Romeu e Julieta
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Peça de teatro
Romeu
e
Julieta
Personagens_______________________
1. Narrador
2. Príncipe Escalus
3. Lorde Montecchio
4. Benvólio
5. Romeu
6. Lady Capuleto
7. Ama de Julieta
8. Mercúcio
9. Julieta
10. Tebaldo
11. Frei Lourenço
12. Conde Páris
13. Frade
Narrador - Uma vez, na bela Verona, viviam duas famílias que lutavam há tanto tempo
que nenhuma se lembrava por que é que a sua disputa tinha começado. Agora, sempre
que os Montecchio e os Capuleto se encontravam nas ruas, havia de certeza uma
batalha. Assim, estava um belo dia de Verão quando uma palavra brusca e um gesto
grosseiro rapidamente levaram a uma rixa violenta.
O príncipe Escalus meteu-se na briga:
Príncipe Escalus - Oh, vassalos rebeldes! Inimigos da paz! Atirai para o chão as vossas
armas e ouvi a minha sentença: se voltardes a provocar distúrbios nas nossas ruas,
pagareis com a vida.
Narrador -Assim que a multidão se dispersou, Lorde Montecchio, viu o seu gentil
sobrinho, Benvólio.
Lorde Montecchio - Quem começou a briga desta vez?
Benvólio- Estava a dar-se entre os vassalos quando cheguei. Eu ergui a minha espada
para os separar, mas o furioso Tebaldo veio pelos Capuletos tornando a luta ainda
pior.
Narrador - E Romeu? Vistes o meu filho? – Perguntou Lady Montecchio.
Benvólio- Sim, antes da alvorada. Mas parecia pesaroso e triste, por isso não o segui.
Narrador -Ele tem estado assim ultimamente, disse Lorde Montecchio. Chora de
manhã, e fecha-se no quarto, passando a noite em branco. Mas não consigo perceber
a causa.
Benvólio - Farei o que puder para o descobrir.
Narrador -E, realmente, quando encontrou o seu primo, não foi difícil descobrir a
razão do desespero de Romeu: Ele estava apaixonado! Mas aquela que ele amava não
lhe correspondia.
Romeu - Ai, o amor é uma tristeza que me sufoca! Estou prisioneiro deste amor,
choroso e atormentado.
Benvólio - Paz! Há uma festa esta noite na casa dos Capuletos. Vamos mascarar-nos e
divertir-nos. Rosalina, aquela que amas, mas por quem não és amado, vai lá estar.
Romeu – Irei! Mas apenas pelo facto de ir ver a bela Rosalina.
Narrador - Quando a hora da festa se aproximava, Lady Capuleto foi falar com a filha,
uma bela jovem chamada Julieta que tinha acabado de fazer 14 anos.
Lady Capuleto - Diz-me filha, como está a tua disposição para casar?
Julieta – É uma honra em que nunca pensei.
Lady Capuleto - Bem, pensa nisso agora, pois trago ótimas notícias. O galante Conde
Páris procura-te para seres o seu amor.
Ama de Julieta - Oh, que homem! Como ele não há outro no mundo!
Lady Capuleto - Pxiu, Ama. O que é que dizes Julieta? Podes amar este cavalheiro? Esta
noite vê-lo-ás na festa. Vê o que está escrito na sua cara.
Julieta - Estudá-la-ei com cuidado.
Narrador - Um luar fraco varria as ruas de Verona, enquanto Romeu, Benvólio e o seu
amigo Mercúrio se dirigiram para a festa.
Mercúcio - Queremos que dances toda a noite na festa, Romeu!
Romeu – Eu não, vós levais sapatos de dança e pés leves, eu tenho uma alma de
chumbo.
Mercúcio – Estás enamorado! Pede as asas de Cupido emprestadas e voa.
Romeu - Não digas tolices, Mercúrio.
Narrador - Puseram então as máscaras e entraram. Lá dentro, enquanto Romeu
procurava Rosalina entre as senhoras que dançavam, o seu olhar caiu sobre Julieta.
Romeu - Oh! Que mulher tão linda! Ainda é mais bela que Rosalina. Que encanto de
mulher!
Narrador - O terrível Tebaldo estava perto e reconheceu a voz de Romeu.
Tebaldo - Como é que um Montecchio se atreve a introduzir-se numa festa da família
Capuleto? Sai já desta casa. Se assim não fizeres terei de lutar contigo.
Lorde Capuleto - Aqui, na minha casa, não teremos lutas esta noite. Agora, vai-te
embora rapaz!
Narrador - Romeu aproximou-se de Julieta. Olharam-se nos olhos, deram as mãos,
dançaram e no fim trocaram um terno beijo.
Ama - Menina! A vossa mãe quer dar-vos uma palavra.
Romeu - Quem é a mãe dela?
Ama – É a dona desta casa! É a Lady Capuleto!
Romeu - Uma Capuleto? Dei o meu coração à filha da família mais inimiga que tenho?
Julieta - Minha querida ama, sabes o nome daquele jovem com quem dancei?
Ama - Chama-se Romeu e é filho de Lady Montecchio.
Julieta - Um Montecchio? Não quero acreditar que o meu único amor nasceu do meu
único ódio.
Narrador - Romeu afastou-se dos amigos assim que deixaram a festa. Escalou o muro
da casa do velho Capuleto e saltou para o outro lado junto à casa. Uma janela estava
aberta e Julieta encontrava-se na varanda.
Romeu - Que luz é aquela que brilha através daquela janela? É o sol da minha vida. É a
minha Julieta!
Julieta - Como vieste ter a este lugar? Como conseguiste descobrir-me?
Romeu - Foi o amor que me guiou.
Julieta - Então o meu desejo realizou-se. Estive aqui toda a noite com a esperança de
te ver. Finalmente, estás aqui e eu fico muito feliz, pois amo-te do fundo do meu
coração.
Ama - Julieta! Vem deitar-te que já é tarde. Que estás a fazer?
Julieta - Tenho de ir, mas se as tuas intenções forem honestas e quiseres casar comigo,
diz isso à pessoa que te vou enviar amanhã. Agora tenho de ir.
Narrador - De manhã bem cedo, Romeu foi ter com o Frei Lourenço, seu amigo,
conselheiro e confessor.
Frei Lourenço - Romeu, por que é que estás a pé tão cedo? Ou será que não te deitaste
esta noite?
Romeu - É verdade. Fui a uma festa da família Capuleto e aí conheci aquela que amo
mais que tudo no mundo.
Frei Lourenço - E Rosalina?
Romeu - Não significa nada para mim. Julieta é a única que amo. Quero que nos cases.
Frei - Talvez seja boa ideia casar-vos pois é uma forma de pôr fim à guerra entre as
vossas famílias.
Narrador - Nesse momento a ama de Julieta apareceu no cimo da rua a correr.
Romeu - Que mensagem me trazes?
Ama - As tuas intenções são sérias com a minha menina Julieta?
Romeu - Se ela quiser casar comigo, diz-lhe que vá esta tarde à capela do Frei
Lourenço onde eu estarei à sua espera para nos casarmos e sermos felizes para
sempre.
Narrador - E assim foi. Romeu e Julieta encontraram-se com Frei Lourenço, que fez
toda a cerimónia em segredo. Nunca houve noiva mais feliz nem noivo mais
apaixonado. Julieta foi para casa e Romeu disse que à noite ia ter com ela. Mas quando
Romeu ia para casa, encontrou os seus amigos numa batalha com Tebaldo.
Tebaldo - Estás aí, vilão!
Romeu - Não sou vilão. Não quero lutar contigo. Sou um homem feliz e quero paz, por
isso, vou-me embora.
Mercúrio - Já que Romeu não quer lutar contigo, queres experimentar a dor da minha
espada?
Romeu - Não façam isso. O príncipe proibiu qualquer tipo de luta!
Narrador - Meteu-se entre Tebaldo e Mercúrio, mas a espada de Tebaldo passou por
baixo do braço de Romeu e atingiu Mercúrio que deu um grito, cambaleou e morreu.
Louco de raiva, Romeu deu um salto e, com a sua espada, matou Tebaldo.
Benvólio - Romeu, foge. Vai-te embora! O príncipe vai condenar-te à morte! Vai! Vai!
Narrador - Quando Romeu se foi embora, o príncipe Escalus chegou e ao ver o sangue,
ficou furioso.
Príncipe Escalus - Quem começou esta batalha?
Narrador - O honesto Benvólio contou tudo exactamente como havia acontecido.
Príncipe Escalus - Romeu matou Tebaldo, mas Tebaldo matou Mercúrio. Por isso
ordeno que ele abandone Verona. Se for encontrado em Verona, essa será a sua
última hora.
Narrador - Julieta estava à espera que o seu jovem marido fosse ter com ela, mas a sua
alegria acabou quando a ama foi ter com ela.
Ama - Ele está morto! Ele está morto!
Julieta - Romeu está morto?
Ama - Não! Não! Tebaldo está morto pelas mãos de Romeu que foi obrigado a deixar
Verona pelo crime que cometeu.
Julieta - Romeu foi exilado? Romeu deixou-me aqui sozinha em Verona? Romeu não
pode voltar a aparecer em Verona? Que vai ser feito de mim?
Narrador - Romeu foi ter com Frei Lourenço e foi então que soube da sentença do
príncipe.
Romeu - O desterro? Preferia a morte pois o exílio é mais terrível.
Frei Lourenço - Mal-agradecido! A lei condenar-te-ia à morte. Este desterro é a tua
sorte.
Romeu - É uma tortura e não uma graça. O céu só existe aqui onde vive Julieta. Fora
dos muros de Verona não há mundo, só tortura, o purgatório, o inferno!
Narrador - Neste momento, chega a ama com uma mensagem de Julieta.
Ama - Ela está tão triste como ele. Soluçando e chorando. Chorando e soluçando.
Levantai-vos se sois um homem. Levantai-vos pelo amor de Julieta.
Frei - A tua mulher espera-te. Vai para junto dela dizer-lhe que estás bem. Mas depois,
despede-te dela e parte para Mântua, antes do dia nascer. Eu trabalharei arduamente
para pôr as coisas direitas. Se tudo correr bem far-te-emos regressar rapidamente.
Narrador - Entretanto, o pai de Julieta foi ter com o Conde Páris.
Lorde Capuleto - Peço desculpa. Têm acontecido coisas tão lamentáveis que não
temos tido tempo de convencer a nossa filha. Senhor Páris, prometo-vos o amor da
minha filha.
Conde Páris - Então, marcarei a data do casamento ainda para esta semana.
Lady Capuleto - Tenho boas notícias, para afastar a tristeza causada pela morte de
Tebaldo. Dentro de dias, o Conde Páris fará de ti uma feliz esposa.
Julieta - Não o fareis. Não me casarei com o Conde!
Lorde Capuleto - Podes suplicar as vezes que quiseres, mas se não te casares com o
Conde Páris, deixarás de ser minha filha!
Julieta - Ó ama, ó ama, que devo fazer?
Ama - Agradai ao vosso pai e casai com o conde Páris.
Julieta - Diz à minha mãe que me fui confessar e preparar-me para o casamento.
Frei Lourenço - Oh, Julieta, já sei o teu desgosto, pois Páris esteve aqui a marcar a data
do vosso casamento.
Julieta - Frei Lourenço sabe bem que não me pode casar outra vez, pois já sou uma
mulher casada com Romeu a quem amarei toda a vida.
Frei Lourenço - Eu sei disso. Consegues ser corajosa? Vai para casa e diz que aceitas
casar com Páris. Mas, na noite anterior ao casamento, bebe deste licor. Quando
amanhecer, vais estar fria e hirta como se estivesses morta. Entretanto mandarei uma
carta a Romeu, contando-lhe tudo. Quando acordares no túmulo da tua família ele
estará lá para te levar para Mântua até conseguirmos pôr tudo em ordem, de novo.
Narrador - Na noite anterior ao casamento, levou o frasco aos lábios.
Julieta - Bebo isto por ti, Romeu.
Narrador - Quando a ama foi acordar Julieta para o casamento, encontrou-a fria e
hirta. Os seus gritos alertaram a casa toda e tudo se transformou em choro. O pai de
Julieta foi consumido pelo desgosto e o funeral de Julieta foi realizado.
Em Mântua, Romeu esperava ansiosamente uma carta de Frei Lourenço. Mas
nenhuma carta tinha chegado, quando o servo de Romeu chegou com a notícia da
morte de Julieta. Romeu ficou tão triste que se dirigiu a um boticário onde arranjou
um veneno que matasse rapidamente e partiu para Verona.
Frei Lourenço descobriu que a carta que havia mandado para Romeu não tinha sido
entregue. Então, decidiu ir para junto do túmulo de Julieta para que quando ela
acordasse, não estivesse sozinha.
O Conde Páris resolveu ir colocar flores ao lado de Julieta. Ao entrar no túmulo, ouviu
um barulho e descobriu que era Romeu.
Conde Páris - Desprezível Montecchio! Não consegues deixar nem a morte em paz?
Romeu - Venho com amor no coração. Não me faças magoar-te.
Conde Páris - Não irás manchar esta campa.
Narrador - Os dois ergueram as suas espadas e lutaram até que Romeu venceu
matando o Conde Páris. Depois, deitou-se ao lado de Julieta. Envolveu Julieta com os
braços e deu-lhe um último beijo. Depois levou o veneno aos lábios e em poucos
segundos caiu morto ao lado de Julieta.
Entretanto, Julieta começou a mexer-se, pois o veneno que ela tomara não era
verdadeiro.
Julieta - Ó caridoso frade, onde está o meu Romeu?
Frade - Vamos embora, minha filha. O teu marido está morto e o conde Páris também.
Julieta - Ide vós. Eu não vou.
Narrador - Sozinha no túmulo, atordoada de dor, Julieta olhou Romeu. Viu a garrafa de
veneno na sua mão e pegou-lhe.
Julieta - Egoísta! Bebeste tudo e não me deixaste uma gota que me ajudasse a ir ter
contigo. Beijarei os teus lábios na esperança de encontrar um resto de veneno que me
faça morrer.
Narrador - Baixou-se para o beijar e depois pegou no punhal de Romeu, encostou-o ao
peito, espetando-o no coração.
Quando começou a amanhecer, juntou-se muita gente no túmulo dos Capuleto. Frei
Lourenço, trazido pelos guardas, contou a triste história para todos ouvirem.
O Príncipe Escalus, dividido entre a raiva e a tristeza, censurou os pais.
“Vede que maldição pesa sobre o vosso ódio. O céu encontrou meios de matar as
vossas alegrias com amor”.
Mas com as suas vidas tão desnecessariamente perdidas pelo ódio das famílias, os
jovens amantes haviam ao menos comprado a paz. Capuleto e Montecchio, unidos
pelo desgosto, puseram fim à rixa. Algum tempo depois, ergueram estátuas de Romeu
e Julieta, estátuas do ouro mais puro para assinalar um amor tão verdadeiro, para que
os dois - tragicamente separados em vida – fossem para sempre recordados juntos na
morte.
Fim