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Detecção dos genes cdtA e cdtB em cepas toxigênicas de Clostridium difficile isoladas no Rio de Janeiro Rosane Ferro Trindade Rio de Janeiro 2009

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Detecção dos genes cdtA e cdtB em cepas toxigênicas de

Clostridium difficile isoladas no Rio de Janeiro

Rosane Ferro Trindade

Rio de Janeiro

2009

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ROSANE FERRO TRINDADE

Aluna do curso de Biotecnologia

Matrícula 0623800250

Detecção dos genes cdtA e cdtB em cepas toxigênicas de

Clostridium difficile isoladas no Rio de Janeiro

Trabalho de Conclusão de Curso, TCC apresentado

ao curso de graduação em Biotecnologia, da UEZO

como partes dos requisitos para obtenção do grau de

Tecnólogo em Biotecnologia e realizado sob a

orientação da Prof(a) Eliane de Oliveira Ferreira

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TRINDADE, Rosane Ferro

Detecção dos genes cdtA e cdtB em cepas toxigênicas de Clostridium difficile isoladas no Rio de Janeiro/ Rosane Ferro Trindade. – Rio de Janeiro, 2009.

viii. 39p

Trabalho de Conclusão de Curso: Tecnólogo em biotecnologia - Centro Universitário Estadual da Zona Oeste - (UEZO), Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes.

Orientador: Eliane de Oliveira Ferreira

1.Clostridium difficile 2.Genes cdtA e cdtB 3.PCR 4.Rio de janeiro – I. Ferreira, Eliane de Oliveira. II. Centro Universitário Estadual da Zona Oeste, Curso de Graduação em Biotecnologia. III. Título

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Detecção dos genes cdtA e cdtB em cepas toxigênicas de

Clostridium difficile isoladas no Rio de Janeiro

Elaborado por Rosane Ferro Trindade

Aluna do curso de Biotecnologia da UEZO

Este trabalho de graduação foi analisado e aprovado com

Grau: 10,0

Rio de janeiro, 17 de dezembro de 2009

Eduardo de Matos Nogueira Membro, Doutor

Judith Liliana Lemos Membro, Doutor

Eliane de Oliveira Ferreira Presidente, Doutor

Rio de Janeiro – RJ, Brasil.

Dezembro de 2009

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Dedico esse trabalho ao meu amado, amigo

fiel, a pessoa do Espírito Santo de Deus e a

minha querida grande família.

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Agradecimentos

• Incansavelmente a pessoa mais importante na minha vida e que tenho mais

amor. Por ter enviado seu filho para o propósito de me dar vida e foi pela

sua graça que estou aqui hoje e pela mesma Ele tem me capacitado para o

agradá-lo e cada dia e fazer valer a sua palavra na minha vida. A pessoa do

Espírito Santo de Deus, que a cada dia tem me concedido força, sabedoria,

amor, e principalmente ensinamentos para todos os dias subir mais um

degrau de acordo com a sua vontade. Deus tem me proporcionado muito

mais de tudo àquilo que tenho pedido ou pensado. É o meu melhor amigo

quem quero estar perto todos os meus dias e quem merece todo o meu

louvor e adoração. Que o teu Reino venha e seja feita a tua vontade.

• A minha grande família, por todas as coisinhas que sô meus pais fazem por

mim Elias e Rosana, por toda a força e esforço que fazem para me criar

com muito prazer. Meus irmãos Eric e Enric que eu amo e pela paciência

de me deixaremeu ficar horas com o computador só pra mim e por sempre

me matarem de rir. As minhas tias (Rose, Dorinha e Angélica) e tios

(Natanael e Robson) por todas as orações e broncas e por todos momentos

de risos também. Aos meus primos Léo e Leandrão. Léo por me quebrar

vários “galhos” e por Leandro por me ajudar com todos outros problemas

dos outros. E ainda minhas primas (Alessandra e Andreza) que tive que

expulsar varias vezes do meu computador também. Amos essa Grande

família

• A professora Regina Maria e Eliane Ferreira que me acolheram no

laboratório de biologia de anaeróbios, nossa não caberia nesse trabalho

todas as ajudas por elas dadas, mais serei eternamente grata a essas

grandes mulheres. Agradeço a Deus por me permitir estar próximo de

pessoas de caráter as quais tenho muito respeito e admiração e grande

amizade. Gostaria também de agradecer a Dr Lili em particular por ter me

agüentado todas as vezes que chamei seu nome, foram muitas vezes. E a

todas tantas coisas, principalmente pelos ensinamentos e risadas. Não

poderia deixar de falar da Dr ilana grande amiga que não movia esforços

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para me ajudar, nossa Ilana muito obrigado por todas as palavras de

incentivo e dicas e artigo e etc.

• Aos amigos do laboratório. Pela paciência do Joaquim por todas as

conversas com a Láis, todos os PCRs, analise de Gram, gel de agarose

tiradas de tubos da ultra centrifuga, das meninas ([Karlinha, Renatinha e],

Heide) etc. e por toda compreensão e carinho dada por todos, e é claro por

todos os momentos descontraídos com o Leandrinho, Felipe e a Natasha

querida e pela amizade e paciência da Mari e as caronas para o metrô. Ahh

é claro não posso me esquecer da Debrinha, Thais e Fabi que são ótima

companhia.

• A minha co-orientadora Dr. Jéssica, por todos os ensinamentos e ajuda e

por ser a responsável por me colocar em companhias de pessoas muito

importantes pra minha vida.

• Não poderia de deixar de agradecer a todas as pessoas que duvidaram,

que foram falsas comigo, que brigaram e que me disserem palavras de

ruins, que debocharam de mim, pois foi por todas essas dificuldades que

consegui terminar esse projeto. Não há vitória sem batalha.

• A minha turma que me proporcionou meus piores e melhores 3 anos da

minha vida, que contribuíram para aprimoramento da minha paciência.

Meus agradecimentos ao Vinny, Diego, Ramom, Laidson, Rômulo e Kayodé

afff. E as meninas Aline, Cyntia, Carol, Jéssica, minha companheira Letícia

que me ajudou muito para a realização desse projeto. E a todos os

funcionários da minha faculdade que me ajudam sempre. E a todos meus

professores.

• A todos meus amigos da igreja pessoas que torceram para que eu

terminasse e que compreenderam a minha ausência. A minha grande

amiga Amanda que tem sido amiga de todas as horas. Toda minha igreja a

meus pastores e pastoras que tem sido referencial para minha vida, e que

se dispuseram a viver pala causam de cristo e a cada dia nos servem a

palavra, maravilhosa de Deus.

• O meu MUITO OBRIGADO.

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Resumo

Clostridium difficile é uma bactéria anaeróbica na qual consiste de bactérias Gram-

positivas formadoras de esporos. Estes têm sido associados a casos de diarréia

por antibióticos (DAA) e colite pseudomembranosa (PMC). Entre os vários fatores

de virulência, as toxinas (A) enterotoxina e (B) citotoxina são os principais

determinantes de virulência dessa espécie. Algumas cepas também podem

produzir uma toxina binária CDT (ADP-ribotransferase), mas a participação real de

toxina presente no processo de infecção é ainda desconhecida. CDT é uma toxina

tipo AB e sua expressão está associada com os genes cdtA e cdtB, que

expressam duas subunidades independentes, o CDTA (componente enzimático) e

CDTB (componente de ligação). Ao longo dos anos, um aumento na incidência de

casos de CID (infecção associada a C. difficile) e PMC (colite

pseudomembranosa), em vários países, está relacionado com a rápida

disseminação da cepa hipervirulenta de C. difficile, caracterizada por eletroforese

em gel de campo pulsado (PFGE) e denominada NAP1. Esta cepa tem uma

deleção no gene que regula negativamente a expressão das toxinas A e B,

resultando em uma maior expressão e altos níveis de resistência a

antimicrobianos. Em um estudo anterior, nosso grupo isolou e caracterizou 21

cepas de C. difficile em fezes de pacientes sintomáticos e assintomáticos

relacionadas com a DAA e do ambiente do Instituto de Puericultura e Pediatria

Martagão Gesteira (IPPMG / UFRJ). Essas cepas foram consideradas toxigênicas

pela presença dos genes tcdA e tcdB. Por esse motivo, o objetivo deste estudo foi

a pesquisa para os genes cdtA e cdtB nessas cepas, usando a ferramenta de

PCR. Das 21 amostras analisadas, seis apresentaram somente o gene cdtA.

Novos primers foram desenhados para amplificar uma região diferente do gene

cdtB, com objetivo de confirmar a ausência do mesmo. Todos os fragmentos

amplificados foram seqüenciados para confirmar sua similaridade a partir dos

dados do Gene Bank em comparação com a seqüência genômica da cepa 630 de

C. difficile.

Palavras chave: Clostrifium difficile, PCR, toxina binária.

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Abstract

Clostridium difficile is an anaerobic bacteria consisting of Gram-positive spore-

forming. These microorganisms have been linked to cases of antibiotic-associated

diarrhea (AAD) and pseudomembranous colitis (PMC). Among several virulence

factors, the toxins A (enterotoxin) and B (citotoxin) are the major virulence

determinants of the species. Some strains can also produce a binary toxin CDT

(ADP- ribotransferase), but the real involvement of this toxin in the infectious

process is still unknown. CDT is an AB type toxin and its expression is associated

with cdtA and cdtB genes, which express two independent subunits, the CDTa

(enzymatic component) and CDTb (binding component). Over the years, an

increase in the incidence of case ratio of CID (infection associated to C. difficile)

and PMC (pseudomembranous colitis), in several countries, are related to the fast

spread of the hypervirulent strain of C. difficile, characterized by pulsed field gel

eletrophoresis (PFGE) and denominated NAP1. This strain has a deletion in the

gene that regulates negatively the expression of the A and B toxins, resulting in its

over expression and high levels of antimicrobials resistance. In a previous study,

our group isolated and characterized 21 strains of C. difficile from stools of

symptomatic and asymptomatic patients related to DAA and from the environment

of the Puericultura and Pediatria Martagão Gesteira Institute (IPPMG/UFRJ).

These strains were considered toxigenic because by PCR tcdA and tcdB genes

were detected. For that reason, the aim of this study was to search for the cdtA

and cdtB genes in those strains, using the PCR tool. Of the 21 strains analyzed, 6

presented only the cdtA gene. New primers were also designed to amplify a

different region of the cdtB gene, hence we could confirm the absence of the cdtB

gene. All the amplified fragments were sequenced to confirm its similarity to the

sequence from the Gene Bank data and compared to the genomic sequence of C.

difficile 630 strain.

Palavras chave: Clostrifium difficile, PCR, binary toxin.

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Índice

Lista de tabelas e figuras........................................................................................................vi Resumo.................................................................................................................................vii Abstract................................................................................................................................viii 1) Introdução...........................................................................................................................1

1.1) Bactérias anaeróbias....................................................................................................1 1.2) Clostridium difficile ....................................................................................................2 1.3) Fatores de virulência ...................................................................................................5

2) Objetivos ..........................................................................................................................10 2.1)Objetivos específicos..................................................................................................10

3) Metodologia .....................................................................................................................11 3.1) Cepas Bacterianas .....................................................................................................11 3.2) Condições de cultivo .................................................................................................11 3.3) Detecção dos genes cdtA e cdtB. ..............................................................................13

3.3.1 Extração de DNA cromossômico. .......................................................................13 3.3.2) Reação da polimerase em cadeia (PCR) ............................................................13 3.3.3) Eletroforese em gel de Agarose .........................................................................15 3.3.4) Purificação e sequenciamento ............................................................................15 3.3.5) Análise bioinformática .......................................................................................16

4) Resultados ........................................................................................................................17 4.1) analise eletroforética .............................................................................................17

4.2) Bioinformática...........................................................................................................19 4.3) Análise dos resultados...............................................................................................21

5) Conclusão..........................................................................................................................23 6) Referencias Bibliográficas................................................................................................24

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Lista de Figuras

Figura 1 - Locus Gênico da toxina da toxina binária. As setas indicam as regiões amplificadas pelos pares de primers utilizados em nosso estudo. Tais regiões são meramente ilustrativas. Fonte: Stare et al., 2007...................................................15 Figura 2 - Gel de agarose demonstrado a amplificação do gene cdtA para as cepas de C. difficile. Linha 1- 1Kb; linha 3- controle negativo; linha 4- NAP (controle positivo); linhas 5, 7, 8, 9, 10 e 11 – cepas positivas para o gene cdtA..19 Figura 3 - Gel de agarose demonstrando a amplificação da região da toxina binária com o par de nucleotídeos cdtAF e cdtBR1. Linha 1 - 1Kb; Linhas de 2-10 cepas positivas para o gene da toxina cdtA/cdtB; linha 12 Nap1 027 (controle positivo); linha 13- controle negativo......................................................................20

Lista de Tabelas Tabela1 : Cepas de Clostridium difficile utilizadas no estudo para análise da presença do gene da toxina binária........................................................................12

Tabela 2: Sequência de oligonucletídeos utilizados para a amplificação das sequências internas do gene da toxina binária......................................................14

Tabela 3 : Análise da presença do gene da toxina binária por PCR das cepas de C.difficile.................................................................................................................18

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1) Introdução

1.1) Bactérias anaeróbias As bactérias anaeróbias são organismos incapazes de sobreviver na

presença do oxigênio molecular ou incapazes de se multiplicar na presença do

mesmo. Sua importância e papel têm sido evidenciados nos últimos anos por não

somente como patógenos, mas pelo fato de serem integrantes da microbiota

anfibiôntica normal humana e de animais. A maioria delas participa do

metabolismo desses organismos ao realizar a produção e elaboração de enzimas

e vitaminas essenciais, além de ajudar no metabolismo de certos polissacarídeos

(FERREIRA, DOMINGUES & UZEDA, 2003). No entanto, com o aprimoramento

de técnicas de identificação, as bactérias anaeróbias têm chamado a atenção por

sua importância na clinica médica humana e veterinária, pelo fato de causarem

infecções graves e freqüentemente fatais como abscessos (cerebral, pulmonar e

peritonial), bacteremia e septicemia (ENGELKIRK, 1992).

Seu maior predomínio é no trato gastrintestinal onde superam em número

as bactérias facultativas em até 1000:1, principalmente no cólon e podem ainda

estar presente em regiões como pele, cavidade oral e trato urogenital (FINEGOLD

& GEORGE, 1989). Os quadros infecciosos envolvendo esses microrganismos

acontecem normalmente por um desequilíbrio no sítio da colonização. Estes estão

relacionados principalmente com o uso indiscriminado de antimicrobianos e

processos invasivos (cirurgias e traumas), que facilitam a sua passagem da luz

intestinal para sítios extra-intestinais usualmente estéreis, levando ao

desenvolvimento de infecções ditas endógenas (FERREIRA, DOMINGUES &

UZEDA, 2003).

Devido à dificuldade relacionada ao isolamento e cultivo desses

organismos, sua identificação e associação com algumas infecções, ainda

permanecem negligenciadas. Contudo, é possível distinguir as principais bactérias

anaeróbias de interesse médico de acordo com suas características morfo-

tintoriais, por exemplo: bastonetes Gram-positivos esporulados (Clostridium spp.,

bastonetes Gram-positivos não esporulados (Actinomyces spp., Bifidobacterium

spp., Eubacterium spp., Lactobacillus spp., Propionibacterium spp.); cocos Gram-

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positivos (Peptostreptococus spp., Peptococus spp.); bastonetes Gram-negativos

(Bacteroides spp., Fusobacterium spp., Porphyromonas spp., Protovella spp,

Bilophila spp.); cocos Gram-negativos (Veillonella spp.) (FERREIRA,

DOMINGUES & UZEDA, 2003).

Embora as bactérias do gênero Clostridium sejam caracterizadas pela

capacidade de produzir endosporos (estruturas de repouso formadas dentro da

célula bacteriana, que apresentam alto grau de resistência a fatores adversos),

outras esporulam apenas sob condições ambientais desfavoráveis (ENGELKIRK,

1992). Tal característica contribui não só para um tempo maior de sobrevivência

desse microrganismo no ambiente, mas também para um aumento na resistência

a antimicrobianos, o que dificulta o tratamento de uma infecção associada a este

gênero Bacteriano.

1.2) Clostridium difficile A espécie Clostridium difficile foi descrita pela primeira vez em 1935, como

componente da microbiota intestinal de neonatos saudáveis. Foi inicialmente

assim chamado devido à dificuldade dos pesquisadores de isolá-lo. A espécie foi

inicialmente classificada como sendo constituída de bacilos Gram-positivos,

formadores de endosporos , que produzem toxinas na forma vegetativa, e

susceptíveis a antimicrobianos (McDONALD, 2005). Por outro lado, na forma

esporulada, considerada um estado de dormência, a bactéria não produz toxinas,

mas se torna resistente à ação de antibióticos. No ano de 1970, C. difficile foi

identificado como o agente etiológico da colite pseudomembranosa (PMC), desde

então passou a ser associado a quadros de infecções humanas (BARLETT et al.,

1978). Entretanto, estudos têm relatado infecções por Clostridium difficile, CDI,

podem variar de colonização assintomática para uma ligeira diarréia e para

síndromes mais graves da doença, incluindo dor abdominal, febre e leucocitose.

Dentre as complicações estão às lesões inflamatórias com a formação

de pseudomembranas no cólon, sendo tal quadro denominado

de colite pseudomembranosa, megacólon tóxico ou perfuração intestinal, que

podem levar a sepse, seguido de choque e morte (RUPNIK et al., 2009).

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C. difficile é um colonizador nato do ambiente e encontrado em abundância

em superfícies hospitalares contaminadas. A espécie tem sido descrita na

literatura como agente etiológico da diarréia nosocomial. Contudo, este conceito

está sendo revisado por pesquisadores, visto que houve um aumento no número

de casos de infecções na comunidade (McFARLAND et al., 2007). Em um estudo

realizado recentemente na França observou-se que 19% dos casos ocorridos no

período de 2000-2004 não foram adquiridos no ambiente hospitalar, e sim na

comunidade (BARBUT et al., 2007). Em outro estudo, desenvolvido no hospital

Veterans Administration Puget Sound Health Care System na cidade de Seattle

(Washington, EUA), foi relatado que 11% dos casos de DACD (diarréia associada

a Clostridium difficile) também haviam sido adquiridos na comunidade

(McFARLAND et al., 2007). No entanto, tem sido relatado que os casos adquiridos

na comunidade apresentam um perfil diferenciado, já que a maioria deles (45-

60%) não segue o padrão infeccioso hospitalar (DIAL et al., 2006; McFARLAND et

al., 2007; BAUER et al., 2008).

As infecções causadas por C. difficile estão associadas ao período de

hospitalização do paciente e a antibióticoterapia. Os pacientes mais idosos

apresentam maior risco, isso porque fazem maior uso de antibióticos. Contudo, o

aumento dos casos de CDI em jovens sem qualquer contato com ambiente

hospitalar e sem uso de antibióticos tem aumentado (RUPNIK et al., 2009). Dentre

estes antibióticos os associados à infecção são os de amplo espectro como:

clindamicina, penicilinas, cefalosporinas e principalmente fluoroquinolonas

(levofloxacina, moxifloxacina, gatifloxacina e ciprofloxacina) (SCHROEDER, 2005).

A partir de um desequilíbrio da microbiota normal estável e a aquisição dos

esporos de C. difficile, iniciam o processo de germinação em células vegetativas

no colón (local de ambiente propício) (KELLY, POTHOULAKIS & LAMONT, 1994).

Somente após o desequilíbrio ou ausência da microbiota haverá o

estabelecimento e proliferação do microrganismo patogênico (RUPNIK et al.,

2009). A região do lúmen intestinal quando em equilíbrio é caracterizado por

possuir um pH na faixa de 6,2 a 6,8 (EVANS et al., 1988), baixa tensão de

oxigênio (Bermudez, Petrofsky & Goodman, 1997), temperatura de 37oC,

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concentrações de cálcio e magnésio de 5 e 2 mM, respectivamente (Tamura et al.,

1994) e níveis baixos de ferro livre (CONTE et al., 1994). A freqüência no uso de

antibióticos orais pode gerar desequilíbrios, tanto do ponto de vista biológico

quanto físico-químico, levando a um desequilíbrio neste sitio.

Dentre os inúmeros métodos de tipagem, tanto fenotípicos quanto

genotípicos, utilizados para análise das cepas isoladas alguns merecem destaque.

(RUPNIK et al., 2001). Dentre os principais métodos fenotípicos de tipagem,

encontram-se a sorotipagem (Delmée et al., 1985) e a análise do perfil protéico

por SDS-PAGE do inglês “sodium dodecyl sulfate polyacrylamide gel

electrophoresis” (DELMÉE, HOMEL & WAUTERS 1985). Dentre os métodos

genotípicos, os de maior destaque estão o PFGE, do inglês “pulsed field gel

electrophoresis” (Klaassen e Horrevorts, 2002), a ribotipagem do espaço

intergênico do rRNA 16S-23S (Stubbs et al., 1999) e a toxinotipagem (RUPNIK et

al., 1998).

A cepa conhecida como BI/NAP1 ou NAP1/027 tem contribuído para

diversos surtos ocorridos em várias regiões da América do Norte, Reino Unido,

Holanda, Bélgica e França. (Pepin et al., 2004; Loo et al., 2005; McDonalde et al.,

2005; Smith, 2005; Tachon et al., 2006). Ele foi identificado pela reação em cadeia

da polimerase como ribotipo 27 (CD027), por PFGE, do inglês “pulsed field gel

electrophoresis” como “North American pulse-field type 1 (NAP1)”, através da

análise de endonuclease de restrição (REA), como grupo de BI, e por

toxinotipagem como toxinotipo III. (OWENS et al., 2006). Além de alta resistência

às fluoroquinolonas, essa cepa epidêmica tem algumas características já

conhecidas, mas pouco comum entre isolados de C. difficile: genes para as

toxinas variante A (tcdA) e B (tcdB), a produção da toxina binária (CDT) e

deleções no gene tcdC (Stare et al., 2007) esta ultima freqüentemente encontrada

em cepas caracterizadas desse ribotipo. Essa deleção é conhecida do inglês

original como “frameshift mutation”, que ocorre no gene tcdC que é o regulador

negativo do “lócus” de patogenicidade PaLoc (Warny et al., 2005).

A crescente incidência no número de casos de CID transformou-se em uma

preocupação mundial, visto que em muitos países principalmente na Europa

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(região de maiores surtos) os hospitais não possuem sistemas adequados para o

diagnóstico e tratamento da infecção. (RUPNIK et al., 2009). Além disso, o

trabalho de Borgmann et al., 2008, mostrou o grande número de infecções por

outros sorotipos não somente o ribotipo 027. Os mais comuns são o 001, 053 e

106. Além desses, o toxinotipo 078 que vem sendo associado a pacientes mais

jovens. Na Europa, devido ao rápido aumento do numero de casos, nem mesmo a

hipótese de uma infecção, tendo como via de transmissão alimentos, tem sido

descartada (RODRIGUES et al., 2007).

1.3) Fatores de virulência A produção dos fatores de virulência de C. difficile contribui para a ação e

atuação desse enteropatógeno no organismo hospedeiro. Alguns fatores

contribuem facilitando sua colonização, o que promove o desenvolvimento da

infecção. Outros contribuem diretamente com a infecção. Esses aspectos de

virulência foram confirmados por Delmée e Avesani, (1992) que mostraram que

sorotipos específicos eram mais virulentos.

A etapa de adesão é vista como um dos fatores iniciais para a colonização

e desenvolvimento de uma infecção causada por um determinado patógeno. Em

um estudo desenvolvido por Hartley e colaboradores (1979), os pesquisadores

relataram que a capacidade que a bactéria tem de aderir-se à superfície das

células é primordial para dar início à primeira etapa de colonização do intestino

(LANCET, 1977; CHENEY et al., 1980; BOEDEKER, 1982). Já um estudo de

Borriell e Honour, (1988) mostrou que cepas virulentas apresentam altos níveis de

adesão quando comparadas com as cepas fracamente virulentas e não virulentas.

Trabalhos realizados com culturas de células confirmam três pontos importantes

sobre a adesão: o microrganismo pode aderir em vários tipos celulares; essa

adesão é dependente de fatores ambientais; e que são mediadas por vários

componentes protéicos (WALIGORA et al., 1999, 2001). Nesse mesmo estudo foi

realizado a clonagem de um gene que codifica para proteínas da superfície de

C.difficile demonstrando que o aumento no nível de aderência do microrganismo

está relacionado com o nível de estresse ao qual este é submetido.

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Borrielo & Hatt, (1998) e Bhatt & Borrielo, (1998) demonstraram que o muco

do intestino de diferentes animais e seres humanos serve como um quimioatrativo

para C. difficile, e que o grau de quimiotaxia atua positivamente para com as

cepas virulentas examinadas em modelos animais como o hamster. Para que o

microrganismo desenvolva o mecanismo de quimiotaxia é necessário que ele

exerça motilidade. Relacionados a isso temos o estudo que comprova a existência

de flagelos na estrutura das células de C.difficile. (DODSON & BARC, 1998).

Ainda existem poucos estudos relacionados com a produção de enzimas

hidrolíticas por C. difficile, devido a sua produção estar pouco elucidada, por outro

lado acredita-se que auxiliem no processo da patogênese do mesmo. Estudos

realizados de acordo com a classificação virulenta de cada cepa mostraram que

as principais enzimas produzidas por esses microrganismos são a heparinase,

condroitina-4-sulfatase, hialuronidase e ainda, colagenase (BORRIELO et al.,

2004).

Além dos fatores de virulência de C. difficile, mencionadas anteriormente,

talvez o principal e mais estudado sejam as toxinas produzidas por algumas

cepas. C. difficile produz duas principais toxinas, toxina A (TcdA) e toxina B

(TcdB), estas encontram-se no “locus” de patogenecidade PaLoc (19.6 Kb), que é

composto por cinco genes tcdD, tcdB, tcdE, tcdA, tcdC. (MACDONALD et al.,

2005). TcdA e TcdB pertencem a um grupo de toxinas clostridiais de alto peso

molecular (TCLs), que inclui TcsL e TcsH de

Clostridium sordellii, TcnA de Clostridium novyi e TcpI de Clostridium perfringens

tipos B e C. TCL são proteínas de cadeia única com três principais

domínios funcionais: um domínio de ligação amino-terminal com característica

repetidas, um domínio catalítico carboxi-terminal e um

domínio de translocação putativo (RUPNIK et al., 2009). Estudos realizados por

Akerlund e colaboradores (2008) mostraram que o nível de esporulação é

inversamente proporcional ao nível de produção de toxinas. As toxinas A e B são

citotóxicas e ambas são responsáveis pelos sintomas da infecção que são

produzidos somente durante a fase vegetativa do patógeno. Elas causam o

rompimento do citoesqueleto de actina e das junções do tipo tight, resultando na

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diminuição da resistência transepitelial, acúmulo de fluido e destruição do epitélio

intestinal. (RUPNIK et al., 2009). Os genes específicos para as toxinas A e B são

tcdA e tcdB, ambos já foram seqüenciados e as massas moleculares de suas

proteínas estimadas nos valores de 308 kDa e 269 kDa respectivamente.

(BARROSO et al., 1990; DOVE et al.,). Além disso, ambas toxinas são

responsáveis pelos primeiros sintomas que precedem a PMC, e após sua ação

acontece à ativação de macrófagos, que é seguida pela liberação de mediadores

inflamatórios aumentando a permeabilidade e secreção de fluidos e

conseqüentemente acarretando a diarréia (Rolfe, 1991).

Estudos de Barbut e colaboradores (1996) constataram que as toxinas

perturbam o citoesqueleto de actina de células epiteliais do intestino por meio de

UDP-glicose-dependente, sendo assim capazes de monoglicosilar proteínas Rho e

Ras, pertencentes à família de GTPases de baixo peso molecular. Não se sabe ao

certo o mecanismo real provocado por essa glicosilação, mas de acordo com

trabalhos desenvolvidos por Giry e colaboradores (1996), esse efeito foi

relacionado em parte com a transdução de sinal. Os autores chamam a atenção

para a glicosilação que além de inativar várias atividades biológicas de moléculas

específicas, pode ainda intermediar eventos celulares produzidos por toxinas

bacterianas. Acredita-se ainda que os mecanismos de apoptose, alterações do

citoesqueleto e inibição da fosfolipase D provocados pelas toxinas A e B são

dependentes da inativação de proteínas Rho e Ras (JUST et al., 1995). Ensaios

de citotoxicidade em culturas de células Vero mostraram que as toxinas do C.

difficile, especialmente a toxina B, causam arredondamento celular (ALCIDES et

al., 2003). Essas mudanças morfológicas, geralmente, são irreversíveis e inibem a

divisão celular. Estudos de FIORENTINI et al., 1991 apontam para a atividade

antiproliferativa dessas toxinas. As toxinas A e B podem agir sinergicamente

(Lyerly et al., 1985), e testes realizados in vitro com células do epitélio humano

confirmaram que a toxina B é mais prejudicial que toxina A, já que causa necrose

da mucosa e diminuição na função da barreira epitelial (RIEGLER e

COLABORADORES 1993). A detecção da expressão gênica que leva a formação

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dessas toxinas pode ser realizada a partir de Reação da Polimerase em Cadeia

(Polymerase chain Reaction - PCR). (GUIBAULT, 2002).

Além da produção de toxinas A e B, algumas cepas de C. difficile podem

produzir uma terceira toxina chamada toxina binária CDT (ADP-ribosiltransferase

especifico para actina) que foi inicialmente descrita em 1988, (POPOFF et al.,

1988). Essa toxina é codificada por dois genes cdtA e cdtB constituída de dois

canais de proteínas independentes CDTa (componente enzimático) e CDTb

(componente de ligação), (PERELLE et al., 1997). Trabalhos realizados por

Wegner e colaboradores (2001) mostraram que o componente de ligação tem o

papel de reconhecer os receptores da superfície celular atraindo o componente

enzimático que se dirige para o citosol o qual catalisa a ADP-ribosilação dos

monômeros de actina. O trabalho de Glen e colaboradores (2007) mostra a

organização gênica dessas toxinas, enfatizando que os genes para as toxinas

CdtA e CdtB encontran-se em um região distinta do PaLoc e que a produção da

toxina binária é positivamente regulada pelo CdtR, um regulador da familia LytTR.

Entretanto, o papel na patogenicidade do microrganismo e a relevância clínica da

produção de toxina binária, associada a infecções humanas, ainda é pouco

conhecido. Nos últimos anos, inúmeros casos de infecções associadas a esse

microrganismo vêm aumentando nos EUA e Canadá (Loo et al., 2005), e esse

aumento vem sendo relacionado com a rápida propagação de um clone específico

de C.difficile pertencentes ao PCR ribotipo 027 ou pulsotipo NAP1 (North

American Pulsotype), (WARNY et al.,l 2005). Esse ribotipo foi caracterizado por

apresentar uma mutação que é conhecida do inglês original como “frameshift

mutation”, tal mutação ocorre no gene tcdC que é o regulador negativo do “lócus”

de patogenecidade PaLoc com 19.6 Kb (composto por cinco genes tcdD, tcdB,

tcdE, tcdA, tcdC) região que compõe os genes para toxinas A e B (MACDONALD

et al., 2005). As conseqüências dessa mutação são a superexpressão de TcdA e

TcdB, produção de toxina binária (CDT), maior esporulação em menos tempo,

maior capacidade de adesão e resistência a novos antimicrobianos

(principalmente quinolonas) (RUPNIK et al., 2009). Portanto a nova cepa BI/NAP1

de C. difficile parece ser uma exceção à regra de que o tipo da cepa não prediz a

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gravidade da DACD. Um estudo realizado nos EUA associou o aumento das

colectomias a casos fulminantes ocasionados por dada cepa (McDONALD et al.,

2005). No entanto, ainda não foi definido se o aumento aparente da gravidade dos

casos de DACD causados pela cepa BI/NAP1 é decorrente do aumento da

produção das toxinas A e B, da presença da toxina binária, da resistência a

fluoroquinolonas ou outro fator de virulência ainda não descrito (LOO et al., 2005;

McDONALD et al., 2005; WARNY et al., 2005).

No Brasil, poucos estudos relatam a importância do C. difficile como agente

de infecções graves (ALCIDES et al., 2007). No entanto, um estudo desenvolvido

recentemente (ALCIDES et al., 2007) analisou cepas de C. difficile isoladas de

crianças com diarréia, crianças saudáveis e ambientes hospitalares (total de 39

isolados), a fim de caracterizá-las geneticamente. Cepas hipertoxigênicas de C.

difficile ainda não foram descritas no Brasil (BALASSIANO et al., 2009). No

entanto, como um país em desenvolvimento, no qual a automedicação é um ato

comum, o impacto de doenças associadas a C. difficile é de grande relevância,

uma vez que tal fato pode propiciar a seleção de cepas cada vez mais resistentes

e mais virulentas, como uma cepa hipertoxigênica. A este fato se associa a

possibilidade de disseminação da bactéria no ambiente hospitalar. Assim sendo,

estudos que avaliem a detecção dos genes relacionados à produção de toxina

binária em cepas brasileiras mostram-se interessantes. Essas análises podem

revelar e iminência de cepas hipertoxigênicas, além de semelhanças ou diferenças

importantes entre as mesmas, evidenciando novos parâmetros de estudo com

relação a toxigenicidade de C. difficile no Brasil.

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2) Objetivos Dessa forma, este trabalho tem como objetivo avaliar a presença dos genes

cdtA e cdtB em cepas de C. difficile isoladas no Rio de Janeiro, utilizando a

técnica da Reação da Polimerase em Cadeia (PCR).

2.1)Objetivos específicos a) detectar a presença dos genes cdtA e cdtB em cepas toxigênicas de C. difficile.

b) comparar as seqüências dessas cepas tixigênicas detectadas por PCR com as

seqüências depositadas no GenBank.

c) verificar a real ausência ou não do gene cdtB.

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3) Metodologia

3.1) Cepas Bacterianas Foram utilizadas um total de 21 cepas de C. difficile pertencentes a Coleção

de Cultura do Laboratório de Biologia de Anaeróbios do Instituto de Microbiologia

Professor Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Tabela 1). A

cepa hipervitulenta NAP1/027 foi gentilmente cedida pela Dr. Angela Thompson,

do Centers for Disease Control –CDC (Atlanta, EUA) e usada como controle

positivo em todas as reações de PCR e C. perfringens, como controle negativo.

3.2) Condições de cultivo As amostras foram reativadas em caldo BHI (“Brain Heart Infusion”– Dfico)

–PRAS (“Pre-Reduced Anaerobically Sterilized”) a partir de estoque em BHI-ágar

inclinado, sendo incubadas por 24h a 37ºC. Critérios de viabilidade e pureza foram

utilizados, após semeadura em placas de ágar sangue suplementadas (ASS) com

vitamina K (10 µg/mL, Sigma) e hemina (5 µg/mL, Sigma). Após o período de

incubação, em ambiente de anaerobiose (80% de N2, 10% de H2 e 10% de CO2)

por 48h a 37oC, as colônias foram repicadas para um novo caldo de BHI-PRAS,

para avaliação morfo-tintorial pelo método de Gram e um teste respiratório

realizada para confirmar a pureza das amostras (JOUSIMIES-SOMER et al., 2002;

FERREIRA, DOMINGUES & UZEDA, 2003).

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Tabela1 : Cepas de Clostridium difficile utilizadas no estudo para análise da

presença do gene da toxina binária.

Amostras Origem das cepas bacterianas.

Sob o uso de antibiótico

Ipn6.1

Ipn6.2

Ipn6.3

Ipn6.4

Ipd3.1

Ipd3.2

Ipd3.3

12Lin-5

Ipn4.2

Ipn4.3

Ipn4.4

Ipn4.5

NP22

NP32

8LS-3

FN6

FN30

12 LE-1

12LE-3

Amb13.1

Amb13.3

Amb13.4

Amb 13.5

Pacientes do IPPMGa

Pacientes de fora do

IPPMGa 2

Crianças saudáveis

Amostras ambientais

Simb

Simb

Simb

Simb

Simb

Simb

Simb

Nãob

Não

Não

Não

Não

Sim

Sim

Não

Não

Não

Não

Não

-

-

-

- a IPPMG- Instituto Pediátrico Prof. Martagão Gesteira; b uso de drogas quimioterápicas.

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3.3) Detecção dos genes cdtA e cdtB.

3.3.1 Extração de DNA cromossômico. O crescimento bacteriano foi obtido a partir de cultura incubada por 24h em

caldo BHI-PRAS ou de colônias obtidas de placas de ASS (JOUSIMIES-SOMER

et al., 2002; FERREIRA, DOMINGUES & UZEDA, 2003). O DNA foi extraído como

descrito por Pitcher, Saunders & Owen (1989). Brevemente, as células

bacterianas foram ressuspensas em 500µL de tampão TE (10mM de Tris-HCl -

1mM/1 EDTA; pH 8,0; Sigma). Posteriormente, as células foram lisadas em 100µL

de solução de lise (50mM glicose; 25mM Tris/Hcl pH 8,0 10mM EDTA; 2mg de

lisozima) e incubadas no gelo por 10mim. Após o período de incubação, 50µL da

solução de isotiocianato de guanidina 5M foram adicionados (Gibco BRL – Life

Technologies). As suspensões celulares foram agitadas manualmente e incubadas

à temperatura ambiente (TA) por 5 a 10min. Os lisados foram então resfriados

adicionados de 250µL de acetato de amônio (Vetec) a 7,5 M, e após terem sido

agitados incubandos por 10min no gelo. Uma solução de 500µL de

clorofórmio/álcool isoamílico (24:1 v/v - Vetec) foi adicionada e a mistura agitada

com o uso de um Vórtex. Em seguida, foi realizada centrifugação por 10min a

13000 xg. A fase aquosa foi transferida para um novo tubo no qual foi adicionado

isopropanol (Vetec) gelado numa proporção de 0,54 vezes o volume final dos

tubos, ou seja, aproximadamente 430µL. Os tubos foram, então, invertidos por

1min para misturar as soluções. O precipitado fibroso de DNA foi depositado no

fundo do tubo por centrifugação a 7000 xg por 20s. O sedimento de DNA foi então

lavado 5 vezes com etanol (Vetec) 70%. Os tubos permaneceram abertos à

temperatura ambiente para a evaporação do etanol. Finalmente, os sedimentos

foram diluídos em 50µL de tampão TE [TE (Tris-HCl 10 mM, EDTA, 1 mM) pH

8,0].

3.3.2) Reação da polimerase em cadeia (PCR) Para a amplificação de uma região específica dos genes cdtA e cdtB,

oligonucleotídeos (Tabela 2) descritos por Stubbs e colaboradores, (1999) foram

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confeccionados. As concentrações dos reagentes que foram utilizados para a

reação de PCR foram: tampão da Taq polimerase; MgCl2 a um 1,5 mM; dNTPs a

0,2mM; oligonucleotídeos a 0,4 mM; 0,5µL de taq polimerase 5U e 5µL de DNA

para um volume final de 25µl. Controles positivo (C. difficile NAP1/027) e negativo

(C. perfringens) foram incluídos em todas as reações. A amplificação das regiões

internas dos genes foi feita em um termociclador (Gene Amp PCR System 9700,

PE Applied Biosystems, USA). Os ciclos utilizados foram: 1x de 94ºC por 5 min

(desnaturação inicial), seguidos por 30 ciclos de 94ºC por 45 s, de 52ºC por 1 mim

e etapa de extensão de 72ºC por 1 min e 20s. A etapa da extensão final foi de

72ºC por 7 min. No entanto para os primers cdtAF e cdtBR1* a programação

realizada foi praticamente a mesma com exceção da etapa de anelamento 47,4ºC

por 0,30s e a etapa de extensão 72ºC por 3 min.

Tabela 2: Sequência de oligonucletídeos utilizados para a amplificação das

sequências internas do gene da toxina binária.

primers Sequência (5’ 3’) Região de

amplificação

Produto da

amplificação

(pb)

CDTAF TGAACCTGGAAAAGGTGATG cdtAf

CDTAR GTTTACCAGGTCATTTTAGGA cdtAr

353pb

CDTBF CTTATTGCAAGTAAATACTGAG cdtBf

CDTBR CTGACTTCGTTCTCTTAGGCCA cdtBr

490pb

CDTBR1 CGGATCTCTTGCTTCAGTCTT cbtBr*

* Este oligonucleotídeo foi confeccionado para que confirmássemos a presença ou ausência do

gene cdtB da toxina binária. Ele amplifica uma região distinta do oligonucleotídeo CDTBR.

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Figura 1 - Locus Gênico da toxina da toxina binária. As setas indicam as regiões amplificadas pelos pares de primers utilizados em nosso estudo. Tais regiões são meramente ilustrativas. Fonte: Stare et al., 2007.

3.3.3) Eletroforese em gel de Agarose Os produtos de amplificação foram visualizados após serem aplicados num

gel de agarose de 0,7% no tampão de corrida TBE 1x (89 mM de Tris – Sigma, 89

mM de ácido bórico - Vetec, 2mM de EDTA - Sigma, pH 8,25) com 100V por cerca

de 1 h. Após a eletroforese o gel foi corado com uma solução de brometo de

etídeo, por cerca de 10 minutos.

3.3.4) Purificação e sequenciamento Os produtos da PCR foram purificados utilizando o kit comercial GFX PCR

DNA and Gel Band Purification Kit (GE Healthcare Biosciences, Little Chalfont

Buckinghamshire, UK) de acordo com o manual do fabricante. Foram aplicados

500µL de tampão de captura e 100µL do produto da PCR em uma mini coluna.

Após homogeneização suave, a mistura foi centrifugada a 13000 xg por 30s. O

material não retido pela coluna foi descartado e, após a adição de 500 µL de

tampão de lavagem, o material foi novamente centrifugado a 13000 xg por 30s. A

minicoluna foi então transferida para um tubo de microcentrífuga de 1,5 mL e 50

µL de tampão de eluição foram adicionados [TE (Tris-HCl 10 mM, EDTA, 1 mM)

pH 8,0]. Após uma incubação de 1 min a TA a uma nova centrifugação Fo feita a

353 pb 490 pb

1500pb

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13000 xg por 1 min. O microtubo contendo o DNA purificado foi armazenado a -

20º C.

Após a purificação, as amostras de DNA e uma alíquota dos iniciadores

foram enviadas para o Centro de Estudo do Genoma Humano, no Instituto de

Biociência, na Universidade de São Paulo para o sequenciamento.

3.3.5) Análise bioinformática Após o resultado do seqüenciamento, um alinhamento com as sequências

das toxinas binária depositadas no banco de dados

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sutils/genom_table.cgi) disponível no site do PubMed

foi realizado.

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4) Resultados

4.1) analise eletroforética Do total de 21 amostras analisadas, 6 foram positivas apenas pra o gene

cdtA (Tabela 3). No entanto, em nenhuma das cepas analisadas foi possível

detectar a presença de bandas correspondentes à amplificação do gene cdtB, nem

mesmo com a utilização dos primers cdtBF e cdtBR1. Os primers utilizados para

essa região foram desenhados para região interna do gene. As amostras

apresentaram uma banda de aproximadamente a 350 pb inclusive a cepa controle

(Figura 1). Todas as amostras positivas para o gene cdtA foram caracterizadas

pelo nosso grupo anteriormente como negativas para as toxinas clostridiais TcdA e

TcdB (ALCIDES et.,al 2007).

Já para os resultados obtidos com os iniciadores desenhados para

amplificarem uma região mais extensa, foram obtidas a amplificação de 12

amostras com bandas de aproximadamente 500 pb (Figura 2). Entretanto a cepa

NAP1 usada como controle positivo, apresentou amplificação de

aproximadamente 1500pb.

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Tabela 3 : Análise da presença do gene da toxina binária por PCR das cepas de

C.difficile.

Perfil toxigênico Amostras Origem das cepas bacterianas.

Sob o uso de antibiótico

tcdA tcdB cdtA cdtB

Ipn6.1

Ipn6.2

Ipn6.3

Ipn6.4

Ipd3.1

Ipd3.2

Ipd3.3

12Lin-5

Ipn4.2

Ipn4.3

Ipn4.4

Ipn4.5

NP22

NP32

8LS-3

FN6

FN30

12 LE-1

12LE-3

Amb13.1

Amb13.3

Amb13.4

Amb 13.5

CDADab

Fezes normaisa

Diarréiab

Fezes normaisc

-

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Não

Não

Não

Não

Sim

Sim

Não

Não

Não

Não

-

-

-

-

+

+

+

+

+

-

-

+

-

-

-

-

+

+

-

+

+

+

-

-

-

-

+

+

+

+

+

+

-

-

+

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-

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-

+

+

-

+

+

+

-

-

-

-

+

-

-

-

-

-

+

+

-

+

+

-

-

-

-

-

-

-

-

-

+

+

-

-

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a Pacientes do IPPMG- Instituto Pediátrico Prof. Martagão Gesteira; b Paciente de fora do IPPMG; c Crianças saudáveis.

4.2) Bioinformática O BLAST com a seqüência para toxina binária comprovou uma similaridade de

100% para o gene cdtA da cepa C. difficile 630 e 100% para o gene da cepa 196

(Gene bank: www.ncbi.nlm.nih.gov).

500 pb →→→→→→→→

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 11

Figura 2: Gel de agarose demonstrado a amplificação do gene cdtA para as cepas de C. difficile. Linha 1- 1Kb; linha 3- controle negativo; linha 4- NAP (controle positivo); linhas 5, 7, 8, 9, 10 e 11 – cepas positivas para o gene cdtA

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Figura 3: Gel de agarose demonstrando a amplificação da região da toxina binária com o par de nucleotídeos cdtAF e cdtBR1. Linha 1 - 1Kb; Linhas de 2-10 cepas positivas para o gene da toxina cdtA/cdtB; linha 12 Nap1 027 (controle positivo); linha 13- controle negativo.

500pb

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

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4.3) Análise dos resultados A cepa epidêmica caracterizada pelo pulsotipo NAP1 (North American

Pulsotype) tem sido constantemente associada a surtos de doenças relacionadas

à C. difficile em diversas partes do Mundo desde 2001, (MACDONALD et al.,

2005). No entanto, até o presente momento não foram identificados trabalhos que

destaquem a presença de cepas com o mesmo perfil toxigênico no Brasil. Assim,

com o intuito de realizarmos a identificação de um desses perfis (expressão de

genes para toxina binária), nosso estudo realizou a identificação de 6 cepas

positivas apenas para o gene da toxina cdtA. Pelo fato de normalmente as cepas

cdtA positivas serem também cdtB positivas, já que os genes estão localizados em

uma mesmo locus gênico, consideramos estranho o fato de que algumas cepas

fossem apenas cdtA positivas (PERELLE et al., 1997). Especulamos até mesmo,

que talvez essas cepas pudessem ter uma outra função para a proteína cdtA, que

não fosse o de caráter toxinênico. Todavia, para verificar a fidelidade dos primes

usados realizamos o alinhamento dos mesmos na sequência dos genes cdtA e

cdtB depositada no Gen Bank e, para nossa surpresa um dos primers, o CDTBR,

utilizado para a amplificação da região do gene cdtB não alinhava com a

sequência gênica depositada no banco de dados do Gene Bank. Para tanto,

através da mesma sequência confeccionamos um novo primer, denominado

CDTB R1 para confirmamos se as cepas cdtA positivas eram mesmo cdtB

negativas. No entanto, mesmo temos trocado o primer reverse, nossas amostras

ainda eram negativas para o gene cdtB.

Resolvemos então utilizarmos uma outra abordagem, onde nós utilizamos

os primers, CDTAF e o CDTBR1. Para nossa surpresa, quando comparamos o

produto da amplificação das nossas amostras com o controle positivo das nossas

reações, a NAP1, existia uma diferença de pelo menos 500pb entre eles. Desta

forma, podemos especular que talvez as nossas amostras apresentem uma

deleção no gene cdtB, sendo este o mesmo local onde o primer CDTBR deveria

anelar. Ainda não podemos afirmar se esta deleção causaria algum impacto no

fenótipo dessas cepas quanto a produção da toxina binária, já que não dispomos

do teste enzimático do inglês ADP-ribosyltransferase assay, Stubbs et al ., (2000),

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em nosso laboratório. Contudo, os produtos da PCR foram enviados para

seqüenciamento e esperamos confirmar se a região amplificada no gel pelo par de

primers CDTAF e CDTBR1 possui similaridade com a cepa CDT positiva 196, que

apresenta sua sequência gênica depositada no Gene Bank ou se nossas cepas

são semelhantes à cepa mutada 630 CDT negativa, também depositada nesse

mesmo banco de dados.

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5) Conclusão 1. Neste estudo foi analisada uma pesquisa dos genes da toxina binária em 21

amostras de C. difficile isoladas de diferentes origens. Seis amostras foram

positivas apenas para o gene cdtA. 2. Um novo primer, CDTBR1, foi utilizado com o CDTAF para amplificação de

outra região do gene cdtB, este foi confeccionado para confirmássemos a sua

ausência. 3. Maiores investigações são necessárias para verificar se nossas cepas

possuem o mesmo perfil toxigenico que a capa mundialmente conhecida

NAP1/027. 4. Aguardamos o resultado do sequenciamento dos amplicons para os primers

CDTAF e CDTBR1 confirmar o mesmo. Serão necessários mais estudos que

testifiquem a função desse componente em nossas cepas com o fim de trazer

a tona o real papel toxigenico dessa toxina em cepas virulentas de c. difficile.

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