Roberto Carlos Borges de ABREU

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ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DA AERONÁUTICA DIVISÃO DE ENSINO O USO DE MODELOS DE SIMULAÇÃO NA GESTÃO DE INVENTÁRIOS DE COMPONENTES REPARÁVEIS DE AERONAVES Título do Trabalho 1202RP01 Código do Trabalho CCEM 2010 Curso e Ano

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ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DA AERONÁUTICA

DIVISÃO DE ENSINO

O USO DE MODELOS DE SIMULAÇÃO NA GESTÃO DE

INVENTÁRIOS DE COMPONENTES REPARÁVEIS DE AERONAVES

Título do Trabalho

1202RP01

Código do Trabalho

CCEM 2010

Curso e Ano

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MONOGRAFIA

O USO DE MODELOS DE SIMULAÇÃO NA GESTÃO DE

INVENTÁRIOS DE COMPONENTES REPARÁVEIS DE AERONAVES

Título do Trabalho

ROBERTO CARLOS BORGES DE ABREU Ten Cel Int

NOME

27 ago. 2010

DATA

JAYME FERREIRA JUNIOR Ten Cel Av

ORIENTADOR

CCEM 2010

CURSO

Este documento é resultado do trabalho de oficial-a luno do

CCEM da ECEMAR. Seu conteúdo, quando não for citada a fonte da

matéria, reflete a opinião do autor, não representa ndo,

necessariamente, o pensamento da ECEMAR ou da Aeron áutica.

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RESUMO

A presente pesquisa teve como objetivo principal analisar as potencialidades do usode modelos de simulação como ferramenta de apoio na tomada de decisão nagestão de inventários de componentes reparáveis de aeronaves da Força AéreaBrasileira. Partindo da discussão do modelo METRIC e de seus derivativos, os quaissão baseados em teoria das filas e foram tomados como o referencial teórico dapesquisa, o estudo propôs a utilização de uma técnica inovadora, usando modeloconstruído no software Arena, de uso específico em simulação. Para construir omodelo, o estudo requereu extensa pesquisa bibliográfica, visando conhecer emdetalhes a gestão de material no âmbito do Sistema de Material Aeronáutico. Foirealizada, também, entrevista com especialista em gestão de suprimento da FAB, afim de obter os detalhes para construção do modelo e sua posterior validação. Apesquisa concluiu pela validade do uso deste tipo de modelo no âmbito da FAB,porém, por questões relativas ao custo de implementação, sugere que seja seguidaa estratégia de criação de um núcleo, dentro de uma das organizações quecompõem o SISMA, que se incumbirá de introduzir a questão de forma paulatina,atendendo às necessidades das demais organizações do Sistema.Palavras-chave: Reparável. Simulação. METRIC. Suprimento.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIFP - Aeronave indisponível por falta de peça.

CAB-E - Comissão Aeronáutica Brasileira na Europa.

CAB-W - Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington.

DIRMAB - Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico.

EBO - Expected backorder.

ESM - Esquadrão de suprimento e manutenção.

FMS - Foreign Military Sales.

INPP - Inspeção nível parque programada.

PTA - Plano de trabalho anual.

SILOMS - Sistema Integrado de Logística de Material e de Serviços.

SISMA - Sistema de Material Aeronáutico.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema representativo dos elos do SISMA. .......................................21

Figura 2: Adaptação representativa do ciclo fechado da cadeia de Markov......33

Figura 3: Esquema representativo do ciclo de utiliz ação do item reparável.. . . .38

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................6

2 METODOLOGIA...................................... ...............................................................10

2.1 VISÃO GERAL DO CAPÍTULO 2 ......................................................................... 10

2.2 PRIMEIRA FASE – REVISÃO CRÍTICA DA BIBLIOGRAFIA .............................. 11

2.3 SEGUNDA FASE – CONDUÇÃO DA ENTREVISTA COM ESPECIALISTA ....... 11

2.4 TERCEIRA FASE – EXPERIMENTAÇÃO COM O MODELO DE SIMULAÇÃO . 13

3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS................................................................................15

3.1 VISÃO GERAL DO CAPÍTULO 3 ......................................................................... 15

3.2 A GESTÃO DE INVENTÁRIOS ........................................................................... 15

3.3 O ITEM REPARÁVEL DE AERONAVE ............................................................... 21

3.4 SIMULAÇÃO E OUTRAS OPÇÕES DE MODELAGEM ...................................... 25

4 ANÁLISE DE RESULTADOS E CONCLUSÕES............... ....................................34

4.1 VISÃO GERAL DO CAPÍTULO 4 ......................................................................... 34

4.2 PRIMEIRA QUESTÃO NORTEADORA ............................................................... 34

4.3 SEGUNDA E TERCEIRA QUESTÕES NORTEADORAS ................................... 37

4.4 QUARTA E QUINTA QUESTÕES NORTEADORAS ........................................... 41

5 CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E ESTUDOS FUTUROS...... .....................45

REFERÊNCIAS.........................................................................................................47

GLOSSÁRIO.......................................... ...................................................................48

Apêndice A – Roteiro da entrevista com o especialis ta em gestão de

suprimento da FAB ................................. ................................................................49

Apêndice B – descrição da funcionalidade do módulos utilizados na

construção do modelo no software Arena............. ...............................................51

Apêndice C – Modelo de simulação desenvolvido no so ftware Arena...............53

Anexo A – Fórmulas do METRIC....................... .....................................................54

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61 INTRODUÇÃO

“Guerra não é uma atividade de oportunidade. São necessários muitoconhecimento, estudo e meditação para conduzi-la bem”

Frederico, o Grande, Imperador Alemão. (COHEN, 2002, p. 15)

Dentre as virtudes mais importantes do oficial de estado-maior

destacam-se aquelas que o capacitam a conduzir operações militares. No passado,

tais competências estavam relacionadas aos atributos inerentes ao combatente,

como a valentia, sabedoria, comprometimento e coragem.

Nos dias de hoje, em que as forças armadas, em especial as forças

aéreas, utilizam de forma intensiva tecnologias de alto custo de aquisição e

operação, outra dimensão relevante deve ser incluída no rol daquelas de

importância fundamental ao líder da caserna. Trata-se da competência gerencial

para lidar com sistemas complexos, aquela que possibilita a tomada de decisões

baseadas, não somente, na sua vivência ou capacidade de julgamento mas,

também, em métodos científicos de processamento e análise da informação.

Atualmente, a aplicação de métodos científicos tem ocorrido em

diversas áreas de interesse militar, e faz uso de variada gama de teorias e

ferramentas, a saber: teoria do combate, teoria da decisão, programação linear,

teoria de filas, teoria dos jogos, jogos de guerra, simulação, dentre outras.

O propósito do presente trabalho é investigar o uso da simulação como

ferramenta de suporte ao processo de tomada de decisão acerca do preparo e

emprego da Força Aérea Brasileira (FAB), com foco na área logística de gestão de

inventários de componentes reparáveis de aeronaves.

Materiais reparáveis representam a parcela de maior custo dentre os

componentes em estoque nos armazéns da FAB. O preço de uma turbina, por

exemplo, pode ser da ordem de centenas de milhares de reais. Da mesma forma,

componentes reparáveis são de importância crítica para a operacionalidade da frota.

Nessa classe de itens, compras em quantidade errada, para mais ou para menos,

são, potencialmente, danosas ao custo de operação da aeronave.

O ciclo de utilização do componente reparável envolve, ainda, a gestão

de mão-de-obra especializada, infra-estrutura de manutenção e coordenação de

transporte (quando o reparo é feito longe do local de operação), dentre outros. Tudo

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7isso aumenta, consideravelmente, o número de variáveis e parâmetros que os

gestores precisam analisar enquanto tomadores de decisão.

Para lidar com a gestão de reparáveis, diversos modelos têm sido

criados nos últimos quarenta anos. A técnica de múltiplo escalão para controle de

item reparável (multi-echelon technique for recoverable item control – METRIC),

desenvolvida pela RAND Corporation para a Força Aérea dos Estados Unidos

(United States Air Force – USAF), em 1968, é a base de vários modelos

(MODMETRIC, VARIMETRIC), constituindo-se no marco teórico para a realização

deste estudo.

O modelo METRIC considera dois escalões de suprimento e

manutenção (bases aéreas e parque) e trata da gestão do item final, ou seja, aquele

componente que é instalado diretamente na aeronave. A abordagem é feita de forma

sistêmica e abrange a totalidade dos itens. A modelagem matemática é elaborada a

partir de fórmulas previamente estabelecidas. (SHERBROOKE, 1992)

A base conceitual do METRIC é a teoria de filas e parte de

pressupostos que, em não se constituindo verdade, afetam significativamente os

resultados gerados pelo modelo. Tais pressupostos serão discutidos adiante, na

revisão da bibliografia. Por ora, é importante destacar que, por se tratar de

componentes de alto valor, o refinamento destes cálculos é algo bastante desejável.

O método utilizado pela FAB para determinação das necessidades de

itens reparáveis é de efetividade duvidosa. Na verdade, a atual versão do Manual de

Suprimento (MCA 67-1, de 2007) não trata do assunto e há confusão de conceitos e

procedimentos, conforme observado em interações do autor deste trabalho com

diversos gestores de material do Sistema de Material Aeronáutico (SISMA). Essa

situação é refletida, objetivamente, nos indicadores de eficência do Sistema:

observa-se baixa disponibilidade na frota, ao mesmo tempo em que os armazéns

dispõem de vários itens em excesso, concomitantemente com outros tantos faltando.

O objetivo principal desta pesquisa é analisar as potencialidades do

uso de modelos de simulação como ferramenta de apoio na tomada de decisão na

gestão de inventários de componentes reparáveis de aeronaves da FAB. Para tanto,

pretende-se atingir os objetivos específicos a seguir, os quais contribuirão com o

alcance do objetivo principal. São eles:

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8a) identificar a estrutura física (armazéns e oficinas de reparo) e

descrever as regras de relacionamento do sistema de inventários

reparáveis no âmbito do SISMA;

b) verificar e discutir as características relevantes do SISMA que

devem ser representadas no modelo de simulação;

c) identificar e discutir os indicadores que podem ser extraídos do

referido modelo;

d) analisar o papel destes indicadores no suporte à tomada de

decisão; e

e) analisar as vantagens e desvantagens de diferentes modelos de

simulação.

Isto posto, o problema de pesquisa fica assim estabelecido: de que

maneira a ferramenta simulação pode influenciar o preparo e emprego da FAB, em

especial a gestão de inventários de componentes reparáveis de aeronaves?

Para auxiliar na investigação do problema, foram formuladas as

questões norteadoras a seguir, cujas respostas permitirão inferir acerca da questão

principal. São elas:

a) como está estruturado o SISMA e quais as regras de

relacionamento entre os elos do Sistema?

b) que características relevantes do SISMA devem ser representadas

no modelo de simulação?

c) que indicadores podem ser extraídos do referido modelo?

d) de que forma estes indicadores podem auxiliar o processo de

tomada de decisão?

e) quais as vantagens e desvantagens de diferentes modelos de

simulação?

Dentre as linhas de pesquisa sugeridas pela ECEMAR, o presente

trabalho é melhor recepcionado pela área de Logística e Mobilização, por investigar

tema que trata do provimento dos meios necessários ao cumprimento das missões

da FAB, a saber, o suporte de suprimento reparável de aeronaves. Por se tratar de

problema real e específico do âmbito da logística e objetivar aplicação prática para a

FAB, o trabalho, no que diz respeito à sua natureza, é classificado como pesquisa

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9aplicada. A abordagem é, predominantemente, qualitativa, embora faça uso, de

forma complementar, de técnicas e métodos estatísticos na parte do estudo que

trata da validação do modelo conceitual, que será detalhado no capítulo da

metodologia.

Em linhas gerais, o relatório está organizado da seguinte forma: no

segundo capítulo, é detalhada a metodologia empregada em cada fase da pesquisa.

No capítulo seguinte, é feita revisão crítica da literatura, visando destacar os

principais pontos de interesse acerca do tema gestão de reparáveis e simulação. No

quarto capítulo são feitas a análise e interpretação dos dados levantados na

pesquisa, e são respondidas as questões norteadoras propostas na Introdução.

Finalmente, no quinto capítulo são apresentadas as conclusões sobre o estudo e as

recomendações para a Força Aérea Brasileira.

Apresentadas as questões introdutórias e outros aspectos gerais do

trabalho, é oportuno iniciar a nova etapa do relatório, que consiste na descrição

detalhada da metodologia empregada na condução desta pesquisa.

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102 METODOLOGIA

2.1 VISÃO GERAL DO CAPÍTULO 2

O propósito do presente capítulo é apresentar a metodologia

empregada para alcançar os objetivos da pesquisa. Nesta etapa, são detalhadas as

fases da realização do trabalho de pesquisa, explicando os procedimentos usados

em cada uma delas, e discutindo as razões da escolha.

O entendimento da metodologia permitirá ao leitor compreender o

caminho percorrido pelo autor a fim de obter as respostas para o problema da

pesquisa e as questões norteadoras anteriormente estabelecidas.

É oportuno destacar que o tema simulação ainda não foi objeto de

estudo em monografias da Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica

(ECEMAR). Pesquisas preliminares, realizadas no Sistema Pergamun, disponível no

site da Biblioteca da Universidade da Força Aérea (UNIFA), onde estão catalogadas

as obras do acervo do Setor, informaram não haver nenhum título relacionado ao

tema.

Em complemento, foram realizadas buscas, utilizando outros

parâmetros de pesquisa (suprimento e material aeronáutico), tendo retornado dois

trabalhos monográficos, Agostini (2008) e Oliveira (2008), além de outros livros que

tratam do assunto. As duas monografias citadas estudam o tema gestão de

suprimento no âmbito da FAB, mas adotam abordagens diferentes da oferecida

neste trabalho. Os livros encontrados referem-se às técnicas de gestão de material,

porém não tratam da questão de componentes reparáveis. Por conseguinte, a

pesquisa privilegiou fontes outras, diferentes das disponíveis na biblioteca da

UNIFA, baseando-se em livros e artigos científicos, a grande maioria em língua

inglesa.

Pelas razões acima expostas, optou-se por realizar uma pesquisa

exploratória com a finalidade de delimitar o campo de estudo, propiciando condições

para que outros pesquisadores possam aprofundar-se no tema em trabalhos futuros.

A seguir, são apresentadas as fases da pesquisa, detalhando os

procedimentos utilizados em cada uma delas.

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112.2 PRIMEIRA FASE – REVISÃO CRÍTICA DA BIBLIOGRAFIA

A primeira fase da pesquisa constitui-se, predominantemente, de

levantamento bibliográfico acerca dos dois assuntos que delimitam o tema, a saber:

a gestão de material aeronáutico e simulação.

Ao tratar da gestão de materiais, o levantamento bibliográfico parte do

geral para o particular: a pesquisa inicia discutindo a importância do tema gestão de

materiais nas organizações, em sentido amplo, e prossegue, particularizando o caso

da gestão de componentes reparáveis de aeronaves, no âmbito da Força Aérea

Brasileira.

Ao discutir a gestão de reparáveis à luz do Manual de Suprimento da

Aeronáutica, é dada ênfase à descrição da estrutura e das regras de relacionamento

entre os elos do SISMA. Isto permitirá conduzir à resposta da primeira questão

norteadora:

a) como está estruturado o SISMA e quais as regras d e

relacionamento entre os elos do Sistema?

O levantamento bibliográfico prossegue, apresentando os pontos

acerca da teoria de simulação que são relevantes ao estudo.

2.3 SEGUNDA FASE – CONDUÇÃO DA ENTREVISTA COM ESPECIALISTA

A segunda fase da pesquisa compreende a entrevista com o Ten Cel

Int Vladimir de Oliveira Andrade, profissional da FAB com vários anos de experiência

na gestão de suprimentos. O referido oficial é profundo conhecedor do SISMA, tendo

atuado como Chefe da Seção de Suprimento da Base Aérea de Santa Cruz (BASC)

e como Chefe de Seção na Subdivisão de Planejamento (SDPL) do Parque de

Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMALS).

Nos anos de 1997 e 1998, o então Cap Vladimir, trabalhando na SDPL,

desenvolveu o primeiro Plano de Trabalho Anual (PTA) para componentes

reparáveis do PAMALS. Este trabalho serviu, mais tarde, de modelo para outros

PAMA e foi adaptado para o Sistema Integrado de Logística de Material e de

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12Serviços (SILOMS). Adicionalmente, em 2002, o Cap Vladimir participou, como líder

da equipe de planejamento, da implantanção do Sistema no PAMALS.

A finalidade da entrevista é discutir com um renomado profissional da

área de Logística da FAB as características do SISMA, identificadas na etapa de

pesquisa bibliográfica, que deverão estar presentes no modelo. Serão discutidos,

também, o uso de indicadores de eficiência para a gestão de componentes

reparáveis do SISMA, os quais deverão constar como resultado (outputs) a serem

obtidos quando da utilização do modelo.

Constam do roteiro da entrevista as seguintes partes:

a) submeter à crítica do entrevistado o sumário descritivo dos

processos que devem compor o ciclo de utilização de componentes

reparáveis de aeronaves, em estrutura de apoio de dois escalões

(bases aéreas apoiadas por um parque central). A cópia do referido

sumário consta do Apêndice A, deste relatório;

b) discutir as regras de relacionamento que devem existir entre o

armazém central e os armazéns remotos, no que se refere à

política de ressuprimento de itens reparáveis de uso aeronáutico; e

c) discutir o uso de indicadores de medição da eficiência da gestão de

reparáveis no SISMA.

Pretende-se, com isso, obter evidências que ajudarão na elaboração

das respostas para as questões norteadoras enunciadas nas alíneas “b” e “c”, do

Capítulo 1 – Introdução. São elas:

b) que características relevantes do SISMA devem ser

representadas no modelo de simulação?

c) que indicadores podem ser extraídos do referido m odelo?

A partir dos dados coletados na revisão bibliográfica e na entrevista

com o especialista, é construído o modelo representativo do ciclo de um

componente reparável de aeronave, utilizando software de simulação. O referido

modelo será usado na fase de seguinte da metodologia, a experimentação.

2.4 TERCEIRA FASE – EXPERIMENTAÇÃO COM O MODELO DE SIMULAÇÃO

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13A fase de experimentação consiste na realização de testes com o

modelo de simulação com a finalidade de proceder sua validação. Para tanto, a

experimentação será feita a partir de um problema-conceito, extraído da literatura

acerca da gestão de componentes reparáveis de aeronave, do qual a solução é, de

antemão, sabida. Na verdade, a utilização do modelo para solução do referido

problema será o ponto de partida para outras análises que se pretende proceder.

A opção pelo uso de um problema-conceito, em vez de proceder um

estudo de caso real, deve-se, principalmente, a duas razões:

a) extrema dificuldade de se coletar dados confiáveis do SISMA por

meio do SILOMS. Esses dados referem-se a demanda, tempos de

reparo, tempos de transporte e outros parâmetros que devem

constar no modelo. Seria preciso pedir ao GT-SILOMS a montagem

de relatórios para uso específico nesta pesquisa. Face às diversas

frentes de trabalho em curso naquele Setor, entende-se como

inoportuna tal solicitação;

b) mesmo se os dados estivessem disponíveis, um estudo de caso

dessa envergadura levaria mais tempo do que o limite estipulado

para a entrega do relatório e, certamente, demandaria trabalho de

equipe, e não de um único indivíduo.

Portanto, está fora do escopo desta pesquisa trabalhar com dados

reais, mesmo depois do modelo ser validado.

Finalmente, a realização de experimentos com o modelo servirá de

subsídio para obter as respostas das questões norteadoras enunciadas nas alíneas

“d” e “e”, do Capítulo 1 – Introdução, a saber:

d) de que forma os indicadores podem auxiliar o proc esso de

tomada de decisão?

e) quais as vantagens e desvantagens de diferentes m odelos de

simulação?

Descritos os passos para realização da pesquisa, é oportuno iniciar a

revisão bibliográfica do tema em estudo, o que permitirá ao leitor familiarizar-se com

as bases conceituais relacionadas ao tema, identificar lacunas existentes na

literatura e preparar-se para as etapas seguintes do trabalho.

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143 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

3.1 VISÃO GERAL DO CAPÍTULO 3

O Capítulo 3 descreve os fundamentos teóricos que orientam a

realização deste trabalho de pesquisa. Nesta seção é feita a revisão da bibliografia

relevante relacionada à gestão de inventários e ao tema simulação, visando

destacar os conceitos cujo entendimento se faz necessário para a compreensão

deste relatório.

Ao tratar da gestão de inventários, é discutida a importância do tema

dentro das organizações, focando os aspectos estratégicos identificados como

relevantes para a FAB. Em seguida, a gestão de componentes reparáveis é

introduzida, descrevendo o modelo METRIC e discorrendo sobre o tema no âmbito

do COMAER. Segue-se a apresentação de conceitos relevantes sobre o tema

simulação.

Finalmente, ao término deste capítulo, são descritos os passos para

elaboração de um estudo de simulação, que servirá de referência para o

desenvolvimento do modelo proposto, a ser construído no software Arena1.

3.2 A GESTÃO DE INVENTÁRIOS

Para efeitos deste trabalho de pesquisa, o termo gestão de inventários

referir-se-á à administração do fluxo de materiais de toda ordem (matéria-prima,

produtos semi-acabados e produtos finais) dentro de uma organização. Inclui a

administração de sistemas informatizados de controle contábil, armazenagem física,

previsão de demanda, definição de níveis de estoques, pedidos e requisições,

recebimento, expedição e tudo mais que se relaciona com a movimentação de

materiais. O termo poderá, ainda, ser utilizado de forma intercambiável com as

expressões gestão de estoques, de materiais e da cadeia de suprimentos.

1 Software de uso específico na construção de modelos de simulação. O programa é de propriedadeda empresa Rockwell Automation.

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15A administração de inventários desempenha importante papel em

quase todo tipo de negócio. Considerando que a atividade, via de regra, requer altos

investimentos, como construção ou arrendamento de armazéns, gastos com

equipamentos, sistemas informatizados de controle contábil, pessoal especializado,

dentre outros, uma boa estratégia de gestão de ativos em estoque pode representar

a habilidade da organização em se manter no mercado.

A despeito da importância do tema, é evidente que a maioria das

empresas não entendem perfeitamente as complexidades da gestão de inventários.

(SILVER, PYKE, PETERSON, 1998) Referindo-se à sua experiência como consultor

de questões relacionadas a projetos de gestão de inventários em empresas dos

Estados Unidos da América, Silver (1998) reporta que ao longo dos anos, tem sido

visto que em mais de 90 % dos casos, simples melhorias em sistemas de inventários

ou na gestão da produção resultariam em redução de custo de, no mínimo, 20 %,

sem perda de qualidade no atendimento ao cliente. (SILVER, PYKE, PETERSON,

1998)

Em se tratando de serviço público, a gestão de estoques reveste-se,

também, de importância crucial. Como destaca Silver (1998), a administração de

recursos materiais pode ser uma questão de vida ou morte: imagine o impacto da

falta de determinado tipo sanguineo em um banco de sangue hospitalar; ou a falta

de um componente crítico para o cumprimento da missão de uma força aérea

engajada em combate. (SILVER, PYKE, PETERSON, 1998) Para a FAB, que

habitualmente enfrenta reduções no orçamento destinado a compra de peças de

suas aeronaves, o tema requer minuciosa apreciação.

A determinação de níveis adequados de estoque é uma questão que

gestores enfrentam em sua rotina de trabalho. Falta de estoque pode representar

riscos, como a perda de vendas e/ou perda de clientes, ou ainda, em se tratando de

forças armadas, prejuízo no cumprimento da missão. Por outro lado, estoques em

excesso diminuem a lucratividade e/ou a eficiência na aplicação dos recursos

financeiros, impactando o desempenho econômico da organização.

Silver (1998) enfatiza a necessidade de se abordar de forma sistêmica

a questão dos níveis de estoques nas organizações. (SILVER, PYKE, PETERSON,

1998) Este é um ponto importante, principalmente, quando a restrição de recursos

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16financeiros, como ocorre nas Forças Armadas, é fator limitador das quantidades que

se pretende comprar. Nesses casos, é constante a necessidade de priorização, ou

seja, comprar alguns itens e deixar de comprar outros. Em se tratando de inventários

com grandes diferenças de preço entre os itens em estoque (preços unitários que

variam de centavos a centenas de milhares de dólares), as regras de priorização

têm que considerar questões do tipo “custo versus benefício”, o quê somente é

possível quando a abordagem é feita de forma sistêmica.

3.2.1 LIDANDO COM SISTEMAS COMPLEXOS E LIMITAÇÕES

Inventários de material aeronáutico são sistemas complexos por

natureza. Uma única aeronave pode ter dezenas de milhares de itens diferentes em

sua lista de componentes. A guisa de exemplo, o C-130 – Hércules, avião de

transporte de carga operado pela FAB, possui lista de itens que compreende cerca

de noventa mil part numbers diferentes2. Além disso, o fornecimento de materiais e

serviços é distribuído entre uma grade quantidade de fornecedores, a maior parte

deles, com sede no exterior, os tempos de ressuprimento são longos, as taxas de

falha são aleatórias e crescentes, além das incertezas orçamentárias, etc.

Todos esses fatores afetam, de alguma forma, a gestão de material,

impactando a tomada de decisão sobre que itens devem ser comprados, em que

quantidades, quando as requisições devem ser enviadas aos fornecedores, em que

armazém da rede de distrbuição o componente deve ser localizado, dentre outras.

(SILVER, PYKE, PETERSON, 1998)

As decisões acerca de inventários demandam processamento de

informação, e requerem capacidade de análise superior àquela resultante do poder

de intuição dos gestores. Os programas de informática desenvolvidos para auxiliar a

gestão nessa área, como o Sistema Integrado de Logística de Materiais e Serviços

(SILOMS), de propriedade da FAB, pretendem suprir essa necessidade.

Ao discutir essa questão, Silver (1998) destaca que o cérebro humano

é simplesmente incapaz de absorver e racionalizar todos os fatores relevantes em

situações que envolvem decisões complexas. Os tomadores de decisão não

2 Dados levantados em consulta realizada junto ao pessoal da área técnica do Parque de MaterialAeronáutico do Galeão (PAMAGL).

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17conseguem, de modo efetivo, abstrair a totalidade de detalhes do sistema sem fazer

uso de recursos que os auxiliam. Surge, então, a necessidade de desenvolver

sistemas informatizados inteligentes capazes de processar os dados,

transformando-os em informações relevantes, a partir das quais as decisões

poderão ser tomadas.

Ao tratar da questão do desenvolvimento de sistemas de apoio à

tomada de decisão na gestão de inventários complexos, Silver (1998) sugere

abordagens que auxiliam nessa tarefa. A seguir, será apresentada uma síntese

delas:

a) as decisões dentro das organizações seguem uma hierarquia,

compreendendo aquelas de longo prazo (planejamento

estratégico), médio prazo (planejamento tático) e curto prazo

(planejamento operacional). Diferentes níveis da administração

devem se ocupar com cada uma destas três classes;

b) isso requer informação e controle adequados para cada tipo de

decisão. No nível mais alto da administração, os controles deverão

ser feitos de forma diferente dos níveis mais baixos;

c) as unidades físicas de um inventário, existentes em grande

quantidade, devem ser ordenadas em um número menor de

categorias. Dessa forma, os gestores administram seus inventários

no contexto de um número menor de variáveis;

d) o nível de complexidade pode ser reduzido identificando-se, por

meio de análise ou a partir de dados empíricos, somente os fatores

e variáveis mais relevantes ao processo que se deseja levar em

consideração;

e) os gestores devem fazer uso de ferramentas, que podem ser

simples planilhas ou sistemas informatizados mais sofisticados; e

f) por último, usar o princípio da administração por exceção, focando

questões que têm maior impacto na organização. (SILVER, PYKE,

PETERSON, 1998)

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183.2.2 A GESTÃO DE INVENTÁRIOS NO COMAER

A gestão de inventários3 no âmbito do COMAER tem como referência

normativa o MCA 67-1, MANUAL DE SUPRIMENTO, de 2007. A norma é de teor

bastante abrangente. O texto descreve a estrutura organizacional do SISMA,

definindo atribuições e responsabilidades dos órgãos do Sistema; trata da atividade

de nacionalização, controle de suprimento, obtenção, recebimento, armazenagem e

distribuição do material aeronáutico, suprimento de classes especiais (tintas e

solventes, equipamentos de Segurança, Salvamento e Sobrevivência, etc) e do

material bélico; aborda, também, procedimentos relacionados à compra de materiais

e serviços no exterior, tanto nas comissões de compra (CABW e CABE) quanto no

FMS.

A leitura crítica do documento permite verificar, claramente, que a

norma privilegia a abrangência dos assuntos, tratando-os de forma superficial, em

prejuízo do aprofundamento nas questões teóricas e gerenciais, como eram as

antigas edições do mesmo Manual. Porém, a crítica ao MCA 67-1 não está no

escopo dessa pesquisa. O Manual será usado como referência para citações e para

descrever o relacionamento entre os elos do Sistema.

A atual estrutura de suprimento do Sistema de Material Aeronáutico,

prevista no MCA 67-1, 2007, é composta, em linhas gerais, pelo Órgão de direção

do Sistema, a Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico (DIRMAB), por armazéns

centrais, localizados nos parques de material aeronáutico, por armazéns remotos,

localizados nas bases aéreas, onde operam as aeronaves. (BRASIL, 2007)

3 A guisa de esclarecimento, o termo inventário aparece dezenas de vezes no corpo do MCA 67-1 esomente em uma delas (Item 4.4.2.1.1 – Análise ABC) o significado da palavra converge com o queé usado neste trabalho, ou seja, como sinônimo de material em estoque, ou suprimento em estoque,termos estes mais utilizados na FAB. Nas outras vezes em que aparece no Manual, inventário ésinônimo de contagem física ou conciliação do controle físico com o controle contábil.

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Figura 1: Esquema representativo dos elos do SISMA.Fonte: BRASIL, 2007.

Interessam a esse estudo somente os elos operacionais do Sistema,

ou seja, os armazéns remotos e centrais. Por conseguinte, pode-se inferir que a

estrutura de inventários na FAB segue o modelo de dois escalões. O primeiro é

representado pelos armazéns remotos, e o segundo, pelos armazéns centrais.

Apesar do Manual não descrever a forma como os processos de

ressuprimento de componentes reparáveis ocorrem, é possível, a partir da leitura do

texto, inferir acerca de como isso acontece.

Em termos gerais, o armazém remoto presta o suporte de suprimento

local, atendendo as demandas de material solicitadas pelas oficinas dos esquadrões

de suprimento e manutenção (ESM), ou do próprio setor de material das unidades

aéreas (UAE).

Este serviço é de importância crucial para manter a operacionalidade

da frota. A presteza do atendimento local reflete-se diretamente nos indicadores

utilizados para medir a eficiência do sistema, sendo o principal deles a taxa de

disponibilidade.

Sem o armazém remoto, toda demanda de material teria que ser

solicitada ao armazém do parque central, aguardaria os trâmites administrativos e

logísticos (transportes, produção, reparo e outros) para que, finalmente, pudesse ser

Page 22: Roberto Carlos Borges de ABREU

20atendida. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, a falta de armazéns

nos locais de operação inviabilizaria qualquer estratégia de suporte.

O armazém central, localizado na sede do PAMA, atende aos

armazéns remotos, transferindo componentes para estes. Atende, também, às

oficinas de manutenção, produção e às linhas de revisão, localizadas nos parques,

fornecendo materiais para aplicação nas ordens de serviços destes locais.

Cada PAMA é responsável pelo suporte logístico de um ou mais

programas de aeronave. Há parques que, além do suporte prestado às aeronaves

sob sua responsabilidade, apoiam os outros PAMA na condição de parque oficina,

incumbindo-se da manutenção de determinada classe de componentes. Por

exemplo: o Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMAAF) , além de apoiar

sua frota de aeronaves, atende aos outros parques na condição de parque oficina de

motores de aviação.

3.3 O ITEM REPARÁVEL DE AERONAVE

O MCA 67-1 não estabelece conceito ou definição acerca do que é o

material reparável4. A norma limita-se a classificá-lo a partir de características

relativas a existência de publicação, critérios de movimentação e de instalação na

aeronave. Não obstante, baseado na literatura corrente sobre o tema e nas edições

anteriores do mesmo manual, pode-se dizer que o material reparável é aquele que,

quando é removido, por falha ou por motivo de manutenção preventiva, é

recuperado, ao invés de descartado e substituído por outro novo. (ABREU, 2002)

A classificação de um item de suprimento como reparável se dá por

diversos motivos, a saber:

a) a característica intrínseca do item, ou seja, a possibilidade de ser

ou não reparado;

b) o custo de aquisição e recuperação do mesmo. Itens de valor

elevado tendem a ser classificados como reparável. Por outro lado,

quando o custo de recuperação é demasiadamente alto, em

decorrência da necessidade de investimentos em instalações para

4 No item 4.5.2.11.1 do MCA 67-1, o termo usado é recuperável.

Page 23: Roberto Carlos Borges de ABREU

21reparo, equipamentos, e mão-de-obra treinada, o componente

poderá ser considerado como categoria “C”, mesmo sendo

potencialmente recuperável; e

c) outros fatores, como a criticalidade do item, ou seja, se a sua falta

impacta na disponibilidade da aeronave, dificuldades de aquisição

resultantes de descontinuamento da produção ou escassez de

fornecedores, etc. (ABREU, 2002)

Na FAB, há caso em que, por escassez de recurso orçamentário,

durante determinado periodo, um componente mudou de categoria “C” para “R”5.

Trata-se da vela de ignição do motor IO-540-K1D5, da aeronave T-25 Universal. As

velas retiradas durante inspeção eram retrabalhadas nas oficinas do Parque de

Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMALS), passando por diversos

tratamentos, incluindo a técnica do jato de areia. Após o processo, que fora

estabelecido por meio de boletim técnico do setor de engenharia do PAMA, uma

parcela das velas era enviada para o armazém de itens utilizáveis, para serem

aplicadas, no futuro, como se novas fossem.

As diferenças entre material reparável e de consumo não se limitam,

no entanto, ao campo dos conceitos e definições. Características relativas ao modo

como ocorre a sua demanda e a forma como é procedida a reposição entre os elos

de armazenagem do sistema fazem da administração dos componentes categoria

“R” uma ciência bastante peculiar. (SHERBROOKE, 1992)

Por exemplo, enquanto em sua rotina, o administrador de itens de

consumo preocupa-se em definir quando um pedido de requisição deve ser colocado

junto ao fornecedor (ponto ótimo de renovação) e qual a quantidade que deve ser

requisitada (lote econômico), o gestor de componentes reparáveis preocupa-se com

a distribuição ótima dos itens de giro, ou quantidade sobressalente, entre os

diversos armazéns do sistema. (SHERBROOKE, 1992)

Sherbrooke (1992) sugere que, no que se refere ao material reparável

de uso em aeronaves, as regras de reposição entre o armazém central e os remotos

devem ser assim definidas:

5 De fato, a classificação adotada foi “Item Trabalhável”, categoria “T”. No entanto, a definição deitem trabalhável é uma derivação do conceito de ítem reparável.

Page 24: Roberto Carlos Borges de ABREU

22a) a distribuição do estoque sobressalente (estoque de giro) aos

armazéns remotos é feita, antecipadamente, pelo parque central; e

b) após a distribuição (alocação) do giro, o armazém remoto só terá

direito a requisitar outro componente ao parque central mediante o

recolhimento da unidade avariada. (SHERBROOKE, 1992)

Isso é o que Sherbrooke (1992) define como política de reposição “S-1,

S”, ou seja, cada vez que o armazém remoto recolhe uma unidade do componente

ao PAMA, a quantidade alocada ao remoto diminui em 1 (uma) unidade – “S-1” - e o

parque central fará ações para que a quantidade retorne ao valor previamente

distribuído – “S”.

A regra acima funciona, também, como ferramenta de controle do

parque central sobre o armazém remoto. O seu cumprimento faz com que o

operador proceda, no menor tempo possível, o recolhimento do item avariado à

oficina do parque central, posto que o remoto só fará jus a outro componente se

enviar o item avariado ao PAMA, evitando, assim, a acumulação de itens avariados

nos diversos armazéns do Sistema.

3.3.1 ENTENDENDO O MODELO METRIC DE GESTÃO DE ITENS REPARÁVEIS

O METRIC foi desenvolvido pela RAND corporation, empresa norte-

americana, especializada em consultoria de assuntos na área de Defesa. O modelo

foi “encomendado” pela Força Aérea dos Estados Unidos (United States Air Force –

USAF), no final da década de 1960, no momento em que os custos de manutenção

das aeronaves ameaçavam a operação das mesmas e restringiam o

desenvolvimento de novos projetos. (SHERBROOKE, 1992)

Atualmente, o METRIC é utilizado por outras forças aéreas do mundo,

como a da França e da Suécia, e por organismos que dispõem de estrutura militar,

como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Importante destacar

que, nos dias de hoje, há softwares desenvolvidos exclusivamente para

implementação da metodologia METRIC em sistemas de gerenciamento de material

aeronáutico. A guisa de exemplo, pode-se citar duas empresas que atuam no

mercado, desenvolvendo aplicativos para uso específico na área militar: a

Page 25: Roberto Carlos Borges de ABREU

23SYSTECON6 Systems and Logistics Engineering, empresa da Suecia, proprietária

do OPUS 10; e a TFD7 Tools for Decision Group, empresa dos EUA, proprietária do

VMetric-XL. O OPUS 10 e o Vmetric-XL são poderosas ferramentas de otimização

da função suprimento. Porém, os custos de aquisição e manutenção desses

sistemas os deixam um pouco distantes da realidade atual da FAB.

A grande vantagem do METRIC em relação a outras técnicas de

gestão de material reside no fato de que o modelo utiliza a abordagem sistêmica.

Em termos práticos, o uso dessa abordagem permite ao gestor de material decidir,

quando do momento da compra de itens sobressalentes, quais e quantos itens

devem ser comprados, e em que armazém (central ou remotos) as compras devem

ser alocadas.

Além disso, o METRIC considera eventuais restrições no orçamento,

por exemplo, quando se se dispõe de recursos para comprar tudo que foi planejado.

Utilizando a análise de custo/benefício, o modelo resolve o problema sugerindo o

pacote de itens que, dentro do limite de crédito disponível, trará os maiores

benefícios para a disponibilidade da frota.

A disponibilidade da frota é calculada a partir da função “número

esperado de itens faltantes” (expected backorders – EBO). O modelo assume que a

maximização do indicador disponibilidade da frota é conseguida por meio da

minimização da função EBO.(SHERBROOKE, 1992)

Está fora do escopo desse trabalho detalhar a matemática por de trás

da metodologia METRIC. O Anexo A apresenta, de forma resumida, as fórmulas que

constituem a base matemática do modelo.

Por ora, é relevante destacar que o METRIC parte de vários

pressupostos (assunções ou premissas do modelo) que, quando não se confirmam,

distorcem os resultados finais, induzindo o tomador de decisão a incorrer em erros.

São eles:

a) demanda independente e regida pela distribuição de Poisson;

b) o sistema é fechado, ou seja, uma vez definida a quantidade de

itens sobressalentes, não há condenações8;

6 Site da empresa na Internet – www.systecon.se7 Site da Internet – www.tfdg.com8 Ver a seção Glossário, localizada no final deste relatório .

Page 26: Roberto Carlos Borges de ABREU

24c) tempo de reparo independente do número de itens em processo de

reparo;

d) a responsabilidade pelo reparo (ESM ou PAMA) é previamente

estabelecida;

e) política de inventário “S-1, S”;

f) não há ressuprimento lateral, ou seja, as transferências somente

ocorrem entre o armazém central e os armazéns remotos; e

g) não há canibalização9. (SHERBROOKE, 1992)

Adiante, neste capítulo, ao tratar do tema teoria de filas, será discutido

o impacto das três primeiras premissas (alíneas “a”, “b” e “c”) no METRIC, a fim de

que o leitor compreenda melhor a proposta de modelo que se pretende construir no

software Arena. Por ora, será feita uma breve introdução ao tema simulação.

3.4 SIMULAÇÃO E OUTRAS OPÇÕES DE MODELAGEM

De acordo com Banks (1999), o termo simulação refere-se à técnica de

“imitação da operação de processos e sistemas do mundo real

através do tempo. Quer seja feita à mão ou em computador,

simulação envolve a geração de uma história artificial do sistema e a

observação desta história, com o propósito de extrair conclusões

acerca das características de operação do sistema real”. (BANKS,

CARSON II, NELSON, 1999, p.3, tradução nossa)

Estudos de simulação implicam no desenvolvimento de modelos, os

quais tomam a forma de assunções acerca da operação do sistema. As assunções

podem ser expressas por meio de relacionamentos matemáticos, lógicos ou

simbólicos entre as entidades (objetos de interesse) do sistema. (BANKS, CARSON

II, NELSON, 1999)

Segundo Kelton (1998), o termo simulação pode ter uso extremamente

genérico, posto que a ideia aplica-se em diversos campos da ciência. Nos dias de

hoje, o uso da simulação tem se popularizado devido ao desenvolvimento de

computadores com capacidade de processamento cada vez maior e software

melhores. (KELTON, SADOWSKI, SADOWSKI, 1998)

9 A canibalização é o processo de consolidação, em um número reduzido de aeronaves, das faltas demateriais consideradas crônicas.

Page 27: Roberto Carlos Borges de ABREU

25Ao discutir o tema, Kelton (1998) destaca que, dependendo da

realidade que se quer representar e do grau de detalhe desejado, os modelos

podem variar de simples conjunto de fórmulas até programas sofisticados, que

requerem o emprego de software específicos. (KELTON, SADOWSKI, SADOWSKI,

1998)

3.4.1 CONCEITOS-CHAVE EM SIMULAÇÃO

Para melhor entendimento do modelo a ser apresentado adiante,

torna-se fundamental o conhecimento de termos que são usuais no contexto de

simulação, mas podem ter significados completamente diferentes quando usados

em outras circunstâncias. Trata-se, na maioria dos casos, de nomes ligados a

peças-chave na construção de modelos, os quais foram extraídos da obra de Kelton

(1998). São eles:

a) entidade: o termo entidade, em simulação, designa qualquer coisa

(pessoa, objeto, equipamento e etc) que transita no modelo. É o

elemento dinâmico no modelo, pois muda de status ao longo do

tempo. Em um típico modelo, entidades são criadas, transitam por

ele, sendo modificadas e modificando o status de outras entidades

ou recursos e, finalmente, são descartadas (saem do modelo);

b) recurso: o termo recurso pode referir-se a máquinas, equipamentos,

trabalhadores, espaço físico, e vários outros objetos. Diz-se,

usualmente, que entidades consomem, temporariamente, recursos.

Por exemplo: um cliente (entidade-pessoa) que chega ao caixa de

um banco, durante o seu atendimento, estará ocupando um recurso

do banco, que pode ser o caixa atendente (pessoa) ou o caixa

automático (equipamento);

c) atributo: o termo atributo é usado para referir-se às características

das entidades. Via de regra, um atributo individualiza uma entidade

ou um grupo de entidades. Tomando por exemplo a situação do

banco, uma entidade (cliente) que chega ao banco pode ter um

atributo (idade) que irá diferenciar o seu processo de atendimento

Page 28: Roberto Carlos Borges de ABREU

26das demais entidades. É o caso dos caixas (recursos) de uso

exclusivo para pessoas com necessidades especiais (idosos,

deficientes físicos e etc);

d) fila: o termo fila refere-se ao local onde, ou tempo que, uma

entidade espera até que seja atendida. É uma medida de eficiência

no sistema e pode ser dimencionada de diversas formas (tempo de

espera em fila, número de entidade em fila e etc). É um conceito

chave em simulação porque muitos problemas em sistemas da vida

real decorrem, de alguma forma, de esperas em fila. (KELTON,

SADOWSKI, SADOWSKI, 1998)

3.4.2 PASSOS PARA ELABORAÇÃO DE UM ESTUDO DE SIMULAÇÃO

Banks (1999) identifica doze passos que devem ser seguidos na

condução de um estudo de simulação. Estes passos podem ser, também,

entendidos como etapas na construção de modelos.

O primeiro passo do processo de criação de modelos é a formulação

do problema. Todo estudo de simulação deve iniciar com a declaração do problema.

Quando a declaração é recebida da alta gerência, o especialista em modelagem

deve certificar-se de que a descrição do problema está sendo feita de forma clara e

inequívoca. (BANKS, CARSON II, NELSON, 1999)

O passo seguinte refere-se ao estabelecimento de objetivos. Os

objetivos devem indicar as questões que se quer responder com o modelo. Nesse

momento, podem surgir perguntas do tipo: será que realmente é necessário

construir um modelo para resolver o problema? Há outras abordagens, mais

simples, que atendem aos objetivos estabelecidos? Banks (1999) lembra que, em

situações mais complexas, outras questões, como custo do projeto e prazo de cada

etapa do estudo devem ser levantadas.

Caso a decisão seja seguir em frente, a próxima etapa compreende a

conceitualização do modelo. A construção de modelos envolve tanto arte quanto

ciência. Embora não exista uma fórmula a ser seguida em todas as situações,

algumas orientações gerais parecem ser úteis na maioria dos casos. (SHANNON,

Page 29: Roberto Carlos Borges de ABREU

271975, apud BANKS, 1999) A capacidade de abstração do essencial, ou seja,

aquelas características fundamentais do sistema que se quer modelar, é muito

importante nesta fase. É aconselhável, também, envolver o futuro usuário do modelo

na etapa de conceitualização. Isso aumentará as chances de validação do modelo,

etapa que será discutida adiante.

Segue-se, então, o momento da coleta de dados. De acordo com

Banks (1999), há uma constante interação entre as etapas da construção do modelo

e a coleta de dados. Na verdade, a coleta de dados sobre o sistema está presente

em todas etapas do trabalho. Porém, antes de iniciar a construção do modelo

propriamente dito, a coleta de dados deve ser intensificada porque o volume de

dados a processar poderá influenciar no tipo de programa que será usado no

estudo.

A etapa seguinte é a transformação dos requisitos para uma linguagem

de computador. Nos dias de hoje, os modelos (mesmos aqueles mais simples) são

feitos, quase sempre, em computador. (BANKS, CARSON II, NELSON, 1999)

Quando a situação permitir, o desenvolvedor poderá optar, por exemplo, por

software de uso geral, como o Microsoft Excel, se a estratégia escolhida requerer

trabalho com planilhas. Há casos em que é necessária a utilização de software

específicos, que usam linguagens como SIMAN, GPSS/H, SLAMSYSTEM e outras.

A discussão das características de cada linguagem está fora do escopo deste

trabalho. O exemplo a ser desenvolvido nesta pesquisa usará o software Arena, por

dois motivos: por ser um software referência no mercado e por questões de

conveniência (capacitação e hábito) do autor.

Após a sua criação, o modelo precisa passar por duas etapas, a saber:

verificação e validação. A verificação é a constatação, normalmente feita por meio

de testes, se o modelo funciona adequadamente. Não é raro, em problemas

complexos, após a criação, o desenvolvedor descobrir erros (bugs) que impedem o

seu uso. Na linguagem coloquial, a verificação é chamada de debugging, ou,

fazendo uso da licença científico-literária, debugagem. A validação, por sua vez,

refere-se à certificação do grau de representatividade do modelo. A validação é feita,

normalmente, experimentando o modelo e comparando os resultados obtidos com

aquilo que, razoavelmente, dele se espera. É possível, ainda, validar o modelo

Page 30: Roberto Carlos Borges de ABREU

28baseando-se na opinião crítica de um expert no sistema que se quer representar.

Como explicado no capítulo da metodologia, a opinião de expert é a opção de

validação escolhida nesta pesquisa. (BANKS, CARSON II, NELSON, 1999)

Uma vez validado, o modelo estaria, tecnicamente falando, pronto para

ser colocado em uso. No entanto, autores como Banks (1999) recomendam, quando

a complexidade do problema assim requerer, uma etapa de experimentação do

projeto. Este é o momento em que se decidirá, por meio de testes experimentais, os

critérios de inicialização e de término de cada rodada do programa, tamanho de

amostras que se quer obter de cada experimento, dentre outros. (BANKS, CARSON

II, NELSON, 1999)

O próximo passo refere-se à utilização do modelo no dia-a-dia, e é

chamado de uso em produção e análise. Nesta etapa, o programa será usado e as

informações coletadas serão analisadas, com a finalidade de se estimar as medidas

de performance (indicadores) do sistema na vida real. Banks (1999) destaca que,

mesmo neste momento, o usuário poderá verificar a necessidade de rodadas

incrementais, o que ele define como mais um passo no processo de modelagem.

(BANKS, CARSON II, NELSON, 1999)

Finalmente, como resultado da utilização de modelos, o autor enfatiza

a necessidade de se realizar a documentação, emitindo-se relatórios, os quais

embasarão as propostas de mudanças que, porventura, se queira implementar no

sistema da vida real. A propósito, a implementação de mudanças é o último passo

do processo de criação de modelos. (BANKS, CARSON II, NELSON, 1999)

3.4.3 TEORIA DE FILAS

A maioria dos livros que trata de simulação tem, no mínimo, um

capítulo dedicado ao assunto teoria de filas. Alguns autores abordam o tema como

um tipo específico de simulação.

Teoria de filas10 é o campo da matemática que estuda o fenômeno

espera, ou atraso em fila. (KELTON, SADOWSKI, SADOWSKI, 1998)

10 Teoria de filas é a tradução do termo inglês queueing theory ou, conforme alguns poucos autores,waiting line theory.

Page 31: Roberto Carlos Borges de ABREU

29Por mais curioso que possa parecer, há um grande número de

problemas, dos mais variados tipos, que podem ser modelados, com razoável

precisão, usando a abordagem de filas. Por exemplo:

a) engarrafamentos em estradas e avenidas podem ser estimados

usando a abordagem de fila. Essa informação pode ser usada no

planejamento de construção de novas pistas ou ampliação das

existentes;

b) a espera de aeronaves que aguardam autorização para início do

procedimento de pouso em um aeroporto pode ser estudada

usando teoria de filas. As conclusões do estudo podem sugerir

mudanças em procedimentos ou, ainda, indicar a necessidade de

investimento em infra-estrutura, treinamento de pessoal ou compra

de novos equipamentos; e

c) os processos que ocorrem em um sistema de reparo de itens

aeronáuticos, incluindo a manutenção nas oficinas, armazenagem e

movimentação de material entre os diversos locais, podem ser

modelados de tal forma que é possível estimar o número de itens

que transitam, em determinado momento, no sistema. A paritr daí,

pode-se mensurar a necessidade de aquisição de componentes

sobressalentes a fim de manter o sistema abastecido de itens em

condição de uso, ao tempo em que os outros, que necessitam

reparo, percorrem os elos do sistema.

Banks (1999) elenca dezenas de aplicação da teoria de filas, em

diversas áreas, tais como sistemas de saúde pública, militar, construção civil,

restaurantes, parques de diversão, redes de computadores, dentre outros.

Em linhas gerais, a teoria de filas modela processos usando a

taxonomia A/B/c/N/K, onde: a letra A representa o tempo entre chegadas (ou

demanda) que pode ser estocástico; a letra B representa o tempo de serviço (ou de

atendimento) que também pode ser estocástico; a letra c representa a quantidade de

recursos que presta o serviço (servidores); a letra N representa a capacidade do

sistema (quantos itens, no máximo, conseguem transitar pelo sistema ao mesmo

Page 32: Roberto Carlos Borges de ABREU

30tempo); e, finalmente, a letra K representa o tamanho da população de origem (de

onde saem os itens).

As fórmulas matemáticas do METRIC são deduzidas de um modelo

específico de teoria de filas, chamado M/G/∞11. (BANKS, CARSON II, NELSON,

1999) Neste modelo, a primeira letra (M) identifica uma cadeia de Markov

(Markovian channel), significando que o processo de chegada (demandas) que se

quer representar terá o tempo entre chegadas seguindo a função de distribuição de

probabilidade exponencial.

Isto implica em dizer que o processo de chegada é sem memória. Em

outras palavras, as chegadas são completamente aleatórias, uma chegada

independe da outra. Em consequência, a taxa de chegada, ou seja, quantidade de

demanda por tempo, será regida pela distribuição de Poisson.

Essa incerteza acerca da demanda faz com que o METRIC trabalhe

sempre com o “pior caso”, ou seja, há uma tendência do modelo de superestimar as

necessidades de componentes para o sistema. Isso não é recomendável,

particularmente, em situações em que há escassez de recursos para compra de

peças. Portanto, outra abordagem, que resolva a modelagem da demanda de forma

diferente, pode ser considerada opção ao METRIC.

A letra “G” diz respeito ao processo de serviço (reparo) e significa que

o tempo para realização do serviço pode ser modelado estatisticamente por

qualquer distribuição de probabilidades (G de geral – general).

Segundo Sherbrooke (1992), a combinação do processo de chegadas

de Poisson com tempo de serviço de distribuição qualquer resulta no teorema de

Palm (Palm’s theorem)

“se a demanda por um item seguir o processo de Poisson com média

anual igual a m e se o tempo de reparo para cada unidade em

manutenção for distribuído de forma idêntica e independente, de

acordo com qualquer distribuição de probabilidade com média T,

então, o estado estacionário da distribuição de probabilidade do

número de unidades em reparo segue a distribuição de Poisson, com

média igual a m x T. (SHERBROOKE, 1992, p. 21, tradução nossa)

11 Na notação A/B/c/N/K, estando ausente os dois últimos parâmetros (N e K), subentende-se que osmesmos têm valor igual a ∞.

Page 33: Roberto Carlos Borges de ABREU

31 Em outras palavras, é o teorema de Palm que permite ao modelo

estimar a quantidade de itens no pipeline, parâmetro a partir do qual são calculadas

as necessidades de estoque sobressalente.

As cadeias de Markov12 são sistemas onde clientes (componentes

reparáveis) chegam, oriundos de uma população considerada infinita, aguardam em

fila até serem atendidos (processo de reparo) e, em seguida, retornam para a

população de origem. Uma das premissas do modelo METRIC diz respeito à não

existência de condenações. Isto implica dizer que, para todo processo de reparo

iniciado, um item será concluído e voltará para o armazém. Em outras palavras, não

há condenações de material.

Figura 2: Adaptação representativa do ciclo fechado da cadeia de Markov.Fonte: http://staff.um.edu.mt/jskl1/simweb/intro.htm

Desconsiderar a possibilidade de condenação dos itens, o que,

certamente, ocorrerá após um número indefinido de reparos, é subestimar as reais

necessidades.

Na verdade, sempre que um componente é condenado, deve-se abrir

um pedido de aquisição de outro, caso contrário, o sistema estaria se degradando. O

tempo de aquisição de componentes reparáveis são, via de regra, mais longos

quando comparados aos itens de consumo. Por conseguinte, a premissa de não

haver condenações impacta o cálculo das necessidades para o sistema,

depreciando a qualidade da solução apresentada pelo modelo.

12 Ver a seção Glossário ao final deste relatório.

Processo(reparo)Chegada

(demanda) Saída (retorno à frota)

População de chamada (linha de vôo)

Page 34: Roberto Carlos Borges de ABREU

32

O terceiro caracter (∞) é o símbolo matemático de infinito e refere-se à

capacidade infinita do processo de serviço. Esta premissa equivale dizer que nunca

haverá atrasos no sistema decorrente de espera na fila de chegada, ou seja, o

tempo de manunteção independe da quantidade de itens em processo de reparo.

Em termos práticos, isso equivale a dizer que, quando um item

reparável chega à oficina, haverá sempre o recurso disponível (humano, material e

etc) para iniciar o processo de manutenção.

Em resumo, todas as premissas do METRIC impactam, de alguma

forma, os cálculos das necessidades de reparáveis, o que, potencialmente, poderá

induzir os gestores a erros na tomada de decisão.

O modelo proposto, que usará simulação, pretende flexibilizar as três

primeiras premissas constantes nas alíneas “a”, “b” e “c”, do item 3.3.1 deste

relatório. O Apêndice B apresenta uma breve descrição das funcionalidades dos

módulos do software Arena. A sua leitura permitirá ao leitor compreender como as

premissas acima referidas foram flexibilizadas no modelo.

A revisão da literatura, juntamente com a realização da entrevista com

o especialista em Suprimento, a construção e experimentação do modelo

representativo do ciclo de utilização de um componente reparável de aeronave,

permitiram levantar as informações necessárias para seguir adiante com a pesquisa.

A próxima etapa do trabalho compreenderá a análise e discussão dos resultados

alcançados e a elaboração das respostas para as questões norteadoras enunciadas,

anteriormente, no corpo deste relatório.

Page 35: Roberto Carlos Borges de ABREU

334 ANÁLISE DE RESULTADOS E CONCLUSÕES

4.1 VISÃO GERAL DO CAPÍTULO 4

O presente capítulo tem por finalidade analisar e discutir os resultados

obtidos nas etapas anteriores da pesquisa ao mesmo tempo em que são

apresentadas as respostas para as questões norteadoras enunciadas no Capítulo 1.

No Capítulo 4, os dados compilados a partir da revisão da bibliografia,

da realização da entrevista com o especialista e da experimentação com o modelo

de simulação desenvolvido no Arena são analisados e discutidos. Isto permitirá ao

leitor entender o processo percorrido para se chegar a cada resposta e preparar-se

para a última seção deste capítulo, onde serão apresentadas as conclusões do

trabalho de pesquisa, as recomendações à Força Aérea Brasileira e as

possibilidades de estudo futuro acerca do tema.

4.2 PRIMEIRA QUESTÃO NORTEADORA

A primeira questão norteadora diz respeito à forma como o SISMA está

estruturado e as regras de relacionamento entre os elos do Sistema, estando

enunciada na alínea “a”, do capítulo Introdução, da seguinte forma:

a) como está estruturado o SISMA e quais as regras d e

relacionamento entre os elos do Sistema?

A leitura crítica do Manual de Suprimento da FAB possibilitou claro

entendimento acerca da estrutura organizacional do SISMA. Embora o texto do

documento não descreva o Sistema nos termos que seguem, a compreensão que se

tem a partir da sua leitura permite fazê-lo.

Os dados levantados a partir da leitura do MCA 67-1 permitem afirmar

que o Sistema está organizado por níveis (escalões) de suprimento e manutenção,

cada um deles com suas responsabilidades definidas no corpo do documento.

Nas bases aéreas, locais onde ocorre a operação das aeronaves, há

recursos (mecânicos e equipamentos) dedicados a prestar o apoio de manutenção

Page 36: Roberto Carlos Borges de ABREU

34de primeiro e segundo nível13, compreendendo tarefas de manutenção mais simples,

como a substituição de componentes, lubrificações, verificações funcionais e,

eventualmente, inspeções de menor porte.

As atividades de manutenção acima citadas demandam o fornecimento

de materiais de diversas categorias. O atendimento dessas demandas é feito, em

primeira instância, pelas instalações de suprimento (armazéns remotos) existentes

nos esquadrões de suprimento e manutenção (ESM), os quais são subordinados

administrativamente às bases aéreas.

Por sua vez, os parques de material aeronáutico dispõem de estrutura

de manutenção de terceiro nível14, compreendendo as linhas de revisão das

aeronaves, onde são feitas as inspeções nível parque programadas (INPP) e

grandes reparos, decorrentes de eventuais sinistros ou da aplicação de boletins

técnicos emitidos pelo fabricante ou pelo próprio PAMA. Há, ainda, as oficinas de

materiais reparáveis, cuja finalidade é realizar reparos e revisões em componentes,

em complemento aquelas que são realizadas pelos ESM das bases aéreas. A

capacidade de reparo dos PAMA é complementada por oficinas especializadas,

localizadas no Brasil ou no exterior, que realizam aqueles reparos que os PAMA não

estão habilitados a fazer.

Da mesma forma que nas bases aéreas, as manutenções realizadas

no âmbito dos PAMA requerem a aplicação de componentes, os quais são

fornecidos pelo armazém central, localizado nas instalações dos parques. O

armazém central é responsável pelo abastecimento dos estoques dos armazéns

remotos. Por sua vez, o estoque do armazém central é recompletado por meio de

compras realizadas pelos PAMA, cujas fontes de origem podem estar no Brasil ou

no exterior

Complementando a leitura do Manual, a revisão da bibliografia que

trata da gestão de reparáveis, principalmente, a obra de Sherbrooke (1992), permitu

o entendimento das regras de relacionamentos que devem existir entre os elos

operacionais do SISMA, os armazéns remotos e central, e as oficinas locais (ESM)

e as do Parque.

13 Por ser uma representação simplificada do sistema real, o modelo considera o primeiro e segundonível como sendo um único nível (primeiro nível).

14 Pelos motivos expostos na nota acima, o modelo considera este o segundo nível.

Page 37: Roberto Carlos Borges de ABREU

35A primeira regra de relacionamento diz respeito à forma como é feito o

ressuprimento de itens reparáveis dos armazéns remotos pelo armazém central. A

distribuição prévia dos componentes sobressalentes entre os armazéns do Sistema

é a prática recomendada pela literatura que trata do tema, embora a norma da FAB

não aborde essa questão.

A regra para início do processo de reparo nas oficinas (abertura de

ordem de serviço) é outro ponto de divergência entre o que a teoria recomenda e a

prática observada no SISMA. A teoria estabelece que, sempre que um componente

reparável é recolhido da aeronave, ações de manutenção devem ser feitas para

trazê-lo de volta, no menor tempo possível, à condição de poder ser novamente

aplicado. Tal recomendação parte do pressuposto que, para recuperar o item, serão

necessários insumos cujo valor total é menor que o custo do componente reparável.

Dessa forma, seria antiproducente manter um componente de alto valor parado para

economizar na aplicação dos referidos insumos, cujos custos são inferiores ao do

item principal. Na FAB, essa regra não é seguida. Em decorrência, alguns parques

chegam a ter áreas de armazenagem dedicadas, exclusivamente, à guarda de

componentes que esperam pela abertura de ordem de serviço para executar o seu

reparo. Embora isso seja fato, não há argumento gerencial que sustente tal situação.

Cabe dizer que um dos produtos tangíveis da revisão da literatura

realizada nesta pesquisa foi a elaboração do sumário descritivo dos processos que

compõem o ciclo de utilização de um item reparável, usado na entrevista com o

especialista em suprimento. O esquema apresentado a seguir sintetiza, de forma

pictorial, o referido sumário.

Page 38: Roberto Carlos Borges de ABREU

36

Figura 3: Esquema representativo do ciclo de utilização do item reparável.Fonte: Adaptado de ABREU, 2002.

4.3 SEGUNDA E TERCEIRA QUESTÕES NORTEADORAS

As questões norteadoras seguintes, enunciadas nas alíneas “b” e “c”,

do capítulo Introdução, dizem respeito às características do SISMA que deverão

constar do modelo representativo construído no software de simulação Arena.

Oportunamente, será discutido o uso de indicadores de desempenho da gestão de

itens reparáveis do Sistema.

Seguem as questões norteadoras:

b) que características relevantes do SISMA devem ser

representadas no modelo de simulação?

c) que indicadores podem ser extraídos do referido m odelo?

As respostas destas questões foram obtidas por meio da entrevista

realizada com o Ten Cel Int Vladimir de Oliveira Andrade, especialista na gestão de

suprimento da FAB.

Page 39: Roberto Carlos Borges de ABREU

37Após a leitura do sumário constante no Apêndice A, o entrevistado fez

as ponderações que são apresentadas e discutidas a seguir.

PONDERAÇÃO DO ENTREVISTADO - Atualmente na FAB, poucas

bases aéreas possuem oficinas capacitadas a realizar algum tipo de manutenção em

componentes reparáveis de aeronave. Os ESM apenas instalam itens em condições

de uso e retiram aqueles que apresentam defeito ou que têm seus prazos de

manutenção vencidos. Em quase a totalidade dos casos, os reparos são feitos nos

PAMA ou em oficinas contratadas.

DISCUSSÃO - Este ponto será endereçado quando da construção do

modelo. Para representar a ponderação feita pelo especialista, de antemão, pode-se

afirmar que a inserção do módulo chance (ver descrição no Apêndice B) e a

atribuição de um valor percentual baixo, próximo a zero, para o item permanecer na

oficina local (ESM) resolvem o problema.

PONDERAÇÃO DO ENTREVISTADO - Em linhas gerais, a descrição

reflete os processos que ocorrem durante o ciclo de utilização dos itens reparáveis.

Falta, segundo, a ótica do entrevistado, maior detalhamento, principalmente no que

se refere aos modais de transporte utilizados na movimentação dos componentes

entre os armazéns remotos e parque central.

DISCUSSÃO - Em relação à ponderação acima, cabe reafirmar que o

modelo é uma simplificação da realidade. Procura captar somente os aspectos que

são necessários e relevantes para a representação do sistema real.

No momento seguinte da entrevista, ao ser questionado acerca da

pertinência dos três primeiros pressupostos (premissas) do modelo METRIC,

enunciadas no item 3.3.1 - ENTENDENDO O MODELO METRIC DE GESTÃO DE

ITENS REPARÁVEIS, deste relatório, o entevistado fez as ponderações que serão

apresentadas e discutidas a seguir.

PONDERAÇÃO DO ENTREVISTADO - No que se refere à demanda

de itens reparáveis, há grande diversidade no modo como ela ocorrre, podendo

resultar de falha no componente ou de realização de manutenção programada.

Alguns componentes tem demanda bastante regular, oriunda, quase que

exclusivamente, de recolhimento para manutenção preventiva. Outros falham mais

ou têm demanda incerta, tornando difícil a tarefa de provê-los ao operador no

Page 40: Roberto Carlos Borges de ABREU

38momento necessário e sem que haja solução de continuidade no fornecimento. Por

estes motivos, o entrevistado concluiu ser desaconselhável que se tenha uma única

regra de demanda para todos os itens.

DISCUSSÃO - A ponderação acima será atendida inserindo o módulo

create no modelo. Este módulo possibilita a criação de entidades (demandas) com

tempo entre elas seguindo distribuição qualquer, podendo, inclusive, ser um tempo

fixo.

PONDERAÇÃO DO ENTREVISTADO - Em relação ao fato do modelo

METRIC desconsiderar a possibilidade de condenação, o entrevistado ponderou que

tal situação “mascara” as reais necessidades do sistema, sendo enfático em dizer

que a condenação ocorre de forma rotineira e é um aspecto que deve constar no

cálculo das necessidades.

DISCUSSÃO - A condenação poderá ser inserida no modelo por meio

do módulo chance, cuja funcionalidade foi descrita acima. A cada item reparável que

segue para a oficina do parque será atribuída uma possibilidade (percentual) de ser

condenado.

PONDERAÇÃO DO ENTREVISTADO - No que diz respeito ao

processo de manutenção dos itens reparáveis nas oficinas do SISMA, o entrevistado

informa que há casos em que o item aguarda na oficina por falta de recursos

(equipamentos ou mão-de-obra) disponível para iniciar a ordem de serviço. Foi

mencionado o exemplo do setor de Banco de Provas de Motores, do PAMALS, onde

só há a possibilidade de um motor por vez passar pelos testes. Os testes podem

podem durar dias. Nestes casos, eventualmente, ocorrerá a situação de itens

aguardando a liberação do banco de provas para iniciar o teste.

DISCUSSÃO - No modelo, os tempos de reparo serão modelados por

meio do módulo delay do Arena, permitindo, assim, que o tempo de reparo siga uma

distribuição de probabilidade qualquer.

PONDERAÇÃO DO ENTREVISTADO - Finalmente, questionado a

respeito de indicadores de desempenho da gestão de itens reparáveis do SISMA, o

entrevistado informou a existência de diversos parâmetros que são analisados. O

Primeiro deles é a quantidade de itens causando situação AIFP (aeronave

Page 41: Roberto Carlos Borges de ABREU

39indisponível por falta de peça). Esse número relaciona-se com a disponibilidade da

frota. Há, também, o indicador estoque médio do componente.

DISCUSSÃO – No modelo, serão inseridos indicadores de estoque e

de itens faltante criando-se variáveis globais do sistema. O Apêndice B apresenta,

de forma sucinta, a descrição do módulo statistics, que coletará informações das

referidas variáveis.

A análise dos comentários acima, permitiu concluir que o modelo a ser

construído usando simulação deverá apresentar as características listadas adiante,

respondendo a questão enunciada na alínea “b”. São elas:

a) a taxa de demanda poderá ser expressa como um valor fixo ou

como uma variável que segue distribuição de probabilidade

qualquer;

b) o tempo de reparo poderá ser um valor fixo ou um valor variável

que segue distribuição de probabilidade qualquer;

c) o modelo deverá contemplar as possíveis condenações dos

componentes que não puderem ser reparados; e

d) o modelo deverá contemplar atrasos por espera em fila quando a

oficina não dispor de recursos humanos e equipamentos em

quantidade indiscutivelmente superiores às necessidades da rotina

de trabalho.

Em relação à proposta de utilização do indicador EBO, embora o

entrevistado tenha reportado que não percebe vantagens significativas no uso do

indicador proposto em lugar dos atualmente monitorados no SISMA, a saber, AIFP e

estoque médio, optou-se por incluir este indicador no modelo desenvolvido no

Arena.

A sugestão de inclusão da variável estoque médio no modelo foi

aceita, pois a inclusão da mesma permitirá criar o indicador de estoque médio, que

sintetiza informações relativas ao espectro oposto do que vem sendo discutido até o

presente momento. O estoque médio poderá fornecer informações acerca de itens

reparáveis em quantidade superior ao que é necessário. Esta informação poderá

ajudar os gestores no processo de tomada de decisão, indicando a necessidade de

alienação de estoques excessivos ou na tomada de medidas para prevenir que o

Page 42: Roberto Carlos Borges de ABREU

40componente reparável chegue ao seu tempo limite de estocagem sem que tenha

sido aplicado na aeronave.

Excluiu-se o indicador AIFP devido a sua similaridade com o EBO.

Ambos referem-se à falta de componentes, porém, o EBO sintetiza mais

informações por ser um estimador de tendência central, ao passo que o AIFP, da

forma como é calculado no SILOMS, reflete apenas um valor apurado em

determinado momento.

Isto posto, considera-se respondida a questão norteadora relativa à

alínea “c”, conforme enunciada anteriormente.

4.4 QUARTA E QUINTA QUESTÕES NORTEADORAS

As questões norteadoras seguintes, enunciadas nas alíneas “d” e “e”,

do capítulo Introdução, dizem respeito à forma como os indicadores usados no

modelo de simulação podem auxiliar os gestores do SISMA no processo de tomada

de decisão acerca da gestão de reparáveis. Oportunamente, serão discutidas as

vantagens e desvantagens do uso de modelos de simulação.

Seguem as questões norteadoras:

d) de que forma os indicadores podem auxiliar o proc esso de

tomada de decisão?

e) quais as vantagens e desvantagens de diferentes m odelos de

simulação?

As respostas para as questões acima foram alcançadas por meio do

processo de construção e de experimentação do modelo representativo do ciclo de

utilização do componente reparável no SISMA.

Na verdade, em relação à questão dos indicadores, a entrevista com o

especialista na gestão de suprimento já propiciou oportunidade de início da

discussão em torno do tema.

Sobre os indicadores propostos, cabe destacar os pontos que seguem.

Page 43: Roberto Carlos Borges de ABREU

41Em termos gerais, tanto o indicador estoque médio quanto o EBO

devem ser entendidos como uma ferramenta que aponta a direção aproximada a ser

seguida. Desvios nos valores desses indicadores devem fazer com que o gestor

aprofunde a discussão, antes de tomar decisões.

Em relação ao indicador estoque médio, como foi antecipado na seção

4.3, deste capítulo, a ocorrência de valores muito superiores à média pode revelar a

existência de estoques excedentes. Em se tratando de item reparável, que tem

característica de material duradouro, a existência de material em excesso dá poucas

opções de correção ao gestor responsável. Não há muito o quê fazer além de

esperar, pacientemente, que as condenações futuras façam o inventário baixar para

um nível aceitável segundo critérios do gestor.

Neste caso, os gestores devem tomar ações somente se observar que

o referido excesso traz prejuízos à operação do armazém. Itens em excesso,

normalmente, ocupam espaço maior que o devido, podem despertar a cobiça do

pessoal que faz o seu manuseio e podem, ainda, ter seus tempos limites de

armazenagem atingidos antes de serem aplicados na aeronaves, resultando em

desperdício de recursos.

Por outro lado, o indicador EBO em níveis acima da média, pode

resultar em baixa disponibilidade da frota, se o componente em questão for de

aplicação crítica à operação da aeronave. Ainda sobre essa situação, os gestores de

material devem atentar para busca das razões que levam ao desvio no valor

observado, antes de tomar ações imediatas, como a de iniciar o processo de compra

para aumentar a quantidade de giro. O indicador EBO acima da média pode indicar,

por exemplo, que o tempo de reparo está acima do que deve ser. Esta situação

pode estar ocorrendo por falta de itens de consumo aplicáveis na manutenção do

item reparável. Pode, ainda, decorrer de falta de capacitação da mão-de-obra que

faz o reparo. Ou, ainda, decorrer de problemas com a movimentação de material

entre o armazém remoto e o parque central. Veja que o aumento da quantidade de

giro, nesses casos, não resolve o problema. Somente posterga a crise para uma

data no futuro.

Page 44: Roberto Carlos Borges de ABREU

42Finalmente, cabe elencar as vantagens e desvantagens observadas

quando do processo experimentação com o modelo construído no software Arena,

com vista a responder a questão norteadora derradeira.

Neste momento, é oportuno dizer que a percepção do que vem a ser

vantagem e desvantagem é algo de cunho bastante subjetivo. Não obstante,

procurar-se-á exercer aqui a virtude da imparcialidade, tão necessária quanto difícil

de ser conseguida em se tratando de pesquisa aplicada.

Entende-se como desvantagens do uso de modelos de simulação, em

comparação com outras ferramentas de gestão de reparáveis, os seguintes pontos,

a serem discutidos a seguir.

O uso de modelos de simulação requer do gestor de material maior

conhecimento sobre o sistema sob sua responsabilidade. Nem sempre isso é

possível, considerando o nível de treinamento que a FAB oferece a quem trabalha

nessa área.

Do mesmo modo, a interpretação de relatórios de simulação requer do

usuário o conhecimento de métodos estatísticos para que possa fazer uso das

informações geradas a partir da experimentação com o modelo. É necessário ter

domínio sobre temas como medidas de tendência central, de dispersão e intervalos

de confiança. Do contrário, os relatórios do modelo serão peças inúteis.

A construção de modelos de simulação requer o uso de software

específicos, cujos custos de aquisição, treinamento e suporte podem desestimular

aqueles que procuram soluções de menor custo. Por exemplo, o preço de uma única

licença da versão básica do Arena é de U$ 1895,00 (mil oitocentos e noventa e

cinco dolares americanos), conforme dados obtidos no site

www.arenasimulation.com. O site não informa o preço da licença profissional.

Estima-se que o valor dessa licença seja algo em torno de vinte mil dolares

americanos. Somam-se a este valor os custos com treinamento de pessoal,

atualizações, etc. Definitivamente, simulação não é uma solução de baixo custo.

Adiante, serão apontados e discutidos os pontos considerados como

vantagens do uso de modelos de simulação, em comparação com outras

ferramentas de gestão de reparáveis.

Page 45: Roberto Carlos Borges de ABREU

43A principal vantagem observada a partir da experimentação com os

modelos refere-se ao fato de que o uso da simulação permite representar de modo

mais fidedigno os sistemas do mundo real. Por conseguinte, as informações geradas

a partir de modelos tendem a ser mais realistas, propiciando condições melhores

para a tomada de decisão.

Em complemento, o processo de construção de modelos é um rico

exercício de conhecimento sobre o sistema que se quer representar. O simples

percorrer desse processo já agrega valor a quem dele participa. Embora um tanto

mais difícil de ser mensurado, esse conhecimento poderá resultar em melhores

decisões para o sistema.

Finalmente, a experimentação com modelos permite testar cenários

antes da implementação de estratégias, o que reduz o risco quando da tomada de

decisão. Por exemplo: o uso de modelos em sistemas de reparáveis possibilita testar

quais impactos terão sobre os indicadores de desempenho a contratação de um

serviço expresso de transporte de material, que agilize a movimentação de itens

entre os armazéns remotos e o parque central. Isso permite verificar, antes de

contratar o serviço, os custos e os benefícios relativos à decisão.

Concluída a etapa de análise dos resultados, o capítulo seguinte

apresentará as conclusões deste trabalho, as recomendações para FAB e as

possibilidades de estudos futuros acerca do tema.

Page 46: Roberto Carlos Borges de ABREU

445 CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E ESTUDOS FUTUROS

Este trabalho teve como objetivo principal analisar as potencialidades

do uso de modelos de simulação como ferramenta de apoio na tomada de decisão

na gestão de inventários de componentes reparáveis de aeronaves da FAB.

A pesquisa permitiu adentrar em duas áreas onde existe pouca

produção científica em língua portuguesa, a saber: gestão de componentes

reparáveis de aeronave e simulação.

Para atingir o objetivo acima enunciado, o autor se dispôs a construir

um modelo representativo do ciclo de utilização de um componente reparável, que

foi conseguido usando o software de simulação Arena.

A partir do modelo construído, pretendeu-se realizar experimentos para

verificar e validar o emprego da simulação como ferramenta de suporte para tomada

de decisão acerca da gestão de componentes reparáveis de aeronaves do SISMA.

Para construção do modelo, foi necessário aprofundar a discussão

acerca da gestão de itens reparáveis, o que foi conseguido pela revisão da literatura

geral, sobre administração de materiais, e específica, sobre a gestão de itens

reparáveis de aeronave.

Foi necessário, também, conchecer as regras de relacionamento entre

os órgãos elos que compõem o SISMA, o que foi conseguido por meio da revisão

crítica do Manual de Suprimento (MCA 67-1) e pela condução de entrevista com um

especialista na gestão de suprimentos da FAB.

O processo de construção do modelo e sua posterior experimentação

permitiu comparar as vantagens e desvantagens do uso da simulação frente a

outras técnicas de gestão, a saber o METRIC.

Finalmente, no que se refere ao uso de modelos de simulação na

gestão de reparáveis, o estudo permitiu chegar às seguintes conclusões e

recomendações para a Força Aérea Brasileira:

a) conforme demonstrado no Capítulo 4 deste relatório, os modelos de

simulação podem ter aplicação como ferramenta de suporte na

gestão de componentes reparáveis de aeronave, pois propiciam

Page 47: Roberto Carlos Borges de ABREU

45condições de refinar os cálculos das quantidades necessárias de

componentes sobressalentes para as aeronaves da FAB;

b) a melhor relação de custo-benefício poderá ocorrer quando os

modelos forem desenvolvidos para os itens de inventário de maior

preço, tais como turbinas, componentes do grupo moto-propulsor

da aeronave. Isto justificaria os investimentos em software e em

treinamento de pessoal; e

c) os investimentos acima citados podem ser minimizados se for

adotada uma estratégia de criar um núcleo para estudo e aplicação

da ferramenta no SISMA. O referido núcleo poderia ficar, em

princípio, sob a responsabilidade do Grande Comando (COMGAP)

ou do Órgão de Direção do SISMA (DIRMAB) ou, ainda, de um dos

elos operacionais (PAMA) que demonstrasse maior vocação para

levar em frente o projeto. O núcleo poderia atender às

necessidades das demais OM do Sistema.

Finalmente, a presente pesquisa representou apenas uma pequena

parcela do que pode ser estudado acerca de simulação e gestão de reparáveis.

Muito ainda pode ser pesquisado nesta área de conhecimento. Para aqueles que

têm interesse no tema, adiante são oferecidos tópicos que, na opinião ao autor,

carecem de aprofundamento. São eles:

a) o uso de modelos de simulação na gestão de itens aeronáuticos de

alto preço, categoria consumo;

b) como representar em modelos de simulação a situação de

ressuprimento lateral, em que armazéns remotos ressuprem-se

mutuamente;

c) como representar em modelos de simulação a situação de

canibalização, em que as faltas de determinados itens são

consolidades em poucas aeronaves; e

d) estudo compartivo da gestão de reparáveis na FAB e de uma

empresa de aviação comercial.

Page 48: Roberto Carlos Borges de ABREU

46REFERÊNCIAS

ABREU, Roberto Carlos Borges de. The effects of variability in demand and timeparameters for multi-item, multi-echelon, multi-ind enture reparable inventorysystems. Dissertation (Master of Science in Logistics Management) – GraduateSchool of Engineering and Management, Air Force Institute of Technology, Ohio,2002.

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BRASIL. Portaria DIRMAB nº 32, de 09 de março de 2007. Aprova a edição doManual que disciplina as atividades inerentes à Função Logística de Suprimento deMaterial Aeronáutico: MCA 67-1. Rio de janeiro, RJ, 2007.

BURNWORTH, Todd C. Simulated multi-echelon readiness-based inventoryleveling with lateral resupply. Dissertation (Master of Science in LogisticsManagement) – Graduate School of Operations Research, Air Force Institute ofTechnology, Ohio, 2008.

COHEN, William A. Lições de liderança em tempos de guerra : da adversidade aosucesso e do medo à vitória. São Paulo: Makron Books, 2002.

CRESWELL, John W. Research design : qualitative & quantitative approach.London: Sage Publications, 1994.

GROSS, Donald; HARRIS, Carl M. Fundamentals of queueing theory . New York:John Willey & Sons,1998.

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KINNISON, Harry A.; Aviation maintenance management. New York: McGraw Hill,2004.

SHERBROOKE, Craig C. Optimal Inventory Modeling Of Systems . New York:John Wiley & Sons Inc., 1992.

SILVER, Edward A.; PYKE, David F.; PETERSON, Rein. Inventory managementand production planning and scheduling . New York: John Willey & Sons,1998.

SIMCHI-LEVI, David; KAMINSKY, Philip; SIMCHI-LEVI, Edith. Designing andmanaging the supply chain: concepts, strategies, and case studies. Boston:McGraw Hill, 2000.

SOPRA, Sunil; MEINDL, Peter. Gerenciamento da cadeia de suprimento:estratégia, planejamento e operação. São Paulo: Pearson Prentice Hall,2004.

Page 49: Roberto Carlos Borges de ABREU

47GLOSSÁRIO

Arena – Software de simulação usado nesta pesquisa,para desenvolver um modelorepresentativo do ciclo de utilização de um item reparável de aeronave. O aplicativoé de propriedade da empresa Rockwell Automation.

Demanda – Termo utilizado para designar a quantidade necessária de determinadocomponente por periodo de tempo. A demanda não deve ser confundida com oconsumo ou a aplicação do item. Pode haver demanda mesmo quando não háconsumo.

Categoria “C” – O termo refere-se aos itens de consumo de aplicação emaeronave.

Categoria “R” – O termo refere-se aos itens reparáveis de aplicação em aeronave.

Condenação – O termo condenação representa a situação em que determinadocomponente reparável é descartado, normalmente, porque a sua recuperação éimpossível de ser feita ou, quando possível, é antieconômica.

EBO – Abreviatura da expressão em inglês expected backorder. Neste relatório depesquisa, EBO é o estimador da quantidade de itens faltantes de determinado itemreparável. É, também, um indicador de eficiência na gestão de reparáveis.

Exponencial – Regra de distribuição de probabilidade, comumente utilizada pararepresentar a variável tempo entre falhas de um componente.

Giro – O termo giro, ou quantidade de giro, refere-se ao montante de componentereparável sobressalente. Exemplificando: em uma frota de dez aeronavesmonomotoras, a existência de 1 (um) motor, além dos dez que estão (ou deveriamestar) instalados nas aeronaves, representa 1 (uma) unidade de giro.

Markov – o termo cadeias de Markov refere-se à representação matemática deprocessos em série ou paralelos, onde a taxa de chegada das entidades temdistribuição de Poisson.

Pipeline – O termo pipeline vem do inglês e significa tubo ou tubulação. Trata-se deuma metáfora para indicar o curso que o item reparável percorre (entre os diversoselos do sistema de reparo) durante o seu ciclo de utilização.

Poisson – Regra de distribuição de probabilidade, comumente, utilizada pararepresentar a variável demanda de um componente.

Page 50: Roberto Carlos Borges de ABREU

48Apêndice A – Roteiro da entrevista com o especialis ta em gestão de

suprimento da FAB

Caro entrevistado,

O texto a seguir trata da descrição, de forma resumida, do ciclo de

utilização de um componente reparável de aeronave no SISMA e foi elaborado com

o propósito de servir de roteiro para construção de um modelo representativo do

ciclo no Sistema. O modelo será construído no software Arena de Simulação.

Peço que proceda a leitura do texto, reflita acerca da sua pertinência e

apresente suas ponderações (concordâncias e discordâncias).

Em caso de dúvidas, por favor, contate-me.

Cordialmente,

TC Abreu.

Segue a descrição.

1. Quando um item reparável é retirado da aeronave, seja por motivo

de falha ou para manutenção preventiva, uma requisição por um componente em

condições de uso é emitida do setor de manutenção para o armazém de suprimento

remoto da base.

2. Caso a quantidade em estoque do referido item no armazém de

utilizáveis do remoto for maior ou igual a 1 (um), a requisição será atendida. Caso

contrário, será computada uma falta do item no armazém da base aérea, gerando

uma medida de desempenho que representa o número de itens faltantes no

armazém. O valor do número de itens faltantes tomado ao longo do tempo servirá de

base para cálculo do indicador número médio de itens faltantes no armazém, e

utilizará a abreviatura EBO, do inglês expected backorder.

3. Simultaneamente, o item retirado da aeronave passará por

inspeção, podendo, em alguns casos, ser reparado pelo próprio Esquadrão de

Suprimento e Manutenção (ESM) da base. Quando o reparo ocorre no ESM, ao

término do processo, o componente deverá ir para o armazém de utilizáveis do

Page 51: Roberto Carlos Borges de ABREU

49remoto e, caso haja pendências na frota em relação ao item, o mesmo deverá ser

aplicado, de imediato na aeronave.

4. Quando o reparo não puder ser efetivado no ESM, o item danificado

será encaminhado para o parque central ou parque oficina, ao mesmo tempo em

que é emitida uma requisição ao parque responsável, pedindo o envio de uma

unidade do componente em condições de uso.

5. No armazém do parque responsável pelo atendimento, caso a

quantidade em estoque do referido item for maior ou igual a 1 (um), a requisição

será atendida. Caso contrário, será computada uma falta do item no referido

armazém e procede-se com o cômputo do indicador EBO para o armazém do

PAMA, de forma similar a que é descrita no item 2 deste sumário descritivo.

6. O item danificado, recolhido pela base, passará pelo processo de

manutenção, podendo este ocorrer nas oficinas do parque central, em oficina

contratada no Brasil ou no exterior.

7. Finalmente, o atendimento da necessidade do armazém remoto

ficará pendente até que haja uma unidade disponível, no armazém central. Esta

unidade não precisa ser, necessariamente, aquela que foi recolhida pelo remoto. O

tempo para efetivar o fornecimento será chamado de OST, do inglês ordering and

ship time e compreende o tempo de remessa do item de volta ao armazém remoto,

sendo desconsiderados outros atrasos.

Page 52: Roberto Carlos Borges de ABREU

50Apêndice B – descrição da funcionalidade do módulos utilizados na

construção do modelo no software Arena

Módulo create – cria as entidades (demanda de itens reparáveis) para o modelo.No módulo create, o processo de chegada é definido pelo tempo entre as chegadas.O Arena permite que este tempo seja modelado conforme distribuição qualquer ou,ainda, como um tempo fixo entre as chegadas. Esse recurso deixa o modelo desimulação mais flexível, pois não obriga a seguir o processo de Poisson paramodelar as chegadas.

Módulo duplicate – duplica a entidade demanda. Para cada demanda é criada umarequisição (em papel ou por meio eletrônico) que vai para o armazém e uma ordemde serviço para o componente a ser reparado, que segue para a oficina.

Módulo choose – implica uma condição a ser verificada. No modelo, este módulo éusado, por exemplo, para verificar se o atendimento será imediato (condiçãoestoque > ou = a 1) ou se será aberta uma backorder.

Módulo assign – modifica o valor de uma variável. No modelo, sempre que há umademanda e o estoque é igual a zero, o módulo assign aumenta o valor da variávelEBO em uma unidade. Por outro lado, quando ocorre a conclusão de uma ordem deserviço e o atendimentode uma unidade que estava pendente na situação debackorder, o módulo assign diminui o valor da variável EBO em uma unidade.

Módulo wait – faz com que a entidade espere por um sinal para seguir em frente.No modelo, o módulo wait é usado para segurar um pedido não atendido até queseja concluida uma ordem de serviço e o sistema seja informado da conclusão.

Módulo signal – emite um sinal (aviso) para o sistema. No modelo, o módulo éusado, por exemplo, para informar ao sistema que foi alterado o valor da variávelestoque de um componente.

Módulo dispose – coloca a entidade para fora do sistema. No modelo, poderepresentar o item reparável que saiu do estoque para ser aplicado na aeronave.

Módulo chance – expressa uma probabilidade de ocorrência de um eventoqualquer. No modelo, expressa, em termos percentuais, a chance de um itemretirado da aeronave ter que seguir para o pipeline do PAMA. É com o módulochance que o modelo representa, também, as possíveis condenações de materialreparável no sistema da vida real.

Módulo delay – representa um periodo de tempo qualquer. Pode ser fixo ouvariável, seguindo distribuição de probabilidade qualquer. No modelo, é usado pararepresentar os tempos de reparo (base e parque) e os tempos de transporte entre abase e o parque.

Page 53: Roberto Carlos Borges de ABREU

51

Módulo variable – permite criar variáveis globais para o sistema. No modelo, foramcriadas variáveis para representar a quantidade em estoque (para cálculo doindicador estoque médio), número de itens faltantes (para cálculo do indicadorEBO) .Módulo statistics – coleta estatística das variáveis após cada vez que o modelo éutilizado.

Page 54: Roberto Carlos Borges de ABREU

Apêndice C – Modelo de simulação desenvolvido no software Arena

N OR M ( 0 .4 76 , 0 .0 5 )

S 1 1 > = 1I f

E l s e

S 1 1

S 1 1

1

D e p o t B O

B O

S 1 0

S 1 1

P a ra t e s e

5 0 0 0

S 1 1 f i x e d

S 1 1 f i x e d

W i t h

E l s e

0 . 3

S 1 0 > = 1I f

E l s e

S 1 0

S 1 0

S 1 0 f i x e d

S 1 0 f i x e d

1

1 . 2 S 1 1 f i x e dS 1 1

NÍVEL PARQUE

NÍVEL BASE

__________________________________________________________________________________________

B O B O

ARMAZÉM DA BASE

OFICINA DA BASE

OFICINA DO PARQUE

ARMAZÉM DO PARQUE

OST

D e p o t B O D e p o t B O

L OGN ( 1 . 2 , 2 )

L OGN ( 3 . 5 , 6 . 6 )

Create

Choose Assign

Assign

Duplicate

Variables

Simulate

Wait

Signal

Chance

Choose Assign

Assign

Wait

Signal

Duplicate

Delay SignalAssign

Statistics

Assign Assign

Dispose

Dispose

Dispose

Dispose

Assign Assign

Delay

DelayWi th

E ls e

0 .9 5

Chance

S 1 0S 1 0 f i x e d

CONDENAÇÃO6

Assign Signal DisposeDelay

S 1 0

Assign

Fonte: Dados da pesquisa.

Page 55: Roberto Carlos Borges de ABREU

Anexo A – Fórmulas do METRIC

Fonte: (ABREU, 2002)