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Rudolf Theoderich Bühler
ESTUDO DE TRANSISTORES
AVANÇADOS DE CANAL TENSIONADO
São Paulo
2014
Rudolf Theoderich Bühler
ESTUDO DE TRANSISTORES
AVANÇADOS DE CANAL TENSIONADO
Tese apresentada à Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo para a
obtenção do título de Doutor em Ciências.
São Paulo
2014
Rudolf Theoderich Bühler
ESTUDO DE TRANSISTORES
AVANÇADOS DE CANAL TENSIONADO
Tese apresentada à Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo para a
obtenção do título de Doutor em Ciências.
Área de Concentração:
Engenharia Elétrica / Microeletrônica.
Orientador:
Prof. Dr. João Antonio Martino
São Paulo
2014
Dedico este trabalho à minha mãe e ao meu pai,
Lourdes Maria Bühler (in memoriam) e
Hermann Theoderich Bühler (in memoriam),
os quais amo muito e devo tudo o que sou.
Dedico também à minha amada e companheira
Vânia Ramos, que alegra a minha vida todos os dias.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. João Antonio Martino, orientador, pela amizade, dedicação e
atenção depositados em mim, contribuindo para a realização deste doutorado.
Ao Prof. Dr. Renato Camargo Giacomini, grande amigo e co-orientador, por
toda a dedicação, atenção e apoio que sempre depositou em mim, mesmo nos
momentos mais difíceis, sem nunca deixar de acreditar no meu potencial e futuro.
Aos professores e amigos Dra. Michelly de Souza e Dr. Marcelo Antonio
Pavanello pela amizade, discussões, sugestões e incentivos que foram
fundamentais para o meu crescimento pessoal, profissional e para a conclusão deste
trabalho e aos colegas Dr. Eddy Simoen e Dr. Cor Claeys.
À pesquisadora Paula Agopian pelos trabalhos em conjunto e pelas medidas
experimentais realizadas que foram fundamentais para este trabalho.
Aos amigos do Centro Universitário da FEI e do grupo SOI-CMOS do LSI /
EPUSP pela amizade e companheirismo dados ao longo deste trabalho.
Aos meus amigos de longa data que sempre me apoiaram em todos os
momentos, Marcos Gubiotti e Márcio Souza, que acreditaram em mim e me
ajudaram a vencer obstáculos ao longo desta jornada, além dos SDM e das Fufas.
À minha querida tia, Thillah Bühler, que me deu força e apoio em momentos
difíceis e de pouca fé.
À minha mãe e ao meu pai, Lourdes e Hermann, que acreditaram em mim e
nos meus sonhos até o final, com muito carinho, amor e fé, sem os quais eu não
estaria aqui hoje, sempre me apoiando, mesmo nos meus momentos de ausência.
À minha querida e amada Vânia Ramos, um obrigado muito especial por
acreditar em mim, estender a mão e ficar ao meu lado, com carinho, amor e
confiança, dando-me a força que eu precisei para concluir mais esta etapa da minha
carreira e da minha vida.
Ao CNPq, pelo apoio financeiro indispensável para a realização deste
trabalho.
Aos vários outros amigos, que participaram deste percurso em minha vida e
foram omitidos de forma involuntária.
“… quanto mais eu vivo, mais eu aprendo que não
importa o quão longe nós viajamos, ou o quão rápido nós
chegamos lá, as descobertas mais profundas não estão
necessariamente além da próxima estrela. Elas estão
dentro de nós, tecidas pelas linhas que nos unem. A
fronteira final começa aqui. Vamos explorá-la juntos.”
Jornada nas Estrelas
RESUMO
A rápida e crescente demanda por tecnologias que permitam a redução das
dimensões dos transistores planares de porta única leva a uma nova era de
dispositivos tensionados mecanicamente. Os transistores de múltiplas portas
(MuGFET) com canal de silício e o MOSFET planar convencional com canal de
germânio são alguns destes promissores dispositivos avançados a receberem o
tensionamento mecânico para aumento da mobilidade dos portadores.
O tensionamento mecânico uniaxial, biaxial e ambos combinados são
analisados através de simulação numérica de processos e dispositivos e medidas
experimentais em três técnicas de tensionamento diferentes, além da análise de
medidas obtidas de dispositivos experimentais para análise do aumento da
mobilidade dos portadores através da transcondutância máxima. A linha de corte 1D
de cada componente do tensionamento simulado é estudado de acordo com a sua
dependência com a largura, altura, comprimento do canal e materiais utilizados,
assim como a influência que as componentes de tensionamento exercem sobre os
parâmetros elétricos analógicos, como transcondutância, ganho intrínseco de tensão
e frequência de ganho de tensão unitário.
A operação dos dispositivos de silício sobre isolante (SOI – Silicon On
Insulator) MuGFETs de porta tripla com variações no formato da secção transversal
do canal do transistor e variações no comprimento e largura da aleta é estudada em
casos selecionados. Um completo estudo da distribuição do tensionamento mecânico
gerado por tensionamento global e por tensionamento local é realizado em estruturas
com aleta retangular e trapezoidal, juntamente com o impacto destas na mobilidade e
nos parâmetros analógicos são realizados. Estruturas nMuGFET SOI com
comprimento de canal mais curto alcançaram aumentos maiores de mobilidade
utilizando-se o tensionamento uniaxial, enquanto que as estruturas com comprimento
de canal mais longo retornaram maior mobilidade com o tensionamento biaxial,
resultado da diferente efetividade de cada técnica de tensionamento em cada
estrutura.
Estruturas MOSFETs convencionais planares com tensionadores embutidos
na fonte e dreno em canal de germânio para incremento da mobilidade também são
analisadas. Simulações numéricas do processo de fabricação são realizadas e
calibradas com dispositivos experimentais em transistores tipo “n” e tipo “p”,
possibilitando o estudo futuro de estruturas MuGFET de germânio.
Palavras-chave: Mobilidade, SOI, MuGFET, MOSFET, Tensionamento Mecânico, NBD,
Silício, Germânio, Simulação Numérica, Canal Trapezoidal, Nanotecnologia,
Parâmetros Analógicos.
ABSTRACT
The fast and growing demand for technologies that enable the reduction of
dimensions of planar single gate transistors leads to a new era of mechanically
stressed devices. Multiple gate transistors (MuGFET) with silicon channel and planar
bulk MOSFET with germanium channel are some of these promising advanced
devices to receive the mechanical stress to increase carrier’s mobility.
The uniaxial stress, biaxial stress and both of them combined are analyzed by
process and device numerical simulations in three different strain techniques and also
the analysis of experimental measurements for analysis of carrier’s mobility increase
through maximum transconductance. The 1D cut line of each simulated stress
component is studied according to their dependence on the width, height and length of
the channel and the materials used, as well as the influence that stress components
causes on analog electrical parameters, such as transconductance, intrinsic voltage
gain and unity gain frequency.
The operation of silicon-on-insulator (SOI) triple gate MuGFETs with variations
in the shape of the cross section of the transistor channel and variations in the length
and width of the fin is studied in selected cases. A complete study in the distribution of
the mechanical stress generated by the local and global stress is performed in
rectangular and trapezoidal fins and also the impact of these on mobility and analog
parameters are studied. SOI nMuGFET structures with shorter channel length
achieved higher mobility increases using the uniaxial stress, while structures with
longer channel lengths returned higher mobility using the biaxial stress, result of the
different effectiveness in each stress technique for each structure.
Conventional MOSFET structures with embedded stressors in the source and
drain regions with germanium channel are also analyzed. Numerical process
simulations are realized and calibrated with experimental devices in both “n” and “p”
type transistors, making possible the future study of MuGFET structures with
germanium.
Keywords: Mobility, SOI, MuGFET, MOSFET, Strained Channel, NBD, Silicon,
Germanium, Numerical Simulation, Trapezoidal Channel, Nanotechnology, Analog
Parameters.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Dispositivos SOI MOSFET de porta tripla................................................ 25
Figura 2 – Linha do tempo da evolução das estruturas SOI MOSFET (4). ............... 26
Figura 3 – Ilustração de desenvolvimento da análise do tensionamento mecânico. . 29
Figura 4 – Corte transversal de um transistor SOI nMOSFET. ................................. 32
Figura 5 – Diagramas de faixas de energia em transistores MOS convencionais (a),
transistores SOI parcialmente depletados (b), e transistores SOI totalmente
depletados (c). .................................................................................................. 34
Figura 6 – Parcela das cargas de depleção Qd controladas pela fonte e pelo dreno
para (a) canal longo, e para (b) canal curto. ...................................................... 36
Figura 7 – Representação esquemática da tensão Early. ........................................ 44
Figura 8 – Principais tipos de técnicas de tensionamento mecânico existentes. ...... 45
Figura 9 – (a) desenho esquemático de um MOSFET com as orientações
cristalográficas padrões (b) elipsoides de energia constante no espaço “k”
representando cada uma um vale da banda de energia (c) faixas de energia
para o silício antes e depois do tensionamento mecânico. ................................ 47
Figura 10 – Esquema simplificado das bandas de energia. Alto nível de
tensionamento mecânico e divisão entre os vales maior do que a energia dos
fônons são necessários para reduzir significativamente o espalhamento. ........ 48
Figura 11 – Técnica Contact Etch Stop Layer (CESL), no qual camadas de nitreto de
silício (Si3N4) são depositadas sobre a região da porta e da aleta do transistor,
que induz a tensão mecânica. ........................................................................... 50
Figura 12 – Corte 3D de ¼ de um transistor nMuGFET de porta tripla com as linhas
de tensionamento mecânico tensivo através do processo CESL. ..................... 51
Figura 13 - Substituição das regiões de fonte e dreno (S/D) para indução do
tensionamento mecânico. ................................................................................. 52
Figura 14 – Elipsoides de energia constante no espaço “k” representando cada uma
um vale da banda de energia para o (a) Si tensionado tensivamente e (b) SiGe
tensionado compressivamente. ......................................................................... 53
Figura 15 – Imagens obtidas dos dispositivos fornecidos pelo imec através do
microscópio eletrônico do Laboratório de Sistemas Integráveis da EPUSP (LSI).
......................................................................................................................... 54
Figura 16 - Visão esquemática do MuGFET porta tripla: (a) longitudinal (b)
transversal. ....................................................................................................... 55
Figura 17 - ¼ da estrutura simulada com as principais partes identificadas. ............ 57
Figura 18 – Máxima transcondutância normalizada, em função do comprimento de
canal. ................................................................................................................ 59
Figura 19 – Variação da transcondutância máxima normalizada, em função do
comprimento de canal. ...................................................................................... 60
Figura 20 - Máxima transcondutância normalizada, em função da largura do canal. 60
Figura 21 - Máxima transcondutância normalizada experimental e simulada, em
função do comprimento de canal. ..................................................................... 61
Figura 22 – Componente de tensionamento uniaxial em Stress-YY, em função do
comprimento de canal. ...................................................................................... 63
Figura 23 – Componente de tensionamento biaxial em Stress-YY em função da
largura do canal. ............................................................................................... 64
Figura 24 - Componentes de tensionamento em Stress-YY em função da altura do
canal. ................................................................................................................ 65
Figura 25 – Corte 3D de ¼ da estrutura de referência tensionada mecanicamente,
obtida por simulação de processo. .................................................................... 67
Figura 26 – (a) Linhas de corte ao longo da aleta mostrando o perfil de
tensionamento mecânico em diferentes alturas (b) Linhas de corte ao longo da
altura da aleta para as quatro estruturas. .......................................................... 68
Figura 27 – Resultados simulados e experimentais da tensão de limiar para VDS = 50
mV. ................................................................................................................... 69
Figura 28 – (a) Resultados simulados e experimentais da transcondutância máxima
para VDS = 50 mV (b) transcondutância na região de saturação para VDS = 600
mV e VGT = 200 mV. ......................................................................................... 70
Figura 29 – (a) Condutância de saída para VDS = 600 mV e VGT = 200 mV (b) tensão
Early para VDS = 600 mV e VGT = 200 mV. ........................................................ 71
Figura 30 – Ganho intrínseco de tensão para VDS = 600 mV e VGT = 200 mV. ......... 72
Figura 31 – Frequência de ganho unitário para VDS = 600 mV e VGT = 200 mV. ...... 72
Figura 32 – Corte da secção transversal de estruturas MuGFET. Aleta com formato
(a) trapezoidal (19) (b) trapezoidal (20) (b) côncavo (21) (c) triangular (22). ..... 74
Figura 33 – (a) Corte 2D da secção transversal mostrando o trapézio regular e suas
principais partes (b) Perfil 3D do tensionamento mecânico tensivo na aleta
retangular ao longo do canal para o MuGFET tipo n. ........................................ 75
Figura 34 – (a) Perfil de tensionamento mecânico 3D na aleta ao longo do canal para
o transistor RET (b) Perfil de tensionamento mecânico ao longo da aleta em
diferentes alturas. ............................................................................................. 76
Figura 35 – (a) Linhas de corte ao longo da aleta mostrando o perfil de
tensionamento mecânico em diferentes alturas para os três formatos com HFin =
65 nm e LFin = 600 nm e (b) HFin = 32,5 nm e LFin = 600 nm. (c) Linhas de corte
ao longo da altura da aleta para os três formatos. ............................................ 77
Figura 36 – (a) Curvas de transcondutância na região linear em função do formato
da aleta para dispositivos convencionais e tensionados mecanicamente (b)
transcondutância na região de saturação (c) ganho de transcondutância na
saturação com o tensionamento mecânico aplicado. ........................................ 80
Figura 37 – Relação gm/IDS para dispositivos MuGFET convencionais e tensionado
mecanicamente. ................................................................................................ 81
Figura 38 – (a) Condutância de saída na região de saturação em função do formato
da aleta (b) degradação de gd na saturação com o tensionamento mecânico
aplicado (c) tensão Early em função do formato da aleta. ................................. 82
Figura 39 – (a) AV em função do formato da aleta (b) aumento em AV com o
tensionamento mecânico. ................................................................................. 84
Figura 40 – Frequência de ganho de tensão unitário em função do formato da aleta.
......................................................................................................................... 84
Figura 41 – Variações do formato da secção transversal da aleta. .......................... 86
Figura 42 – Resultados simulados e experimentais da (a) tensão de limiar e (b)
inclinação de sublimiar, em função da largura média da aleta. ......................... 86
Figura 43 – Transcondutância simulada e experimental em função da largura média
da aleta. ............................................................................................................ 87
Figura 44 – Relação gm/IDS simulado para comprimento de canal de 100 nm. ......... 88
Figura 45 – Resultados simulados da (a) condutância de saída e (b) tensão Early,
em função da largura média da aleta. ............................................................... 89
Figura 46 – Ganho intrínseco de tensão simulado em função da largura média da
aleta. ................................................................................................................. 90
Figura 47 – Frequência de ganho de tensão unitário simulado em função da largura
média da aleta. ................................................................................................. 91
Figura 48 – Representações esquemáticas e imagens TEM da secção transversal
do (a) nMOSFET com S/D de Si0,25Ge0,75 em Ge SRB e (b) pMOSFET com S/D
de Ge em s-Ge sobre Si0,5Ge0,5 SRB e (c) pMOSFET com S/D de Ge0,95Sn0,05
em Ge SRB. ...................................................................................................... 94
Figura 49 – Principais etapas de simulação de processo. ........................................ 95
Figura 50 – Tensionamento longitudinal induzido pelos tensores de fonte e dreno
em simulações para MOSFETs tipo “n” e “p”. ................................................... 96
Figura 51 – Dispositivo experimental e simulado para o nMOSFET de r-Ge com S/D
de Si0,25Ge0,75. ................................................................................................... 97
Figura 52 – Dispositivo experimental e simulado para o pMOSFET com S/D de Ge
em s-Ge sobre Si0,5Ge0,5 SRB........................................................................... 97
Figura 53 – Dispositivo experimental e simulado para o pMOSFET de r-Ge com S/D
de Ge0,95Sn0,95. ................................................................................................. 98
Figura 54 - Deformação mecânica vertical (a) e horizontal (b) para nMOSFET com
canal de r-Ge com fonte e dreno de Si0,25Ge0,75. Símbolos representam as
medidas NBD para três pontos de referência diferentes e as linhas representam
simulações. ..................................................................................................... 100
Figura 55 - Imagem Dark-Field STEM, mostrando a presença de extensos defeitos
no r-Ge SRB do nMOSFET. ............................................................................ 101
Figura 56 – Deformação mecânica vertical (a) e horizontal (b) para pMOSFET com
S/D de Ge em s-Ge sobre Si0,5Ge0,5 SRB. Símbolos representam as medidas
NBD para três pontos de referência diferentes e as linhas representam
simulações. ..................................................................................................... 101
Figura 57 – Imagem realçada, mostrando a presença de defeitos no Si0,5Ge0,5 SRB
do pMOSFET. ................................................................................................. 102
Figura 58 – Deformação mecânica vertical (a) e horizontal (b) para pMOSFET com
canal de r-Ge com fonte e dreno de Ge0,95Sn0,05. Símbolos representam as
medidas NBD para três pontos de referência diferentes e as linhas representam
simulações. ..................................................................................................... 102
Figura 59 – Imagem Dark-Field STEM, mostrando a presença de extensos defeitos
no r-Ge SRB e nas regiões de GeSn S/D do pMOSFET. ................................ 103
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Resultados das Simulações Numéricas da Transcondutância
Normalizada e do Tensionamento Médio no Centro do Canal Stress-YY (TMCC-
YY). ................................................................................................................... 64
Tabela 2 – Valores da Inclinação de Sublimiar para Dispositivos MuGFET
Convencionais e Tensionados Mecanicamente. ............................................... 79
Tabela 3 – Valores de Transcondutância Máxima na Região Linear para
Dispositivos MuGFET Convencionais e Tensionados Mecanicamente. ............ 81
Tabela 4 – Matriz de Rigidez (σ=Σc*ε) e Matriz de Conformidade (ε = Σs*σ) do Si ... 99
Tabela 5– Matriz de Rigidez (σ=Σc*ε) e Matriz de Conformidade (ε = Σs*σ) do Ge ... 99
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Alternate Current
BOX Buried OXide
CESL Contact Etch Stop Layer
CMOS Complementary Metal-Oxide-Semiconductor
DC Direct Current
DELTA fully DEpleted Lean-channel TrAnsistor
DG Double-Gate
DIBL Drain Induced Barrier Lowering
DOS Density Of States
ENG Equivalent Number of Gates
FD Fully depleted
FinFET Fin Field Effect Transistor
GIFBE Gate Induced Floating Body Effect
HDD High Doped Drain
HH Heavy Holes
IFM Integral Function Method
IMEC Interuniversity Microelectronics Center
LDD Light Doped Drain
LH Light Holes
MOS Metal-Oxide-Semiconductor
MOSFET Metal-Oxide-Semiconductor Field-Effect Transistor
MTC Maximum Transconductance Change
MuGFET Multiple Gate Field Effect Transistor
NFD Near-Fully depleted
PD Partially Depleted
RET Retangular
RIE Reactive Ion Etching
SCEs Short Channel Effects
SGOI SiGe on SOI
SMT Stress Memorization Technique
SOI Silicon-On-Insulator
SRB Strain Relaxed Buffer
SRH Shockley-Read-Hall
sSOI strained Silicon-On-Insulator
SSOI Strained SOI
STI Shallow Trench Isolation
TG Triple-Gate
TI Trapézio Invertido
TR Trapézio Regular
LISTA DE SÍMBOLOS
Constante de efeito de corpo. [V1/2] em transistores convencionais.
[adimensional] em transistores SOI.
Parâmetro resultante da associação das capacitâncias do transistor
MOSFET
F Potencial de Fermi da camada de silício [V]
MS Diferença da função trabalho entre metal e semicondutor [V]
MSB Diferença da função trabalho entre o substrato e o canal [V]
MSF Diferença da função trabalho entre o metal de porta e o canal [V]
ox Permissividade do óxido de silício [3,45 x 10-13 F/cm]
S Potencial de superfície do transistor SOI [V]
SB Potencial de superfície da segunda interface do transistor SOI [V]
SF Potencial de superfície da primeira interface do transistor SOI [V]
Si Permissividade do silício [1,06 x 10-12 F/cm]
NA− Concentração de impurezas aceitadoras ionizadas [cm-3]
ND+ Concentração de impurezas doadoras ionizadas [cm-3]
µ0 Mobilidade dos portadores independente do campo elétrico [cm2/V.s]
µac Mobilidade devido ao espalhamento por fônons [cm2/V.s]
µb Mobilidade do substrato [cm2/V.s]
µi,c Mobilidade dos elétrons devido ao espalhamento portador-portador
[cm2/V.s]
µi,DAeh Mobilidade dos elétrons unificando os mecanismos de espalhamento
portador-portador e impurezas ionizadas [cm2/V.s]
µi,L Mobilidade devido ao espalhamento de rede [cm2/V.s]
µi,N Mobilidade devido ao espalhamento de impurezas [cm2/V.s]
µn Mobilidade efetiva dos elétrons [cm2/V.s]
µsr Mobilidade devido à rugosidade de superfície [cm2/V.s]
A Área da secção transversal da região do canal pela qual os elétrons fluem
[cm2]
AV Ganho de tensão de malha aberta em baixa frequência [dB]
Cdepl Capacitância da região de depleção por unidade de área [F/cm2]
Cgb Capacitância entre porta e substrato [F]
Cgg Capacitância total de porta [F]
Cgs Capacitância entre porta e fonte [F]
Cit1 Capacitância das armadilhas de interface por unidade de área na primeira
interface [F/cm2]
Cit2 Capacitância das armadilhas de interface por unidade de área na
segunda interface [F/cm2]
Cox Capacitância do óxido de porta do transistor MOS por unidade de área
[F/cm2]
Coxb Capacitância do óxido enterrado por unidade de área [F/cm2]
Coxf Capacitância do óxido de porta do transistor SOI por unidade de área
[F/cm2]
CSi Capacitância da camada de silício por unidade de área [F/cm2]
Dn Coeficiente de difusão para elétrons no corpo do transistor [cm2/s]
E Campo elétrico [V/cm]
EA Nível de energia das impurezas aceitadoras [eV]
EC Nível de energia inferior da faixa de condução [eV]
ED Nível de energia das impurezas doadoras [eV]
EF Nível de Fermi do semicondutor [eV]
EFB Nível de Fermi do metal/eletrodo de substrato [eV]
EFM Nível de Fermi do metal/eletrodo de porta [eV]
EFn Nível de Fermi para elétrons [eV]
EFp Nível de Fermi para lacunas [eV]
Eg Largura da faixa proibida [eV]
Ei Nível intrínseco [eV]
EV Nível de energia superior da faixa de valência [eV]
fT Freqüência de ganho de tensão unitário [Hz]
gD Condutância de dreno [S]
gD.sat Condutância de dreno na região de saturação [S]
gm Transcondutância do transistor [S]
gm.máx Transcondutância máxima do transistor [S]
gm/IDS Relação entre a transcondutância e a corrente de dreno do transistor
MOS [V-1]
ℏ Constante de Plank reduzida [1,054 x 10-34 J.s]
HFin Altura da aleta de silício em transistores MuGFETs [m]
IDS Corrente entre dreno e fonte [A]
IDS.sat Corrente de saturação entre dreno e fonte [A]
IDS/(W/L) Corrente normalizada entre dreno e fonte [A]
k Constante de Boltzmann [1,38066 x 10-23 J/K]
L Comprimento de máscara do canal do transistor [m]
LFin Comprimento total da aleta [m]
Ln Comprimento de difusão dos elétrons [m]
m* Massa efetiva de condutividade
m0 Massa do elétron [9,11 x 10-31 Kg]
mde Densidade de estados da massa efetiva do elétron
mdh Densidade de estados da massa efetiva da lacuna
MG Metal Gate
ml Massa efetiva longitudinal do elétron
mt Massa efetiva transversal do elétron
NA Concentração de impurezas aceitadoras em um semicondutor [cm-3]
NBD Nano-Beam Diffraction
ND Concentração de impurezas doadoras em um semicondutor [cm-3]
ni Concentração intrínseca de portadores [cm-3]
Nit1 Densidade de armadilhas de interface na primeira interface por unidade
de área [F/cm2]
Nit2 Densidade de armadilhas de interface na segunda interface por unidade
de área [F/cm2]
q Carga elementar do elétron [1,6 x 10-19 C]
QD Carga de depleção na camada de silício [C/cm2]
Qdepl Carga de depleção na camada de silício [C/cm2]
Qinvf Carga de inversão no óxido de porta por unidade de área [C/cm2]
Qoxf Carga fixa no óxido de porta por unidade de área [C/cm2]
QSB Carga do silício no substrato por unidade de área [C/cm2]
S inclinação de sublimiar [mV/déc]
T Temperatura absoluta [K]
tbox Espessura do óxido enterrado [m]
toxf Espessura do óxido de porta [m]
tSi Espessura da camada de silício [m]
VB Tensão aplicada no substrato do transistor convencional [V]
VDS Tensão entre dreno e fonte [V]
VFBF Tensão de faixa plana da estrutura MOS da primeira interface [V]
VGB Tensão aplicada no substrato do transistor SOI [V]
VGB,accB Tensão aplicada no substrato do transistor SOI com a segunda interface
acumulada [V]
VGF Tensão aplicada entre a porta e fonte do transistor SOI [V]
Vgs Tensão alternada aplicada entre porta e fonte do transistor [V]
VGT Sobre-tensão de condução [V]
vsat,n Velocidade de saturação dos elétrons na camada de silício [cm/s]
vsat,p Velocidade de saturação das lacunas na camada de silício [cm/s]
Vth Tensão de limiar de porta do transistor MOSFET convencional [V]
Vth,VB≠0 Tensão de limiar de porta do transistor MOSFET convencional,
adicionando a dependência com a polarização de substrato [V]
Vthf Tensão de limiar de porta do transistor SOI MOSFET [V]
Vthf,accB Tensão de limiar de porta do transistor SOI MOSFET com a segunda
interface acumulada [V]
Vthf,deplB Tensão de limiar de porta do transistor SOI MOSFET com a segunda
interface depletada [V]
Vthf,invB Tensão de limiar de porta do transistor SOI MOSFET com a segunda
interface invertida [V]
W Largura de máscara do canal do transistor [m]
WBase Largura da base da aleta de silício em transistores MuGFET [m]
Wefetivo Largura efetiva da aleta de silício em transistores MuGFET [m]
Wmed Largura média da aleta de silício em transistores MuGFET [m]
WTopo Largura do topo da aleta de silício em transistores MuGFET [m]
xd.máx Profundidade máxima da região de depleção [m]
ε Deformação mecânica (strain) [-]
σ Tensionamento mecânico (stress) [Pa]
Σc Matriz de rigidez (stiffness matrix) [Pa]
Σs Matriz de conformidade (compliance matrix) [Pa-1]
Φgs Potencial da primeira interface descontando a tensão de faixa plana da
primeira interface [VFBF] [V]
21
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 24
1.1 VARIAÇÕES NAS ESTRUTURAS MOSFET ....................................................................... 24
1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO ............................................................................................. 28
1.3 ESTRUTURAÇÃO DA ANÁLISE DO TENSIONAMENTO MECÂNICO .......................................... 29
1.4 ESTRUTURA MUGFET SOI ........................................................................................... 30
1.5 ESTRUTURA MOSFET PLANAR CONVENCIONAL ............................................................. 30
1.6 ORGANIZAÇÃO .............................................................................................................. 31
2 CONCEITOS BÁSICOS .......................................................................................................... 32
2.1 TECNOLOGIA SOI ......................................................................................................... 32
2.1.1 Classificação dos Dispositivos SOI ............................................................................ 33
2.1.2 Efeitos de Canal Curto................................................................................................ 35
2.2 PARÂMETROS ELÉTRICOS DO TRANSISTOR SOI .............................................................. 36
2.2.1 Tensão de Limiar ........................................................................................................ 36
2.2.1.1 Tensão de Limiar no SOI MuGFET .......................................................................... 38
2.2.2 Inclinação de Sublimiar............................................................................................... 39
2.2.2.1 Inclinação de Sublimiar no SOI MuGFET ................................................................. 40
2.2.3 Transcondutância ....................................................................................................... 40
2.2.4 Mobilidade no SOI MuGFET ....................................................................................... 41
2.2.5 Relação gm/IDS ............................................................................................................ 42
2.2.6 Condutância de Saída ................................................................................................ 42
2.2.7 Ganho Intrínseco de Tensão ...................................................................................... 43
2.2.8 Frequência de Ganho de Tensão Unitário .................................................................. 44
2.3 TENSIONAMENTO MECÂNICO DO TRANSISTOR MOSFET ................................................. 44
2.3.1 A Física do Silício Tensionado Mecanicamente ......................................................... 46
2.3.2 Conversão do Tensionamento Mecânico em Deformação Mecânica ......................... 48
2.3.3 Formação do Tensionamento Mecânico..................................................................... 49
2.3.4 Tensionamento Mecânico Uniaxial ............................................................................. 50
2.3.4.1 Deposição de Camadas de Nitreto de Silício – CESL ............................................... 50
2.3.4.2 Substituição das Regiões de Fonte e Dreno............................................................. 52
2.3.5 Tensionamento Mecânico Biaxial ............................................................................... 52
3 O MuGFET SOI COM ALETA RETANGULAR ....................................................................... 54
3.1 APRESENTANDO OS MUGFETS EXPERIMENTAIS ............................................................. 54
3.2 TÉCNICAS DE TENSIONAMENTO MECÂNICO UTILIZADAS ................................................... 55
3.3 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE PROCESSO E DE DISPOSITIVO 3D ............................................ 56
3.4 A CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA ...................................................................................... 58
3.5 ANÁLISE DO TENSIONAMENTO MECÂNICO ATRAVÉS DAS SIMULAÇÕES DE PROCESSO 3D... 62
22
3.5.1 A componente 1D de Tensionamento no Comprimento e Largura da Aleta............... 62
3.5.2 A componente 1D de Tensionamento na Altura da Aleta ........................................... 65
3.6 VARIAÇÕES DIMENSIONAIS NA FORMAÇÃO DA ALETA ....................................................... 66
3.7 ANÁLISE DO TENSIONAMENTO MECÂNICO ATRAVÉS DAS SIMULAÇÕES DE PROCESSO 3D... 66
3.8 A CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA ...................................................................................... 68
3.8.1 Tensão de Limiar ........................................................................................................ 68
3.8.2 Transcondutância ....................................................................................................... 69
3.8.3 Condutância de Saída e Tensão Early ....................................................................... 70
3.8.4 Ganho Intrínseco de Tensão ...................................................................................... 71
3.8.5 Frequência de Ganho Unitário .................................................................................... 72
4 O MuGFET SOI COM ALETA TRAPEZOIDAL ...................................................................... 73
4.1 VARIAÇÕES DECORRENTES DA CORROSÃO DO SILÍCIO ................................................... 73
4.2 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE PROCESSO E DISPOSITIVO 3D ................................................ 74
4.3 A COMPONENTE 1D DE TENSIONAMENTO NO ESTUDO DA DIMENSÃO E FORMATO DA ALETA
75
4.4 A CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA ...................................................................................... 79
4.4.1 Tensão de Limiar e Inclinação de Sublimiar ............................................................... 79
4.4.2 Transcondutância e Relação gm/IDS ............................................................................ 79
4.4.3 Condutância de Saída e Tensão Early ....................................................................... 82
4.4.4 Ganho Intrínseco de Tensão ...................................................................................... 83
4.4.5 Frequência de Ganho de Tensão Unitário .................................................................. 84
5 O MuGFET SOI COM ALETA CÔNCAVA OU CONVEXA ..................................................... 85
5.1 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE DISPOSITIVO 3D .................................................................... 85
5.1 A CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA ...................................................................................... 86
5.1.1 Tensão de Limiar e Inclinação de Sublimiar ............................................................... 86
5.1.2 Transcondutância e Relação gm/IDS ............................................................................ 87
5.1.3 Condutância de Saída e Tensão Early ....................................................................... 89
5.1.4 Ganho Intrínseco de Tensão ...................................................................................... 90
5.1.5 Frequência de Ganho de Tensão Unitário .................................................................. 90
6 O MOSFET PLANAR TENSIONADO COM CANAL DE GERMÂNIO .................................... 92
6.1 MOSFETS UTILIZADOS NO ESTUDO EXPERIMENTAL ........................................................ 92
6.2 TÉCNICA DE TENSIONAMENTO MECÂNICO UTILIZADA ....................................................... 93
6.3 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE PROCESSO ............................................................................ 94
6.4 ANÁLISE DA DEFORMAÇÃO GERADA PELA FONTE E DRENO .............................................. 97
7 CONCLUSÕES E SEQUÊNCIA DE TRABALHO ................................................................. 104
PUBLICAÇÕES GERADAS DURANTE O DOUTORADO ................................................................ 109
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 113
23
APÊNDICE A ..................................................................................................................................... 121
APÊNDICE B ..................................................................................................................................... 127
APÊNDICE C ..................................................................................................................................... 144
24
1 INTRODUÇÃO
A contínua evolução e redução das dimensões dos transistores da tecnologia
CMOS (Complementary Metal-Oxide Semiconductor - Metal-Óxido Semicondutor
Complementar) convencional vem seguindo a tendência descrita pela Lei de Moore
(1). Segundo esta lei, a densidade de transistores em circuitos integrados duplica a
cada dois anos e novas tecnologias vêm permitindo manter um bom desempenho
em escalas sub-micrométricas. Este é um dos principais desafios da indústria de
semicondutores, devido aos diversos efeitos indesejados resultantes da redução do
comprimento de canal, também conhecidos como efeitos de canal curto (2,3).
1.1 VARIAÇÕES NAS ESTRUTURAS MOSFET
O aumento da mobilidade, seja ela de elétrons em dispositivos tipo “n” ou seja
ela de lacunas em dispositivos tipo “p”, é um dos grandes desafios enfrentado por
aqueles que atuam na área de semicondutores. Como mantê-la sempre crescente
com a redução das dimensões, redução do consumo de energia e aumento da
densidade dos transistores é um questionamento contínuo. E é para esta questão
que diferentes estruturas, diferentes técnicas de fabricação, simulação e diversos
caminhos de estudo da mobilidade serão abordados ao longo deste trabalho.
O tensionamento mecânico em dispositivos SOI (Silicon-On-Insulator – Silício
Sobre Isolante) MOSFET de múltiplas portas (MuGFET) e em dispositivos planares
com canais de germânio apresentam-se como uma alternativa frente às estruturas
MOS sem tensionamento. O uso do tensionamento mecânico do canal é uma
ferramenta que vem possibilitar a melhora do desempenho dos dispositivos sem que
ocorra a redução das dimensões dos mesmos através do aumento da mobilidade
dos portadores, que leva ao aumento da corrente de dreno (4).
Na tecnologia SOI CMOS, os dispositivos são construídos sobre uma fina
camada de silício, separada do substrato por um óxido isolante. Esta camada de
isolante possui a função de isolar a região ativa da região de substrato, visando
minimizar efeitos parasitários indesejados decorrentes da redução das dimensões do
dispositivo, como a maior influência das capacitâncias de junção e influências sobre
a tensão de limiar pela redução do comprimento de canal (2). A demanda da
indústria de semicondutores pela melhora do desempenho em aplicações de alta
25
velocidade e baixa potência é contínua e vem alimentando o desenvolvimento da
tecnologia CMOS ao longo da corrida pela redução do tamanho dos dispositivos.
Infelizmente, as técnicas tradicionais de redução do tamanho não são mais
suficientes para impulsionar o desempenho dos dispositivos e vão além da evolução
da estrutura MOS convencional para a tecnologia SOI planar, de forma que novos
métodos de processo se fazem por necessários, como por exemplo, a união do uso
do tensionamento mecânico com as estruturas em aleta, para alcançar este objetivo.
Dispositivos MuGFET são formados geralmente por duas, três ou quatro
portas, podendo ser independentes ou interconectadas, como o caso do transistor
de porta tripla, ilustrado na figura 1 (a) e (b), com as principais partes identificadas,
as regiões de fonte, dreno, porta, óxido de porta e óxido enterrado, a largura da aleta
(WFin), a altura da aleta (HFin) e o comprimento de canal. Neste exemplo, existem
três planos de porta interligados formando um único contato elétrico (eletrodo), as
regiões do canal, fonte, dreno e suas extensões, além do óxido de porta, óxido
enterrado, substrato e eletrodos. A camada de silício é delimitada pelo óxido
enterrado localizado logo abaixo. O uso de múltiplas portas em torno do canal
melhora a distribuição e o controle dos portadores na região ativa do dispositivo (5).
Figura 1 – Dispositivos SOI MOSFET de porta tripla.
(a) (b)
Fonte: Bühler (2009)
As estruturas MuGFET foram desenvolvidas e algumas delas tornaram-se
atrativas devido à sua razoável simplicidade de implementação no processo de
fabricação já existente na tecnologia SOI CMOS planar. Tais estruturas permitem a
redução do comprimento de canal a dimensões inferiores a 22 nm (17) pela
minimização do efeito de canal curto (6,7,8), permitindo a elevação da corrente de
26
dreno. A figura 2 ilustra a evolução dos SOI MOSFET em direção aos dispositivos de
portas múltiplas ao longo dos anos (4).
Figura 2 – Linha do tempo da evolução das estruturas SOI MOSFET (4).
Fonte: Colinge, J. P. (2006)
Os MuGFETs permitem transpor as limitações de tamanho dos dispositivos
planares através do bom acoplamento entre canal e porta obtido nestas estruturas,
reduzindo os efeitos de canal curto e melhorando a corrente de dreno (9). De forma
geral, os MuGFETs são construídos utilizando uma aleta definida pela corrosão da
camada de silício da lâmina SOI, apesar de lâminas bulk já estar em uso. A porta
auto alinhada é construída em torno da aleta através das etapas de deposição. O
uso do tensionamento mecânico aplicado nos dispositivos MOSFETs pode aprimorar
a mobilidade através da redução dos mecanismos de espalhamento, levando a
queda da resistência do canal e, consequentemente, elevando a corrente de dreno,
melhorando seu desempenho (10). Para os MOSFETs tipo “n”, o desempenho do
dispositivo é melhorado utilizando o tensionamento do tipo tensivo na camada de
silício, obtido através do processo biaxial global (11) ou pelo tensionamento do tipo
tensivo uniaxial através da técnica CESL (Contact Etch stop Layer) (49) ou
combinando ambas as tecnologias (12).
O MuGFET de porta tripla possui três portas interconectadas construídas
sobre três lados da aleta, com a fonte e o dreno localizados nas extremidades da
aleta. Como resultado, a corrente de dreno flui pelos três planos do canal
controlados pela porta. O aumento do controle da porta sobre a região ativa do canal
é um dos principais benefícios deste tipo de estrutura, aumentando a imunidade do
27
canal à influência do campo elétrico longitudinal induzido pelas regiões de fonte e
dreno, além de eventuais polarizações do substrato que podem influenciar as
condições de operação do dispositivo (totalmente ou parcialmente depletado) (13).
Reduzindo-se a espessura (largura) da aleta, a proporção de corrente elétrica
de dreno que fluirá pelas paredes laterais do dispositivo será superior à parcela que
fluirá pelo topo do canal, aproximando-se do comportamento de um transistor de
porta dupla. Para aletas com largura maior do que 500 nm, a corrente de dreno que
flui pelo topo do canal será proporcionalmente maior do que a corrente fluindo pelas
laterais do canal. Neste caso, o transistor se comportará como um transistor planar
de porta única.
A estrutura MuGFET também apresenta boas características elétricas tanto
em aplicações analógicas quanto digitais (14), operando em frequência de ganho de
tensão unitário e ganho intrínseco de tensão elevada (15). Nestas estruturas, o
transporte dos portadores ocorre em diferentes planos cristalográficos, pois a
superfície do topo da aleta e das paredes laterais têm diferentes orientações. Isto
leva a uma distribuição não uniforme da corrente de dreno entre os planos do canal
(16), uma vez que a mobilidade dos elétrons e das lacunas na camada de silício é
dependente da orientação cristalográfica. Alguns dispositivos MuGFETs vêm sendo
estudados pela indústria de semicondutores, como a Intel, IBM, AMD e Toshiba com
aplicação, por exemplo, em células de memória SRAM e processadores (17). Uma
configuração de MuGFET com possível aplicação comercial é a estrutura de porta
tripla e baseada no conceito do transistor DELTA (18), que possui porta dupla.
Um problema que afeta principalmente os dispositivos de estruturas verticais
ocorre durante o processo de corrosão do silício. No processo podem ocorrer
imperfeições ao longo das paredes laterais da aleta (fin) de silício, que darão origem
à região do canal. Com isso, o que originalmente seria uma aleta com a secção
transversal retangular, termina por apresentar paredes laterais não paralelas,
podendo assumir formas diversas, dentre as quais as mais usuais são as formas
trapezoidais (19,20), côncavas (21) ou até mesmo triangulares (22).
A tecnologia do tensionamento mecânico, utilizada para aumentar a
mobilidade dos portadores, já existe há algum tempo (23), assim como a tecnologia
de portas múltiplas (do inglês Multiple Gate Field Effect Transistor – MuGFET) (24).
Recentemente ambas as tecnologias ganharam a atenção da indústria de
semicondutores, surgindo como papéis chave, considerando a crescente e
28
incessante demanda de desempenho (25) e a necessidade de se ter um controle
mais eficiente sobre as cargas presentes na região ativa do canal.
A tecnologia do silício tensionado mecanicamente vem sendo empregado
pela indústria de semicondutores para melhora da mobilidade dos portadores nos
transistores, sejam eles de estrutura planar ou vertical. São dois os principais tipos
de tensionamento mecânico: uniaxial (aplicado ao longo do canal do dispositivo) e
biaxial (aplicado na direção da largura e do comprimento do canal), dependendo do
processo de fabricação empregado. É dito que o tensionamento mecânico veio
como um novo alento para a indústria de semicondutores, junto de outras
tecnologias como o óxido de alta constante dielétrica, permitindo prolongar o uso de
dispositivos na tecnologia planar e mantendo a Lei de Moore (1).
1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO
Tendo como foco a contínua evolução dos transistores MOSFET e a forte
demanda por melhor desempenho elétrico dos mesmos, o presente trabalho tem
como objetivos estudar técnicas para melhorar a mobilidade de portadores nos
transistores para aumento de parâmetros como transcondutância, frequência de
ganho de tensão unitário e ganho intrínseco de tensão através da redução do
espalhamento de portadores na rede cristalográfica com redução da resistência no
canal e consequente aumento da corrente de dreno. Para tal, serão utilizadas
estruturas tridimensionais, técnicas de tensionamento mecânico local ou global em
transistores SOI tridimensionais com canal de silício e transistores planares com
canal de germânio.
As implementações de tais tecnologias exigem diferentes etapas de processo
de fabricação e que impactam diversos parâmetros de funcionamento dos
dispositivos. Por tal motivo, os processos de fabricação e os principais parâmetros
elétricos dos transistores submetidos ao tensionamento mecânico são analisados
através de simulações numéricas 3D e com dados obtidos experimentalmente,
buscando entender melhor o que ocorre com o tensionamento mecânico nas
simulações numéricas para melhorar o processo de fabricação experimental. Em
casos selecionados de dispositivos tridimensionais, secções transversais da aleta do
canal serão estudadas em formatos não retangulares (trapezoidal, côncavo e
convexo), além do uso de outros materiais do grupo IV da tabela periódica para
29
construção das regiões de canal, fonte, dreno e substrato do transistor para a
melhora da mobilidade de seus portadores, sendo o tensionamento tensivo para
transistores tipo “n” e compressivo para transistores tipo “p”.
1.3 ESTRUTURAÇÃO DA ANÁLISE DO TENSIONAMENTO MECÂNICO
O tensionamento mecânico biaxial, uniaxial e biaxial mais uniaxial
combinados são analisados através de simulação numérica 3D de processo e de
dispositivo, e medidas experimentais são realizadas. O perfil 1D de cada
componente do tensionamento simulado é estudado de acordo com a sua
dependência com a largura, altura, comprimento do canal e materiais utilizados
(silício ou germânio), assim como a influência que os componentes de
tensionamento exercem sobre alguns dos principais parâmetros elétricos analógicos.
Desenvolvimento da análise do tensionamento mecânico nas diferentes
arquiteturas e técnicas é ilustrado na figura 3.
Figura 3 – Ilustração de desenvolvimento da análise do tensionamento mecânico.
Fonte: Bühler (2014)
Indução do tensionamento mecânico
Tensionamento global
SiGe SRBEncapsu-lamento
SSOI, SGOI
Tensionamento local
Silicetos, STI, MG
CESL SMTEngenharia de S/D
Si SiGe
Semicondutor (Si)
Fonte (Si)
Porta
Dreno (Si)
Substrato
Nitreto SiGe SRB
Tensivo CESL
Engenharia
de S/D
Semicondutor (Ge)
Fonte (Si)
Porta
Dreno (Si)
Substrato
SiGe SRB
Compressivo
Si SiGe
30
1.4 ESTRUTURA MUGFET SOI
Inicialmente, a arquitetura MuGFET SOI com canal de silício retangular é
adotada e estudada desde sua construção, sendo realizada a apresentação
detalhada das estruturas experimentais, a descrição dos tipos de tensionamento
mecânico utilizados, a simulação do processo de fabricação, a análise do perfil de
tensionamento mecânico e a posterior caracterização elétrica.
Variações na altura e no comprimento total da aleta são realizadas através de
simulações ajustadas com dispositivos experimentais e comparadas com os
mesmos, estudando como tais variáveis dimensionais impactam na indução do
tensionamento mecânico uniaxial e nos parâmetros analógicos.
Na literatura são conhecidos diversos casos com MuGFETs nos quais a
corrosão do silício para definição das aletas durante o processo de fabricação ocorre
não uniformemente, levando em conta a variações no formato do canal que podem
assumir formas não retangulares. O comportamento do tensionamento mecânico
uniaxial e dos parâmetros analógicos também são estudados neste caso com
transistores MuGFETs que tenham como resultado um canal trapezoidal. Em
dispositivos com canal côncavo ou convexo, o impacto dessas deformações nos
parâmetros analógicos também é analisado.
1.5 ESTRUTURA MOSFET PLANAR CONVENCIONAL
A estrutura MOSFET planar com canal de germânio também é estudada em
detalhes. O dispositivo é replicado através da simulação numérica de processo 2D
seguindo o processo original experimental e o tensionamento mecânico é ajustado
com o mesmo dispositivo experimental através de medidas da deformação da
estrutura cristalográfica do germânio. Juntamente, o substrato de germânio crescido
epitaxialmente é estudado e a densidade de defeitos existentes em sua estrutura é
observada. O tensionamento mecânico é gerado utilizando a técnica de substituição
da fonte e do dreno por outra liga de materiais que gerará o tensionamento do canal
de germânio e a forma que a fonte e o dreno assumem durante a sua deposição
também afeta o comportamento do tensionamento mecânico e todos estes casos
serão analisados.
31
1.6 ORGANIZAÇÃO
Este trabalho está organizado em sete capítulos. O primeiro capítulo, este, faz
uma breve introdução ao tema do trabalho. O segundo trata dos conceitos básicos,
necessários para o correto entendimento dos tópicos abordados nos capítulos
seguintes. Os capítulos de três a seis discutem os resultados decorrentes das
medidas experimentais e simulações numéricas. No capítulo sete, são apresentadas
as conclusões do trabalho, juntamente com a recapitulação dos principais tópicos e
resultados, seguidos das propostas de sequência do trabalho. A seguir, uma lista
com as publicações geradas ao longo do doutorado, até o momento, é apresentada,
seguida pelas referências bibliográficas.
32
2 CONCEITOS BÁSICOS
Neste capítulo, será apresentada a tecnologia SOI e o tensionamento
mecânico, descrevendo sua estrutura, classificação por modos de operação e as
principais características analógicas destes dispositivos.
2.1 TECNOLOGIA SOI
Na tecnologia SOI, os transistores são construídos em uma fina camada de
silício sobre uma camada de óxido enterrado que atua como um isolante elétrico
(BOX – Buried Oxide). A figura 4 ilustra o corte transversal de um transistor SOI
MOSFET de canal tipo “n”, onde toxf representa a espessura do óxido de porta, tSi a
espessura da camada de silício, tbox a espessura da camada de óxido enterrado e
VGF, VS, e VD as tensões aplicadas nos terminais de porta, fonte e dreno,
respectivamente (2).
Figura 4 – Corte transversal de um transistor SOI nMOSFET.
Fonte: Bühler (2009)
Entre um transistor e outro, existe um óxido de campo, que chega até o BOX,
isolando eletricamente os transistores entre si. Isto reduz os efeitos indesejados das
junções parasitárias que são comuns na tecnologia CMOS convencional,
dispensando a criação de regiões mais dopadas entre os transistores (2). Há
também a redução das capacitâncias de junção e entre regiões de fonte e dreno
Substrato
Óxido Enterrado
N+ N+ P
Óxido de Porta
Porta
Porta (VGF)
Substrato (VGB)
Fonte (VS) Dreno (VD)
1ª interface
2ª interface
3ª interface
toxf
tbox
tSi
33
com o substrato. O processo de fabricação da lâmina SOI é complexo e caro, mas,
em contrapartida, possui o atrativo da construção do transistor MuGFET na lâmina
de silício SOI ser mais simples que no processo convencional, vantagem que se
soma às discutidas anteriormente (2).
2.1.1 Classificação dos Dispositivos SOI
Os dispositivos SOI MOSFETs podem ser classificados dependendo do seu
modo de funcionamento ou operação. Quanto ao modo de operação, são dois os
modos dos transistores SOI MOSFETs, o modo enriquecimento e o modo
acumulação, sendo o primeiro modo o mais comumente utilizado em
transistores SOI nMOSFETs e o segundo modo em transistores SOI pMOSFETs.
Se a classificação for feita pelo modo de funcionamento, esta depende da
espessura da camada de silício (tSi), da concentração de dopantes da camada
(NA ou ND) e da temperatura (T), que exercem influência sobre a extensão
da camada de depleção (2). Nos dispositivos MOS convencionais, a espessura
máxima da camada de depleção xd.máx formada ao ser aplicada uma tensão igual ou
superior à tensão de limiar no eletrodo de porta do dispositivo é descrita pela
equação (1) e é ilustrada na figura 5 (a) (2):
xd.máx = √2 ∙ εSi ∙ 2 ∙ ϕF
q ∙ NA (1)
εSi representa a permissividade do silício, F=(k*T/q)*ln(NA/ni) é o potencial de
Fermi, NA e ni são a concentração de impurezas aceitadoras e a concentração
intrínseca, respectivamente, k é a constante de Boltzmann, q é a carga elementar do
elétron e T é a temperatura absoluta.
A dependência com a espessura da camada de silício que há nos transistores
da tecnologia SOI é muito importante e leva a três tipos distintos de dispositivos, que
são o totalmente depletado, o perto da depleção total e o parcialmente depletado (2).
A figura 5 apresenta os diagramas de faixa de energia do transistor MOS
convencional (a), do transistor SOI parcialmente depletado (b) e do transistor SOI
totalmente depletado (c), polarizados na tensão de porta igual à tensão de limiar (2).
34
Figura 5 – Diagramas de faixas de energia em transistores MOS convencionais (a), transistores SOI parcialmente depletados (b), e transistores SOI totalmente depletados (c).
(a) (b) (c)
Fonte: Bühler (2009)
Na figura 5, EV e EC são, respectivamente, o nível energético superior da
Faixa de Valência e o nível energético inferior da Faixa de Condução, EI representa
o nível Intrínseco, EF é o nível de Fermi do semicondutor e EFM e EFB representam,
respectivamente, o nível de Fermi do eletrodo de porta e o nível de Fermi do
substrato. VGF e VGB são as tensões aplicadas à primeira e à segunda porta,
respectivamente (2).
No caso do transistor parcialmente depletado (Partially Depleted
SOI – PDSOI), a espessura da camada de silício é maior que duas vezes a
espessura máxima da camada de depleção (tSi > 2.xd.máx), fazendo com que nunca
exista qualquer interação entre as regiões de depleção originadas a partir da
primeira e da segunda interfaces, independentemente das tensões aplicadas na
porta e no substrato, restando, portanto, uma faixa neutra entre as duas regiões,
como apresentado na figura 5 (b). Se um contato elétrico for ligado à região neutra
do silício e for aterrado, o transistor terá um comportamento semelhante à de um
transistor MOSFET convencional, mas, caso a região neutra do silício seja deixada
flutuando, o transistor poderá sofrer alguns efeitos indesejados de corpo flutuante,
como o efeito da elevação abrupta da corrente (efeito Kink) e o efeito do transistor
bipolar parasitário NPN (26).
O transistor totalmente depletado (Fully Depleted SOI – FDSOI) possui uma
fina camada de silício que forma a região do canal, a qual é menor que a espessura
máxima da camada de depleção (tSi < xd.máx) e, com isso, para tensões de porta igual
ou superior à tensão de limiar do dispositivo, as regiões de depleção provindas de
ambas as interfaces estarão sempre em contato e seguramente todo o canal estará
depletado, como apresentado na figura 5 (c), desde que não ocorra uma polarização
de substrato negativa o suficiente para que se forme uma camada de acumulação
EI
EC
EF
EV
tSi
Óxid
o d
e P
ort
a
Óxid
o E
nte
rra
do
EFM
M
EFB
VGF VGB
EI
EC
EF
EV
Xd.máx Xd.máx
tSi
Óxid
o d
e P
ort
a
Óxid
o E
nte
rra
do
EFM
M
EFB
VGF VGB
EI
EC
EF
EV
Xd.máx
Óxid
o d
e P
ort
a
EFM
M
VGS
35
junto à segunda interface. Tal característica permite que o dispositivo esteja com os
potenciais de ambas as interfaces eletricamente acoplados, apresentando
vantagens muito interessantes, quando comparado aos demais dispositivos SOI,
como a alta transcondutância (27), menor susceptibilidade ao efeito de canal curto
(28), melhor comportamento na região de sublimiar e imunidade ao efeito Kink (2).
Um terceiro caso pode ainda existir, onde o dispositivo pode estar totalmente
depletado ou parcialmente depletado, dependendo da polarização da porta e do
substrato. Nesta situação temos um dispositivo classificado como perto da depleção
total (Near Fully Depleted SOI – NFDSOI), com uma camada de silício de espessura
média, que possui uma operação intermediária entre os dois casos descritos
anteriormente e, portanto, a espessura da camada de silício fica entre uma e duas
vezes a espessura máxima da camada de depleção (xd.máx < tSi < 2.xd.máx). Caso as
polarizações da porta e do substrato sejam tais que as zonas de depleção provindas
de ambas as interfaces se encontrem, o dispositivo se comportará como um
transistor totalmente depletado, figura 5 (c), entretanto, se as zonas de depleção não
se encontrarem, o dispositivo irá se comportar como um transistor parcialmente
depletado, figura 5 (b) (2).
2.1.2 Efeitos de Canal Curto
Conforme o comprimento de canal é reduzido no transistor convencional, a
largura da camada de depleção das junções de dreno e de fonte torna-se
comparável ao comprimento do canal. Dessa forma, a distribuição do potencial no
canal depende do campo elétrico transversal e longitudinal (controlados pelas
polarizações de porta/substrato e dreno respectivamente). Sendo assim, a
distribuição do potencial torna-se bidimensional e a aproximação do canal gradual
com o campo transversal muito superior ao longitudinal não é mais válida. A
dependência do potencial com o campo elétrico longitudinal resulta na degradação
da inclinação de sublimiar, dependência da tensão de limiar com o comprimento do
canal e tensões de polarização e comprometimento da corrente de dreno na
saturação de dreno devido à sobreposição das regiões de carga espacial do dreno e
da fonte, fazendo com que a corrente flua pelo substrato (punch-through), o que
limita a tensão máxima de operação do transistor (2).
36
Figura 6 – Parcela das cargas de depleção Qd controladas pela fonte e pelo dreno para (a) canal longo, e para (b) canal curto.
(a) (b)
Fonte: Bühler (2009)
A utilização da tecnologia SOI minimiza a degradação do desempenho do
transistor causada pelos efeitos de canal curto. A figura 6 (a) e (b) apresenta a
redução do comprimento do canal e o comportamento do volume da camada de
depleção da porta, dreno e fonte. Na tecnologia SOI, a largura da camada de
depleção das junções de dreno e fonte mantém-se relativamente menores do que o
comprimento do canal, portanto, minimizando os efeitos de canal curto.
2.2 PARÂMETROS ELÉTRICOS DO TRANSISTOR SOI
Nesta seção, são apresentados os principais parâmetros elétricos nos
transistores SOI utilizados nos capítulos posteriores, focando os dispositivos
totalmente depletados planares de porta única.
2.2.1 Tensão de Limiar
A tensão de limiar de um MOSFET planar de porta única é classicamente
definida como sendo a tensão que, quando aplicada no eletrodo de porta, eleva o
potencial na superfície da camada de silício para 2 ∙ F. No MOSFET convencional
de canal tipo “n” e nos SOI MOSFET parcialmente depletados ou quase totalmente
depletados cujas depleções não estejam em interação, a tensão de limiar (Vth) é
expressa por (2):
Vth=VFB + 2 ∙ ϕF +q ∙ NA ∙ xd.máx
Cox, onde: VFB = ϕMS −
Qox
Cox e Cox =
εox
tox (2)
Substrato
Óxido Enterrado
Fonte Dreno Qd
d
d
Substrato
Óxido Enterrado
Fonte Dreno Cargas de depleção
37
VFB é a tensão de faixa plana, MS é a diferença da função trabalho do metal-
silício, Qox é a densidade de carga efetiva fixa no óxido de porta por unidade de
área, Cox a capacitância do óxido e ox a permissividade do óxido.
Nos transistores SOI MOSFET totalmente depletados, as relações que
descrevem o acoplamento das cargas existentes entre a porta e o substrato,
derivadas das equações de Lim & Fossum, são apresentadas nas equações (3) e
(4), desprezando-se as armadilhas de interface (29):
VGF = ϕMSF −Qoxf
Coxf+ (1 +
CSi
Coxf) ϕSF −
CSi
CoxϕSB −
12 Qdepl + Qinvf
Coxf (3)
VGB = ϕMSB −Qoxb
Coxb−
CSi
CoxbϕSF + (1 +
CSi
Coxb) ϕSB −
12 Qdepl + QSB
Coxb (4)
onde Qoxf e Qinvf são as densidades de carga fixa e de carga de inversão na primeira
interface do transistor SOI (Qinvf < 0) por unidade de área. Qdepl = – q∙NA∙tSi é a carga
de depleção na camada de silício por unidade de área, Qoxb é a carga fixa na
segunda interface por unidade de área e QSB é a densidade de carga de inversão
(QSB < 0) ou de acumulação (QSB > 0) da segunda interface por unidade de área.
MSF e MSB são respectivamente a diferença de função trabalho entre a porta e a
camada de silício e a diferença de função trabalho entre o substrato e a camada de
silício. Coxf e Coxb são, respectivamente, as capacitâncias do óxido de porta e do
óxido enterrado do dispositivo por unidade de área. CSi é a capacitância de depleção
do canal de silício por unidade de área, sendo que, se o dispositivo for totalmente
depletado, a capacitância ficará limitada à espessura da camada de silício.
As equações (3) e (4) descrevem as relações de acoplamento entre a porta e
o substrato em um SOI nMOSFET totalmente depletado. Combinando-as, chegamos
à dependência da tensão de limiar do dispositivo (Vthf):
Segunda interface acumulada (Vthf,accB) (SF = 2∙F, SB = 0 e Qinvf = 0):
Vthf,accB = ϕMSF −Qoxf
Coxf+ (1 +
CSi
Coxf) 2 ∙ ϕF −
Cdepl
2 ∙ Coxf (5)
38
Segunda interface invertida (Vthf,invB) (SF = 2∙F, SB = 2∙F e Qinvf = 0):
Vthf,invB = ϕMSF −Qoxf
Coxf+ 2 ∙ ϕF −
Cdepl
2 ∙ Coxf (6)
Segunda interface depletada (Vthf,deplB) (SF = 2∙F e Qinvf = QSB = 0):
Vthf,deplB = Vthf,accB −CSi ∙ Coxb
Coxf(CSi + Coxb)+ (VGB − VGB,accB ) (7)
VGB,accB é a tensão aplicada ao substrato que leva à sua acumulação. Estas
equações são válidas apenas caso as espessuras das regiões de inversão e
acumulação sejam desprezíveis.
2.2.1.1 Tensão de Limiar no SOI MuGFET
A definição utilizada anteriormente na seção 2.2.1 de que a tensão de limiar
(Vth) é atingida quando S = 2 F e, portanto, o dispositivo opera em inversão forte
não é mais válida para dispositivos de porta dupla onde, ao contrário do MOSFET
planar de porta única, a corrente de dreno surge já no regime de inversão fraca (30).
Além disso, transistores com porta tripla, quádrupla, Π ou Ω podem apresentar mais
de uma tensão de limiar devido à inversão do canal em regiões diferentes pelo efeito
de canto.
Um modelo para transistores SOI de porta dupla no modo de inversão foi
desenvolvido por Poiroux et al. (31) e é apresentada na equação (8), onde ℏ é a
constante de Plank reduzida com valor igual a 1,054 x 10-34 J.s e m* é a massa
efetiva de condutividade. Este modelo permite explicar o aumento da tensão de
limiar com a redução da largura da aleta, normalmente visto na literatura. O autor
parte da condição na qual para dispositivos totalmente depletados a capacitância de
depleção pode se tornar muito pequena se comparada à capacitância de óxido de
porta, de forma que os portadores no canal são formados majoritariamente por
cargas de inversão. Baseado nisso, o modelo de tensão de limiar para dispositivos
finos / estreitos de portas múltiplas com canal fracamente dopado é apresentado,
composto por três termos: diferença da função trabalho, potencial do canal e
39
contribuição pelo efeito de confinamento. O último termo é apenas significante para
larguras de aletas abaixo dos 7 nm. Com a redução da largura da aleta de silício, o
potencial do canal supera 2·f e a concentração de portadores no canal torna-se
maior do que a observada para aletas mais largas, levando ao aumento de Vth.
Vth.porta dupla = ∆ϕMS +k ∙ T
qln (
2 ∙ Cox ∙ k ∙ T
q2 ∙ ni ∙ tSi) +
ℏ2 ∙ π2
2 ∙ q ∙ m∗ ∙ tSi2 (8)
Nos transistores de canal vertical, a dependência da tensão de limiar com a
largura da aleta de silício (WFin) possui a mesma relação que a espessura do filme
de silício (tSi) nos dispositivos horizontais, podendo, portanto, criar-se uma relação
de equivalência entre tSi e WFin.
2.2.2 Inclinação de Sublimiar
Quando tensões de porta inferiores à tensão de limiar são aplicadas à porta
do transistor, observa-se que a corrente de dreno não é igual a zero. Durante este
regime de operação, a corrente de dreno, formada pela corrente de difusão,
cresce exponencialmente com o aumento da tensão de porta. A inclinação
de sublimiar (S) é definida como sendo a variação na tensão de porta-fonte (VGS)
necessária para que se eleve a corrente de dreno (IDS) em uma década (32), como
descrito na equação (9):
S =dVGS
d(logIDS) (9)
Para o nMOSFET convencional, como a componente predominante de
corrente de dreno no regime sublimiar é composta pela corrente de difusão, obtém-
se que:
S =k ∙ T
qln(10) ∙ n, onde: n = 1 + α, com ∝=
Cdepl
Cox (10)
α representa a razão entre as capacitâncias de depleção e do óxido de porta,
denominado como fator de acoplamento capacitivo.
40
O transistor SOI nMOSFET totalmente depletado apresenta a menor
capacitância série total equivalente dentre os dispositivos SOI, sendo até menor que
o nMOSFET convencional, resultando na menor inclinação de sublimiar dentre os
apresentados. Desta forma, os SOI nMOSFETs totalmente depletados apresentam,
em temperatura ambiente (300 K), a inclinação de sublimiar em torno de 60 mV/déc,
ficando muito próximo do limite teórico de aproximadamente 59,637 mV/déc em
temperatura ambiente, onde a capacitância série total tende a zero (0) (2).
2.2.2.1 Inclinação de Sublimiar no SOI MuGFET
Os transistores SOI com múltiplas portas apresentam comportamento muito
semelhante aos de porta única. Através das aproximações realizadas na equação do
potencial de superfície em (30) por Francis et al., a equação (11) da inclinação de
sublimiar para transistores de porta dupla é obtida como sendo:
S = ln(10)k ∙ T
q[1 +
q ∙ Dit
Cox] (11)
Dit é a densidade de cargas de interface de porta uniforme. Quando
fabricados em dimensões reduzidas e operando totalmente depletados, eles são
capazes de responder com uma melhor inclinação de sublimiar do que os
dispositivos planares, ficando muito próximos do limite teórico.
2.2.3 Transcondutância
A transcondutância (gm) representa o quanto a corrente de dreno é sensível
à variação da tensão aplicada na porta do transistor, através do seu controle
sobre as cargas na região ativa do canal. A transcondutância pode ser definida
pela equação (12).
gm =dIDS
dVGS, para VDS constante (12)
VDS é a tensão de dreno. As transcondutâncias no SOI MOSFET totalmente
depletado em ambas as regiões de operação são dadas por:
41
Região de triodo:
gm = μn ∙ Coxf
W
LVDS (13)
Região de saturação:
gm =μn ∙ Coxf
n
W
L(VGF − Vthf) (14)
n = 1 + α depende do acoplamento capacitivo. Nos transistores SOI MOSFET
totalmente depletados, assim como foi discutido na seção 2.2.1, a transcondutância
é maior em dispositivos SOI totalmente depletados, menor nos dispositivos
convencionais e ainda menor em dispositivos SOI com a segunda interface
acumulada.
2.2.4 Mobilidade no SOI MuGFET
A mobilidade dos portadores tem impacto na densidade de corrente de dreno
que será obtida numa dada tecnologia e está ligada à orientação cristalográfica da
interface de porta. As estruturas MuGFETs retangulares, como a apresentada na
figura 1, apresentam tipicamente na superfície do topo do canal a orientação
cristalográfica (100) e nas paredes laterais a orientação cristalográfica (110), o que
pode levar a uma distribuição não uniforme da corrente de dreno entre as paredes
laterais e a parede superior do canal (16), visto que os elétrons possuem mobilidade
máxima para a superfície com orientação cristalográfica (100), o que leva a uma
maior corrente de dreno fluindo pelo topo do canal nestes dispositivos (33, 34).
A variação do ângulo das paredes laterais e a consequente variação da
orientação cristalográfica nos planos laterais do dispositivo afetará a mobilidade que
poderá ou não influenciar significativamente a distribuição da densidade de corrente
que fluirá pelo dispositivo. A avaliação sobre o quanto será significativa a mudança
na distribuição da corrente de dreno no canal do dispositivo dependerá de quanto for
a variação angular das paredes laterais (35). No caso das paredes laterais da aleta
possuírem formato côncavo ou convexo a mobilidade não será constante ao longo
42
da parede lateral, tornando-se um caso mais complexo e ainda não bem
determinado, sendo necessária uma análise do seu comportamento.
2.2.5 Relação gm/IDS
A relação gm/IDS está diretamente ligada ao desempenho do circuito, sendo a
medida da eficiência do dispositivo em atingir a amplificação da corrente de dreno
em função da energia fornecida ao dispositivo. Em transistores MOSFET
convencionais e SOI, o valor de máxima eficiência é atingido na inversão fraca (36),
descrito pela equação (15), e decresce com a corrente de dreno na inversão forte
(37), descrito pela equação (16):
gm
IDS=
q
n ∙ k ∙ T (15)
gm
IDS= √
2 ∙ μn ∙ Coxf ∙ W L⁄
n ∙ IDS (16)
Como consequência do menor acoplamento capacitivo (α) discutido na seção
2.2.3, dispositivos SOI MOSFETs totalmente depletados apresentarão valores
maiores de gm/IDS do que os dispositivos convencionais, podendo atingir um valor
máximo de 35 V-1 em dispositivos SOI MOSFETs totalmente depletados e em torno
de 25 V-1 nos convencionais (38). O limite teórico com n = 1 e T = 300 K para gm/IDS
é de aproximadamente 38,6 V-1.
2.2.6 Condutância de Saída
A condutância de saída (gD), ou condutância de dreno, representa a variação
da corrente de dreno em função da tensão aplicada no dreno, responsável pelo
campo elétrico horizontal. A condutância de saída é descrita pela equação (17):
gD =dIDS
dVDS (17)
onde VGS é polarizado em: VGS ≥ VDS + Vth → triodo
VGS ≤ VDS + Vth → saturação
43
No modelo de primeira ordem descrito pela equação (17), gD seria igual a zero
quando o dispositivo operasse em saturação. No entanto, devido a efeitos de
segunda ordem, entre eles a influência da resistência de fonte e dreno causada
pelas respectivas regiões de depleção, a corrente de dreno em função da tensão de
dreno apresenta inclinação diferente de zero na saturação.
2.2.7 Ganho Intrínseco de Tensão
O ganho intrínseco de tensão (AV) é um parâmetro muito utilizado na análise
analógica de dispositivos. Conforme os transistores vêm se tornando menores e
operando em velocidades maiores, as suas propriedades analógicas degradam-se,
devido a efeitos indesejados, como o efeito de canal curto e a degradação da
condutância de saída conforme o comprimento do canal é reduzido.
Definido pela equação (18), valores maiores de ganho de tensão em
dispositivos SOI totalmente depletados são observados devido à relação gm/IDS ser
superior nestes dispositivos (2).
AV =gm
gD≅
gm
IDSVEA (18)
onde VEA é a tensão Early e pode ser obtida pela equação:
VEA =IDS
VEA + IDS.sat≅
IDS
gD
(19)
A tensão de Early é definida através da intersecção da reta tangente ao ponto
de operação em saturação (P) com o eixo de tensão de dreno. Na
figura 7 estão indicadas a condutância de saída e a tensão Early do transistor,
com a corrente (IDS.Q) e tensão (VDS.Q) de dreno quiescentes. Algebricamente a
tensão Early é dada por:
1
VEA=
1
IDS
dIDS
dVDS=
gD
IDS (20)
44
Figura 7 – Representação esquemática da tensão Early.
Fonte: Bühler (2014)
2.2.8 Frequência de Ganho de Tensão Unitário
A frequência de ganho de tensão unitário define a frequência para a qual o
transistor retorna o ganho de tensão com magnitude igual a 1 (ou correspondente a
0 dB). Esta situação indica a frequência mais alta possível de se utilizar com este
dispositivo, na qual o ganho do dispositivo cai para a sua unidade. Sua expressão é
apresenta na equação (21) e apresenta a sua dependência com a transcondutância.
fT =gm
2 ∙ π (23
Weff ∙ L ∙ Cox)
(21)
2.3 TENSIONAMENTO MECÂNICO DO TRANSISTOR MOSFET
Desde o nó tecnológico CMOS de 90 nm, o uso do tensionamento mecânico
vem sendo implementado de forma sistemática, a fim de impulsionar o desempenho
dos dispositivos, conforme prevê a lei de Moore (1). A sua combinação com o óxido
de alta constante dielétrica (high-) fez com que o uso do tensionamento se torne
ainda mais imperativo para compensar a redução na mobilidade do portador devido
ao aumento do espalhamento de fônons.
A deformação da estrutura cristalina pode ser realizada de vários modos,
como por exemplo, inserindo variações na rede cristalina, incluindo átomos de
impurezas na estrutura e por processamento térmico. O principal objetivo é fazer
com que o processo seja repetitivo, viável do ponto de vista financeiro e compatível
IDS
VDS -VEA VDS.Q
tg(α) é proporcional a gD
α
P IDS.Q
45
com a tecnologia existente e ser capaz de resistir aos ciclos térmicos do processo
(39,40).
Existem vários tipos de tensionamento que podem ser aplicados em uma,
duas ou três dimensões, cada um tendo o seu próprio efeito sobre as propriedades
físicas do material. As duas principais técnicas de tensionamento mecânico que
estão sendo amplamente utilizadas são os tensionamentos biaxial e uniaxial.
O tensionamento biaxial é o tensionamento mecânico que ocorre no
comprimento e na largura do transistor, com um tensionamento oposto na direção da
altura do canal. O outro tipo de tensionamento é o uniaxial, induzido pelo processo,
onde o tensionamento ocorre predominantemente na direção do comprimento do
canal e nos dois demais sentidos a deformação se ajusta para manter o equilíbrio. A
figura 8 apresenta as principais técnicas de tensionamento mecânicos existentes
(41).
Figura 8 – Principais tipos de técnicas de tensionamento mecânico existentes.
Fonte: Bühler (2014)
Os tensionamentos destacados em laranja (SiGe SRB, CESL e Engenharia
de S/D) estão entre as técnicas mais promissoras e serão analisadas aqui.
Uma análise cuidadosa de eficiência e custo levou à adoção do
tensionamento uniaxial induzido pelo processo de fabricação (CESL e engenharia de
S/D) devido a dois aspectos: em primeiro lugar, este tipo de tensionamento resulta
no aumento da mobilidade tanto dos elétrons quanto das lacunas utilizando uma
pequena concentração de germânio (no caso da engenharia de S/D) e baixa
degradação da mobilidade, diferentemente do silício tensionado biaxialmente, onde
uma alta mobilidade de lacunas é possível apenas com uma elevada concentração
Indução do Tensionamento Mecânico
Tensionamento Global
SiGe SRBEncapsu-lamento
SSOI, SGOI
Tensionamento Local
Silicetos, STI, MG
CESL SMTEngenharia
de S/D
46
de germânio. Em segundo lugar, o tensionamento uniaxial requer menor custo de
implantação por ser facilmente integrado à tecnologia CMOS convencional já
existente. Tais características levaram à adoção em massa desta técnica pelas
principais empresas de semicondutores, incluindo AMD, Intel e IBM. Enquanto IBM e
AMD adotaram a tecnologia SOI, a Intel adotou a tecnologia convencional (bulk)
(19).
O tensionamento mecânico induzido no substrato semicondutor de silício gera
a deformação da rede cristalina, modificando a massa efetiva dos elétrons e lacunas
e altera as propriedades de espalhamento entre bandas. Estas mudanças podem,
em troca, melhorar ou piorar a mobilidade dos portadores. Escolhendo o
tensionamento mecânico correto para cada tipo de substrato, é possível aumentar a
mobilidade dos portadores e, consequentemente, a corrente de dreno, melhorando o
funcionamento do dispositivo.
2.3.1 A Física do Silício Tensionado Mecanicamente
O tensionamento mecânico altera as bandas de valência e de condução do
silício, além da taxa de espalhamento, que serão discutidas nesta seção. A
mobilidade dos portadores (µ) é dada pela equação (22), onde -1 é a taxa de
espalhamento e m* é a massa efetiva de condutividade. O tensionamento mecânico
eleva a mobilidade reduzindo a massa efetiva de condutividade e a taxa de
espalhamento de rede (para elétrons).
μ =qτ
m∗ (22)
O tensionamento mecânico consiste na redução da massa efetiva dos
elétrons no plano (in-plane), enquanto que fora do plano (out-of-plane), a massa
efetiva dos elétrons e das lacunas é aumentada. O conceito de plano é explicado
através da figura 9 (a), com as orientações padrões. O plano de condução da
corrente é o plano pelo qual a corrente fluirá, ou seja, no desenho do transistor,
consiste na direção do canal <110>, enquanto que fora do plano de condução é
<001>.
47
Figura 9 – (a) desenho esquemático de um MOSFET com as orientações cristalográficas padrões (b) elipsoides de energia constante no espaço “k” representando cada uma um vale da banda de energia (c) faixas de energia para o silício antes e depois do tensionamento mecânico.
Silício Não Tensionado
Não Tens. / Tensionado (a) (b) (c)
Fonte: Bühler (2011)
Para os elétrons no silício não tensionado e em temperatura ambiente, a
banda de condução é composta por seis vales, todos com igual energia (6). Os
vales são representados por elipsoides dispostas no espaço “k”, figura 9 (b). A
massa efetiva de cada elipsoide é anisotrópica, com massa transversa
(perpendicular ao eixo) dada por mt = 0,19.m0 e massa longitudinal (paralela ao eixo)
dada por ml = 0,98.m0, onde m0 é a massa de repouso do elétron. No silício não
tensionado, a massa total efetiva de condutividade é obtida somando-se a
contribuição dos seis vales, utilizando a equação:
m∗ = [1
6(
2
ml) + (
4
mt)]
−1
(23)
As elipsoides claras são os vales (4) que estão no plano do silício
(plano Kx-Ky) e as duas elipsoides escuras são os vales (2) que estão fora do plano
(eixo Kz). A deformação mecânica gerada pelo tensionamento mecânico causa a
divisão da energia da faixa de condução, como mostrado na figura 9 (c). O aumento
do tamanho do elipsoide representa o deslocamento do vale para níveis de energia
mais baixos (2) e sua tendência em serem ocupados preferencialmente por
elétrons. A mobilidade dos elétrons no plano aumenta devido à redução da massa
no plano e ao aumento fora do plano (42).
A redução da massa efetiva explica apenas parte do aumento da mobilidade
obtida pelo tensionamento mecânico do silício, uma vez que também deve ser
2
2
4
4
6
6
Kx
Kx Ky
Ky
Kz
Kz
mt
mt
ml
ml
Fonte
Fonte
Dreno
Dreno
Porta
Porta
Direção do Canal <110>
Direção do Canal <110>
Fora do Plano <001>
Fora do Plano <001>
48
levada em conta a divisão da faixa de condução nos vales 2 e 4, o que causa a
redução na taxa de espalhamento de elétrons na rede. Se a divisão entre os vales 2
e 4 for maior do que a energia dos fônons, a chance de ocorrer o espalhamento é
reduzida significativamente e a mobilidade dos elétrons é aumentada. No silício não
tensionado, a banda de valência máxima para as lacunas é mais complexa. Em
temperatura ambiente, a lacunas ocupam as duas bandas superiores, que são a de
lacunas pesadas (HH) e a de lacunas leves (LH) – figura 10 (a).
Figura 10 – Esquema simplificado das bandas de energia. Alto nível de tensionamento mecânico e divisão entre os vales maior do que a energia
dos fônons são necessários para reduzir significativamente o espalhamento.
Silício Não Tensionado
(a)
Silício Tensionado
(b)
Fonte: Bühler (2011)
Um ponto chave para se atingir uma alta mobilidade de lacunas no plano é
reduzir a massa efetiva de condução na banda superior, elevando-a e distanciando-
a da banda inferior – figura 10 (b). Com a aplicação do tensionamento mecânico as
bandas de lacunas pesadas e leves perdem seu significado e misturam-se,
passando a ser chamadas apenas de banda superior e inferior.
2.3.2 Conversão do Tensionamento Mecânico em Deformação Mecânica
Em alguns casos, é conveniente analisar-se a deformação mecânica ao invés
do tensionamento mecânico, a fim de comparar, por exemplo, resultados obtidos
através de simulações numéricas de processo com resultados experimentais. Para
tanto, é necessário levar-se em conta os diferentes coeficientes de rigidez (stiffness
coefficients) dos materiais utilizados e a orientação cristalográfica dos dispositivos
para a conversão tensionamento-deformação, utilizando as constantes elásticas
K
K
E
E
banda superior
banda superior
banda inferior
banda inferior
K
K
E
E
LH
LH
HH
HH
49
adequadas. A conversão do tensionamento mecânico (σ - stress) – obtido através da
simulação numérica – em deformação mecânica (ε - strain) é realizada importando-
se o perfil do tensionamento obtido do arquivo resultante da simulação numérica
para uma planilha onde os cálculos matemáticos para conversão são realizados
seguindo a equação (24), utilizando a matriz de conformidade (Σs – compliance
matrix) correspondente ao material na orientação cristalográfica específica.
ε = Σs ∙ σ (24)
2.3.3 Formação do Tensionamento Mecânico
Há dois tipos principais de tensionamento mecânico comumente utilizados:
Tensionamento uniaxial:
A tensão mecânica é aplicada em apenas uma direção, o comprimento
do canal do transistor. Pode ser obtido de duas formas:
o Através de camadas de nitreto de silício depositadas sobre o
dispositivo. O tensionamento mecânico intrínseco do nitreto de
silício é transferido para o dispositivo. Ambos os tipos de
tensionamento mecânico (tensivo e compressivo) podem ser
obtidos através deste processo.
o Através da corrosão das regiões de fonte e dreno e deposição
epitaxial de material com distanciamento interatômico maior ou
menor que a do material do canal do transistor, gerando o
tensionamento mecânico tensivo ou compressivo.
Tensionamento biaxial:
A tensão mecânica é aplicada em duas direções, o comprimento e a
largura do canal do transistor. É obtido através do crescimento epitaxial do
silício sobre uma liga de silício-germânio. Este processo baseia-se na
diferença de distância interatômica entre os dois materiais.
Nas duas seções seguintes os dois processos de tensionamento mecânico
serão descritos.
50
2.3.4 Tensionamento Mecânico Uniaxial
2.3.4.1 Deposição de Camadas de Nitreto de Silício – CESL
O tensionamento mecânico uniaxial é realizado através de camadas tensoras
ou compressivas sobre o dispositivo, utilizando um substrato de silício sem
tensionamento prévio. Por ser um processo local, é possível aplicar o tensionamento
individualmente (para cada dispositivo), permitindo que se tenha em uma mesma
lâmina dispositivos com tensionamento mecânico tensivo e compressivo, que
melhoram a mobilidade dos portadores nos transistores nMOSFET e pMOSFET,
respectivamente. Esta é uma das características atraentes deste processo.
O processo de fabricação é conhecido como Contact Etch Stop Layer (CESL),
no qual camadas de nitreto de silício (Si3N4) são depositadas sobre a região da porta
e da aleta do transistor, como ilustrado na figura 11, que induz a tensão mecânica
(não uniforme) na direção do comprimento do canal.
Figura 11 – Técnica Contact Etch Stop Layer (CESL), no qual camadas de nitreto de silício (Si3N4) são depositadas sobre a região da porta e da aleta do transistor, que induz a tensão mecânica.
Fonte: Bühler (2014)
Processo de indução do tensionamento uniaxial é amplamente adotado na
maioria dos dispositivos de alto desempenho. O tensionamento é aplicado na
camada sobre o canal acima da camada de porta no plano (110) através da
deposição do nitreto de silício tensivo ou compressivo (43,44,45).
A técnica predominante para deposição da camada tensionadora é o
processo de deposição química em fase de vapor assistida por plasma (PECVD)
juntamente com o tratamento pós-deposição (46) em temperatura de
aproximadamente 650 °C para minimizar o teor de hidrogênio e maximizar o
tensionamento. Neste processo, uma camada de nitreto tensiva por plasma (TPEN)
Semicondutor (Si)
Fonte (Si)
Porta
Dreno (Si)
Substrato
Nitreto
51
é depositada sobre o dispositivo e, em seguida, seletivamente corroída onde se
encontra o dispositivo pMOSFET, deixando o dispositivo nMOSFET tensionado
tensivamente. Em seguida, uma camada de nitreto compressiva (TPEN) é
depositada sobre o dispositivo pMOSFET (47). Este processo é usado
principalmente pela IBM e AMD com a integração da tecnologia SOI (48). No
entanto, esse processo possui uma desvantagem devido à dependência com a
geometria e com a distância entre as portas dos transistores vizinhos devido a
cobertura de degrau.
O tensionamento mecânico é transferido a partir das regiões de fonte e dreno
do dispositivo, por serem as regiões de contato direto com o nitreto, e induzidas no
canal do dispositivo, sendo mais efetivo para dispositivos com comprimentos de
canal mais curto (49). A figura 12 apresenta um corte 3D de ¼ de um transistor
nMuGFET de porta tripla com as linhas de tensionamento mecânico tensivo através
do processo descrito. Na figura 12 podem ser identificadas as principais regiões do
dispositivo, como o canal, a fonte, o óxido enterrado, o silício policristalino sobre a
região de porta e a camada tensora de nitreto depositada sobre toda a área.
Figura 12 – Corte 3D de ¼ de um transistor nMuGFET de porta tripla com as linhas de tensionamento mecânico tensivo através do processo CESL.
Fonte: Bühler (2011)
52
2.3.4.2 Substituição das Regiões de Fonte e Dreno
A substituição das regiões de fonte e dreno (S/D) é um método de
tensionamento uniaxial muito eficaz de indução do tensionamento mecânico em
dispositivos de canal curto (50,51,52,53,54,55). Neste método, as regiões de fonte e
de dreno são removidas por corrosão e preenchidas por crescimento epitaxial
seletivo com ligas do grupo IV que possuem uma constante de rede cristalina maior
(tensionamento compressivo) ou menor (tensionamento tensivo) que a do material
que constitui o canal do dispositivo, como ilustrado na figura 13. No entanto, o
desafio neste processo está na criação por epitaxia de regiões de fonte e de dreno
livres de defeitos, com qualidade muito próxima ao do canal do dispositivo, para não
degradar a corrente de dreno.
Figura 13 - Substituição das regiões de fonte e dreno (S/D) para indução do tensionamento mecânico.
Fonte: Bühler (2014)
Além dos destes benefícios, a implementação dos tensionadores de S/D pode
gerar um impacto positivo sobre os parâmetros estáticos e dinâmicos do dispositivo
(corrente de fuga, ruído de baixa frequência, tensão de limiar) e sobre sua
confiabilidade, portanto, sua implementação requer uma otimização cuidadosa das
condições do processo (10) (11).
2.3.5 Tensionamento Mecânico Biaxial
A camada de silício tensionado biaxialmente é obtida crescendo-se uma
espessa camada de liga silício-germânio sobre o substrato de silício. A proporção de
silício e germânio na liga é representada por Si1-xGex, com “x” podendo variar de 0 a
1. Os parâmetros de rede do silício e do germânio são respectivamente aSi = 0,5431
Semicondutor (Ge)
Fonte (Si)
Porta
Dreno (Si)
Substrato
53
nm e aGe = 0,5657 nm e a diferença entre eles é definida pela equação εdeformação =
(asub − afilme) asub⁄ , resultando numa diferença de 4,2 %.
As primeiras camadas crescidas de silício sobre o Si1-xGex seguirão a mesma
distância interatômica da liga, sofrendo assim um tensionamento mecânico tensivo
biaxial no plano e compressivo fora do plano, ou seja, a rede cristalina do silício será
esticada nas direções da largura e comprimento do material, como exibido na figura
14 (a). No caminho oposto, se camadas de Si1-xGex são crescidas sobre o silício, a
liga de Si1-xGex seguirá a rede cristalina do silício e sofrerá um tensionamento
compressivo no plano (a lâmina é comprimida na largura e no comprimento do
canal) e tensivo fora dele, como exibido na figura 14 (b) (56).
Figura 14 – Elipsoides de energia constante no espaço “k” representando cada uma um vale da banda de energia para o (a) Si tensionado tensivamente e (b) SiGe tensionado compressivamente.
Si Tensionado Tensivamente (a) SiGe Tensionado Compressivamente (b)
Fonte: Bühler (2011)
Para obtenção da lâmina SOI, na lâmina virgem, é crescida uma camada de
óxido de silício e unida a uma outra lâmina de silício, também com uma camada de
óxido de silício crescida, as quais, após unidas, darão origem à camada de óxido
enterrado. As camadas do substrato de silício e da liga de SiGe da primeira camada
são removidas, restando apenas a camada de silício tensionado biaxialmente unida
ao novo substrato de silício da segunda lâmina através da camada de óxido
enterrado, formando a lâmina sSOI (strained SOI) (57).
Kx
Kx Ky
Ky
Kz
Kz
mt
mt
ml
ml
2
2
4
4
Kx
Kx Ky
Ky
Kz
Kz
mt
mt
ml
ml
2
2
4
4
Si
Si
SiGe
SiGe
Si
Si
SiGe
SiGe
54
3 O MuGFET SOI COM ALETA RETANGULAR
O estudo da arquitetura MuGFET SOI com canal de silício retangular é
iniciada com o processo de fabricação, análise do perfil de tensionamento mecânico
e posterior caracterização elétrica focando nos parâmetros analógicos.
3.1 APRESENTANDO OS MuGFETS EXPERIMENTAIS
Os transistores medidos são MuGFETs de porta tripla tipo “n”, fabricados
pelo imec, na Bélgica. Imagens dos dispositivos obtidas através do
microscópio eletrônico do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da EPUSP
são apresentadas na figura 15.
Figura 15 – Imagens obtidas dos dispositivos fornecidos pelo imec através do microscópio eletrônico do Laboratório de Sistemas Integráveis da EPUSP (LSI).
Fonte: imec/LSI-EPUSP/Bühler (2011)
Eles são construídos em lâmina SOI (100), possuindo uma camada de óxido
enterrado com 150 nm de espessura e a aleta de silício tem altura HFin de 65 nm,
larguras WFin de 20, 40, 120, 370 e 870 nm e comprimentos de canal Lch de 50, 100,
150, 400 e 900 nm. As extensões de fonte e dreno com as respectivas regiões de
LDD possuem comprimento de 50 nm cada e a concentração de dopantes no canal
NA é de 1015 cm-3. O desenho esquemático longitudinal e transversal do MuGFET
com as partes identificadas é apresentado na figura 16 (a) e (b), respectivamente.
55
Figura 16 - Visão esquemática do MuGFET porta tripla: (a) longitudinal (b) transversal.
(a) (b)
Fonte: Bühler (2011)
O dielétrico de porta é composto por 2,3 nm de HfSiON (50% Hf) sob 1 nm de
óxido de silício SiO2. O metal de porta é obtido através da deposição de uma
camada de 5 nm de TiN e uma camada de silício policristalino com 100 nm de
espessura para finalizar o eletrodo de porta. As dimensões dos dispositivos não
tensionados e dos tensionados mecanicamente são mantidas.
3.2 TÉCNICAS DE TENSIONAMENTO MECÂNICO UTILIZADAS
O tensionamento mecânico, utilizado para aumentar a mobilidade dos
portadores e impactando no desempenho do dispositivo, é utilizado nos transistores
MuGFET aqui descritos em três técnicas diferentes: o tensionamento uniaxial, o
tensionamento biaxial e ambos combinados. O conceito físico do tensionamento
mecânico já foi discutido na seção 2.3 e, nesta seção, o objetivo é descrever quais
os tipos de tensionamento mecânico que foram utilizados e como foram
implementados.
O processo de fabricação necessário para implementar cada tensionamento
nos dispositivos MuGFET SOI tipo “n” envolve diferentes técnicas e materiais.
O Tensionamento Mecânico Uniaxial
Para a formação do tensionamento uniaxial no MuGFET SOI tipo “n”
utilizando a técnica CESL, a camada de nitreto de silício depositada em temperatura
de 650 °C é de 100 nm de espessura, com maiores detalhes na referência (58).
WFin
HFin
Óxido Enterrado
Óxido Enterrado
Substrato
Lch LDD LDD
Lfin
HFin
Óxido Enterrado
Óxido Enterrado
Aleta de Silício
Aleta de Silício Substrato
56
O Tensionamento Mecânico Biaxial
A camada de liga de silício-germânio para formação do tensionamento
mecânico a partir da qual o silício é crescido epitaxialmente possui a proporção
Si0,8Ge0,2, gerando uma camada de silício com aproximadamente 1,5 GPa de tensão
mecânica tensiva no plano da largura e comprimento do canal previamente a
qualquer intervenção realizada na lâmina.
O Tensionamento Mecânico Biaxial e Uniaxial Combinados
O tensionamento biaxial e o uniaxial quando combinados resultam na adição
de ambos os efeitos. A fabricação do dispositivo inicia-se com o processo usual do
transistor biaxial e é completado pela deposição do nitreto de silício com 100 nm de
espessura, induzindo o tensionamento uniaxial ao dispositivo já tensionado
biaxialmente.
3.3 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE PROCESSO E DE DISPOSITIVO 3D
Os dispositivos MuGFET não tensionados e os tensionados mecanicamente
são produzidos utilizando o simulador numérico Sentaurus de processos 3D (59),
seguindo as mesmas etapas de processo necessárias para obter o dispositivo
funcional. Um quarto da estrutura simulada com aleta de largura de 20 nm e
comprimento de canal de 150 nm é apresentada na figura 17 com as principais
partes identificadas. Todos os transistores simulados são construídos em substrato
SOI (100), com óxido enterrado na espessura de 150 nm, aleta com altura de 65 nm
e comprimentos de canal de 150 nm e 900 nm e larguras de 20 nm e 870 nm. Como
resultado, dezesseis estruturas são criadas somando-se as estruturas não
tensionadas mecanicamente e as estruturas tensionadas mecanicamente nos três
tipos de tensionamento. O dielétrico de porta é composto por 2 nm de HfO2 (cujo
dielétrico na espessura utilizada equivale ao HfSiON com 50% Hf utilizado no
experimental) sob 1 nm de óxido de silício SiO2, gerando uma espessura de óxido de
porta com dielétrico equivalente ao das estruturas experimentais. O metal de porta é
obtido através da deposição de uma camada de 5 nm de TiN e uma camada de
silício policristalino com 100 nm de espessura para finalizar o eletrodo de porta, igual
ao experimental. Nas simulações, as aletas de silício são consideradas longas,
57
estendendo-se 500 nm além do comprimento do canal para cada lado do mesmo.
Silicetos não foram utilizados para definição dos contatos de fonte e dreno, sendo
criados contatos virtuais no simulador cujas características elétricas equivalem as do
siliceto utilizados nos dispositivos experimentais.
Figura 17 - ¼ da estrutura simulada com as principais partes identificadas.
Fonte: Bühler (2011)
Para a análise do desempenho elétrico, o simulador numérico Sentaurus
TCAD 3D de dispositivos é utilizado (60). Os parâmetros de mobilidade global inicial
foram ajustados com os dispositivos experimentais não tensionados mecanicamente,
garantindo que as respostas apresentadas pelas simulações fossem condizentes
com as dos dispositivos experimentais. Modelos de mobilidade para tensionamento
mecânico que consideram variações de piezorresistividade são utilizados no
simulador, juntamente com os modelos de mudança de energia de sub-banda
devido ao tensionamento. As mudanças nos efeitos do tensionamento são
calculadas por: modelo de deformação de potencial, onde a deformação pelo
tensionamento é considerada pequena e a mudança de energia em cada portador
(causada pela deformação do parâmetro de rede) é uma função linear desta
deformação; massas efetivas e densidades de estado, onde a massa efetiva é uma
função do band gap dependente da temperatura; modelo da mobilidade induzida
pela deformação, através do qual as estatísticas de Boltzmann são assumidas.
Com as simulações 3D de processo, o estudo individual de cada componente
do tensionamento se torna possível, permitindo determinar o tensionamento em
parte da aleta de silício. Das três componentes disponíveis, duas são estudadas e
Stress-YY
Stress-YY Stress-ZZ
Stress-ZZ
Corte 1D na altura
Corte 1D na altura
Corte 1D no comprimento
Corte 1D no comprimento
Corte 1D na largura
Corte 1D na largura
58
são divididas em: direção do comprimento do canal como sendo a componente YY
(Stress-YY) e direção da largura do canal como sendo a componente ZZ (Stress-
ZZ). Extraídas no comprimento e na largura da aleta, em sua parte superior e
central, e verticalmente na altura da aleta como exibido na figura 17, as linhas de
corte (componentes 1D) de tensionamento Stress-YY e Stress-ZZ são estudadas e
confrontadas com resultados experimentais e simulados de caracterização elétrica.
3.4 A CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA
Os valores de transcondutância máxima gm.max apresentados na figura 18 são
extraídos das curvas de transcondutância com a tensão de dreno fixada em 50 mV e
normalizados por Weff/Lch, removendo parte da dependência com as dimensões. A
largura efetiva da aleta Weff é calculada através da equação Weff = WFin + 2 * HFin.
Os dispositivos possuem no topo da aleta orientação cristalográfica (100) e
nas suas laterais orientação (110), levando a distribuição não uniforme da corrente
elétrica (61), onde a corrente fluindo pelo topo é favorecida pela maior mobilidade
(62,63). Para WFin de 20 nm, a corrente que flui pelo topo da aleta é
proporcionalmente menor se comparada com a corrente que flui pelas paredes
laterais da aleta, que totalizam 130 nm de largura efetiva (65 nm + 65 nm). No
entanto, para WFin de 870 nm a situação é invertida, sendo proporcionalmente maior
a corrente que flui pelo topo se comparada à lateral, resultando em um fluxo maior
de corrente por unidade de área. Adicionalmente, a rugosidade criada nas paredes
laterais devido à corrosão do silício colabora para a redução da mobilidade dos
portadores nas paredes laterais (64,65), afetando igualmente as paredes laterais de
todos os dispositivos de todas as larguras, mas degradando proporcionalmente mais
a mobilidade global dos dispositivos mais estreitos.
Reduzindo o comprimento de canal, gm.max é degradado pelos efeitos de canal
curto e resistência série, que passam a ter papel de destaque interferindo no
controle da porta e fluxo de corrente, respectivamente. A transcondutância máxima
normalizada apresenta tendência similar para ambas as larguras de aletas
analisadas aqui, com a aleta de WFin 870 nm tendo maior valor de gm.max normalizada
nos dispositivos biaxiais e com tensionamentos combinados. O tensionamento
biaxial monstrou ser uma opção melhor que o uniaxial para dispositivos com
comprimento de canal maior que aproximadamente 250 nm em ambas as larguras
59
da aleta. No entanto, quando se tratam de dispositivos com comprimento de canal
inferior a aproximadamente 250 nm, o tensionamento uniaxial se destaca sobre o
biaxial, entregando uma maior transcondutância máxima normalizada, em ambas as
larguras. Com ambos os tensionamento combinados, a transcondutância máxima
normalizada ultrapassa ambos os casos de tensionamento isolados, entregando o
cenário mais favorável para gm.max.
Figura 18 – Máxima transcondutância normalizada, em função do comprimento de canal.
150 300 450 600 750 900
0
5
10
15
20
25
30
35
150 300 450 600 750 900
gm
.max
/(Wef
f/L
ch) [
S
]
Channel Lenght (Lch
) [nm]
WFin = 20 nm
Medidas
Convencional
Biaxial
Uniaxial
Bi + Uni
Convencional
Biaxial
Uniaxial
Bi + Uni
Comprimento de Canal (Lch
) [nm]
WFin = 870 nm
Medidas
Fonte: Bühler (2014)
A figura 19 apresenta o ganho normalizado da transcondutância máxima com
o tensionamento aplicado (gm.max tens. norm. – gm.max não tens. norm.). Na figura,
evidencia-se o quanto cada tensionamento aumenta a transcondutância máxima e
mostra que as diferenças entre os tensionamento diminuem com a redução do
comprimento do canal devido aos efeitos de canal curto, resistência série,
tensionamento não uniforme e diferenças na sua efetividade. No tensionamento
biaxial, o aumento da transcondutância máxima ocorre conforme o comprimento de
canal é alongado e é maior quando tanto o comprimento quando a largura é
aumentada. Para o uniaxial, o aumento ocorre com o estreitamento das aletas e
redução do comprimento do canal; o gm.max aumenta até o comprimento entre 150
nm e 200 nm, depois do qual a transcondutância diminui conforme o comprimento do
canal é reduzido. Esta tendência foi reportada previamente na referência (66)
quando analisados dispositivos tensionados uniaxialmente.
60
Figura 19 – Variação da transcondutância máxima normalizada, em função do comprimento de canal.
150 300 450 600 750 900
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
150 300 450 600 750 900
Medidas
g
m.m
ax/(W
eff/L
ch) [
S
]
Channel Lenght (Lch
) [nm]
Biaxial
Uniaxial
Bi+Uni
WFin = 20 nm
Medidas
WFin = 870 nm Biaxial
Uniaxial
Bi+Uni
Comprimento de Canal (Lch
) [nm]
Fonte: Bühler (2014)
Plotando a transcondutância máxima normalizada, em função da largura do
canal na figura 20, as transcondutâncias se comportam razoavelmente uniformes e
constantes para WFin maiores que 120 nm, mesmo com a variação da largura do
canal. A transcondutância medida degradou-se com a redução do comprimento de
canal de 900 nm para 150 nm, resultado dos mecanismos de degradação discutidos
anteriormente.
Figura 20 - Máxima transcondutância normalizada, em função da largura do canal.
150 300 450 600 750 900
0
5
10
15
20
25
30
35
150 300 450 600 750 900
Convencional
Biaxial
Uniaxial
Bi + Uni
gm
.max
/(Wef
f/L
ch) [
S
]
Channel Lenght (Lch
) [nm]
Lch = 150 nm
Medidas
Convencional
Biaxial
Uniaxial
Bi + Uni
Largura da Aleta (WFin
) [nm]
Lch = 900 nm
Medidas
Fonte: Bühler (2014)
Com a mobilidade dos portadores ajustada e obtendo-se o casamento da
transcondutância máxima no regime linear (VDS = 50 mV) entre os transistores
experimentais e simulados convencionais e com os mecanismos tensores ajustados
61
entre os transistores experimentais e simulados tensionados mecanicamente, é
realizada a análise do tensionamento mecânico na sessão seguinte.
A figura 21 apresenta os resultados dos ajustes na mobilidade e nos
tensionamentos mecânicos entre os transistores experimentais e simulados para a
transcondutância máxima normalizada. A transcondutância máxima normalizada
apresentou para todos os casos de tensionamento, melhores resultados em
estruturas com comprimento de canal maior, visto que em tais estruturas a
resistência série e efeitos de canal curto são menores que nas estruturas com
comprimentos de canal menores. O tensionamento mecânico também contribuiu
reduzindo o espalhamento dos portadores, reduzindo a resistência do canal,
aumentando a mobilidade dos portadores e, consequentemente, elevando a
transcondutância máxima. Um arquivo da simulação de processo de fabricação e um
arquivo da simulação de dispositivo do MuGFET com tensionamento mecânico
biaxial + uniaxial com WFin = 20 nm e Lch = 150 nm estão disponíveis no Apêndice A
e no Apêndice B, respectivamente.
Figura 21 - Máxima transcondutância normalizada experimental e simulada, em função do comprimento de canal.
0 300 600 900 1200
6
12
18
24
0 300 600 900 1200
6
12
18
24
0 300 600 900 1200
12
18
24
30
0 300 600 900 1200
12
18
24
30
0 300 600 900 1200
0
12
24
36
0 300 600 900 1200
12
24
36
48
0 300 600 900 1200
12
24
36
48
0 300 600 900 1200
12
24
36
48
convencional
Medidas
Sim
ulação
WFin = 20 nm WFin = 870 nm
gm
.max/(
Weff/L
ch)
[S
]
Comprimento de Canal (Lch
) [nm]
convencional
uniaxial uniaxial
biaxial biaxial
bi+uni bi+uni
Fonte: Bühler (2014)
62
3.5 ANÁLISE DO TENSIONAMENTO MECÂNICO ATRAVÉS DAS SIMULAÇÕES
DE PROCESSO 3D
3.5.1 A componente 1D de Tensionamento no Comprimento e Largura da
Aleta
A componente de tensionamento Stress-YY no comprimento de canal
apresentada na figura 22 é extraída 1 nm abaixo da superfície do canal no topo da
aleta.
O primeiro ponto de tensionamento uniaxial mínimo ao longo do comprimento
do canal ocorre no seu centro e cresce até atingir o ponto de máximo tensionamento
junto às interfaces de LDD, ponto a partir do qual ele decresce rapidamente. No
interior do canal e nas regiões de LDD o tensionamento é totalmente tensivo,
enquanto nas regiões de fonte e dreno ele é compressivo. A redução do
comprimento de canal de 900 nm para 150 nm elevou a componente Stress-YY. A
quase nula componente Stress-YY no comprimento de canal de 900 nm se dá pela
presença do metal de porta depositado sobre o canal, o qual interfere na
deformação da aleta de silício pela camada tensora de nitreto de silício, de forma
que canais mais curtos tendem a deformar mais que canais mais longos para um
mesmo tensionamento aplicado.
Para o tensionamento biaxial, os pontos de mínimo e máximo também
ocorrem, no entanto, a diferença é pequena e no interior do canal o tensionamento
continua a ser constante. Com os vários passos do processo de fabricação
necessários para construir o MuGFET, parte do tensionamento original de 1,5 GPa
originado a partir da camada de Si0.8Ge0.2 é perdida em diferentes proporções e em
cada uma das dimensões, suscetíveis a corrosão do silício e ao recozimento para
difusão dos dopantes no silício durante o processo de fabricação. Como a figura 22
mostra, essas degradações ocorrem em transistores estreitos e largos.
Para o tensionamento biaxial e uniaxial combinado, a deposição da camada
de nitreto de silício no transistor biaxial se adiciona à tensão já presente no uniaxial,
aumentando o componente de Stress-YY no interior do canal. Em regiões de fonte e
de dreno a componente Stress-YY diminui devido ao tensionamento uniaxial
compressivo adicionado ao tensionamento tensivo biaxial. O tensionamento uniaxial
63
combinado ao biaxial tem um resultado aditivo sobre o Stress-YY final, embora não
seja uma relação linear.
Figura 22 – Componente de tensionamento uniaxial em Stress-YY, em função do comprimento de canal.
-40
0
-20
0 0
200
400
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
-80
0
-60
0
-40
0
-20
0 0
200
400
600
800
-40
0
-20
0 0
200
400
-80
0
-60
0
-40
0
-20
0 0
200
400
600
800
Co
mpo
ne
nte
Str
ess-Y
Y [G
Pa]
Fin Length [nm]
CanalLch = 150 nm
UniaxialFechado: WFin = 20 nm
Aberto: WFin = 870 nm
Fechado: WFin = 20 nm
Aberto: WFin = 870 nm
Fin Length [nm]
Canal
Uniaxial
Lch = 900 nm
Biaxial
Bi+Uni
Fin Length [nm]
Biaxial
Bi+Uni
Fin Length [nm]Ao Longo da Aleta (no centro da aleta) [nm]
Fonte: Bühler (2014)
Os tensionamentos resultantes em transistores com Lch de 900 nm ficaram de
acordo com o gm.max visto na figura 18 e na figura 20, com os transistores uniaxiais
mostrando uma pequena melhora em comparação aos dispositivos não tensionados
e os transistores biaxiais mostram uma melhora acentuada. Quando ambos os
tensionamentos são combinados, o aumento de gm.max é ligeiramente maior que o
transistor com o tensionamento biaxial, resultante da pequena contribuição fornecida
pelo tensionamento uniaxial. Para transistores com Lch de 150 nm, o tensionamento
uniaxial mostra maior eficiência que para transistores com comprimento de canal
mais longo. No comprimento do canal de 150 nm, as ordens das curvas de
tensionamento não seguem as ordens esperadas quando comparado com a
transcondutância máxima da figura 18. As estruturas simuladas por processo são as
mesmas utilizadas no simulador de dispositivo e elas retornaram bons resultados em
acordo com os transistores experimentais, como apresentado na figura 21. Os
resultados das simulações numéricas de transcondutância normalizada e
Tensionamento Médio no Centro do Canal Stress-YY (TMCC-YY) – apresentado em
MPa/m, o Stress-YY é extraído a 1 nm abaixo da superfície do canal e normalizada
pelo comprimento do canal – são apresentados na tabela 1 para todos os casos
simulados. Os valores de TMCC-YY foram obtidos integrando-se a área do canal da
componente Stress-YY de cada dispositivo e normalizando pelo comprimento do
64
canal individualmente, resultando na unidade MPa/m. Para os canais mais curtos, os
efeitos de canal curto e a resistência série começam a desempenhar um papel mais
significativo e o tensionamento uniaxial é favorecido melhorando a sua eficiência, o
que atrasa a degradação de gm.max em comparação ao tensionamento biaxial. Com a
redução do comprimento de canal, a componente biaxial Stress-YY permanece
praticamente inalterada. No entanto, a componente uniaxial Stress-YY aumenta,
diminuindo a distância entre eles e favorecendo o gm.max do transistor uniaxial.
Tabela 1 – Resultados das Simulações Numéricas da Transcondutância Normalizada e do Tensionamento Médio no Centro do Canal Stress-YY (TMCC-YY).
Dimensão Canal:
Compr. / Largura
(nm)
Técnica de Tensionamento Utilizada
Convencional (Tens. Biaxial)/Lch (Tens. Uniaxial)/Lch (Tens. Bi. + Uni.)/Lch
gm.max norm. (µS)
gm.max norm. (µS)
TMCC-YY (MPa/m)
gm.max norm. (µS)
TMCC-YY (MPa/m)
gm.max norm. (µS)
TMCC-YY (MPa/m)
150 / 20 9,36 14,78 1,36 15,9 0,29 17,43 1,61
150 / 870 11,96 15,97 1,31 17,56 0,23 18,96 1,60
900 / 20 15,67 26,23 1,31 17,32 -0,01 29,35 1,32
900 / 870 17.9243 29.8611 1.3042 19.8576 0.0244 32.8444 1.3710
Com o tensionamento uniaxial ocorrendo predominantemente na direção YY,
apenas uma pequena parte do tensionamento ocorre na direção ZZ e é praticamente
inexistente. Na tecnologia de tensionamento biaxial, a degradação do tensionamento
mecânico com os passos do processo de fabricação tais como a corrosão para
definição das aletas, implantação iônica e recozimento fazem com que ocorra uma
forte redução do Stress-ZZ, reduzindo o tensionamento biaxial inicial de 1,5 GPa
para quase zero.
Figura 23 – Componente de tensionamento biaxial em Stress-YY em função da largura do canal.
-5 0 5
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
-5 0 5
-40
0
-30
0
-20
0
-10
0 0
100
200
300
400
-40
0
-30
0
-20
0
-10
0 0
100
200
300
400
Uniaxial
Co
mpo
ne
nte
Str
ess-Y
Y [G
Pa]
Fin Length [nm]
Fechado: Lch = 150 nm
Aberto: Lch = 900 nm
WFin=20 nm
Biaxial
Bi+Uni
Fin Length [nm]
WFin=870 nm
Fechado: Lch = 150 nm
Aberto: Lch = 900 nm
Fin Length [nm]
Região do Canal
Uniaxial
Biaxial
Bi+Uni
Fin Length [nm]
Ao Longo da Largura da Aleta (no centro da aleta) [nm]
Fonte: Bühler (2014)
65
O componente de Stress-YY na largura apresentado na figura 23 se comporta
quase que constante, com pequenas variações de tensionamento próximo das
paredes laterais das aletas mais largas com WFin de 870 nm, mas as variações são
relativamente pequenas em comparação com a quantidade total de tensionamento
presente.
3.5.2 A componente 1D de Tensionamento na Altura da Aleta
Linhas de cortes verticais no centro do canal da componente Stress-YY na
altura são extraídos e apresentados na figura 24. As variações da componente
Stress-YY na altura são muito importantes em alguns casos. Na maior parte dos
casos, a quantidade de tensionamento na componente YY aumenta conforme se
afasta da parte superior da aleta e chega mais próximo da sua base. Em transistores
uniaxiais, o aumento da largura do canal provoca uma pequena diminuição do
Stress-YY e um maior tensionamento ocorre na parte inferior da aleta. Nos
transistores biaxiais, o Stress-YY sofre uma ligeira redução, abaixo de 3,4%,
conforme ele se afasta da base da aleta e se aproxima da parte superior, com todos
os dispositivos comportando-se de forma semelhante e independentemente da
largura e do comprimento do canal. Com ambos os tensionamento combinados, a
componente Stress-YY que anteriormente sendo apenas biaxial era uniforme na
altura, agora apresenta valores mais elevados na base do canal em comparação
com o topo, através da adição do tensionamento uniaxial. O tensionamento gerado
pela camada de nitreto de silício depositada também aumentou a diferença entre o
Stress-YY na parte superior e na parte inferior do canal.
Figura 24 - Componentes de tensionamento em Stress-YY em função da altura do canal.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
Componentes Stress-YY [GPa]
Linhas:
Cheia: WFin = 20 nm
Pontilh.: WFin = 870 nm
Símbolos:
Fechado: LFin = 150 nm
Aberto: LFin = 900 nm
Tensionamentos:
Triângulo: Uniaxial
Círculo: Biaxial
Estrela: Bi+Uni
Base da Aleta
Altu
ra d
a A
leta
(cen
tro d
a al
eta)
[nm
]
Topo da Aleta
Fonte: Bühler (2014)
66
3.6 VARIAÇÕES DIMENSIONAIS NA FORMAÇÃO DA ALETA
Com base nos resultados obtidos das análises nos MuGFETs nas seções 3.4
e 3.5, a análise do impacto das dimensões da aleta na indução do tensionamento
mecânico uniaxial e nos parâmetros analógicos é realizada no canal retangular. É
dado destaque apenas ao tensionamento uniaxial por ser o tensionamento que
apresentou variações mais significativas com a dimensão da aleta. O processo de
fabricação e caracterização elétrica de estruturas com diferentes dimensões são
criados através do simulador de processo de fabricação, variando-se o comprimento
e altura da aleta no dispositivo retangular. Os perfis do tensionamento mecânico são
extraídos dos dispositivos seguindo os mesmos pré-requisitos descritos na seção
3.5.
Os parâmetros dos modelos de mobilidade utilizados nas simulações elétricas
são ajustados e validados com medidas experimentais realizadas nos dispositivos
MuGFET de porta tripla fornecidos pelo imec, conforme realizado na seção 3.5. Os
principais parâmetros elétricos analisados incluem tensão de limiar,
transcondutância, condutância de saída, tensão Early, ganho intrínseco de tensão e
frequência de ganho unitário.
3.7 ANÁLISE DO TENSIONAMENTO MECÂNICO ATRAVÉS DAS SIMULAÇÕES
DE PROCESSO 3D
Exceto pelas dimensões da aleta, as demais dimensões do dispositivo são
mantidas iguais aos casos da seção 3.3. A partir do estudo anterior e imagens
obtidas dos dispositivos fornecidos pelo imec através do microscópio eletrônico do
Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da EPUSP, apresentadas na figura 15, foi
adotado o dispositivo de referência. O dispositivo possui comprimento total da aleta
de 1 µm, com 100 nm de comprimento de canal, 20 nm de largura e altura de 65 nm.
Os modelos numéricos de mobilidade do dispositivo de referência, tanto o
convencional quanto sob tensionamento mecânico uniaxial, foram ajustados com os
dados experimentais utilizando as curvas de corrente de dreno e valores de
transcondutância máxima.
Além da estrutura com comprimento total da aleta LFin de 1 µm com 65 nm de
altura, outras três estruturas foram estudadas utilizando os mesmos ajustes de
67
modelo dos dispositivos de referência. A primeira mantém o LFin de 1 µm, mas reduz
a sua altura pela metade, ficando em 32,5 nm. Para as duas estruturas finais, LFin é
reduzido pela metade (500 nm) e os dois valores de HFin são utilizados (65 nm e 32,5
nm).
Assim como na seção 3.5, o processo de fabricação e os perfis de distribuição
do tensionamento mecânico uniaxial são reanalisados nas novas estruturas. A
componente de tensionamento Stress-YY no comprimento de canal é extraída 1 nm
abaixo da superfície do canal no topo da aleta e a 1 nm acima da interface entre a
aleta e o óxido enterrado (base da aleta). A figura 25 apresenta um corte 3D de ¼ da
estrutura de referência tensionada mecanicamente, obtida por simulação de
processo. O perfil de distribuição do tensionamento mecânico uniaxial ao longo do
canal Stress-YY é apresentado como anteriormente, com tons de azul
representando as áreas com tensionamento mecânico compressivo e as áreas em
tons de vermelho com tensionamento mecânico tensivo. Novamente, o
tensionamento mecânico se mostra tensivo na região do canal e compressivo nas
regiões de fonte e dreno.
Figura 25 – Corte 3D de ¼ da estrutura de referência tensionada mecanicamente, obtida por simulação de processo.
Fonte: Bühler (2011)
A figura 26 (a) apresenta o perfil de tensionamento mecânico ao longo da
aleta em diferentes alturas para HFin de 65 nm e ambos LFin de 500 nm e 1 µm. Os
pontos de máximo nas interfaces do canal com as regiões de LDD e o vale no centro
68
do canal se mantêm presentes. Ao longo da altura da aleta – figura 26 (b) – o
tensionamento mecânico muda rapidamente e o dispositivo com LFin menor possui
menor tensionamento mecânico.
Figura 26 – (a) Linhas de corte ao longo da aleta mostrando o perfil de tensionamento mecânico em diferentes alturas (b) Linhas de corte ao longo da altura da aleta para as quatro estruturas.
-20
0
-10
0 0
10
0
20
0
-1200
-800
-400
0
400
800
1200
1600
Tensio
nam
ento
(ao longo d
a a
leta
) [M
Pa]
Lfin
= 1 m
Lfin
= 500 nm
Ao longo da Aleta [nm]
Lch
= 100 nm
Hfin
= 65 nm
Ba
se
da
Ale
ta
To
po
da
Ale
ta
Te
nsiv
oC
om
pre
ssiv
oLDD Canal LDD
(a)
150
300
450
600
750
900
Hfin
= 32.5 nm
Hfin
= 65 nm
Tensio
nam
ento
(ao longo d
a a
ltura
) [M
Pa]
Altura da Aleta [nm]
0
Base
da Aleta
65
Topo
da Aleta
32,5
Lfin
= 1 m
Lfin
= 500 nm
(b)
Fonte: Bühler (2014)
3.8 A CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA
3.8.1 Tensão de Limiar
Na figura 27 é apresentada a tensão de limiar para dispositivos experimentais
e simulados. Ela foi extraída utilizando-se o método da variação máxima da
transcondutância na polarização de dreno de 50 mV. A partir deste ponto, os
gráficos são divididos em duas partes e as comparações são realizadas com as
estruturas de referência, definidas anteriormente. No lado esquerdo da figura, a
altura da aleta é fixada em 65 nm e o comprimento total é variado, enquanto que no
lado direito, o comprimento é fixado em 1 µm e a altura é variada.
Dispositivos tensionados mecanicamente sofreram uma queda em Vth de até
15,5 %, seguindo a tendência esperada, segundo a literatura, pela redução na
largura da faixa proibida com o tensionamento mecânico. A redução de LFin nos
dispositivos convencionais não causou variações em Vth, como esperado, uma vez
69
que nenhuma variação foi induzida na região de silício de interesse. No dispositivo
tensionado mecanicamente, a tensão de limiar se mantém relativamente uniforme,
com um leve aumento ao reduzir-se LFin, devido ao tensionamento mecânico menor
neste dispositivo.
Figura 27 – Resultados simulados e experimentais da tensão de limiar para VDS = 50 mV.
0,5 1,00,36
0,38
0,40
0,42
0,44
0,46
0,48
0,50
0,52
0,54
Vth [
V]
Lfin
[m]
Convencional
Tensionado
Hfin
= 65 nm
32,5 65,0
Hfin
[nm]
Aberto: Simulação
Fechado: Experimental
Lfin
= 1 m
Fonte: Bühler (2014)
3.8.2 Transcondutância
O valor da transcondutância máxima experimental e simulada é extraído a
partir da derivada primeira da curva IDS em função de VGS na região de operação
linear e é apresentada na figura 28 (a). Apesar da diferença na quantidade de
tensionamento mecânico transferido para a aleta, a variação de LFin não resultou em
mudança significativa na transcondutância máxima. O tensionamento mecânico
proporcionou aumento da mobilidade dos elétrons que resultou na transcondutância
máxima destes dispositivos 64 % maior que nos convencionais.
A redução de HFin resultou na redução de 41 % de gm.max em relação à
referência, mas o aumento nos dispositivos tensionados mecanicamente em
comparação aos convencionais foi mantido em 64 %. É importante salientar que se
gm.max for normalizado pela largura efetiva da porta e o comprimento do canal
(Weff/Lch), esta diferença entre os dois valores de HFin desaparece. As mesmas
70
tendências observadas na região de operação linear são refletidas no regime de
saturação (gm.sat), exibido na figura 28 (b).
Figura 28 – (a) Resultados simulados e experimentais da transcondutância máxima para VDS = 50 mV (b) transcondutância na região de saturação para VDS = 600 mV e VGT = 200 mV.
0,5 1,04
6
8
10
12
14
16
18
20
gm
.max [S
]
Lfin
[m]
32,5 65,0
Hfin
[nm]
Convencional
Tensionado
Hfin
= 65 nm
Aberto: Simulação
Fechado: Experimental
Lfin
= 1 m
(a)
0,5 1,0
20
30
40
50
60
70
80
90
100
gm
.sat [S
]
Lfin
[m]
32,5 65,0
Hfin
[nm]
Convencional
Tensionado
Hfin
= 65 nm
Simulação
Lfin
= 1 m
(b)
Fonte: Bühler (2014)
3.8.3 Condutância de Saída e Tensão Early
A condutância de saída foi extraída utilizando a mesma técnica empregada
anteriormente na região de saturação, com a mesma polarização de dreno e
sobretensão de porta. Apresentada na figura 29 (a), ela não sofreu influência com a
variação de LFin, uma vez que gD está ligado à suscetibilidade das cargas do canal
ao campo elétrico longitudinal gerado pelo dreno. Apenas uma degradação de
aproximadamente 65 % com a aplicação do tensionamento mecânico foi observado
e já foi reportado anteriormente (67).
Apesar dos menores valores de transcondutância, gD apresentou valores
melhores para o HFin menor. A figura 29 (b) apresenta a tensão Early com
dispositivos tensionados mecanicamente tendo valores melhores em todas as
situações, resultado da melhor mobilidade para a mesma sobretensão de porta,
como já discutido anteriormente. Nenhuma dependência significativa com LFin é
observada. Olhando no lado direito da figura de VEA, a redução de HFin causou a
71
redução da tensão Early no dispositivo convencional, mas a deposição da camada
tensora de nitreto de silício foi mais eficiente neste caso, levando a um aumento de
9,5 % em relação ao convencional, contra os 7 % de melhoria nos dispositivos de
referência.
Figura 29 – (a) Condutância de saída para VDS = 600 mV e VGT = 200 mV (b) tensão Early para VDS = 600 mV e VGT = 200 mV.
0,5 1,0
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
gD [S
]
Lfin
[m]
32,5 65,0
Hfin
[nm]
Convencional
Tensionado
Hfin
= 65 nm
Simulação
Lfin
= 1 m
(a)
0,5 1,05,8
6,0
6,2
6,4
6,6
6,8
7,0
7,2
VE
A [V
]
Lfin
[m]
32,5 65,0
Hfin
[nm]
Convencional
Tensionado
Hfin
= 65 nm
Simulação
Lfin
= 1 m
(b)
Fonte: Bühler (2014)
3.8.4 Ganho Intrínseco de Tensão
Obtido seguindo as mesmas condições anteriores, AV=gm.sat/gD, o ganho
intrínseco de tensão é apresentado na figura 30, seguindo a mesma tendência vista
para a tensão Early. Apesar da transcondutância na saturação ser menor para
dispositivos com HFin de 32,5 nm, a condutância de saída foi melhorada, reduzindo
seus valores. Mesmo assim o dispositivo convencional ainda apresenta ganho
intrínseco de tensão inferior ao dispositivo de referência. Entretanto, este dispositivo
terá valores maiores que o dispositivo de referência se submetido ao tensionamento
mecânico, resultado do mais eficiente aumento de AV pelo aumento da mobilidade
dos portadores através do tensionamento mecânico aplicado. O aumento obtido com
o tensionamento mecânico em relação ao dispositivo convencional com HFin de 32,5
nm e 65 nm foi de 8 % e 5,1 % respectivamente.
72
Figura 30 – Ganho intrínseco de tensão para VDS = 600 mV e VGT = 200 mV.
0,5 1,047
48
49
50
51
52
53
54
55
AV [
dB
]
Lfin
[m]
32,5 65,0
Hfin
[nm]
Convencional
Tensionado
Hfin
= 65 nm
Simulação
Lfin
= 1 m
Fonte: Bühler (2014)
3.8.5 Frequência de Ganho Unitário
A frequência de ganho unitário na figura 31 apresentou resultados
relativamente uniformes para a estrutura de referência e as estruturas modificadas,
mas com aumentos significativos para dispositivos tensionados mecanicamente
sobre os convencionais, ficando entre 73 % e 75 %, mostrando que com dispositivos
tensionados mecanicamente é possível operar-se em frequências pelo menos 73 %
mais elevadas que o convencional, antes que o ganho do dispositivo cai para a sua
unidade.
Figura 31 – Frequência de ganho unitário para VDS = 600 mV e VGT = 200 mV.
0,5 1,0
30
40
50
60
70
80
90
f T [G
Hz]
Lfin
[m]
32,5 65,0
Hfin
[nm]
Convencional
Tensionado
Hfin
= 65 nm
Simulação
Lfin
= 1 m
Fonte: Bühler (2014)
8,0% 5,1%
73
4 O MuGFET SOI COM ALETA TRAPEZOIDAL
A análise da influência do canal trapezoidal na indução do tensionamento
mecânico uniaxial e nos parâmetros analógicos é realizada comparativamente a
análise do canal retangular. O estudo é realizado criando-se dispositivos através do
simulador de processos de fabricação inserindo o perfil trapezoidal, além da variação
do comprimento e altura da aleta, prosseguindo com a análise da seção 3.6. Os
perfis do tensionamento mecânico são extraídos dos dispositivos seguindo os
mesmos pré-requisitos descritos na seção 3.5 e simulações elétricas são realizadas
em situações com e sem o tensionamento mecânico uniaxial, obtido através do
simulador de processos 3D Sentaurus.
Os principais parâmetros elétricos analisados são a tensão de limiar,
inclinação de sublimiar, transcondutância, relação gm/IDS, condutância de saída,
tensão Early, ganho intrínseco de tensão e frequência de ganho de tensão unitário.
4.1 VARIAÇÕES DECORRENTES DA CORROSÃO DO SILÍCIO
Conforme as dimensões da aleta (e do dispositivo em si) são reduzidas,
seguindo a perspectiva da ITRS (International Technology Roadmap for
Semiconductors) (68), os desafios enfrentados no processo de corrosão e definição
da aleta de silício tornam-se cada vez maiores. Por esta razão, a etapa de corrosão
e a sua qualidade é um fator chave na fabricação dos dispositivos microeletrônicos.
Apesar dos esforços em produzir corrosões com melhor controle para que se
obtenham aletas mais próximas do formato retangular uniforme desejado, o que se
obtém muitas vezes são perfis trapezoidais ou côncavos ou ainda convexos. Devido
a essas imperfeições inerentes ao processo de corrosão, os dispositivos MuGFET
sofrem frequentemente de paredes laterais não verticais, resultando em uma secção
transversal do canal não retangular com portas laterais inclinadas, com formatos
muitas vezes trapezoidais. Estas variações geométricas podem afetar alguns
parâmetros analógicos do dispositivo (22,69,70,71,72,73,74), alguns dos quais serão
abordados a seguir.
Nas referências (19,20,21,22), os autores apresentam alguns formatos de
aletas de diferentes referências e a figura 32 apresenta alguns cortes realizados em
74
dispositivos experimentais destes formatos. Os formatos mais comuns da secção
transversal são o trapezoidal e o côncavo.
Figura 32 – Corte da secção transversal de estruturas MuGFET. Aleta com formato (a) trapezoidal (19) (b) trapezoidal (20) (b) côncavo (21) (c) triangular (22).
(a) (b) (c) (d)
Fonte:(a) Intel Corp et al (2012), (b) Lindert et al (2001), (c) Kedzierski et al (2002), (d) Wu et al (2005)
4.2 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE PROCESSO E DISPOSITIVO 3D
Os dispositivos avaliados seguem as mesmas características dos dispositivos
da seção 3: SOI MuGFET de porta tripla convencional e com tensionamento
mecânico uniaxial. As estruturas novamente foram obtidas através da simulação de
processo 3D utilizando o simulador Sentaurus, baseado no processo do imec.
As estruturas com formato da secção transversal retangular (RET) possuem
largura de 20 nm. As estruturas de secção transversal trapezoidal são divididas em
trapézio regular (TR), com largura do topo da aleta WTopo de 10 nm e largura da base
da aleta WBase de 30 nm, e trapézio invertido (TI), com WTopo de 30 nm e WBase de 10
nm. A largura média da aleta (largura na metade da altura da aleta) de todos os
dispositivos novamente é mantida a mesma e igual a 20 nm, assim como a área da
secção transversal para simplificação da comparação entre eles.
A figura 33 (a) apresenta as principais partes do transistor através do corte 2D
da secção transversal mostrando o trapézio regular. As extensões de fonte e dreno
(LDD) possuem 50 nm de comprimento cada.
75
Figura 33 – (a) Corte 2D da secção transversal mostrando o trapézio regular e suas principais partes (b) Perfil 3D do tensionamento
mecânico tensivo na aleta retangular ao longo do canal para o MuGFET tipo n.
(a) (b)
Fonte: Bühler (2014)
Dois comprimentos totais da aleta LFin foram adotados para esta etapa como
sendo de 600 nm e 250 nm, com comprimento de canal de 100 nm e nenhuma
dopagem de canal aplicada durante o processo de fabricação, resultando na
concentração de dopantes de NA = 1015 cm-3 para todos os dispositivos. A figura 33
(b) apresenta o perfil 3D do tensionamento mecânico uniaxial na aleta retangular ao
longo do canal. Os tons de azul representam as áreas onde o tensionamento
mecânico é compressivo e as áreas em tons de vermelho representam as áreas
onde o tensionamento mecânico é tensivo.
As mudanças de piezorresistência são implementadas no simulador para
descrever os efeitos da deformação mecânica (ocasionadas pelo tensionamento
mecânico) na operação do dispositivo. Estas mudanças são consideradas através
dos mesmos modelos descritos anteriormente no item 3.3.
4.3 A COMPONENTE 1D DE TENSIONAMENTO NO ESTUDO DA DIMENSÃO E
FORMATO DA ALETA
Nesta seção é avaliado o processo de fabricação e o perfil de distribuição da
componente de tensionamento mecânico uniaxial ao longo do comprimento de canal
(Stress-YY), com foco especial em variáveis como formato, altura e comprimento da
aleta. A componente de tensionamento na largura do canal (Stress-ZZ) não foi
Óxido Enterrado
Óxido Enterrado
Silício Poli
CESL
Aleta
Aleta
76
incluída devido à sua pouca influência, como discutido na seção 3. A figura 34 (a)
apresenta o perfil de tensionamento mecânico uniaxial 3D na aleta retangular ao
longo do canal, extraído verticalmente no centro da aleta. A figura 34 (b) apresenta
as linhas de corte extraídas ao longo da aleta na base, topo e na metade da altura
para os três formatos.
O tensionamento mecânico tensivo induzido pelo nitreto de silício é maior na
base da aleta do que no topo. O ponto de mínimo tensionamento mecânico ao longo
do comprimento do canal (entre - 50 nm e + 50 nm) ocorre no seu centro,
aumentando na direção da interface com o dreno fracamente dopado (LDD), local
onde é atingido o seu valor mais alto. Um segundo ponto de máximo ocorre na
interface LDD / HDD (High Doped Drain – HDD), de onde cai abruptamente atingindo
o estado de tensionamento mecânico compressivo conforme adentra as regiões de
fonte e dreno. Tendências muito similares estão presentes nos trapézios regulares e
invertidos. Dentro do canal e das regiões de LDD, o tensionamento mecânico é
totalmente tensivo e é maior na base da aleta, como mostrado na figura 34 (b). As
diferenças no perfil de tensionamento mecânico para cada altura são muito
pequenas no interior do canal e nas regiões de LDD, exceto pela base do trapézio
invertido que possui valor um pouco maior nas interfaces de canal com o LDD. Nas
regiões de fonte e dreno (HDD) o tensionamento mecânico torna-se compressivo,
com níveis maiores de tensionamento mecânico compressivo no topo da aleta.
Figura 34 – (a) Perfil de tensionamento mecânico 3D na aleta ao longo do canal para o transistor RET (b) Perfil de tensionamento mecânico ao longo da aleta em diferentes alturas.
(a)
-25
0
-20
0
-15
0
-10
0
-50 0
50
10
0
15
0
20
0
25
0
-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
250
HFin
= 65 nm
LFin
= 600 nm
Base da Aleta
Metade Altura
Topo da Aleta
Base Aleta
Metade Altura
Formatos:
TI RET TR
Tensio
nam
ento
(ao longo d
a a
leta
) [M
Pa]
Ao longo da Aleta [nm]
LDDCanalLDD
Topo Aleta
(b)
Fonte: Bühler (2014)
77
Uma vez que o tensionamento mecânico foi mais efetivo na base da aleta,
uma simulação de processo adicional foi realizada com a altura da aleta reduzida
para a sua metade (em outras palavras, HFin de 32,5 nm), mantendo os três formatos
da aleta para realizar o estudo da mudança no tensionamento mecânico efetivo. Os
perfis de tensionamento mecânico no topo e na base da aleta são apresentados na
figura 35 (a), onde o topo da aleta é extraído na altura equivalente ao meio da aleta
na figura 34 (b).
Uma terceira simulação de processo foi realizada, desta vez reduzindo o
comprimento da aleta. Originalmente a aleta possuía 600 nm de comprimento e foi
reduzido para 250 nm. Com esta redução – figura 35 (b) – o tensionamento
mecânico sofreu uma forte queda, atingindo inclusive níveis compressivos no topo
da aleta, uma condição indesejável, uma vez que ela degrada a mobilidade dos
portadores nos dispositivos nMOSFETs. Além disso, os picos característicos nas
interfaces com LDD e HDD praticamente desapareceram.
Focando no tensionamento mecânico no centro do canal, linhas de corte
verticais ao longo da altura da aleta foram extraídas e são apresentadas na figura 35
(c). Os três grupos de estruturas com diferentes formatos são apresentados juntos.
Figura 35 – (a) Linhas de corte ao longo da aleta mostrando o perfil de tensionamento mecânico em diferentes alturas para os três formatos com HFin = 65 nm e LFin = 600 nm e (b)
HFin = 32,5 nm e LFin = 600 nm. (c) Linhas de corte ao longo da altura da aleta para os três formatos.
-25
0
-20
0
-15
0
-10
0
-50 0
50
10
0
15
0
20
0
25
0
-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
250
Te
nsio
na
me
nto
(a
o lo
ng
o d
a a
leta
) [M
Pa
]
HFin
= 32,5 nm
LFin
= 600 nm
Topo Aleta
Base AletaFormatos:
TI RET TR
Ao longo da Aleta [nm]
LDDCanalLDD
Base da Aleta
Topo da Aleta
Te
nsiv
oC
om
pre
ssiv
o
-10
0
-50 0
50
10
0
HFin
= 65 nm
LFin
= 250 nm
Formatos:
TI RET TR
LDDCanalLDD
Topo Aleta
Metade Altura
Base Aleta
0 6533
-25
0
25
50
75
100
125
150
175
200
225
32,5Metade
HFin
= 32,5 nm
LFin
= 600 nm
HFin
= 65 nm
LFin
= 600 nm
HFin
= 65 nm
LFin
= 250 nm
Formatos:
TI RET TR
da Altura da Aleta
Te
nsio
na
me
nto
(a
o lo
ng
o d
a a
ltu
ra)
[MP
a]
Altura da Aleta [nm]
Topo
Te
nsiv
o
Compr.
Baseda Aleta
(a) (b) (c)
Fonte: Bühler (2014)
78
Na base do canal, uma pequena redução no tensionamento mecânico, em
torno de 5,4 %, ocorre com a redução da altura da aleta para a sua metade.
Entretanto, reduzindo o comprimento da aleta de 600 nm para 250 nm causa uma
queda no valor final do tensionamento mecânico de 73,6 %.
Na metade da altura da aleta (ou no topo do transistor com HFin de 32,5 nm), a
redução proporcional com as dimensões da aleta é maior. A redução da altura levou
a valores de tensionamento mecânico 19,8 % menores, enquanto que reduzindo o
comprimento o degradou em 80,2 %. O menor tensionamento mecânico com a
redução da altura ocorre devido ao topo da aleta estar amarrado aos materiais de
porta devido à sua proximidade aos mesmos, interferindo na eficiência da
transferência do tensionamento mecânico gerado pela camada de nitreto de silício.
Ao mesmo tempo, o tensionamento mecânico induzido nas regiões de LDD é
levemente maior no transistor com a metade da altura, devido a esta área ser livre
dos materiais de porta, mais próxima da camada tensiva de nitreto de silício, mas
ainda coberta pelo espaçador.
A partir destes resultados, conclui-se que utilizar uma aleta mais alta é
benéfico para a transferência do tensionamento mecânico, além dos já conhecidos
benefícios descritos na literatura de redução da resistência série com o aumento da
altura da aleta sem que se aumentade a área de lâmina utilizada. No topo da aleta, a
redução do seu comprimento causou a redução do tensionamento mecânico em 109
%. A variação da tensão mecânica ao longo da altura da aleta nesta mesma
estrutura também é notável. Para a aleta alta e longa, a variação foi de 63,4 %; 33,9
% para a aleta com HFin de 32,5 nm e LFin de 600 nm; e 63,4 % para a aleta mais
curta.
Não somente a altura da aleta é importante, mas, principalmente, o seu
comprimento. Conforme a camada de nitreto de silício é depositada, a aleta mais
longa possui maior área de contato com o nitreto de silício, sendo assim capaz de
induzir uma quantia maior de tensionamento mecânico na aleta e,
consequentemente, no canal.
Baseado nestes resultados de simulação do processo, a caracterização
elétrica nesta fase preliminar de estudo foi realizada nas estruturas com altura e
comprimento da aleta igual a 65 nm e 600 nm respectivamente e é apresentada na
seção a seguir.
79
4.4 A CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA
4.4.1 Tensão de Limiar e Inclinação de Sublimiar
A tensão de limiar foi extraída utilizando-se o método da máxima variação da
transcondutância na região de operação linear do transistor, com polarização de
dreno igual a 50 mV. Conforme o formato da aleta é alterado do trapézio regular
para o trapézio invertido, passando pelo formato retangular, nenhuma variação
considerável na tensão de limiar foi observada, uma vez que a variação de tensão
ficou dentro do passo adotado aqui, de 10 mV. A inclinação de sublimiar, utilizada
para estudar a suscetibilidade do dispositivo aos efeitos de canal curto, é extraída e
listada na tabela 2. Ela não apresentou dependência significativa com o
tensionamento mecânico. O formato retangular e o trapézio invertido mantiveram
seus valores próximos do limite teórico de (k.T/q)ln(10), com o trapézio invertido
mostrando o melhor (menor) valor devido ao acoplamento eletrostático mais forte
entre as portas e o canal. O trapézio regular possui o acoplamento eletrostático de
porta mais fraco dos três, pois devido a sua geometria o ângulo entre as faces
laterais da porta e a face no topo da aleta é maior que no caso do trapézio invertido
e, consequentemente, as faces da porta são mais distantes entre si. Com isso o
campo elétrico gerado pela porta torna-se menos intenso. Nenhuma variação
significativa na inclinação de sublimiar foi notada quando o tensionamento mecânico
foi aplicado.
Tabela 2 – Valores da Inclinação de Sublimiar para Dispositivos MuGFET Convencionais e Tensionados Mecanicamente.
Inclinação de Sublimiar (mV/déc.)
MuGFET Convencional MuGFET Tensionado Mecanicamente
TR RET TI TR RET TI
62,0 60,8 60,5 62,0 60,9 60,5
4.4.2 Transcondutância e Relação gm/IDS
As curvas de transcondutância na região linear (com VDS de 50 mV) e os
valores da transcondutância na região de saturação (com VDS de 600 mV e VGT de
200 mV) foram obtidos segundo a derivada de primeira ordem da curva da corrente
80
de dreno em função da tensão de porta, como utilizado previamente. Os resultados
são apresentados na figura 36 (a) e na figura 36 (b), respectivamente.
Figura 36 – (a) Curvas de transcondutância na região linear em função do formato da aleta para dispositivos convencionais e tensionados mecanicamente (b) transcondutância na região de
saturação (c) ganho de transcondutância na saturação com o tensionamento mecânico aplicado.
0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
0
10
20
30
40
50
60
70
IT REC RT
110
120
130
140
150
160
170
Tensionado
gm [S
]
VGS
[V]
Convencional
VDS
= 50 mV
L = 100 nm
Linhas Tracejadas:
Linhas Cheias:
Linhas Pontilhadas:
MuGFET Convencional
MuGFET Tensionado
gm
.sa
t [S
]
Formato da Aleta
VGT
= 200 mV
VDS
= 600 mV
L = 100 nm
TI RET TR IT REC RT
0
4
8
12
16
20
24
TI RET TR
gm
.sa
t.va
r [%
]
Formato da Aleta
Ganho do Tensionado
sobre o Convencional
(a) (b) (c)
Fonte: Bühler (2014)
Na região linear, a mudança no formato da aleta do retangular e do trapézio
regular para o trapézio invertido levou a um aumento de 8,3 % da transcondutância
máxima, enquanto que o uso do tensionamento mecânico resultou em valores em
média 12,9 % maiores de transcondutância máxima que em dispositivos
convencionais. O aumento na transcondutância máxima no trapézio invertido está
ligado à mudança no formato da aleta com o acoplamento eletrostático mais forte
entre a porta e as cargas no canal. Ele está também ligado ao maior comprimento
total de porta (largura efetiva do transistor: 2.HFin + WFin), o que resulta em uma
maior área condução de corrente. Os valores de transcondutância máxima são
apresentados na tabela 3.
A transcondutância na região de saturação segue a mesma tendência vista na
região linear com o trapézio invertido, apresentando o melhor valor, produto do
melhor acoplamento formado pela porta. O aumento obtido através do aumento da
mobilidade dos portadores pelo tensionamento mecânico é apresentado na figura 36
(c), ficando próximo de 14 %. Embora um ganho levemente maior ocorra para o
formato retangular, o maior (e consequentemente melhor) valor da transcondutância
81
pertence ao trapézio invertido, devido ao melhor acoplamento eletrostático entre a
porta e as cargas do canal.
Tabela 3 – Valores de Transcondutância Máxima na Região Linear para Dispositivos MuGFET Convencionais e Tensionados Mecanicamente.
Transcondutância Máxima (µS)
MuGFET Convencional MuGFET Tensionado Mecanicamente
TR RET TI TR RET TI
49,6 49,7 53,8 55,8 56,5 60,4
A relação gm/IDS é apresentada na figura 37 para os três formatos da aleta e
para dispositivos convencionais e tensionados mecanicamente. Ambas as
tecnologias e os diferentes formatos possuem comportamento similar. Entretanto, há
diferenças nas inversões fracas e fortes. No canto superior direito da figura 37, é
mostrada parte da região de inversão fraca ampliada com detalhes. Nesta região, as
curvas ficam agrupadas pelo tipo de formato e com valores maiores para o trapézio
invertido, seguido pelo formato retangular e o trapézio regular, nesta sequência, e
uma pequena dependência com a tecnologia de tensionamento mecânico. No canto
inferior direito da figura o detalhe da inversão forte é apresentado, desta vez com as
curvas agrupadas pelo tipo de tecnologia. Dispositivos tensionados mecanicamente
apresentam valores mais elevados, com os dispositivos de trapézio invertido sendo
os com maiores valores em cada grupo, apesar de ser pequena a diferença.
Figura 37 – Relação gm/IDS para dispositivos MuGFET convencionais e tensionado mecanicamente.
10-9
10-8
10-7
10-6
10-5
5
10
15
20
25
30
35
40
Inversão Forte
Inversão Fraca
gm/I
DS [V
-1]
IDS
/(W/L) [A]
VDS
= 600 mV
L = 100 nm
Linhas Tracejadas:
Linhas Cheias:
Linhas Pontilhadas:
10-9
10-8
5x10-8
36
37
38
39
gm/I
DS [V
-1]
IDS
/(W/L) [A]
Convencional
Tensionado
10-5
2x10-5
3x10-54x10
-5
3
4
5
6
7
8
IDS
/(W/L) [A]
gm/I
DS [V
-1]
Tensionado
Convencional
Fonte: Bühler (2014)
82
4.4.3 Condutância de Saída e Tensão Early
A condutância de saída é extraída através da derivada de primeira ordem da
curva da corrente de dreno em função da tensão de dreno na região de saturação. A
polarização de dreno foi mantida em 600 mV e a sobretensão de porta em 200 mV.
A condutância de saída é dependente da variação do comprimento efetivo de canal
com a tensão de dreno e o campo elétrico gerado por ele. Ao aumentar o
acoplamento dos portadores dentro do canal com a porta, a suscetibilidade das
cargas ao controle pelo dreno pode ser reduzida e com isso a condutância de saída
será reduzida. Esta evolução no aumento do acoplamento eletrostático com
subsequente redução na condutância de saída pode ser observada na figura 38 (a)
caminhando-se do trapézio regular para o trapézio invertido, passando pelo formato
retangular. Para os dispositivos convencionais, a variação do trapézio invertido para
o retangular degradou gD em 1,8 %, um valor pequeno se comparado à degradação
ao mudar para o trapézio regular, que ficou em 14,7 %. É válido notar que a
condutância de saída no retangular ficou mais próxima do trapézio invertido,
enquanto que na transcondutância ele ficou mais próximo do trapézio regular. Esta
tendência oposta terá impacto no ganho intrínseco de tensão, analisado a seguir.
Figura 38 – (a) Condutância de saída na região de saturação em função do formato da aleta (b) degradação de gd na saturação com o tensionamento
mecânico aplicado (c) tensão Early em função do formato da aleta.
IT REC RT
1,7
1,8
1,9
2,0
2,1
2,2
IT REC RT
0
2
4
6
8
10
TI RET TR
Degradação do Tensionado
sobre o Convencional
VDS
= 600 mV
gD
.var [%
]
Formato da Aleta
MuGFET Convencional
MuGFET Tensionado
TI RET TR
gD [S
]
Formato da Aleta
VGT
= 200 mV
L = 100 nm
IT REC RT
9,0
9,5
10,0
10,5
11,0
11,5
12,0
12,5
13,0
MuGFET Convencional
MuGFET Tensionado
TI RET TR
VE
A [
V]
Formato da Aleta
VGT
= 200 mV
L = 100 nm
(a) (b) (c)
Fonte: Bühler (2014)
83
Com a aplicação do tensionamento mecânico ocorre a degradação de gD em
todos os formatos, assim como ocorrido em análises anteriores. A figura 38 (b)
apresenta o porcentual de degradação sofrido por gD com o tensionamento
mecânico. A degradação causada pelo tensionamento mecânico foi inferior ao
causado pela mudança no formato da aleta, especialmente quando comparado ao
ganho obtido na transcondutância com a utilização do mesmo tensionamento
mecânico. Adicionalmente, na figura 38 (c) é exibida a tensão Early. Novamente o
trapézio invertido leva vantagem sobre os demais formatos, devido ao seu melhor
acoplamento eletrostático, de maneira similar ao visto em análise anterior. O
tensionamento mecânico aumentou a tensão Early em 1,2 %, valor pouco
expressivo.
4.4.4 Ganho Intrínseco de Tensão
O ganho intrínseco de tensão obtido nas mesmas condições das análises
anteriores é apresentado na figura 39 (a). O ganho obtido em AV com a aplicação do
tensionamento mecânico ficou em torno de 2,23 % para uma camada de nitreto
tensora de 800 MPa – figura 39 (b). Estes resultados mostram que, apesar do
tensionamento mecânico melhorar a transcondutância pelo aumento da mobilidade
dos portadores, a degradação sofrida pela condutância de saída foi severa.
Observando o gráfico de barras, o trapézio invertido não possui o maior aumento na
transcondutância, com 13,8 %, entretanto tem a menor degradação na condutância
de saída, de 2,8 %, pois o maior acoplamento eletrostático da porta com a cargas do
canal reduziu a susceptibilidade destas ao campo elétrico gerado pelo potencial
aplicado no dreno. Esta compensação lhe deu o maior ganho intrínseco de tensão.
De forma oposta, o formato retangular apresentou o melhor ganho em gm, mas a pior
degradação de gD – quase o dobro do trapézio invertido – pela razão inversa,
deixando-o na última posição em comparação aos demais formatos.
84
Figura 39 – (a) AV em função do formato da aleta (b) aumento em AV com o tensionamento mecânico.
IT REC RT
35
36
37
38
39
40
TI RET TR
MuGFET Convencional
MuGFET Tensionado
VGT
= 200 mV
AV [
dB
]
Formato da Aleta
VDS
= 600 mV
L = 100 nm
IT REC RT
0
1
2
3
4
TI RET TR
Ganho do Tensionado
sobre o Convencional
AV
.va
r [%
]
Formato da Aleta (a) (b)
Fonte: Bühler (2014)
4.4.5 Frequência de Ganho de Tensão Unitário
A frequência de ganho unitário descrito pela equação (21), dependente de gm,
é apresentado na figura 40. Valores maiores foram obtidos para o trapézio regular,
seguido pelo trapézio invertido e o retangular. Como existe um equilíbrio entre a
transcondutância e o Weff, embora o trapézio invertido tenha maior gm, o trapézio
regular possui menor Weff e consequente menor área de porta que leva ao aumento
de fT.
Figura 40 – Frequência de ganho de tensão unitário em função do formato da aleta.
IT REC RT
100
110
120
130
140
MuGFET Convencional
MuGFET Tensionado
TI RET TR
f T [
GH
z]
Formato do fin
VGT
= 200 mVV
DS = 600 mV
L = 100 nm
Fonte: Bühler (2014)
O uso do tensionamento mecânico melhorou a frequência de ganho unitário
em torno de 13,9 %, praticamente o mesmo que foi observado na transcondutância.
85
5 O MuGFET SOI COM ALETA CÔNCAVA OU CONVEXA
Além dos formatos das secções transversais vistos anteriormente, os
problemas tecnológicos durante as etapas de corrosão do silício podem gerar outros
formatos de aleta além do trapezoidal, como, por exemplo, os formatos côncavo e
convexo. A figura 32 (b) apresenta um dispositivo MuGFET experimental de porta
tripla que possui o formato côncavo das paredes laterais.
Esta seção abordará tais dispositivos, mas apenas focando os parâmetros
elétricos analógicos tanto nos dispositivos experimentais com canal retangular,
quanto através de simulações de dispositivo. A análise dos principais parâmetros
elétricos analógicos é realizada nos dispositivos MuGFET que apresentam a secção
transversal da aleta com formatos côncavo e convexo das paredes laterais, além do
formato retangular, juntamente com tecnologia do tensionamento mecânico uniaxial
e biaxial.
Medidas experimentais dos dispositivos foram utilizadas para ajuste e
validação dos resultados simulados dos dispositivos retangulares e extrapolados
para os outros três formatos. Os parâmetros analisados foram a tensão de limiar,
inclinação de sublimiar, transcondutância, relação gm/IDS, condutância de saída,
tensão Early, ganho intrínseco de tensão e frequência de ganho unitário.
5.1 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE DISPOSITIVO 3D
Os dispositivos avaliados seguem as mesmas características dos dispositivos
da seção 3.3, exceto pelas dimensões da aleta. Estruturas convencionais e com
tensionamento mecânico uniaxial e biaxial com largura de WFin = 20 nm cada e
comprimento de canal de 100 nm e 900 nm foram medidos. As estruturas foram
obtidas através da simulação de dispositivo 3D utilizando o simulador numérico Atlas
para o estudo dos principais parâmetros analógicos dos quatro dispositivos,
apresentados na figura 41. Embora foi utilizado outro simulador para esta etapa da
análise, os parâmetros de mobilidade e degradação dos portadores foram mantidos
ajustados com os dispositivos experimentais. Em todos os dispositivos, as larguras
do topo e da base da aleta foram mantidas constantes e iguais à WTopo = WBase = 20
nm, enquanto a largura média da aleta assume os valores Wmed de 0; 10; 20 e 30
nm. Por ter sido utilizado nesta etapa apenas a simulação por dispositivo, o
86
comprimento total da aleta não foi levado em consideração, utilizando a mobilidade
global efetiva dos dispositivos experimentais.
Figura 41 – Variações do formato da secção transversal da aleta.
Fonte: Bühler (2014)
5.1 A CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA
5.1.1 Tensão de Limiar e Inclinação de Sublimiar
A figura 42 (a) apresenta o comportamento da tensão de limiar para os
dispositivos simulados em função de Wmed. O método da variação máxima da
transcondutância aplicado anteriormente é novamente utilizado para a extração de
Vth, na polarização de dreno VDS de 50 mV. Os resultados experimentais (onde a
aleta é assumida como sendo retangular) são também apresentados na mesma
figura, para Wmed de 20 nm.
Figura 42 – Resultados simulados e experimentais da (a) tensão de limiar e (b) inclinação de sublimiar, em função da largura média da aleta.
0 10 20 30
58
59
60
61
62
63
0 10 20 30
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
Vth
[V]
Wmed
[nm]
VDS
= 50 mVExperimental
100 900
Convencional
Uniaxial
Biaxial
L = 900 100 [nm]
Simulação
S [m
V/d
éc]
Wmed
[nm]
VDS
= 50 mVExperimental
100 900
Convenciaonal
Uniaxial
Biaxial
L = 900 100 [nm]
Simulação
(a) (b)
Fonte: Bühler (2014)
Óxido Enterrado
Óxido Enterrado
SiG
ate
SiG
ate
Si
Si
Porta
Porta
Si
Si
Porta
Porta
Si
G
a
t
e
Si
G
a
t
e
Porta
Porta
Si
Si
Si
Si
Porta
Porta Wmed
Wmed Wmed = 0
Wmed = 0
HFIN/2
HFIN/2 HFIN/2
HFIN/2 Óxido Enterrado
Óxido Enterrado
Óxido Enterrado
Óxido Enterrado
Óxido Enterrado
Óxido Enterrado Wmed = 10 nm
Wmed = 10 nm
Wmed = 20 nm
Wmed = 20 nm
Wmed = 30 nm
Wmed = 30 nm
WTopo
WTopo WBase
WBase Formato 1
Formato 1
Formato 2
Formato 2
Formato 3
Formato 3
Formato 4
Formato 4
87
O aumento da tensão de limiar com a redução da largura da aleta é
conhecido da literatura e um modelo analítico da tensão de limiar foi proposto por
Poiroux et al. (31), conforme exibido na equação (8), item 2.2.1.1, com Vth
aumentando conforme a variável tSi (análoga a WFin) é reduzida. As inclinações de
sublimiar para diferentes tecnologias são apresentadas na figura 42 (b) em função
de Wmed. As simulações para o formato retangular apresentaram boa concordância
com os valores medidos, ficando próximo do valor teórico de (k.T/q)ln(10), com um
erro máximo de 2,2 %. Para menores Wmed, melhores valores de S são obtidos
devido ao acoplamento eletrostático mais forte entre a porta e o canal. Nenhuma
tendência específica foi observada entre os dispositivos tensionados.
5.1.2 Transcondutância e Relação gm/IDS
Os gráficos da transcondutância são exibidos na figura 43, obtidas a partir da
derivada de primeira ordem da curva IDS vs VGS, na polarização VDS de 50 mV. Para
comprimentos de canal 100 nm, a redução de gm devido ao decréscimo de Wmed é
causada pelo aumento da resistência série parasitária.
Figura 43 – Transcondutância simulada e experimental em função da largura média da aleta.
0 10 20 30
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 10 20 30
4
8
12
16
20
24
VGT
= 200 mV
gm
.sat
[
S]
Wmed
[nm]
L = 100 nm VDS
= 600 mV
Convencional
Uniaxial
Biaxial
SimulaçãoExperimental
L = 900 nm
gm
.sat
[
S]
Wmed
[nm]
SimulaçãoExperimental
Convencional
Uniaxial
Biaxial
VGT
= 200 mV
VDS
= 600 mV
Fonte: Bühler (2014)
A maior parte desta resistência está localizada nas extensões de fonte e
dreno, as quais possuem os mesmos formatos de secção transversal da região
88
ativa, uma vez que as não uniformidades de corrosão afetam todo o comprimento da
aleta e, portanto, depende do Wmed. Para o comprimento de canal de 900 nm, a
influência da resistência série parasitária é muito menor e o acoplamento entre a
porta e o canal torna-se dominante sobre a resistência série, aumentando gm para
Wmed menores. No entanto, assim como visto para os dispositivos trapezoidais, a
mudança em gm ficou muito mais fortemente ligada ao tensionamento mecânico
aplicado e ao tipo de tensionamento mecânico utilizado para cada comprimento de
canal do que ao formato da aleta.
Embora os gráficos de gm mostrem pequena dependência com os formatos da
aleta, o gráfico da relação gm/IDS, apresentado na figura 44, exibe resultados muito
interessantes.
Figura 44 – Relação gm/IDS simulado para comprimento de canal de 100 nm.
10-9
10-8
10-7
10-6
10-5
5
10
15
20
25
30
35
40
Uniaxial
Convencional
gm
/ID
S [V
-1]
IDS
/(W/L) [A]
Biaxial
30 nm
20 nm
10 nm
0
Largura Média:
L = 100 nm
VDS
= 600 mV
10-9
10-8
36
37
38
39
Fonte: Bühler (2014)
Nos níveis de inversão fraca (detalhe ampliado na figura), uma clara
dependência com o tipo de formato pode ser observada e é dominante sobre o tipo
de tensionamento mecânico, comportamento semelhante ao observado nos
dispositivos trapezoidais. Conforme Wmed torna-se menor, a redução da inclinação
de sublimiar, na figura 42 (b), leva a melhores valores de gm/IDS (ampliado na figura).
Conforme os dispositivos tornam-se mais invertidos, esta tendência na relação gm/IDS
é superada pelo tensionamento mecânico, o qual passa a ter papel de destaque.
Como consequência, melhores valores de gm/IDS são obtidos para transistores com
89
tensionamento mecânico uniaxial para comprimento de canal de 100 nm e para
transistores com tensionamento mecânico biaxial para comprimento de canal de 900
nm. O tensionamento mecânico uniaxial é mais efetivo em comprimentos de canal
mais curtos, devido aos valores mais elevados de tensão mecânica e mobilidade
serem atingidos nesses dispositivos, enquanto o comportamento inverso ocorre para
dispositivos tensionados biaxialmente.
5.1.3 Condutância de Saída e Tensão Early
A condutância de saída e a tensão Early são apresentadas na figura 45. Elas
apresentam uma forte dependência tanto com o formato da aleta, quanto com o tipo
de tensionamento mecânico. Quanto maior for Wmed, maior (e pior) será o valor de gD
e menor o valor de VEA. Este fato está ligado à mesma suscetibilidade das cargas no
canal ao campo elétrico gerado no dreno descrita para os dispositivos com o formato
da aleta trapezoidal. O aumento de gD ocorre devido à maior distância entre as
portas laterais.
Seguindo a mesma tendência dos dispositivos trapezoidais, os dispositivos
tensionados mecanicamente apresentam melhor VEA que os dispositivos
convencionais, resultado do aumento na mobilidade dos elétrons e consequente
aumento de corrente de dreno para o mesmo valor de VGT.
Figura 45 – Resultados simulados da (a) condutância de saída e (b) tensão Early, em função da largura média da aleta.
0 10 20 30
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
VGT
= 200 mV
VDS
= 600 mV
gD [S
]
Wmed
[nm]
Simulação
900L = 100 [nm]
Convencional
Uniaxial
Biaxial
0 10 20 30
2
4
6
8
10
28
32
36
40
44
48
52
VGT
= 200 mV
VE
A [V
]
Wmed
[nm]
Simulação
900L = 100 [nm]
Convencional
Uniaxial
Biaxial VDS
= 600 mV
(a) (b)
Fonte: Bühler (2014)
90
5.1.4 Ganho Intrínseco de Tensão
O ganho intrínseco de tensão foi obtido da expressão AV = gm/gD
VEA.gm.sat/IDS , com polarização de dreno igual a 600 mV e sobretensão de porta de
200 mV, apresentado na figura 46. A figura mostra que o ganho intrínseco de tensão
segue uma tendência próxima à da tensão Early apresentada na figura 45 (b),
levando em consideração a influência do formato da aleta e a tecnologia de
tensionamento mecânico utilizada. De tal modo, melhores (maiores) ganhos foram
obtidos para dispositivos com menores valores de Wmed e maior eficiência de
tensionamento mecânico. Os dispositivos tensionados mecanicamente apresentam
maior mobilidade com tensionamento mecânico uniaxial para comprimentos de canal
de 100 nm e com tensionamento mecânico biaxial para comprimentos de canal de
900 nm. Para os valores de ganho intrínseco de tensão, a melhora na
transcondutância pela melhora na mobilidade através do tensionamento mecânico
superou a degradação na condutância de saída, resultando em melhores valores de
ganho intrínseco de tensão para os dispositivos tensionados mecanicamente.
Figura 46 – Ganho intrínseco de tensão simulado em função da largura média da aleta.
0 10 20 30
28
30
32
34
36
38
40
42
AV [d
B]
(L
= 1
00 n
m)
Wmed
[nm]
VGT
= 200 mV
VDS
= 600 mV
Simulação
900L = 100 [nm]
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
Convencional
Uniaxial
Biaxial
AV [dB
] (L = 900 nm
)
Fonte: Bühler (2014)
5.1.5 Frequência de Ganho de Tensão Unitário
A frequência de ganho unitário, apresentado na figura 47, confirmou sua
dependência com o formato da aleta, de modo similar à transcondutância.
91
Figura 47 – Frequência de ganho de tensão unitário simulado em função da largura média da aleta.
0 10 20 30
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
20
30
40
50
60
70
80
90
VGT
= 200 mV
VDS
= 600 mVf T
[GH
z]
Wmed
[nm]
Simulação
900L = 100 [nm]
Convencional
Uniaxial
Biaxial
Fonte: Bühler (2014)
Valores maiores são obtidos para dispositivos com comprimento de canal de
100 nm, comprimento que apresenta maior transcondutância. Assim como no ganho
intrínseco de tensão, os tensionamentos mecânicos uniaxial e biaxial são mais
eficientes em dispositivos com comprimento de canal de 100 nm e 900 nm
respectivamente e, portanto, estes dispositivos são os que apresentam maiores
valores de frequência de ganho unitário.
92
6 O MOSFET PLANAR TENSIONADO COM CANAL DE GERMÂNIO
O tensionamento mecânico vem sendo largamente empregado em
transistores com canal de silício devido ao custo das lâminas de silício frente a
outros materiais. No entanto, a demanda por maiores mobilidades de portadores em
transistores tipo “p” em escalas cada vez menores tem motivado o uso de materiais
alternativos, como o germânio, apesar do seu custo mais elevado. A abordagem
mais simples é substituir o canal de silício por ligas de Si1-xGex, Ge ou Ge1-ySny (75).
No entanto, a fim de ultrapassar o desempenho dos canais de silício tensionado,
uma engenharia de tensionamento mecânico adicional será necessária, a fim de
aumentar ainda mais o desempenho do dispositivo para além do nó tecnológico de
11 nm (76,77,78).
Para desenvolver tensionadores otimizados para nós dessa tecnologia, o uso
de estruturas experimentais mais simples, como a estrutura planar, aliadas a
simulações numéricas TCAD são caminhos favoráveis para o desenvolvimento e
análise do comportamento de tais estruturas em ambos os modos n-FET e p-FET.
Um passo importante é que as simulações sejam calibradas aos perfis reais de
tensionamento mecânico, de modo que eles possam ser usados para prever o
desempenho dos tensionadores em dispositivos com dimensões reduzidas,
empregando tensionadores de fonte e dreno (S/D).
Além destes efeitos positivos, o uso desta técnica de tensionamento pode
impactar parâmetros estáticos e dinâmicos do dispositivo (corrente de fuga, ruído de
baixa frequência e tensão de limiar) e a confiabilidade do dispositivo. Portanto, esta
tecnologia requer uma otimização cuidadosa das condições de processo (79,80).
6.1 MOSFETS UTILIZADOS NO ESTUDO EXPERIMENTAL
Estruturas com tensionadores embutidos na fonte e no dreno foram
depositados por crescimento epitaxial seletivo no reator de Deposição de Vapor
Qúimico com Pressão Reduzida (RP-CVD) Epsilon 3000 da ASM. Os transistores
foram fabricados em um poço cavado no substrato de silício, isolado dos demais
transistores por óxido de campo, formando o que aqui é chamado de “substrato
virtual”, constituído de germânio ou Si0,5Ge0,5 relaxados de 1 µm de espessura sobre
a lâmina de silício, com densidade de deslocamentos por diferença na estrutura
93
cristalina entre o silício e o germânio (Threading Dislocation Density) na faixa de
aproximadamente 107 cm-2. A análise NBD (Nano-Beam Diffraction) e a microscopia
eletrônica de transmissão (Transmission Electron Microscopy - TEM) foram
realizadas em um F30 Tecnai TEM, operando a 300kV. As amostras de TEM foram
preparadas através do feixe de íons focado (FIB Strata, FEI), utilizando a técnica de
in-situ lift-out. A espessura da amostra de 200 nm foi escolhida a fim de minimizar os
efeitos de relaxamento. A análise através do NBD foi realizada ao longo de uma
linha vertical, em que o ponto de referência livre de tensionamento mecânico é feita
na camada de germânio relaxado. A resolução lateral do NBD é de
aproximadamente 5 nm (81).
6.2 TÉCNICA DE TENSIONAMENTO MECÂNICO UTILIZADA
A técnica de tensionamento mecânico implementada nesta seção para os
MOSFETs com canal de germânio é a do tensionador embutido nas regiões de fonte
e dreno, um método adicional muito eficaz para induzir a tensão uniaxial em
transistores de canal curto (55,82).
Três amostras foram analisadas e suas representações esquemáticas e
seções transversais TEM são apresentadas na figura 48. No primeiro caso, para
transistores tipo “n” com um substrato virtual de germânio relaxado, tensionadores
Si0,25Ge0,75 geram tensionamento tensivo uniaxial para aumentar a mobilidade de
elétrons no canal (55,83,84) (figura 48 a). Para os transistores tipo “p”, o
tensionamento compressivo na direção <110>, responsável por gerar o aumento da
mobilidade das lacunas (50,51,52,53,54,55), pode ser obtido de duas formas. Na
primeira, em um transistor com substrato virtual de Si0,5Ge0,5 relaxado, a fonte e o
dreno são preenchidas epitaxialmente com germânio sobre uma camada de
germânio tensionada biaxialmente (camada de germânio depositada previamente
que forma a região de canal), levando ao tensionamento compressivo uniaxial em
toda a região de germânio (figura 48 b). Na segunda forma, em um transistor com
substrato virtual de germânio relaxado, a fonte e o dreno são preenchidas
epitaxialmente por Ge0,95Sn0,05, gerando tensionamento compressivo uniaxial (figura
48 c).
Os perfis da deformação mecânica, obtidos experimentalmente através de
medidas NBD (85) são comparados com simulações de processo.
94
Figura 48 – Representações esquemáticas e imagens TEM da secção transversal do (a) nMOSFET com S/D de Si0,25Ge0,75 em Ge SRB e (b) pMOSFET com S/D de
Ge em s-Ge sobre Si0,5Ge0,5 SRB e (c) pMOSFET com S/D de Ge0,95Sn0,05 em Ge SRB.
(a)
(b)
(c)
Fonte: Bühler/IMEC (2014)
6.3 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE PROCESSO
As estruturas MOSFET são produzidas utilizando o simulador de processo
TCAD Sentaurus seguindo o fluxo de produção do processo experimental. A figura
49 apresenta uma visão geral das principais etapas de simulação para MOSFETs
tipo “n” e “p” com a isolação por trincheira (Shallow Trench Isolation – STI) já
definida.
Começando com o nMOSFET (a) depositando e definindo a porta e os
espaçadores no Ge SRB, (b) definindo as regiões de fonte e dreno e (c) depositando
Ge SRB
Ge SRB
Ge0,95
Sn0,05
Ge0,95
Sn0,05
referência
referência
NB
D
NB
D
long.
long.
vert.
vert.
poli
poly
espa
çado
r
espa
çado
r
Substrato Si
Substrato Si
Ge SRB
Ge SRB
Ge0,95Sn0,05
Ge0,95Sn0,05
Lch=70nm
Lch=70nm 130nm
130nm
Si0,5Ge0,5 SRB
Si0,5Ge0,5 SRB
s-Ge
s-Ge
Lch=70nm
Lch=70nm 10nm
10nm Substrato Si
Substrato Si
10nm
10nm
Ge SRB
Ge SRB
Si0,25
Ge0,75
Si0,25
Ge0,75
referência
referência
NB
D
NB
D
long.
long.
vert.
vert.
espa
çado
r
espa
çado
r
poli
poly
Ge SRB
Ge SRB
Si0,25Ge0,75
Si0,25Ge0,75
Lch=70nm
Lch=70nm 70nm
70nm Substrato Si
Substrato Si
Si0,5Ge0,5 SRB
Si0,5Ge0,5 SRB
s-Ge
s-Ge
poli
poly
long.
long.
vert.
vert. N
BD
NB
D
referência
referência
95
epitaxialmente Si0,25Ge0,75. A liga de SiGe nas áreas ativas da S/D leva a redução da
resistência parasitária nestas regiões em comparação com a fonte e dreno de silício,
melhorando a corrente de dreno (86). Em seguida, para o primeiro pMOSFET (d) o
s-Ge é depositado epitaxialmente sobre o Si0,5Ge0,5 SRB, (e) definida a porta e os
espaçadores e (f) as regiões de S/D recebem o Ge por deposição. Para o segundo
pMOSFET (g) a porta e os espaçadores são definidos no Ge SRB, (h) as regiões de
fonte e dreno são corroídas e (i) crescidas epitaxialmente através da deposição de
Ge0,95Sn0,05. Um arquivo da simulação de processo de fabricação do nMOSFET está
disponível no Apêndice C.
Figura 49 – Principais etapas de simulação de processo.
Fonte: Bühler (2014)
As simulações TCAD completas na figura 50 apresentam a distribuição do
tensionamento longitudinal em toda a estrutura de ambos os MOSFETs tipo “n” e “p”,
incluindo o local de medição com o NBD.
nMOSFET com S/D de Si0,25Ge0,75 em Ge SRB
nM
OS
FE
T
(a) SRB + porta e espaçadores (b) corrosão de S/D (c) epitaxia de S/D
pMOSFET com S/D de Ge em s-Ge sobre Si0,5Ge0,5 SRB
pM
OS
FE
T
(d) epitaxia do s-Ge (e) porta e espaçadores (f) epitaxia de S/D
pMOSFET com S/D de Ge0,95Sn0,05 em Ge SRB
pM
OS
FE
T
(g) SRB + porta e espaçadores (h) corrosão de S/D (i) epitaxia de S/D
Ge SRB
Ge SRB
Poli
Poly
Si0,25Ge0,75
Si0,25Ge0,75
STI
STI
Si0,5Ge0,5 SRB
Si0,5Ge0,5 SRB
s-Ge
s-Ge
S/D s-Ge
S/D s-Ge
STI
STI Poli
Poly
Ge SRB
Ge0,95Sn0,05
Ge0,95Sn0,05
96
Figura 50 – Tensionamento longitudinal induzido pelos tensores de fonte e dreno em simulações para MOSFETs tipo “n” e “p”.
nMOSFET com S/D de Si0,25Ge0,75 em Ge SRB
nM
OS
FE
T
pMOSFET com S/D de Ge em s-Ge sobre Si0,5Ge0,5 SRB
pM
OS
FE
T
pMOSFET com S/D de Ge0,95Sn0,05 em Ge SRB
pM
OS
FE
T
Fonte: Bühler (2014)
Ge0,95Sn0,05
Ge SRB
SiO2
Substrato Si
SiO2
referência
referência
NB
D
NB
D
Po
li
Po
ly
Si0.5Ge0.5 SRB
S/D s-Ge
SiO2
Substrato Si
SiO2 referência
referência
NB
D
NB
D
Po
li
Po
ly
Si0,25Ge0,75
Ge SRB
SiO2
Substrato Si
SiO2
referência
referência
NB
D
NB
D
Po
li
Po
ly
97
6.4 ANÁLISE DA DEFORMAÇÃO GERADA PELA FONTE E DRENO
Os dispositivos experimentais representados lado a lado com as estruturas
TCAD simuladas, detalhando a distribuição do tensionamento, são mostrados na
figura 51 para o nMOSFET e na figura 52 e figura 53 para o pMOSFET. As
simulações de processo TCAD foram cuidadosamente calibradas com o processo de
fabricação real, a fim de obter uma interpretação fiel do que acontece com o
tensionamento e a deformação mecânica no dispositivo real.
Figura 51 – Dispositivo experimental e simulado para o nMOSFET de r-Ge com S/D de Si0,25Ge0,75.
Fonte: Bühler/IMEC (2014)
Figura 52 – Dispositivo experimental e simulado para o pMOSFET com S/D de Ge em s-Ge sobre Si0,5Ge0,5 SRB.
Fonte: Bühler/IMEC (2014)
Si0,5Ge0,5 SRB
Si0,5Ge0,5 SRB
s-Ge
s-Ge
poli
poly
NB
D
NB
D
Ge SRB
Ge SRB
Si0.25
Ge0.75
Si0.25
Ge0.75
espa
çado
r
espa
çado
r
poli
poly
NB
D
NB
D
98
Figura 53 – Dispositivo experimental e simulado para o pMOSFET de r-Ge com S/D de Ge0,95Sn0,95.
Fonte: Bühler/IMEC (2014)
A concordância satisfatória entre as estruturas experimentais e TCAD é
alcançada em ambos os MOSFETs tipo “n” e tipo “p”. Observe, por exemplo, que o
espaçador depositado obtido é mais profundo do que o canal na figura 51, enquanto
a regiões de fonte e dreno penetram na região do canal. O mesmo se aplica para o
pMOSFET na figura 53. Além disso, tanto o espaçador quanto as regiões S/D
apresentam um formato peculiar, que é contabilizado na estrutura de simulação.
As simulações de processo utilizaram os diferentes coeficientes de rigidez
(stiffness coefficients) na conversão tensionamento-deformação assumindo que os
transistores estão orientados ao longo da direção cristalográfica <110>, utilizando as
constantes elásticas adequadas no canal de Ge e na fonte e dreno de SiGe/s-
Ge/GeSn. A conversão do tensionamento mecânico (σ - stress) – obtido através da
simulação numérica – em deformação mecânica (ε - strain) é realizada importando-
se o perfil do tensionamento obtido do arquivo resultante da simulação numérica
para uma planilha onde os cálculos matemáticos para conversão são realizados
seguindo a equação (24), utilizando a matriz de conformidade (Σs – compliance
matrix) correspondente ao material na orientação cristalográfica específica. Caso se
deseje fazer a conversão da deformação mecânica em tensionamento mecânico,
deve-se utilizar a expressão σ=Σc*ε, onde Σc passa a ser a matriz de rigidez (stiffnes
matrix).
Os componentes elásticos de rigidez (elastic stiffnesses) do silício e do
germânio, a sua conversão para a componente elástica de conformidade (elastic
compliances) e as equações para cálculo da matriz de conformidade (compliance
matrix) da tabela 4 para o silício e na tabela 5 para o germânio foram obtidos da
poli
poly
espa
çado
r
espa
çado
r
Ge0.95
Sn0.05
Ge0.95
Sn0.05
Ge SRB
Ge SRB
NB
D
NB
D
99
referência (87). Como as componentes elásticas obtidas da referência são
fornecidas na orientação <100> e os dispositivos aqui utilizados são construídos na
orientação <110>, a orientação cristalográfica foi convertida utilizando-se a
propriedade matemática de rotação de eixos, detalhada na mesma referência e com
parte dos cálculos apresentados na tabela 4 e na tabela 5.
Tabela 4 – Matriz de Rigidez (σ=Σc*ε) e Matriz de Conformidade (ε = Σs*σ) do Si
Componentes Elásticos de Rigidez ( x 1011
Pa ) Componentes Elásticos de Conformidade ( x 10
-11 Pa
-1 )
Material c11
c12
c44
cc s
11 s
12 s
44 s
c
Si (100) 1,657 0,639 0,796 -0,573 0,768 -0,214 1,257 0,354
Matriz inicial de rigidez em (100)/<100> (Pa)
Matriz inicial de conformidade em (100)/<100> (1/Pa)
1,657 0,639 0,639 0,0 0,0 0,0
x 1011
0,7685 -0,2139 -0,2139 0,0 0,0 0,0
x 10-11
0,639 1,657 0,639 0,0 0,0 0,0
-0,2139 0,7685 -0,2139 0,0 0,0 0,0
0,639 0,639 1,657 0,0 0,0 0,0
-0,2139 -0,2139 0,7685 0,0 0,0 0,0
0,0 0,0 0,0 0,7956 0,0 0,0
0,0 0,0 0,0 1,2569 0,0 0,0
0,0 0,0 0,0 0,0 0,7956 0,0
0,0 0,0 0,0 0,0 1,2569 0,0
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,7956
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,2569
x'=l1*x+m1*y+n1*z
y'=l2*x+m2*y+n2*z
z'=l3*x+m3*y+n3*z
l1 = cos 45 graus = 0,70711
l2 = cos 135 graus = -0,7071
l3 = cos 90 graus = 6,1E-17
m
1 = cos -45 graus = 0,70711
m
2 = cos 45 graus = 0,70711
m
3 = cos 90 graus = 6,1E-17
n
1 = cos 90 graus = 6,1E-17
n
2 = cos 90 graus = 6,1E-17
n
3 = cos 0 graus = 1
Matriz final de rigidez em (100)/<110> (Pa)
Matriz final de conformidade em (100)/<110> (1/Pa)
Result.: 1,9436 0,3524 0,639 0,0 0,0 0,0
x 1011
Result.: 0,5915 -0,0369 -0,2139 0,0 0,0 0,0
x 10-11
0,3524 1,9436 0,639 0,0 0,0 0,0
-0,0369 0,5915 -0,2139 0,0 0,0 0,0
0,639 0,639 1,657 0,0 0,0 0,0
-0,2139 -0,2139 0,7685 0,0 0,0 0,0
0,0 0,0 0,0 0,7956 0,0 0,0
0,0 0,0 0,0 1,2569 0,0 0,0
0,0 0,0 0,0 0,0 0,7956 0,0
0,0 0,0 0,0 0,0 1,2569 0,0
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,509
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,9646
Tabela 5– Matriz de Rigidez (σ=Σc*ε) e Matriz de Conformidade (ε = Σs*σ) do Ge
Componentes Elásticos de Rigidez ( x 1011
Pa ) Componentes Elásticos de Conformidade ( x 10
-11 Pa
-1 )
Material c11
c12
c44
cc s
11 s
12 s
44 s
c
Ge (100) 1.292 0.479 0.670 -0.527 0.968 -0.262 1.493 0.484
Matriz inicial de rigidez em (100)/<100> (Pa)
Matriz inicial de conformidade em (100)/<100> (1/Pa)
1.292 0.479 0.479 0.0 0.0 0.0
x 1011
0.9682 -0.2619 -0.2619 0.0 0.0 0.0
x 10-11
0.479 1.292 0.479 0.0 0.0 0.0
-0.2619 0.9682 -0.2619 0.0 0.0 0.0
0.479 0.479 1.292 0.0 0.0 0.0
-0.2619 -0.2619 0.9682 0.0 0.0 0.0
0.0 0.0 0.0 0.67 0.0 0.0
0.0 0.0 0.0 1.4925 0.0 0.0
0.0 0.0 0.0 0.0 0.67 0.0
0.0 0.0 0.0 0.0 1.4925 0.0
0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.67
0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.4925
x'=l1*x+m1*y+n1*z
y'=l2*x+m2*y+n2*z
z'=l3*x+m3*y+n3*z
l1 = cos 45 graus = 0.70711
l2 = cos 135 graus = -0.7071
l3 = cos 90 graus = 6.1E-17
m
1 = cos -45 graus = 0.70711
m2 = cos 45 graus = 0.70711
m3 = cos 90 graus = 6.1E-17
n
1 = cos 90 graus = 6.1E-17
n2 = cos 90 graus = 6.1E-17
n3 = cos 0 graus = 1
Matriz final de rigidez em (100)/<110> (Pa)
Matriz final de conformidade em (100)/<110> (1/Pa)
Result.: 1.5555 0.2155 0.479 0.0 0.0 0.0
x 1011
Result.: 0.7263 -0.02 -0.2619 0.0 0.0 0.0
x 10-11
0.2155 1.5555 0.479 0.0 0.0 0.0
-0.02 0.7263 -0.2619 0.0 0.0 0.0
0.479 0.479 1.292 0.0 0.0 0.0
-0.2619 -0.2619 0.9682 0.0 0.0 0.0
0.0 0.0 0.0 0.67 0.0 0.0
0.0 0.0 0.0 1.4925 0.0 0.0
0.0 0.0 0.0 0.0 0.67 0.0
0.0 0.0 0.0 0.0 1.4925 0.0
0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.4065
0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 2.46
100
As componentes de deformação horizontal e vertical no centro do canal estão
representadas na figura 54 para os nMOSFETs com canal de germânio relaxado (r-
Ge) e regiões de fonte e dreno com Si0,25Ge0,75. Os resultados das medidas por NBD
são comparados com as curvas simuladas. Os dados extraídos a partir de três
pontos de referência no substrato virtual do r-Ge são considerados na figura 54 e
dois resultados de simulação são comparados. São eles: a linha tracejada
representa o dispositivo TCAD que não considera o ajuste na simulação de processo
para obter a estrutura mais próxima a real e a linha cheia é para o dispositivo TCAD
simulado com ajustes como pode ser visto na figura 51.
Figura 54 - Deformação mecânica vertical (a) e horizontal (b) para nMOSFET com canal de r-Ge com fonte e dreno de Si0,25Ge0,75. Símbolos representam as medidas NBD para três pontos de referência diferentes e as linhas representam simulações.
160 140 120 100 80 60 40 20 0
-0.05
-0.04
-0.03
-0.02
-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
Def
orm
ação
Hor
izon
tal (
-)
Posição na Altura (nm)
Medidas NBD
Sim. TCAD sem ajuste de processo
Sim. TCAD com ajuste de processo
Ge nMOSFET
Deformação Horizontal
SiGe 75% S/D em r-Ge
Cana
l
Substrato
Com
pr.
Tens
ivo
160 140 120 100 80 60 40 20 0
-0.05
-0.04
-0.03
-0.02
-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
Medidas NBD
Sim. TCAD sem ajuste de processo
Sim. TCAD com ajuste de processo
SiGe 75% S/D em r-Ge
Def
orm
ação
Ver
tical
(-)
Posição na Altura (nm)
Ge nMOSFET
Deformação Vertical
Cana
l
Substrato
Com
pr.
Tens
ivo
(a) (b)
Fonte: Bühler (2014)
No geral, observa-se uma concordância razoável entre os dados
experimentais e os simulados, embora dois conjuntos de medidas não foram bem
reproduzidos pelo perfil de deformação vertical calculado. A deformação horizontal
máxima é observada a cerca de 25 nm da superfície no NBD com aproximadamente
1 % de deformação. O resultado também apresenta a diferença na rede cristalina
esperada entre o germânio e o silício de 4 %.
A imagem obtida pelo método Dark-Field STEM na figura 55 mostra a
presença de deslocamentos na rede cristalina no substrato virtual de germânio.
Devido a estes deslocamentos, o ponto de referência pode corresponder com uma
tensão não nula se estiver sobre uma destas falhas, afetando assim os perfis
101
medidos e razão pela qual são realizadas diversas medidas em pontos de referência
distintos.
Figura 55 - Imagem Dark-Field STEM, mostrando a presença de extensos defeitos no r-Ge SRB do nMOSFET.
Fonte: IMEC (2014)
Para o primeiro transistor tipo “p” da Figura 52, uma boa concordância na
região do canal (s-Ge) do transistor tipo “p” também foi obtida, como visto na figura
56, com o simulador TCAD reproduzindo muito bem o pico de deformação próximo
da interface do canal, devido à diferença entre a rede cristalina do germânio e o
SiGe relaxado.
Figura 56 – Deformação mecânica vertical (a) e horizontal (b) para pMOSFET com S/D de Ge em s-Ge sobre Si0,5Ge0,5 SRB. Símbolos representam as medidas NBD para três pontos de referência diferentes e as linhas representam simulações.
140 120 100 80 60 40 20
-0.05
-0.04
-0.03
-0.02
-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
Medidas NBD
Sim. TCAD sem ajuste de processo
Sim. TCAD com ajuste de processo
Deformação Horizontal
Ger
mân
io
Def
orm
ação
Hor
izon
tal (
-)
Posição na Altura (nm)
Com
pr.
Tens
ivo
Substrato
Cana
l
Ge pMOSFETGe S/D em r-SiGe 50% SRB
140 120 100 80 60 40 20
-0.05
-0.04
-0.03
-0.02
-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
Medidas NBD
Sim. TCAD sem ajuste de processo
Sim. TCAD com ajuste de processo
Deformação Vertical
Tens
ivo
Def
orm
ação
Ver
tical
(-)
Posição na Altura (nm)
Ger
mân
io
Com
pr.
Substrato
Cana
l
Ge pMOSFETGe S/D em r-SiGe 50% SRB
(a) (b)
Fonte: Bühler (2014)
Ge SRB
Ge SRB
Si0,25
Ge0,75
espa
çado
r
espa
çado
r
poli
poly
DF-STEM
DF-STEM
defeitos
102
A deformação horizontal mínima é obtida junto à superfície do canal através
do NBD com aproximadamente -1 % de deformação, em excelente concordância
com o perfil de deformação simulada próximo ao canal e um pouco ruidosa na região
do substrato (SiGe 50% SRB). Novamente, este problema é relacionado à posição
do ponto de referência no substrato virtual de SiGe relaxado, contendo uma grande
densidade de defeitos, como pode ser visualizado na imagem realçada da figura 57.
Figura 57 – Imagem realçada, mostrando a presença de defeitos no Si0,5Ge0,5 SRB do pMOSFET.
Fonte: IMEC (2014)
O mesmo aplica-se para as componentes de deformação verticais no
pMOSFETs com canal de germânio relaxado e tensionadores de fonte e dreno de
Ge0,95Sn0,05 apresentadas na figura 58.
Figura 58 – Deformação mecânica vertical (a) e horizontal (b) para pMOSFET com canal de r-Ge com fonte e dreno de Ge0,95Sn0,05. Símbolos representam as medidas NBD para três pontos de referência diferentes e as linhas representam simulações.
160 140 120 100 80 60 40 20 0
-0.05
-0.04
-0.03
-0.02
-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
Medidas NBD
Sim. TCAD sem ajuste de processo
Sim. TCAD com ajuste de processo
Def
orm
ação
Hor
izon
tal (
-)
Posição na Altura (nm)
Ge pMOSFET
Deformação Horizontal
GeSn 5% S/D em r-Ge
Cana
l
Substrato
Com
pr.
Tens
ivo
160 140 120 100 80 60 40 20 0
-0.05
-0.04
-0.03
-0.02
-0.01
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
Medidas NBD
Sim. TCAD sem ajuste de processo
Sim. TCAD com ajuste de processo
Def
orm
ação
Ver
tical
(-)
Posição na Altura (nm)
Ge pMOSFET
Deformação Vertical
GeSn 5% S/D em r-Ge
Cana
l
Substrato
Com
pr.
Tens
ivo
(a) (b)
Fonte: Bühler (2014)
Si0,5Ge0,5 SRB
Si0,5Ge0,5 SRB
s-Ge
s-Ge
poli
poly
HAADF-STEM
HAADF-STEM
defeitos
103
Uma discrepância é encontrada entre a deformação compressiva medida no
plano, a deformação tensiva vertical e o valor esperado (figura 58). A imagem obtida
pelo método Dark-Field STEM na figura 59 mostra novamente a elevada densidade
de deslocamentos na rede cristalina no substrato virtual de germânio, resultando em
um ponto de referência nem sempre corresponde a uma tensão não nula,
interferindo nas medições e gerando perfis de deformação horizontais e verticais
ruidosos. Observa-se também um excesso de defeitos nas regiões de fonte e dreno,
com difusões anômalas do GeSn em direção ao canal e ao substrato virtual,
afetando as leituras por NBD.
Figura 59 – Imagem Dark-Field STEM, mostrando a presença de extensos defeitos no r-Ge SRB e nas regiões de GeSn S/D do pMOSFET.
Fonte: IMEC (2014)
A concordância observada entre a deformação horizontal medida e a
simulada na região do canal mostrado na figura 58 é razoável, embora quanto mais
profundo no substrato virtual de germânio, mais as medições das deformações se
tornam ruidosas devido aos defeitos existentes no germânio.
poli
poly
espa
çado
r
espa
çado
r
Ge0,95
Sn0,05
Ge0,95
Sn0,05
Ge SRB
Ge SRB DF-STEM
DF-STEM
defeitos
104
7 CONCLUSÕES E SEQUÊNCIA DE TRABALHO
Este estudo abordou o processo de fabricação desde o seu princípio em
estruturas MuGFET (Multiple Gate Field Effect Transistor) com canal de silício
retangulares, variando suas dimensões e estudando formatos trapezoidais da
secção transversal. A partir das simulações de processo, foram extraídos os perfis
do tensionamento uniaxial, biaxial e combinado gerados a partir das técnicas de
tensionamento global por SiGe SRB (Silicon/Germanium Strained Relaxed Buffer) e
local por CESL (Contact Etch Stop Layer). O tensionamento pela técnica local de
engenharia de S/D foi estudado em dispositivos planares convencionais com canal
de germânio ajustados com transistores experimentais utilizando NBD (Nano-Beam
Diffraction).
Alguns dos principais parâmetros elétricos analógicos importantes na
operação dos dispositivos também foram abordados nos transistores SOI nMuGFET
de porta tripla. Foram estudados formato da secção transversal da aleta (trapezoidal,
côncavo e convexo) e variação de dimensões no processo de fabricação do
dispositivo (comprimento e altura da aleta), com influência direta sobre o
tensionamento mecânico. Foram realizadas simulações numéricas 3D de dispositivo
e utilizadas medidas experimentais de transistores SOI MuGFET para validar as
simulações operando nas regiões linear e de saturação. Foram utilizados
comprimentos de canal de 100 nm, 150 nm e 900 nm, com concentração de
dopantes igual à NA = 1x1015 cm-3.
Nas estruturas SOI MuGFET retangulares, o tensionamento uniaxial resultou
em pequenas mudanças no interior do canal. Para a componente uniaxial de Stress-
YY, os dispositivos com o comprimento do canal mais curto, com Lch de 150 nm, e
largura de canal mais estreita, com WFin de 20 nm, apresentaram os maiores níveis
de tensionamento em comparação com os transistores de canal mais longo e mais
largo devido à sua dependência com as dimensões da aleta. A componente biaxial
de Stress-YY na região central do canal teve uma distribuição uniforme em todas as
dimensões. Para a componente de Stress-ZZ, embora o tensionamento biaxial
ocorra tanto no comprimento quanto na largura, a quantidade de tensionamento
biaxial gerado foi muito baixa ou até mesmo inexistente, causada pela perda de
tensionamento durante a corrosão do silício. Os dois tipos de tensionamento
combinados resultaram em uma melhoria na componente de Stress-YY e uma
105
melhora na transcondutância máxima em todos os dispositivos, mas esta melhora foi
mais pronunciada em dispositivos com canal mais curto e mais estreito.
Variando-se as dimensões das estruturas SOI MuGFET retangulares, uma
melhor eficiência na transferência do tensionamento mecânico para a região do
canal nas aletas mais longas e mais altas é observada. O uso do tensionamento
mecânico melhora o ganho intrínseco de tensão e a frequência de ganho unitário em
todos os dispositivos estudados. Do ponto de vista do desempenho analógico e
considerando a influência das variações no tensionamento mecânico sobre os
parâmetros elétricos, a redução no nível de tensionamento mecânico uniaxial
observado com a redução do comprimento total da aleta aqui adotada não mostra
mudança significativa nos parâmetros. Isto leva a conclusão de que a mudança do
nível de tensionamento mecânico não é grande o suficiente para causar um impacto
notável sobre os parâmetros elétricos. Por outro lado, a redução da altura da aleta
mostra resultados interessantes. Apesar de o dispositivo convencional com menor
altura da aleta apresentar um menor ganho intrínseco de tensão, quando comparado
ao dispositivo de referência, ao aplicar o tensionamento mecânico, ele supera o
desempenho do dispositivo de referência e apresenta um aumento no ganho
intrínseco de tensão em relação ao dispositivo convencional de até 8%, maior do
que os 5,1% obtidos para o dispositivo de referência.
Já para as estruturas SOI MuGFET trapezoidais, uma melhor eficiência na
transferência do tensionamento mecânico para a região do canal nas aletas mais
longas e mais altas é observada. Nesta região, uma pequena variação no
tensionamento mecânico é notada ao variar-se o formato da aleta. No entanto, nas
regiões de extensão de fonte e dreno, o formato da aleta influencia mais
substancialmente a distribuição do tensionamento mecânico. O trapézio invertido
oferece os melhores valores de transcondutância e condutância de saída,
alcançando o melhor valor de ganho intrínseco de tensão entre os três formatos. O
uso do tensionamento mecânico melhora o ganho intrínseco de tensão e a
frequência de ganho de tensão unitário em todos os formatos de canal, com o
formato da aleta mostrando uma maior influência no ganho intrínseco de tensão do
que na frequência de ganho unitário. Os dispositivos com aletas trapezoidais
invertidas, longas e altas possuem melhores características elétricas e de
tensionamento mecânico uniaxial do que os demais formatos e dimensões para
106
aplicações DC analógicas, enquanto que o trapézio regular com as mesmas
dimensões possui melhores características para aplicações AC.
Para as estruturas SOI MuGFET côncavas e convexas, do ponto de vista
analógico, há a influência do formato da secção transversal da aleta sobre os
parâmetros elétricos. Nos níveis de inversão fraca, a relação gm/IDS depende do
formato da aleta, enquanto que nas inversões moderada e forte o tipo de
tensionamento mecânico aplicado predomina. Esta é a região onde a mobilidade
passa a ter maior importância. A condutância de saída e a tensão Early mostram
forte dependência tanto com o formato da aleta, quanto com o tipo de tensionamento
mecânico aplicado. Para aletas mais estreitas (menor Wmed) há um aumento de
desempenho de até 3 dB no ganho intrínseco de tensão quando comparado ao
formato retangular. Dispositivos tensionados mecanicamente apresentam melhores
valores de ganho intrínseco de tensão e frequência de ganho unitário, ambos
seguindo tendências semelhantes à transcondutância em ambos os comprimentos
de canal.
A figura a seguir ilustra de forma resumida os principais resultados e
principais vantagens de cada uma das estruturas MuGFET estudadas aqui e
sugestões para futuros estudos:
107
Na estrutura planar convencional com canal de germânio e tensionamento por
fonte e dreno, as simulações de processo estão calibradas e prontas para serem
analisadas eletricamente mais adiante quando as estruturas experimentais forem
desenvolvidas para novas rodadas de processo no imec. Os dados aqui coletados,
simulados e analisados poderão ser utilizados para o aperfeiçoamento do substrato
virtual com menos defeitos e buscar novas formas de se obter um melhor controle da
deposição dos tensores de fonte e dreno que evitem variações em sua espessura e
difusões anômalas. Uma vez solucionadas estas dificuldades, um estudo mais
aprofundado com os resultados de deformação mecânica agora se faz possível,
incluindo a caracterização elétrica experimental do dispositivo e simulações.
A partir dos resultados obtidos neste trabalho, são sugeridos mais estudos da
estrutura planar convencional com canal de germânio e tensionamento por fonte e
dreno, uma vez que os contatos de fonte, dreno, porta e substrato não foram
definidos para a sua caracterização elétrica. Para a realização de tais estudos, uma
nova rodada destes dispositivos pelo imec é necessária, com o intuito de estudar
como esta técnica utilizando materiais como o GeSn (ainda pouco explorado) afeta
os parâmetros analógicos e a eficiência na transferência do tensionamento mecânico
para o canal visto os problemas ainda encontrados na sua deposição.
A figura a seguir ilustra de forma resumida os principais resultados e
principais vantagens de cada uma das estruturas planares com canal de germânio
estudadas aqui e sugestões para futuros estudos:
108
As tecnologias de tensionamento vêm contribuir para a maior longevidade das
estruturas CMOS e novas estruturas verticais 3D apresentam um grande espaço
para o escalamento em regime sub-10 nm.
109
PUBLICAÇÕES GERADAS DURANTE O DOUTORADO
Publicações em revistas:
Buhler, R. T.; Geert, E.; Favia, P.; Witters, L.; Vincent, B.; Hikavvy, A.; Loo, R.;
Bender, H.; Collaert, N.; Simoen, E.; Martino, J. A. Claeys, C. “TCAD Strain
Calibration vs Nano-Beam Diffraction of Source/Drain Stressors for Ge
MOSFETs”, IEEE Transaction on Electron Devices, 2014. (em processo de revisão)
Buhler, R. T.; Agopian, P. G. D.; Collaert, N.; Simoen, E.; Claeys, C.; Martino,
J. A. “Different Stress Techniques and Their Efficiency on Triple-Gate SOI n-
MOSFETs”, Solid State Electronics, 2014.
Buhler, R. T.; Giacomini, R.; Pavanello, M. A.; Martino, J. A. “Fin Cross-
Section Shape Influence on Short Channel Effects of MuGFETs”, Journal of
Integrated Circuits and Systems - JICS, 2011.
Buhler, R. T.; Giacomini, R.; Martino, J. A. “Influence of Fin Shape and
Temperature on Conventional and Strained MuGFETs’ Analog Parameters”,
Journal of Integrated Circuits and Systems - JICS, 2011.
110
Publicações em congressos:
Simoen, E.; Geert, E.; Favia, P.; Bender, H.; Verheyen, P.; Hikavvy, A.; Loo,
R.; Claeys, C; Buhler, R. T.; Martino, J. A.; Gonzalez, B. “Strain characterization
and simulation for MOSFETs with embedded source/drain stressors”, IX
SEMINATEC - Workshop on Semiconductors and Micro & Nano Technology, São
Paulo, 2014.
Buhler, R. T.; Geert, E.; Favia, P.; Bender, H.; Vincent, B.; Hikavvy, A.; Loo,
R.; Martino, J. A.; Claeys, C.; Simoen, E.; Collaert, N.; Thean, A. “Comparison
between experimental and simulated strain profiles in Ge channels with
embedded source/drain stressors”, E-MRS Spring Conference 2014; 2014.
Buhler, R. T.; Simoen, E.; Agopian, P. G. D.; Claeys, C.; Martino, J. A. “Fin
Dimension Influence on Mechanical Stressors in Triple-Gate SOI nMOSFETs”,
223rd Electrochemical Society Meeting - Advanced Semiconductor-On-Insulator
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Buhler, R. T.; Agopian, P. G. D.; Simoen, E.; Claeys, C.; Martino, J. A.
“Biaxial Stress Simulation and Electrical Characterization of Triple-Gate SOI
nMOSFETs”, 27th Symposium on Microelectronics Technology and Devices -
SBMicro2012, Brasilia, 2012.
Buhler, R. T.; Agopian, P. G. D.; Simoen, E.; Claeys, C.; Martino, J. A.
“Biaxial Stress Influence on Total Resistance and Transconductance in Triple-
Gate n-type SOI MuGFETs”, VII SEMINATEC - Workshop on Semiconductors and
Micro & Nano Technology, São Bernardo do Campo, 2012.
Buhler, R. T.; Martino, J. A.; Agopian, P. G. D.; Giacomini, R. “Fin Width
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Systems – ICCDCS 2012, Playa del Carmen, 2012.
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Devices – SBMicro 2011, João Pessoa - PB, Brasil, 2011.
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Strained MuGFETs at Room and at Low Temperature”, Workshop on
Semiconductors and Micro & Nano Technology – Seminatec 2011, v. 1, Campinas -
SP, Brasil, 2011.
Buhler, R. T.; Martino, J. A.; Agopian, P. G. D.; Giacomini, R.; Simoen, E.;
Claeys, C. “Fin Shape Influence on Analog Performance of MuGFETs at Room
and at Low Temperature”, Seventh Workshop of the Thematic Network on Silicon
on Insulator Technology, Devices and Circuits – EuroSOI 2011, v. 1, p. 45-46,
Granada, Espanha, 2011.
Buhler, R. T.; Martino, J. A.; Agopian, P. G. D.; Giacomini, R.; Simoen, E.;
Claeys, C. “Fin Shape Influence on the Analog Performance of Standard and
Strained MuGFETs”, 2010 IEEE International SOI Conference, v. 1, p. 84-85, San
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Non-Rectangular Triple Gate FinFETs”, 25th Symposium on Microelectronics
Technology and Devices – SBMicro 2010, v. 31, Natal - RN, Brasil, 2010.
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Workshop on Low Temperature Electronics – WOLTE 9, v. 1, p. 103-104, Guarujá -
SP, Brasil, 2010.
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121
APÊNDICE A
#=============================#
# BiUni nFinFET - Rectangular #
#=============================#
# PARALLEL and unified coordinate system
math numThreads= 24
math coord.ucs
#===========================================#
# Initial grid and structure initialization #
#===========================================#
# Keep user-defined lines
pdbSetBoolean Grid MGoals UseLines 1
# Define Grid Lines
# x - height
line x loc= +0.500 spac= 0.002 tag= SiTop
line x loc= +1.500 spac= 1.000 tag= SiBot
# z - width
line z loc= +0.000 spac= 0.100 tag= WCenter
line z loc= +0.010 spac= 0.001 tag= FRight
line z loc= +0.225 spac= 0.500 tag= Right
# y - lenght
line y loc= +0.000 spac= 0.050 tag= LCenter
line y loc= +0.525 spac= 0.050 tag= Drain
# Define Regions
region Silicon name= SiGeSub xlo= SiTop xhi= SiBot
# Defines Wafer Doping Concentration and Orientation
init field= Boron concentration= 1.0e15 wafer.orient= 100
#==============#
# pdb settings #
#==============#
AdvancedCalibration
# Modification for default Implantation settings
pdbSet ImplantData ResistSkip 1
pdbSet ImplantData BackBoundary Reflect
pdbSet ImplantData LeftBoundary Reflect
pdbSet ImplantData FrontBoundary Reflect
pdbSet ImplantData RightBoundary Reflect
# Enable stress history
pdbSetBoolean Mechanics StressHistory 1
122
# Modification for default SnMesh settings
pdbSet Grid sMesh 1
pdbSet Grid SnMesh MaxPoints 2000000
pdbSet Grid SnMesh CoplanarityAngle 179.0
# Some setup for 3D oxidation
3DOxSetup
# (safe, frequent, CPU consuming) Grid checking
pdbSetBoolean Grid Check 1
# Preserve the brep representation
pdbSet Grid MGoals Keep3DBrep 1
# Turn off SDE integrated approach and use MGOALS3D
sde off
# Meshing strategy
mgoals on min.normal.size= 0.005 max.lateral.size= 2.0 \
normal.growth.ratio= 4.0 accuracy= 2e-5
refinebox interface.materials = {Silicon}
#=====================#
# Process flow begins #
#=====================#
#==========================#
# Biaxialy Strained Waffer #
#==========================#
# Induce the Biaxial Stress on SiGe
strain_profile Silicon species= Germanium \
strain= {0 0.0425} ratio= {0 1}
profile region= SiGeSub name= Germanium \
concentration= {0.98e22 0.98e22} xcoord= {0.5 1.5} linear
# Create Si fin
diffuse temp= 700 time= 5<min> LTE \
epi.doping.final= {Boron=1e15} thick= 0.565
struct tdr= step_01 !Gas
init tdr= step_01
transform flip
etch material= {Silicon} type= isotropic rate= {1.5} time= 1.0
deposit material= {Oxide} type= isotropic rate= {1.0} \
time= 0.150
transform flip
struct tdr= step_02
# Turn off stress rel., remove the gas at the bottom
123
# and turn on stress rel.
pdbSet Mechanics EtchDepoRelax 0
transform cut min= {-1.0 -1.0 -1.0} max= {0.150 1.0 1.0}
pdbSet Mechanics EtchDepoRelax 1
struct tdr= step_03
#=====#
# Fin #
#=====#
# Hard mask nitride
deposit material= {Oxide} type= anisotropic rate= {1.0} \
time= 0.01
deposit material= {Nitride} type= anisotropic rate= {1.0} \
time= 0.1
# Fin mask
mask name= FIN1 left= 0.0 right= 1.0 front= 0.010 back= 1.0
photo mask= FIN1 thickness= 0.02
etch material= {Nitride} type= anisotropic rate= {0.1} \
time= 1.1
strip Photoresist
struct tdr= step_04
# Etch
etch material= {Oxide} type= anisotropic rate= {0.01} \
time= 1.1
etch material= {Silicon} type= anisotropic rate= {0.15} \
time= 1.0
strip Nitride
strip Oxide
deposit Oxide fill coord= 0.0
struct tdr= step_05
#======#
# Gate #
#======#
# Gate stack
# SiO2 1nm
# SiO2 hack: deposit 10nm and then etch 9nm, resulting in 1nm
deposit material= {Oxide} type= isotropic rate= {0.010} \
time= 1.0
etch material= {Oxide} type= isotropic rate= {0.009} time= 1.0
# SiO2 hack: remove rounded SiO2 in excess at base
mask name= Gate left= 0.0 right= 1.0 front= 0.0 \
back= 0.011 negative
photo mask= Gate thickness= 0.02
etch material= {Oxide} type= anisotropic rate= {1.0} time= 1.0
strip Photoresist
deposit Oxide fill coord= -0.001
124
# HfO2 2nm
deposit material= {HfO2} type= isotropic rate= {0.002} \
time= 1.0
struct tdr= step_06
# MetalGate
# TiN 5nm
mater add name= TiN new.like= Nitride
pdbSetDouble TiN Mechanics BulkModulus [ Enu2K 600e10 0.25 ]
pdbSetDouble TiN Mechanics ShearModulus [ Enu2G 600e10 0.25 ]
pdbSetDouble TiN Mechanics ThExpCoeff 9.4e-6
deposit material= {TiN} type= isotropic rate= {0.005} \
time= 1.0
struct tdr= step_07
# Poly etching (gate mask)
# Si-Poli 100nm
deposit material= {PolySilicon} type= isotropic \
thickness= 0.100
mask name= Poly left= 0.0 right= 0.075 front= 0.0 \
back= 1.0 negative
photo mask= Poly thickness= 0.02
etch material= {PolySilicon} type= anisotropic \
rate= {1.0} time= 1.0
strip Photoresist
struct tdr= step_08
# Etch Gate
etch material= {TiN HfO2 Oxide} type= anisotropic \
rate= {1.0 1.0 1.0} time= 1.0
deposit Oxide fill coord= 0.0
struct tdr= step_09
#========#
# Remesh #
#========#
refinebox Silicon \
min= {-1.0 0.0 0.0 } \
max= {-0.060 0.075 0.010} \
xrefine= 0.002 \
yrefine= 0.010 \
zrefine= 0.005 \
normal.growth.ratio= 2.0
refinebox Silicon \
min= {-1.0 0.0 0.005} \
max= { 0.0 0.075 0.010} \
xrefine= 0.010 \
yrefine= 0.010 \
zrefine= 0.002 \
normal.growth.ratio= 2.0
125
refinebox Silicon \
min= {-1.0 0.045 0.0 } \
max= { 0.0 0.075 0.010} \
xrefine= 0.005 \
yrefine= 0.002 \
zrefine= 0.002 \
normal.growth.ratio= 2.0
grid remesh
#=========#
# Implant #
#=========#
# Define LDD
mask name= LDD left= 0.0 right= 0.075 front= 0.0 \
back= 1.0 negative
photo mask= LDD thickness= 1.0
implant Arsenic dose= 1e15 energy= 5 tilt= 45.0 rotation= 0
strip Photoresist
struct tdr= step_10
# Define HDD
mask name= HDD left= 0.0 right= 0.125 front= 0.0 \
back= 1.0 negative
photo mask= HDD thickness= 1.5
implant Arsenic dose= 3e15 energy= 25 tilt= 0.0 rotation= 0
implant Phosphorus dose= 2e15 energy= 25 tilt= 0.0 rotation= 0
strip Photoresist
struct tdr= step_11
# Implant RTA
diffuse temperature= 750<C> time= 1.0<min>
struct tdr= step_12
#========#
# Spacer #
#========#
# SiO2 5nm
# Nitride 100nm
# Turn off stress relaxation after depo/etch (hack)
pdbSet Mechanics EtchDepoRelax 0
deposit material= {Oxide} type= isotropic rate= {0.005} \
time= 1.0
mask name= Spacer left= 0.0 right= 0.125 front= 0.0 \
back= 1.0 negative
photo mask= Spacer thickness= 0.02
etch material= {Oxide} type= anisotropic rate= {1.0} time= 1.0
strip Photoresist
deposit Oxide fill coord= 0.0
deposit material= {Nitride} type= isotropic \
rate= {0.045} time= 1.0 mask= Spacer
126
etch material= {Nitride} type= anisotropic rate= {0.051} \
time= 1.0
# Turn on stress relaxation after depo/etch (hack)
pdbSet Mechanics EtchDepoRelax 1
struct tdr= step_13
#========#
# Stress #
#========#
# 617: Description of Output Variables
# 672: Doping in deposited layers
#
# Dual stress liner (DSL)–induced channel stress
# is implemented differently.
# The DSL material is deposited with the negative pressure
# field to produce isotropic tensile stress.
doping name= {StrainSi} field= {Pressure} depths= {0 0.1} \
values= {-3.0e9 -3.0e9}
deposit material= {Nitride} doping= {StrainSi} \
type= isotropic rate= {1.0} time= 0.100 steps= 5
struct tdr= step_14
#===================================#
# Mirror complete process structure #
#===================================#
struct tdr= 3D_FinFET_REC_quarter !Gas
if { [catch {exec tdx -mtt -y -ren \
drain=source 3D_FinFET_REC_quarter_fps.tdr \
3D_FinFET_REC_half_fps.tdr} Err] !=0 } {LogFile $Err}
if { [catch {exec tdx -mtt -z 3D_FinFET_REC_half_fps.tdr \
3D_FinFET_REC_full_fps.tdr} Err] !=0 } {LogFile $Err}
exit
127
APÊNDICE B
Arquivo de simulação: #=======================================#
# Strained nFinFET - Ids-Vgs - Vds=0.05 #
#=======================================#
File {
#-- Imput files
Grid = "3D_FinFET_REC_Dev_half_fps.tdr"
Doping = "3D_FinFET_REC_Dev_half_fps.tdr"
Piezo = "3D_FinFET_REC_Dev_half_fps.tdr"
Parameter = "sdevice.par"
#-- Output files
#Plot = ""
#Current = ""
Output = "3D_FinFET_REC_Dev_des.log"
}
Electrode {
{ Name= "gate" Voltage= 0.0 AreaFactor= 2.0 \
workfunction= 4.76 }
{ Name= "source" Voltage= 0.0 AreaFactor= 2.0 }
{ Name= "drain" Voltage= 0.0 AreaFactor= 2.0 }
{ Name= "substrate" Voltage= 0.0 AreaFactor= 2.0 \
workfunction= 4.95 }
}
Physics{
#-- The incomplete ionization model
#IncompleteIonization
Mobility(
PhuMob
HighFieldSaturation( GradQuasiFermi )
Enormal ( Lombardi ( AutoOrientation ) )
)
#-- Band Gap Narrowing
EffectiveIntrinsicDensity (
BandGapNarrowing ( OldSlotboom )
)
Recombination(
#-- Shockley-Read-Hall
SRH ( DopingDependence TempDependence )
#-- Auger eletron-hole pair generation
Auger ( WithGeneration )
128
)
#-- Temperature
Temperature=300
Piezo(
Model(
DeformationPotential
DOS ( eMass hMass )
Mobility(
eSubband ( Doping Scattering )
)
)
)
}
Physics(
MaterialInterface="Oxide/Silicon") {
charge(Conc=3.0e+10)
}
Plot{
eDensity hDensity
TotalCurrent/Vector eCurrent/Vector hCurrent/Vector
eMobility hMobility
eVelocity hVelocity
eQuasiFermi hQuasiFermi
eTemperature Temperature hTemperature
ElectricField/Vector Potential SpaceCharge
Doping DonorConcentration AcceptorConcentration
SRH Band2Band Auger
AvalancheGeneration eAvalancheGeneration
hAvalancheGeneration
eGradQuasiFermi/Vector hGradQuasiFermi/Vector
eEparallel hEparallel eENormal hENormal
BandGap
BandGapNarrowing
Affinity
ConductionBand ValenceBand
eBarrierTunneling hBarrierTunneling * BarrierTunneling
eTrappedCharge hTrappedCharge
eGapStatesRecombination hGapStatesRecombination
eDirectTunnel hDirectTunnel
eMobilityStressFactorXX eMobilityStressFactorYY
eMobilityStressFactorZZ
eMobilityStressFactorYZ eMobilityStressFactorXZ
eMobilityStressFactorXY
hMobilityStressFactorXX hMobilityStressFactorYY
hMobilityStressFactorZZ
hMobilityStressFactorYZ hMobilityStressFactorXZ
hMobilityStressFactorXY
129
#--
Stressxx Stressyy Stresszz Stressxy Stressxz Stressyz
}
Math {
TensorGridAniso
Extrapolate
RelErrControl
Digits= 5
NotDamped=200
Iterations=200
RHSmin= 1e-10
RhsFactor= 1e10
method= ParDiSo
#method= ILS
Number_Of_Threads= maximum
ExitOnFailure
wallclock
}
#-- Linear regime
Solve {
#-- Initial conditions
Coupled ( Iterations= 100 LineSearchDamping= 1e-8 ) \
{ Poisson }
#Save ( FilePrefix= "3D_FinFET_REC_Dev_init" )
#-- Ramp drain
Quasistationary(
DoZero
InitialStep= 1.0 Increment= 2.0
MinStep= 1e-6 MaxStep= 1.0
Goal { Name= "drain" Voltage= 0.050 }
)
{
#-- Gummel iterations
Plugin {
#-- Newton iterations
Coupled { Poisson Electron Hole }
}
}
#Save ( FilePrefix= "3D_FinFET_REC_Dev_VdLin" )
#-- Vg sweep
NewCurrentFile= "IdVg_0.05_"
Quasistationary(
DoZero
InitialStep= 0.010 Increment= 2.0
MinStep= 1e-6 MaxStep= 0.010
Goal { Name= "gate" Voltage= 1.0 }
)
130
{
#-- Gummel iterations
Plugin {
#-- Newton iterations
Coupled { Poisson Electron Hole }
}
}
}
Arquivo adicional de parâmetros de modelos: *========
* Silicon
*========
Material = "Silicon"
{
Bandgap
{
Eg0 = 1.1414 # [eV]
Chi0 = 4.147 # [eV]
}
Ionization
{
NdCrit = 2.0000e+18 # [cm-3]
}
*---------------------------
* Stress-dependent Mobility:
*---------------------------
StressMobility
{
** unstrained longitudinal and perpendicular effective
** masses
me_l0 = 0.914 # [1]
me_t0 = 0.196 # [1]
** ratio longitudinal/perpendicular effective masses
me_lt = 4.81 # [1]
** parameters of the intervalley scattering model
* beta - fitting parameter resposible for the unstressed
* ratio between g-type and f-type scatterings
* beta = 1.22 # [eV]
beta = 2.58 # [eV]
Ephonon = 0.06 # [1]
* Nref - fitting parameter
Nref = 2.0e+17 # [cm^-3]
* alpha - fitting parameter
alpha = 0.65 # [1]
131
}
Piezoresistance
{
MinStressFactor = 1e-5 , 1e-5 # [1]
MaxStressFactor = 10 , 10 # [1]
}
*----------------------------
* Generation & Recombination:
*----------------------------
* Recombination( SRH( DopingDep Tunneling ) )
Scharfetter * relation and trap level for SRH recombination:
{ * tau = taumin + ( taumax - taumin ) / ( 1 + ( N/Nref
)^gamma)
* tau(T) = tau * ( (T/300)^Talpha ) (TempDep)
* tau(T) = tau * exp( Tcoeff * ((T/300)-1) ) (ExpTempDep)
taumin = 0.0000e+00 , 0.0000e+00 # [s]
taumax = 1.0000e-05 , 3.0000e-06 # [s]
* Nref = 1.0000e+16 , 1.0000e+16 # [cm^(-3)]
Nref = 5.0000e+16 , 5.0000e+16 # [cm^(-3)]
gamma = 1 , 1 # [1]
Talpha = -1.5000e+00 , -1.5000e+00 # [1]
Tcoeff = 2.55 , 2.55 # [1]
Etrap = 0.0000e+00 # [eV]
}
TrapAssistedTunneling * lifetimes:
{ * See Dessis manual `Trap-Assisted Tunneling/SRH'
S = 3.5 # [1]
hbarOmega = 0.068 # [eV]
MinField = 1.0000e+03 # [V/cm]
m_theta = 0.258 , 0.24 # [1]
Z = 0.0000e+00 # [1]
}
*---------------------------
* Recombination( Band2Band )
Band2BandTunneling
{ * See Sentaurus Device manual `Band-To-Band Tunneling'
A = 8.9770e+20 # [cm / (s V^2)]
B = 2.1466e+07 # [eV^(-3/2) V/cm]
hbarOmega = 0.0186 # [eV]
* Traditional models for the following keywords in input
file:
* Band2Band(E1) : A1*E*exp(-B1/E)
* Band2Band(E1_5): A1_5*E^1.5*exp(-B1_5/E)
* Band2Band(E2) : A2*E^2*exp(-B2/E)
132
A1 = 1.1000e+27 # [1/cm/sec/V]
B1 = 2.1300e+07 # [V/cm]
A1_5 = 1.9000e+24 # [1/cm/sec/V^1.5]
B1_5 = 2.1900e+07 # [V/cm]
A2 = 3.5000e+21 # [1/cm/sec/V^2]
B2 = 2.2500e+07 # [V/cm]
* min length to interfaces (for traditional & Hurkx models):
dDist = 0.0000e+00 # [cm]
* min potential difference on length dPot/E (for traditional
& Hurkx models):
dPot = 0.0000e+00 # [V]
}
*----------------
* Mobility Models
*----------------
PhuMob:
{ * Philips Unified Mobility Model:
* mumax_As = 1417 # [cm^2/Vs]
mumax_As = 240 # [cm^2/Vs]
* mumin_As = 52.2 # [cm^2/Vs]
mumin_As = 11 # [cm^2/Vs]
theta_As = 2.285 # [1]
n_ref_As = 9.68e+16 # [cm^(-3)]
alpha_As = 0.68 # [1]
* mumax_P = 1414 # [cm^2/Vs]
mumax_P = 240 # [cm^2/Vs]
* mumin_P = 68.5 # [cm^2/Vs]
mumin_P = 14 # [cm^2/Vs]
theta_P = 2.285 # [1]
n_ref_P = 9.2e+16 # [cm^(-3)]
alpha_P = 0.711 # [1]
mumax_B = 470.5 # [cm^2/Vs]
mumin_B = 44.9 # [cm^2/Vs]
theta_B = 2.247 # [1]
n_ref_B = 2.23e+17 # [cm^(-3)]
alpha_B = 0.719 # [1]
nref_D = 4e+20 # [cm^(-3)]
nref_A = 7.2e+20 # [cm^(-3)]
cref_D = 0.21 # [1]
cref_A = 0.5 # [1]
me_over_m0 = 1 # [1]
mh_over_m0 = 1.258 # [1]
f_CW = 2.459 # [1]
f_BH = 3.828 # [1]
f_CW = 2.459 # [1]
f_BH = 3.828 # [1]
f_gf = 1 , 1 # [1]
f_scr = 0 , 0 # [cm^5/Vs]
133
}
ConstantMobility:
{ * mu_const = mumax (T/T0)^(-Exponent)
* mumax = 1417 , 470.5 # [cm^2/(Vs)]
mumax = 240 , 470.5 # [cm^2/(Vs)]
Exponent = 2.5 , 2.2 # [1]
mutunnel = 0.05 , 0.05 # [cm^2/(Vs)]
}
*---------------------
* Highfield Saturation
*---------------------
* Transport Models
*-----------------
* Hydrodynamics
EnergyRelaxationTime
{ * Energy relaxation times in picoseconds
(tau_w)_ele = 0.3 # [ps]
(tau_w)_hol = 0.3 # [ps]
}
HighFieldDependence:
{ * Caughey-Thomas model
* and HydroHighField mobility is used.
K_dT = 1e-4 , 1e-4 # [1]
}
*-----------------------------------
* Density Gradient Quantum Transport
QuantumPotentialParameters
{ * gamma: weighting factor for quantum potential
* theta: weight for quadratic term
* xi: weight for quasi Fermi potential
* eta: weight for electrostatic potential
gamma = 3.6 , 5.6 # [1]
theta = 0.5 , 0.5 # [1]
xi = 1 , 1 # [1]
eta = 1 , 1 # [1]
}
BarrierTunneling
{ * Non Local Barrier Tunneling
mt = 0.55 , 0.21
}
LatticeParameters
{ * Crystal system, elasticity, and deformation potential are
defined.
134
* X and Y vectors define the simulation coordinate system
relative to the
* crystal orientation system. Also there is an option to
represent the crystal
* system relative to the simulation one. In this case a
keyword CrystalAxis
* has to be in this section and X and Y vectors will
represent [100] and [010]
* axis of the crystal system in the simulation one.
* Additional notes: 1 Pa = 10 dyn/cm^2; tensile
stress/strain is positive.
*
* S[i][j] - elasticity modulus; i,j = 1,2,...6 and j>=i.
* CrystalSystem is symmetry, used ONLY to define the
elasticity matrics.
* Cubic (CrystalSystem=0): S[1][1],S[1][2],S[4][4]
* Hexagonal (CrystalSystem=1):
S[1][1],S[1][2],S[1][3],S[3][3],S[4][4]
* NC is a number of conduction band levels taken into
account
* NV is a number of valence band levels taken into account
* DC2(l) defines deformation potentials for conduction
subband = l
* DV2(l) defines deformation potentials for valence subband
= l
* The subband energy shift due to strain (E) is equal to the
following sum:
* D2[1]*E11 + D2[2]*E22 + D2[3]*E33 +
* D2[4]*(0.5*D2[5]^2*((E11-E22)^2+(E22-E33)^2+(E33-
E11)^2)+D2[6]^2*(E23^2+E13^2+E12^2))
*
X = (1, 0, 0) # [1]
Y = (0, 1, 0) # [1]
S[1][1] = 0.77 # [1e-12 cm^2/din]
S[1][2] = -0.21 # [1e-12 cm^2/din]
S[4][4] = 1.25 # [1e-12 cm^2/din]
CrystalSystem = 0 # [1]
* Deformation potentials
* The number of conduction and valence band subvalleys:
NC = 3 # [1]
NV = 2 # [1]
* Appropriate deformation potential constants are defined
in the fields:
* DC2(1) = 0.9, -8.6, -8.6, 0.0, 0.0, 0.0 # [eV]
DC2(1) = 5, -8.6, -8.6, 0.0, 0.0, 0.0 # [eV]
* DC2(2) = -8.6, 0.9, -8.6, 0.0, 0.0, 0.0 # [eV]
DC2(2) = -8.6, 5, -8.6, 0.0, 0.0, 0.0 # [eV]
* DC2(3) = -8.6, -8.6, 0.9, 0.0, 0.0, 0.0 # [eV]
135
DC2(3) = -8.6, -8.6, 5, 0.0, 0.0, 0.0 # [eV]
DV2(1) = -2.1, -2.1, -2.1, -1.0, 0.5, 4.0 # [eV]
DV2(2) = -2.1, -2.1, -2.1, 1.0, 0.5, 4.0 # [eV]
* Deformation potentials of k.p model for electron bands
xis = 7.0 # [eV]
dbs = 0.53 # [eV]
xiu = 9.16 # [eV]
xid = 0.77 # [eV]
* Deformation potentials of k.p model for hole bands
adp = 2.1 # [eV]
bdp = -2.33 # [eV]
ddp = -4.75 # [eV]
dso = 0.044 # [eV]
}
}
*============
* PolySilicon
*============
Material = "PolySi" {
*----------------------------
* Generation & Recombination:
*----------------------------
* Recombination( SRH( DopingDep ) )
Scharfetter * relation and trap level for SRH recombination:
{ * tau = taumin + ( taumax - taumin ) / ( 1 + ( N/Nref
)^gamma)
* tau(T) = tau * ( (T/300)^Talpha ) (TempDep)
* tau(T) = tau * exp( Tcoeff * ((T/300)-1) ) (ExpTempDep)
taumin = 0.0000e+00 , 0.0000e+00 # [s]
* taumax = 1.0000e-05 , 3.0000e-06 # [s]
taumax = 1.0000e-8 , 1.0000e-8 # [s]
Nref = 1.0000e+16 , 1.0000e+16 # [cm^(-3)]
gamma = 1 , 1 # [1]
Talpha = -1.500e+00 , -1.500e+00 # [1]
Tcoeff = 2.55 , 2.55 # [1]
Etrap = 0.0000e+00 # [eV]
}
*-----------------------------------
* Density Gradient Quantum Transport
QuantumPotentialParameters
{ * gamma: weighting factor for quantum potential
* theta: weight for quadratic term
* xi: weight for quasi Fermi potential
136
* eta: weight for electrostatic potential
gamma = 3.6 , 5.6 # [1]
theta = 0.5 , 0.5 # [1]
xi = 1 , 1 # [1]
eta = 1 , 1 # [1]
}
BarrierTunneling
{ * Non Local Barrier Tunneling
mt = 0.55 , 0.21
}
}
*======
* Oxide
*======
Material = "Oxide" {
Epsilon
{ * Ratio of the permittivities of material and vacuum
* epsilon() = epsilon
epsilon = 3.9 # [1]
}
Epsilon_aniso
{ * Ratio of the permittivities of material and vacuum
* epsilon() = epsilon
epsilon = 3.9 # [1]
}
RefractiveIndex
{ * Optical Refractive Index
* refractiveindex() = refractiveindex * (1 + alpha * (T-
Tpar))
Tpar = 3.0000e+02 # [K]
refractiveindex = 1.46 # [1]
alpha = 2.0000e-04 # [1/K]
}
LatticeHeatCapacity
{ * lumped electron-hole-lattice heat capacity
* cv() = cv + cv_b * T + cv_c * T^2 + cv_d * T^3
cv = 1.67 # [J/(K cm^3)]
cv_b = 0.0000e+00 # [J/(K^2 cm^3)]
cv_c = 0.0000e+00 # [J/(K^3 cm^3)]
cv_d = 0.0000e+00 # [J/(K^4 cm^3)]
}
137
Kappa
{ * Lattice thermal conductivity
* Formula = 1:
* kappa() = kappa + kappa_b * T + kappa_c * T^2
kappa = 0.014 # [W/(K cm)]
kappa_b = 0.0000e+00 # [W/(K^2 cm)]
kappa_c = 0.0000e+00 # [W/(K^3 cm)]
}
Kappa_aniso
{ * Lattice thermal conductivity
* Formula = 1:
* kappa() = kappa + kappa_b * T + kappa_c * T^2
kappa = 0.014 # [W/(K cm)]
kappa_b = 0.0000e+00 # [W/(K^2 cm)]
kappa_c = 0.0000e+00 # [W/(K^3 cm)]
}
Bandgap
{ * Eg = Eg0 + alpha Tpar^2 / (beta + Tpar) - alpha T^2 /
(beta + T)
* Parameter 'Tpar' specifies the value of lattice
* temperature, at which parameters below are defined
* Chi0 is electron affinity.
Chi0 = 0.9 # [eV]
Eg0 = 9 # [eV]
alpha = 0.0000e+00 # [eV K^-1]
beta = 0.0000e+00 # [K]
Tpar = 0.0000e+00 # [K]
}
FreeCarrierAbsorption
{
* Coefficients for free carrier absorption:
* fcaalpha_n for electrons,
* fcaalpha_p for holes
* FCA = (alpha_n * n + alpha_p * p) * Light Intensity
fcaalpha_n = 4.0000e-18 # [cm^2]
fcaalpha_p = 8.0000e-18 # [cm^2]
}
QWStrain
{
* Zincblende crystals:
* Parameters: a_nu, a_c, b, C_12, C_11
* StrainConstant eps (formula = 1) or lattice constant
* a0 (formula = 2) for energy shift of quantum-well
* subbands.
138
* a0(T) = a0 + alpha (T-Tpar)
* Wurtzite crystals:
* Parameters: a_c, D1, D2, D3, D4, C_13, C_33
* Lattice constants a0 and c0 (formula 2 must be used)
* a0(T) = a0 + alpha (T-Tpar)
* c0(T) = c0 + alpha (T-Tpar)
* Default formula = 1 # [1]
eps = 0.0000e+00 # [1]
a0 = 3.1890e-10 # [cm]
alpha = 0.0000e+00 # [cm/K]
Tpar = 3.0000e+02 # [K]
a_nu = 0.0000e+00 # [eV]
a_c = -4.0800e+00 # [eV]
b_shear = 0.0000e+00 # [eV]
c_11 = 0.0000e+00 # [1e-2 GPa]
c_12 = 0.0000e+00 # [1e-2 GPa]
d1 = -8.9000e-01 # [eV]
d2 = 4.27 # [eV]
d3 = 5.18 # [eV]
d4 = -2.5900e+00 # [eV]
c_13 = 1 # [1e-2 GPa]
c_33 = 3.92 # [1e-2 GPa]
c0 = 5.1850e-10 # [cm]
}
eDOSMass
{
* For effective mass specificatition Formula1 (me
approximation):
* or Formula2 (Nc300) can be used :
Formula = 1 # [1]
* Formula1:
* me/m0 = [ (6 * mt)^2 * ml ]^(1/3) + mm
* mt = a[Eg(0)/Eg(T)]
* Nc(T) = 2(2pi*kB/h_Planck^2*me*T)^3/2 = 2.540e19
((me/m0)*(T/300))^3/2
a = 0.0000e+00 # [1]
ml = 0.0000e+00 # [1]
mm = 0.42 # [1]
}
hDOSMass
{
* For effective mass specificatition Formula1 (mh
approximation):
* or Formula2 (Nv300) can be used :
Formula = 1 # [1]
* Formula1:
139
* mh =
m0*{[(a+bT+cT^2+dT^3+eT^4)/(1+fT+gT^2+hT^3+iT^4)]^(2/3) + mm}
* Nv(T) = 2(2pi*kB/h_Planck^2*mh*T)^3/2 = 2.540e19
((mh/m0)*(T/300))^3/2
a = 0 # [1]
b = 0 # [K^-1]
c = 0 # [K^-2]
d = 0 # [K^-3]
e = 0 # [K^-4]
f = 0 # [K^-1]
g = 0 # [K^-2]
h = 0 # [K^-3]
i = 0 # [K^-4]
mm = 1 # [1]
}
QuantumPotentialParameters
{ * gamma: weighting factor for quantum potential
* theta: weight for quadratic term
* xi: weight for quasi Fermi potential
* eta: weight for electrostatic potential
gamma = 1 , 1 # [1]
theta = 0.5 , 0.5 # [1]
xi = 0.0000e+00 , 0.0000e+00 # [1]
eta = 0.0000e+00 , 0.0000e+00 # [1]
}
RadiativeRecombination * coefficients:
{ * R_Radiative = C * (T/Tpar)^alpha * (n p - ni_eff^2)
* C
* alpha
C = 0.0000e+00 # [cm^3/s]
alpha = 0.0000e+00 # []
}
Radiation
{ * G = g * D * ((E+E0)/(E+E1))^m - the generation term,
* where E is the electric field,
* E0, E1, m are constants to account the
recombination,
* g is the electron-hole creation rate ,
* D is the dose rate defined in the input file.
g = 7.6000e+12 # [1/(rad*cm^3)]
E0 = 0.1 # [V/cm]
E1 = 1.3500e+06 # [V/cm]
m = 0.9 # [1]
}
TableODB
{ * Each entry of the table consists of three values:
*complex refractive index n + i*k (unitless)
140
*refractive index = n, absorption coefficient =
4*pi*k/wavelength
*WAVELEN(um) n k
0.051 0.804 0.322;
0.053 0.811 0.366;
0.055 0.822 0.408;
0.056 0.829 0.43;
0.058 0.843 0.47;
0.059 0.851 0.482;
0.0636 0.879 0.613;
0.0653 0.902 0.645;
0.067 0.927 0.677;
0.0689 0.957 0.712;
0.0699 0.975 0.731;
0.0709 0.999 0.75;
0.0719 1.03 0.763;
0.0729 1.072 0.768;
0.074 1.124 0.765;
0.0751 1.137 0.755;
0.0763 1.156 0.737;
0.0775 1.172 0.717;
0.0787 1.178 0.703;
0.08 1.172 0.696;
0.0813 1.167 0.699;
0.0827 1.168 0.711;
0.0841 1.175 0.739;
0.0855 1.195 0.771;
0.087 1.225 0.799;
0.0886 1.265 0.808;
0.0902 1.32 0.795;
0.0919 1.363 0.775;
0.0936 1.371 0.755;
0.0954 1.368 0.747;
0.0972 1.372 0.766;
0.0992 1.383 0.793;
0.1012 1.41 0.824;
0.1033 1.475 0.861;
0.1051 1.554 0.874;
0.1069 1.635 0.859;
0.1088 1.716 0.81;
0.1127 1.739 0.569;
0.1137 1.687 0.565;
0.1148 1.587 0.618;
0.1159 1.513 0.725;
0.117 1.492 0.914;
0.1181 1.567 1.11;
0.1187 1.645 1.136;
0.1192 1.772 1.13;
0.1198 1.919 1.045;
0.1204 2.048 0.925;
0.121 2.152 0.81;
141
0.1215 2.24 0.715;
0.1228 2.332 0.46;
0.124 2.33 0.323;
0.1252 2.292 0.236;
0.1265 2.243 0.168;
0.1278 2.19 0.119;
0.1291 2.14 0.077;
0.1319 2.047 0.043;
0.1333 2.006 0.0339;
0.1348 1.969 0.0271;
0.1362 1.935 0.0228;
0.1378 1.904 0.0189;
0.1393 1.876 0.0156;
0.1409 1.85 0.0132;
0.1425 1.825 0.0109;
0.1442 1.803 8.3800e-03;
0.1459 1.783 5.5700e-03;
0.1476 1.764 3.1700e-03;
0.1494 1.747 1.4000e-03;
0.1512 1.73 4.6300e-04;
0.1531 1.716 1.2200e-04;
0.155 1.702 3.2000e-05;
0.159 1.676 4.7000e-06;
0.1631 1.653 0.0000e+00;
0.1675 1.633 0.0000e+00;
0.1722 1.616 0.0000e+00;
0.1771 1.6 0.0000e+00;
0.1837 1.582 0.0000e+00;
0.1907 1.567 0.0000e+00;
0.1984 1.554 0.0000e+00;
0.2066 1.543 0.0000e+00;
0.2144 1.53371 0.0000e+00;
0.2267 1.52276 0.0000e+00;
0.2302 1.52009 0.0000e+00;
0.2378 1.51474 0.0000e+00;
0.2399 1.51338 0.0000e+00;
0.2483 1.50841 0.0000e+00;
0.2652 1.50004 0.0000e+00;
0.2699 1.49805 0.0000e+00;
0.2753 1.49592 0.0000e+00;
0.2803 1.49404 0.0000e+00;
0.2894 1.49099 0.0000e+00;
0.2967 1.48873 0.0000e+00;
0.30215 1.48719 0.0000e+00;
0.3303 1.48053 0.0000e+00;
0.33415 1.47976 0.0000e+00;
0.3404 1.47858 0.0000e+00;
0.3466 1.47746 0.0000e+00;
0.36105 1.47512 0.0000e+00;
0.365 1.47453 0.0000e+00;
0.40465 1.46961 0.0000e+00;
142
0.4358 1.46669 0.0000e+00;
0.4678 1.46429 0.0000e+00;
0.4861 1.46313 0.0000e+00;
0.5086 1.46197 0.0000e+00;
0.5461 1.46008 0.0000e+00;
0.577 1.45885 0.0000e+00;
0.5791 1.45877 0.0000e+00;
0.5876 1.45847 0.0000e+00;
0.5893 1.45841 0.0000e+00;
0.64385 1.45671 0.0000e+00;
0.6563 1.45637 0.0000e+00;
0.6678 1.45608 0.0000e+00;
0.7065 1.45515 0.0000e+00;
0.8521 1.45248 0.0000e+00;
0.89435 1.45185 0.0000e+00;
1.014 1.45025 0.0000e+00;
1.0829 1.44941 0.0000e+00;
1.1287 1.44888 0.0000e+00;
1.3622 1.44621 0.0000e+00;
1.3951 1.44584 0.0000e+00;
1.4695 1.44497 0.0000e+00;
1.5295 1.44427 0.0000e+00;
1.6606 1.44267 0.0000e+00;
1.681 1.44241 0.0000e+00;
1.6932 1.44226 0.0000e+00;
1.7091 1.44205 0.0000e+00;
1.8131 1.44069 0.0000e+00;
1.9701 1.43851 0.0000e+00;
2.0581 1.43722 0.0000e+00;
2.1526 1.43576 0.0000e+00;
2.3254 1.43292 0.0000e+00;
2.4374 1.43095 0.0000e+00;
3.2439 1.41314 0.0000e+00;
3.2668 1.41253 0.0000e+00;
3.3026 1.41155 0.0000e+00;
3.422 1.40819 0.0000e+00;
3.507 1.40568 0.0000e+00;
3.5564 1.40418 0.0000e+00;
10 1.4 0.0000e+00;
10.001 1.4 0.0000e+00;
10.002 1.4 0.0000e+00;
}
Resistivity
{ * Resist(T) = Resist0 * ( 1 + TempCoef * ( T - 273 ) )
Resist0 = 3.0000e+09 # [ohm*cm]
TempCoef = 4.5000e-03 # [1/K]
}
BarrierTunneling
{ * Non Local Barrier Tunneling
143
mt = 0.55 , 0.21
}
}
*=====
* HfO2
*=====
Material = "HfO2" {
Epsilon
{ * Ratio of the permittivities of material and vacuum
* epsilon() = epsilon
epsilon = 25 # [1]
}
Epsilon_aniso
{ * Ratio of the permittivities of material and vacuum
* epsilon() = epsilon
epsilon = 25 # [1]
}
Kappa
{ * Lattice thermal conductivity
* Formula = 1:
* kappa() = kappa + kappa_b * T + kappa_c * T^2
kappa = 0.016 # [W/(K cm)]
kappa_b = 0.0000e+00 # [W/(K^2 cm)]
kappa_c = 0.0000e+00 # [W/(K^3 cm)]
}
Bandgap
{ * Eg = Eg0 + alpha Tpar^2 / (beta + Tpar) - alpha T^2 /
(beta + T)
* Parameter 'Tpar' specifies the value of lattice
* temperature, at which parameters below are defined
* Chi0 is electron affinity.
Chi0 = 2.15 # [eV]
Eg0 = 5.58 # [eV]
alpha = 0.0000e+00 # [eV K^-1]
beta = 0.0000e+00 # [K]
Tpar = 0.0000e+00 # [K]
}
}
144
APÊNDICE C
#=========================================#
#= Sentaurus-Process =#
#= SiGe75-SD_rGe-ch.cmd =#
#=========================================#
sde off
pdbSetBoolean Silicon Mechanics Updatestrain 1
pdbSetBoolean Mechanics EtchDepoRelax 1
pdbSetBoolean Mechanics StressHistory 1
pdbSet Grid No3DMerge 0
refinebox clear
refinebox clear.interface.mats
refinebox interface.materials= {Silicon Oxide Polysilicon}
mgoals min.normal.size=5.0<nm> normal.growth.ratio=1.5
max.lateral.size=40.0 minedge=5e-5 accuracy=1.0e-5
pdbSet Grid MGoals UseLines 1
AdvancedCalibration
strain_profile Silicon species=Germanium strain= {0 0.0425}
ratio= {0 1}
strain_profile Silicon species=Carbon strain= {0 -0.45} ratio=
{0 1}
strain_profile Silicon species=Tin strain= {0 0.1733} ratio=
{0 1}
math coord.ucs
# Define new materials
# spacer
mater add name=spacer new.like=nitride
# Titanium Nitride
#mater add name=TiN new.like=titanium
pdbSetBoolean TiN Mechanics Updatestrain 1
#pdbSetDouble TiN Mechanics BulkModulus 4e12
#pdbSetDouble TiN Mechanics ShearModulus 2.4e12
mater add name= TiN new.like= Nitride
pdbSetDouble TiN Mechanics BulkModulus [ Enu2K 600e10 0.25 ]
pdbSetDouble TiN Mechanics ShearModulus [ Enu2G 600e10 0.25 ]
pdbSetDouble TiN Mechanics ThExpCoeff 9.4e-6
# gate oxide
mater add name=gatox new.like=oxide
# source and drain
mater add name=sodr new.like=silicon
145
# Swithching Si towards Ge parameters
pdbSetBoolean Silicon Mechanics Updatestrain 1
pdbSetDouble Silicon Mechanics BulkModulus 93.1e10
pdbSetDouble Silicon Mechanics ShearModulus 49.8e10
pdbSetDouble Silicon Mechanics C11 12.92e11
pdbSetDouble Silicon Mechanics C12 4.79e11
pdbSetDouble Silicon Mechanics C44 6.70e11
# Swithching Source and Drain towards Si parameters
pdbSetBoolean sodr Mechanics Updatestrain 1
pdbSetDouble sodr Mechanics BulkModulus 101.97e10
pdbSetDouble sodr Mechanics ShearModulus 79.92e10
pdbSetDouble sodr Mechanics C11 16.57e11
pdbSetDouble sodr Mechanics C12 6.39e11
pdbSetDouble sodr Mechanics C44 7.96e11
# Mesh
line x location= 0<nm> spacing= 0.5<nm> tag= top
line x location= 60<nm> spacing= 0.5<nm>
line x location= 300<nm> spacing= 5<nm> tag= middle
line x location= 500<nm> spacing= 50<nm> tag= bottom
line y location=-1<um> spacing= 1<um> tag= SiLeft
line y location=-500<nm> spacing= 2<nm>
line y location= 0 spacing= 2<nm> tag= SiRight
# Regions
region substrate Silicon xlo=top xhi=bottom
init concentration=1e14<cm-3> field=Boron
# Oxide layer
etch silicon type=anisotropic thickness=225<nm>
deposit oxide coord=0<nm> type=fill
mask name=ge_mask left=-375<nm> right=1 negative
etch oxide type=anisotropic thickness=400<nm> mask=ge_mask
# Refine mesh
refinebox add name=box1 min= { 225<nm> -375<nm> -1<nm> } max=
{ 355<nm> 0<nm> 1<nm> } xrefine=0.001 yrefine=0.001 zrefine=1
grid remesh
# Ge region
# etch Ge 130nm in vertical
etch material=silicon rate = 0.29 time=1.0 type=directional
direction = {0.5 1}
pdbSetDouble Silicon Mechanics TopRelaxedNodeCoord 0.2e-04
deposit silicon coord=0<nm> type=fill fields= {germanium}
values= {5.0e22}
etch material=silicon type=polygon polygon = { 0<nm> -233<nm>
100<nm> -375<nm> -400<nm> -375<nm> -400<nm> -233<nm> }
146
# Save
set naam SiGe75-SD_rGe-ch_01_Initial
SetPlxList {Stress_xx Stress_yy Stress_zz Stress_xy Stress_yz
Stress_xz}
struct tdr= $naam
WritePlx $naam y= 0<nm>
# Gate stack
#======================================
deposit material= {HfO2} type= isotropic rate= {0.002} time=
1.0
deposit material= {TiN} type= isotropic rate= {0.005} time=
1.0
deposit material= {PolySilicon} type= isotropic rate= {0.1}
time= 1.0
# Etch polysilicon
mask name=gate_mask left=-25<nm> right=1
etch material= {PolySilicon} type= anisotropic rate= {1.0}
time= 1.0 mask=gate_mask
etch material= {TiN} type= anisotropic rate= {1.0} time= 1.0
mask=gate_mask
etch material= {HfO2} type= anisotropic rate= {1.0} time= 1.0
mask=gate_mask
# Save
set naam SiGe75-SD_rGe-ch_02_AfterGate
SetPlxList {Stress_xx Stress_yy Stress_zz Stress_xy Stress_yz
Stress_xz}
struct tdr= $naam
WritePlx $naam y= 0<nm>
# Spacer module
#======================================
# hack: experimental spacer is a bit deep (11nm)
etch material=silicon type=crystal crystal_rate= {"<100>" =1.0
"<110>" =0.6 "<111>" =0.2} time=0.011
# Deposit spacer
deposit spacer type=isotropic thickness=36<nm>
# Etch spacer
etch spacer type=anisotropic thickness=38<nm>
isotropic.overetch=0.01
mask name=spacer_mask left=-100<nm> right=1
etch spacer type=anisotropic thickness=1<um> mask=spacer_mask
# Deposit back silicon
deposit silicon type=isotropic thickness=11<nm> fields=
{germanium} values= {5.0e22} selective.materials= {silicon}
# Facet
etch material=silicon type=polygon polygon = { 11<nm> -61<nm>
-400<nm> -400<nm> -400<nm> -50<nm> 11<nm> -50<nm> }
# Save
147
set naam SiGe75-SD_rGe-ch_03_AfterSpacer
SetPlxList {Stress_xx Stress_yy Stress_zz Stress_xy Stress_yz
Stress_xz}
struct tdr= $naam
WritePlx $naam y= 0<nm>
# SiGe S/D module
#======================================
# Etch
etch material=silicon type=crystal crystal_rate= {"<100>" =1.0
"<110>" =0.9 "<111>" =1.2} time=0.053
# Save
set naam SiGe75-SD_rGe-ch_04_AfterSDetch
SetPlxList {Stress_xx Stress_yy Stress_zz Stress_xy Stress_yz
Stress_xz}
struct tdr= $naam
WritePlx $naam y= 0<nm>
# Selective growth of strained SiGe
deposit sodr thickness=69<nm> type=anisotropic fields=
{germanium} values= {3.4e22} selective.materials= {silicon}
# Save
set naam SiGe75-SD_rGe-ch_05_AfterSD
SetPlxList {Stress_xx Stress_yy Stress_zz Stress_xy Stress_yz
Stress_xz}
struct tdr= $naam
WritePlx $naam y= 0<nm>
# Facet
etch material=sodr type=polygon polygon = { 11<nm> -60.4<nm>
-400<nm> -260<nm> -400<nm> -50<nm> 11<nm> -50<nm> }
# Save
set naam SiGe75-SD_rGe-ch_06_AfterFacet
SetPlxList {Stress_xx Stress_yy Stress_zz Stress_xy Stress_yz
Stress_xz}
struct tdr= $naam
WritePlx $naam y= 0<nm>
exit