Rosa Maria Nascimento Souza O TRABALHO NO CENTRO CIRÚRGICO ... · (Mestrado em Enfermagem) -...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM NÚCLEO DE PESQUISA ENFERMAGEM E SAÚDE DO TRABALHADOR
Rosa Maria Nascimento Souza
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Rio de Janeiro
2009
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Rosa Maria Nascimento Souza
O TRABALHO NO CENTRO CIRÚRGICO E AS FUNÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS
DOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como um dos requisitos à obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
Orientadora: Profª. Drª. Regina Célia Gollner Zeitoune
Rio de Janeiro
2009
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Souza, Rosa Maria Nascimento
O trabalho no centro cirúrgico e as funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem / Rosa Maria Nascimento Souza. – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola de Enfermagem Anna Nery, 2009.
113 f.
Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – UFRJ / Escola de Enfermagem Anna Nery, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, 2009. Orientador: Regina Célia Gollner Zeitoune
1. Funções Psicofisiológicas. 2. Organização do Trabalho. 3. Condições de Trabalho. – Teses. I. Zeitoune, Regina Célia Gollner (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Enfermagem Anna Nery, Programa de Pós-Graduação, Enfermagem. III. Título.
CDD 613.70
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O TRABALHO NO CENTRO CIRÚRGICO E AS FUNÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS DOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM
Rosa Maria Nascimento Souza
Orientadora: Profª. Drª. Regina Célia Gollner Zeitoune
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito final à obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
Aprovada em:
__________________________________________________ Presidente - Profª. Drª. Regina Célia Gollner Zeitoune
EEAN – Universidade Federal do Rio de Janeiro
__________________________________________________ 1º Examinador - Profª. Drª. Maria Yvone Chaves Mauro
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
__________________________________________________ 2º Examinador - Profª. Drª. Rachel Ferreira Savary Figueiró
EEAN – Universidade Federal do Rio de Janeiro
__________________________________________________ Suplente - Profª. Drª. Angela Maria Mendes Abreu EEAN – Universidade Federal do Rio de Janeiro
__________________________________________________ Suplente - Profª. Drª. Francimar de Jesus Moreira de Moura
UGF – Universidade Gama Filho
Rio de Janeiro
2009
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DEDICATÓRIA
A minha família: Albérico, Nélia, Ângelo, Ana
Cláudia, muito obrigada pelo carinho e incentivo.
Vocês são os amores da minha vida!!!!
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por permitir a conclusão de mais uma meta na minha vida.
À Direção do Hospital, à Divisão de Enfermagem e à Chefia de Enfermagem
do Centro Cirúrgico (CC), que compreenderam a importância da realização da
pesquisa e autorizaram a sua execução.
A todos que se dispuseram a participar, como sujeitos do estudo.
A Daniele, Janaína, Margarida, Sabrina, Valesca e colegas de trabalho, pelo
apoio e amizade.
Aos meus treinadores, que traçaram metas preventivas para a manutenção
das minhas funções psicofisiológicas, em especial a Carol, Cátia, Alex, Eraldo, Joel,
Marcos e Robson.
Aos Professores, Mestrandos, Doutorandos, Alunos e Funcionários da Escola
de Enfermagem Anna Nery, em especial aos Docentes do Departamento de
Enfermagem em Saúde Pública (DESP) e aos funcionários da pós-graduação: Sônia
Xavier e Jorge Anselmo, pela disponibilidade e atenção que demonstraram no
decorrer deste processo.
Aos Professores Doutores que aceitaram o convite e fizeram parte das
Bancas Examinadoras: Ângela Maria Mendes Abreu, Francimar de Jesus Moreira de
Moura, Maria Yvone Chaves Mauro, Rachel Ferreira Savary Figueiró e Sergio Lima,
contribuindo de modo tão especial para o enriquecer o estudo.
À Profª. Drª. Regina Célia Gollner Zeitoune pela orientação, disponibilidade,
confiança, atenção, dedicação, carinho, incentivo e conhecimentos que
acrescentaram muito para o desenvolvimento deste trabalho, e especialmente pela
sua amizade no decorrer destes anos. Foi maravilhoso!!!!
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“Sim, nós podemos. Sim, nós podemos mudar. Sim, nós
podemos.” Barack Obama
Presidente dos Estados Unidos da América
(Extraído do seu discurso após vencer as eleições primárias do Partido Democrata, na Carolina do Sul)
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RESUMO
SOUZA, Rosa Maria Nascimento. O trabalho no centro cirúrgico e as funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem. 2009. 113f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
O presente estudo teve como objeto o trabalho da enfermagem e as funções psicofisiológicas desta equipe em centro cirúrgico. Entende-se por funções psicofisiológicas o conjunto das funções psíquicas e fisiológicas do ser humano. Fundamentada nos princípios da saúde do trabalhador, adquiridos no curso de especialização de enfermagem do trabalho, a autora começou a avaliar a atividade do trabalhador e posteriormente no setor fechado do hospital de forma mais apurada. Vale ressaltar que o Centro Cirúrgico é um local onde oferece muitos riscos a saúde do trabalhador: químicos, físicos, biológicos, ergonômicos, risco de acidente incluindo os psicossociais. Foram traçados os seguintes objetivos: caracterizar, com base na percepção dos trabalhadores de enfermagem, a organização e as condições de trabalho no centro cirúrgico; descrever, na percepção dos sujeitos do estudo, funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem de um centro cirúrgico; analisar funções psicofisiológicas destes trabalhadores quanto às implicações para a sua saúde.Os sujeitos do estudo foram 50 trabalhadores da equipe de enfermagem – enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem. O instrumento de coleta de dados foi um formulário com questões que caracterizava a clientela, permitindo graduar suas funções psicofisiológicas e avaliava a organização e as condições de trabalho. O levantamento ocorreu durante o plantão do profissional de forma que não interferisse na rotina de trabalho no centro cirúrgico. O tratamento dos dados foi realizado com distribuição de frequência absoluta e percentual e discutidos a partir da base teórica inserida no presente estudo. A pesquisa atendeu aos princípios básicos da bioética presentes na Resolução 196/96 CNS/MS, que são pautados na autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. A partir dos resultados da presente investigação foi possível concluir que quanto à organização de trabalho, a remuneração, o treinamento para realização de tarefas, a responsabilidade excessiva, o esforço físico e a longa jornada de trabalho foram considerados elementos críticos. Já nas condições de trabalho os entrevistaram avaliaram como principais fatores problemáticos o risco de acidentes, poluição ambiental e a presença de poeira. As principais alterações nas funções psicofisiológicas de acordo com a amostra do estudo foram ansiedade e irritação, na função psíquica e na parte fisiológica as principais queixas foram quanto à presença de edema em membros inferiores, pressão alta, alergia respiratória, dores abdominais. Palavras chave: Funções Psicofisiológicas. Organização de Trabalho. Condições de Trabalho.
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ABSTRACT
SOUZA, Rosa Maria Nascimento. The work on a chirurgical unit and the psycho-physiological functions of the nursing workers. 2009. 113f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
The object of this study is the work of nursing and the psycho-physiological functions of this team on a chirurgical unit. It is understood as psycho-physiological functions the totality of psychical and physiological functions of the human being. Based on the work health principles acquired on Nursing of the work specialization course, the author evaluated the activity of the worker, on the closed sector of the hospital, on a more detailed way. We must emphasize that the chirurgical unit is a place that offers many risks to the worker health: chemical, physical, biological, ergonomic, accidents-related and psychosocial risks. We drew the following aims: to characterize, based on the nursing workers perception, the organization and the work conditions on a chirurgical unit; to describe, on the perception of the study subjects, the psycho-physiological functions of the nursing workers in a chirurgical unit; to analyze the psycho-physiological functions of this worker regarding the implications for the worker health. 50 workers of the nursing team, - nurses, nurses assistants and technicians-, composed the individuals of the study. The data collection instrument was a formulary involving questions characterizing the clients, allowing the adjustment of their psycho-physiological functions, evaluating the organization and the work conditions. The collecting happened during the duty so that it does not interfere on the work routine on the chirurgical unit. The data treatment was carried out with absolute frequency distribution from the theoretical basis inserted on the current study. The research will meet the pillars of bioethical basic principles found at the Resolution 196/96 CNS/MS, based on the autonomy, charity, non-maleficency and justice. From the current research, it was possible to conclude that the organization and the work conditions of the study sector interfere on the psycho-physiological of the workers inserted on the chirurgical unit. Keywords: Psycho-physiological Functions. Work Organization. Work Conditions.
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RESUMEN
SOUZA, Rosa Maria Nascimento. El trabajo en el centro quirúrgico y las funciones psicofisiológicas de los trabajadores de enfermería. 2009. 113f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
El presente estudio tuvo como objeto el trabajo de la enfermería y las funciones psicofisiológicas de este equipo en centro quirúrgico. Se entiende por funciones psicofisiológicas el conjunto de las funciones psíquicas y fisiológicas del ser humano. Fundamentada en los principios de la salud del trabajador, adquiridos en el curso de especialización de enfermería del trabajo, la autora empezó a evaluar la actividad del trabajador y en el sector cerrado del hospital de forma más detallada. Vale resaltar que centro quirúrgico es un lugar que ofrece muchos riesgos a la salud del trabajador: químicos, físicos, biológicos, ergonómicos, riesgos de accidentes y psicosociales. Se han trazado los siguientes objetivos: caracterizar, con base en la percepción de los trabajadores de enfermería, la organización y las condiciones de trabajo en el centro quirúrgico; describir, en la percepción de los sujetos del estudio, las funciones psicofisiológicas de los trabajadores de enfermería de un centro quirúrgico; analizar las funciones psicofisiológicas de este trabajador en cuanto a las implicaciones para la salud del trabajador. 50 trabajadores del equipo de enfermería, - enfermeros, auxiliares y técnicos de enfermería -, han compuesto los sujetos del estudio. Como instrumento de colecta de datos se utilizó un formulario con preguntas que caracterizan la clientela permitiendo graduar sus funciones psicofisiológicas y evalúan la organización y las condiciones de trabajo. El levantamiento ocurrió en el horario de guardia de forma a que no interfiriera en la rutina de trabajo en el centro quirúrgico. El tratamiento de los datos se realizó con distribución de frecuencia absoluta y porcentual. Los datos han sido discutidos a partir de la base teórica insertada en el presente estudio. La investigación va a atender a los pilares de los principios básicos de la bioética, presentes en la Resolución 196/96 CNS/MS, que están pautados en la autonomía, beneficencia, no maleficencia y justicia. A partir de la presente investigación, fue posible concluir que la organización y las condiciones de trabajo del sector de estudio interfieren en las funciones psicofisiológicas de los trabajadores insertados en el centro quirúrgico. Palabras clave: Funciones Psicofisiológicas. Organización de Trabajo. Condiciones de Trabajo.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Aspectos sociodemográficos dos sujeitos do estudo (n = 50) ...................................................................................... 42
Tabela 2 Distribuição das respostas dos sujeitos de estudo conforme a Organização de Trabalho (n = 50) .................. 47
Tabela 3 Distribuição das respostas dos sujeitos da pesquisa segundo a condição de trabalho da equipe de enfermagem de um centro cirúrgico (n = 50) ..................... 57
Tabela 4 Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo com vistas à função cardiovascular (n = 50) .............................. 65
Tabela 5 Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo conforme a função respiratória (n = 50) ............................. 73
Tabela 6 Distribuição das respostas dos sujeitos sobre os fatores prejudiciais à atividade da função gastrintestinal (n = 50)...................................................................................... 77
Tabela 7 Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo de acordo com as refeições e a função gastrintestinal (n = 50) 79
Tabela 8 Distribuição da classificação do peso dos sujeitos do estudo de acordo com o Índice de Massa Corporal (n = 50)
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Tabela 9 Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo segundo a função renal (n = 50) ........................................ 84
Tabela 10 Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo com vistas à função endócrina (n = 50) ..................................... 87
Tabela 11 Distribuição das respostas dos trabalhadores de enfermagem sobre a função neurológica (n = 50) ............. 89
Tabela 12 Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo de acordo com a função psíquica (n = 50) .............................. 92
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SUMÁRIO
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO ...................................................................... 121.1 Considerações Iniciais ............................................................................. 121.2 Questões Norteadoras ............................................................................. 151.3 Objetivos .................................................................................................. 161.4 Justificativa do Estudo ............................................................................. 161.5 Relevância do Estudo .............................................................................. 19CAPÍTULO II – BASE TEÓRICA .................................................................. 212.1 Considerações sobre o Trabalho em Centro Cirúrgico ........................... 212.2 Funções Psicofisiológicas ........................................................................ 252.3 Organização de Trabalho ........................................................................ 292.4 Condições de Trabalho............................................................................. 322.5 Considerações sobre a Saúde do Trabalhador ....................................... 36CAPÍTULO III – METODOLOGIA ................................................................. 403.1 Tipo do Estudo ......................................................................................... 403.2 Cenário do Estudo ................................................................................... 403.3 Amostra do Estudo .................................................................................. 413.4 Instrumento de Coleta de Dados ............................................................. 433.5 Coleta de Dados ...................................................................................... 443.6 Análise dos Dados ................................................................................... 443.7 Aspectos Éticos ....................................................................................... 45CAPITULO IV - ANÁLISE DOS DADOS ...................................................... 464.1 Organização do Trabalho de Enfermagem no Centro Cirúrgico ............. 464.2 Condições de Trabalho de Enfermagem no Centro Cirúrgico.................. 564.3 Funções Psicofisiológicas dos Trabalhadores de Enfermagem do
Centro Cirúrgico ...................................................................................... 654.3.1 Função Cardiovascular ......................................................................... 654.3.2 Função Respiratória .............................................................................. 724.3.3 Função Gastrintestinal .......................................................................... 774.3.4 Função Renal ................................................................................................ 844.3.5 Função Endócrina ................................................................................. 874.3.6 Função Neurológica ............................................................................. 894.3.7 Função Psíquica ................................................................................... 92CAPÍTULO V – CONCLUSÃO ...................................................................... 96REFERÊNCIAS ............................................................................................. 99APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ..................... 105APÊNDICE B – Formulário ............................................................................ 106APÊNDICE C – Carta de Apresentação para realizar a pesquisa no Hospital .................. ....................................................................................... 111ANEXO - Aprovação do Comitê de Ética ..................................................... 113
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CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1.1 Considerações Iniciais
A presente investigação teve como objeto de estudo o trabalho da
enfermagem e as funções psicofisiológicas na percepção da equipe de enfermagem1
de um centro cirúrgico.
As dimensões no trabalho de enfermagem estudadas foram a organização e
as condições de trabalho. Quanto às funções psicofisiológicas, tomou-se como base
o conjunto das funções psíquicas e fisiológicas do ser humano.
No intuito de contextualizar o objeto de estudo, cabe dizer que o primeiro
contato da autora deste trabalho com as questões relacionadas com a saúde do
trabalhador ocorreu no final do curso de graduação em 2002, no Núcleo de Pesquisa
Enfermagem e Saúde do Trabalhador (NUPENST) do Departamento de
Enfermagem de Saúde Pública (DESP) da Escola de Enfermagem Anna Nery
(EEAN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), quando foram realizadas
as primeiras investigações na área de saúde do trabalhador, embora não
relacionadas à saúde do trabalhador de enfermagem.
Anos mais tarde, a partir da experiência de trabalho em setores fechados, a
princípio em unidade de terapia intensiva (UTI) e atualmente no centro cirúrgico (CC)
de uma maternidade, o cotidiano do trabalhador passou a ser melhor observado,
despertando interesse na realidade vivida pela equipe de enfermagem em centro
cirúrgico, considerando as características do ambiente, suas demandas próprias,
características específicas e riscos ocupacionais.
1 Entende-se como equipe de enfermagem os seguintes trabalhadores: enfermeiro(a), técnico de enfermagem e auxiliar de enfermagem. No presente estudo, os termos equipe de enfermagem, trabalhadores de enfermagem, profissionais de enfermagem estão sendo usados como sinônimos.
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Através dessa experiência, foi possível observar que o centro cirúrgico é um
setor fechado onde atividades complexas são desenvolvidas, concentrando
diferentes profissionais (equipe de enfermagem, médicos, equipe de limpeza entre
outros trabalhadores) que devem atuar de forma interdependente. É um setor onde
as ações desenvolvidas visam preservar a vida do paciente.
Vale ressaltar que o referido setor tem um ritmo de trabalho muito próprio,
exigindo do trabalhador o uso de um paramento específico: é preciso portar um
pijama cirúrgico. Isto leva o trabalhador a ter que substituir sua roupa pessoal pela
roupa cirúrgica e sempre que se fizer necessário sair do setor, retirar o uniforme do
centro cirúrgico. Este ritmo acaba fazendo com que o trabalhador se mantenha
horas contínuas confinado em ambiente fechado, que possui elementos que podem
levar a riscos à sua saúde.
Quanto aos riscos existentes no centro cirúrgico, Ferreira (2003) destacou o
ruído como um problema relevante neste setor. A autora ressalta que o ser humano
é muito sensível tanto para os pequenos como para os grandes ruídos, indicando
medidas importantes para eliminar ou amenizar o ruído como alternativa para
preservar a integridade física dos trabalhadores, sujeitos da pesquisa.
Os ruídos no centro cirúrgico podem ser provenientes de diferentes fontes -
desde aqueles decorrentes das conversas das pessoas até os produzidos pelos
instrumentais utilizados em determinadas cirurgias, como as ortopédicas e algumas
plásticas. Estes se caracterizam não pela intensidade, mas pela frequência. Assim,
os trabalhadores ficam muito expostos, tornando-se vulneráveis a desenvolver
estresse, entre outros distúrbios.
No caso do estresse, este é um problema emocional citado por muitos
pesquisadores que avaliaram a saúde do trabalhador de enfermagem em centro
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cirúrgico. Segundo Martino e Misko (2004), a equipe de enfermagem realiza um
trabalho cansativo, desgastante devido à estreita convivência com a dor e o
sofrimento dos pacientes. O envolvimento demasiado do profissional com as
intercorrências, sofridas pelo paciente, propicia um estado de ansiedade que,
futuramente, tende a diminuir sua capacidade de tomar decisões comprometendo,
dessa forma, a sua saúde.
Uma outra situação inerente ao trabalho do profissional de enfermagem é a
alteração no sono, que pode estar relacionada ao trabalho em turnos, sobretudo
entre aqueles que trabalham no turno noturno, alterando seu relógio biológico.
Martino e Misko (2004), ao avaliarem os trabalhadores de enfermagem do setor em
estudo, concluíram que a alteração do relógio biológico pode levar ao desequilíbrio
no estado emocional.
A duração das cirurgias, principalmente as que necessitam de maior tempo de
dedicação da equipe, faz com que os horários de alimentação sejam alterados. O
trabalhador, antes de se dirigir ao refeitório da instituição ou mesmo a outro local
onde faz suas refeições, precisa retirar a roupa cirúrgica2, usada especificamente no
setor, o que pode também se caracterizar como fator limitante, uma vez que é
preciso um tempo para substituir a vestimenta para ir almoçar, resolver questões
pessoais ou mesmo para atender às suas necessidades fisiológicas.
Outros aspectos do trabalho no centro cirúrgico são as exposições constantes
ao ar condicionado, gases anestésicos e a postura de pé por longos períodos,
fatores estes que podem levar o trabalhador ao adoecimento ao longo do tempo,
muitas vezes não identificado como relacionado ao trabalho.
2 A roupa cirúrgica, de acordo com Figueiredo, Leite e Machado (2006), é um pijama completo, gorro, máscara, sapatilha e capote.
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Estes, entre outros fatores existentes no contexto do trabalho no centro
cirúrgico, devem ser considerados ao se discutir a saúde do trabalhador de
enfermagem inserido neste cenário de prática profissional, uma vez que este passa
boa parte da sua jornada de trabalho dentro do setor. As saídas são em caso de
extrema necessidade, mesmo assim de forma rápida a fim de não sobrecarregar os
que permanecem no setor.
Assim sendo, tendo a prática mostrado que o trabalhador de enfermagem, no
centro cirúrgico, tem características próprias, e entendendo que estas podem levar a
comprometimento a saúde do trabalhador de enfermagem, ao desconhecimento de
como atividades peculiares ao setor podem intervir nas funções psicofisiológicas, o
objeto do estudo foi delineado no sentido de conhecer estas funções nos
trabalhadores de centro cirúrgico, na possibilidade de reafirmar as inquietações de
que o trabalho neste setor pode alterar as funções psicofisiológicas.
Neste cotidiano vivido pelos trabalhadores de enfermagem que atuam em
centro cirúrgico, e a partir do objeto do presente estudo, foram elaboradas três
questões a fim de dirigir esta investigação.
1.2 Questões Norteadoras
• Como se dá a organização e as condições de trabalho da equipe de
enfermagem no centro cirúrgico?
• A organização e as condições no centro cirúrgico de trabalho produzem
alterações nas funções psicofisiológicas nos trabalhadores de enfermagem na
ótica destes profissionais?
• As alterações psicofisiológicas interferem na saúde dos trabalhadores de
enfermagem daquele setor?
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1.3 Objetivos
Considerando as questões do estudo, foram traçados objetivos para o
desenvolvimento desta investigação:
• Caracterizar, com base na percepção dos trabalhadores de enfermagem, a
organização e as condições de trabalho no centro cirúrgico;
• Descrever, na percepção dos sujeitos do estudo, funções psicofisiológicas
dos trabalhadores de enfermagem de um centro cirúrgico;
• Analisar funções psicofisiológicas destes trabalhadores quanto às implicações
para a sua saúde, na perspectiva da saúde do trabalhador.
1.4 Justificativa do Estudo
O estudo justificou-se devido à problemática apresentada inicialmente e por
existir uma lacuna de conhecimento acerca do objeto proposto.
Na literatura, encontro-se alguns estudos, apresentados a seguir, que tiveram
como sujeitos e cenários os trabalhadores de enfermagem de centro cirúrgico.
Contudo, não foram identificados estudos que contemplassem simultaneamente as
questões relacionadas com as funções psicofisiológicas, a organização e as
condições de trabalho da equipe de enfermagem neste cenário.
Nos trabalhos consultados, pode-se observar que existiam estudos sobre
elementos que compõem as funções psicofisiológicas de forma isolada como, por
exemplo, o impacto do ruído na saúde do trabalhador, o estresse, as afecções
osteomusculares, a saúde mental dos trabalhadores inseridos no centro cirúrgico,
entre outros temas.
Nas pesquisas nas bibliotecas virtuais nacionais – Bireme, Minerva, entre
outras – usando como descritor a palavra “psicofisiológica”, não foram encontrados
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estudos que abordassem este tema envolvendo a saúde do trabalhador de
enfermagem inserido no centro cirúrgico.
Dos trabalhos científicos encontrados nas bases de dados nacionais,
destacam-se alguns autores a seguir.
Ferreira (2003), ao avaliar as condições de trabalho com ênfase nos riscos
que o centro cirúrgico propicia ao trabalhador, verificou que o ruído é um elemento
relevante, podendo ocasionar alterações em sua saúde, não apenas no campo
auditivo, mas em outras áreas, como em sua saúde mental.
A autora refere ainda que os trabalhadores de enfermagem, sobretudo
aqueles que são escalados para circular em salas3, têm seus horários de
alimentação mais prejudicados e a recorrência pode levar a problemas no trato
digestivos, por transtornos gástricos. Muitas vezes, dependendo da hora que chegue
no refeitório para almoçar, o trabalhador pode não encontrar mais comida ou quando
encontra pode estar alterada pelo manuseio dos que antes se serviram dela.
Rocha e Bonzatti (2000), ao discutirem sobre a saúde dos enfermeiros do
centro cirúrgico, consideram o trabalho cansativo por exigir que o trabalhador
permaneça a maior parte da sua jornada de trabalho de pé, com incessantes
movimentações corporais e muitos deslocamentos. Neste contexto, o profissional
pode desenvolver alterações no sono, fadiga, entre outros problemas de saúde.
Martino e Misko (2004) ressaltaram que o desgaste mental, a crise existencial
e a ansiedade são estados emocionais que também permeiam a vida do profissional
de enfermagem atuante em centro cirúrgico, por conta da proximidade com o
sofrimento e a morte. Complementando, Stumm, Macalai e Kirchner (2006) relatam
que o ritmo de trabalho da equipe de enfermagem neste setor favorece a ocorrência
3 Circular em salas com o objetivo de suprir as necessidades materiais de cada sala de cirurgia.
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de muitos prejuízos a saúde, como a síndrome de burnout4, acompanhada de
doenças coadjuvantes.
Carvalho et al. (2004), ao estudarem o estresse ocupacional em
trabalhadores de enfermagem que realizam suas atividades em setores fechados
(bloco cirúrgico e centro de terapia intensiva), observaram que 93,5% apresentaram
sintomas físicos de ansiedade e estresse.
Oler et al. (2005) desenvolveram um estudo sobre a qualidade de vida dos
trabalhadores de enfermagem de centro cirúrgico. Foram estudados a capacidade
funcional, os aspectos físicos, emocionais, a saúde mental, o estado geral de saúde,
a vitalidade e os aspectos sociais. Concluíram que, das questões investigadas, as
que apresentaram maior vulnerabilidade à saúde do trabalhador eram a presença de
dor, a queda da vitalidade e as interferências nos aspectos social, físico e saúde
mental.
Peniche (2005) ressaltou que o setor possui características que podem deixar
os trabalhadores vulneráveis a alterações emocionais, como a ansiedade, podendo
influenciar no desempenho de suas atividades. A autora concluiu que 42,11% da
amostra estudada apresentou manifestações clínicas de ansiedade relacionadas ao
comportamento.
Meirelles (2002), ao pesquisar o nível de estresse dos trabalhadores da
equipe de enfermagem de um centro cirúrgico oncológico, concluiu que os referidos
profissionais trabalhavam sob a influência deste distúrbio em sua rotina de trabalho,
proveniente das relações pessoais conflituosas, sobrecarga de trabalho, carga
horária excessiva e recursos humanos inadequados.
4 Burnout é uma palavra de origem inglesa, sua tradução literal é queima após desgaste, ou seja, aquilo que deixou de funcionar por conta da exaustão. Na presente pesquisa entende-se como uma síndrome de exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional.
19
Schimidt e Dantas (2006), ao investigarem a qualidade de vida no trabalho
entre os profissionais de enfermagem em centro cirúrgico, concluíram que, de uma
forma geral, os enfermeiros consideravam-se insatisfeitos, ou eram neutros, sendo a
baixa remuneração um fator relevante para a insatisfação.
Schwartz e Baldin (2005), ao pesquisaram sobre o impacto do trabalho na
saúde da equipe de enfermagem atuante em centro cirúrgico, verificaram que esta
classe está vulnerável a sofrer acidentes de trabalho, doenças ocupacionais,
afecções osteomusculares, depressão, obesidade, entre outras patologias.
Sendo assim, pode-se dizer que há carência de investigações que
contemplem as funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem com
vistas à organização e condições de trabalho em centro cirúrgicos reunidas num só
estudo, o que justificou esta investigação.
1.5 Relevância do Estudo
A relevância do estudo ficou caracterizada pelas possibilidades de
contribuições que o mesmo pode trazer. Neste sentido, entendeu-se que o estudo
das funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem de centro cirúrgico
possa contribuir para a organização e o controle das condições de trabalho neste
setor, para fundamentar discussões entre sindicatos e associações de classe, em
prol da melhoria do ambiente de trabalho de uma forma holística, visando à
manutenção da saúde dos trabalhadores.
Dessa forma, conhecendo a percepção do trabalhador de enfermagem de
centro cirúrgico sobre a organização e as condições do trabalho e as funções
psicofisiológicas, é possível conhecer o cotidiano desses trabalhadores e, com isso,
20
gerar dados que possibilitarão discussões entre pesquisadores e profissionais que
atuam para a melhoria do processo de trabalho.
Além disso, o estudo permitirá ainda que sindicatos de classe, associações de
enfermagem e órgãos afins discutam sobre os fatores presentes no trabalho
executado em centro cirúrgico, que possam levar à morbidade nos trabalhadores
através das alterações psicofisiológicas e, com isto, propor medidas para que a
organização e as condições de trabalho venham a se coadunar com a qualidade de
vida no trabalho.
Por fim, o presente estudo ampliou as discussões sobre a temática
apresentada, podendo-se inferir que seus resultados apontaram objetos de futuras
investigações, dando suporte às discussões da linha de pesquisa do Núcleo de
Pesquisa Enfermagem e Saúde do Trabalhador (NUPENST) do Departamento de
Enfermagem de Saúde Pública (DESP) da EEAN/UFRJ no qual o projeto está
inserido.
21
CAPÍTULO II
BASE TEÓRICA
2.1 Considerações sobre o Trabalho em Centro Cirúrgico
O Centro Cirúrgico é um setor do hospital destinado a procedimentos
cirúrgicos de baixa, média ou alta complexidade, que podem ser eletivos, de
emergência ou de urgência.
As cirurgias eletivas, segundo Figueiredo, Leite e Machado (2006), são
marcadas com antecedência. O paciente não está em risco de vida. São
classificadas como: curativa - com a finalidade de retirar algo que não está fazendo
bem ao corpo; paliativa - para proporcionar uma melhora às condições orgânicas do
cliente; ou de reconstrução - a fim de reconstruir tecidos danificados.
Nas cirurgias de urgência e emergência, o tempo de preparação do cliente e
do ambiente operatório é reduzido a 24 horas aproximadamente, ou sua realização é
imediata por conta do risco de vida a que o paciente está exposto. Nestes casos, a
atenção de toda equipe envolvida na cirurgia deve ser redobrada.
O centro cirúrgico fica localizado em áreas isoladas do hospital, onde exista
pouca circulação de pessoas, com a finalidade de minimizar a incidência de
infecções hospitalares. O acesso a esse setor é restrito ao paciente e aos
profissionais que nele atuam, salvo em maternidades onde, algumas vezes, é
permitido o acesso de um familiar.
De acordo com Figueiredo, Leite e Machado (2006), o centro cirúrgico
comporta secretaria, sala de cirurgia, sala de profissionais, sala de materiais/
equipamentos, sala de limpeza de materiais, laboratório, banheiros, expurgo e copa.
22
A área física da sala de cirurgia deve ser de 25m2, com exceção dos locais
destinados à realização de cirurgia cardíaca e ortopédica. Nesse caso, a sala
cirúrgica deve ter uma dimensão de 30 a 36m2. O formato da sala deve ser redondo
de forma que não tenha quinas; as paredes e o piso, sem ralos, cobertos com
revestimento lavável. As portas devem ser do tipo “vai e vem“ para facilitar o trânsito
de macas e equipamentos. O setor pode possuir janelas, desde que sejam
hermeticamente fechadas (FIGUEIREDO; LEITE; MACHADO, 2006).
Os profissionais que atuam nesse setor são: equipe de enfermagem e
médica, técnicos de laboratório, de radiologia e funcionários da limpeza. A
enfermagem atua em todos os momentos da cirurgia, ou seja, nos períodos pré,
trans e pós-operatório, sendo a primeira a chegar ao local onde será realizada a
cirurgia e a última a sair.
No dia do procedimento, cabe ao profissional de enfermagem deixar a sala
preparada para a cirurgia, checando se os materiais estão funcionando plenamente,
separando as bandejas usadas na cirurgia, os materiais de uso descartável e
também receber o paciente no centro cirúrgico.
O período transoperatório, também chamado perioperatório, inicia-se quando
o paciente entra na sala de operação e é posicionado na mesa cirúrgica. O trabalho
é realizado de forma multidisciplinar, atuando de maneira interdependentemente.
Neste momento, de acordo com Figueiredo, Leite e Machado (2006), cabe à
enfermagem efetuar os registros no prontuário, desde a entrada até a saída do
paciente, aferir sinais vitais, repor os materiais durante a cirurgia e estar atento às
solicitações dos profissionais que estão atuando diretamente no paciente.
No período pós-operatório, o paciente é encaminhado para a sala de
recuperação pós-anestésica, onde os sinais vitais são monitorados até que ele se
23
encontre em condições de ser transferido para outro setor, que pode ser fechado,
como a unidade de terapia intensiva, ou para a enfermaria, onde dará continuidade
ao tratamento.
Terminada a cirurgia, as ferramentas utilizadas deverão ser lavadas e
encaminhadas para o setor de esterilização, com a finalidade de serem preparadas
para outras cirurgias. A equipe de limpeza deve fazer a desinfecção do local
deixando a sala pronta para outro procedimento.
Ao longo do plantão, a equipe de enfermagem deve permanecer no local,
usando roupas apropriadas, compostas por pijama, touca, sapatilha, capote e óculos
de proteção. Ao sair do setor, o profissional dever mudar a roupa, para evitar
contaminação. Pequenas refeições e descanso devem ser feitos no setor, quando
há possibilidade e tempo.
O profissional de enfermagem de centro cirúrgico deve ter como característica
principal um bom relacionamento interpessoal. Ao longo do trabalho, o enfermeiro
passa por muitas situações conflituosas no trabalho em equipe e, através do diálogo,
deve tentar contornar os problemas vivenciados. Para Stumm, Macalai e Kirchner
(2006), o conflito mais comum ocorre entre as equipes médica e de enfermagem,
pelo fato de que os primeiros julgam que suas solicitações devem ser atendidas de
maneira dogmática e imediata.
A equipe de enfermagem, principalmente o enfermeiro, vem assumindo no
hospital a parte administrativa e burocrática, considerando seu perfil de formação.
Com isto, cabe a ele a organização do centro cirúrgico de uma forma holística, o que
inclui a elaboração da escala de pessoal, distribuição das cirurgias nas salas, prover
e prever materiais, checar se as normas e rotinas foram executadas - como, por
exemplo, se a desinfecção das salas foi efetuada de acordo com as normas da
24
comissão de controle de infecção hospitalar, disposição de ferramentas a serem
utilizadas durante a cirurgia, entre outras atribuições.
O isolamento social é outra característica do profissional que atua nesse
setor. Para evitar a contaminação do espaço físico, ele deve sair do centro cirúrgico
o mínimo possível. E nas poucas vezes em que sair, deve retornar rapidamente ao
setor a fim de não desfalcar a equipe. No tempo livre entre uma cirurgia e outra,
quando acontece, as atividades de relaxamento e descontração antiestresse devem
ser realizadas neste mesmo local.
Outro aspecto a ser considerado é a remuneração do profissional de
enfermagem que, segundo Stumm, Macalai e Kirchner (2006), de uma forma geral, é
inadequada, fazendo com que o profissional necessite ter mais de um vínculo
empregatício para suprir os seus compromissos financeiros. Sendo assim, no
momento que deveria estar descansando de um trabalho está envolvido em outro,
muitas vezes com a mesma precariedade.
Oler et al. (2005) complementam a opinião dos autores e ressaltam outros
problemas que a enfermagem vivencia, como a grande carga de trabalho, por conta
do aumento do volume de cirurgias e o número reduzido de profissionais atuantes
no setor, a manipulação de substâncias tóxicas, o trabalho em turnos que, entre
outras intercorrências, deixam os profissionais vulneráveis a frustrações, transtornos
físicos, psicológicos, afetando a qualidade de vida de cada um.
Esta realidade, vivida no trabalho em centro cirúrgico, pode interferir nas
funções psicofisiológicas e, por conseguinte, na saúde do trabalhador.
25
2.2 Funções Psicofisiológicas
As funções psicofisiológicas envolvem as funções psíquicas e fisiológicas do
ser humano voltadas para a clínica. Conforme Carvalho (2001), para avaliar a
função psíquica, deve-se levar em consideração a irritação, a insônia, a crise de
choro, a amnésia, a depressão, a intolerância, a ansiedade e a angústia. Rodrigues
(1998) também ressalta que os distúrbios no sono, a irritabilidade e o mau humor
são problemas que acometem o trabalhador em sistema de turnos.
Já as funções fisiológicas do ser humano englobam os sistemas neurológico,
cardiovascular, respiratório, gastrintestinal, renal e endócrino.
A função neurológica, baseada em Aires (1999), coordena dezenas de bilhões
de neurônios, gerenciando funções primitivas, tais como reações reflexas a
estímulos simples do meio ambiente, até funções complexas como controle de
movimentos delicados e precisos, mecanismo de atenção do meio externo, entre
outras funções.
A avaliação desta função ocorre, segundo Netina (2003), a partir do estado
mental (estado de consciência, memória, cognição, afeto e conteúdo), função dos
nervos cranianos (atividade dos 12 nervos cranianos), função cerebelar (rastrear a
coordenação), função motora (geralmente testada junto com o sistema esquelético),
função sensorial (deve ser testada a sensibilidade ao tato, dor, vibração e posição) e
os reflexos tendinosos profundos.
Quanto à função cardiovascular, de acordo com Aires (1999), esta é
responsável por transportar e distribuir substâncias essenciais aos tecidos, bem
como produtos oriundos do metabolismo. Neste contexto, a avaliação da função
cardiovascular, segundo Netina (2003), engloba a presença de: dor torácica,
dispnéia, palpitações, fadiga, frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura,
26
respiração, hipotensão postural, cianose, icterícia, edema em membros inferiores e
ausculta cardíaca.
Com relação à função respiratória, Aires (1999) coloca que esta tem como
missão suprir o organismo com oxigênio (O2), bem como remover o produto gasoso
proveniente do metabolismo celular. Para avaliar esta função, cabe investigar a
ocorrência de dispnéia, dor torácica, tosse, hemoptise, frequência respiratória,
cianose e ausculta respiratória.
No que se refere à função gastrintestinal, para Netina (2003), esta é
responsável pela ingestão e propulsão do alimento, digestão e absorção dos
nutrientes. De acordo com o autor, deve-se avaliar: hábitos alimentares, dor
abdominal, dispepsia, icterícia, náusea e vômito, diarréia, constipação, disfagia. Os
achados relevantes desse sistema são: desidratação, lesões orais, falta de dentes,
sangramentos, peso corporal, características das fezes, esteatorréia.
A função renal, de acordo com Aires (1999), tem como objetivo promover a
manutenção do volume e de composição do fluido extracelular do indivíduo nos
limites fisiológicos. Para identificar o funcionamento desta função, segundo Netina
(2003), deve-se avaliar distúrbio nos rins, alterações na micção quanto à quantidade
ou coloração da urina, dor, irritação do trato urinário ou obstrução no trato urinário e
incontinência urinária.
A função endócrina é responsável pela reprodução, desenvolvimento e
crescimento, manutenção do meio interno e externo, armazenamento e utilização de
substratos com metabolismo energético (AIRES, 1999).
Netina (2003) afirma que para conhecer o funcionamento do sistema
endócrino, deve-se avaliar o funcionamento da hipófise, tireóide, paratireóides,
supra-renais, ilhotas pancreáticas, ovários e testículos. A avaliação do
27
funcionamento das referidas glândulas ocorre usualmente a partir de exames
laboratoriais.
Para avaliar as funções fisiológicas, podemos consultar os ritmos biológicos.
O ser humano, ao longo de seu processo evolutivo, desenvolveu uma forma de
adaptação aos fatores cíclicos ambientais, fazendo uma distribuição temporal de
suas tarefas ao longo do dia e da noite, do mês ou do ano. A repetição periódica
desses eventos biológicos recebe o nome de ritmos biológicos (AIRES, 1999).
Os ritmos biológicos são classificados em três grupos: os circadianos (que
levam cerca de um dia, entre 20 a 28 horas para completar um ciclo); os ultradianos
(que realizam mais de um ciclo em um dia); e os infradianos (que levam mais de 28
horas para realizar um ciclo). Estes dados são de grande valia para a análise da
ocorrência dos fenômenos fisiológicos no ser humano.
A partir da cronobiologia (ramo da biologia que se ocupa da dimensão
temporal da matéria viva através dos ritmos biológicos), é possível constatar que a
maioria dos fenômenos fisiológicos apresenta flutuações regulares e periódicas ao
longo das 24 horas. Dessa forma, tais fenômenos são pautados de acordo com os
ciclos circadianos.
A ordenação temporal dos fenômenos biológicos, ao longo do tempo e o
respeito do período de sono e vigília, são fatores importantes para a manutenção de
uma vida saudável. Sendo assim, quando um trabalhador se submete a trabalhos
em sistema de turnos, que infrinjam o horário de repouso e atividade, pode
comprometer sua saúde e expectativa de vida.
Os seres humanos foram preparados para exercer sua atividade no horário
diurno, reservando o horário noturno para o repouso. A partir dessa premissa,
observa-se como os sistemas do corpo humano exercerão suas atividades. Aires
28
(1999) refere que podemos observar o seguinte comportamento das funções
fisiológicas:
a) Nas secreções hormonais, os corticosteróides adrenais (responsáveis por
preparar o organismo para a vigília e a interação com o meio ambiente) têm seu pico
de produção e secreção no final da noite de sono, início do despertar. Em
contrapartida, a insulina é produzida e liberada em maior quantidade pela manhã e
no início da tarde. Os estímulos estressantes têm sua produção e liberação
inversamente proporcional à produção e liberação de corticosteróides adrenais;
b) Na função renal, a excreção urinária de potássio, cálcio e hidrogênio são
máximos pela manhã, enquanto a de sódio é maior à tarde, assim como a resposta
diurética à ingestão de água é maior pela manhã do que à tarde;
c) Na termorregulação, a temperatura corporal central apresenta seu valor
máximo em torno das 17-18 horas, enquanto o valor mínimo ocorre no segundo
terço de sono noturno;
d) Os parâmetros hematológicos apresentam valores de máximos de
hemácias, hemoglobina e hematócrito por volta das 12 horas. Enquanto o número
total de glóbulos brancos apresenta maior valor no período de repouso, por volta das
23-24 horas;
e) No sistema cardiovascular, a frequência cardíaca, o débito cardíaco, o
volume sistólico, a pressão arterial e o volume circulante apresentam valores
máximos por volta das 17-18 horas, enquanto o tempo de ejeção ventricular, o
intervalo entre as sístoles e a resistência capilar apresentam valores máximos entre
5-8 horas da manhã;
f) No sistema respiratório, a capacidade respiratória é mínima à noite e de
madrugada, e máxima durante o dia.
29
Pode-se ver que os sistemas, ao longo do dia, apresentam flutuações,
considerando que o ser humano trabalha durante o dia e descansa durante a noite.
Dessa forma, quando o trabalhador inverte o binômio sono-vigília faz com que os
sistemas tenham que se adaptar a uma nova rotina. Esse processo de adaptação
pode gerar muitos agravos à sua saúde.
O trabalho em esquema de turno é um fator relevante para conseguir obter
um padrão de sono satisfatório, sobretudo para os trabalhadores que exercem suas
atividades no período noturno.
2.3 Organização do Trabalho
A organização de trabalho diz respeito a como o trabalho deve ser distribuído
e de que maneira deverá ser executado. De acordo com Mendes (2005), a
organização de trabalho aborda como o trabalho é elaborado, levando em
consideração a estruturação e a formalização, respeitando o recurso humano e
como as tarefas serão desenvolvidas.
Alguns aspectos devem ser observados como alternativa para constituir uma
organização do trabalho. Estes aspectos devem levar em conta a divisão de tarefas,
considerando o tempo e o espaço, o sistema que permita a comunicação entre as
atividades, ações e operações, o estabelecimento de rotinas, procedimentos e
produção, a supervisão e o controle, e ainda a captação e o treinamento para o
trabalho (SILVA FILHO, 1997).
A organização do trabalho reúne um conjunto de normas que determinam
como o trabalho deverá ser executado num ambiente. Tem por finalidade dividir o
trabalho, o conteúdo, a tarefa, o sistema hierárquico, as modalidades de um
comando, enfim, tem como meta gerenciar como o trabalho deve ser executado
30
atendendo as necessidades de maneira harmônica, tanto do empregado como do
empregador (DEJOURS, 1992).
Frequentemente, a organização do trabalho é elaborada por quem o está
coordenando. Dessa forma, o planejamento é elaborado por uma pessoa
(coordenador) para ser executado por outra (empregado), atendendo às
necessidades do paciente (KREISCHER, 2007). Sendo assim, o executor das
tarefas deve trabalhar de acordo com as atividades prescritas pelo seu coordenador.
Na maioria das vezes, o executor das tarefas não participa da organização do
planejamento das atividades, o que inibe o trabalhador de opinar sobre alternativas
que possam melhorar o desenvolvimento de sua tarefa.
Ao longo da jornada de trabalho, algumas intercorrências, previsíveis ou não,
podem ocorrer, levando a equipe de trabalho a desempenhar atividades que não
estavam no rol de tarefas a serem desenvolvidas. Ou seja, o trabalho prescrito vai
se distanciando do trabalho real, sobrecarregando os trabalhadores pelas múltiplas
tarefas a serem realizadas.
Quanto mais diferentes forem os dois trabalhos (o prescrito e o real), mais
vulneráveis ficam os trabalhadores para desenvolver doenças, tanto físicas quanto
psíquicas. Tal situação é comumente observada quando numa equipe de trabalho
temos um ou mais funcionários afastados (seja por doença, licença, férias, entre
outras situações) e não há reposição de pessoal; sendo assim, para que não haja
declínio na produtividade, os trabalhadores que permanecerem deverão trabalhar
mais caracterizando uma sobrecarga de trabalho.
A sobrecarga de tarefas incide de forma negativa na saúde do trabalhador,
podendo levá-lo a desenvolver problemas, tanto de ordem psíquica quanto
31
fisiológica, além de atingir seus princípios, como no caso do assédio moral, por
exemplo.
No passado, a organização do trabalho ficava centrada na produção e, por
conseguinte, no lucro; haja vista as propostas implementadas por Taylor, Ford, entre
outros que visavam apenas o lucro. Estes empresários incentivavam seus
trabalhadores a aumentar a produtividade oferecendo aumento de salários e
prêmios, entre outros benefícios, sem se preocupar com a saúde do trabalhador
nem nas condições de trabalho.
No caso da enfermagem, os benefícios geralmente são dados através de
folgas ou valores correspondentes ao dia de plantão. Muitas vezes, o profissional em
questão é solicitado para dobrar o plantão, ou seja, permanecer no local de trabalho
por mais 12 horas (período que corresponde a um plantão) e ser beneficiado com
um tempo maior de folga, ou por um soldo a mais no salário. Em contrapartida, irá
se expor aos riscos oriundos do trabalho.
No decorrer da jornada laboral, o organismo do profissional está sujeito a
apresentar alterações que podem comprometer a sua saúde e o seu rendimento,
tais como: modificações fisiológicas, intensificação no movimento, declínio na
qualidade e velocidade do rendimento, modificação no controle e coordenação
motora, entre outras (MAURO et al., 2004). Movimentos mais lentos e imprecisos,
queda no rendimento e produtividade, exaustão física e mental, são alguns dos
sinais apresentados por trabalhadores sobrecarregados.
Mendes (2005) relata que, com o passar dos anos, a visão do trabalho com
organização adequada, centrava-se no trabalho executado, na saúde do trabalhador
e na satisfação no trabalho desenvolvido. O trabalhador doente pode significar um
32
futuro afastamento e, consequentemente, uma sobrecarga de trabalho para os
trabalhadores que permanecem em atividade.
Nesta perspectiva, para discutir as funções psicofisiológicas dos profissionais
de enfermagem do centro cirúrgico, faz-se necessário conhecer tanto organização
como as condições de trabalho, entendendo que ambas exercem influências
significativas nas funções psicofisiológicas do trabalhador.
2.4 Condições de Trabalho
A condição de trabalho engloba não apenas o espaço físico, onde o
trabalhador está inserido para realizar suas práticas laborais, mas também tudo
aquilo que influencia o seu trabalho.
De acordo com Wisner (1987), a condição de trabalho abrange o posto de
trabalho, seu ambiente especificamente e as relações entre salário e produção. O
autor ainda relata que duração da jornada de trabalho, horários de trabalho,
repouso, refeitório, alojamento nos locais de trabalho, serviço médico e modalidades
de transporte, são fatores que devem ser considerados na avaliação das condições
de trabalho.
Quanto ao posto de trabalho propriamente dito, Fischer e Paraguay (1991)
apresentam como fatores de avaliação do posto de trabalho: frio, iluminação,
ventilação, espaço de trabalho, poluição ambiental, risco de acidentes, poeiras e
calor, entre outros.
A condição do trabalho tem íntima relação com o espaço físico, onde o
trabalhador está inserido, ao seu arranjo arquitetônico, respeitando seu corpo,
livrando o trabalhador dos riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos,
proporcionando-lhe um ambiente saudável.
33
De acordo com Dejours (1992), o arranjo ambiental é de vital importância para
a manutenção da saúde do trabalhador. Sendo assim, alguns aspectos devem ser
levados em consideração, tais como os físicos (temperatura, pressão, irradiação), o
ambiente químico (gases, vapores) e biológico (vírus, bactérias), e as condições de
higiene e segurança.
Os profissionais que atuam no centro cirúrgico convivem com muitos dos
aspectos apresentados por Dejours (1992). A temperatura baixa no setor é
imprescindível para a realização de cirurgias; contudo, pode fazer com que o
profissional desenvolva uma hipotermia e vasoconstrição, dentre outros problemas.
A irradiação proveniente dos aparelhos de raio X pode comprometer a fertilidade e
favorecer a ocorrência de abortos, entre outros prejuízos à saúde do trabalhador.
O contato com gases anestésicos, fármaco presente nos procedimentos
cirúrgicos, ao longo do tempo, pode provocar muitos malefícios à saúde, dentre os
quais cefaléia, fadiga, irritabilidade, abortos espontâneos, doenças hepáticas, renais,
anomalias congênitas na prole dos trabalhadores, diminuição de fertilidade,
cânceres e outras patologias.
A equipe de enfermagem atuante em centro cirúrgico convive constantemente
com essas condições de trabalho. Seus integrantes realizam um trabalho contínuo,
desgastante, exaustivo, executado a partir de uma relação interpessoal com seu
cliente. Todavia, o trabalho desenvolvido pode despertar alegria, satisfação e prazer,
fatores importantes para a permanência na profissão (MARTINS; ZEITOUNE, 2007).
Na atividade realizada em centro cirúrgico, uma vez que o trabalhador
permanece nele pelo menos por 8 horas, quando não por 12 horas, a preocupação
com as condições de trabalho deve levar em consideração tanto o momento em que
o trabalhador está realizando suas práticas laborativas, como o seu descanso,
34
proporcionando-lhe, assim, um ambiente seguro, reduzindo a possibilidade de
desenvolver doenças de origem ocupacional.
No período em que o referido profissional se encontra no seu local de
trabalho, é comum vê-lo assumindo posturas e posições que por si já são suficientes
para deixar qualquer trabalhador vulnerável a doenças osteomusculares. A posição
ortostática é adotada na maior parte da jornada de trabalho para prestar cuidados ao
paciente, tais como: puncionar acessos, aferir sinais vitais, realizar a higiene e fazer
curativos, atividades estas que podem contribuir para o desenvolvimento de
problemas de saúde.
As condições de trabalho podem levar os profissionais de enfermagem a
serem vítimas de problemas de saúde, apresentando dores lombares e em
membros inferiores, estresse, alteração de humor, transtorno de sono, varizes e
problemas oculares, dentre outros. A posição ortostática utilizada na maior parte da
jornada de trabalho, o mobiliário inadequado, os movimentos repetitivos e outras
posturas que ferem a Ergonomia (MAURO; VEIGA, 2008) também são fatores que
prejudicam a saúde do trabalhador.
A realização de movimentos repetitivos é um fator muito importante quando
avaliamos a ocorrência das doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho
(DORT). Os movimentos repetitivos dos profissionais de enfermagem podem ser
facilmente observados, por exemplo, durante o preenchimento de impressos
(prontuários, livros de ordem e ocorrência, rótulos, entre outros), na aferição de
pressão arterial (inflar o manguito acoplado à pêra), ao puxar e empurrar maca, ao
transportar o paciente, ao sustentar e ao transportar maletas de ferramentas
utilizadas em centro cirúrgico.
35
A enfermagem é uma profissão predominantemente feminina; vale ressaltar
que sua força muscular é bem inferior à masculina. Dessa forma, a realização
dessas atividades pelas mulheres tende a ser muito prejudicial à sua saúde,
deixando-as mais propensas a desenvolverem patologias de ordem osteomuscular.
O ambiente de trabalho também tem a sua parcela de contribuição para a
ocorrência desses agravos. Condições de trabalho inadequadas podem deixar o
profissional vulnerável a vários problemas de saúde de ordem fisiológica e/ou
psicológica. A princípio, expõe o trabalhador a risco, mas, com o passar do tempo,
pode causar acidentes, dando origem a doenças de cunho ocupacional. Neste caso,
o trabalho passa a ser patológico.
No ambiente hospitalar, vários fatores ergonômicos estão relacionados com
problemas ambientais e organizacionais que podem contribuir para que os
profissionais de enfermagem desenvolvam lesões osteomusculares. Recursos
tecnológicos inadequados, mobiliário impróprio, falta de equipamentos específicos
para movimentar pacientes, escassez de recursos humanos e falta de reciclagem
profissional são exemplos dos problemas vivenciados pelos referidos trabalhadores
(LEITE; SILVA; MERIGHI, 2007).
Sendo assim, um ambiente com condições de trabalho adequadas deve
oferecer recurso pessoal e material suficiente, mobiliário e espaço apropriado às
características antropométricas dos trabalhadores e atender às normas de
biossegurança, entre outros requisitos.
36
2.5 Considerações sobre a Saúde do Trabalhador
O fim do feudalismo e o advento do capitalismo foram momentos históricos
marcados pelo deslocamento de grande massa de trabalhadores do campo para a
cidade, em busca de oportunidades de emprego.
Nessa ocasião, o comércio adquire importância vital por ser uma das
principais portas de entrada para o mercado de trabalho. Na época, a preocupação
com a saúde dos trabalhadores não era uma questão relevante para os
trabalhadores e muito menos para os empregadores, cuja principal meta era atender
as necessidades do mercado. Sendo assim, o trabalho em turno e noturno se
expande de maneira notável.
Do final do século XIX até quase metade do século seguinte, a patologia do
trabalho concentrou-se nos casos de doenças ocupacionais, seja por sua gravidade
real ou pelas necessidades dos sistemas de seguro (MENDES, 2005). Em torno de
1930, segundo o mesmo autor, nota-se um deslocamento do olhar clínico para um
olhar epidemiológico, voltado para a observação do comportamento de morbidade e
mortalidade dos trabalhadores, enquanto classes, categorias profissionais, não mais
pautadas na observação caso a caso.
A mudança ressaltada por Mendes (2005) é baseada em quatro forças. A
primeira é caracterizada pelo ingresso de pesquisadores externos com a finalidade
de conhecer o cotidiano dos trabalhadores e, a partir dos dados levantados,
identificar a causa do adoecimento e morte dos trabalhadores.
A segunda força origina-se a partir do instrumental de abordagem. À medida
que algumas patologias mais dramáticas desaparecem, técnicas mais apuradas
precisam ser implementadas. Dessa forma, a saúde passa a ser acompanhada com
base em dados epidemiológicos.
37
A terceira força é de natureza demográfica. A partir do aumento da
expectativa de vida, algumas patologias passam a ser detectadas ao longo dos
anos; ou seja, uma doença profissional como, por exemplo, um câncer ocupacional,
só poderia ser detectada quando o trabalhador estivesse aposentado.
A quarta força fundamenta-se no critério utilizado para definir o dano à saúde.
Neste caso, é ressaltado que uma investigação depende não apenas de uma base
científica, mas de outros dados que deverão ser considerados, como a cultura de um
país, a região, a política e a dinâmica de forças dos diferentes autores sociais
envolvidos.
Assim, a saúde do trabalhador teve uma trajetória histórica que perpassou
pela medicina do trabalho e pela saúde ocupacional, chegando à proposta da saúde
do trabalhador, que tem como meta a realização de uma atividade livre de
adoecimento ou morte, em decorrência do trabalho desenvolvido (MENDES, 2005).
A estratégia foi reunir filósofos, teólogos, cientistas sociais, políticos,
planejadores, engenheiros, profissionais de saúde, entre outras categorias, em prol
da transformação progressiva da organização do trabalho, das condições de
trabalho, dos processos de trabalho e meio ambiente a fim de resgatar o sentido
maior do trabalho, ou seja, trabalho sem sofrimento, doença, dor ou morte.
Na transformação surgiu um novo paradigma para a saúde do trabalhador,
em que se resgata a proposta de promoção à saúde. Neste sentido, tem-se a
Declaração de Alma Ata (OPAS, 1978) que levanta a importância da promoção à
saúde no seu sentido global, ou seja, bem estar físico, mental e social, promovendo
a saúde antes que a doença se instale. Nesse documento foi proposto que
governos, profissionais de saúde, membros de organizações internacionais
trabalhassem em prol da saúde.
38
Na Carta de Ottawa, documento formulado a partir da primeira Conferência
Internacional de Saúde (OPAS, 1986), as propostas presentes na Declaração de
Alma Ata foram reiteradas. Esta declaração enfatiza que a promoção à saúde é de
responsabilidade dos profissionais da área, governo, organizações e da população.
E, além disso, o cuidado com o ambiente deve fazer parte da promoção à saúde.
Os requisitos para uma vida saudável ultrapassam os limites do corpo.
Incluem, também, o bem-estar físico, a habitação, a educação, a renda, o
ecossistema saudável, os recursos sustentáveis, a justiça social e a equidade.
A referida Carta de Otawa (OPAS, 1986) ilustra que a promoção à saúde
deve estar inserida no contexto do trabalho, proporcionando condições de vida
segura, estimulante e satisfatória para o trabalhador.
Por fim, a Carta de Ottawa tem como objetivo a construção de políticas
públicas saudáveis, a criação de ambientes favoráveis à saúde, o desenvolvimento
de habilidades, o reforço da ação comunitária e a reorientação dos serviços de
saúde. Estes documentos foram de grande valia para a conduta dos profissionais no
que se refere à promoção da saúde.
Recentemente no Brasil, os trabalhadores de saúde receberam o amparo de
uma Norma Regulamentadora (NR) voltada para a saúde e segurança do trabalho
dos mesmos. A NR 32 tem como objetivo implementar medidas visando a proteção,
a segurança e a saúde dos trabalhadores que atuam em serviços de saúde. Estes
serviços contemplam qualquer edificação que tenha como finalidade prestar
assistência à saúde da população (BRASIL, 2005).
Sendo assim, a criação e manutenção de um ambiente saudável que não
comprometa a saúde do trabalhador, a partir de uma organização e de condições de
39
trabalho adequadas, é uma missão cuja responsabilidade é tanto do governo,
quanto do empregado e do empregador.
40
CAPITULO III
METODOLOGIA
3.1 Tipo de Estudo
Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem
quantitativa. De acordo com Triviños (1987), o estudo de natureza descritiva tem
como foco principal o desejo de conhecer uma comunidade e seus traços
característicos, onde o pesquisador deve levantar a priori uma série de informações
sobre o assunto que deseja pesquisar.
A finalidade deste estudo foi descrever com a possível exatidão os fatos e
fenômenos de uma determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987), qual sejam, o trabalho
da equipe de enfermagem em um centro cirúrgico e as funções psicofisiológicas dos
trabalhadores.
A investigação exploratória favoreceu ao pesquisador a possibilidade de
ampliar sua experiência sobre o assunto.
3.2 Cenário do Estudo
O estudo teve como cenário um centro cirúrgico de um Hospital Universitário
(HU) localizado na cidade do Rio de Janeiro. A escolha teve como critério as
características do centro cirúrgico, como a grande demanda de cirurgias, muitas
salas de cirurgia e uma equipe de enfermagem composta por enfermeiros, técnicos
e auxiliares de enfermagem.
O centro cirúrgico, instalado no 12º andar do hospital, possuía 21 salas de
operação, sendo que apenas 15 estavam em operação e 6 desativadas. O HU
desenvolvia cirurgias de esôfago, estômago, pâncreas, vias biliares, fígado, baço,
41
cirurgia endócrina, entre outras, estando em fase de implantação a cirurgia
bariátrica, conforme divulgado no portal da internet do hospital
3.3 Amostra do Estudo
A amostra do estudo foram os trabalhadores da equipe de enfermagem -
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem - que atuavam no centro cirúrgico
do hospital escolhido como cenário de investigação.
Durante a coleta de dados, 18 trabalhadores encontravam-se afastados por
férias, licença maternidade, doença, dentre outros motivos; sendo assim, a
população de trabalhadores do estudo era de 85 profissionais. Assim sendo, 50
fizeram parte da pesquisa, equivalendo a aproximadamente 60% da população.
Foram utilizados como critérios de inclusão da amostra desta investigação serem
trabalhadores de enfermagem, inseridos no centro cirúrgico, que aceitassem
participar voluntariamente da pesquisa mediante assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A), independente do horário de
trabalho (diarista, plantonista diurno ou noturno) do tempo de atuação no setor, da
formação e de ser funcionário público ou terceirizado.
Na tabela 1, a seguir, estão apresentados os dados sociodemográficos da
amostra do estudo.
42
Tabela 1 – Aspectos sociodemográficos dos sujeitos do estudo (n = 50) Ocupação
Variáveis
Enfermeiro Técnico de Enfermagem
Auxiliar de Enfermagem
Sexo • Feminino • Masculino
4 1
33 2
8 2
Idade • 27 a 35 anos • 36 a 45 anos • 46 a 55 anos • 56 a 65 anos
0 0 4 1
10 8
12 5
2 3 4 1
Estado conjugal • Solteiro • Casado • Separado • Viúvo • Outro
2 2 1 0 0
10 17 4 2 2
2 5 1 0 2
Vínculo com o hospital • RJU5 • Terceirizado
5 0
19 16
9 1
Turno • Diurno • Noturno
4 1
30 05
8
02 Escala de trabalho
• 12 X 36 • 12 X 60 • Outro
0 5 0
15 16 4
3 4 3
Tempo de formação • Até 10 anos • 11 a 20 anos • 21 a 30 anos • a partir de 30 anos
0 1 4 0
14 5
13 3
4 2 2 2
Tempo de atuação no CC • até 10 anos • 11 a 20 anos • 21 a 30 anos • a partir de 20 anos
1 1 3 0
19 6 9 2
7 1 1 0
Outro emprego • Sim • Não
2 3
16 19
4 6
Setor de atuação no outro emprego • Centro cirúrgico • Pediatria • Cardio intensiva • Hemodiálise • Maternidade • Emergência • Vigilância Sanitária • Clínica médica • Esterilização
0 1 1 0 0 0 0 0 0
9 0 0 1 1 3 0 1 0
0 0 0 0 0 0 1 1 2
Atividade durante a folga • Assistir Televisão • Acessar Internet • Praticar Esporte • Atividade Religiosa • Ler Jornal • Outra
4 3 0 2 2 2
21 18 3
15 11 18
4 3 1 4 5 7
5 Regime Jurídico Único
43
A Tabela 1 mostra a distribuição dos trabalhadores de enfermagem
enfocando os aspectos sociodemográficos. Os enfermeiros, em sua maioria, eram
funcionários públicos, trabalhavam no turno diurno, em escala de 12 horas
trabalhadas para 60 horas de descanso, tinham entre 21 e 30 anos de experiência
na enfermagem e igual tempo no centro cirúrgico e não acumulavam outro vínculo
empregatício.
Os técnicos de enfermagem, em sua maioria, eram funcionários públicos do
hospital, trabalhadores diurnos, em escala de 12 horas trabalhadas para 60 de
descanso, com até 10 anos de formação, e igual período de experiência em centro
cirúrgico, sem outro vínculo empregatício, em idêntico setor.
Os auxiliares de enfermagem eram, em sua maioria, também funcionários
públicos, trabalhadores diurnos, em escala de 12 horas trabalhadas para 60 horas
de descanso, até 10 anos de formação, mesmo período de experiência em centro
cirúrgico, atuavam apenas no hospital cenário deste estudo.
3.4 Instrumento de Coleta de Dados
O instrumento de coleta de dados foi um formulário abrangendo questões que
caracterizavam a clientela bem como a percepção dos trabalhadores em relação à
organização e condições de trabalho e suas funções psicofisiológicas (Apêndice B).
Os sujeitos de pesquisa graduaram as condições e organização do trabalho
como: nunca, às vezes, frequentemente e sempre, obtendo-se o nível de exposição
aos agentes que compõem a condição e a organização de trabalho, desde a
ausência total (nunca) até a presença constante (sempre), passando pelos conceitos
(às vezes e frequentemente) que classificaram, respectivamente, a ausência ou
presença da exposição de forma irregular.
44
3.5 Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada no próprio hospital, após a autorização do
mesmo, mediante a aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa de (CEP) sob
protocolo nº 002/09 (Anexo), nas dependências do centro cirúrgico, durante o
plantão do sujeito da pesquisa, de forma que não interferisse na sua rotina de
trabalho. Entendeu-se que o trabalhador pôde, com mais segurança ou veracidade,
apontar na sua percepção as funções psicofisiológicas e demais questões
investigadas, uma vez que estavam vivenciando o dia de trabalho.
Antes de realizar a coleta de dados, efetuou-se contato com a enfermeira que
coordenava as atividades de enfermagem realizadas no centro cirúrgico com a
finalidade de apresentar a pesquisa, ressaltando os benefícios que esta poderia
trazer para a saúde do trabalhador, para a formação do enfermeiro e para a melhora
da organização e condições de trabalho. A partir daí, estabeleceu-se horários para
a realização da coleta dados, visando preservar a rotina de trabalho no setor.
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi entregue aos
trabalhadores pela própria pesquisadora. Após a concordância do sujeito com a
assinatura do referido termo, iniciou-se a coleta de dados com o preenchimento do
formulário.
3.6 Análise dos Dados
O tratamento dos dados foi realizado com distribuição de frequência absoluta
e percentual. A partir dos percentuais de cada resposta que englobou a organização
e as condições de trabalho e as funções psicofisiológica dos trabalhadores, os
dados foram analisados e discutidos, fundamentados na base teórica eleita no
presente estudo e outros estudos que também balizaram a referida discussão.
45
3.7 Aspectos Éticos
A pesquisa atendeu aos pilares dos princípios básicos da bioética presentes
na Resolução 196/96 CNS/MS (BRASIL, 1996), que são pautados na autonomia,
beneficência, não maleficência e justiça.
A autonomia foi garantida a partir da apresentação do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, onde foram apresentados aos sujeitos do estudo
os objetivos da presente investigação, bem como seus benefícios, esclarecendo que
a participação na pesquisa não acarretaria nenhum risco (beneficência e não
maleficência), que a participação era voluntária e que não haveria custos nem
remuneração para os mesmos.
Quando da entrega do TCLE, foi ressaltado que caso não quisessem
participar, não seriam injustiçados quanto à sua avaliação no trabalho (justiça). A
assinatura do TCLE deu-se nas duas vias do documento: uma, que ficou com o
pesquisador para fins de divulgação dos dados da pesquisa, e outra com o sujeito,
para que o mesmo pudesse acompanhar o andamento da pesquisa.
A autora do presente estudo comprometeu-se a encaminhar uma cópia do
relatório final do estudo à chefia do centro cirúrgico do Hospital Universitário para
conhecimento e divulgação. Ressalta-se que, além deste relatório, os resultados do
estudo também serão divulgados sob a forma de artigos a serem veiculados em
periódicos específicos.
O anonimato dos sujeitos foi garantido; o do hospital ficou vinculado ao
consentimento do mesmo por meio de carta de autorização, encaminhada à
instituição, permitindo a realização da pesquisa em suas dependências. Foi
autorizada a pesquisa, contudo sem mencionar o nome do hospital.
46
CAPÍTULO IV
ANÁLISE DOS DADOS
Neste capítulo consta a análise e discussão dos resultados do estudo a partir
dos objetivos, estando assim estruturado:
4.1 - Organização do Trabalho de Enfermagem no Centro Cirúrgico;
4.2 - Condições de Trabalho de Enfermagem no Centro Cirúrgico; e
4.3 - Alterações Psicofisiológicas dos Trabalhadores de Enfermagem do
Centro Cirúrgico.
4.1 Organização do Trabalho de Enfermagem no Centro Cirúrgico
Quanto à organização de trabalho, esta enfoca como o trabalho deve ser
distribuído e de que forma deve ser executado. Os elementos que compõem essa
organização englobam como as tarefas serão divididas, seu conteúdo, o sistema
hierárquico, as modalidades de comando, enfim, a execução do trabalho de uma
maneira que atenda às necessidades do empregado e do empregador (DEJOURS,
1992). A Tabela 2, a seguir, mostra a distribuição das respostas dos sujeitos do
estudo a esse respeito.
47
Tabela 2 – Distribuição das respostas dos sujeitos de estudo conforme a Organização de Trabalho (n=50)
Variáveis Nunca Às vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %
Satisfação com o trabalho realizado 1 2 10 20 18 36 21 42 Remuneração adequada 15 30 15 30 13 26 7 14 Trabalho Monótono 31 62 17 34 2 4 0 0 Responsabilidade excessiva 13 26 19 38 6 12 12 24 Pressão de chefia por produtividade 27 54 20 40 2 4 1 2 Ritmo de trabalho intenso 2 4 21 42 11 22 16 32 Pausas durante o trabalho 0 0 28 56 15 30 7 14 Jornada de trabalho longa 11 22 17 34 14 28 8 16 Divisão de tarefas adequada 2 4 21 42 13 26 14 28 Conteúdo da tarefa adequado 0 0 16 32 17 34 17 34 Sistema hierárquico adequado 1 2 15 30 17 34 17 34 Modalidade de comando adequada 1 2 18 36 22 44 9 18 Tempo suficiente para realização das tarefas
0
0
12
24
16
32
22
44
Treinamento para realização de tarefas 7 14 20 40 11 22 12 24 Comunicação entre as atividades, ações e operações são adequadas
0
0
18
36
19
38
13
26
Sistema de comunicação interna eficiente 2 4 15 30 14 28 19 38 Esforço físico intenso 3 6 26 52 11 22 10 20 Ritmo de trabalho adequado 1 2 14 28 22 44 13 26 Bom relacionamento com os colegas de trabalho
1
2
4
8
12
24
33
66
Bom relacionamento com a chefia direta 0 0 2 4 21 42 27 54 Realização de horas extras 26 52 23 46 0 0 1 2
Quanto à organização, os resultados da Tabela 2 mostram que os
profissionais de enfermagem estão satisfeitos com o trabalho realizado. Não foi
considerado monótono, não receberam pressão da chefia quanto à produtividade e
frequentemente realizavam pausas. As posturas e posição corporais, a divisão e o
conteúdo da tarefa, o sistema hierárquico, a modalidade de comando, o tempo para
realização das tarefas, o espaço físico e o sistema de comunicação foram
considerados adequados.
A remuneração, o treinamento para realização de tarefas, a responsabilidade
excessiva, o esforço físico e a longa jornada de trabalho foram considerados
elementos críticos quanto à organização de trabalho, na opinião dos sujeitos.
Batista et al. (2005), ao discorrerem sobre os fatores de motivação e insatisfação do
profissional de enfermagem, referiram que a remuneração financeira figura entre os
48
principais fatores de insatisfação no trabalho, já que uma remuneração financeira
satisfatória, poderá garantir melhores condições de sobrevivência e moradia,
impulsionando o trabalhador a realizar objetivos pessoais e buscar a felicidade até
mesmo no plano profissional.
Sendo assim, se a remuneração for considerada insuficiente, pode acarretar
frustrações ou então levar o trabalhador a procurar um segundo vínculo
empregatício para complementá-la. Com isso, ele pode vir a desenvolver patologias
de ordem física e psicológica, uma vez que acumulará um volume maior de trabalho
a fim de garantir uma remuneração que lhe permita honrar seu sustento e o de seus
dependentes e também seus compromissos financeiros.
Magnago et al. (2007) ressaltaram, na organização de trabalho, os fatores
ambientais e as sobrecargas de segmentos como elementos relevantes que podem
afetar a saúde do trabalhador de enfermagem, levando-o a desenvolver patologias
de ordem musculoesquelética desencadeando, dessa forma, um problema para o
empregador que terá déficit pessoal, bem como para os demais funcionários do
setor, por conta do aumento do volume de trabalho.
O ritmo de trabalho intenso é outro fator citado por muitos autores como um
elemento crítico no ambiente de trabalho que pode levar o indivíduo inserido nesse
meio a desenvolver problemas de saúde. Este dado foi confirmando na presente
pesquisa; contudo, não de maneira significativa. De acordo com a Tabela 2, 42%
avaliaram o ritmo de trabalho como às vezes intenso, 32% sempre, 22%
frequentemente e 4% nunca.
O centro cirúrgico é um setor onde o paciente permanece por um período
curto; porém, as atividades que nele são desenvolvidas revestem-se de
complexidade, tendo como objetivo curar ou pelo menos proporcionar uma melhora
49
(cirurgias paliativas) no quadro de saúde do paciente. Sendo assim, os profissionais
que atuam neste setor são muito requisitados e detém uma grande carga de
responsabilidade. Nesta pesquisa, 38% consideraram às vezes possuir
responsabilidade excessiva, 26% nunca, 24% sempre e 12% frequentemente.
De acordo com Osório (2006), as responsabilidades conferidas a este
profissional fazem com que ele desenvolva suas atividades num ritmo frenético,
muitas vezes atuando numa função que não é exatamente a de sua
responsabilidade, com isso ficando estressado, ansioso, angustiado, ou seja,
vulnerável a desenvolver várias patologias.
Contudo, o ritmo frenético comumente visto no setor de estudo não foi um
fator impeditivo para o trabalhador sentir-se realizado com a atividade desenvolvida.
Mesmo com todos os problemas oriundos da intensidade do trabalho, os sujeitos do
estudo mostraram-se realizados.
A satisfação no trabalho proporciona uma sensação de bem-estar proveniente
do reconhecimento profissional. Esse fator é de grande relevância para que o
trabalhador mantenha a qualidade na atividade desenvolvida, uma vez que ele
recebe um feedback positivo. Neste estudo, 42% responderam estar sempre
satisfeitos com o trabalho realizado, 36% frequentemente, 20% às vezes e 2%
nunca.
Com relação à satisfação no trabalho, Del Cura e Rodrigues (1999) colocam
ser esta mais facilmente expressada em fatores intrínsecos (que englobam
reconhecimento, responsabilidade e autonomia) do que nos fatores extrínsecos
(nível salarial, qualidade da supervisão, condições de trabalho, jornada de trabalho
entre outros).
50
Os fatores extrínsecos muitas vezes foram tidos como pontos críticos do
trabalho no presente estudo. O trabalho em sistema de turnos, por exemplo,
favorece a ocorrência de alterações do sono, distúrbios gastrintestinais, declínio de
desempenho físico, distúrbios mentais, neurológicos, psiquiátricos, entre outras
intercorrências (COSTA; MORITA; MARTINEZ, 2000).
O trabalhador inserido no sistema de turno frequentemente modifica sua
rotina em prol da atividade a ser desenvolvida. Haja vista os trabalhadores noturnos
que alteram a programação biológica e permanecem acordados e trabalhando,
quando o corpo humano está programado para ficar em repouso.
Conforme visto no referencial teórico, muitos sistemas fisiológicos
apresentam declínio da sua atividade no período noturno, como, por exemplo, as
capacidades respiratória, renal e cardiovascular (AIRES, 1999). O trabalho realizado
no momento de declínio da atividade desses sistemas vai gradativamente
comprometendo a saúde do trabalhador, favorecendo a ocorrência de patologias
relacionadas ao trabalho, tanto psíquicas como fisiológicas.
O sistema de trabalho em turnos também compromete as atividades no
período de descanso. As folgas entre um plantão e outro podem ser em horários
incompatíveis para honrar compromissos com amigos, praticar atividade física,
participar de eventos religiosos, entre outros. Sendo assim, o trabalhador pode não
ter tido tempo suficiente para descansar a ponto de deixá-lo preparado para
enfrentar uma nova jornada de trabalho.
No caso do trabalhador que tem mais de um vínculo empregatício, o tempo
de descanso é menor e a sobrecarga de trabalho é maior. A dupla jornada é uma
característica muito comum entre os trabalhadores da enfermagem; dessa forma, é
possível observar com mais frequência o desgaste nesta categoria.
51
No estudo em análise, 34% consideraram a jornada de trabalho às vezes longa,
28% frequentemente, 22% nunca e 16% sempre (Tabela 2).
Esse quesito é de grande relevância para avaliarmos a saúde do trabalhador.
Os agravos gerados pelo tempo dispensado durante o trabalho da equipe de
enfermagem favorecem a ocorrência de vários problemas de saúde, além de
comprometer a assistência prestada à clientela, uma vez que o profissional
encontra-se submetido a uma rotina de trabalho exaustiva, favorecendo uma
assistência fragmentada, acúmulo de serviços, conflitos na passagem de plantão,
atrasos, sobretudo entre aqueles profissionais que saem de uma instituição para
outra. Esse quadro leva o trabalhador à vulnerabilidade física por esgotamento,
apatia, cansaço, estresse, insatisfação, entre outros problemas (SILVA, 2006).
A realização de horas extras — 52% responderam nunca realizar, 46% às
vezes e 2% sempre (Tabela 2) — é uma prática pouco adotada pelos sujeitos do
presente estudo, uma vez que boa parte deles possui mais de um vínculo
empregatício, não havendo tempo suficiente para que se comprometam a realizar
horas extras, tanto assim que 46% a responderem que às vezes realizam horas
extras, ou seja, esporadicamente, o que foi considerado relevante para prejudicar
suas funções psicofisiológicas.
Para minimizar o impacto dos riscos oriundos da jornada, os trabalhadores
têm como alternativa a realização de pausas durante o período em que se
encontram em atividade. A Tabela 2 mostra que 56% responderam às vezes
fazerem pausas durante o trabalho, 30% frequentemente e 14% sempre.
Nesta perspectiva, 56% dos entrevistados responderam que às vezes
realizam pausas durante o trabalho (Tabela 2). Este hábito é de grande valia para a
manutenção da saúde dos trabalhadores, uma vez que a atividade desenvolvida por
52
este profissional envolve um esforço físico, sendo uma forma de minimizar os efeitos
do trabalho e, consequentemente, comprometer menos a própria saúde.
As pausas durante a jornada de trabalho podem ser interpretadas como
estratégias defensivas para amenizar o sofrimento, o desgaste oriundo do trabalho,
tornando-o mais exequível (DEJOURS, 1992). Esse mecanismo é uma alternativa
para a manutenção da saúde do trabalhador.
Neste breve período de pausa, o trabalhador pode fazer uma higiene mental,
distanciando-se do(s) elemento(s) que agride(m), gera(m) sofrimento, ansiedade e
muitas vezes interfere(m) na atividade a ser desenvolvida. Para o empregador,
sobretudo para aqueles que adotam a filosofia taylorista, esta pausa pode ser
interpretada como vadiagem por comprometer a produtividade do trabalhador.
Quanto ao tempo dedicado à realização das tarefas, este foi considerado
adequado. De acordo com a Tabela 2, 44% responderam sempre ter tempo para
realizar suas tarefas, 32% frequentemente e 24% às vezes. Neste caso, o
trabalhador tem liberdade de planejar as atividades a serem desenvolvidas. Uma
vez realizadas, não há necessidade da chefia ficar exigindo de seus trabalhadores a
produtividade.
Quanto ao relacionamento dos funcionários com a chefia direta 54%
responderam ter bom relacionamento com a chefia direta, 42% frequentemente e
4% às vezes. Sendo assim, 96% avaliaram o relacionamento com a chefia como
frequentemente ou sempre bom, contribuindo para a não ocorrência de casos de
assédio moral.6
6 Humilhação no trabalho ou terror psicológico que ocorre quando se estabelece uma hierarquia autoritária, colocando o subordinado em situações humilhantes. O assédio moral, magoa o trabalhador gerando uma sensação de impotência, comprometendo sua saúde física e mental, podendo levar à incapacidade e, por vezes, até ao suicídio - Projeto de Lei nº 4.326 (BRASIL, 2004).
53
O bom relacionamento com os colegas de trabalho permite que se
estabeleçam redes sociais onde os trabalhadores possam ter apoio mútuo, dividindo
tarefas, alegrias, sofrimentos, ajudando a suportar as emoções vivenciadas na
jornada de trabalho. Neste estudo, 66% responderam ter bom relacionamento com
os colegas de trabalho, 24% frequentemente, 8% às vezes e 2% nunca.
A partir do bom relacionamento entre os colegas de trabalho, a divisão de
tarefas tende a ficar mais humanizada. Caso um trabalhador não esteja se sentindo
bem, os demais tendem a solucionar o problema poupando aquele que não esteja
apto para trabalhar. Essa atitude é construída a partir de um bom relacionamento
entre colegas de trabalho, relatado por 90% dos sujeitos entrevistados.
Outro benefício que pode ser resgatado desse bom relacionamento é a
divisão de tarefas. A Tabela 2 mostrou que 42% consideraram a divisão de tarefas
as vezes adequadas, 28% sempre, 26% frequentemente e 4% nunca. Neste caso,
podemos ver que o estado físico e emocional do trabalhador é levado em
consideração na divisão das tarefas a serem desenvolvidas no decorrer da jornada.
De uma forma geral, esta foi considerada adequada para 54% dos entrevistados. O
equilíbrio na divisão de trabalho colabora para que o trabalhador não se sinta
sobrecarregado.
O conteúdo da tarefa mostra as atividades que devem ser desenvolvidas pelo
profissional ao longo da jornada de trabalho. Neste estudo 34% avaliaram o
conteúdo da tarefa como sempre adequado, outros 34% frequentemente e 32% as
vezes. Dessa forma, o trabalhador necessita realizar tarefas que não estavam
determinadas previamente, ou seja, as tarefas prescritas distanciam-se das reais. E
quanto mais uma tarefa divergir da outra, mais o trabalhador ficará vulnerável a
desenvolver problemas de saúde, sobretudo os de ordem psíquica (OSÓRIO, 2006).
54
O recurso humano insuficiente resulta em que o trabalhador assuma a tarefa
do outro, podendo ser de um colega de trabalho que desenvolva as mesmas
atividades ou não. Quando falta um profissional de enfermagem, aqueles que estão
presentes terão um volume maior de tarefas dentro da sua área. Contudo, se a falta
for de outro profissional como, por exemplo, o maqueiro (pessoa responsável por
transportar o paciente de maca da enfermaria / quarto até o centro cirúrgico), haverá
uma grande possibilidade do profissional de enfermagem acumular os serviços do
ausente.
No caso de cirurgias suspensas, em geral é o profissional de enfermagem
que entra em contato com os familiares para esclarecer o que ocorreu, aumentando,
com isso, a sua carga de responsabilidades. Tarefas como estas poderiam ser
executadas por outros profissionais, como o assistente social, por exemplo.
No cotidiano da enfermagem, pode-se observar que esta categoria tende a
acumular as atividades prescritas como solução dos imprevistos que ocorrem na
jornada de trabalho. No centro cirúrgico, por exemplo, muitas vezes o profissional de
enfermagem necessita solucionar problemas que não são exatamente de sua
responsabilidade, aumentando a própria carga de trabalho e o desgaste físico e
emocional das pessoas envolvidas, como foi dito anteriormente.
As atividades reais, com o passar do tempo, vão se agregando às atividades
prescritas, aumentando gradativamente a responsabilidade dos trabalhadores. Caso
esse crescimento ocorra de maneira desordenada, sem que o trabalhador venha
sendo preparado para tal, pode fazer com que se sinta incapacitado para realizar as
tarefas que lhe são conferidas.
A responsabilidade excessiva leva o profissional a estar constantemente
pensando sobre as atividades a serem desenvolvidas, até mesmo no seu período de
55
descanso. Uma alternativa para minimizar esta sobrecarga é dividir a
responsabilidade entre os demais profissionais do setor, oferecer treinamento para
que mais pessoas possam atuar numa atividade, de uma forma mais equilibrada.
O treinamento para realização de tarefas é uma opção inteligente para dividir
o trabalho, preparando o trabalhador para resolver os mais diversos problemas que
possam ocorrer na jornada de trabalho, além de ser uma maneira de valorizá-lo,
visto que o empregador estará investindo no seu crescimento profissional. Nesta
pesquisa, 40% responderam às vezes receber treinamento para realizar tarefas,
24% sempre, 22% frequentemente e 14% nunca.
De acordo com os entrevistados, a realização de treinamento é uma prática
pouco adotada no setor em estudo, já que 40% responderam que acontece
esporadicamente (Tabela 2).
Outro aspecto importante no contexto do trabalho são as falhas na
comunicação oral e escrita entre os trabalhadores, que podem facilitar a ocorrência
de erros na assistência prestada, trazendo transtornos tanto para a equipe quanto
para o paciente. Sendo assim, é de vital importância que as informações sejam
transmitidas de forma clara e correta (SILVA, 2007). No centro cirúrgico, por
exemplo, é importante que as informações sobre o quadro do paciente, as
intercorrências durante a cirurgia e as prescrições de medicações sejam
transmitidas de forma precisa, para não comprometer o trabalho executado por
todos os profissionais envolvidos.
Outro benefício que pode ser extraído de um sistema de comunicação eficaz
é a possibilidade de sanar problemas à distância, caso o trabalhador tenha que se
deslocar do seu posto de trabalho e necessite transmitir informações. Sendo assim,
56
é relevante que os meios de comunicação funcionem de forma adequada, livre de
distorções entre emissor e receptor de informações.
No estudo 38% consideraram a comunicação entre as atividades, ações e
operações frequentemente adequadas, 36% às vezes e 26% sempre. Quanto ao
sistema de comunicação interna 38% avaliaram como sempre eficiente, 30% às
vezes, 28% frequentemente e 4% nunca. Sendo assim, o sistema de comunicação
foi classificado como adequado para a maioria dos respondentes. Considerando que
o setor apresenta grandes dimensões físicas e atende às necessidades de todo
hospital, é de grande valia que o sistema de comunicação seja eficaz.
Dessa forma, a satisfação com o trabalho, as pausas durante o trabalho, a
divisão e o conteúdo das tarefas, a modalidade de comando, o tempo destinado à
realização das tarefas, a comunicação entre as atividades, o relacionamento com os
colegas de trabalho e com a chefia, a comunicação interna e a responsabilidade que
é dada a cada funcionário foram considerados positivos quanto à organização do
trabalho.
Vale ressaltar também que os trabalhadores não sentiram pressão da chefia
por produtividade e horas extras. A remuneração, a responsabilidade excessiva, a
jornada de trabalho, o esforço físico e o treinamento foram considerados pontos
negativos quanto à organização de trabalho.
4.2 Condições de Trabalho de Enfermagem no Centro Cirúrgico
As condições de trabalho abrangem o espaço físico onde o trabalhador está
inserido para realizar suas práticas laborais e tudo aquilo que influencia o seu
trabalho. Os elementos usados para avaliação das condições de trabalho no centro
57
cirúrgico, cenário deste estudo, englobaram iluminação, temperatura, ventilação,
poluição, risco de acidentes e dimensões do espaço físico.
Nesta perspectiva, estão apresentados na Tabela 3, a seguir, os resultados
do estudo no que se refere às condições de trabalho.
Tabela 3 - Distribuição das respostas dos sujeitos da pesquisa segundo a condição de trabalho da equipe de enfermagem de um centro cirúrgico (n=50)
Variáveis Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %
Iluminação adequada 0 0 20 40 17 34 13 26 Temperatura fria 0 0 12 24 22 44 16 32 Temperatura quente 14 28 34 68 2 4 0 0 Ventilação adequada 6 12 11 22 19 38 14 28 Adequação do espaço as características antropométricas
1
2
7
14
11
22
31
62
Risco de acidentes 11 22 19 38 7 14 13 26 Poluição ambiental 21 42 16 32 7 14 6 12 Poeira 14 28 25 50 7 14 4 8
A partir do exposto sobre estas condições de trabalho, observou-se que a
amostra considerou o ambiente com iluminação adequada, temperatura tendendo
para o frio, mas com esporádicas ocorrências de temperaturas altas, sendo ventilado
e adequado para as características antropométricas.
De acordo com as respostas, o centro cirúrgico é um setor que apresenta
risco de acidente, poluição ambiental e poeira; contudo, a ocorrência é muito
variada. O risco de acidente foi considerado como às vezes presente para 38% dos
respondentes, 26% sempre, 22% nunca e 14% frequentemente. Balsamo e Felli
(2006) ressaltam que o hospital é um ambiente que abarca muitos riscos de
acidentes ocupacionais. As referidas autoras complementam que o grupo de
profissionais que mais está vulnerável a acidentes é a enfermagem.
58
No trabalho em hospitais, os profissionais comumente se encontram expostos
a risco de acidentes (biológicos, físicos, mecânicos, fisiológicos e psíquicos) que
podem comprometer a saúde.
O contato com secreções corporais do paciente, por exemplo, pode levar o
trabalhador a se contaminar e a desenvolver patologias. O manejo de materiais
pérfurocortantes favorece a ocorrência de acidentes biológicos. No centro cirúrgico,
o uso desses materiais é imprescindível, seja num teste de glicemia capilar, numa
punção venosa ou na administração de anestésicos, e sua manipulação incorreta
favorece os acidentes, principalmente quando ocorre contaminação com secreção
corporal do paciente. Neste caso, o trabalhador atingido deverá passar por uma
série de exames com a finalidade de analisar se foi acometido por alguma patologia.
O tempo de espera dos resultados do exame pode deixar o trabalhador apreensivo
quando à possibilidade de desenvolver doenças que não têm cura, como a hepatite
C, AIDS, dentre outras.
Outros fatores relevantes nas atividades desenvolvidas no centro cirúrgico
são: o trabalho em posição ortostática ao longo da maior parte do plantão; o
transporte de paciente em macas; a condução da maca para a mesa cirúrgica e
vice-versa; o transporte de caixas cirúrgicas (que contêm instrumentos utilizados
durante a cirurgia); e a distância percorrida no local de trabalho. São exposições a
cargas físicas que podem levar o trabalhador a desenvolver enfermidades,
sobretudo as osteomusculares.
Nesta perspectiva, têm-se as agressões físicas cometidas pelo paciente como
tentativa de estrangulamento, socos, chutes, tapas, lançamento de objetos, que são
exemplos de riscos mecânicos a que os profissionais de enfermagem estão
expostos no seu posto de trabalho (CARVALHO; FELLI, 2006). Esse
59
comportamento violento pode repercutir tanto na saúde física como psicológica do
trabalhador.
Esta pode até ser, na percepção do usuário e de outros profissionais, uma
questão pouco comum; contudo, na prática isto acontece com mais frequência do
que se pensa ou percebe. Trata-se de uma prática que expõe o trabalhador ao risco
psíquico, levando-o a sentir-se inferiorizado, humilhado, temendo passar novamente
pela mesma situação. Tem-se ainda o estresse, que é outro fator de grande
relevância, prejudicial à saúde do trabalhador. Somando a esta realidade, há
trabalhadores com outro vínculo empregatício, também convivendo com dor, morte,
sofrimento, dentre tantos outros sentimentos, o que contribui para agravar a
situação.
Outra questão no contexto do trabalho no centro cirúrgico é a exposição à
carga química representada pelos gases anestésicos, que podem oferecer vários
danos à saúde do trabalhador. Esta proximidade com o referido fármaco possibilita o
desenvolvimento de patologias como cânceres, doenças renais e hepáticas, risco
aumentado para abortos espontâneos, entre outras. Como agravante, a equipe que
manipula gases anestésicos também está submetida ao risco de fogo e explosão
(OLIVEIRA, 2009).
Os acidentes e doenças relacionadas ao trabalho podem ser reduzidos se o
trabalhador adotar medidas preventivas, como o uso correto de Equipamentos de
Proteção Individual (EPI), desenvolvimento de atividades em ambientes que
ofereçam espaço adequado para minimizar a exposição, o controle e a medição dos
gases, entre outras ações importantes, para a prevenção de doenças e promoção da
saúde do trabalhador.
60
Na vertente dos acidentes de trabalho, tem-se a iluminação inadequada que
pode levar a acidentes. De acordo com a Tabela 3, 40% dos respondentes
consideraram a iluminação às vezes adequada, 34% frequentemente e 26% as
vezes.
Um ambiente com iluminação deficiente ainda favorece ao estresse através
do desgaste visual, dificulta a leitura das prescrições, graduação da seringa, rótulo
da medicação, gotejamento de soro, facilitando a ocorrência de erros humanos e
acidentes (ALMEIDA; PAGLIUCA; LEITE, 2005).
Complementado o ponto de vista das autoras, o ambiente com iluminação
precária e umidade são as principais fontes de fadiga nos trabalhadores de
enfermagem (CARVALHO; FELLI, 2006). A falta de iluminação tende a mascarar
obstáculos, propiciando que os ocupantes do ambiente se acidentem com mais
facilidade. Além disso, o trabalhador que se encontra inserido nesse meio fica
vulnerável a desenvolver problemas oftalmológicos.
Ainda sobre o ambiente físico, vale ressaltar que o espaço adequado às
características antropométricas permite ao trabalhador desenvolver suas tarefas
com maior conforto e habilidade. Nesse caso, o ambiente não fere os princípios da
ergonomia, porque se ajusta às necessidades do homem, e não o contrário,
possibilitando ao trabalhador realizar suas atividades laborais com maior satisfação.
A forma como o mobiliário está organizado nesse espaço também pode
interferir no desenvolvimento das tarefas. Quando disposto de maneira inadequada,
pode interferir no deslocamento dos trabalhadores, havendo possibilidade de se
machucarem nas quinas dos móveis no momento em que passarem por eles, entre
outros problemas.
61
A adoção de algumas medidas pelos enfermeiros durante a jornada de
trabalho, como posturas corretas, observância das condições dos mobiliários,
instalação de equipamentos ergonomicamente planejados para os profissionais,
minimizam a incidência de afecções musculoesqueléticas (MUROFUSE;
MARZIALE, 2005).
O transporte de caixas pesadas, contendo materiais e instrumentos a serem
utilizados durante as cirurgias, a condução de macas da sala de recuperação pós-
anestésica (RPA) para a sala de cirurgia e vice-versa, e a transferência do paciente
da maca para a mesa operatória ou para o leito são atividades desenvolvidas pela
equipe de enfermagem. Essas atividades podem fazer com que os trabalhadores
assumam posições contrárias aos princípios ergonômicos, propiciando o
aparecimento de afecções musculoesqueléticas.
O levantamento de peso, por longos períodos, implica na contratura estática
dos segmentos do corpo ou na imobilização de segmentos corporais, podendo
desencadear dorsalgias no trabalhador (MUROFUSE; MARZIALE, 2005). Cabe
lembrar que essas atividades são rotineiras no trabalho dos profissionais deste
estudo.
Outra posição que pode levar a problemas osteomusculares é a posição do
dedo em gatilho, muito comum nos profissionais que manipulam tesouras, sobretudo
em centro cirúrgico. A exposição prolongada pode levar a ocorrência de
tenossinovite (MUROFUSE; MARZIALE, 2005).
Elias e Navarro (2006), ao discorrem sobre o impacto das condições de
trabalho na saúde dos trabalhadores de enfermagem, ressaltaram que o hospital por
si já é considerado um ambiente insalubre, penoso e perigoso. Os profissionais que
lá atuam ficam expostos a várias patologias de ordem física e psíquica, tais como
62
transtorno mental, ansiedade, depressão, lesões por esforços repetitivos, entre
outras. A exposição a condições de trabalho precárias contribui para as
possibilidades de adoecimento.
Quanto à temperatura, 44% avaliaram como frequentemente fria, 32%
sempre e 24% às vezes (Tabela 3). Como medida de proteção, o trabalhador acaba
tomando posições que minimizem os efeitos da baixa temperatura sobre seu corpo,
podendo, dessa forma, limitar alguns movimentos e provocar contraturas
musculares, ocasionando desconfortos osteomusculares.
A temperatura fria, que no Centro Cirúrgico é mais baixa em relação ao
ambiente externo, pode levar o indivíduo a desenvolver uma vasoconstrição e
consequente redução da circulação sanguínea periférica e tremores, entre outras
afecções. À medida que a temperatura cai, o trabalhador desenvolve um mal-estar
geral, passando a manifestar diminuição da destreza manual e confusão mental,
entre outras intercorrências (CARVALHO, 2001).
O trabalhador exposto ao ambiente frio sofre dois efeitos fisiológicos: uma
vasoconstrição periférica, a fim de diminuir a perda de calor, seguida por tremores
para aumentar a produção de calor. A permanência em ambientes com baixa
temperatura possibilita que o trabalhador seja acometido por hipotermia, eritema
pérnio (processo inflamatório na pele dos membros induzido pelo frio), podendo
chegar à geladura ou frostbite (lesão pelo frio que atinge as extremidades)
(MENDES, 2005).
Estes efeitos são mais comuns em trabalhadores que têm o ambiente de
trabalho com baixas temperaturas. Contudo, vale lembrar que indivíduos têm
reações diferentes entre si e podem ser mais sensíveis que outros, o que significa
63
que a temperatura não precisa chegar ao limite máximo ou mínimo para causar
desconforto.
A finalidade da temperatura fria no centro cirúrgico é controlar ou limitar a
quantidade de partículas suspensas no ar, seja de origem microbiana ou não, uma
vez que as mesmas podem dar origem a reações inflamatórias e a problemas
maiores. Sendo assim, para reduzir o risco de infecção no sítio cirúrgico,
recomenda-se que os contaminantes do ar sejam impedidos de se dispersar, e uma
das alternativas para que isso ocorra é o uso de aparelhos de ar condicionado
(AFONSO, 2006).
Contudo, para que esse aparelho proporcione o bem-estar de todos (tanto de
pacientes como de trabalhadores), é preciso que seja objeto de manutenção
frequente, englobando limpeza do filtro, avaliação da temperatura, nível de ruído
entre outros, inclusive de conforto e desconforto.
O uso de aparelhos condicionadores de ar é de vital importância, uma vez
que a ventilação ambiental oferece taxas insatisfatórias de renovação de ar,
proporcionando, neste caso, a colonização de microorganismos. As infecções
causadas por esses microorganismos podem comprometer tanto a saúde do
paciente quanto à de quem lhe presta cuidados.
Dessa forma, os trabalhadores podem, a longo prazo, apresentar sintomas da
síndrome do edifício doente, que engloba: pneumonia, rinites, sinusite, fadiga, entre
outras intercorrências. Alguns exemplos de fungos são: Aspergillus fumigatus –
causadora de micose inalatória típica – Aspergillus niger – onicomicose, peritonite e
endocardite – e Aspergillus tamarii – causadora de infecções oculares (MOBIN;
SALMITO, 2006).
64
Outro aspecto relevante é o ruído de todos equipamentos presentes no centro
cirúrgico, que também pode afetar a saúde dos ocupantes do setor. Os níveis
elevados de ruído podem provocar danos à saúde do trabalhador, além de
comprometer sua performance intelectual, dificultando a realização de atividades
complexas (MARZIALE; CARVALHO, 1998). No caso específico do centro cirúrgico,
o ruído pode não ser intenso a ponto de causar danos na acuidade auditiva mas, por
ser constante, gera desconforto auditivo e torna-se fator estressante.
O nível alto de ruído dificulta a comunicação entre os trabalhadores que estão
atuando no mesmo local e a concentração na atividade que está sendo executada.
A exposição prolongada, sem efetiva proteção, pode levar a uma diminuição gradual
da acuidade auditiva, podendo evoluir para uma perda total (BAGGIO; MARZIALE,
2001). A perda auditiva pode ser irreversível e motivar o afastamento do profissional,
dessa forma prejudicando o empregado e o empregador.
A presença de poluentes ambientais é outro fator de destaque, já que pode
comprometer a saúde do trabalhador. Os poluentes podem ser provenientes de um
aparelho de ar condicionado, pelo filtro não estar funcionando adequadamente,
como foi referido, permitindo que contaminantes atravessem a barreira e atinjam o
ambiente; mas, também, podem ter origem nos calçados dos trabalhadores, nas
rodas de equipamentos, vassouras úmidas e substâncias orgânicas, por exemplo.
Esses contaminantes, ao se disseminarem no ambiente, podem desencadear
doenças nos trabalhadores, como referem Santos, Lacerda e Garziano (2005).
Em síntese, de uma forma geral, as condições de trabalho foram
consideradas satisfatórias pelos sujeitos do estudo. Nesta perspectiva, cabe dizer
que a necessidade de mantê-las é de vital importância para a manutenção da saúde
do trabalhador, visto que livre de riscos laborais tende a trabalhar com maior
65
satisfação, motivação, prevenindo riscos à saúde e garantindo uma boa assistência
ao cliente.
4.3 Funções Psicofisiológicas dos Trabalhadores de Enfermagem do Centro
Cirúrgico
As funções psicofisiológicas compreendem as funções psíquicas e fisiológicas
do ser humano, sendo essas últimas voltadas para a clínica, pois englobam os
sistemas cardiovascular, respiratório, gastrintestinal, renal, endócrino e neurológico.
Na função psíquica, foram avaliadas a frequência da irritação e mau humor,
insônia, crise de choro, amnésia, depressão, intolerância, ansiedade e angústia,
além dos distúrbios no sono.
4.3.1 Função Cardiovascular
A função cardiovascular tem como meta o transporte e a distribuição de
substâncias essenciais aos tecidos, bem como produtos oriundos do metabolismo. A
Tabela 4, a seguir, apresenta os dados sobre a avaliação desta função pelos
sujeitos do estudo.
Tabela 4 - Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo com vistas à função cardiovascular (n=50)
Variáveis
Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %
Dor torácica 31 62 15 30 2 4 2 4 Alteração na temperatura 24 48 22 44 1 2 3 6 Palpitações 26 52 19 38 3 6 2 4 Fadiga 14 28 28 56 5 10 3 6 Alteração na frequência cardíaca 22 44 22 44 3 6 3 6 Pressão alta 28 56 13 26 5 10 4 8 Edema em membros inferiores 24 48 15 30 8 16 3 6 Cianose 44 88 5 10 0 0 1 2 Icterícia 49 98 0 0 0 0 1 2
66
Os sujeitos revelaram, de forma geral, um bom funcionamento cardiovascular.
Contudo, alguns fatores podem predispor os profissionais a desenvolverem
problemas cardíacos, como alteração na temperatura e na frequência cardíaca,
fadiga e edema em membros inferiores.
A ocorrência da dor torácica entre os respondentes apresentou baixa
frequência. Na Tabela 4, 62% responderam nunca ter sentido dor torácia, 30 às
vezes 4% frequentemente, e outras 4% sempre. Estes dados apresentados são
determinantes para que medidas sejam tomadas a fim de prevenir o agravamento
destes e a ocorrência de novos casos, já que a dor torácica pode ser um dos
primeiros sinais de doenças sérias como angina pectoris, infarto agudo no
miocárdio, dentre outras (BRASIL, 2001).
A dor torácica pode resultar do esforço físico ou do estresse emocional, da
exposição ao tempo quente ou frio e da ingestão de refeição pesada, entre outros
fatores (NETINA, 2003). Quase todos os fatores listados fazem parte do cotidiano do
trabalho do profissional de enfermagem. Dessa forma, é de vital importância que os
trabalhadores sejam monitorados a fim de que seja possível conter o aumento dos
casos.
O esforço físico realizado no centro cirúrgico foi classificado como às vezes
intenso para 52% dos entrevistados, 22% frequentemente, 20% sempre e 6% nunca,
conforme apresentado na Tabela 2. Tal esforço permite que os trabalhadores fiquem
sujeitos a desenvolver problemas osteomusculares e afecções cardíacas, dentre
outras patologias. Sendo assim, o aumento do número de recursos humanos e da
maior disponibilidade de equipamentos que auxiliem no transporte de pacientes,
contribuirá para minimizar o risco relacionado ao esforço físico dos trabalhadores.
67
O centro cirúrgico é um ambiente que necessita estar frio, mantendo o
ambiente adequado aos procedimentos cirúrgicos nele realizados. Ao serem
questionados sobre alteração na temperatura, alguns sujeitos do estudo queixaram-
se da variação de temperatura de um ambiente para outro. A exposição à
temperatura fria por longo tempo pode causar problemas vasculares e doenças
cardíacas, dentre outras enfermidades, como já referido.
A palpitação é outro sinal de alerta para a ocorrência de doenças cardíacas.
Nesta variável 52% responderam nunca ter sentido palpitações, 38% às vezes, 6%
frequentemente e 4% nunca. Na presença de palpitações, o indivíduo tem a
sensação de que o coração está pulando no tórax. Essa sensação pode ser
atribuída às arritmias cardíacas (NETINA, 2003).
Outros fatores que podem dar origem às arritmias cardíacas são: a isquemia,
doença de chagas, doença reumática, fumo, ingestão excessiva de álcool e cafeína
entre outras causas (MENDES, 2005). Sendo assim, é importante que se investigue
a história pregressa de saúde do trabalhador, para identificar se ele foi acometido
por alguma enfermidade que possa favorecer esta patologia.
A cianose, doença citada por 2% dos entrevistados como sempre presente,
10% às vezes e 88% nunca (Tabela 4), apresenta como sinais a coloração azulada
da pele, e também pode estar relacionada com a exposição prolongada em
ambientes com baixas temperaturas. Observa-se nesta doença a redução do fluxo
sanguíneo dos membros resultante da vasoconstrição, podendo levar a afecções
cardiorespiratórias (NETINA, 2003).
Quanto à presença de edema em membros inferiores, Belczak et al. (2008)
consideram um importante fator de queda na qualidade de vida, pelo grande
68
desconforto, cansaço precoce e sensação de peso que, dessa forma, propiciam a
queda no rendimento profissional.
A equipe de enfermagem no centro cirúrgico trabalha boa parte da jornada de
pé, uma postura que favorece o aparecimento de edema, fato confirmado por
Belczak et al. (2008) quando relatam que o edema em membros inferiores está
muito relacionado à postura adotada pelo funcionário durante a jornada de trabalho.
Os referidos autores ressaltam que as alterações volumétricas, durante toda a
atividade laborativa, têm como agravante o ortostatismo prolongado ou a posição
sentada por períodos extensos.
Quanto à presença de edema, 48% dos entrevistados responderam nunca
apresentar, 30% às vezes, 16% frequentemente e 6% nunca (Tabela 4).
A elevação dos membros inferiores é uma alternativa para minimizar a
ocorrência de edema; com isso, há uma redução da pressão gravitacional, fazendo
com que o membro se esvazie e estabilize as pressões em nível microcirculatório
equilibrando o volume intra com o extravascular. Mas para atender a esta
recomendação, o profissional precisaria de intervalos durante a jornada de trabalho,
períodos em que poderia executar o dito procedimento.
A fadiga foi outro aspecto destacado pelos profissionais de enfermagem
como um problema de ordem cardiovascular. De acordo com Santa Rosa et al.
(2007), a fadiga é expressa por uma sensação de cansaço subjetiva de natureza
emocional, que acomete pessoas de todas as faixas etárias. O cansaço pode surgir
em decorrência de esforços físicos intensos, presença de estressores ocupacionais,
tais como jornadas prolongadas, problemas de relacionamento interpessoal,
trabalho em turnos, dupla jornada de trabalho, atividades extras a exemplo do
69
trabalho doméstico, entre outras causas. Dessa forma, a condição de vida e trabalho
tem uma grande participação sobre as causas da fadiga.
A fadiga foi avaliada como às vezes presente para 56% dos entrevistados,
28% nunca, 10% frequentemente e 6% sempre (Tabela 4). A fadiga ocorre a partir
da baixa do débito cardíaco. Neste caso, o coração é incapaz de fornecer sangue
para suprir as necessidades metabólicas aumentadas das células. Sendo assim, à
medida que a cardiopatia progride, a fadiga é precipitada por menos esforço
(NETTINA, 2003).
A alteração na frequência cardíaca também é considerada um sinal de alerta
para a ocorrência de patologias cardíacas. Esta alteração foi avaliada como nunca
presente para 44% dos entrevistados outros 44% às vezes, 6% frequentemente
igual percentagem sempre (Tabela 4). As situações vivenciadas no trabalho e que
levam o trabalhador a sentir ansiedade, estresse e preocupação, favorecem o
aumento da frequência cardíaca (SMELTZER; BARE, 1998).
Por fim, a hipertensão arterial, doença caracterizada por valores pressóricos
superiores a 140mmHg (sistólica) e 90mmHg (diastólica), cuja etiologia pode estar
ligada a diversos fatores, tais como: genéticos, ambientais, estilo de vida, estresse
decorrente do trabalho, ingestão elevada de sódio, entre outros (BRASIL, 2001).
De acordo com a avaliação da ocorrência de pressão alta, pudemos observar
que 56% responderam nunca ter apresentado, 26% às vezes, 10% frequentemente,
8% sempre (Tabela 4). Sendo assim, é relevante que haja medidas preventivas com
a fim de controlar os níveis pressóricos dos trabalhadores, evitando que os casos
detectados se agravem. Vale ressaltar que a hipertensão arterial destaca-se como a
principal causa de aposentadoria por invalidez no país (BRASIL, 2001).
70
Vários agentes de natureza psíquica, presentes no ambiente de trabalho,
contribuem para o aumento de casos de elevação da pressão arterial. Dentre eles,
destacam-se: carga psíquica do trabalho, trabalho em turnos, conflitos interpessoais,
responsabilidade excessiva, condições de trabalho, entre outros (MENDES, 2005).
Todos esses fatores estão presentes no cotidiano do profissional em estudo.
As atribuições do profissional de enfermagem, que são muitas, podem levá-lo
a um desgaste emocional. As enfermeiras do centro cirúrgico do HU, além de
prestarem assistência direta ao paciente, supervisionar a equipe que atua no centro
cirúrgico, organizar o trabalho do setor, mediar a equipe multiprofissional, uma vez
que a enfermagem permanece no hospital nas 24 horas do dia, ainda é responsável
por fazer a visita ao paciente que passará por uma cirurgia no dia seguinte. Estas
atividades ilustram a sobrecarga de atividades a que este profissional está
submetido.
A exposição a níveis elevados de ruídos também pode predispor os
trabalhadores a iniciar repostas cardiovasculares similares àquelas que ocorrem no
estresse agudo, motivando aumento da pressão arterial e alterações hormonais e
bioquímicas (MENDES, 2005). Os profissionais que atuam no centro cirúrgico,
principalmente os que frequentemente estão envolvidos com as cirurgias cardíacas,
sofrem com o ruído das ferramentas utilizadas no referido setor (sobretudo em
cirurgias ortopédicas), fato já referido quando das discussões sobre as condições de
trabalho neste setor.
O volume de trabalho atribuído ao profissional em questão pode tornar-se um
desencadeador de estresse, sendo considerado um fator de risco para várias
doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial, as arritmias cardíacas, as
71
doenças coronarianas, o infarto no miocárdio e, até mesmo, a morte súbita
(MENDES, 2005).
O tempo exíguo de descanso entre uma jornada e outra, comentado
anteriormente, dificulta que o profissional cuide da própria saúde, levando-o a ter um
estilo de vida considerado sedentário.
As medidas de prevenção das doenças cardíacas de origem ocupacional
envolvem mudanças nas condições e organização de trabalho e de hábitos de vida.
Sendo assim, cabe tanto ao empregado como ao empregador aderirem a essas
mudanças com a finalidade de diminuir a ocorrência de novos casos de patologias
cardíacas e controlar as existentes.
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2001) complementa esta informação
sugerindo como alternativa de prevenção: o controle de elementos relacionados à
organização de trabalho geradores de estresse e sobrecarga psicofisiológica,
diminuição do ritmo de trabalho e de exigência de produtividade sobre os
trabalhadores, melhoria das relações interpessoais, valorizando a cooperação entre
os trabalhadores.
Outra função investigada no presente estudo foi a respiratória, responsável
por suprir o organismo com o oxigênio (O2) e remover o produto gasoso proveniente
do metabolismo celular. Os entrevistados foram questionados a respeito da
ocorrência de desconfortos ou patologias já instaladas sobre a função respiratória.
Os dados obtidos foram confrontados com as características das condições e
organização do trabalho, a fim de encontrar relação entre eles.
Vale ressaltar que o aparelho respiratório apresenta um contato muito
próximo com o meio ambiente; sendo assim, as condições do ar ambiente são de
72
grande valia para avaliar a vulnerabilidade que o indivíduo apresenta em relação ao
desenvolvimento de patologias respiratórias.
O ar ambiente apresenta gases na forma líquida e gasosa, sendo a primeira
mais frequente, variando as pressões parciais dos gases oxigênio (O2), nitrogênio
(N2) e dióxido de carbono (CO2) – constituintes do ar. Os agentes químicos podem
ser dispersos no ar, poluindo o ambiente, possibilitando que os trabalhadores
desenvolvam doenças ocupacionais, tais como asma, bronquite, pneumoconioses,
entre outras enfermidades (MENDES, 2005).
Essas doenças ocorrem porque os gases penetram livremente no sistema
respiratório e, dependendo do grau de solubilidade nos líquidos orgânicos,
acarretam vários prejuízos à saúde do trabalhador. Os gases hidrossolúveis, por
exemplo, normalmente causam irritação nas vias aéreas superiores.
Quanto ao ar ambiente do centro cirúrgico, é mister ressaltar que neste setor
o trabalhador tem um contato muito próximo com gases anestésicos e produtos de
limpeza (tanto do ambiente como dos utensílios utilizados durante o procedimento
cirúrgico).
4.3.2 Função Respiratória
Na tabela 5, a seguir, pode-se acompanhar as repostas dadas pelos sujeitos
do estudo a respeito deste sistema, e conhecendo a etiologia das doenças
respiratórias, as condições e organização de trabalho do centro cirúrgico, foi
possível refletir sobre o impacto deste ambiente na saúde dos trabalhadores nele
inseridos.
73
Tabela 5 - Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo conforme a função respiratória (n=50)
Variáveis Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %
Falta de ar 32 64 16 32 1 2 1 2 Tosse seca 31 62 15 30 2 4 2 4 Tosse produtiva 36 72 14 28 0 0 0 0 Alteração na frequência respiratória 29 58 16 32 3 6 2 4 Secreção sanguinolenta ao tossir 49 98 1 2 0 0 0 0 Bronquite 43 86 3 6 2 4 2 4 Asma 44 88 2 4 2 4 2 4 Alergia Respiratória 33 66 6 12 2 4 9 18
Dentre as variáveis apresentadas na Tabela 5, a dispnéia, a tosse seca, a
tosse produtiva, a alteração da frequência respiratória, a secreção sanguinolenta ao
tossir, a bronquite, a asma e a alergia respiratória não resultaram em queixas
elevadas. Contudo, algumas variáveis apresentaram frequências que alertam para a
possibilidade de ocorrência de afecções de ordem respiratória.
A falta de ar é caracterizada por uma sensação respiratória desagradável ou
desconfortável, normalmente causada por uma dissociação do comando motor e da
resposta mecânica da função respiratória. Esta patologia pode indicar a presença de
embolia pulmonar, pneumotórax, infarto do miocárdio, entre outras doenças
(NETINA, 2003).
De acordo com a Tabela 5, 64% dos respondentes avaliaram a falta de ar
como nunca presente, 32% às vezes, 2% frequentemente e igual percentagem
sempre presente. Muito embora este número não represente a maioria, é um fator
relevante para que medidas preventivas sejam tomadas a fim de conter o
agravamento dos casos existentes, uma vez que a falta de ar pode mascarar
problemas, tanto respiratórios como cardíacos.
A tosse seca pode indicar uma infecção viral no trato respiratório, enquanto a
tosse produtiva pode ser o sinal de uma bronquite. Já a tosse que apresenta escarro
espumoso rosáceo pode indicar presença de edema pulmonar (NETINA, 2003).
74
Conforme a Tabela 5, 62% responderam nunca ter apresentado tosse seca,
30% às vezes, 4% frequentemente e outros 4 % sempre. Quanto à tosse produtiva
72% responderam nunca ter apresentado e 28 % às vezes. Estes dados que servem
de alerta para traçar medidas preventivas visando conter o agravamento dos casos,
bem como a ocorrência de outros.
O uso de substâncias como o éter pode ser apontado como uma das causas
para a ocorrência da tosse seca. O éter etílico é usado como agente de uso
hospitalar, e como agente anestésico pode deixar o trabalhador propenso a
desenvolver irritação nos olhos e no trato respiratório, tendo como reflexo a tosse.
Além dessas enfermidades, ainda pode causar depressão do sistema nervoso
central, narcose, ressecamento e rachaduras na pele (MENDES, 2005).
Para Mendes (2005), a irritação nasal pode ser sentida a partir de uma
exposição a 200 partes por milhão (ppm). Vale ressaltar que o uso de éter etílico
para indução anestésica varia em torno de 100.000 a 150.000ppm, e que a
exposição contínua a esta substância favorece o agravamento de casos.
Já a presença de secreção sanguinolenta ao tossir, pode indicar várias
patologias, tais como infecção pulmonar, carcinoma de pulmão e anormalidades da
artéria ou veia pulmonar (NETTINA, 2003; SMELTZER; BARE, 1998). Na amostra
do presente estudo, 98% responderam nunca ter apresentado e apenas 2% às
vezes.
Outra variante utilizada para avaliar a função respiratória foi a ocorrência da
bronquite. Esta patologia é caracterizada por uma infecção do trato respiratório
inferior, originada por agentes virais bacterianos ou por microplasma. O cigarro e a
exposição à poluição são as principais causas dessa enfermidade. As manifestações
clínicas englobam: dispnéia, febre, tosse produtiva, dor torácica, roncos, estertores,
75
entre outras (NETTINA, 2003; SMELTZER; BARE, 1998). Esta patologia não
apresentou grande frequência na presente amostra, 86% dos entrevistados
responderam nunca ter apresentado, 6% às vezes, 4 % frequentemente e outros 4%
sempre (Tabela 5).
A asma é caracterizada por uma obstrução intermitente ou reversível das vias
aéreas, resultando em dispnéia, tosse e sibilos. A asma pode ser alérgica
(provocada por elementos alérgicos, como poeira, ácaro, alimentos), idiopática
(proveniente de resfriados, infecções do trato respiratório, poluentes ambientais), ou
mista (forma mais comum), apresentando característica das duas anteriores
(SMELTZER; BARE, 1998).
Para que a asma seja considerada de origem ocupacional, é preciso que haja
uma substância que se caracterize como indutora da referida patologia. Os
elementos que mais comumente causam essa patologia são o ambiente frio e o
organo fosforado, entre outros (CARVALHO, 2001).
Embora no presente estudo a ocorrência de asma tivesse apresentado uma
frequência baixa, visto que 88% dos entrevistados responderam nunca terem
apresentado asma, 4% às vezes, 4% frequentemente e 4% sempre. Dessa forma, é
relevante acompanhar os casos existentes, bem como ficar alerta quanto à
ocorrência de novos casos (Tabela 5).
Outro fator importante para avaliar a presença de doenças respiratórias é a
temperatura fria do centro cirúrgico. A exposição contínua do trabalhador a uma
temperatura baixa pode fazer com que ele desenvolva vasoconstrição, levando-o a
realizar movimentos com maior dificuldade, uma vez que tende a se proteger do frio.
De acordo com Teixeira et al. (2005), os ocupantes de recintos fechados
estão vulneráveis a um alto percentual de sintomas persistentes, como alergia, dor
76
de cabeça, irritação nos olhos e das mucosas, dores de garganta, tonturas, náuseas
e fadiga em geral, não atribuíveis a fatores pessoais de sensibilidade ou doença, e
que desaparecem pouco tempo depois da saída do recinto, ficando evidente que
estavam relacionados com as condições ambientais do local em questão.
Outro problema ao qual os trabalhadores estão expostos é a falta de
ventilação natural. Por se tratar de um centro cirúrgico, o ambiente necessita de
isolamento do ar ambiente como forma de proteção de agentes externos.
Os aparelhos de ar condicionado também podem configurar um elemento
agressivo à saúde do trabalhador. A poeira orgânica proveniente desses aparelhos
favorece a três grandes grupos de doenças: bronquite e broncopneumonia, asma e
síndrome do edifício doente.
Os sistemas de ar condicionado, com suas centrais e dutos espalhados pelas
indústrias, hospitais, escritórios, enfim, nas edificações hermeticamente fechadas,
possibilitam a proliferação de doenças no ambiente através do próprio sistema de ar
condicionado central. Com o passar dos anos, este vem sendo um assunto de
preocupação mundial devido ao elevado percentual de pessoas doentes em recintos
com ar condicionado central (TEIXEIRA et al., 2005).
Segundo Almeida et al. (1999), os problemas mais comuns associados à
ventilação contemplam a entrada insuficiente de ar externo nos recintos, a má
distribuição e mistura de ar interno e a dificuldade de filtração causada por
ventilação inadequada dos sistemas de ventilação. Tais intercorrências deixam o
ambiente insalubre e facilitam a proliferação de doenças de origem respiratória.
Em ambientes fechados, com pouca ou nenhuma renovação do ar, a
qualidade do ar tende a ficar comprometida, devido à acumulação dos poluentes
gerados internamente que não têm como ser eliminados, ou porque esses locais não
77
possuem janelas para obter a renovação do ar. O centro cirúrgico conta com outro
problema que é o trabalho próximo a anestésicos.
A higiene ocupacional – ciência do reconhecimento, avaliação, da prevenção
e dos riscos originados no local de trabalho que podem colocar em risco a saúde do
trabalhador e do bem estar dos indivíduos que estão inseridos neste ambiente –
ocupa-se inicialmente em sanar os problemas que envolvem esse ambiente de
trabalho (MENDES, 2005).
À medida que os estudiosos e leigos tomaram a ciência que a poluição do ar,
água e solo, bem como o descarte inadequado de resíduos tóxicos poderiam gerar
danos irreversíveis a saúde começaram a planejar alternativas que protegessem o
local onde conviviam. Sendo assim, resolveram tomar medidas que ultrapassassem
o ambiente de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e,
principalmente, minimizando os riscos à saúde do trabalhador.
4.3.3 Função Gastrintestinal
Dando continuidade à análise das funções fisiológicas, será discutida a
gastrintestinal, responsável pela digestão dos alimentos e absorção dos nutrientes
na corrente sanguínea. A Tabela 6, apresenta variáveis que englobam as lesões
orais, a falta de dentes, o sangramento bucal e a esteatorréia.
Tabela 6 - Distribuição das respostas dos sujeitos sobre os fatores prejudiciais à atividade da função gastrintestinal (n=50)
Variáveis
Sim Não f % f %
Lesões orais 2 4 48 96 Falta de dentes 37 74 13 26 Sangramento bucal 2 4 48 96 Esteatorréia 0 0 50 100
78
A falta de dentes foi um problema que apresentou uma frequência alta de
resposta (74%) entre os sujeitos entrevistados. De acordo com Vargas e Paixão
(2005), a principal causa dessa ausência está relacionada à cárie e à doença
periodontal. Essa falta pode acarretar vários problemas de saúde de ordem física ou
psicológica.
A ausência de dentes dificulta a digestão, uma vez que a mastigação, a
produção de saliva e o suco gástrico ficarão comprometidos, dessa forma,
sobrecarregando os demais órgãos que fazem parte do sistema gastrintestinal,
favorecendo a ocorrência de patologias ligadas a este sistema.
A falta de dentes também irá interferir na escolha dos alimentos durantes as
refeições. Alimentos que possuam uma consistência mais dura ou alimentos fibrosos
serão preteridos. A opção será por alimentos fáceis de serem engolidos sem
necessidade de mastigação. Com isso, o indivíduo poderá escolher alimentos que
não possuam ingredientes adequados à sua nutrição.
A fala também pode ficar prejudicada com a falta de dentes, dificultando a
compreensão de algumas palavras. A pessoa que tem falta de dentes tende a se
comunicar pouco, a se isolar das pessoas, envergonhada por causa da aparência
física. Outro comportamento adotado pelas pessoas acometidas pela dentição
incompleta, é evitar sorrir, principalmente na presença de pessoas estranhas. Tal
atitude favorece o desenvolvimento de patologias psíquicas como isolamento,
depressão, ansiedade, entre outras.
O tempo reduzido que os profissionais de enfermagem têm para cuidar de si
pode fazer com que a própria saúde seja relegada a segundo plano. A má
conservação dos dentes é um indício de que a saúde bucal não é prioritária. A dupla
jornada, que é característica entre os trabalhadores dessa classe, pode ser uma
79
razão para que não encontrem horários compatíveis para realizar visitas periódicas
aos dentistas, com isso prejudicando a conservação dos dentes.
Dando continuidade avaliaremos a seguir as refeições e a função
gastrintestinal de acordo com o ponto de vista dos entrevistados.
Tabela 7 - Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo de acordo com as refeições e a função gastrintestinal (n=50)
Variáveis Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %
Refeições em horários regulares
8
16
28
56
7
14
7
14
Refeições balanceadas 10 20 22 44 9 18 9 18 Dores abdominais 25 50 20 40 5 10 0 0 Indigestão 21 42 25 50 4 8 0 0 Náuseas 35 70 13 26 2 4 0 0 Vômitos 42 84 7 14 1 2 0 0 Diarréia 33 66 17 34 0 0 0 0 Constipação 19 38 25 50 1 2 2 4 Disfagia 38 76 11 22 1 2 0 0
De acordo com a Tabela 7, a maioria dos entrevistados não se queixou de
náuseas, vômitos ou disfagia.
Sabe-se que os trabalhadores apresentam dificuldades para realizar refeições
balanceadas em horários regulares, sob a justificativa de que ritmo de trabalho do
centro cirúrgico pode ser considerado um fator impeditivo para tal. Isto ocorre
porque, na maioria das vezes, o tempo dedicado a uma cirurgia excede o previsto
fazendo com que os horários das refeições sejam alterados.
O tempo que os profissionais de enfermagem têm para se ausentar do setor a
fim de fazerem suas refeições, é curto; sendo assim, elas são consumidas
rapidamente. Vale ressaltar que quanto menor for o tempo dedicado às refeições,
maiores são as chances de o indivíduo desenvolver problemas gástricos, tais como
úlceras pépticas, dispepsias e disfunções intestinais (CARVALHO, 2001).
80
No entorno do cenário do estudo, as opções de restaurantes são poucas,
dificultando o consumo de refeições balanceadas, fator importante para maior
eficiência das funções do organismo e da produtividade do trabalhador.
Ainda na perspectiva dos hábitos alimentares, o vínculo empregatício
(estatutário ou terceirizado) que os profissionais mantêm com o hospital, determina
como será fornecida a refeição. Os estatutários recebem um vale alimentação, o que
lhes dá a opção de escolha do local para realizarem suas refeições; enquanto os
terceirizados recebem a alimentação fornecida pelo próprio hospital.
A dor abdominal é um sintoma relevante que pode ser indício de uma doença
gastrintestinal. As causas dessa dor englobam a qualidade das refeições, o repouso,
a defecação e as disfunções vasculares (SMELTZER; BARE, 1998). Quanto a
presença de dores abdominais 50% dos entrevistados respondeu nunca ter
apresentado, 40% às vezes, 10% frequentemente (Tabela 7).
Com relação à indigestão, 50% dos profissionais entrevistados responderam
apresentar às vezes esta disfunção, 42% nunca e 8% frequentemente (Tabela 7). A
patologia em questão caracteriza-se por um desconforto abdominal causado
principalmente pela ingestão de alimentos gordurosos, que permanecem no
estômago por mais tempo que as proteínas e os carboidratos.
Um fator relevante, para a análise das causas que levam esses trabalhadores
a sentirem dores abdominais e indigestão, pode estar relacionado com a refeição.
Conforme dados apresentados na Tabela 7, os trabalhadores nem sempre realizam
refeições equilibradas, e em decorrência da organização de trabalho, nem sempre é
possível realizá-las nos horários previstos.
Ainda na perspectiva dos hábitos alimentares, a constipação intestinal é um
problema que está relacionado com a diminuição da frequência das evacuações. Os
81
sintomas englobam dificuldade para evacuar, sensação de evacuação incompleta,
distensão abdominal, desconforto, mal-estar geral ou dor abdominal, e é resultante
do baixo consumo de fibras, uso de determinados medicamentos, anormalidades
estruturais do cólon, reto e ânus, distúrbios metabólicos, doenças neurológicas,
entre outras causas (NAVARRO-RODRIGUEZ; SÁ; MORAES FILHO, 2008). Este
pode ser outro elemento proveniente de uma alimentação desequilibrada, conforme
sugere a Tabela 7.
Outras variáveis usadas para avaliar a função gastrintestinal foram a
ocorrência de náuseas e vômitos. O ato de eliminar vômito normalmente é precedido
por náuseas; as causas englobam odores, atividade ou ingesta de alimentos
(SMELTZER; BARE, 1998). De acordo com a Tabela 7, 70% responderam nunca
sentir náuseas, 26% às vezes e 4 % frequentemente. Quanto aos episódios de
vômitos 84% responderam nunca apresentar, 14% às vezes e 2 % às vezes.
Fatores ambientais como o odor dos produtos de limpeza ou de medicações
podem desencadear a ocorrência tanto de um como do outro desconforto. O iodo,
por exemplo, elemento usado como antisséptico e germicida, pode deixar o
trabalhador vulnerável a desenvolver irritação na pele, olhos e membranas mucosas,
faringite, bronquite e problemas gastrintestinais (BRASIL, 2001).
Com relação à diarréia, outra variável do quadro da função gastrintestinal
houve uma frequência significativa de sujeitos que responderam apresentar
ocasionalmente esta patologia.
A diarréia é definida como a perda de água e eletrólitos pela passagem de
evacuações não formadas (NETINA, 2003). Sua ocorrência pode estar ligada tanto a
fatores fisiológicos como psicológicos. Na Tabela 6, pode-se ver que um número
82
significativo de profissionais apresenta esta patologia, onde 66% responderam
nunca apresentar; contudo, 34% às vezes apresentam.
Complementando a avaliação da função gastrintestinal, foi solicitado que os
sujeitos do estudo informassem seu peso e altura a fim de que fosse possível
calcular o índice de massa corporal. Com o resultado deste cálculo, foi possível
avaliar a existência de problemas nutricionais entre os trabalhadores (Tabela 8).
Tabela 8 - Distribuição da classificação do peso dos sujeitos do estudo de acordo com o Índice de Massa Corporal (n=50)
Variáveis
Sempre f %
Peso normal 17 34 Sobrepeso 22 44 Obesidade grau I 9 18 Obesidade grau II 1 2 Obesidade mórbida 1 2 Total 50 100
Os resultados foram obtidos a partir das informações referidas pelos
trabalhadores de enfermagem sobre o seu peso corporal e altura.
Os dados antropométricos dos profissionais de enfermagem do centro
cirúrgico do HU apontaram alta frequência de sobrepeso e obesidade, refletindo o
quadro atual de prevalência de excesso de peso.
De acordo com Sousa et al. (2007), o sobrepeso e a obesidade são doenças
crônicas que acometem todas as faixas etárias e todos os grupos socioeconômicos.
A obesidade é uma doença crônica, fator de risco para muitas outras doenças
debilitantes e de alto custo social, como diabetes do tipo 2, hipertensão arterial,
acidentes vasculares cerebrais, cardiopatias, dislipidemias e alguns tipos de câncer.
Orsi et al. (2008) complementam ressaltando que o aumento do peso corpóreo
compromete a função respiratória.
83
A função psíquica do indivíduo que apresenta obesidade também leva a
prejuízos. O trabalhador portador dessa patologia tende a apresentar dificuldade de
integração social, baixa estima, estigmatização, além de diminuição da capacidade
funcional e da produtividade (ORSI et al., 2008).
A etiologia dessa enfermidade é ampla, envolvendo fatores genéticos,
ambientais, sendo um dos principais o estilo de vida sedentário e a grande
disponibilidade de alimentos ricos em gordura (HALPERN; MANCINI, 2002).
A clientela estudada é caracterizada por indivíduos que apresentam uma
significativa ocorrência de sobrepeso e obesidade grau I. Esse dado apresentado na
Tabela 8 é relevante porque serve de alerta para a implantação de medidas
preventivas para minimizar a ocorrência de novos casos e diminuir a frequência de
fatores complicadores.
A alimentação deficiente, a falta de atividade física regular, a vida sedentária
são alguns fatores que favorecem a ocorrência da obesidade e, por sua vez, das
doenças correlacionadas citadas anteriormente. O indivíduo com sobrepeso ou
obesidade tende a ficar mais cansado, apresentar respiração ofegante ao percorrer
longas distâncias, que é o caso do cenário de estudo em questão.
As articulações também ficam comprometidas em indivíduos portadores de
obesidade. O peso que incide sobre as articulações entre as pessoas portadoras
desta patologia favorece o surgimento de problemas osteomusculares, vasculares
entre outras intercorrências.
Outro fator que contribui para o aumento dos casos de obesidade é o trabalho
em turnos. O trabalhador que realiza suas atividades nessa escala, normalmente
adapta a ela seus hábitos de vida. O trabalho em turnos propicia alterações
dietéticas, ganho ponderal, uso da alimentação como atenuante de conflitos sociais
84
e desgaste psíquico (MENDES, 2005) favorecendo, neste caso, a ocorrência da
obesidade.
4.3.4 Função Renal
Outra função investigada no presente estudo foi a renal, que tem por
finalidade a remoção dos produtos finais do metabolismo e do sangue, sendo os rins
um dos principais órgãos do sistema. No interior deste órgão haverá a filtração e,
em seguida, a excreção dos restos metabólicos na urina. Sendo assim, o aspecto da
urina pode evidenciar problemas que envolvem o sistema renal e / ou outros órgãos
sistêmicos.
A Tabela 9 apresenta a avaliação da função renal pelos sujeitos do estudo,
sendo as variáveis compostas de características da urina (quanto à presença de
sangue na urina, quantidade ou ausência) e do processo de eliminação
propriamente dito (quanto à dor, eliminação noturna, dificuldade, incontinência e
eliminação involuntária durante o sono).
Tabela 9 - Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo, segundo a função renal (n=50)
Variáveis Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %
Hematúria 50 100 0 0 0 0 0 0 Poliúria 40 80 8 16 1 2 1 2 Oligúria 28 56 18 36 2 4 2 4 Anúria 46 92 4 8 0 0 0 0 Disúria 42 84 8 16 0 0 0 0 Nictúria 37 74 11 22 1 2 1 2 Estrangúria 49 98 1 2 0 0 0 0 Incontinência urinária 43 86 6 12 0 0 1 2
De acordo com a resposta dos sujeitos, não houve uma frequência elevada
de patologias ligadas ao sistema renal; contudo, alguns fatores expressos nas
85
variáveis servem de alerta para a possibilidade de ocorrência de algumas patologias,
como no caso da oligúria, nictúria, poliúria e disúria.
A poliúria é caracterizada pelo grande volume de urina desproporcional ao
padrão usual de micção. Essa intercorrência é comum em diabéticos, portadores de
doença renal crônica e aqueles que fazem uso de diuréticos. Dentre os
respondentes, observa-se na Tabela 9 que 80% mencionaram nunca apresentar
essa intercorrência, 16% às vezes, 2 % frequentemente e outros 2 % sempre.
A oligúria é definida como um pequeno volume de urina, abaixo do esperado.
Pode ser resultado de uma insuficiência renal aguda, choque, desidratação,
desequilíbrio hidroeletrolítico (NETINA, 2003). O ritmo de trabalho no centro
cirúrgico, muitas vezes, contribui para que o trabalhador decline da ingesta hídrica.
Outros fatores que dificulta a ingesta são a ausência de bebedouro no centro
cirúrgico e a localização dos pontos hidratação, todos distantes do setor.
Sendo assim, para que o trabalhador possa utilizar os bebedouros, faz-se
necessário que ele saia do centro cirúrgico, retire a roupa específica do setor e vá
até o ponto de hidratação; ao voltar, precisará solicitar um novo paramento cirúrgico
a fim de que possa retomar suas atividades laborais. Embora a ingesta hídrica em
quantidade suficiente seja importante para o bom funcionamento dos rins, diante da
exigência de tantos procedimentos para se ausentar do setor, ele acaba desistindo
de se hidratar, o que pode resultar em dano renal severo.
Este é um problema que merece especial atenção, visto que durante a coleta
de dados a amostra relatou ter problemas quanto à ingesta hídrica ao longo do dia
de trabalho no centro cirúrgico do HU, o que pode torná-los vulneráveis ao
desenvolvimento de patologias renais.
86
A disúria representa a dor ou a dificuldade de urinar, fazendo com que o
indivíduo tenha uma sensação de queimação, proveniente de uma infecção ou
inflamação no trato urinário (NETTINA, 2003). Na Tabela 9, constata-se que essa
intercorrência apresentou um resultado significativo de frequências esporádicas
dentre os respondentes (16%). Sendo assim, é importante investigar se as
condições ambientais estão, de alguma forma, contaminando o trabalhador, fazendo
com que ele desenvolva algum quando infeccioso.
Quanto à nictúria, ou seja, a micção excessiva à noite, apresenta como
causa metabólica a redução da capacidade renal, a insuficiência cardíaca, a
diabetes mellitus, entre outras (NETTINA, 2003). Este problema afetou de forma
esporádica 22% dos profissionais entrevistados, conforme apresenta a Tabela 9.
Esse problema, além de servir de alerta para o funcionamento do sistema renal,
endócrino e cardiovascular, afeta também a qualidade do sono do trabalhador.
A incontinência urinária é caracterizada pela eliminação involuntária de urina.
Pode ser causada por fatores anatômicos, fisiológicos, patológicos que atingem o
trato urinário. Na Tabela 9, é possível observar que a maioria dos respondentes não
apresenta este problema renal, já que 86% relataram nunca ter passado por esse
problema.
O rim é um dos principais órgãos do sistema urinário. Ele é responsável por
excretar substâncias químicas e drogas presentes no organismo. Através da urina
pode-se avaliar se o indivíduo foi acometido por alguma intoxicação. O
funcionamento adequado do rim permite que o sistema urinário apresente doses
potencialmente prejudiciais à saúde do trabalhador (MENDES, 2005).
Dessa forma, os contaminantes do ambiente absorvidos pelo organismo
através da inalação, ingestão ou absorção cutânea, migram para a corrente
87
sanguínea e, posteriormente, são excretados através da urina, razão pela qual é de
grande importância avaliar o aspecto da urina dos trabalhadores.
O ritmo de trabalho intenso, as cirurgias de alta complexidade e de alto risco
tendem a fazer com que adiem as idas ao banheiro. Com isso, o funcionamento dos
rins tende a ficar comprometido, deixando a urina mais concentrada e favorecendo a
formação de cálculos renais.
4.3.5 Função Endócrina
Dando continuidade à análise das funções fisiológicas, discute-se a seguir, a
função endócrina, que é responsável pela reprodução, desenvolvimento e
crescimento, manutenção do meio interno, armazenamento e utilização de
metabólicos energéticos (AIRES, 1999).
A Tabela 10 teve como proposta apresentar o funcionamento de algumas
glândulas que compõem o sistema endócrino, com o objetivo de avaliar se as
condições e a organização de trabalho interferem neste sistema.
Tabela 10 - Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo com vistas à função endócrina (n=50)
Variáveis
Sim Não Não sabe f % f % f %
Diabetes 3 6 44 88 3 6 Hipertireoidismo 0 0 44 88 6 12 Hipotireoidismo 2 4 40 80 8 16 Alteração nos hormônios sexuais 10 20 31 62 9 18
Nesta função, os sujeitos do estudo foram questionados se eram portadores
de diabetes, hipertireodismo, hipotireoidismo e quanto à alteração dos hormônios
sexuais. Em relação às três primeiras variáveis, a maioria dos entrevistados
88
respondeu negativamente. Contudo, um número relevante de sujeitos (20%)
afirmou sofrer alteração nos hormônios sexuais.
À medida que o indivíduo vai envelhecendo, há um declínio no nível
hormonal. Com isso, homens e mulheres apresentam manifestações de ordem física
e psíquica. No homem, o declínio da testosterona acarreta a perda da libido,
diminuição da massa muscular, perda de energia, depressão, doenças
cardiovasculares, entre outros sintomas (ROHDEN, 2008). Nas mulheres, o declínio
do hormônio sexual começa por volta dos 40 anos, idade da maioria das mulheres
do estudo, conforme Tabela 1. Da mesma forma que os homens, pode-se perceber
que as mulheres também ficam vulneráveis a várias perturbações de ordem
comportamental, física, psíquica e social (ROHDEN, 2008).
De acordo com Veras e Nardi (2005), há grande prevalência de sintomas
depressivos que vêm sendo observados em mulheres peri ou pós-menopausadas,
mostrando que as queixas físicas e psíquicas são maiores nos três a quatro anos
antes da interrupção total da menstruação, ou seja, na perimenopausa.
Os sintomas do humor mais prevalentes durante a perimenopausa são
irritabilidade, desesperança, ansiedade, humor lábil ou deprimido, desmotivação,
dificuldade de concentração e sono interrompido durante a noite.
O perfil da população estudada apresenta idade crítica para a ocorrência
desses distúrbios. Sendo assim, o estado emocional pode estar relacionado tanto
com trabalho propriamente dito, como com as manifestações comuns ao declínio do
nível de hormônios sexuais.
Algumas alterações hormonais podem estar relacionadas a situações de
estresse vivenciadas no cotidiano do trabalho. Segundo Mendes (2005), as cargas
psicossociais laborais podem levar o indivíduo a desenvolver patologias de ordem
89
hormonal como, por exemplo, elevação do colesterol e obesidade, dentre outras
doenças.
4.3.6 Função Neurológica
Dando sequência à análise das funções fisiológicas, a Tabela 11 apresenta a
avaliação da função neurológica. Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento
de doenças neurológicas, destacaram-se: fatores mecânicos (responsáveis por
traumatismos e lesões de nervos), elementos físicos (radiações ionizantes, por
exemplo), agentes biológicos (contaminação por vírus e bactérias), agentes
químicos (mercúrio, manganês, anestésicos), organização de trabalho (que pode
desencadear estresse, distúrbios do sono) (MENDES, 2005).
Tabela 11 - Distribuição das respostas dos trabalhadores de enfermagem sobre a função neurológica (n=50)
Variáveis Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % f % f % f %
Alerta ao longo do dia 2 4 13 26 12 24 23 46 Boa memória 1 2 18 36 15 30 16 32 Alucinações 47 94 1 2 0 0 2 4 Facilidade de relatar eventos 8 16 9 18 10 20 23 46 Sustos com ruídos inesperados 23 46 21 42 3 6 3 6 Acidente vascular cerebral 49 98 1 2 0 0 0 0 Neuralgia 48 96 1 2 1 2 0 0 Enxaqueca 23 46 20 40 4 8 3 6 Epilepsia 49 98 1 2 0 0 0 0
A Tabela 11 apresenta a resposta dos sujeitos de estudos quanto à
ocorrência de patologias ou manifestações que sejam indícios de doenças
neurológicas. A partir desses dados, foi possível confrontar a etiologia da doença
com o ambiente de trabalho (considerando suas condições e organização).
A função neurológica, conforme consta na Tabela 11, mostrou como os
sujeitos de estudo avaliam este sistema a partir das seguintes variáveis: boa
90
memória, estar alerta ao longo do dia, nunca ter apresentado alucinações, ter
facilidade de relatar eventos, não ter sofrido AVC nem neuralgia ou epilepsia. Muitos
sujeitos expressaram que se assustam com ruídos inesperados e tem enxaqueca.
De acordo com Pahim, Menezes e Lima (2006), a enxaqueca é um tipo de
cefaléia que se apresenta como sintoma de uma dor tipo latejante ou pulsátil.
Indivíduos enxaquecosos normalmente relatam dificuldade para realizar atividades
da vida diária e apresentam piora em ambientes com nível alto de ruído, presença
de luz - características típicas do centro cirúrgico - e atividade física. A enxaqueca
acarreta sofrimento individual, prejuízo econômico para o trabalhador (despesas
com consultas médicas e medicamentos) e para a instituição hospitalar (pela
redução da produtividade e sobrecarga de trabalho dos demais membros as
equipe).
As mulheres adultas jovens são as principais vítimas da enxaqueca. Sua
ocorrência pode estar relacionada à variação do nível hormonal. Muitas se queixam
de enxaqueca antes, durante ou logo após o período menstrual, fase em que há
alteração nos níveis do estrógeno (PAHIM; MENEZES; LIMA, 2006). A maior parte
da amostra do presente estudo é constituída por mulheres, confirmando as
informações ressaltadas pela autora.
A Tabela 11 apresenta dados relevantes para a saúde do trabalhador, como a
necessidade de o profissional estar sempre alerta, que pode causar fadiga mental e
repercutir no desempenho de outras atividades, tanto no trabalho como no contexto
familiar.
O estado de alerta é variável ao longo do dia. À noite, por exemplo, é comum
o indivíduo apresentar um declínio tanto no estado de alerta quanto na interpretação
de fatos. Sendo assim, os trabalhadores inseridos no sistema de trabalho em turnos,
91
sobretudo aqueles que trabalham no turno da noite, são mais vulneráveis a
desenvolver problemas no desempenho de suas atividades.
Dentre os trabalhadores entrevistados, a maioria classificou ter um estado de
alerta sempre ou frequentemente adequado: 46% e 24%, respectivamente (Tabela
11).
Quanto ao estado mental, outras agressões à saúde observadas no trabalho
em turnos envolvem variação de humor, nervosismos, dificuldade de realizar um
trabalho habitual, perturbação na memória, entre outras (MENDES, 2005). Sendo
assim, a jornada de trabalho pode interferir na saúde dos profissionais de
enfermagem, que têm como característica estar trabalhando durante as 24 horas do
dia.
A Tabela 11 ilustra que os entrevistados apresentaram frequências relevantes
de prejuízo ao estado mental. A atividade desenvolvida por estes profissionais
requer dos mesmos uma boa concentração, estado de alerta adequado, facilidade
de relatar eventos, entre outras características.
Outra variável da tabela que retrata a função neurológica é a ocorrência de
Acidente Vascular Cerebral (AVC), doença caracterizada por uma disfunção
neurológica com duração em torno de 24 horas, proveniente da ruptura do
suprimento sanguíneo para o cérebro. Os fatores de risco para esta patologia
envolvem hipertensão, obesidade, diabetes mellitus e colesterol elevado, entre
outros (NETTINA, 2003).
Na Tabela 11, a ocorrência de AVC apresentou baixa frequência: 2%
afirmaram ter apresentado o problema. Entretanto, a alta frequência de indivíduos
obesos na presente pesquisa indica uma vulnerabilidade para desenvolver esta
patologia neurológica.
92
O AVC instalado pode favorecer a ocorrência de epilepsia – distúrbio
caracterizado por convulsões que podem causar prejuízos funcionais. Assim como o
AVC, a epilepsia apresentou uma baixa ocorrência: apenas 2% dos entrevistados
informaram ter apresentado esse quadro (Tabela 11). Sendo assim, é importante
traçar medidas preventivas a fim de minimizar a ocorrência de casos que deixem o
trabalhador vulnerável a essa patologia.
4.3.7 Função Psíquica
Dando prosseguimento a avaliação das funções psicofisiológicas, apresenta-
se a Tabela 12, com variáveis que mostram como é percebida a função psicológica
pelos trabalhadores de enfermagem inseridos no centro cirúrgico.
Tabela 12 - Distribuição das respostas dos sujeitos do estudo de acordo com a função psíquica (n=50)
Variáveis Nunca Às Vezes Frequentemente Sempre f % F % f % f %
Sentir-se irritado 10 20 35 70 3 6 2 4 Crises de choro 32 64 15 30 2 4 1 2 Amnésia 37 74 12 24 1 2 0 0 Sentir-se deprimido 22 44 27 54 1 2 0 0 Intolerante 21 42 26 52 1 2 2 4 Ansiedade 8 16 32 64 4 8 6 12 Angustia 16 32 32 64 0 0 2 4 Irritar-se facilmente 25 50 22 44 2 4 1 2 Mau humor 28 56 20 40 2 4 0 0 Insônia 27 54 18 36 3 6 2 4 Acordar várias vezes durante o período que está dormindo
20
40
19
38
6
12
5
10
Dificuldade de voltar a dormir depois que acorda
28
56
17
34
3
6
2
4
Sentir-se sonolento ao longo do dia 8 16 35 70 5 10 2 4 Sono satisfatório para necessidades 7 14 30 60 3 6 10 20
A Tabela 12 apresenta a avaliação da função psíquica pelo trabalhador. Nesta
função, foi possível constatar que, de uma forma geral, as crises de choro, a
amnésia e o mau humor não figuram entre os problemas psíquicos.
93
Os demais problemas referidos foram: irritação, depressão, angústia,
insônia, acordar várias vezes no período em que está dormindo, dificuldade de voltar
a dormir, sonolência e sono insatisfatório, todos fatores relevantes que podem gerar
problemas para a saúde do trabalhador e para a instituição, uma vez que podem
afetar a eficiência do trabalho realizado.
O ritmo de trabalho num centro cirúrgico é frenético. Muitas vezes, o
trabalhador está correndo contra o tempo a fim de que o material esteja na sala para
que o procedimento cirúrgico seja realizado. Às vezes, o material pode estar em falta
no setor ou estar apresentando funcionamento inadequado, e mesmo assim é
preciso usá-lo. São algumas das queixas que o trabalhador ouve e tem que
continuar trabalhando, muitas vezes improvisando uma forma de solucionar o
problema para atender a demanda.
A necessidade de realizar uma dupla jornada de trabalho reduz o tempo de
descanso e faz com que o trabalhador acumule o cansaço do outro emprego, dessa
forma, sacrificando o próprio sono com horas mal dormidas quanto à qualidade e
quantidade, assim comprometendo o seu desempenho profissional.
O trabalho em turnos é um fator relevante que pode ser o grande responsável
pelas alterações no sono, sobretudo entre os trabalhadores que atuam no horário
noturno, uma vez que eles alteram o ciclo biológico, trabalhando num período em
que o organismo deveria estar em descanso.
De acordo com Mendes (2005), o trabalho em turnos desencadeia uma série
de alterações no sono, dentre elas: redução na duração do sono principal, aumento
na sonolência, aumento dos cochilos durante a jornada de trabalho, dificuldade de
realizar sono diurno por conta de fatores ambientais (ruído, desconforto térmico,
entre outros), confirmando, portanto, os dados apresentados na Tabela 12.
94
A ansiedade foi um problema que apresentou frequência relevante entre os
trabalhadores entrevistados, já que 64% afirmaram sua ocorrência de forma
esporádica (Tabela 12). Pode estar relacionada com a organização do trabalho, ou
seja, ao trabalho em turnos, por exemplo. De acordo com Mendes (2005), o trabalho
em turnos pode levar o trabalhador a desenvolver fadiga crônica, nervosismos, mau
humor, ansiedade, depressão, entre outras perturbações psicológicas.
As neuroses traumáticas, ou seja, as angústias que se originam a partir da
vivência intensa de uma ameaça localizada, constituem uma agressão ao psiquismo,
podendo fazer com que o trabalhador desenvolva alterações psicossociais, como
irritabilidade, distúrbios do sono e pesadelos, entre outras intercorrências (MENDES,
2005).
Na Tabela 12, observa-se um número relevante de sujeitos que afirmou
apresentar esporadicamente problemas como irritabilidade, depressão, intolerância,
ansiedade e angústia, que podem estar relacionados com a neurose pós-traumática.
Outro problema, destacado na Tabela 12, que teve uma frequência relevante
de respostas foi a esporádica depressão (54%) dos entrevistados. Os quadros
depressivos relacionados ao trabalho geralmente revelam-se de forma sutil. A
pessoa que se encontre num quadro depressivo normalmente se retrai, fala menos
que o habitual, não tem disposição para realizar atividades de entretenimento. A
etiologia pode estar relacionada com a sobrecarga de trabalho, prolongamento da
jornada de trabalho, pouco tempo dedicado ao sono e mudanças organizacionais,
entre outras razões (MENDES, 2005).
Os fatores apontados neste estudo vão ao encontro de resultados
encontrados por outros estudiosos do tema, como, por exemplo, Oler et al. (2005),
95
Peniche (2005), Schartz e Baldin (2005), entre outros quando também investigaram
questões relacionadas com a saúde do trabalhador de enfermagem.
96
CAPÍTULO V
CONCLUSÃO
Diante das evidências resgatadas através da investigação sobre a
organização e condições de trabalho e seu impacto nas funções psicofisiológicas
dos trabalhadores de enfermagem inseridos no centro cirúrgico, foi possível chegar
a algumas conclusões.
Os trabalhadores deste estudo são mulheres, confirmando a tendência do
sexo feminino na profissão. Ainda quanto à questão sociodemográfica, a maioria
encontra-se em idade economicamente ativa, possibilitando a ocorrência do outros
vínculos empregatícios, levando a um tempo maior de exposição aos riscos oriundos
do trabalho.
Ainda sobre a organização de trabalho, foi possível observar que a baixa
remuneração, a responsabilidade excessiva, a grande duração da jornada de
trabalho e a falta de treinamento foram pontos críticos, podendo ser responsável
pelas agressões à saúde do trabalhador sobretudo quanto à função psíquica.
Quanto à função psíquica, as principais alterações observadas, a partir das
respostas da amostra da presente investigação, foram quanto ao padrão de sono,
ansiedade e irritação.
Outro ponto levantado no presente estudo foram as condições de trabalho do
centro cirúrgico. O referido setor possui problemas relevantes, principalmente quanto
a iluminação, a temperatura e quanto aos riscos de acidentes. Os problemas
apresentados, pelos sujeitos do estudo, levam a inferir que os trabalhadores estão
propensos a desenvolver afecções à saúde por conta da adaptação a este ambiente.
Nesta investigação, a parte fisiológica contemplou as funções cardiovascular,
97
respiratória, gastrintestinal, endócrina, renal e neurológica. Em todas foi possível
observar inadequações quanto ao funcionamento em diferentes frequências, sendo
que as três primeiras foram objeto do maior número de queixas.
Na função cardiovascular, as informações dos respondentes apontaram
vulnerabilidade a edema em membros inferiores, hipertensão arterial e fadiga, o que
é procedente considerando que os trabalhadores de enfermagem passam a maior
parte da jornada de trabalho em posição ortostática.
Na função respiratória, os problemas que figuraram com maior frequência
foram tosse, asma e alergia respiratória. No setor estudado, os trabalhadores
convivem muito próximo a gazes anestésicos, entre outras medicações que podem
desencadear afecções respiratórias.
Quanto à função gastrintestinal, os pontos críticos envolveram a inadequação
da refeição e a frequência de constipação intestinal entre os trabalhadores. O ritmo
de trabalho do setor estudado colabora para que a refeição não seja realizada em
horário regular e, com isso, os trabalhadores ficam propensos a desenvolver
intercorrências gastrintestinais, dentre elas a constipação.
Sendo assim, pode-se concluir que a organização e as condições de trabalho
de enfermagem do centro cirúrgico interferem de fato nas funções psicofisiológicas.
É de grande valia que o desenvolvimento do trabalho e as condições do ambiente
sejam continuamente avaliados, de modo a oferecer aos trabalhadores inseridos no
setor a possibilidade de alcançarem melhor qualidade de vida.
A partir dos resultados obtidos neste estudo, apresentam-se as sugestões a
seguir:
À direção do hospital: levantar os riscos inerentes ao trabalho no centro
cirúrgico, a fim de desenvolver alternativas que visem à manutenção da saúde do
98
trabalhador, reduzindo os riscos e, por conseguinte, as doenças relacionadas ao
trabalho;
Aos chefia de enfermagem: contribuir com informações que ajudem na
organização do trabalho, minimizando, dessa forma, os riscos para a saúde dos
trabalhadores e ressaltar sobre a importância do treinamento de pessoal;
Aos trabalhadores de enfermagem: refletir a partir da exposição deste
trabalho sobre a responsabilidade sobre a própria saúde, desenvolvendo ações que
contribuam para a manutenção das funções psicofisiológicas, realizar educação
continuada sobre alimentação e fazer atividades de relaxamento sempre que
possível, durante a jornada de trabalho;
Aos sindicatos: contribuir com informações levantadas a partir dessa pesquisa
para balizar discussões referentes a propostas de legislações relacionadas com a
saúde do trabalhador.
99
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105
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado a participar da pesquisa intitulada Funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem de centro cirúrgico, que tem como objetivos:
• Identificar na percepção dos profissionais de enfermagem as condições e a organização do trabalho no centro cirúrgico com vistas às funções psicofisiológicas;
• Descrever na percepção dos trabalhadores as funções psicofisiológicas dos trabalhadores de enfermagem,de um centro cirúrgico;
• Discutir as estratégias utilizadas pelos trabalhadores de centro cirúrgico, para lidar com as condições e organização do trabalho, considerando suas funções psicofisiológicas;
• Analisar as funções psicofisiológicas do trabalhador no centro cirúrgico e as estratégias utilizadas pela equipe de enfermagem na perspectiva das implicações para a saúde do trabalhador.
A sua participação não envolve nenhum custo para sua pessoa e para sua atividade profissional. Você não receberá remuneração para participar da pesquisa. As despesas oriundas da pesquisa serão de responsabilidade da mestranda. Sua identidade será mantida no anonimato. Você tem total liberdade de recusar a participar. Caso aceite participar, você poderá, a qualquer momento, obter informações a respeito do andamento da pesquisa bem como retirar seu consentimento mesmo que tenha antes se manifestado favorável entrando em contato com as pesquisadoras ou com o Comitê de Ética em Pesquisa do HUCFF tel: (21) 2562 2480. Os resultados do estudo serão apresentados em eventos e artigos científicos, trazendo como benefícios a melhoria na formação do enfermeiro nas questões sobre a saúde do trabalhador que entende-se ser importante fator para a qualidade da assistência de enfermagem além de propor estratégias de condições e organização de trabalho que venham a coadunar com a qualidade de vida no trabalho. Serão garantidos os aspectos éticos, de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Regional de Saúde (CNS).
Pesquisadoras:
_________________________ _________________________ Rosa Maria Nascimento Souza Regina Célia Gollner Zeitoune
Rua Afonso Cavalvante, 275 [email protected] Cidade Nova/ RJ - orientadora
Tel: (21) 22938899 r: 215
Rio de Janeiro, ______de ________________ de 2009
Declaro estar ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e de que estou
de acordo em participar do estudo proposto.
______________________________________________ SUJEITO DA PESQUISA
106
APÊNDICE B – FORMULÁRIO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY COORDENAÇÃO GERAL DO CURSO DE GRADUAÇÃO E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM NÚCLEO DE PESQUISA DE ENFERMAGEM E SAÚDE DO TRABALHADOR
Nº da pesquisa: ___________
Caracterização da Clientela
A) Características Pessoais
1. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 2. Idade: ________ anos completos 3. Estado Conjugal Atual: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Separado(a) ( ) Viúvo(a) ( ) Outro 4. Escolaridade ( ) fundamental ( ) ensino médio ( ) graduado ( ) especialização ( ) mestrado ( ) doutorado B) Características Profissionais 1. Formação ( ) Enfermeiro ( ) Técnico de enfermagem ( ) Auxiliar de enfermagem 2. Qual é a sua ocupação: __________________________________
3. Vinculo com o hospital: ( ) RJU ( ) terceirizado 4. Escala de trabalho: ( ) 12/36 hora ( ) 12/60 horas ( ) outro. Qual? ______ 5. Horário do turno de trabalho de trabalho? ( ) diurno ( ) noturno ( ) outro qual?________________________
107
6. Tempo de formação (em anos)___________________________ 7. Tempo de atuação no Centro Cirúrgico (em anos) ______________ 8. Tem outro emprego? ( ) sim ( ) não Em caso afirmativo, qual setor de atuação? ______________________________
I. Característica das Condições de trabalho no ponto de vista do trabalhador
sempre frequentemente às vezes nunca
O centro cirúrgico tem Iluminação adequada?
O centro cirúrgico é frio?
O centro cirúrgico é quente?
O centro cirúrgico é ventilado?
O espaço é adequado para as suas características antropométricas?
Possui risco de acidentes (por quedas batidas ou explosões)?
Apresenta poluição ambiental?
Apresenta poeira?
108
II. Característica da Organização de trabalho no ponto de vista do trabalhador
sempre frequentemente às vezes nunca
Você está satisfeito com o trabalho realizado?
Você considera sua remuneração adequada?
Você considera seu trabalho Monótono?
Possui responsabilidade excessiva?
Você já sofreu pressão de chefia por produtividade?
Ritmo de trabalho do seu é intenso?
Você realiza pausas durante o trabalho?
O esforço físico no trabalho realizado é intenso?
A jornada de trabalho é longa? Divisão de tarefas adequada? Conteúdo da tarefa adequado? Sistema hierárquico adequado? Modalidade de comando adequada?
Você tem tempo suficiente para realização das tarefas?
Recebe treinamento para realização de tarefas?
Comunicação entre as atividades, ações e operações são adequadas?
Ritmo de trabalho é adequado ? Sistema de comunicação interna é eficiente?
Você possui bom relacionamento com os colegas de trabalho?
Realiza horas extras?
O que você costuma fazer nos seus horários de folga? ( ) ver televisão ( ) acessar internet ( ) praticar esporte ( ) dedicar a alguma atividade religiosa ( ) ler jornal ( ) outra atividade. Qual? ___________________________________
109
III. Funções Psicofisiológicas
Responda as questões, a seguir, sobre funções psicofisiológicas, considerando a seguinte legenda: N (nunca), A (às vezes), F (frequentemente), S (Sempre). Função Cardiovascular: N A F SSente dor torácica? Sente alteração na temperatura? Sente palpitações? Sente-se fadigado? Observa alteração na frequência cardíaca? Tem pressão alta? Observa edema em membros inferiores? Apresenta cianose? Apresenta icterícia? Função Respiratória: N A F SSente falta de ar? Apresenta tosse seca? Apresenta tosse produtiva? Percebe alteração na frequência respiratória? Apresenta secreção sanguinolenta quando tosse? Bronquite? Asma? Alergia Respiratória?
FunçãoGastrintestinal: Peso?________kg Altura?______m N A F SRealiza refeições em horários regulares? Faz refeições balanceadas? Sente dores abdominais? Sente indigestão? Náuseas? Vômitos? Diarréia? Constipação? Disfagia? Tem lesões orais? ( ) Sim ( ) Não Falta de dentes? ( ) Sim ( ) Não Sangramentos na boca? ( ) Sim ( ) Não Apresenta esteatorréia? ( ) Sim ( ) Não
110
Função Renal N A F SApresenta sangue na urina? Apresenta grande volume de urina, desproporcional a ingesta hídrica? Apresenta pequeno volume de urina ao longo do dia? Já apresentou ausência de urina? Apresenta dor ou dificuldade na micção? Apresenta micção excessiva à noite? Apresenta micção lenta e dolorosa? Apresenta eliminação involuntária de urina?
Função Neurológica N A F SApresenta-se alerta ao longo do dia? Tem boa memória? Tem alucinações? Tem facilidade de relatar eventos? Assusta-se facilmente com ruídos inesperados? Acidente vascular cerebral Neuralgia Enxaqueca epilepsia
Função Psíquica N A F SSente-se irritado? Apresenta crises de choro? Amnésia? Sente-se deprimido? Intolerante? Sente-se ansioso? Sente angustiado? Irrita-se facilmente? Apresenta mau humor? Tem insônia? Acorda varias vezes durante o período q está dormindo? Tem dificuldade de voltar a dormir depois que acordou? Sente-se sonolento ao longo do dia? O período que passa dormindo é satisfatório para suas necessidades? Função Endócrina É diabético? ( ) Sim ( ) Não ( ) não sabe Tem hipertireoidismo? ( ) Sim ( ) Não ( ) não sabe Tem hipotireoidismo? ( ) Sim ( ) Não ( ) não sabe Alteração nos hormônios sexuais? ( ) Sim ( ) Não ( ) não sabe
111
APÊNDICE C - CARTA DE APRESENTAÇÃO
Eu, Profª. Drª. Regina Célia Gollner Zeitoune, professora do Departamento de
Enfermagem de Saúde Pública da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade
Federal do Rio de Janeiro venho, por meio desta, apresentar Rosa Maria Nascimento Souza, aluna do Curso de Mestrado em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery
(EEAN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a fim de solicitar autorização
para a coleta de dados necessária à sua dissertação intitulada “Funções psicofisiológicas
dos trabalhadores de enfermagem de centro cirúrgico”, de autoria da referida aluna inscrita
no Curso supra citado, sob minha orientação.
O referido estudo tem como objetivos:
• Identificar na percepção dos profissionais de enfermagem as condições e a
organização do trabalho no centro cirúrgico com vistas às funções psicofisiológicas; • Descrever na percepção dos trabalhadores as funções psicofisiológicas dos
trabalhadores de enfermagem,de um centro cirúrgico;
• Discutir as estratégias utilizadas pelos trabalhadores de centro cirúrgico, para lidar
com as condições e organização do trabalho, considerando suas funções
psicofisiológicas; • Analisar as funções psicofisiológicas do trabalhador no centro cirúrgico e as
estratégias utilizadas pela equipe de enfermagem na perspectiva das implicações
para a saúde do trabalhador. A coleta de dados será realizada pela própria mestranda de acordo com a
disponibilidade dos trabalhadores, após o período de trabalho e o aceite dos mesmos em
participar do estudo. Serão garantidos o anonimato dos sujeitos e todos os outros direitos
relativos a pesquisa com seres humanos descritos nas Normas de Pesquisa em Saúde do
Conselho Nacional de Saúde 196/96.
Será garantido também o anonimato do hospital se assim ficar acordado, a partir da
autorização da realização da pesquisa junto aos trabalhadores, que serão sujeitos da
pesquisa.
A presente solicitação justifica-se pela necessidade de tê-la para que o projeto seja
encaminhado ao Comitê de Ética da EEAN/UFRJ para análise e aprovação do mesmo no
que se refere aos aspectos éticos da pesquisa.
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Cabe esclarecer que os resultados serão utilizados na defesa da dissertação, na
apresentação em eventos científicos e periódicos científicos e que o estudo pretende trazer
contribuições para a saúde do trabalhador de enfermagem bem como para os profissionais
que atuam nos serviços de saúde do trabalhador.
Comprometemos de que após aprovação pelo referido Comitê de Ética,
encaminharemos ao Hospital o Parecer de aprovação do mesmo e na conclusão um
exemplar da dissertação.
Sem mais para o momento, contando com vossa aquiescência coloco-me a disposição
para maiores esclarecimentos, se necessário.
Cordialmente
Rio de Janeiro, novembro de 2008.
Profª. Drª. Regina Célia Gollner Zeitoune
Contatos: Regina Célia Gollner Zeitoune Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ Rua Afonso Cavalcanti 275 – Cidade Nova Rio de Janeiro Telefones: (21) 2293.8999/8148/0528 ramal 215 ou 315 ( Gabinete da Direção) E-mail: [email protected]