencia no efeito dos medicamentos (HILMER; FORD, 2009;

MANGONI; JACKSON, 2004), o que requer maior individualização das prescrições

medicamentosas em idosos. Um exemplo é o efeito hipotensor dos anti-hipertensivos.

Absorção

A absorção é pouco alterada com o avanço fisiológico da idade, mas determinadas

condições que reduzam a acidez gástrica, como a gastrite atrófica, o uso de antagonistas de

receptores histamínicos H2 ou inibidores de bomba de prótons, reduzem a absorção de fármacos

que requerem um ambiente ácido, tais como cetoconazol, ampicilina e composições com ferro

(HILMER; FORD, 2009; MALANI; VAITKEVICIUS; ORRINGER, 2009).

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35

Outras alterações associadas a comorbidades podem influenciar na diminuição da

absorção, entre elas: redução do fluxo esplâncnico, redução do esvaziamento gástrico e redução

da capacidade absortiva do intestino delgado (MANGONI; JACKSON, 2004).

Transtorno cognitivo

Pacientes portadores de transtornos cognitivos são particularmente mais vulneráveis a

EAM a benzodiazepínicos (HILMER; FORD, 2009).

Polifarmácia inadequada

O uso de cinco ou mais medicamentos é considerado polifarmácia. Sabe-se que entre

idosos com múltiplas comorbidades, a polifarmácia pode estar presente, porém a polifarmácia

inadequada pode decorrer do uso irracional de medicamentos supérfluos, da duplicação

terapêutica e, ainda, da desarticulação dos diferentes médicos assistentes.

Existe uma associação direta entre o número de medicamentos e a ocorrência de EAM

(GRAY ET AL, 1998; ONDER ET AL., 2010; PASSARELLI, 2005).

Cascata iatrogênica

A cascata iatrogênica se inicia quando um EAM é diagnosticado erroneamente como

um sinal ou sintoma de uma nova doença. Um fármaco adicional é prescrito e o paciente acaba

predisposto à ocorrência de novos EAM relacionados a tratamento medicamentoso

potencialmente desnecessário. Exemplificando: um caso de síndrome extrapiramidal por

antipsicótico tratado com agente dopaminérgico por um diagnóstico equivocado de Doença de

Parkinson e falta de reconhecimento do EAM (ROCHON; GURWITZ, 1995).

Alterações farmacodinâmicas

Alterações farmacodinâmicas podem resultar no aumento ou na diminuição da

sensibilidade a determinados fármacos, principalmente no sistema cardiovascular e no sistema

nervoso central (SNC) (MANGONI; JACKSON, 2004; MCLEAN; LE COUTEUR, 2004).

Ocorre redução da resposta beta adrenérgica no sistema cardiovascular e aumento da

sensibilidade do SNC a benzodiazepínicos, opioides e anestésicos. Cabe destaque para alguns

fármacos e suas repercussões no organismo do idoso:

diazepam e aumento na sensibilidade à sedação e à hipotensão postural;

redução da resposta cronotrópica ao isoproterenol;

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menor resposta hipotensora aos antagonistas beta-adrenérgicos;

escopolamina e piora cognitiva;

morfina e aumento no efeito analgésico (MANGONI; JACKSON, 2004).

Medicamentos inapropriados para o idoso

Medicamentos inapropriados para idosos são aqueles cuja relação risco-benefício é

desfavorável para seu uso, considerando-se as medidas terapêuticas alternativas existentes.

Há listas de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos criadas a partir do

método de Delphi modificado, como os critérios de Beers que auxiliam na prescrição de

medicamentos de forma específica para essa faixa etária (AMERICAN GERIATRICS

SOCIETY, 2015) e há listas que também englobam potenciais omissões de prescrição, como

os critérios STOPP/START (O’MAHONY et al., 2015). O uso desses medicamentos constitui

fator de risco para EAM (GUARALDO ET AL., 2011; JANO; APARASU, 2007;

O’MAHONY ET AL., 2015; ROZENFELD, 2003) .

Fragilidade

A síndrome da fragilidade é caracterizada por maior vulnerabilidade e dificuldade de

retorno à homeostase após um agente estressor. Associa-se com a redução da albumina sérica,

acúmulo de comorbidades e propensão a EAM (YOUNG; KHOW, 2015).

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Redução da água corporal

Aumento do tecido adiposo

Maior sensibilidadee mudança no

número de receptores

Acúmulo de comorbidades

Fragilidade Transtornos de humor e cognitivos

Insuficiência de rede familiar ou social

Desnutrição

Interações medicamentosas (fármaco-fármaco, fármaco-doença)

Redução da oxidação da Fase I de

biotransformação (citocromo P450)

Redução da excreção renal

e hepática

Variabilidade interindividual

Polifarmácia inadequada

Redução da albumina sérica

Má adesão (ex. automedicação)

Manifestações atípicas de doenças, inclusive de

EAM

Aumento no volume de

distribuição de fármacos

lipossolúveis

Aumento da fração livre de fármacos ligados a proteínas séricas (altera excreção,

metabolismo e farmacodinâmica)

Cascata iatrogênica

Medicalização excessiva

Aumento no tempo de internação

EAM

Diminuição do volume de distribuição de

fármacos hidrossolúveis

Redução da massa renal

Redução do fluxo e da massa hepáticos

Envelhecimento fisiológico Envelhecimento patológico

Dificuldades de

desospitalização

Figura 6 – Modelo teórico proposto – aspectos do envelhecimento

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Figura 7 – Modelo teórico proposto – aspectos da hospitalização

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39

2. JUSTIFICATIVA

Os idosos formam uma população específica, com características peculiares que

influenciam em maior consumo de recursos farmacológicos, além de elevado risco de

ocorrência de EAM.

O excesso de demanda por serviços de internação hospitalar decorrente do

envelhecimento populacional, a polifarmácia e a prescrição inadequada, associados à maior

vulnerabilidade dos idosos a EAM, tornam crescente a importância do reconhecimento e da

vigilância dos EAM em idosos hospitalizados.

A escassez de dados nacionais acerca da incidência de EAM, de estudos relacionados a

medicamentos inapropriados e associados à EAM e a necessidade de ampla aplicação de

medidas de avaliação de EAM em idosos hospitalizados conferem relevância a este estudo. Até

o presente momento, não foi empregado o uso de critérios de rastreamento de EAM em idosos

hospitalizados no cenário nacional.

Espera-se que os resultados desta pesquisa contribuam com o processo de melhoria da

assistência à saúde de pacientes idosos, permitam ampliar o conhecimento a respeito do tema

e, de forma indireta, auxiliem a formulação de políticas de segurança do paciente idoso,

englobando o uso racional de medicamentos; o incentivo à diferenciação da terapêutica

medicamentosa entre adultos jovens e idosos; o emprego de rastreadores de EAM com bom

rendimento em idosos para a construção de indicadores de qualidade; a vigilância de idosos

com características que aumentam o risco de EAM; e o emprego da interdisciplinaridade na

detecção e avaliação dos EAM. O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP),

instituído recentemente pela Portaria do Ministério da Saúde nº 529, ratifica a importância de

investimento e expansão da área de Segurança do Paciente, tornando premente a reformulação

dos modelos assistenciais e gerenciais para a qualificação do cuidado em saúde nos

estabelecimentos do território nacional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

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3. OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL:

Avaliar a ocorrência dos eventos adversos a medicamentos (EAM) em idosos

hospitalizados, em um hospital localizado no Rio de Janeiro.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Estimar a frequência e caracterizar os EAM;

especificar os medicamentos envolvidos nos EAM;

identificar os fatores de risco associados à ocorrência de EAM;

avaliar o desempenho dos rastreadores de EAM.

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41

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo de coorte retrospectiva cujas variáveis de exposição estão ligadas

aos fatores de risco para a ocorrência de EAM descritos na literatura – quais sejam: idade,

número de medicamentos, sexo, tempo de internação hospitalar e presença de determinadas

comorbidades. Aplicou-se, em uma amostra de prontuários de um hospital geral da rede pública

da cidade do Rio de Janeiro, método de revisão adaptado da proposta do Institute for Healthcare

Improvement (IHI), organização sem fins lucrativos criada com o objetivo de aprimorar o

sistema de saúde internacional. O instituto considera que o uso de critérios de rastreamento de

eventos adversos é um método eficaz e aplicável nas instituições de saúde (GRIFFIN; RESAR,

2009).

O processo de revisão de prontuários iniciou-se a partir de 12 critérios de rastreamento

agregados em três subgrupos de acordo com as partes do prontuário pesquisadas: prescrições

de medicamentos e de enfermagem (inclui a ficha anestésica), evoluções multiprofissionais e

exames laboratoriais (Apêndice B).

4.1 – População

A coorte foi formada por pacientes com 60 anos ou mais admitidos nos meses de janeiro,

abril e julho de 2014. Consideraram-se elegíveis aqueles internados por mais de 48 horas nas

enfermarias clínicas e cirúrgicas, procedentes do pronto-socorro, da comunidade ou

transferidos de outra unidade hospitalar. Foram considerados motivos de exclusão neste estudo:

idoso em tratamento oncológico radioterápico ou quimioterápico durante a internação

(toxicidade previsível).

4.2 – Fonte de dados

O hospital geral teve, no ano de 2014, 275 leitos operacionais, distribuídos da seguinte

forma: 139 para as enfermarias cirúrgicas, 59 para as enfermarias clínicas, 31 para as unidades

fechadas, 31 para a Emergência de adultos e 14 para a Pediatria. O hospital concentra

especialmente o atendimento a pacientes cirúrgicos.

Trata-se de hospital de grande porte que está inserido na rede pública do SUS e dispõe

de atendimentos ambulatoriais, de internação e de emergência. O estudo englobou apenas

pacientes internados na unidade de pacientes internados.

As marcações dos ambulatórios ocorrem por meio de pareceres internos, de pareceres

da emergência e do Sistema Nacional de Regulação (SISREG). O atendimento na emergência

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42

ocorre por demanda espontânea, referenciado pelo SISREG ou pela Unidade de Pronto

Atendimento da região.

Prontuários de pacientes foram examinados desde a admissão hospitalar até a saída do

hospital por alta, óbito ou transferência externa. Nesse hospital as prescrições são digitadas em

duas vias nos computadores localizados nas secretarias dos setores correspondentes, com o

nome, o número de prontuário e a localização do paciente. Uma via fica no setor da internação

aos cuidados da enfermagem e a outra via é enviada à Farmácia para a dispensação dos

medicamentos. A prescrição não é eletrônica e não há sistema digital de informação que conecte

a prescrição diretamente à Farmácia. Os acréscimos de medicamentos após a liberação da

prescrição diária são manuscritos.

4.3 – Amostra

Por meio do contato com o Serviço de Internação e Alta (SIA) do hospital que tem

acesso ao sistema de informações e-SUS hospitalar report, foi disponibilizada uma lista das

internações hospitalares ocorridas em 2014 com os seguintes dados: número de prontuário, data

de internação e saída do hospital, local e especialidade de internação, sexo, idade e procedência

do indivíduo. Foi construída uma lista para cada mês de interesse com os dados dos pacientes

elegíveis para o estudo.

Calculada amostra aleatória simples, considerando-se o universo com população finita

(número de internações de idosos para cada mês estudado), o cálculo amostral se orientou pela

seguinte fórmula (CARVALHO et al., 1993):

n - tamanho mínimo da amostra

N - tamanho da população = internações de idosos elegíveis no período estudado

z - margem de erro = erro aceitável na tabela z (curva normal). Sendo erro = 5%, z=1,96

d - intervalo de confiança (d=0,1)

p - proporção da população com EAM (p=0,5)

Levando em consideração as internações de idosos que seguem os critérios de

elegibilidade, estabeleceu-se o tamanho de amostra necessário no período de interesse. Na

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43

análise retrospectiva relativa a três meses, isso representou 176 internações, contabilizando-se

as perdas de 10% (Quadro 2).

Quadro 2 – Descrição do Cálculo Amostral

Mês (2014) Internações

elegíveis Perda de 10% Cálculo amostral

Janeiro 195 215 67

Abril 158 174 62

Julho 190 209 66

Cada elemento das listas de elegíveis foi recodificado em ordem crescente, iniciado pelo

número 1. Por meio da função “tirar amostras aleatórias” do software R, no comando “sample

(1:N, n)”, em que N representou a quantidade de idosos admitidos no mês de interesse e n o

tamanho mínimo da amostra resultante do cálculo amostral, foram sorteados os códigos de

identificação dos elementos a serem estudados. Foi construída, então, a lista definitiva de

códigos de identificação com os respectivos números de prontuários.

Após sorteio para cada mês de interesse, foram solicitados os prontuários para consulta

ao setor do Arquivo Médico do hospital.

4.4 – Coleta de dados

O processo de identificação de EAM se deu em três etapas:

1. análise retrospectiva de prontuários, baseada na busca dos rastreadores;

2. avaliação para descarte de casos não relacionados a EAM e seleção de casos para a

avaliação de especialistas por meio de consenso; e

3. avaliação de especialistas por meio de consenso.

A primeira e segunda etapas de coleta de dados foram realizadas na secretaria da Clínica

Médica com vistas a garantir a guarda adequada de prontuários e a confidencialidade

(Apêndices A, B, C e D).

O trabalho de campo durou cinco meses, incluído o projeto piloto. A equipe de coleta

de dados foi composta pela pesquisadora principal, por duas acadêmicas de Medicina e pela

equipe do consenso (duas farmacêuticas, três enfermeiras e duas médicas). Todos os membros

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da equipe tinham atividades acadêmicas ou profissionais dentro da unidade hospitalar,

independentemente do projeto de pesquisa.

A primeira etapa de coleta de dados esteve sob responsabilidade da pesquisadora

principal e de duas acadêmicas de Medicina, previamente treinadas e constantemente

supervisionadas. A segunda etapa de avaliação e seleção de casos para o consenso foi

coordenada pela pesquisadora principal. O treinamento da equipe constou de reuniões com a

pesquisadora principal e três pesquisadores da Fiocruz com experiência em investigação de

Farmacoepidemiologia e Segurança do Paciente, além da participação de todo o grupo do

consenso em três reuniões que contemplaram piloto do consenso. Os dados foram coletados em

formulários específicos previamente testados, cujos relatórios também serviram de base para as

reuniões de consenso.

Duas reuniões preparatórias foram organizadas. A primeira para a formação das equipes

de trabalho, com os todos os profissionais e com o objetivo de apresentar a equipe, o material

e o local de trabalho; a segunda teve a finalidade de treinamento dos profissionais para que se

familiarizem com os instrumentos dentro da unidade hospitalar.

O consenso de especialistas ocorreu com a presença mínima de um médico, um

farmacêutico e um enfermeiro. O grupo foi formado por duas farmacêuticas, duas médicas e

três enfermeiras, selecionadas a partir de sua vasta experiência nas respectivas áreas de atuação.

A reunião de consenso ocorreu quinzenalmente, com a duração de quatro horas por sessão. A

cada reunião foram analisados cerca de sete prontuários com base na ficha de EAM e na reunião

de consenso (Apêndice E).

O processo de identificação de EAM foi baseado em uma adaptação do método proposto

pelo IHI (GRIFFIN; RESAR, 2009), com revisão diária e retrospectiva de prontuários por meio

de critérios de rastreamento. Dos critérios do IHI foram utilizados aqueles relacionados aos

medicamentos, a saber: “tempo de tromboplastina parcial (PTT) > 100 segundos”, “razão

normalizada internacional (INR) > 6”, “ureia aumentada ou creatinina > 2 vezes o valor basal”,

“glicose < 50 mg/dL”, “uso de vitamina K”, “uso de antialérgicos”, “uso de flumazenil”, “uso

de naloxona”, “uso de antieméticos”, “sedação excessiva/hipotensão”, “suspensão abrupta de

medicamento” e “uso de digoxina” (Quadro 3 e Apêndice D). O critério “exame de fezes

positivo para Clostridium difficile” não foi utilizado, pois nessa instituição hospitalar não existe

a disponibilidade desse exame complementar.

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Os rastreadores foram investigados nas seguintes partes do prontuário: prescrições de

medicamentos e de enfermagem (inclui a ficha anestésica e laudos de exames complementares

realizados sob sedação), evoluções multiprofissionais e exames laboratoriais (Apêndice B)

realizados durante a internação hospitalar (Quadro 3).

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Figura 8 – Fluxograma de elegibilidade e identificação de EAM dos pacientes internados no

hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014.

*Pacientes inelegíveis devido a idade menor que 60 anos, tempo de internação menor que 48h, internação apenas

em unidade fechada ou em uso de quimioterapia ou radioterapia. **Após a seleção da amostra, houve a perda de

10%.

Prescrições

disponíveis

Jan Ab Jul

>=90% 37,7% 35% 49,2%

Janeiro de

2014 =195 Abril de 2014 =

158

Julho de 2014

= 190

Janeiro de

2014 =60

(perda de

Abril de 2014

=56

Julho de 2014

=60

Julho de 2014

= 415 Abril de 2014

= 295 Janeiro de

2014 =344

Inelegíveis

*

N=511

Pacientes

internados em

janeiro, abril e julho

de 2014 = 1054

Avaliação de

rastreadores

Rastreador

positivo N=146

Rastreador

negativo

N=30

EAM

confirmado

N=51 pacientes

Seleção

da

amostra

Participação em

consenso N= 84

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47

Quadro 3 – Critérios de rastreamento de eventos adversos a medicamentos (EAM), local de busca e racionalidade

Critério de rastreamento Local de busca Racionalidade

1. Tempo de Tromboplastina Parcial

(PTT) > 100 segundos

Exames laboratoriais

O PTT > 100 segundos pode se relacionar ao uso de heparina. Considerar EAM se

houver manifestações clínicas de sangramento ou alterações na série vermelha do

hemograma (queda de hematócrito ou hemoglobina).

2. Razão Normalizada Internacional

(INR) > 6

Exames laboratoriais

Valor de INR > 6 pode indicar uso de anticoagulantes orais cumarínicos, como a

varfarina. Considerar EAM se houver manifestações clínicas de sangramento ou

alterações na série vermelha do hemograma (queda de hematócrito ou hemoglobina).

3. Glicose < 50 mg/dL

Evolução multidisciplinar

(em especial da

enfermagem)

Exames laboratoriais

Os episódios de hipoglicemias podem se relacionar ao uso de insulina (NPH ou

regular) ou hipoglicemiantes orais. Prescrição de

medicamentos (em especial

as anotações de

enfermagem)

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Critério de rastreamento

Local de busca

Racionalidade

4. Ureia aumentada ou creatinina > 2

vezes o valor basal

Exames laboratoriais

A ureia aumentada ou creatinina aumentada em pelo menos 2 vezes o valor basal

podem indicar insuficiência renal ou nefrotoxicidade. Considerar EAM quando

houver associação com o uso de medicamentos nefrotóxicos, por exemplo: diuréticos,

antibióticos, anti-inflamatórios, entre outros.

5. Uso de vitamina K

Prescrição de

medicamentos

Considerar EAM se a vitamina K foi utilizada como antídoto de anticoagulantes

cumarínicos em situações de acidentes cumarínicos hemorrágicos.

6. Uso de antialérgicos

Prescrição de

medicamentos (lembrar da

ficha anestésica)

O uso de antialérgicos pode indicar um processo alérgico por medicamentos.

7. Uso de flumazenil

Prescrição de

medicamentos (lembrar da

ficha anestésica e exames

sob sedação)

Considerar EAM se foi utilizado como antídoto de benzodiazepínicos para reversão

de sedação, exceto nos casos de uso habitual como pós-operatório imediato ou após

endoscopia digestiva alta.

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49

Critério de rastreamento Local de busca Racionalidade

8. Uso de naloxona

Prescrição de

medicamentos (lembrar da

ficha anestésica e exames

sob sedação)

Considerar EAM quando utilizado para reverter a toxicidade de opioides, como

depressão respiratória.

9. Uso de antieméticos Prescrição de

medicamentos Considerar antieméticos: bromoprida, domperidona, metoclopramida e ondasetrona.

10. Sedação excessiva/hipotensão

Evolução multidisciplinar

(em especial da

enfermagem)

Prescrição de

medicamentos (em especial

as anotações de

enfermagem)

Considerar EAM se houver relação com medicamentos com potencial hipotensor ou

sedativo. Considerar hipotensão quando pressão arterial sistólica for menor ou igual a

90mmHg e/ou pressão arterial diastólica menor ou igual a 60mmHg (MAYO CLINIC

STAFF, 2014). Atentar para os casos de hipotensão arterial basal já esperada, como

insuficiência cardíaca congestiva ou cirrose hepática.

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Critério de rastreamento Local de busca Racionalidade

11. Suspensão abrupta de

medicamento

???

Prescrição de

medicamentos

Suspensão abrupta deve ser considerada diante de cessação do uso do medicamento

não programada previamente.

Não considerar o critério de rastreamento “Suspensão abrupta de medicação” nas

seguintes situações:

a) quando o medicamento não fora checado previamente na prescrição;

b) quando a falta de administração do medicamento foi devido a indisponibilidade no

estoque;

c) quando atingiu o final do tratamento (ex.: antibiótico).

12. Uso de digoxina Prescrição de

medicamentos

O uso de digoxina foi considerado quando houve pelo menos uma administração de

digoxina via oral ou deslanosídeo intravenoso. Considerar EAM se houver

bradiarritmia, náuseas ou vômtos.

Fonte: Adaptado de Roque, 2014.

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51

A presença de pelo menos um critério garantiu a seleção do paciente para a segunda

etapa do processo de avaliação de potenciais EAM (Figura 9). Prontuários selecionados para a

reunião de consenso foram solicitados ao Arquivo Médico com antecedência de três dias e

foram guardados em armário individual na secretaria da clínica médica.

Os critérios de elegibilidade foram aplicados inicialmente com o auxílio de um sistema

de informação eletrônico utilizado pelo Setor de Admissão e Alta. As perdas decorrentes de

dificuldades de acesso ao Arquivo Médico foram repostas de acordo com novo sorteio da

população de elegíveis remanescente. A seleção da amostra de individuos elegíveis foi iniciada

por meio de planilhas do Setor de Admissão e Alta. Tendo em vista a identificação de falhas no

preenchimento de planilhas fornecidas pelo Setor de Admissão e Alta (adultos fora da faixa

etária de interesse desse estudo e permanência exclusiva em unidade de emergência, por

exemplo), a etapa de revisão de elegibilidade exigiu nova seleção de casos com vistas à

reposição da amostra.

Figura 9 – Fluxograma de identificação de eventos adversos a medicamentos (EAM) dos

pacientes internados no hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014.

Rastreador

Sim

Filtro para o Consenso

Suspeita de EAM

Reunião de Consenso

EAM confirmado

Não é EAM

Não é EAM

Não

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Na terceira etapa, uma vez identificado um possível EAM, o caso era selecionado para

reunião de consenso com o objetivo de avaliar evidências clínicas e a cadeia de causalidade

confirmar a ocorrência do evento.

A reunião de consenso de especialistas ocorria com a presença de pelo menos um

médico, um farmacêutico e um enfermeiro, sustentada pela literatura científica específica para

a discussão de casos e fundamentada na base de dados Micromedex® (TRUVEN HEALTH

ANALYTICS, 2015), acessada via Portal de Periódicos Capes/Ministério da Educação e em

livro texto de farmacologia (BRUNTON, L.; CHABNER, B.; KNOLLMAN, B., 2011).

Para avaliação e estabelecimento da relação de causalidade nos EAM foi utilizado o

algoritmo de Naranjo adaptado (NARANJO et al., 1981), composto por dez perguntas com

respostas objetivas, que classificam o EAM em definido, provável, possível ou duvidoso

(Anexo C e Apêndice F). O algoritmo foi aplicado para cada medicamento envolvido

separadamente, bem como para cada eventual par de interação medicamentosa.

Em relação ao grau de dano do evento, a classificação de National Coordination Council

for Medication Error Reporting and Prevention (NCCMERP) foi utilizada, categorizando-se

os danos em E, F, G, H ou I e adaptando-se o algoritmo para erros de medicação (Anexos A e

B).

Tendo em vista o elevado número de prescrições não disponíveis, decorrente da

ausência ou perda de prescrição, calculou-se a proporção de prescrições disponíveis em

prontuário em relação ao tempo de internação em dias. Desta forma, os casos foram

classificados em três subrupos: ”100% de prescrições disponíveis”, “até 10% de

perda/ausência de prescrições” e “acima de 10% de perda/ausência prescrições”. Considerando

que a identificação de EAM está diretamente relacionada aos medicamentos identificados nas

folhas de prescrição, a ausência das mesmas compromete a análise e é responsável pela

subestimção de eventos, uma vez que não é possível estabelecer o nexo causal entre o

medicamento prescrito e o evento adverso.

4.5 – Variáveis selecionadas

Neste estudo considerou-se como variável resposta o EAM. Conforme adaptação de Roque

(ROQUE, 2014) (Apêndice A), selecionou-se como variáveis explicativas:

idade: variável contínua que expressa a idade em anos do paciente no momento da

internação; calculada pela diferença entre data de nascimento e data de internação.

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sexo: variável categórica nominal composta dos seguintes estratos: feminino ou masculino;

raça/cor de pele: variável categórica estratificada em: preta/negra, parda, branca, amarela e

indígena;

motivo da internação: variável nominal, estratificada em clínico ou cirúrgico;

setor de entrada no hospital: variável nominal categorizada em pronto-socorro, outra

unidade hospitalar (transferência) e ambulatório;

tempo de internação: variável contínua (em dias), calculada pela diferença entre a data da

alta (dia, mês e ano) e a data da internação (dia, mês e ano);

número de medicamentos utilizados durante a internação: variável discreta, definida a partir

de razão entre o número de medicamentos que foram efetivamente administrados e o

número de prescrições disponíveis;

comorbidades:

o conforme Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados

com a Saúde (CID-10): variável demonstrada de duas maneiras – categórica e discreta

– relativa à quantidade de comorbidades segundo a CID-10 com três dígitos.

o conforme Índice de Comorbidades de Charlson: variável discreta representada pela

soma dos pontos referentes às comorbidades presentes (Anexo D). O perfil de gravidade

dos pacientes foi estabelecido por meio do índice de comorbidade Charlson (ICC),

calculado segundo o algoritmo desenvolvido por Quan e colaboradores, adaptado para

a Classificação Internacional das Doenças, décima revisão (CID-10) (Anexo E).

Resultados de exames laboratoriais (tais como hemoglobina, INR, PTT, ureia, creatinina

e glicemia) foram coletados, a partir da data de admissão na unidade de internação hospitalar,

com vistas a contribuir na avaliação de casos.

Os medicamentos foram categorizados conforme a classificação Anatomical

Therapeutic Chemical (ATC) preconizada pela OMS (Anexo F) (WHO, COLLABORATING

CENTRE FOR DRUG STATISTICS METHODOLOGY, 2014).

4.6 – Análise de dados

Foi realizada análise descritiva da população em estudo por meio de gráficos de barras

e de dispersão, a fim de identificar comportamentos e padrões relevantes e favorecer a

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compreensão das estatísticas-resumo. As variáveis contínuas foram apresentadas segundo suas

frequências médias (com seus respectivos desvios-padrão) e as variáveis categóricas segundo

seus valores absolutos e proporções.

Foram calculadas a incidência de pacientes com EAM e a taxa de EAM por 100

pacientes-dia. Por meio da análise bivariada, foi estudada a associação entre a variável resposta

(EAM) e as variáveis explicativas. Foram utilizados o teste t Student e o teste de Wilcoxon-

Mann-Whitney (para variáveis contínuas) e o teste do qui quadrado (para variáveis categóricas).

O teste exato de Fisher foi empregado quando as tabelas de contingência apresentavam

frequência esperada menor que cinco. Nas variáveis com duas categorias foi utilizada a correção

de Yates. O nível de significância estatística utilizado foi de 5%.

As associações de interesse foram avaliadas por meio de modelos de regressão logística

múltipla que estimaram a razão de chances. Os modelos avaliados foram ajustados pela idade.

Foram incorporadas ao modelo explicativo as variáveis independentes que obtiveram

associação estatística significante, além daquelas que possuíam importância do ponto de vista

epidemiológico. O modelo implementado foi diferente do modelo proposto inicialmente devido

ao delineamento e aos objetivos do estudo.

O desempenho dos rastreadores e a capacidade de captação de eventos adversos a

medicamentos foram avaliados por meio de medidas de tendência central, desvio-padrão,

descrição da frequência absoluta e percentual de prontuários com rastreadores. O valor

preditivo positivo dos rastreadores, também denominado rendimento do rastreador, foi

calculado pelo percentual de EAM apontado por cada rastreador, isto é, a proporção entre o

número de EAM apontados por determinado rastreador e o número total encontrado daquele

rastreador.

O processamento e análise de dados foram por meio do software Access® e do software

livre R versão 3.1.2. O presente estudo foi aprovado pelo CEP da Escola Nacional de Saúde

Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ), sob o parecer nº

1.104.671 (Apêndice I). Este estudo atende à Resolução 466/12, que regulamenta pesquisas em

seres humanos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

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55

5. RESULTADOS

5.1 – Características da população geral

No período de seguimento, ocorreram 1054 internações. Dos pacientes considerados

elegíveis (n = 543), 176 fizeram parte deste estudo formando a coorte que foi acompanhada da

admissão hospitalar até a saída por alta, óbito ou transferência.

Foram avaliadas 176 internações em 175 pacientes, distribuídas em três meses não

consecutivos de internação – janeiro (n=60), abril (n=56) e julho (n=60) de 2014. A

reinternação foi considerada um evento independente.

As unidades de internação de interesse deste estudo foram as enfermarias clínicas e as

cirúrgicas. No ano de 2014, nas unidades cirúrgicas, houve 3751 internações, correspondentes

a 40692 pacientes-dia com uma média mensal de 313 hospitalizações. Nas unidades clínicas

houve 991 internações, correspondentes a 18603 pacientes-dia e média mensal de 83

hospitalizações. A população geral hospitalizada no ano de 2014 tem média de idade de 51

anos; a proporção de idosos internados, 41%. O tempo médio de permanência no hospital foi

de 11,4 dias, sendo 10,6 dias entre as especialidades cirúrgicas, e 15 dias entre as especialidades

clínicas. Somando-se especialidades clínicas e cirúrgicas, a média mensal de idosos internados

foi de 161 pacientes.

Das internações elegíveis (n=176), houve baixa disponibilidade de prescrições (<90%)

em 104 casos. Dos pacientes, 146 (82,9%) apresentaram ao menos um rastreador. Desses, 84

casos foram reavaliados por um conjunto de especialistas (Figura 8). Foram confirmados 75

EAM ocorridos em 51 pacientes (29%). A taxa de EAM foi de 42,6 eventos por 100 pacientes

e 21 eventos por 1000 pacientes-dia. Entre os pacientes com EAM, a média de eventos foi de

1,5, e, na amostra completa, 0,4.

Dos 51 pacientes com EAM detectados, 26 apresentaram acima de 90% de prescrições

disponíveis referentes ao período de internação. O subgrupo com mais de 10% de prescrições

faltantes diferiu do primeiro em relação ao número de comorbidades descritas, ao Índice de

Charlson, à presença de doença vascular periférica e de diabetes com complicação.

Com relação à prevalência de comorbidades classificadas segundo a CID-10, as

neoplasias se destacaram, seguidas de doenças do aparelho circulatório e doenças do aparelho

digestivo (Tabela 3).

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56

Quanto às comorbidades incluídas no Índice de Charlson, 33,5% (59) dos pacientes não

apresentaram comorbidades; 34,1% (60) apresentaram uma ou duas comorbidades, 17,6% (31)

três ou quatro comorbidades e 14,8% (26) cinco ou mais comorbidades. Em relação às

comorbidades, não se encontrou diferença estatisticamente significante entre os pacientes com

EAM e aqueles sem eventos (p valor = 0,57).

Neste estudo, verificou-se alta proporção de escolaridade ignorada. Em relação à

gravidade clínica, 66,5% (N=117) dos pacientes apresentaram uma ou mais comorbidades

classificadas pelo índice de Charlson. Das 19 condições clínicas que compõem o índice, as mais

frequentes foram neoplasias, doença vascular periférica e diabetes com complicação. Das

morbidades classificadas segundo a CID-10, as mais frequentes foram neoplasias, doenças do

aparelho circulatório e doenças do aparelho digestivo (Tabela 3). A maior parte dos pacientes

foi internada por motivo cirúrgico, oriunda do ambulatório. Quanto à condição de saída, a

maioria dos pacientes recebeu alta hospitalar para o domicílio. Dos pacientes, 67%

permaneceram na mesma unidade de internação, sem necessidade de transferência interna.

A média etária foi de 70,3 anos e a proporção de homens um pouco mais elevada

(52,6%) (Tabela 4). A distribuição da idade variou de 60 a 96 anos; cerca de 46% eram maiores

de 70 anos. A maior proporção de homens esteve distribuída entre aqueles de 80 anos ou mais.

O tempo médio de internação foi de 20,4 dias (mediana de 15 dias). Nota-se uma

concentração de internações no segmento de 2 a 10 dias. A média diária de medicamentos

administrados por paciente foi de 5,4 (desvio-padrão = 2,8), com mediana de 5.

Os subgrupos – com EAM e sem EAM – diferem em relação ao tempo de internação e

à quantidade de medicamentos utilizados (Tabela 4). Úlcera péptica foi mais frequente entre

aqueles que apresentaram EAM (Tabela 5).

Os EAM variaram de um a cinco eventos por paciente. A maior parte dos pacientes com

EAM apresentou um evento (71%), como esperado.

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57

Tabela 2 – Distribuição de diagnósticos segundo Classificação Internacional de Doenças e

Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) de pacientes internados no hospital Y, Rio de

Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014.

CID-10 do(s) Diagnóstico(s) principal(is) N(%)

Capítulo I - Algumas doenças infectoparasitárias 9 (4,1)

Capítulo II – Neoplasias 61 (27,9)

Capítulo III - Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns

transtornos imunitários 1 (0,5)

Capítulo IV - Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas 4 (1,8)

Capítulo V - Transtornos mentais e comportamentais 1 (0,5)

Capítulo VI - Doenças do sistema nervoso 1 (0,5)

Capítulo VIII - Doenças do ouvido e da apófise mastóide 2 (0,9)

Capítulo IX - Doenças do aparelho circulatório 42(19,2)

Capítulo X - Doenças do aparelho respiratório 10 (4,6)

Capítulo XI - Doenças do aparelho digestivo 32(14,7)

Capítulo XII - Doenças da pele e do tecido subcutâneo 2 (0,9)

Capítulo XIII - Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo 8 (3,7)

Capítulo XIV - Doenças do aparelho geniturinário 22(10,1)

Capítulo XVII - Malformações congênitas, deformidades e anomalias

cromossômicas 1 (0,5)

Capítulo XVIII - Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos

e de laboratório, não classificados em outra parte 3 (1,4)

Capítulo XIX - Lesões, envenenamento e algumas outras consequências

de causas externas 18 (8,2)

Capítulo XXI - Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com

os serviços de saúde 1 (0,5)

Total 218(100)

*Em negrito, as comorbidades mais prevalentes.

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58

Tabela 3 – Distribuição de causa da admissão segundo Classificação Internacional de

Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) de pacientes internados no hospital Y,

Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014.

Causa da admissão segundo CID-10 N %

Capítulo I. Algumas doenças infecciosas e

parasitárias 5 2,8

Capítulo II. Neoplasias 48 27,3

Capítulo III. Doenças do sangue e dos órgãos

hematopoéticos e alguns transtornos imunitários 1 0,6

Capítulo IV. Doenças endócrinas, nutricionais e

metabólicas 2 1,1

Capítulo V. Transtornos mentais e comportamentais 1 0,6

Capítulo VI. Doenças do sistema nervoso 1 0,6

Capítulo VIII. Doenças do ouvido e da apófise

mastoide 1 0,6

Capítulo IX. Doenças do aparelho circulatório 37 21,0

Capítulo X. Doenças do aparelho respiratório 7 4,0

Capítulo XI. Doenças do aparelho digestivo 28 15,9

Capítulo XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 1 0,6

Capítulo XIII. Doenças do sistema osteomuscular e

do tecido conjuntivo 6 3,4

Capítulo XIV. Doenças do aparelho genitourinário 20 11,4

Capítulo XVII. Malformações congênitas,

deformidades e anomalias cromossômicas 1 0,6

Capítulo XVIII. Sintomas, sinais e achados anormais

de exames clínicos e laboratoriais não classificados

em outra parte

3 1,7

Capítulo XIX. Lesões, envenenamento e algumas

outras consequências de causas externas 13 7,4

Capítulo XXI. Fatores que influenciam o estado de

saúde e o contato com os serviços de saúde 1 0,6

Total 176 100

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59

Tabela 4 – Características demográficas de pacientes internados no hospital Y, segundo a

ocorrência de EAM , Rio de Janeiro; janeiro, abril e julho de 2014.

Total

N(%) Com EAM N(%) Sem EAM N(%) p-valor

Idade

Média (desvio-padrão) 70,3 (8,2) 71,3 (9,2) 69,9 (7,7) 0,47€

Mediana 68,1 68,8 67,6

Faixa etária (anos)

60 a 69 95 (54) 27(28,4) 68(71,6) 0,98#

70 a 79 51(29) 15(29,4) 36(70,6)

80 ou mais 30(17) 9(30) 21(70)

Sexo

Feminino 83(47,4) 24(28,9) 59(71,1) 1,0#

Masculino 92(52,6) 27(29,3) 65(70,7)

Motivo de internação

Clínico 45(25,6) 14(31,1) 31(68,9) 0,86#

Cirúrgico 131(74,4) 37(28,2) 94(71,8)

Via de entrada

Emergência 83(47,7) 22(29,5) 61(70,5) 0,89¥

Transferência 3(1,7) 1(33,3) 2(66,7)

Ambulatório 88(50,6) 26(29,5) 62(70,5)

Condição de saída

Alta 154(87,5) 48(31,2) 106(68,8) 0,24¥

Transferência 3(1,7) 0 3(100)

Óbito 19(10,8) 3(15,8) 16(84,2)

Número de

comorbidades

segundo CID-10

Nenhuma 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0,79#

1 ou 2 86 (48,9) 23 (26,7) 63 (73,3)

3 ou 4 65 (36,9) 20 (30,8) 45 (69,2)

5 ou mais 25 (14,2) 8 (32) 17 (68)

Tempo de internação (dias)

Média (desvio-padrão) 20,4 27,2 (19,9) 17,6 (13,3) 0,0004€

Mediana 15 22 14

Número de medicamentos

utilizados (por prescrição)

Média (desvio-padrão) 5,4 (2,8) 6,1(3,1) 5,1(2,6) 0,04€

Mediana 5 6 4,85

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60

Transição de cuidados

Sim 58(32,8) 16(27,6) 42(72,4) 0,91#

Não 118(67,2) 35(29,7) 83(70,3)

# Teste qui-quadrado ¥ Teste exato de Fisher €Mann-Whitney. Em negrito – com significância estatística p-

valor<0.05

Tabela 5 - Distribuição de condições clínicas classificadas de acordo com o Índice de

Comorbidades de Charlson segundo ocorrência de EAM, hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro,

abril e julho de 2014

Presença de comorbidades Total Com EAM

N(%)

Sem EAM

N(%)

Infarto do Miocárdio 14 4(28,6) 10(71,4)

Insuficiência Cardíaca

Congestiva 13 5(38,5) 8(61,5)

Doença Vascular Periférica 28 10(35,7) 18(64,3)

Doença cerebrovascular 9 3(33,3) 6(66,7)

Demência 5 1(20) 4(80)

Doença pulmonar crônica 6 2(33,3) 4(66,7)

Doença do tecido conjuntivo 1 0 1(100)

Úlcera péptica 3 3(100) 0

Hepatopatia leve 1 0 1(100)

Diabetes sem complicação

crônica 21 4(19) 17(81)

Diabetes com complicação

crônica 22 10(45,5) 12(54,5)

Hemiplegia ou paraplegia 3 1(33,3) 2(66,7)

Nefropatia 20 8(40) 12(60)

Neoplasias 36 9(25) 27(75)

Leucemia 0 0 0

Linfoma 1 0 1(100)

Hepatopatia moderada ou grave 6 2(33,3) 4(66,7)

Tumor sólido metastático 12 2(16,7) 10(83,3)

HIV/AIDS 0 0 0

5.2 – Características dos EAM

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61

Foram confirmados 75 EAM na população estudada. A hipotensão arterial foi o EAM

mais frequente (66,7%), seguido de náuseas e vômitos (8%), hipoglicemia (6,7%) e

nefrotoxicidade (6,7%) (Tabela 6).

Tabela 6 – Distribuição de eventos adversos a medicamentos segundo tipo, hospital Y, Rio de

Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014.

EAM N %

Hipotensão 50 66,7

Náuseas e vômitos 6 8,0

Hipoglicemia 5 6,7

Nefrotoxicidade/desidratação 5 6,7

Hemorragia digestiva 4 5,3

Reação alérgica 3 4,0

Diarreia 1 1,3

Hiperpotassemia 1 1,3

Total 75 100,0

Em relação à causalidade, a maioria dos EAM identificados foi considerada “possível”

(73%) e “provável” (27%). Não houve EAM considerados “duvidosos” ou “definidos” Quanto

ao grau de dano, 77,3% dos EAM foram classificados na categoria “E” (dano temporário que

resultou em necessidade de uma intervenção) e 21,3% na categoria “F” (dano temporário

responsável que prolonga o tempo de internação). Um caso foi classificado na categoria ”I”, ou

seja, dano que demanda por suporte de vida (Figura 10).

Quanto à duração, a maioria dos EAM durou um dia (N=45), porém 30 casos de EAM

(40%) apresentaram duração de dois a sete dias. Considerando a relação entre a duração em

dias e o grau de dano dos eventos, observou-se a seguinte distribuição: 1 dia (“E”-80% e “F”-

20%), 2 dias (“E”-70% e “F”-30%), 3 dias (apenas “E”), 4 dias (“E”-80% e “F”-20%), 5 dias

(“E”-33,3%, “F”-33,3%, “I”-33,3%), 6 dias (apenas “E”), e 7 dias (“E”-33% e “F”-67%).

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62

Figura 10 – Duração dos eventos adversos a medicamentos, segundo grau de dano

classificado pelo National Coordinating Council for Medication Error Reporting and

Prevention (NCCMERP), hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014.

*E- dano temporário; F- dano temporário que prolongou a internação hospitalar; I- contribuiu ou resultou morte.

Número absoluto.

5.3 – Características dos medicamentos envolvidos nos EAM

Houve 38 medicamentos envolvidos nos EAM, distribuídos em 16 classes

farmacológicas. São detalhados na tabela 7 as classes farmacológicas e os medicamentos mais

frequentemente relacionados a EAM neste estudo. Em 31 EAM houve o envolvimento de

apenas um medicamento. Nos demais, verificou-se a presença de mais de um medicamento.

1 2 3 4 5 6 7

I 1

F 9 3 1 1 2

E 36 7 8 4 1 1 1

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

mer

o a

bso

luto

de

EAM

Tempo de duração do EAM (dias)

Duração dos EAM segundo grau de dano (NCCMERP)

I

F

E

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63

Tabela 7 – Medicamentos envolvidos nos eventos adversos em pacientes internados no

hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014.

Classe farmacológicas segundo Anatomical Therapeutic

Chemical (ATC) N %

A. Aparelho digestivo e metabolismo 11 8,0

A.03. Medicamentos para alterações funcionais do trato

gastrintestinal 4 2,9

Metoclopramida 3 2,2

A.06. Anticonstipantes 1 0,7

A.10. Medicamentos utilizados para diabetes 6 4,3

Insulina NPH 4 2,9

B. Sangue e órgãos hematopoiéticos 10 7,2

B.01. Agentes antitrombóticos 8 5,8

Cilostazol 6 4,3

C. Aparelho cardiovascular 61 44,2

C.01. Terapia cardiológica 1 0,7

C.02. Anti-hipertensivos 3 2,2

C.03. Diuréticos 15 10,9

Hidroclorotiazida 9 6,5

Furosemida 5 3,6

C.07. Betabloqueadores 6 4,3

Atenolol 5 3,6

C.08. Inibidores de canal de cálcio 12 8,7

Amlodipina 12 8,7

C.09. Agentes que atuam no sistema renina angiotensina 24 17,4

Losartan 10 7,2

Enalapril 6 4,3

Captopril 5 3,6

J. Anti-infecciosos de uso sistêmico 8 5,8

J.01. Antibióticos de uso sistêmico 8 5,8

M. Sistema musculoesquelético 1 0,7

M.03. Relaxantes musculares 1 0,7

N. Sistema nervoso 47 34,1

N.02. Analgésicos 28 20,3

Dipirona 23 16,7

Morfina 3 2,2

Tramadol 2 1,4

N.03. Antiepilépticos 1 0,7

N.05. Psicotrópicos 6 4,3

Diazepam 6 4,3 *Em negrito, as classes mais frequentes.

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64

Dentre os medicamentos suspeitos nos eventos que resultaram em hipotensão arterial, a

dipirona foi a mais frequente, seguida de amlodipina, losartan e hidroclorotiazida (Tabela 8).

De acordo com a classe farmacológica, observaram-se com maior frequência medicamentos

que atuam no sistema cardiovascular envolvidos com hipotensão postural, seguidos daqueles

que atuam no sistema nervoso (Tabela 9).

Tabela 8 – Medicamentos suspeitos envolvidos em eventos adversos a medicamentos com

hipotensão, no hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014.

Medicamento N %

Dipirona 22 17,2

Amlodipina 13 10,2

Losartan 13 10,2

Hidroclorotiazida 10 7,8

Enalapril 7 5,5

Fentanil 6 4,7

Atenolol 5 3,9

Cilostazol 5 3,9

Diazepam 5 3,9

Furosemida 5 3,9

Valsartan 5 3,9

Captopril 3 2,3

Clonidina 3 2,3

Metoclopramida 3 2,3

Propofol 3 2,3

Bupivacaina 2 1,6

Lidocaina 2 1,6

Metoprolol 2 1,6

Morfina 2 1,6

Omeprazol 2 1,6

Propranolol 2 1,6

Ranitidina 2 1,6

Amiodarona 1 0,8

Carvedilol 1 0,8

Cisatracurio 1 0,8

Fenitoina 1 0,8

Hidralazina 1 0,8

Nifedipina 1 0,8

Total 128 100,0

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65

Tabela 9 – Classes de medicamentos envolvidas em eventos adversos com

hipotensão,segundo o primeiro nível da classificação Anatomical Therapeutic Chemical

(ATC), hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho de 2014.

Classes segundo ATC N %

A. Aparelho digestivo e metabolismo 7 5,5

B. Sangue e órgãos hematopoiéticos 5 3,9

C. Aparelho cardiovascular 72 56,3

M. Sistema musculoesquelético 1 0,8

N. Sistema nervoso 43 33,6

Em 22,7% (n=17) dos EAM verificou-se a presença de interação medicamentosa em

oito pacientes e uma duplicidade terapêutica. Quatro interações apareceram mais de uma vez

(Tabela 10).

Tabela 10 – Interações medicamentosas envolvidas nos EAM, hospital Y, Rio de Janeiro,

abril e julho de 2014.

Pares de interação medicamentosa N*

(dias)

amlodipina vs. fentanil 1

clonidina vs. nifedipina 1

clopidogrel vs. AAS 1

enalapril vs. furosemida 1

enalapril vs. hidroclorotiazida 1

enoxaparina vs. clopidogrel 1

enoxaparina vs. AAS 2

furosemida vs. propranolol 1

losartan vs. captopril 1

losartan vs. valsartan 3

metoprolol vs. ranitidina 2

omeprazol vs. propranolol 2

Total 17

*N= total de dias em que a interação medicamentosa foi encontrada

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66

5.4 – Modelos explicativos

Nas tabelas 11 e 12 são apresentados os modelos de regressão múltipla de fatores

associados à ocorrência de EAM. No primeiro modelo foi incluída a variável idade com vistas

ao ajuste de gravidade. Dos fatores associados, o número de comorbidades, mesmo sem

significância estatística, foi mantido em todos os modelos em decorrência do seu significado

clínico e epidemiológico.

No modelo final foram incluídas as variáveis de ajuste de gravidade, o tempo de

internação e o número de medicamentos (modelo 4). O tempo de internação hospitalar (OR =

1,04; IC 95% = 1,01-1,06) e a média diária de medicamentos (OR = 1,11; IC 95% = 0,96-1,26)

implicaram em aumento da chance de EAM (Tabela 11). Em relação à idade, há um incremento

de 2% na chance para cada ano adicional (OR = 1,02; IC 95% = 0,98-1,07), ou seja, quanto

mais avançada a idade, pior o prognóstico. Ao analisar separadamente aqueles pacientes em

que foi possível obter pelo menos 90% das prescrições disponíveis em prontuário, o tempo de

internação manteve-se como fator de risco para a ocorrência de EAM (OR=1,04; IC 95%=1-

1,08).

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67

Tabela 11 – Fatores associados à ocorrência de EAM, hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro,

abril e julho de 2014 (Total e subgrupo com >90% das prescrições disponíveis).

Coef

beta OR

p-

valor IC95%

Modelo 1

Idade 0,02 1,02 0,3 0,98-1,06

AIC 214,15

Modelo 2

Idade 0,02 1,02 0,35 0,98-1,06

Número de comorbidades (CID-10) 0,09 1,09 0,41 0,89-1,34

AIC 215,48

Modelo 3

Idade 0,02 1,02 0,27 0,98-1,07

Número de comorbidades (CID-10) 0,07 0,93 0,54 0,73-1,18

Tempo de internação 0,04 1,04 0,0008 1,02-1,06

AIC 204,14

Modelo 4

Idade 0,02 1,02 0,32 0,98-1,07

Número de comorbidades (CID-10) 0,16 0,85 0,25 0,7-1,12

Tempo de internação 0,04 1,04 0,003 1,01-1,06

Média diária de medicamentos 0,1 1,11 0,17 0,96-1,29

AIC 204,24

>90% das prescrições

Coef

beta OR p-valor IC95%

Modelo 1

Idade 0,007 1,01 0,8 0,95-1,07

AIC 98,12

Modelo 2

Idade 0,006 1,01 0,85 0,95-1,07

Número de comorbidades (CID-

10) 0,07 1,08 0,67 0,77-1,51

AIC 99,9

Modelo 3

Idade 0,01 1,01 0,66 0,95-1,08

Número de comorbidades (CID-

10) -0,07 0,93 0,72 0,64-1,36

Tempo de internação 0,04 1,04 0,04 1-1,08

AIC 97,71

Modelo 4

Idade 0,01 1,01 0,71 0,95-1,08

Número de comorbidades (CID-

10) -0,16 0,85 0,5 0,53-1,36

Tempo de internação 0,04 1,04 0,06 1-1,08

Média diária de medicamentos 0,08 1,08 0,5 0,86-1,36

AIC 99,25

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68

5.5 – Perfil dos rastreadores

Observou-se a presença de 1641 rastreadores em 3584 pacientes-dia, o que equivale à

taxa de cerca de 46 rastreadores por 100 pacientes-dia. Dentre as 176 internações, 83% (n=146)

tinham ao menos um rastreador presente.

O rastreador “uso de antieméticos” foi o mais encontrado (n=705), seguido de

“hipotensão/sedação excessiva” (n=460) e “suspensão abrupta de medicamento” (n=259). O

rendimento do rastreador identifica sua capacidade de apontar para um EAM. O rastreador com

maior rendimento foi “glicose<50mg/dL”, seguido de “hipotensão/sedação excessiva” e “ureia

ou creatinina aumentada” (Tabela 12).

Tabela 12 – Características dos rastreadores, hospital Y, Rio de Janeiro, janeiro, abril e julho

de 2014.

Rastreador

Ocorrência do

rastreador –

n(%)

Número de

EAM

apontados por

rastreador –

n(%)

Rendimento

(Valor

preditivo

positivo) (%)

Glicose < 50mg/dL 20 (1,2) 5(5,9) 25,0

Hipotensão/Sedação excessiva 460(28) 52(61,2) 11,3

Ureia ou creatinina aumentada 55(3,4) 5(5,9) 9,1

Suspensão abrupta de medicamento 259(15,8) 14(16,5) 5,4

Uso de antialérgico 60(3,7) 3(3,5) 5,0

Uso de antieméticos 705(43) 6(7,1) 0,9

Uso de flumazenil 0 0 0,0

Uso de naloxona 0 0 0,0

PTT > 100 segundos 2(0,1) 0 0,0

INR > 6 3(0,2) 0 0,0

Administração Vit K 8(0,5) 0 0,0

Uso de digoxina 69(4,2) 0 0,0

Total 1641(100) 85# (100) 5,2

*EAM – eventos adversos a medicamentos, n= número. #A diferença entre o número total de EAM detectados no

estudo (75) e o número total de EAM apontado(s) por rastreador (85) é devido à possibilidade de um mesmo EAM

ser apontado por mais de um rastreador.

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69

6. DISCUSSÃO

O método empregado no presente estudo foi capaz de capturar os eventos adversos a

medicamentos (EAM) nessa população específica. Ainda que nem todas as prescrições

estivessem disponíveis na análise retrospectiva dos prontuários, eles foram mantidos para a

etapa da análise, uma vez que tal situação só era evidenciada após a revisão do prontuário. A

disponibilidade das prescrições não foi considerada um critério de elegibilidade.

Dentre os medicamentos suspeitos, os mais frequentemente envolvidos em EAM

foram aqueles que atuam no aparelho cardiovascular, seguidos dos que agem no sistema

nervoso. Foram identificados eventos adversos envolvendo medicamentos amplamente

utilizados em idosos, como a dipirona.

Diferentemente de outros estudos, alguns dos fatores sabidamente relacionados aos

EAM não se mostraram associados à população estudada. Pacientes idosos internados em

unidades hospitalares de cuidados agudos deveriam ser avaliados quanto ao curso, ao

tratamento e ao prognóstico relacionados à causa de admissão, os quais estão intimamente

ligados à funcionalidade, à cognição, ao uso prévio de medicamentos e à presença de síndrome

de fragilidade (FLANDERS; PODRAZIK, 2009). Entretanto, não se realizam rotineiramente

tais medidas ou escalas geriátricas nessa unidade hospitalar. Acredita-se que a inclusão desse

conjunto de fatores/medidas, particularmente em um estudo de seguimento, permitiria o

adequado ajuste de gravidade e compreensão do processo causal.

Ainda que o estudo envolvesse exclusivamente idosos e, portanto, apresentasse uma

variabilidade etária relativamente baixa, verificou-se um incremento de 2% na chance de EAM

para cada ano adicional, ou seja, quanto mais avançada a idade, pior o prognóstico. Em alguns

estudos em idosos, a idade não se mostra como fator independente para a ocorrência de EAM

(BOWMAN et al., 1996; GRAY et al., 1998; PASSARELLI; JACOB-FILHO; FIGUERAS,

2005b), e sim outros fatores como número de medicamentos, tempo de internação, número de

comorbidades ou uso de álcool (CARBONIN et al., 1991). No estudo de Carbonin, observou-

se redução no uso de medicamentos e na ocorrência de EAM entre os muito idosos (80 anos ou

mais) (CARBONIN et al., 1991). É possível que, como a população estudada contivesse apenas

30 idosos acima de 80 anos (cerca de 17%), não tenha sido possível captar essa redução dos

EAM no extremo superior da faixa etária.

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70

A elevada parcela de prescrições faltantes sugere deficiências na estrutura e no processo

assistencial. O adequado registro e arquivamento de prontuários estão associados à qualidade

do cuidado prestado. Acredita-se que o baixo percentual de prescrições disponíveis tenha

influenciado a taxa de eventos por pacientes e a taxa de eventos por pacientes-dia,

subestimando-as. Na abordagem metodológica utilizada, a captação de eventos está diretamente

relacionada à qualidade do registro, tendo em vista a viabilidade de estabelecimento do nexo

causal.

A falta de dados relacionados à saúde do idoso no hospital estudado não permitiu que o

modelo teórico proposto fosse de fato implementado; credita-se esse fato à ausência de um setor

de geriatria e gerontologia. No modelo implementado, a magnitude das medidas de efeito foi

baixa, fato que pode estar relacionado a fatores como viés de seleção (causado pelo baixo

percentual de prescrições disponíveis), confundimento residual e presença de interação de

variáveis (modificadores de efeito). Ainda assim, associações como tempo de internação e

número de medicamentos foram compatíveis com a literatura.

Verificou-se tempos de permanência elevados (superiores a 10 dias) compatível com o

perfil clínico da população estudada, já com grande número de comorbidades. É possível que a

elevada presença de pacientes com doenças neoplásicas esteja relacionada ao fato de o hospital

dispor de um centro oncológico próprio; da mesma forma, tratando-se de hospital de referência

para tratamento de Cirurgia Vascular, concentram-se casos de doença vascular periférica. Em

estudo realizado no Sul do país, a internação de idosos ocorreu principalmente por doenças do

aparelho circulatório, seguidas de doenças do aparelho respiratório, digestivo e de neoplasias

(MARTIN et al., 2006).

Das internações, 29% transcorreram com pelo menos um EAM e uma taxa de EAM de

42,6 EAM por 100 internações, número expressivo considerando-se o método de detecção de

eventos e o delineamento retrospectivo utilizado.

Houve perpetuação de EAM em alguns pacientes. Em 30 casos, os EAM duraram de

dois a sete dias. Tal fato pode refletir a falta de reconhecimento dos EAM pela equipe

assistencial, com a manutenção de fármacos suspeitos nas prescrições.

Em virtude da notória escassez de estudos desta natureza, empregando a detecção de

EAM em idosos por meio de rastreadores, os resultados desse estudo serão comparados àqueles

realizados em populações de perfis etários e epidemiológicos distintos.

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71

Em estudo nacional em hospital geral com população de adultos, que empregou o

método do IHI, foram detectados 26,6 EAM a cada 100 prontuários e 15,6% dos pacientes

tiveram pelo menos um EAM (ROZENFELD, 2013). Em pesquisa realizada em pacientes

adultos hospitalizados em unidade de referência para causas externas, foram identificados 18,3

EAM por 100 pacientes e a proporção de pacientes com EAM foi de 14,6% (CANO, 2011). Em

pesquisa realizada em pacientes adultos internados em UTI predominantemente cirúrgica,

foram evidenciados 13,8 EAM por 100 pacientes (ROQUE, 2014).

O único estudo encontrado em idosos que aplicou o método de detecção de EAM do IHI

revelou 43,2 EAM a cada 100 pacientes, dentre os quais apenas 17,2 EAM a cada 100 pacientes

detectados pelos rastreadores, o restante evidenciado por meio de revisão completa de

prontuário. O delineamento do estudo foi retrospectivo em hospital geral universitário de

Amsterdã, e adaptou os critérios do IHI, ultilizando painel de especialistas para a confirmação

dos EAM (KLOPOTOWSKA et al., 2013b). Diferentemente de Klopotowska et al., o presente

estudo captou 42,6 EAM a cada 100 pacientes utilizando-se apenas do método com rastreadores

do IHI.

Neste estudo observou-se a maior incidência de EAM em idosos hospitalizados captados

por rastreadores até agora vista em literatura. Verificou-se apenas um estudo aplicando tal

metodologia em idosos (KLOPOTOWSKA et al., 2013c); da mesma forma, há poucos estudos

nacionais sobre EAM em idosos hospitalizados. A pré-seleção de prontuários por meio da busca

dos rastreadores de eventos adversos poderia viabilizar um método mais ágil e prático para as

atividades de vigilância de medicamentos dos núcleos hospitalares de Segurança do Paciente.

Apesar de não haver medidas ou escalas específicas para o idoso neste estudo, acredita-

se que a presença de médico geriatra em todas as etapas colaborou com uma visão focada na

saúde do idoso e enriqueceu as reuniões de consenso.

A análise da causalidade dos EAM esteve de acordo com outros estudos (CANO, 2011;

REIS, 2009; ROQUE, 2014), pois encontrou a maioria dos EAM possíveis, seguidos de

prováveis, segundo a classificação de Naranjo (Anexo C). A ausência de EAM duvidosos

sugere eficiência na etapa de filtro prévia à reunião de consenso, enquanto que a ausência de

EAM definidos pode ser explicada pela presença de causas alternativas, como múltiplas

comorbidades e medicamentos suspeitos.

A classificação quanto ao grau de dano dos eventos seguiu outros estudos com

predomínio de EAM do tipo E, ou seja, aqueles cujo dano é temporário, porém com necessidade

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72

de intervenção, mesmo nos casos com múltiplos EAM na mesma internação (CANO, 2011;

ROQUE; MELO, 2012).

Comparando-se a outros estudos que utilizaram o IHI como método de rastreio de EAM,

a hipotensão foi o EAM mais encontrado em um deles (ROQUE, 2014), cuja população era

diferente do atual estudo – composta por adultos jovens e idosos internados em unidade de

terapia intensiva. Em segunda colocação, o evento náuseas e vômitos, seguido da hipoglicemia

e da nefrotoxicidade/desidratação.

No presente estudo, a hipotensão arterial foi o EAM mais encontrado, causado

principalmente por medicamentos que agem no aparelho cardiovascular. A presença de

hipotensão arterial per se foi considerada um EAM entre os idosos, tendo em vista suas

consequências danosas, tais como aumento da mortalidade cardiovascular e aumento do risco

de demência vascular (MORETTI ET AL., 2008; SLANY, 2013; YI; HONG; OHRR, 2015) .

No envelhecimento fisiológico, existe decréscimo dos níveis de aldosterona e

consequente redução na atividade da renina plasmática, o que leva à redução da sensação de

sede, redução da resposta renal à ação do hormônio antidiurético (ADH) e predisposição maior

à depleção de volume e desidratação (GRUENEWALD; MATSUMOTO, 2009). Em uma

unidade hospitalar com idosos deve-se atentar para o seu grau de hidratação, visto que a

hipovolemia pode ser precipitada por diversos fatores, tais como: infecções, pós-operatório,

sangramento, medicamentos, redução da ingestão de líquidos por redução do nível de

consciência, entre outros. Tal alteração fisiológica do envelhecimento pode facilitar o

surgimento de EAM, como hipotensão e nefrotoxicidade.

Foram encontrados alguns casos de quedas intra-hospitalares associadas à hipotensão

arterial. Há a possibilidade de que tais casos estivessem relacionados à hipotensão postural,

medida não aferida rotineiramente nessa unidade hospitalar. A hipotensão poderia representar

um fator intermediário para o surgimento de quedas nessa faixa etária.

A hipertensão arterial é mais prevalente nas faixas etárias idosas. O controle pressórico

no idoso hipertenso deve levar em consideração suas comorbidades e fatores específicos do

paciente com vistas a diminuir os EAM (SUPIANO, 2009). A conciliação medicamentosa na

transição de cuidados não foi registrada nas admissões, portanto, o uso contínuo de

medicamentos anti-hipertensivos pode ter sido prejudicado após a admissão hospitalar e doses

elevadas dos medicamentos podem ter sido acrescentadas diferentemente do regime terapêutico

prévio (FLANDERS et al., 2009). Além disso, a adesão terapêutica dos idosos pode ser

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73

influenciada pela polifarmácia, transtornos cognitivos, déficits sensoriais (LEPPIK, 2009) ou

falta de rede social ou familiar. Se a adesão domiciliar não for adequada, a introdução de anti-

hipertensivos e da dieta hipossódica na internação hospitalar poderiam acarretar queda dos

níveis pressóricos, fato que pode ter ocorrido em alguns pacientes com hipotensão deste estudo.

Houve casos discutidos nas reuniões de consenso que foram inconclusivos em relação à

ocorrência de EAM, mas sugeriram falhas na conciliação medicamentosa e na adesão

terapêutica.

A maioria dos pacientes estava internada por motivos cirúrgicos. Nos períodos per e

pós-operatórios há redução do volume intravascular, e, em decorrência do envelhecimento

fisiológico, existe maior dependência da pré-carga do ventrículo esquerdo para a manutenção

do débito cardíaco (MALANI; VAITKEVICIUS; ORRINGER, 2009). Com a redução da pré-

carga devido à hipovolemia do trauma cirúrgico, há maior risco de hipotensão.

Alguns dos eventos podem ser explicados pela possível variabilidade interindividual na

resposta terapêutica aos fármacos anti-hipertensivos, causada por fatores como

farmacogenética, que não foi explorada nesse estudo.

A hipoglicemia é um evento com alto potencial de gravidade. O cérebro é

particularmente vulnerável a danos decorrentes de hipoglicemia, visto ser totalmente

dependente da glicose como substrato energético (CHANG; HALTER, 2009; SCHELP;

BURINI, 1995). Os medicamentos envolvidos nos eventos de hipoglicemia nesse estudo foram

a insulina NPH e a insulina regular. Em 80% dos casos a insulina envolvida foi a NPH,

provavelmente por ter meia-vida mais longa que a regular (BRUNTON; CHABNER;

KNOLLMAN, 2011).

Os medicamentos nefrotóxicos podem atuar de diferentes maneiras ao causar

insuficiência renal. Na insuficiência renal pré-renal, há dois mecanismos prováveis – a

hipovolemia causada por diuréticos, por exemplo, e o desequilíbrio na autoregulação renal,

causado por inibidores da enzima conversora de angiotensina, bloqueadores de receptor de

angiotensina (BRA), ciclosporina e anti-inflamatórios não esteroidais. Na insuficiência renal

intrínseca, aminoglicosídeos, contraste iodado e imunoglobulina venosa podem levar à lesão de

células tubulares; sulfonamidas podem causar obstrução tubular e há casos relatados de

nefropatia túbulo-intersticial relacionada a inibidores da enzima conversora de angiotensina

(IECA), alopurinol, ampicilina, analgésicos, anti-inflamatórios não esteroidais, cimetidina,

fenitoína, meticilina e tiazídicos (SCHLANGER et al., 2009). No presente estudo, foram

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74

identificadas as seguintes classes farmacológicas envolvidas com nefrotoxicidade:

antimicrobianos, diuréticos, bloqueador de receptor de angiotensina (BRA) e inibidor da

enzima conversora de angiotensina (IECA). Sugere-se que os antimicrobianos estiveram

envolvidos com insuficiência renal intrínseca por nefropatia túbulo intersticial; os diuréticos,

com hipovolemia; e o IECA e o BRA, com modificações dos mecanismos renais

autoregulatórios. Apesar de ser um hospital predominantemente cirúrgico, não foram

detectados EAM por anti-inflamatórios não esteroidais em idosos, podendo indicar uma cautela

dos prescritores e adequada condução clínica nesse aspecto, o que fala a favor da qualidade da

assistência prestada.

Apesar de não haver relato em outros estudos, observou-se que os analgésicos foram os

medicamentos mais associados aos EAM em idosos hospitalizados. Tal fato se deve

provavelmente por serem casos cirúrgicos em sua maioria. De forma pouco esperada, a dipirona

foi o medicamento mais envolvido em EAM deste estudo. Observaram–se casos de

superdosagem, como a administração de 2g de dipirona via iv a cada 4 horas, quando a dose

máxima recomendada é de 4g por dia (TRUVEN HEALTH ANALYTICS, 2015). A dipirona

é um derivado de pirazolona disponível desde 1922 utilizado como analgésico não opioide e

antipirético. Na Alemanha, está liberado o uso com restrições para: analgesia pós-operatória,

dor oncológica, febre refratária a outras medidas, entre outros. Devido ao risco de

agranulocitose, o medicamento se tornou indisponível para comercialização desde 1977 nos

EUA, 1965 na Austrália e recentemente foi banido da Índia. Há países cuja utilização é restrita

(STAMMSCHULTE et al., 2015; UNITED NATIONS, 2005). Não é o caso do Brasil, onde

sua comercialização não prescinde da apresentação de prescrição médica e ainda há a

disponibilidade de associações com outros fármacos. A hipotensão arterial é um EAM da

dipirona (TRUVEN HEALTH ANALYTICS, 2015). Um estudo com doentes críticos

evidenciou a queda de 14.9±11.8mmHg na pressão arterial média 120 minutos após a

administração de dipirona endovenosa (VERA et al., 2012) e há evidências de que o metabólito

ativo da dipirona (4-metil-amino-antipirina) tem maior biodisponibilidade em idosos (LEVY et

al., 2010).

Conforme visto em outros estudos (CANO, 2011; CARBONIN et al., 1991; ROQUE;

MELO, 2010), as variáveis tempo de internação e número de medicamentos utilizados

estiveram associadas aos EAM. Diferentemente de outros estudos, o Índice de Charlson não se

mostrou associado aos EAM (CANO, 2011; ROQUE, 2014). O fato de a população estudada

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75

ser composta apenas por idosos pode ter influenciado de alguma forma aspectos relacionados à

variabilidade dessa característica.

Apesar de ter sido comprovada associação entre hepatopatia e nefropatia e EAM no

estudo de Onder et al., esta não foi evidenciada no presente estudo (ONDER et al., 2010).

Verificou-se aparente diferença na detecção do número de rastreadores entre os estudos,

provavelmente pelo fato de o presente estudo concentrar-se em idosos. Cabe ressaltar que cada

estudo utilizou determinado número de rastreadores de EAM do IHI conforme adaptação ao

local de realização e à população estudada, o que pode interferir na comparabilidade entre os

mesmos.

Muito embora os grupos populacionais sejam diferentes em cada estudo, comparou-se

o número de rastreadores encontrados, visto não haver outros estudos específicos em idosos

que exploram tais dados. O presente estudo empregou 12 rastreadores e detectou a presença de

1641 rastreadores em idosos. Cano detectou 497 rastreadores em 177 prontuários durante

estudo retrospectivo de altas hospitalares ocorridas no decorrer de seis meses, em que empregou

19 rastreadores em adultos jovens e idosos internados principalmente por causas externas

(CANO, 2011). Roque detectou 4130 rastreadores em 310 prontuários em estudo prospectivo

de internações ocorridas em UTI durante 12 meses, utilizando 17 critérios de rastreamento, dos

quais 13 eram relacionados a medicamentos (ROQUE, 2014).

A presença de 1641 rastreadores após a adaptação e redução da lista de rastreadores para

12 sugere que a seleção de tais rastreadores foi efetiva.

O rastreador que captou o evento hipotensão engloba dois sinais clínicos –

“hipotensão/sedação excessiva”. O fato de esse rastreador ser combinado prejudica a análise

individualizada de dois potenciais EAM em idosos.

Sabe-se que delirium é uma síndrome caracterizada por distúrbio da consciência,

atenção, cognição e percepção, reconhecida por início agudo e flutuante da função cognitiva,

cuja etiologia é multifatorial (desidratação, dor, infecções, medicamentos, dentre outros). Pode

ser classificada em hiperativa ou hipoativa e é uma preditora de mortalidade. A hospitalização

de idosos é um fator associado ao surgimento de delirium (INOUYE, 2006; MOORE;

O’KEEFFE, 1999; PESSOA; NACUL, 2006).

Um rastreador que contemplasse apenas sedação excessiva foi pouco observado,

provavelmente por ser mais subjetivo tanto para o investigador na coleta de dados quanto para

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76

a equipe da assistência. Esse rastreador não captou eventos provavelmente devido a sua pouca

especificidade em relação ao EAM. O termo sonolência, sem o uso de medicamentos sedativos,

não foi contemplado neste rastreador.

Sedação excessiva poderia ser um indicador de delirium hipoativo, porém não foi capaz

de captar tais casos. O fato de sedação excessiva e delirium serem multifatoriais dificulta a

verificação de nexo causal com o uso de medicamentos.

O fato de alguns membros da equipe de consenso estarem envolvidos na gerência de

risco, farmacovigilância, comissão de óbitos e de revisão de prontuários agregou valor aos

resultados devido ao olhar mais direcionado à questão da Segurança do Paciente.

Apesar de não terem sido empregados instrumentos para o diagnóstico de erros de

medicação ou EAM desnecessários, nas reuniões de consenso foram discutidos casos que

envolviam a falta de conciliação medicamentosa a cada transição de cuidado, erros de

prescrição, erros de aprazamento, erros de identificação, omissões de doses, ilegibilidade de

prescrições manuscritas e indisponibilidade de certos medicamentos prescritos.

Em relação à conciliação medicamentosa, observou-se que, em grande parte dos casos,

não havia o relato em prontuário dos medicamentos de uso domiciliar, dificultando a

continuidade de medicamentos de uso crônico. Além disso, na transição entre o centro cirúrgico

e a enfermaria, houve casos em que o mesmo medicamento fora administrado no centro

cirúrgico e aprazado na prescrição da enfermaria sem levar em consideração a última

administração, incorrendo em doses elevadas em curto espaço de tempo.

Prováveis erros de prescrição foram detectados em casos de prescrição de via de

administração equivocada (ex.: digoxina 0,25mg IV 1x, sabendo-se que a via de administração

da digoxina é oral ou enteral); modificações manuscritas das prescrições em que se esperava a

manutenção da modificação (ex.: novo antibiótico) não eram repetidas na digitação das

prescrições dos dias subsequentes; perpetuação de prescrições mesmo havendo suspensão de

medicamentos no dia anterior, por exemplo, por hipoglicemia ou hipotensão; denominação

mista dos medicamentos (nomes genéricos e comerciais); falta de informações essenciais nas

prescrições (ex.: “medicamentos de uso domiciliar” sem especificá-los; medicamentos sem a

dose/concentração, apenas “01 comprimido” ou “01 ampola”); prescrições com medicamentos

identificados como “com o paciente” no aprazamento e sem checagem (o medicamento ficava

em posse do paciente ou familiar); manutenção de medicamentos indisponíveis no hospital nas

prescrições subsequentes; e casos de letras ilegíveis nas prescrições manuscritas.

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77

Foram identificadas interações medicamentosas que se perpetuaram nas prescrições

subsequentes do mesmo paciente, como losartan-valsartan – uma duplicidade terapêutica –,

demonstrando falha na assistência. O tempo de duração do EAM também demonstra

perpetuação da prescrição em muitos casos, o que sugere ausência de identificação precoce do

EAM por parte da equipe de assistência que, dentre as medidas a serem tormadas, deveria

suspender o medicamento.

Em relação ao aprazamento, algumas situações sugestivas de erro se repetiram, das

quais destacam-se: falta de constância nos horários de administração ao se comparar a

prescrição atual e a prescrição do dia anterior, levando a oscilações nos horários de

administração conforme o dia; e falta de padronização de aprazamento (ex.: medicamento anti-

hipertensivo via oral 12/12h ora aparecia às 06h e às 18h e ora às 12h e às 24h no mesmo

paciente). Apesar de a avaliação da administração dos medicamentos em estudo retrospectivo

ser pouco contemplada, neste estudo observaram-se prescrições com falta de checagem de

medicamentos aprazados, sem justificativa por escrito, o que remete à omissão de dose.

A identificação adequada do paciente é a primeira meta do programa de Segurança do

Paciente preconizada pelo Ministério da Saúde (WHO COLLABORATING CENTRE FOR

PATIENT SAFETY, 2007). Entretanto, neste estudo foram detectados casos de arquivamento

de documentos de outros pacientes no mesmo prontuário; folhas de evolução ou de prescrição

sem o nome completo do paciente; e dificuldades em identificar as datas das prescrições

(rasuras, ano não compatível ou datas repetidas).

Questões organizacionais foram verificadas em casos de falta de medicamentos

prescritos identificados nas prescrições como “NH” (“não há”).

Quanto à qualidade da assistência, alguns fatos remeteram a uma provável preocupação

da equipe com EAM, tais como: ausência de EAM por digitálico-potencial causador de EAM

em idosos; e interceptação da enfermagem que suspendeu medicamentos conforme os EAM

apresentados, por exemplo, anti-hipertensivos com hipotensões detectadas consecutivamente

nos sinais vitais.

No cálculo amostral, foi considerada apenas a proporção do desfecho (EAM), e não de

cada uma das exposições pesquisadas. Isso conferiu redução do poder estatístico.

Também foram consideradas limitações do estudo a falta de prescrições nos prontuários;

a falta de escalas geriátricas; e o delineamento retrospectivo.

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O baixo percentual de prescrições disponíveis dificultou a inferência do nexo causal

entre o medicamento e o evento adverso, já que não era possível identificar o uso do

medicamento anteriormente ao aparecimento do evento em alguns casos. Isso pode ter

ocasionado a subestimação de eventos. Além disso, prejudicou o cálculo número de

medicamentos utilizados, influenciando as taxas de EAM.

No presente estudo, o número de medicamentos utilizados por prescrição foi de 5,4 (DP

= 2,8), número menor que o esperado para a população idosa, pelo perfil de comorbidades e

polifarmácia extensamente descritos na literatura. Contudo, esta estimativa pode ser explicada

pelo fato de não haver a conciliação medicamentosa rotineira nos processos de admissão

hospitalar no hospital de estudo, além de a maioria dos pacientes serem cirúrgicos e não

clínicos.

A ausência de um serviço de geriatria e gerontologia no hospital provavelmente

influenciou na ausência de dados específicos da saúde do idoso, incluindo potenciais fatores de

risco apontados pelo modelo teórico proposto.

O delineamento retrospectivo não possibilitou a aplicação de instrumentos para avaliar

a funcionalidade, a cognição e a presença de delirium em idosos. Por outro lado, permitiu a

avaliação qualitativa dos eventos, bem como a detecção de deficiências estruturais e

organizacionais da instituição hospitalar.

Apesar dessas limitações, foi possível verificar a utilidade do método para detecção de

EAM em população idosa, bem como identificar algumas possíveis áreas de intervenção para

a melhoria contínua do cuidado.

Como perspectivas, fatores intrínsecos aos idosos deveriam ser mais bem estudados,

como a cognição, a dependência funcional e a presença de síndrome de fragilidade para a

pesquisa de associação com os EAM.

Os indicadores de qualidade de assistência ligados à estrutura e aos processos poderiam

ser avaliados em estudo prospectivo.

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79

7. CONCLUSÃO

O estudo se propôs a analisar a ocorrência dos EAM na população idosa hospitalizada

e foi capaz de identificar a frequência dos eventos, sua gravidade, tempo de duração, fatores

associados e os medicamentos envolvidos, contribuindo para o melhor entendimento dos EAM

em idosos, a partir de resultados robustos comparados à literatura científica.

O foco na população idosa permitiu buscar dentro desse subgrupo etário eventos

causados por qualquer medicamento, não apenas um medicamento específico, permitindo

maior contribuição para o estudo da farmacoterapêutica geriátrica.

A incidência de EAM detectados após o rastreamento de prontuários é relevante sendo

a maior encontrada entre os estudos disponíveis na literatura científica, no cenário nacional. A

preocupação com a segurança do paciente idoso deve estar presente permanentemente nas

intituições de saúde, visto ser população mais vulnerável a EAM. A iatrogenia medicamentosa

é um dos itens que compõem as principais síndromes geriátricas, tamanha sua importância. A

prescrição medicamentosa em idosos tem diversas peculiaridades explicitadas nesta pesquisa,

fato que deve ser lembrado frequentemente pelos prescritores.

Observou-se que medicamentos de uso rotineiro em idosos internados foram associados

a eventos adversos, especialmente a dipirona, a qual é utilizada de forma restrita ao redor do

mundo, diferentemente do Brasil, e carece de estudos de segurança em idosos. A presente

dissertação traz dados que apontam para o uso rotineiro de sobredoses desse fármaco e

justificam maiores estudos acerca da segurança da dipirona em idosos.

A perpetuação de eventos adversos é pouco avaliada nas pesquisas acerca do tema,

porém nesse estudo pôde-se detectar a duração de eventos maior do que um dia em 40% dos

casos, o que remete à falta de reconhecimento do evento pela equipe de assistência e à

intervenção na prescrição tardiamente para reversão ou resolução do quadro.

O rastreador hipoglicemia menor que 50mg/dL obteve o maior rendimento ao apontar

os eventos adversos, apesar de sua baixa ocorrência. É um indicador de fácil reconhecimento e

poderia ser incorporado na vigilância de eventos das instituições hospitalares de forma rotineira.

A partir desses dados, algumas medidas podem ser propostas. Atividades de educação

continuada em Geriatria e Gerontologia entre as equipes de assistência, bem como a

interdisciplinaridade trariam benefícios no sentido de individualizar o tratamento do paciente

idoso dentro do seu contexto biopsicossocial. Nos campos da vigilância de medicamentos e

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80

segurança do paciente, uma maior difusão dos métodos de detecção por rastreamento, além de

adaptação para cada instituição hospitalar conforme seu perfil de pacientes também pode ser

sugerida. A aplicação rotineira dos critérios de rastreamento em busca de eventos adversos

poderia representar um indicador de qualidade da assistência e alimentar os sistemas de

informação para a monitoração contínua, visto se tratar de um método viável para uso pelos

núcleos de segurança do paciente de instituições hospitalares. Além da aplicação dos

rastreadores, as reuniões interdisciplinares para a definição dos casos de EAM poderiam ser

instituídas para a prevenção de novos EAM. Ademais, os resultados do estudo poderiam ser

úteis no fomento e formulação de políticas de segurança do paciente idoso diante da magnitude

do problema.

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APÊNDICE A – FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS

1. Sexo :1 ( ) F 2 ( ) M 999( ) Ignorado

2. Data de nascimento: ____/___/________

3. Raça/Cor de pele: 1 ( ) Preta/negra 2 ( ) Parda 3 ( ) Branca 4 ( ) Amarela 5 ( ) Indígena 999 ( ) Ignorada

4. Estado civil 1 ( ) casado (a) 2 ( ) reside com companheiro (a) 3( ) viúvo (a) 4( ) divorciado (a) 5( )

solteiro(a) 999( ) ignorado

5. Data da admissão no hospital:____/___/________

6. Motivo da internação:1 ( ) Clínico 2 ( ) Cirúrgico 999 ( ) Ignorado

7. Local inicial de internação: 1( ) Clínica Médica 2( ) Cirurgia Geral 3( ) Cirurgia Vascular 4(

) Cirurgia Torácica 5( ) Proctologia 6( ) Cirurgia Plástica 7( ) Neurocirurgia 8( ) Ginecologia

9( )Urologia 10( ) Ortopedia 11( )Centro de tratamento de Queimados 12( )Unidade de Terapia

Intensiva 13( )Unidade Coronariana 14( ) Outros 999 ( ) Ignorada

8. Vias de entrada: 1 ( ) Pronto-socorro 2( ) Outra unidade hospitalar (transferência) 3 ( ) Comunidade

(ambulatório)

9. Data de saída do hospital: ____/___/________

10. Diagnóstico principal(com CID10)

11. Diagnóstico (s) secundário (s) (com CID10):

1. 1.

2. 2.

3. 3.

4. 4.

5. 5.

6. 6.

12. Condição da saída:1 ( ) Alta 2 ( ) Transferência 3 ( ) Óbito 999 ( ) Ignorado

13 Transição de cuidados internamente ao hospital: 1 ( )Sim 2( )Não 999 ( ) Ignorado

14 Data (s) da(s) transferência(s) interna(s) (ordem cronológica): ____/___/________

____/___/________ ___/___/________ ____/___/________ ____/___/_______ _____/___/________

____/___/________

15 Local (is) de transferência (ordem cronológica): -

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

Se óbito:

16 Data do óbito:____/___/________

17 Causa imediata do óbito (CID10):__________________________________________________________

18 Devido a (CID10): _______________________________________________________________________

19 Devido a (CID10): ________________________________________________________________________

20 Causa básica do óbito (CID10):_____________________________________________________________

21 Causas secundárias (CID10):_________________________________________________________

Parte I - Dados demográficos do paciente

Nº da ficha:______________________

Data de nascimento:_______________

Nº prontuário:____________________

Data de preenchimento:_____________

Page 92: Roberta Barros da Costa Parreira - bvssp.icict.fiocruz.br

91

Exame/data

__/__/__

__/__/__

__/__/__

__/__/__

__/__/__

__/__/__

__/__/__

Hemoglobina

INR

PTT

Ureia

Creatinina

Glicose

Exame/data

__/__/__

__/__/__

__/__/__

__/__/__

__/__/__

__/__/__

__/__/__

Hemoglobina

INR

PTT

Ureia

Creatinina

Glicose

Exame/data __/__/__ __/__/__ __/__/__ __/__/__ __/__/__ __/__/__ __/__/__

Hemoglobina

INR

PTT

Ureia

Creatinina

Glicose

Nº da ficha:______________________

Data de nascimento:_______________

Nº prontuário:____________________

Data de preenchimento:_____________

APÊNDICE B – EXAMES

LABORATORIAIS

Page 93: Roberta Barros da Costa Parreira - bvssp.icict.fiocruz.br

92

Medicamento

Data da

prescrição

Data da

prescrição

Data da

prescrição

Data da

prescrição

Data da

prescrição

Data da

prescrição

Data da

prescrição

Data da

prescrição

___/___/__ ___/___/__ ___/___/__ ___/___/__ ___/___/__ ___/___/__ ___/___/__ ___/___/__

Número

de

doses

Via

Número

de

doses

Via

Número

de

doses

Via

Número

de

doses

Via

Número

de

doses

Via

Número

de

doses

Via

Número

de

doses

Via

Número

de

doses

Via

Nome do investigador:

Rubrica do investigador:

APÊNDICE C – FICHA DE COLETA DE MEDICAMENTOS

Nº da ficha:______________________

Data de nascimento:_______________

Nº prontuário:____________________

Data de preenchimento:_____________

GTT – gastrostomia; IM – intramuscular; IV – intravenoso;

OFT – oftalmológico; SC – subcutâneo; SL – sublingual;

SNE – sonda nasoentérica; SNG – sonda nasogástrica; SOE

– sonda oroentérica; SOG – sonda orogástrica; VO – via

oral; VR – via retal

Parte III - Critérios de rastreamento de

potenciais EAM

Page 94: Roberta Barros da Costa Parreira - bvssp.icict.fiocruz.br

93

Nome do investigador:

Rubrica do investigador:

Nº da ficha:______________________

Data de nascimento:_______________

Nº prontuário:____________________

Data de preenchimento:_____________

APÊNDICE D – CRITÉRIOS DE RASTREAMENTO

Critério de Rastreamento ___/___/___ ___/___/___ ___/___/___ ___/___/___ ___/___/___ ___/___/___

1. PTT > 100 segundos 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim

2. INR > 6 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim

3. Ureia aumentada ou creatinina > 2 vezes o valor

basal

1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim

4. Glicose < 50 mg/dl 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim

5. Administração de vitamina K 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim

6.Uso de antialérgicos 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim

7. Uso de flumazenil 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim

8. Uso de naloxona 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim

9. Uso de antieméticos 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim

10. Sedação excessiva/hipotensão 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim

11. Suspensão abrupta de medicamento 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim

12. Uso de digoxina 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim 1 ( ) Não 2 ( ) Sim

13. Outros

Page 95: Roberta Barros da Costa Parreira - bvssp.icict.fiocruz.br

94

6. Rastreador:

(1) PTT > 100 segundos

(2) INR > 6

(3) ureia aumentada ou creatinina > 2 vezes o valor basal

(4) glicose < 50 mg/dL

(5) uso de vitamina K

(6) uso de antialérgicos

(7) uso de flumazenil

(8) uso de naloxona

(9) uso de antieméticos

(10) sedação excessiva/hipotensão

(11) suspensão abrupta de medicamento

(12) uso de digoxina

(13) outros

6.1. EAM?

1 ( ) Sim 2 ( ) Não

Observação sobre o critério de rastreamento:

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

________________

Se sim (anexar ficha do Naranjo)

6.2. Descreva o EAM:

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

________________

6.3. Data do EAM: ____/___/________

6.4. Tempo de duração do EAM em dias:__________

APÊNDICE E – EAM E REUNIÃO DE CONSENSO

Nº da ficha:______________________

Data de nascimento:_______________

Nº prontuário:____________________

Data de preenchimento:_____________

Nome do investigador:

Rubrica do investigador:

Page 96: Roberta Barros da Costa Parreira - bvssp.icict.fiocruz.br

95

Confirmação do EAM

1. Data do consenso de especialistas: ____/___/________

2. Equipe do consenso de

especialista:______________________________________________________________

________________________________________________________________________

3. Avaliação após o consenso de especialista sobre a confirmação do EAM:

1. ( ) Confirmar a ocorrência do EAM

2. ( ) Confirmar a ocorrência do EAM, porém houve necessidade de revisão do prontuário

3. ( ) Confirma a ocorrência do EAM, porém houve necessidade de um revisor externo

4. ( ) Não confirmar a ocorrência do EAM

Nº da ficha:______________________

Data de nascimento:_______________

Nº prontuário:____________________

Data de preenchimento:_____________

Nome do investigador:

Rubrica do investigador:

Page 97: Roberta Barros da Costa Parreira - bvssp.icict.fiocruz.br

96

Nºprontuário:______________________

Data do

EAM: _______________ EAM:____________________________

Data de nascimento:__________________ Data do consenso:______________________ Duração do EAM:_________

Perguntas do Naranjo/Nome do medicamento ou

interação

1- Existem relatos conclusivos sobre este EAM?

2- O EAM apareceu após a administração do

medicamento suspeito?

3- O EAM desapareceu quando o medicamento

suspeito foi descontinuado ou quando um

antagonista específico foi administrado?

4- O EAM reapareceu quando o medicamento foi

readministrado?

5- Existem causas alternativas (outras que não o

medicamento) que poderiam, por si só, ser

causadoras do EAM?

6- O EAM reapareceu quando um placebo foi

administrado?

7- O medicamento foi detectado no sangue ou em

outros fluidos biológicos em concentrações

sabidamente tóxicas?

8- O EAM foi mais grave com o aumento da dose

ou tornou-se menos grave com a redução da dose?

9- O paciente tem história de EAM semelhante para

o mesmo medicamento, ou outro similar, em

alguma exposição prévia?

10- O EAM foi confirmado por qualquer evidência

objetiva?

Naranjo total

APÊNDICE F – NARANJO POR MEDICAMENTO E/OU PAR DE INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA

Nome do investigador:

Rubrica do investigador:

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97

APÊNDICE G – CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO, SEGUNDO

DISPONIBILIDADE DE PRESCRIÇÕES, HOSPITAL Y, RIO DE JANEIRO,

JANEIRO, ABRIL E JULHO DE 2014.

total N(%)

>90% de

prescrições

N(%)

<90% de

prescrições

N(%)

p-valor

Média de idade (desvio

padrão) 70,31 (8,2) 70,7 (8,3) 70,04 (8,1) 0,47€

Idade (mediana) 68,1 68,2 67,5

Faixa etária

60-69 anos 95 (54) 40 (42,1) 55 (57,9) 0,84#

70-79 anos 51 (29) 21 (41,2) 30 (58,8)

80 anos ou mais 30 (17) 11 (36,7) 19 (63,3)

Sexo

Feminino 83 (47,4) 33 (39,8) 50 (60,2) 1,0#

Masculino 92 (52,6) 38 (41,3) 54 (58,7)

Motivo de internação

Clínico 45 (25,6) 19 (42,2) 26 (57,8) 1,0#

Cirúrgico 131 (74,4) 53 (40,5) 78 (59,5)

Via de entrada

Emergência 83 (47,7) 29 (34,9) 54 (65,1) 0,16#

Transferência de outra unidade 3 (1,7) 2 (66,7) 1(33,3)

Comunidade 88 (50,6) 41 (46,6) 47 (53,4)

Condição de saída

Alta 154 (87,5) 63 (40,9) 91 (59,1) 0,65¥

Transferência 3 (1,7) 2 (66,7) 1 (33,3)

Óbito 19 (10,8) 7 (36,8) 12 (63,2)

Transição de cuidados

Sim 58 (32,9) 20 (34,5) 38 (65,5) 0,25#

Não 118 (67,1) 52 (44,1) 66 (55,9)

Comorbidades

0 a 2 comorbidades 119 (67,6) 57 (47,9) 62 (52,1) 0,01#

3 ou mais comorbidades 57 (32,4) 15 (26,3) 42 (73,7)

Número de medicamentos

diários

Média (desvio padrão) 5,42 (2,8) 5,62(2,9) 5,15(2,7) 0,07€

Tempo de internação

Média 20,4 19,9 20,7 0,95#

Mediana 15 15 16

Tempo de internação

0-10 58 (33) 21 (36,2) 37 (63,8) 0,47#

>10 dias 118 (67) 51 (43,2) 67 (56,8) #Teste qui-quadrado ¥ Teste exato de Fisher €Mann-Whitney. Em negrito:com significância estatística p-valor<0.05

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APÊNDICE H – DIFERENÇA ESTATÍSTICA DA PRESENÇA DE COMORBIDADES

ENTRE OS GRUPOS SEGUNDO A DISPONIBILIDADE DE PRESCRIÇÕES (>90%

VS <90%)

Comorbidades presentes p-valor

Infarto do Miocárdio 0,06#

Insuficiência Cardíaca Congestiva 0,6#

Doença Vascular Periférica 0,0007#

Doença cerebrovascular 0,31€

Demência 0,65€

Doença pulmonar crônica 1,0€

Doença do tecido conjuntivo 1,0€

Úlcera péptica 0,27€

Hepatopatia leve 1,0€

Diabetes sem complicação crônica 0,4#

Diabetes com complicação crônica 0,03#

Hemiplegia ou paraplegia 1,0€

Nefropatia 0,18#

Neoplasias 0,87#

Leucemia 1,0€

Linfoma 0,41€

Hepatopatia moderada ou grave 1,0€

Tumor sólido metastático 0,76€

HIV/AIDS 1,0€ #Teste qui-quadrado €Teste exato de Fisher.

Em negrito – com significância estatística p-valor<0.05

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APÊNDICE I – FOLHA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA

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102

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104

Fonte: NATIONAL COORDINATION COUNCIL FOR MEDICATION ERROR REPORTING AND

PREVENTION, 2014.

Categoria do EAM

E contribui ou resulta em dano temporário que requer intervenção

F contribui ou resulta em dano temporário que prolonga a hospitalização

G contribui ou resulta em danos permanentes

H demanda por suporte de vida

I contribui ou resulta no óbito

Nº da ficha:______________________

Data de nascimento:_______________

Nº prontuário:____________________

Data de preenchimento:_____________

Data do EAM:____________________

Hora do EAM:____________________

ANEXO A – CATEGORIA DO EAM SEGUNDO GRAU DO DANO (NCC MERP)

Nome do investigador:

Rubrica do investigador:

Categoria do EAM:

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105

ANEXO B – ALGORITMO PARA ERROS DE MEDICAÇÃO SEGUNDO

CATEGORIAS DO NCC MERP

Fonte: NATIONAL COORDINATION COUNCIL FOR MEDICATION ERROR REPORTING AND

PREVENTION, 2014.

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106

ANEXO C – ALGORITMO DE NARANJO

Fonte: NARANJO et al., 1981.

Nº da ficha:______________________

Data de nascimento:_______________

Nº prontuário:____________________

Data de preenchimento:_____________

Data do critério de

rastreamento:_____________________

Nome do investigador:

Rubrica do investigador:

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107

ANEXO D – ÍNDICE DE COMORBIDADES DE CHARLSON

Peso Condição clínica

1 Infarto do miocárdio

Insuficiência cardíaca congestiva

Doença vascular periférica

Doença cerebrovascular

Demência

Doença pulmonar crônica

Doença do tecido conjuntivo

Úlcera péptica

Hepatopatia leve

Diabetes sem complicação crônica

2 Diabetes com complicação crônica

Hemiplegia ou paraplegia

Nefropatia

Neoplasias

Leucemia

Linfoma

3 Hepatopatia moderada ou grave

6 Tumor sólido metastático

HIV/AIDS

Faixa etária Pontos

0-49 anos 0

50-59 anos 1

60-69 anos 2

70-79 anos 3

80-89 anos 4

90-99 anos 5

Soma

Comorbidades

Faixa etária

Total

Fonte: CHARLSON ET AL., 1987; IUCIF JR; ROCHA, 2004) .

Nº da ficha:______________________

Data de nascimento:_______________

Nº prontuário:____________________

Data de preenchimento:_____________

Nome do investigador:

Rubrica do investigador:

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108

Fonte: QUAN et al., 2005.

Doença vascular periférica

I70.x, I71.x, I73.1, I73.8, I73.9, I77.1, I79.0, I79.2, K55.1, K55.8,

K55.9, Z95.8, Z95.9

Doença cerebrovascular G45.x, G46.x, H34.0, I60.x–I69.x

Demência F00.x–F03.x, F05.1, G30.x, G31.1

Doença pulmonar crônica I27.8, I27.9, J40.x–J47.x, J60.x–J67.x, J68.4, J70.1, J70.3

Doença reumatológica M05.x, M06.x, M31.5, M32.x–M34.x, M35.1, M35.3, M36.0

Úlcera péptica K25.x–K28.x

Hepatopatia leve

B18.x, K70.0–K70.3, K70.9, K71.3–K71.5, K71.7, K73.x, K74.x,

K76.0, K76.2–K76.4, K76.8, K76.9, Z94.4

Diabetes sem complicação

crônica

E10.0, E10.1, E10.6, E10.8, E10.9, E11.0, E11.1, E11.6, E11.8,

E11.9, E12.0, E12.1, E12.6, E12.8, E12.9, E13.0, E13.1, E13.6,

E13.8, E13.9, E14.0, E14.1, E14.6, E14.8, E14.9

Diabetes com complicação

crônica

E10.2–E10.5, E10.7, E11.2–E11.5, E11.7, E12.2–E12.5, E12.7,

E13.2– E13.5, E13.7, E14.2–E14.5, E14.7

Infarto do miocárdio I21.x, I22.x, I25.2

Insuficiência cardíaca

congestiva

I09.9, I11.0, I13.0, I13.2, I25.5, I42.0, I42.5–I42.9, I43.x, I50.x,

P29.0

Hemiplegia ou paraplegia G04.1, G11.4, G80.1, G80.2, G81.x, G82.x, G83.0–G83.4, G83.9

Nefropatia

I12.0, I13.1, N03.2–N03.7, N05.2– N05.7, N18.x, N19.x, N25.0,

Z49.0– Z49.2, Z94.0, Z99.2

Neoplasias, exceto câncer de

pele (inclui linfoma e

leucemia)

C00.x–C26.x, C30.x–C34.x, C37.x– C41.x, C43.x, C45.x–C58.x,

C60.x– C76.x, C81.x–C85.x, C88.x, C90.x–C97.x

Hepatopatia moderada ou

grave

I85.0, I85.9, I86.4, I98.2, K70.4, K71.1, K72.1, K72.9, K76.5,

K76.6, K76.7

Tumor sólido metastático C77.x–C80.x

AIDS B20.x–B22.x, B24.x

ANEXO E – DECODIFICAÇAO DO CID-10 PARA AS COMORBIDADES DO ÍNDICE DE

CHARLSON

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109

ANEXO F – CLASSIFICAÇÃO ANATOMICAL THERAPEUTIC CHEMICAL (ATC) –

1º NÍVEL

A Trato alimentar e metabolismo

B Sangue e órgãos hematopoiéticos

C Sistema cardiovascular

D Dermatológicos

G Sistema genitourinário e hormônios sexuais

H Preparações hormonais sistêmicas, exceto insulinas e hormônios

sexuais

J Anti-infecciosos para uso sistêmico

L Antineoplásicos e agentes imunomoduladores

M Sistema musculoesquelético

N Sistema nervoso

P Produtos antiparasitários, repelentes e inseticidas

R Sistema respiratório

S Órgãos do sentido

V Vários Fonte: ATC (WHO, COLLABORATING CENTRE FOR DRUG STATISTICS METHODOLOGY, 2014).