Roteiro do mau estacionamento
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Transcript of Roteiro do mau estacionamento
aberturaaberturatexto ∑ Marina Guerra
Tem um carro estacionado em cima do passeio, mesmo em frente a casa ou ao local de trabalho? Incomoda-o tal comportamento e quer mudar a situ-ação? Não desanime, infelizmente não é o único caso existente na re-gião, ou mesmo no país, e já existe um espaço onde pode denunciar o “estranho caso de estacionamento abusivo”.
O blogue Passeio Livre (http://passeiolivre.blogspot.com) surgiu em 2008, depois de um grupo de cidadãos discutir frequentemen-te a questão na internet. Trata-se de uma página acessível a todos os cibernautas, onde é possí-vel enviar fotografias e/ou co-mentários relacionadas sobre o estacionamento abusivo em locais destinados à circula-ção pedonal, um pouco por todo o país.
Paralelamente, a direc-ção do Passeio Livre apela a todos os
utilizadores para imprimir o autoco-lante disponível no blogue e colar nos
veículos “incomodativos”.Mas existem regras. O auto-
colante só deve ser usado quan-do um veículo está estacionado no passeio, num local onde o es-tacionamento no passeio não es-teja explicitamente autorizado pela sinalização, numa passadeira ou num local de passagem de pe-ões, quando a passagem não está sinalizada.
O autocolante deve ser colocado no vidro lateral da viatura e, nunca no frontal, porque os restos do papel podem dificultar a visão do condu-tor, caso o autocolante não seja devi-damente retirado.
Dada a procura pelos autocolantes, a primeira versão está a esgotar, pelo que a direcção do blogue, que conta com cerca de vinte pessoas a colabo-rar activamente nesta iniciativa, está a preparar uma segunda versão.
O REGIÃO DE LEIRIA percorreu as
ruas das cidades e dá-lhe a conhecer
alguns dos piores exemplos de esta-
cionamento dos automobilistas da
região.
Subir passeios, estacionar em cima
das passadeiras, obrigar os peões a
circular na estrada e desrespeitar os
sinais de trânsito são algumas das
infracções cometidas com maior fre-
quência e puníveis por lei.
“É só um minuto” é a justificação
mais utilizada e, que se traduz, muitas
vezes, na falta de sensibilidade dos
automobilistas para com os peões.
As situações são muitas e acontecem
todos os dias à nossa porta.
sa ou -o talsitu-ente re-ster oto
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Grupo de cidadãos usa autocolante para conseguir passeio livre
Roteiro do mau estacionamento nas nossas cidades
Região de Leiria21 | Maio | 2009
9
O estacionamento pode ser selvagem
Eu levava-o comigo mas não passa na porta...
Lá no alto... ali... está um sinal... Vê?
Se durante anos era difícil estacionar
em Leiria, com a construção do novo
estádio municipal, a cidade ganhou
cerca de dois mil lugares de estacio-
namento. Mas porquê estacionar
num parque devidamente sinalizado,
se o carro pode já ficar virado para
casa, em plena Estrada Nacional 109.
A situação é frequente, ao fim de
semana, enquanto decorre a Feira de
Maio. Dezenas de pessoas invadem
as bermas e atravessam a estrada,
com pouca precaução.
Há quem lhe cha-
me comodismo,
outros entendem
que é indiferença.
Ou quem sabe
excesso de zelo
pelo veículo que os
transporta todos
os dias de casa
para o trabalho e
do trabalho para
casa. Se pudessem
muitos dos pro-
prietários levavam
o carro para aque-
le lugar que está
vago na secretária
do lado. Apesar do
mau exemplo, esta
moda tem poucos
adeptos na região
de Leiria.
É bastante clara a
finalidade da sinali-
zação vertical nos
exemplos que aqui
apresentamos: É
proibido parar ou
estacionar nestas
zonas, mesmo
que seja para as
tradicionais car-
gas e descargas.
Contudo, ninguém
parece ligar muito
a isso e a sinaléti-
ca, ao contrário de
outros casos, até
está bem visível.
A Todos os espaços verdes, acessos, passeios e bermas foram aprovei-tados pelos visitantes da Feira de Maio, no domin-go passado. O trânsito ficou congestionado na Rotunda da Almoinha Grande.
A O desnível existente no passeio foi mal inter-pretado. Este serve para facilitar o acesso à rampa e posteriormente ao inte-rior do edifício e não para permitir aos carros um lugar de estacionamento privilegiado.
A Se há local onde não se deve cometer uma infracção ao Código da Estrada, deve ser na Avenida Ernesto Korrodi, entre o Quartel da GNR e a Esquadra da PSP. Todavia, a localização não intimida os condutores
A O proprietário não estava presente e não foi possível esclarecer o que estava a fazer no largo Infantaria 7. O veículo está a travar a entrada da garagem, em cima de um passeio e ao lado de uma paragem de autocarro.
A Para cargas, descar-gas ou compras, a zona interdita a paragem e estacionamento na Ave-nida Heróis de Angola está diariamente ocupa-da com uma ou duas filas de carros, aos olhos de toda a gente.
A O acesso à EN109 parecia, à primeira vista, complicado. Na verdade, tratava-se de uma fila de carros estacionados, na berma da estrada. Domingo, o programa de festas terminava no recinto da Feira de Maio.
A Junto ao Jardim-escola João de Deus, na Avenida Nossa Senhora de Fátima, os carros acumulam-se em cima do passeio. No horário de entrada e saída da escola, a confusão rodoviária instala-se.
A Este é um bom exem-plo do que não deve ser feito na Rua Miguel Fran-co Agostinho. A sinaliza-ção horizontal e vertical está bem visível.
A O episódio é curioso. Todas as semanas, este carro está parado pelo menos uma hora, na Rua Mouzinho Albuquerque. Um mau estacionamento que tem horário certo
A O sinal alerta para a entrada e saída de camiões, pelo que a para-gem e estacionamento de viaturas é proibida, junto à Rotunda das Indústrias. A mensagem passou despercebida.
A A afluência nos horá-rios de saída da Escola Secundária Domingos Sequeira tornam o Largo Dr. Serafim Lopes Vieira caótico. A solução encon-trada foi subir o passeio e deixar o carro à sombra.
A O único espaço livre é o que permite às viaturas contornar o edifício por trás do “Pão Quente”, bem no centro da cidade. Os carros invadem os passeios dos dois lados e deixam a estrada para os peões.
ABERTURA | ROTEIRO DO MAU ESTACIONAMENTO 10 Região de Leiria21 | Maio | 2009
Pequenos, cabemos em qualquer lugar
Passadeira? Qual passadeira?
A rua está cada vez mais apertada...
Vou ali e volto já. É um minuto...É a principal justificação para os carros
que ficam estacionados em segunda
fila. Na maioria dos casos, a espera é
superior a uma hora.
De quatro ou
duas rodas, são
pequeninos e
cabem em qual-
quer buraco. Mas
estorvam, sobre-
tudo quando resol-
vem ficar em cima
do passeio, naque-
le espaço próprio
para os peões.
Aprendi em crian-
ça: “Olho para um
lado e olho para o
outro e depois...”,
Ops!, tenho um
carro à minha
frente. A gincana
começa e os peões
fazem manobras
incríveis para che-
gar ao outro lado.
Imagine o cenário:
centro histórico
de Leiria e um
residente sente-se
mal. Tem que ser
transportado ao
hospital. Como?
Experimente os
meios aéreos. Em
terra o trânsito está
condicionado.
A São vários os lugares de parqueamento grátis exis-tentes na Rua de S. Francisco. O pior é esperar que o automobilista chegue para podermos tirar o carro. A situação é uma constante naquela rua.
A Na Nova Leiria, a área é residencial e muitos são os habitantes que encontram sérias dificuldades para estacionar correctamente. Quando os espaços escas-seiam, resta a segunda fila como alternativa.
A Não está à venda mas tem a contribuição do sinal de trânsito para lhe dar um destaque talvez nunca conseguido. Numa zona de obras, em plena Avenida D. João III, nada parece incomodar o “piqueno”.
A É tão fácil. Basta estacionar, sair do carro e temos a passadeira mesmo ali ao lado. Os dedos eram poucos para contar os veículos assim estacionados, no último domingo, na Avenida 22 de Maio.
A Os pilaretes servem precisamente para impe-dir o estacionamento abusivo em zonas de difícil circulação, como é o caso, junto da Sé de Leiria. Trinta metros à frente existe um parque.
A Com organização e bem alinhados, conseguem estacionar junto ao Largo Alexandre Herculano mais de sete veículos. A dificuldade impõe-se na hora de saída.
A Todos querem ir à Feira de Maio e o domin-go é o dia preferido para quem trabalha durante a semana. Todavia, apesar de o passeio da Avenida 22 de Maio ser largo, há que respeitar o Código da Estrada.
A Pode ter sido uma emergência mas ninguém vai saber, à excepção do dono do carro que o deixou em cima da pas-sadeira, na segunda-feira de manhã, em frente ao Centro de Saúde Dr. Gorjão Henriques.
A Juntinhos para econo-mizar lugares. De qual-quer forma, o REGIÃO DE LEIRIA pergunta: e se o carro do meio quiser sair? Saí para a frente ou para trás? Já agora, uma cadeira de rodas passa?
A Quem lidera esta fila de carros é um dos exem-plares mais pequenos das quatro rodas. Na Rua Dr. Manuel Magalhães Pes-soa, na segunda-feira de manhã, é tão frequente um carro em cima do pas-seio como um parqueado.
A Está a andar? Não. O veículo que vê na imagem está estacionado no meio da via, sem ninguém lá dentro. Damos, no entan-to, uma nota positiva ao condutor por não ter parado um metro mais à frente, na passadeira.
A A rua não tem saída. Agora, imagine uma idosa com sacos de compras ou apoiada em canadianas. Será que consegue aceder à Rua António da Costa? Talvez não...
ROTEIRO DO MAU ESTACIONAMENTO | ABERTURA
A Numa das mais movimentadas avenidas de Leiria - Heróis de Angola - a presença de carros em segunda fila é uma realidade. Os consumidores não demoram e no máximo em meia hora dão lugar a outro veículo.
Região de Leiria21 | Maio | 2009
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À sombra está fresquinho!
Peões na estrada, carros no passeio
O que é nacional, é bom!
Quase todos os carros já vêm equipados com sistemas de arrefecimento. Mesmo assim, ain-da há quem prefira o ar fresco natural, conseguido debai-xo de uma árvore, que por acaso, está em cima do pas-seio
Podia ser uma
sequela do filme
americano, mas o
stress urbano origi-
na exemplos como
os que apresenta-
mos. Galgam-se
passeios para con-
seguir um lugar tão
próximo quanto
possível do destino
pretendido.
O REGIÃO DE LEI-
RIA foi até aos con-
celhos da Batalha,
Pombal e Marinha
Grande conhecer
o comportamento
dos condutores. A
tradição mantém-
se: o passeio perde
terreno para os
veículos de quatro
rodas.
A São raros e têm que ser bem aproveitados os poucos lugares à sombra existentes na cidade de Leiria. O passeio até à Feira de Maio pode ser debaixo de sol intenso, mas há que pensar na via-gem de regresso.
A O carro ficou durante todo o domingo estacio-nado em cima do passeio da Rua D. José Alves Cor-reia da Silva. Quem por ali passou a pé, teve que entrar na estrada, contor-nar a viatura e regressar ao passeio mais à frente
A A requalificação do Largo onde decorrem as tradicionais tasquinhas da Batalha é recente e, de tal forma atractiva, que o condutor não resistiu e parou lá no meio, indife-rente a tudo o resto.
A Mesmo à medida. Não é preciso nem mais um bocadinho e o carro fica arrumado, na Nova Leiria, na perfeição. O automobilista só tem que ter cuidado ao sair do carro para não bater com a porta na árvore.
A A uma semana da Feira de Maio terminar, a ansiedade em conhecer as atracções deste ano, levou o automobilista a subir o passeio e deixar de fora uma das rodas. Vantagens de ter um “suv”.
A Na passada segunda-feira, o Parque da Cerca, na Marinha Grande, tinha alguns lugares vazios. O facto não mereceu a atenção do automobilista que preferiu ficar por ali, a dificultar a passagem.
A Uns aproveitam o sol para produzir energia eléctrica, outros escolhem a sombra da Estrada dos Marinheiros.
A Entre subir um pas-seio e provocar danos materiais no veículo, limi-tando o espaço para os peões, e estacionar num parque a pagar, o desafio é irresistivel para muitos condutores, que esco-lhem a primeira opção.
A Se um ligeiro inco-moda muita gente, um pesado de mercadorias incomoda muito mais. A passagem até ao par-químetro, no Largo do Cardal, em Pombal, é feita, obrigatoriamente, pela estrada.
A entrada para a Praça Rodrigues Lobo, em Leiria, é o ponto crítico de estacionamen-to abusivo na cidade de Leiria. Quem o diz é Fernando Car-valho, vereador do pelouro dos Transportes e comunicações, na Câmara Municipal de Leiria.
“Pela nobreza do espaço e por ser uma área reservada a cargas e descargas, a entrada para a Pra-ça Rodrigues Lobo devia estar sempre sem carros. A autarquia ainda não está a conse-guir obter resultados ali”, afirma o responsável.
Na origem do comportamento dos cidadãos estão, segundo Fernando Carvalho, razões educacionais e culturais. “As pessoas ou estão preparadas e cumpri-doras das normas existentes, ou então, têm que se criar formas de limitar o estacionamento abusivo”, diz.
A colocação de floreiras ou pilaretes, sobretudo na zona central de Leiria, são as principais medidas que a autarquia tem procurado implementar para evitar carros indevidamente estacionados. “Na zona do Ros-sio não estava prevista a existência de floreiras ou pi-laretes mas tivemos que os colocar porque as pessoas invadiram o espaço”, refere.
Questionado sobre os lugares vazios nos parques pagos de Leiria, o vereador recorda que foram feitos grandes investimentos e como alternativa existem as zonas de estacionamento no Estádio e no Mercado Municipal. “Há alguns anos atrás, a desculpa era que não existiam parques de estacionamento. Agora, há parques para todo o tipo de procura. Não há qualquer desculpa para o estacionamento abusivo que ocorre em Leiria”, garante.
“Era só um minu-to…”. A justificação é das mais utilizadas pe-los condutores da re-gião quando confronta-dos com um papelinho no visor ou um agente da PSP junto da viatura. São sobretudo as paragens de autocarros, passadeiras, passeios e lugares destinados a pessoas com deficiência os locais mais usados por condutores apressados ou, quiçá, distraídos.
A verdade é que todos os meses, perto de mil auto-mobilistas são autuados pelo Comando Distrital da PSP de Leiria e 50 viaturas são rebocadas. Todavia, fonte do Comando esclarece: “Nesta matéria não ac-tuamos para atingir médias, mas para resolver os pro-blemas da mobilidade das pessoas”.
Na área de abrangência da GNR de Leiria (Leiria, Batalha, Marinha Grande e Porto de Mós), a paragem em segunda fila ou no passeio, de apenas cinco minu-tos, para ir levar o filho à escola é a principal justifica-ção que os militares da GNR recebem.
Fonte da GNR explica que na origem deste compor-tamento está o “comodismo” e preferem aguardar pelo regresso do condutor antes de utilizar os conhecidos bloqueadores de rodas. “Raramente os usamos. O nos-so objectivo é retirar o carro e desimpedir o caminho e não bloqueá-lo mais ainda”, diz a mesma fonte. Só no primeiro trimestre deste ano, foram levantados 92 autos de estacionamento indevido.
Já a PSP utiliza bloqueadores de rodas, sempre que se verifique uma “situação de grave perigo ou impe-dimento para a circulação”, procedendo-se à remoção dos veículos.
“Não há desculpa para estacionamento abusivo”
Mil condutores autuados por mês
ABERTURA | ROTEIRO DO MAU ESTACIONAMENTO
A Fernando carvalho
12 Região de Leiria21 | Maio | 2009