DA MATTA, Roberto; Relativizando - Uma Introdução à Antropologia Social (Parte I)
Roberto Da Matta
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O texto que de seguida resumirei foi erigido pelo antropólogo Roberto Da Matta no ano
de 1987 e tem como título “Relativizando. Uma introdução á antropologia social.” A
síntese abarca a primeira parte deste livro «A antropologia no quadro das ciências».
Como o titulo sugere a ideia central explorada pelo autor é a de situar a antropologia,
enquanto ciência social, no quadro mais abrangente das ciências. Para tal o autor foca-se
sobretudo na distinção entre ciências naturais e ciências sociais.
O primeiro capitulo intitula-se «Ciências naturais e ciências sociais», nele o autor
analisa e distingue os métodos de ambas as ciências, começa por descrever o cientista
natural que leva a cabo as suas experiências num ambiente controlado onde pode
realizar quantos testes forem necessários para conseguir determinar a causalidade de
certo fenómeno, designa por isso o conhecimento que daí resulta de conhecimento
objectivo, salientando que tal só é possível dada a natureza da sua matéria prima com
causas simples, isoláveis e recorrentes.
analisa de seguida o método das ciências sociais procurando contrastar com o anterior .
Os eventos analisados pelo cientista social, explica, pertencem ao passado e portanto
não são passiveis de serem reproduzidos e testados num ambiente controlado, deste
modo a determinação da sua causalidade é dificultada. Para demonstrar esta dificuldade
em atribuir a causalidade a um factor exclusivo numa acção aparentemente simples, Da
Matta, usa o exemplo de se comer um bolo, clarificando que a motivação para o fazer
pode partir de variadíssimas e inesperadas razões de ordem social e psicológica.
Assim, elucida, da mesma forma que a ação pode ter inúmeras explicações também o
observador, o cientista social, pode percecionar a ação de diversas formas pois tanto a
ação como o observador estão inseridos em contextos mais vastos. No fim do primeiro
capitulo destaca a importância de o cientista social se consciencializar de que a sua
experiência influência a forma como percepciona, por conseguinte, para ser
imparcial, tem que ultrapassar primeiro os seus próprios preconceitos.
No segundo capitulo explica que os conceitos de circularidade e reflexividade são
centrais nas ciências sociais pois os eventos que o investigador analisa são
protagonizados por seres iguais a ele (ao contrário das ciências naturais que estudam
animais e bactérias) ,isto liga-o ao seu objecto de estudo de forma íntima e que não
encontra paralelo nas outras ciências. Denota ainda que ao inverso das ciências naturais,
cujos resultados frequentemente são convertíveis em tecnologia, aqui a aplicação dos
resultados dá-se ao nível de modificações na estrutura de valores e comportamentos
sociais tanto para investigador como para investigado. Por estas razões defende que os
resultados da pesquisa devem ser alcançados em contínua e plena discussão com os
próprios locais.
No terceiro capitulo, Da Matta, narra as esferas de interesse da antropologia, a
antropologia biológica a arqueologia e a antropologia social/cultural. A primeira das três
dedica-se a analisar o processo evolutivo do homem e as diferenciações populacionais;
a arqueologia por sua vez debruça-se sobre a descoberta e estudo de artefactos culturais
na tentativa de ´´refazer o puzzle´´ e compreender o funcionamento de sociedades
especificas, por último a antropologia social/cultural ou etnografia, a única das três
ciências humanas que lida diretamente com humanos, classifica- a como o estudo das
diferenças, focando a circunstância de o homem ser o único animal capaz de produzir a
cultura como forma de se diferenciar do outro semelhante .
No quarto capitulo muito resumidamente o autor define três planos de consciência
antropológica. O da antropologia biológica que trabalha numa escala temporal de
milhões anos e que está orientado para o estudo da evolução da espécie humana, o da
arqueologia que também trabalha com uma escala temporal de milhares de anos contudo
está direcionado para os estudos das civilizações e suas especificidades. O plano de
consciência da antropologia trabalha numa escala de tempo secular o que permite ao
antropólogo ter uma percepção muito mais complexa e integral sobre eventos
sobredeterminados e conseguir determinar a sua causalidade.
No quinto capitulo explora a dialética do determinismo biológico criticando as
percepções naturalistas e utilitaristas que resumem sistemas culturais a respostas
adaptativas ao meio ambiente(1) , por não pensarem em termos de sociedades e culturas
mas sim em função da categoria abrangente de homem(2), ignorando deste modo a
diversidade cultural (3), e ignorando também a capacidade inventiva do homem como
se fosse um agente passivo(4) . conclui este capitulo com a ideia de que o peso da
cultura é um factor determinante na escolhas dos indivíduos de tal modo que para ser
ultrapassado é necessária uma reconversão de valores.
A análise das diferenças entre social e cultural ocupa o sexto e último capitulo , afirma
que pode existir uma cultura sem sociedade mas não uma sociedade sem cultura , esta
segunda só é verificada entre animais sociais. A sociedade é ,segundo o autor, como
que uma máquina , a estrutura sobre qual a cultura se desenrola, bem como os
mecanismos que garantem a sua reprodução. A sociedade é assim o meio que permite á
cultura manter-se viva e ir se atualizando. Da Matta coloca assim a cultura no campo
dos valores, ideologias e regras culturais que orientam uma sociedade.
que dentro de uma sociedade existem grupos que constroem subculturas.
o conceito de sociedade explica remete para o aqui e agora enquanto que cultura abarca
várias gerações . A cultura é entã o conjunto de valores e regras sociais que orientam
uma sociedade esta consiste na infra estrutura e nos mecanismos que garantem a sua
reprodução. A sociedade é assim o meio que permite á cultura manter-se viva e ir
actualizando-se
No segundo capitulo O autor demonstra, a propósito da reflexividade e circularidade
das ci~encias humanas, como o o cientista se encontra intimamente ligado á sua
matéria prima eventos protagonizados poras pessoas como ele, e que ao compreender
os outros estará a compreender mais sobre si próprio-- “quando vejo um costume
diferenteé que acabo reconhecendo,pelo contraste, meu próprio costume”-- A propósito
disto salienta ainda mais á frente8pág.26) que é através da comparação com o outro e
ainda mais de diversas respostas culturais que aprende-mos a relativizar.
Os resultados práticos que resultam da prática dos dois tipos de ci~encia diferem tanto
comoo os métodos esclarece o autor nas ci~encias naturais os resultados dão
frequentemente a plicáveis em tecnologia, já nas ci~encias sociais a aplicação das
pesquisas dá-se ao nível de modificações na estrutura de valores e comportamentos
sociais .
A causalidade de uma acção aparentemente simples não pode ser atribuída a um fator
exclusivo pois, como o autor clarifica com o exemplo de comer um bolo, a acção pode
ser levada a cabo por variadíssimas e inesperadas razões de ordem social ou psicológica.
Pois ao compreender os outros estará a compreender mais sobre si próprio. salienta que
é através da comparação com o outro e da análise de diversas respostas culturais que
aprende-mos a relativizar.
Assim ao se debruçar sobre indivíduos, e não animais e bactérias, os resultados do seu
trabalho exercerão uma influência directa não só sobre as pessoas que estuda, como na
sua própria sociedade. “de facto, na medida em que deixo o tempo biológico e penetro
no tempo arqueológico , começo a vislumbrar a sociedade e a cultura”
Assim,explica,
cultural é tudo aquilo que não pode ser atribuído a factores genéticos ou naturais
Ainda a este propósito Da Matta introduz o conceito de sobredeterminação para
explicar a dificuldade em delimitar as causas de um evento sobredeterminado já que
este está inserido num contexto social e numa cadeia de eventos anteriores e posteriores.
No segundo capitulo explica que os conceitos de circularidade e reflexividade são
centrais nas ciências sociais pois os eventos que o investigador analisa são
protagonizados por seres iguais a ele (ao contrário das ciências naturais que estudam
animais e bactérias) ,isto liga-o ao seu objecto de estudo de forma íntima e que não
encontra paralelo nas outras ciências. Denota ainda que ao inverso das ciências naturais,
cujos resultados frequentemente são convertíveis em tecnologia, aqui a aplicação dos
resultados dá-se ao nível de modificações na estrutura de valores e comportamentos
sociais tanto para investigador como para investigado. Por estas razões defende que os
resultados da pesquisa devem ser alcançados em contínua e plena discussão com os
próprios locais.
No segundo capitulo explica que nas ciências naturais o distanciamento em relação ao
objecto de estudo é inevitável uma vez que o investigador não pertence á mesma
categoria que o investigado , já no caso do cientista social os conceitos de circularidade
e reflexividade são centrais pois os eventos que analisa são protagonizados por seres
iguais a ele (ao contrário das ciências naturais que estudam animais e bactérias) ,isto
liga-o ao seu objecto de estudo de forma íntima e que não encontra paralelo nas ciências
naturais.. Ao contrário das restantes ciências cujos resultados frequentemente são
convertíveis em tecnologia, aqui a aplicação dos resultados dá-se ao nível de
modificações na estrutura de valores e comportamentos sociais tanto para investigador
como para iinvestigado.. Por estas razões o autor defende que os resultados da pesquisa
devem ser alcançados em contínua e plena discussão com os próprios locais.
nas ciências naturais o distanciamento em relação ao objecto de estudo é inevitável uma
vez que o investigador não pertence á mesma categoria que o investigado , já
No terceiro capitulo, Da Matta, narra as esferas de interesse da antropologia, a
antropologia biológica a arqueologia e a antropologia social/cultural. A primeira das três
dedica-se a analisar o processo evolutivo do homem e as diferenciações populacionais;
a arqueologia por sua vez debruça-se sobre a descoberta e estudo de artefactos culturais
na tentativa de ´´refazer o puzzle´´ e compreender o funcionamento de sociedades
especificas, por último a antropologia social/cultural ou etnografia, a única das três
ciências humanas que lida diretamente com humanos, classifica- a como o estudo das
diferenças, focando a circunstância de o homem ser o único animal capaz de produzir a
cultura como forma de se diferenciar do outro semelhante .
No terceiro capitulo «antropologia ou antropologias» da matta fala das esferas de
interesse da antropologia, a antropologia biológica a arqueologia e a antropologia
social/cultural. A primeira das três dedica-se a analisar o processo evolutivo do homem
e diferenciações populacionais, a arqueologia por sua vez debruça-se sobre o
descobrimento e estudo de artefactos culturais na tentativa de ´´refazer o puzzle´´ e
compreender o funcionamento de civilizações especificas. Por último a antropologia
social/cultural ou etnografia a única das três ciências humanas que lida diretamente com
humanos, classifica- a como o estudo das diferenças, focando o fato de o homem ser o
único animal capaz de produzir a cultura como forma de se diferenciar do outro
semelhante .