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Os bancos angolanos no estrangeiro
e os bancos estrangeiros em Angola II Fórum Banca Expansão – Diário Económico
João Fonseca
Luanda, EPIC Sana
20 de Junho de 2012
Agenda
1. Investimento estrangeiro de bancos em Angola e para o exterior:
Evolução, Estrutura e Estratégias
2. Sistema bancário em Angola: O desempenho dos bancos estrangeiros é
diferente?
3. Implicações da internacionalização da banca em Angola: Tópicos
selecionados
2 II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico
Fluxos de IDE no sector bancário, de bancos, ainda é
concentrado em termos geográficos
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 3
Portugal
Brasil S. Tomé
e
Príncipe
Cabo Verde
África do Sul
Para o exterior (Dez-11):
BAI
• BAI Europa 100%
• BAI Cabo Verde 71%
• Banco Inter.S.T.P 25%
• BPN Brasil 13,5%
BPA
• BPA Europa 10%
Banco BIC
• Banco BIC Português -
Rússia
1993 – 1º IDE de bancos estrangeiros em Angola
1998 – 1º IDE de um banco angolano no exterior
2006 2002
A estratégia de investimento dos bancos estrangeiros
em Angola pode ser dividida em 3 fases:
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 4
1993 1991
• Abertura das primeiras
sucursais de bancos
estrangeiros (portugueses)
• 1ª constituição de
um banco de direito
angolano com
participação
estrangeira
• Inicio da
transformação das
sucursais em
bancos de direito
angolano
Liberalização
do sector
bancário
• Início da abertura de
capital social de filiais de
bancos estrangeiros ainda
detidos a 100% a
accionistas angolanos
• 2007: 1º Banco estrangeiro
de capitais não
portugueses
Fase 2 Fase 3 Fase 1
IDE do sector bancário em Angola
Designação/Sigla
Ano
constituição
País
origem
Accionista
banco
% Capital
social
(Dez.11)
BFA (1993*) 2002 PT BPI 50,1%
BCGTA (1993*) 2002 PT Santander
e CGD ** 51,0%
BMA (1993*) 2006 PT BCP 50,1%
BESA 2001 PT BES 51,9%
VTB África 2007 Russia VTB 66,0%
Finibanco Angola 2007 PT Montepio
Geral *** 61,3%
Standard Bank Angola 2010 África
do Sul
Standard
Bank 100,0%
Banco para Promoção
e Desenvolvimento 2011 PT CGD 50,0%
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 5
* Como sucursal ** Por via da Partang, SGPS *** Por via do Finibanco holding, SGPS Fonte: Relatórios e Contas de 2011
As diferenças de requisitos de capital entre uma sucursal e
um banco de direito angolano tinham implicações na
rentabilidade
Banco de direito
angolano
Sucursal de banco
estrangeiro
Corporate
Governance
Conselho de
Administração Direcção-Geral
Controlo interno - Casa-mãe
Capital mínimo Equiv. a 4 MUSD
(capital social)
Equiv. a 4 MUSD
(capital afecto)
Posição cambial para
protecção do capital Não era permitido
Até 50% do capital
afecto
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 6
2,2 16 26
280
0
50
100
150
200
250
300
abr-yy abr-yy dez-yy mai-yy
Evolução capital social mínimo dos Bancos 1992-1994
(mil milhões de NKz)
1 USD=
4.000 NKz
O capital social mínimo
em moeda nacional
aumentou 126 vezes
entre 1992 e 1994.
Nota: Posição cambial é a diferença de activos e passivos em moeda
estrangeira. No caso dos activos serem superiores (inferiores) aos passivos,
uma desvalorização (apreciação) da moeda implica lucros (prejuízos).
Principais razões para o investimento de bancos
angolanos em Portugal
1. Banca de empresas – acompanhar/apoiar os clientes no principal
mercado de importações de Angola;
2. Banco correspondente de bancos angolanos;
3. Intermediário financeiro nos mercados bolsistas;
4. Servir de plataforma para novos investimentos/estar presente em
outros mercados;
5. Acesso a know-how: processos, produtos e desenvolvimento
profissional dos colaboradores.
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 7
Em 2011, os resultados da participação dos bancos portugueses em Angola
corresponderam a 60% do total dos resultados da actividade internacional e
contribuíram em 14,7% para a redução do prejuízo consolidado
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 8
392 327 225 136 153
117 203 189 196 204
1.526
742 1.030 1.196
-1.534
0.6% 1.9% 1.5% 1.5% -1.5%
-2.000
-1.000
0
1.000
2.000
3.000
2007 2008 2009 2010 2011
Milh
õe
s d
e E
uro
s
Distribuição geográfica dos resultados líquidos dos bancos portugueses privados com participações em
Angola
Actividade doméstica
Actividade internacional - Angola
Actividade internacional - excluindo Angola
Contribuição do
resultado de
Angola para o
resultado
consolidado.
Fonte: Relatórios e Contas consolidadas dos 4 maiores bancos privados em Portugal. Elaboração ABANC.
Agenda
1. Investimento estrangeiro de bancos em Angola e para o exterior:
Evolução, Estrutura e Estratégias
2. Sistema bancário em Angola: O desempenho dos bancos estrangeiros é
diferente?
3. Implicações da internacionalização da banca em Angola: Tópicos
selecionados
9 II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico
2 2 3 3 3 3 3 3
1 4 5
7 8 10 10
12 12
5 5
5 6
6 6
7 7
0
5
10
15
20
25
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Nº de bancos por segmento de origem de capital
Filiais de BancosEstrangeiros
Privados Nacionais
Mistos
Públicos
Banco para Promoção e
Desenvolvimento
O crescimento do sector tem vindo a ser feito pela
entrada de bancos privados nacionais
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 10
Total: 23
Total: 11
Fonte: Elaboração ABANC com base nas definições do BNA.
Nota: Em 2008, verificou-se a aquisição do NovoBanco pelo BAI e a entrada do Finibanco. Como tal, o número total de filiais
de bancos estrangeiros manteve-se o mesmo em relação a 2007.
A entrada de novos bancos nacionais permitiu aumentar a
sua quota de mercado nos depósitos até 70%. Em alguns
anos, a sua quota em depósitos é inferior à do crédito
Quotas de mercado (%)
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 11
Fonte: Relatórios e Contas dos bancos. Crédito líquido
de provisões
58 65 66 68 69 70 66 69
42 35 34 32 31 30 34 31
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Depósitos
NAC FILIAIS EST
65 58 61 61 64 67
62
35 42 39 39 36 33 38
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Crédito à economia
NAC FILIAIS EST
Fonte: BNA. Conceito de depósitos segundo as contas
monetárias (mais abrangente do que o conceito do
balanço publicado pelos bancos)
Os bancos estrangeiros aplicam mais os seus recursos em Títulos
do que os bancos nacionais. A aplicação no crédito, com 36% do
total do activo, é praticamente a mesma
Estrutura do Activo em 31 de Dezembro de 2010
Bancos nacionais Bancos estrangeiros
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 12
Disponib. e
Aplicações de
liquidez 36%
TVM 22%
Créditos 37%
Outros Valores
1%
Imobilizações
4%
Disponib. e
Aplicações de
liquidez 18%
TVM 37%
Créditos 36%
Outros Valores
5%
Imobilizações
4%
37
22
28
0
10
20
30
40
50
Peso dos TVM sobre Total do Activo (%)
FILIAIS ESTNACSectorTVM = Títulos e Valores Imobiliários. Inclui aplicações em TBC’s, BT’s e OT’s.
As aplicações em OT’s representam 74% do total de TVM para os bancos
estrangeiros e 66% do total de TVM para os bancos nacionais.
Os bancos estrangeiros, no seu conjunto, encontram-se menos
dependentes dos depósitos de clientes do que os nacionais
Estrutura do Passivo em 31 de Dezembro de 2010
Bancos nacionais Bancos estrangeiros
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 13
Depósitos 66%
Captações para
Liquidez/Outras
7%
Captações com
Tit.ValoresMobiliári
os 8%
Sist.pagamentos e
oper. cambiais
6%
Outras Obrigaçõe
s 2%
Fundos Próprios
11%
Depósitos 60%
Sist.pagamentos e
oper.cambiais 0%
Outras Obrigações
1%
Fundos Próprios
11% MMI - No
país 5%
MMI - No estrangeiro
20% Oper.com
BNA 2% Outras
1%
Captações para
liquidez/Outras 28%
MMI = Mercado monetário interbancário
-20
0
20
40
60
80
100
120
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
% Depósitos (t.v.anual nominal)
NACFILIAIS ESTSector
Fonte: Balanços dos bancos (cálculo da
estrutura do passivo) e Contas monetárias
(t.v.anual depósitos)
A produtividade dos bancos estrangeiros é maior em
26% face à dos bancos nacionais
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 14
2.3 2.1
2.7
0
10
20
30
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Produto bancário / Nº funcionários (Milhões Kz)
Sector NAC FILIAIS EST
32.8
29.0
41.6
0
100
200
300
400
500
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Activo total / Nº funcionários (Milhões Kz)
Sector NAC FILIAIS EST
+26%* +26%*
Leitura do gráfico: em 2010, cada funcionário de um
banco estrangeiro contribuía, em média, com Kz 27
milhões para a formação do produto bancário, 27% acima
do contributo de funcionário de um banco nacional.
Leitura do gráfico: em 2010, cada funcionário de um
banco estrangeiro tinha sob sua gestão, em média, Kz
416 milhões de activos, 30% acima dos activos sob
gestão de um funcionário de um banco nacional.
* Média do período 2007-2010
A eficiência dos bancos estrangeiros, medida pelos rácios
CO/PB e CO/AM, é também maior (no mínimo, em 22%)
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 15
4.2
3.1
3.8
0
10
20
30
40
50
60
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Custos Operacionais / Produto Bancário (%)
(Cost-to-income)
NAC FILIAIS EST Sector
0.3
0.3
0.2
0
2
4
6
8
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Custos Operacionais / Activo Médio (%)
Os bancos estrangeiros têm normalmente maior vantagem competitiva:
• podem sempre contar com o apoio dos seus bancos accionistas no exterior
para o desenvolvimento de novos processos e produtos;
• tendência para usufruir de custos indirectos mais baixos (overheads).
+27%*
+22%*
* Média do período 2007-2010
A eficiência dos bancos nacionais é afectada pela sua
mais extensa rede de balcões
Em 2010, os bancos nacionais tinham
724 balcões, 3 vezes mais do que os
bancos estrangeiros
Os custos operacionais estão bastante
correlacionados com a dimensão da
rede de balcões
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 16
Leitura do gráfico: no período em análise, a variação
(crescimento) dos custos operacionais são explicados
em 86% pelo crescimento do nº de balcões.
y = 0,0101x - 4,2807 R² = 0,8609
0
50
100
150
200
250
300
0 10 20 30
Nº
de b
alc
ões
Custos operacionais anuais
Milhões de Kz
Relação entre Custos operacionais anuais e Nº de balcões - 2008 a 2010
(todos os bancos)
Banco
48
237
126
724
3.765
8.782
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
9.000
10.000
0
200
400
600
800
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Nº de funcionários e Nº de balcões
Nº balcões - FILIAIS EST (esc.esq.)Nº balcões - NAC (esc.esq.)Nº funcionários - FILIAIS EST (esc.dir.)Nº funcionários - NAC (esc.dir.)
O crédito vencido dos bancos estrangeiros é menor,
implicando menor nível de provisões
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 17
No período em análise, o rácio do crédito vencido sobre o total do crédito dos bancos
estrangeiros não somente é relativamente estável como revelou-se, no mínimo, 2 vezes
inferior ao dos bancos nacionais.
0.1
0.2
0.1
0
1
2
3
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Rácio das Provisões para crédito sobre o Activo médio (%)
Novos critérios para
as provisões de
crédito (aproximação
ao Basileia II). 0.5 0.5
0.7 0.7
0.1 0.1
0
2
4
6
8
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Crédito vencido sobre total do crédito (%)
Sector NAC FILIAIS EST
A rentabilidade dos bancos estrangeiros é maior do
que a dos bancos nacionais
Principais explicações:
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico
No seu conjunto, os bancos
nacionais, têm uma rede de balcões
mais extensa, cobrindo mesmo
localidades remotas ou de menor
poder de compra. Por isso, têm que
muitas vezes suportar custos
operacionais que são superiores ao
produto bancário que advêm desses
balcões.
Em 2008, com a introdução dos
novos critérios pelo BNA, para
convergência ao Basileia II, os
bancos nacionais passaram a
constituir mais provisões para fazer
face ao risco de crédito.
A relação entre activos e fundos
próprios dos bancos nacionais é
inferior: quanto menor for o grau de
alavancagem, menores são os
resultados (e também menores
poderão ser os riscos).
18
3.4
2.8
4.3
0
10
20
30
40
50
60
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
ROAE (%) Rentab.fundos próprios
médios
Sector NAC FILIAIS EST
Menos
provisões
para crédito
Maior
eficiência
Maior
produtividade
Maior grau
de
alavancagem
A composição da rentabilidade dos capitais próprios
demonstra que, nos bancos nacionais, esta é muito
correlacionada com o grau de alavancagem
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 19
Leitura do gráfico: a partir de 2007, o ROAE dos bancos nacionais está bastante correlacionado com o
grau de alavancagem. O grau de alvancagem mede a relação entre o total do balanço (activo) e os
fundos próprios. Quando maior fôr esta relação, maior os resultados de intermediação (mas também
maior poderão ser os riscos da actividade) (ROAE = ROAA x grau de alavancagem).
3.0 3.2 3.0 3.1
4.1 3.8
2.8
1.0
0.3 0.3 0.2 0.2 0.3 0.3 0.3
0
5
10
15
0
10
20
30
40
50
60
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Bancos nacionais
ROAE - Rentab.fundos próp.méd. (%) (esc.esq.)Alavancagem (ATM/FPM) (esc.dir.)ROAA - Rentab.activos méd.(%) (esc.dir.)
3.7
5.4
3.8 3.3
4.4 4.2 4.3 1.0
0.4
0.7
0.5 0.4 0.4 0.4
0.4
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0
10
20
30
40
50
60
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Filiais bancos estrangeiros
ROAE - Rentab.fundos próp.méd. (%)Alavancagem (ATM/FPM)ROAA - Rentab.activos méd.(%)
Agenda
1. Investimento estrangeiro de bancos em Angola e para o exterior:
Evolução, Estrutura e Estratégias
2. Sistema bancário em Angola: O desempenho dos bancos estrangeiros é
diferente?
3. Implicações da internacionalização da banca em Angola: Tópicos
selecionados
20 II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico
Implicações da internacionalização da banca em
Angola
Supervisão em base consolidada
Corporate governance
Controlo interno
Gestão do capital (e risco cambial)
Tributação
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 21
Conselho
Fiscal
Gestão de
riscoCompliance
Modelo de corporate governance
Assembleia Geral
ComissõesAuditoria
externa
Auditoria interna
Unidades de NegócioUnidades de
Suporte (serviços
centrais)
Comissão Executiva
Conselho Adm.
Gestão de Risco de Controlo Interno
Implicações da internacionalização da banca em
Angola: (eliminação da dupla) Tributação
Em Angola a isenção é consagrada (com a Reforma
Tributária) em sede de IAC (ver caixa).
A questão reside nas participações que empresas angolanas
detenham fora de Angola: Exemplo de uma empresa
angolana com participação no capital social de empresa
portuguesa (taxa de tributação total de 64%):
• Empresa portuguesa paga IRC – taxa combinada de
29%;
• Dividendos pagos à empresa angolana – retenção na
fonte de IRC em Portugal – 25%;
• Tributação na empresa Angolana – 10% IAC.
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 22
Estão isentos de IAC:
• os lucros distribuídos por uma
entidade com sede ou direcção
efectiva em território
Angolano...
• ....no caso em que a entidade
beneficiária seja uma pessoa
colectiva ou equiparada com
sede ou direcção efectiva em
território Angolano detenha no
capital social da entidade que
distribui os lucros uma
participação não inferior a
25%, por um período superior a
um ano anterior à distribuição
dos lucros. Portugal não tributa dividendos dos PALOP por aplicação
do Artigo 42º do Estatuto dos Benefícios Fiscais (segundo
determinados termos). Exemplo de uma empresa portuguesa
com participação no capital social de empresa angolana (taxa
de tributação total de 45%):
• Empresa angolana paga Imposto Industrial – 35%;
• Dividendos pagos a empresa portuguesa – 10% IAC.
Muito obrigado.
II Fórum da Banca Expansão - Diário Económico 23