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ROMANTISMO Antonio Castelnou

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ROMANTISMOAntonio Castelnou

INTRODUÇÃO

❖ A história da arte oitocentista foi marcada pelo retorno a

fontes históricas (HISTORICISMO), as quais inspiraram

todas as correntes estéticas da Europa e das Américas.

❖ No decorrer do século XIX, partindo do Neoclassicismo e

cada vez mais, os artistas rejeitaram a autoridade das

ACADEMIAS, o que conduziu a novas experimentações,

especialmente na França e na Inglaterra.

❖Sentindo-se mais livres para

explorar os limites da arte,

todos os artistas foram

influenciados pelos ideais de

LIBERDADE e REBELDIA

defendidos desde meados do

século XVIII pelo filósofo

francês Jean-Jacques

Rousseau (1712-78).

Maurice-Quentin de La Tour (1704-88)

Portrait de J. J. Rousseau

(c.1753)

❖ Os românticos estavam convencidos

de que o indivíduo era a força-motriz da

história e do progresso, enfatizando o

emocional, o irracional e o intuitivo.

❖Houve também as contribuições da

Alemanha, as quais procuraram retratar

a força descomunal da NATUREZA, o

que atestava a frágil condição humana.A Árvore dos Corvos (c.1822) - 59x73cm

Caspar D. Friedrich (1774-1840)

J. M. W. Turner (1827-75)Manhã Gelada (1814)

114x175cm

❖ Deslocou-se o interesse do mundo exterior ao interior do indivíduo, levando a novas experiências

estéticas em literatura e artes visuais, que se direcionaram ao mundo sobrenatural e à

exploração da psicologia humana.

J. W. von

Goethe

(1749-1832)

Victor Hugo

(1802-85)

Honoré de Balzac

(1799-1850)

Edgar Allan Poe

(1809-49)

Lord Byron

(1768-1825)

ARTE ROMÂNTICA

❖O ROMANTISMO foi um movimento bastante amplo que

se desenvolveu desde 1820 contra a arte neoclássica,

valorizando as emoções humanas em detrimento das

abordagens racionais baseadas em normas acadêmicas.

❖ Iniciou o processo de LIBERTAÇÃO dos artistas quanto

à autoridade das academias, à utilidade social e ao peso

da opinião pública, do convencional e do bom gosto.

❖ Em seu sentido mais amplo, o

termo ROMÂNTICO refere-se à

qualquer obra de arte em que os

estados de alma subjetivos – como

sentimentos, disposições e

intuições – são dominantes.

❖ Embora também busque o IDEAL,

este se diferencia do clássico por ser

expressão exclusivamente individual.Napoléon s'éveillant à l'immortalité

(1845/47) - 2,51m (Fixin-lés-Dijon)

François Rude (1784-1855)

❖ O ROMANTISMO negava

as avaliações racionais da arte

acadêmica, rejeitando a crença

de que o homem podia ser

perfeito através da razão.

❖Seus defensores rejeitavam as

atitudes utilitárias que existiam

em relação à arte, em especial

da Igreja e da Filosofia.

Eugène Delacroix

(1798-1863)

Christ sur la croix

(1845) - 25x35cm

La mort de Sardanapalus (1827) - 392x496cm

❖ Criticavam o ILUMINISMO por ter falhado em não aceitar a

importância do que é subjetivo – o irracional, o emocional e

o espiritual –, salvando a arte de sua “utilidade” burguesa.

Caspar David

Friedrich

(1774-1840)

Mar de gelo

ou Naufrágio

da Esperança

(1824)

96,7x126,9cm

Cruz nas montanhas (1812)

❖ Os românticos romperam

com as regras em voga e

enfatizaram o SUBLIME,

este visto como um encontro

com a imensidão da

natureza, na qual o ser

humano reconhece a sua

própria transitoriedade e o

seu verdadeiro caráter.

John Constable (1776-1837)

Salisbury Cathedral from

the Bishop's Grounds (c.1825)

❖ O PAVOR e o

SOBRENATURAL também

adquiriram papel importante,

em parte como resultado do

sofrimento causado pelas

Guerras Napoleônicas; e em

parte devido ao significado

que passaram a ter o mito e

a fantasia como fontes de

inspiração artística.The nightmare (1780/81) - 101x128cm

Henry Fuseli (1741-1825)

PINTURA ROMÂNTICA

❖Opondo-se ao rigor neoclássico em desenho e

composição, o ROMANTISMO na pintura explorava a cor

e o movimento em suas telas, voltando-se em especial à

natureza, à sentimentalidade e ao individualismo.

❖ Apresentava criações livres, com pinceladas pastosas e

irregulares, além de planejamentos ondulados,

movimentação das formas e temática emocional.

❖ O ROMANTISMO

desenvolveu-se em uma

época marcada pela

ampliação dos meios de

comunicação e expressão

artística, através de

exposições individuais,

colecionismo burguês e

empastamento das tintas.

Justice et vengeance divine

poursuivant le crime (1808)

Pierre-Paul Prud’hon (1758-1832)

Dessin

au pastel

❖ São os elementos característicos

da PINTURA ROMÂNTICA:

✓Sentimentalismo: Ênfase nas

emoções e nas atitudes guiadas

de forma intuitiva e/ou experimental;

✓Orientalismo: Interesse por temas do

Oriente Próximo, destacando prazeres

exóticos, opulência ou crueldade; e

✓Medievalismo: Inspiração nostálgica

na Idade Média por suposição de uma

vida mais simples, sincera e pura. Rue Ezbekiyah au Caire (1833)

Prosper Marilhat (1811-47)

❖ Na França, os maiores

românticos foram Théodore

Géricault (1791-1824), que

retratava cavalos e momentos

de perigo ou incerteza; e

Eugène Delacroix (1798-1863),

que trabalhou com a emoção

exacerbada, através da

sexualidade, luta e morte.

Théodore Géricault (1791-1824)Un officier des chasseurs commandant

une charge (1812) - 266x349cm

Théodore Géricault

(1791-1824)

Le radeau de la Méduse (1818/19) - 491x716cmEsclaves arrêtant

un cheval (1817) |

Courses de chevaux

sans cavalier (1819)

45x60cm

Eugène Delacroix (1798-1863)

La Liberté guidant

le peuple (1830)

260x325cm

Autoportrait

(c.1837)

La barque de Dante

(1822) - 189x246cm

❖ Outro destaque francês foi o retratista

romântico Pierre-Paul Prud’hon

(1758-1832), além dos orientalistas

Prosper Marilhat (1811-47) e

Théodore Chassériau (1819-56).

❖ Já a pintura de paisagens

desenvolveu-se bastante devido ao

fascínio romântico pela NATUREZA e

seus aspectos selvagens e intocados.

Théodore Chassériau (1819-56)Nu dans un harem (1850/52)

❖ Os ingleses foram os que

mais exploraram a beleza da

NATUREZA; vista como

extensão dos sentimentos,

seja retratada de forma sutil

e tranquila, com John

Constable (1776-1837), seja

apresentada como terrível e

ameaçadora, no caso de

Joseph Mallord Wiliam

Turner (1775-1851).The Hay-Vain (1821) - 130x185cm

Jonh Constable (1776-1837)

J. M. Wiliam Turner

(1775-1851)

Snow Storm:

Steam-Boat off a

Harbour's Mouth (c.1842)

91x122cm

Rain, Steam and Speed: The Great

Western Railway (1844) - 91x122cmThe Fighting Témérarie

(1938/39) - 91x122cm

Self-Portrait

(c.1799) - 74x58cm

❖ Outros pintores românticos da Inglaterra foram Henry Fuseli (1741-

1825), John Martin (1789-1854), Richard P. Bonington (1802-28) e

Samuel Palmer (1805-81), além do poeta William Blake (1757-1827),

que escreveu e ilustrou mais de 20 livros com suas fantastic paintings.

Manfred and the Alpine Witch

(1837) - 388x558cm

Approaching Storm: Beach near Newport

(1861/62) - 71x148cm

John Martin (1789-1854)

Henri III (1827/28) - 54x64cm

Richard P. Bonington

(1802-28)

Samuel Palmer

(1805-81) The shadowy

stream (1861)

The Ancient of Days (1793)Gravura em papel c/ tinta e aquarela

Satan watching the

caresses of Adam and

Eve (1808) - 38x50cm

Isaac Newton (1795)Gravação em cobre

c/tinta e aquarela

46x60cm

William Blake

(1757-1827)

❖ O ROMANTISMO espanhol foi

dominado por Francisco Goya

(1746-1828), cujo trabalho singular

explorou temas sombrios da psique,

como a loucura, a superstição, o

sobrenatural e o macabro. Das

gravuras dos caprichos às pinturas

negras de sua velhice – só reveladas

ao público após 1878 –, abordou o

sofrimento e não as glórias humanas.

Vuelo de brujas

(1797)

31,5x43,5cm

Francisco de Goya

y Lucientes (1746-1828)

El parasol (1776/78) - 104x152cm

La maja desnuda y vestida

(1799/1803) - 97x190cm

Saturno

devorando

um de seus filhos

83x146cm

Duelo a

Bordoadas

112x366cm

PINTURAS

NEGRAS

(1819-1823)

14 óleos

al secco da

Quinta del Sordo (Madrid, d.1909)

❖ A ESCOLA ALEMÃ romântica

foi liderada por Caspar David

Friedrich (1774-1840), Philipp

Otto Runge (1777-1810) e Karl

Blechen (1798-1840).

❖ Muito influenciados pelo

medievalismo, os alemães

buscaram uma ligação indissolúvel

entre os mundos físico e espiritual.

Karl Blechen (1798-1840)Schlucht bei Amalfi (1831) - 78x110cm

Caspar David Friedrich

(1774-1840)

As idades da vida (c.1835)

72,5x94cm

Mulher na janela (1822)

37x44cm

O viajante sob o mar de névoa

(1817/18) - 75x95cm

Philipp Otto Runge (1777-1810)

Os pais do artista

(1806) - 131x196cm

Sua Esposa

Pauline com

o filho de 2

anos (1807)

73x97cm

Cristo caminha sobre o mar

(1806/07) - 116x157cm

ESCULTURA ROMÂNTICA

❖ Assim como os pintores, os escultores românticos

elegeram o SENTIMENTO e a IMAGINAÇÃO como

fontes criadoras, passando a explorar as emoções.

❖ Suas composições abordavam o movimento e ação das

figuras em temas de orientais ou medievais a históricos

ou religiosos, buscando sempre grande expressividade,

inclusive para explorar questões sociopolíticas da época.

❖ Entre os escultores

românticos, destacaram-se

os franceses François Rude

(1784-1855), Jean-Pierre

Cortot (1787-1843) e Antoine

Étex (1808-88), os quais

migraram do neoclássico e

consagraram-se com suas

obras no Arc de Triomphe.

François Rude

(1784-1855)Le Départ de 1792

ou Marche des

volontaires ou

La Marsellaise

(1833/36)

1,26m

Le Triomphe de 1810 (1833)

Jean-Pierre Cortot (1787-1843)

La Résistance de 1814 (1839)

La Paix de 1815 (1839)

Antoine Étex (1808-88)

❖ Contudo, o maior nome da escultura

romântica foi o de Jean-Baptiste

Carpeaux (1827-75), que expressou como

ninguém seus ideais libertadores.

Ugolino et ses fils

(1865/67)

1,96mLes quatre coins du monde soutenant

la sphère céleste (1868/72) - 2,80m

La Danse (1868) - 2,32m

ARTS & CRAFTS

❖ De bases românticas, o Movimento das Artes e Ofícios

surgiu na segunda metade do século XIX a partir da ação

de um grupo de artesãos britânicos, que visava a

renovação do artesanato em menosprezo à indústria.

❖ Buscando inspiração da Idade Média, seus expoentes

tentaram romper com o ecletismo, através de uma maior

sensibilidade, simplicidade formal e sentido de unidade.

❖Seus fundamentos estavam nas ideias

do crítico, escritor e pintor inglês John

Ruskin (1819-1900), que buscava

soluções para a “degenerescência” da

arte de seu tempo, denunciando seu

materialismo exacerbado.

❖Atacando a MÁQUINA, que seria a

principal vilã da era industrial, defendia

a volta ao artesanato, propondo a

reforma do sistema socioeconômico

pela renovação das artes aplicadas.

Rochas em movimento (1845/55)

John Ruskin (1819-1900)

Retrato aos

44 anos

(1863)

❖Considerado o maior discípulo

de Ruskin, o arquiteto, ilustrador

e ativista social William Morris

(1834-96) procurou aplicar na

prática os ideais de seu mestre,

defendendo uma “arte do povo

para o povo” e organizando

grupos para a revificação do

trabalho artesanal em Londres.

Philip Webb(1831-1915)

Red House’s W. Morris(1859/60, Kent GB)

Morris Armchair(1880)

❖Através de sua firma, fundada em 1861 na George Edmund St., Morris

passou a criar para interiores e a vida cotidiana (papéis de parede, tecidos,

tapeçarias, vitrais, móveis e ilustrações de livros), com grande unidade

estilística e defendendo que o belo é o útil, mesmo ornamentado.

Ilustrações

(1860)

Vitral da Red House(1859/60)

Papeis de parede (1860/90)

William Morris (1834-96)

❖Além de Morris, os maiores

expoentes do movimento

foram: os artífices Ernest

Gimson (1864-1920) e sir

Ambrose Heal (1872-1959);

os pintores e ilustradores

Walter Crane (1845-1915) e

Charles R. Ashbee (1863-

1942) e o arquiteto Arthur H.

Mackmurdo (1851-1942).

Utensílios (1870/88)

Charles R, Ashbee (1863-1942)

Walter Crane (1845-1915)

Swans, rush and Irises (1877)

Century GuildChair (1883)

A. H. Mackmurdo(1851-1942)

❖Embora sua ação tenha sido limitada,

o ARTS & CRAFTS já anunciava alguns

pressupostos do modernismo, como:

✓Defesa da originalidade a todo custo, abandonando preferências historicistas;

✓Ênfase do trabalho simples e dedicado junto à natureza própria dos materiais; e

✓Desenvolvimento de novas e criativas padronagens estilizadas, límpidas e geométricas.

Ernest Gimson (1864-1920)

Inglewood House

(1892, Leicester GB)

Bookcase (1904)

Close Stool & Highboy (1888)

Sir Ambrose Heal (1872-1959)

BIBLIOGRAFIA

❑BROCVIELLE, V. Petit Larousse da História da Arte. São Paulo: Lafonte, 2012.

❑DICKINS, R.; GRIFFITH, M. Introdução à arte. São Paulo: Ciranda Cultural, 2012.

❑GOMBRICH, E. H. A história da arte. 12. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Editora, 2012.

❑LITTLE, S. Ismos: entender a arte. Lisboa: Lisma, 2006.

❑MASON, A. História da arte ocidental. São Paulo: Rideel, 2009.