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13 Revista Brasileira de Nutrição Funcional Rodrigo Loschi O impacto do uso de esteroides anabolizantes na prescrição dietética The impact of anabolic steroid use on dietary prescription Resumo A insatisfação com o corpo em comparação ao padrão preconizado pela mídia, o culto ao corpo ideal e a busca por resultados imediatos favorecem o uso de esteroides anabolizantes. O uso desses medicamentos por praticantes de atividades físicas com objetivo de reduzir gordura corporal e aumentar massa muscular é realizado sem nenhum tipo de acompanhamento ou indicação médica. Alteração no perfil lipídico, distúrbios do humor, insônia, acne, hipogonadismo, hirsutismo, ginecomastia, queda de cabelo e comprometimento da função hepática são alguns de seus efeitos colaterais. A intervenção nutricional pode modular as alterações metabólicas, colaborando com a melhora do quadro do paciente. As estratégias incluem alimentos, suplementos alimentares e fitoterápicos. Palavras-chave: Esteroides anabolizantes, efeitos colaterais, nutrição, fitoterápicos. Abstract The dissatisfaction with the body compared to the standard advocated by the media, the cult for an ideal body and the search for immediate results favor the use anabolic steroids. The use of these medications by physical activity practitioners to reduce body fat and increase muscle mass, the use of these is performed without any type of follow-up or medical indication. Changes in lipid profile, mood disorders, insomnia, acne, hypogonadism, hirsutism, gynecomastia, hair loss and impaired hepatic function are some of its side effects. The nutritional intervention can modulate the metabolic alterations collaborating with an improvement of the patient’s condition. Strategies include food, dietary supplements and herbal medicines. Keywords: Anabolic steroids, side effects, nutrition, phytotherapics.

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O impacto do uso de esteroides anabolizantes na prescrição dietética

The impact of anabolic steroid use on dietary prescription

ResumoA insatisfação com o corpo em comparação ao padrão preconizado pela mídia, o culto ao corpo ideal e a busca por resultados imediatos favorecem o uso de esteroides anabolizantes. O uso desses medicamentos por praticantes de atividades físicas com objetivo de reduzir gordura corporal e aumentar massa muscular é realizado sem nenhum tipo de acompanhamento ou indicação médica. Alteração no perfil lipídico, distúrbios do humor, insônia, acne, hipogonadismo, hirsutismo, ginecomastia, queda de cabelo e comprometimento da função hepática são alguns de seus efeitos colaterais. A intervenção nutricional pode modular as alterações metabólicas, colaborando com a melhora do quadro do paciente. As estratégias incluem alimentos, suplementos alimentares e fitoterápicos.

Palavras-chave: Esteroides anabolizantes, efeitos colaterais, nutrição, fitoterápicos.

Abstract

The dissatisfaction with the body compared to the standard advocated by the media, the cult for an ideal body and the search for immediate results favor the use anabolic steroids. The use of these medications by physical activity practitioners to reduce body fat and increase muscle mass, the use of these is performed without any type of follow-up or medical indication. Changes in lipid profile, mood disorders, insomnia, acne, hypogonadism, hirsutism, gynecomastia, hair loss and impaired hepatic function are some of its side effects. The nutritional intervention can modulate the metabolic alterations collaborating with an improvement of the patient’s condition. Strategies include food, dietary supplements and herbal medicines.

Keywords: Anabolic steroids, side effects, nutrition, phytotherapics.

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HIntrodução

Hormônios são classificados quimicamente como: proteínas e peptídeos, esteroides e aminas1. Os hormônios esteroides incluem os hormônios adrenocorticais (cortisol e aldosterona), metabólitos da vitamina D e os hormônios gonadais (testosterona, estrogênio, progesterona)2.

O termo androgênico é de origem grega, onde andro significa homem, e gennan, produzir. Os esteroides androgênicos referem-se aos hormônios sexuais masculinos. Os quatro principais androgênicos circulantes são: testosterona, androstenediona, di-hidrotestosterona (DHT), deidroepiandrosterona (DHEA) e seu derivado sulfato (S-DHEA).

Os esteroides anabolizantes andrógenos (EAA) são substâncias sintéticas que podem ser derivadas da testosterona (Figura 1), administradas na forma oral ou injetável, utilizadas no tratamento de várias doenças. Seu efeito anabólico, como aumento da síntese proteica, aumento da concentração de hemoglobina, aumento de massa muscular esquelética e aumento da força, levam ao abuso de altas doses de EAA por indivíduos que tentam melhorar a composição corporal.

Figura 1. Fórmula estrutural da molécula de testosterona.

Fonte: Adaptado de: Hammer e McPhee3. No Brasil, 2% dos indivíduos em idade escolar,

nas principais capitais do país, já fizeram uso de EAA4. O uso indiscriminado pode gerar vários efeitos colaterais, dentre eles: alteração no perfil

lipídico, distúrbios do humor, insônia, acne, hipogonadismo, hirsutismo, ginecomastia, queda de cabelo e comprometimento da função hepática. Quase 100% dos usuários de EAA apresentam algum efeito colateral4.

Silva Junior5 avaliou morbidade hospitalar no Brasil pelo uso de EAA no período de 2000/2010, mostrando uma hospitalização por uso de 0,001% do total de internações no país, sendo que as mulheres e indivíduos de 15-29 anos possuíram as maiores taxas.

O uso clínico dos EAA é direcionado para anemia, HIV, queimaduras, pós-operatório, osteoporose, deficiência de crescimento e distúrbios hormonais como hipogonadismo em homens e mulheres.

Com base nos dados citados, este estudo teve como objetivo verificar, na literatura científica atual, os mecanismos moleculares que vêm sendo estudados para modular os efeitos colaterais pelo uso indiscriminado de esteroides anabolizantes. Para tanto, foi realizada uma revisão de artigos indexados na base de dados do PUBMED e Google acadêmico, utilizando os descritores: esteroides anabolizantes, efeitos colaterais, nutrição e fitoterápicos. Como limite, foram selecionadas publicações no período de 2007 a 2017.

EAA e Nutrição

Os usuários de EAA adquirem as drogas de fontes não médicas, fazem uso de duas ou mais substâncias (via oral ou intramuscular), autoadministram os medicamentos, com aplicações diárias ou semanais, com ciclo durando em média 10 semanas. Os anabolizantes mais consumidos estão na Tabela 131. Atualmente, os usuários assumem o termo blast & cruise para o uso de EAA, que caracteriza, resumidamente, um período usando altas dosagens de EAA e outro período com dosagem menor. Um ponto de atenção é a ausência de um período de pausa: assim, o uso de várias substâncias sem nenhum tipo de controle ou supervisão médica pode durar meses ou anos. O risco pode aumentar se o usuário de EAA combinar outras drogas, como GH, insulina, efedrina, cocaína, aplicações de óleos localizados, podendo potencializar os efeitos colaterais.

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Abrahin et al.6-8 mostraram maior prevalência do uso de EAA entre estudantes e professores de Educação física em comparação a outros profissionais da saúde, revelando pouco conhecimento dos avaliados sobre alguns efeitos colaterais.

Altas doses de testosterona de forma exógena levam à inibição da testosterona endógena por mecanismo de feedback negativo, por meio da inibição do eixo hipófise-gonadal, onde ocorre inibição do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) e inibição do hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH). As consequências dessa inibição nos homens são diminuição na produção do esperma, disfunção erétil, atrofia testicular e infertilidade9. Nas mulheres, a inibição do LH e do FSH causa redução dos níveis circulantes dos estrogênios e da progesterona, inibição da foliculogênese e da ovulação, alterações no ciclo menstrual e, em algumas mulheres, amenorreia10. Alguns efeitos colaterais nas mulheres são irreversíveis, como mudança na voz, hipertrofia do clitóris e aumento de pelos faciais e corporais.

Abrahin et al.11 avaliaram o consumo de

EAA em mulheres no Brasil, em um estudo no qual foram selecionadas 361 participantes que praticavam musculação. Os resultados mostraram que 13,3% das entrevistadas já haviam usado algum tipo de EAA em sua vida, sendo o Winstrol (estanozolol) e a oxandrolona os mais consumidos pelas participantes.

Estanozolol e oxandrolona pertencem à classe dos 17-alfa-alquilados, que podem ser adminis-trados via oral ou intramuscular, sendo que o

consumo via oral é mais comum, por sobreviver ao metabolismo de primeira passagem no fígado. São conhecidos por alterações negativas no perfil hepático, aumentando as enzimas aspartato ami-notransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT)12 e alterando o perfil lipídico pelo aumen-to da atividade da lipase hepática, uma enzima responsável pelo catabolismo da lipoproteína de alta densidade (HDL)13 e pela transformação da lipoproteína de densidade de muito baixa (VLDL) em lipoproteína de densidade baixa (LDL).

Uma recente meta-análise14 mostrou que o consumo diário de 6,9 g de betaglucana por quatro semanas é capaz de reduzir o LDL-C. A inclusão de alimentos que contenham betaglucana pode ser um estratégia para redução de doenças cardiovasculares. No Brasil, temos opções como o farelo de aveia, que é rico em betaglucana.

Schwingel et al.15 avaliaram marcadores bioquímicos (AST, ALT, CPK, insulina, glicose e perfil lipídico) e ultrassom abdominal de 180 participantes: 95 participantes (G1) com histórico de mais de 2 anos com uso de EAA e 85 participantes sem uso (G2). Mostraram que 12,6% dos participantes do G1 apresentaram TAFLD (toxicant-associated steatohepatitis).

A silimarina, tradicional ativo extraído do Silybum marianum com propriedades anti-infla-matória, antioxidante e ação hepatoprotetora, pode ser uma estratégia para prevenir lesões hepáticas para indivíduos usando EAA. Luangchosiri et al.16 mostraram que doses de 140 mg de silimarina duas vezes ao dia, por 4 semanas, foram capazes de restaurar a superóxido dismutase (SOD) em pacientes usando medicamentos antituberculose,

Esteroides oraisOxandrolonaEstanozolol

MetandrostenolonaOximetolona

Ésteres de testosterona: propionato

Esteroides injetáveisTestosterona e ésteres testosterona

Trembolona (acetato e enantato)Propionato de drostanolonaDecanoato de nandrolona

Undecilenato de boldenonaÉsteres de testosterona:

(cipionato, Durateston®, enantato, propionato)

Figura 1. EAA mais consumidos.

Fonte: Adaptado de: Reardon e Creado31.

IGF-1: Fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1, GH: Hormônio do Crescimento

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que são hepatotóxicos. A suplementação com 600 mg de N-acetilcis-

teína (NAC) duas vezes ao dia por duas semanas em pacientes consumindo medicamentos antitu-berculose mostrou diminuição da AST e ALT e aumento da glutationa comparado ao grupo sem NAC17. Importante ressaltar que EAA orais (17 alfa-alquilados) são mais tóxicos e resistentes ao metabolismo hepático. O nutricionista ou médico deve monitorar a função hepática e usar estraté-gias antioxidantes para prevenir hepatotoxicidade durante o ciclo de uso.

O excesso de testosterona exógena pode levar à conversão de testosterona em estradiol ou di-hidrotestosterona (DHT), por meio da enzima aromatase ou 5α-redutase, respectivamente. A aromatase está presente no tecido adiposo e no fígado, dessa forma, pode ocorre a conversão de testosterona em estradiol neste tecido18, resultando em até 85% do estradiol circulante em homens, que, em excesso, pode levar à ginecomastia. A 5α-redutase catalisa a conversão de testosterona em DHT, que age através do mesmo receptor de androgênio19. O aumento de DHT está relacionado com queda de cabelo e acne em alguns pacientes.

O consumo de duas xícaras de chá de hortelã duas vezes ao dia em mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP) por 30 dias mostrou redução da testosterona livre e total e diminuição no DQLI (dermatology quality of life index)20. Uma consequência da SOP é o hirsutismo, causado pelo excesso de andrógenos circulantes, característico em mulheres que abusam de EAA. O chá de hortelã parece ter ação antiandrogênica.

Kathrins e Niederberger21 sugerem avaliação da aromatase para homens através da razão testosterona total/estradiol (ng/dL e pg/dL respectivamente). Valores ≤ 10 mostram aromatase intensa, sendo necessária terapia com inibidores da aromatase; para valores de estradiol (E2) ≥ 50 pg/dL, deve-se considerar terapia com inibidores da aromatase e descartar razão testosterona/estradiol, independente do valor sérico da testosterona total; valores elevados (E2 ≥ 50) podem causar, em homens, inibição do GnRH e, consequentemente, inibição de LH e FSH, principalmente em casos de hipogonadismo e na fase de terapia pós-ciclo (TPC), em que é necessário modular o estradiol

para reprogramação do eixo hipófise-gonadal.Uma das estratégias nutricionais para modular

a aromatase é a redução do percentual de gordura para valores adequados de acordo com a faixa etária. Sabe-se que o tecido adiposo é um órgão endócrino, e a produção de estrógenos por ação parácrina é dependente da atividade da aromatase. A conversão de testosterona para estradiol está aumentada na obesidade22. O consumo de flavonoides mostra benefícios biológicos (efeitos antioxidante, anti-inflamatório, antitumoral)23. Em destaque, quercetina, crisina, fisetina e compostos presentes nos alimentos, como resveratrol, elagitaninos, curcumina, epigalocatequina-galato (EGCG), indol-3-carbinol, licopeno, mostram propriedades para inibir a aromatase, inibindo fatores de crescimento, modulação na sinalização do receptor de androgênio e estrogênio e atividade antiangiogênica. A maioria dos estudos são in vitro e em animais, faltando estudos em humanos24. Assim, na prática nutricional, a inclusão de alimentos ricos em flavonoides e compostos irá garantir saúde ao paciente. Essas fontes devem ser alimentos in natura, como frutas, vegetais, vinho, chocolate, chás, dentre outros.

Não se deve descartar avaliação de prolactina sérica em casos de E2 elevado: valores elevados de ambos marcadores podem causar inibição do GnRH, diminuição de FSH e LH, diminuição da testosterona25.

A privação do sono pode aumentar a prolactina e diminuir a testosterona26. Alguns EAA como trembolona e nandrolona, em doses suprafisiológicas podem causar elevações de prolactina e E2; em homens, essa alteração hormonal pode levar ao aparecimento da ginecomastia. Usar estratégias nutricionais que melhorem a qualidade do sono do paciente com quadro de hiperprolactinemia idiopática pode ajudar a normalizar os valores de prolactina nos exames bioquímicos. Introduzir alimentos fontes de triptofano, como banana, farelo de aveia, amêndoas, kiwi e cerejas, antes de dormir ajuda a modular a produção de melatonina e melhorar a qualidade do sono.

A Eurycoma longifolia (EL) possui propriedades interessantes para o restabelecimento do eixo hipófise-gonadal após pausa do consumo de EAA

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e promete aumento de LH e FSH, redução de E2 e aumento de testosterona27. Em sua composição estão presentes eurycomaside, eurycolactone, eurycomalactone, eurycomanone, alcaloides e quassinoides.

Talbot et al.28 selecionaram 63 participantes para avaliar perfil hormonal e stress. Em seu estudo, mostraram que o consumo de 200 mg/dia de EL por 4 semanas aumentou a testosterona salivar e diminuiu o cortisol salivar, diminuindo, na escala visual, raiva, tensão e estado de confusão. A melhora do quadro está relacionada com os eurypeptídeos que mostram efeito adaptógeno contra o stress.

Henkel et al.29 avaliaram o perfil hormonal de 42 participantes usando 400 mg de EL, uma vez ao dia por 5 semanas, mostrando diminuição da globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) e aumento de testosterona total e livre.

Doses de até 3000 mg/kg na forma de extrato aquoso de EL não mostraram alteração renal e hepática em ratos30.

Doses suprafisiológicas de EAA podem diminuir a globulina ligadora de tiroxina (TBG), levando a diminuição da concentração sérica de T4 e T3 e elevação sérica do hormônio estimulador da tireoide (TSH), podendo ser confundido com um quadro de hipotireoidismo subclínico. Segundo Fortunato et al.19, o mecanismo que justifica essas alterações na TBG é o quão aromatizável é a substância utilizada: com ação da aromatase ocorre formação de estrogênio, que possui uma ação de aumentar a TBG; a oxandrolona, que é pouco aromatizada, pode causar redução do T4 total e captação do T3 , com uma possível redução da TBG no plasma.

O profissional de saúde deve ficar atento a essas alterações hormonais e correlacionar com o tipo de EAA, doses e tempo de uso. A escolha de alguns fitoterápicos pode ajudar ou prejudicar o quadro

do paciente: por exemplo, a Mucuna pruriens, atualmente muito usual para quadro de hipofunção sexual por prometer aumentar níveis séricos de testosterona, pode ser uma opção no período de TPC. Em sua composição estão presente alcaloides (mucunina, mucunadina, prurienidina), proteínas, β-sitosterol, ácido ascórbico e L-DOPA31. Os estudos foram realizados considerando o consumo de 5 g do pó da semente da Mucuna pruriens uma vez ao dia por 12 semanas, mostrando: efeito estimulante do GnRH; aumento do LH e FSH; diminuição da prolactina, por aumentar níveis séricos de dopamina, que atua como antagonista de prolactina; aumento de testosterona total; e melhora no espermograma de homens32. Importante reforçar que a dopamina inibe a secreção do hormônio liberador de tireotrofina (TRH) no núcleo paraventricular do hipotálamo, que se liga a receptores nos tireotrofos que estimulam a secreção do TSH. O consumo de Mucuna pruriens deve ser evitado por pacientes com hipotireoidismo subclínico.

Conclusão

Um indivíduo que faz uso de EAA deve ser acompanhado por equipe multidisciplinar. O monitoramento dos exames bioquímicos, droga usada, sinais e sintomas são fatores importantes que vão ajudar na decisão do quadro do paciente. Cabe ao nutricionista usar estratégia para melhorar o quadro do paciente, incluir alimentos funcionais, fitoterápicos e suplementos alimentares que podem modular alguns efeitos colaterais causados por abuso de EAA.

Devido à dificuldade de aprovação de pesquisas com humanos pelo comitê de ética, são poucos os estudos que correlacionam nutrição e EAA em humanos. sendo necessários mais estudos no futuro.

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