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Ano VIIIn� 7
s E M N AAJornal Laboratório - UFSC/CCE/COM - Florianópolis, 7 a 13 de novembro de 1990.
NAíNTEGRAA Carta de
Florianópolis
Tudo o queum aprendizquere teme:ser lido
pelo mestre.O repórterJosé HamiltonRibeiro, umdos mestres.
página 7
JORNALISTAS DECIDEM NÃO SE ENTREGAR"Onde estão os repórteres desvendando os fios que vinculam garimpeiros e
políticos, Funai e empresasminersdorasgenocidios indígenas e investimentostrensnscioneis na Amazônia? Quem controla e lucra com a indústria bélicabrasileira, uma das dezmaiores do mundo?Porque os consumidores brasileiros serão obrigados a comer a carne contaminada pela radiação nuclear da usina de Chernobyl e estocada há anos no RioGrande do Sul? Como e onde candidatos a funções políticas errsnjemmilhõesde dólares para fazer suas campanhas? .I.Do1' que a questão Iundiáris só chegaao noticiário por seus efeitos trágicos e nunca por suas causas econômicase políticas? ..
jJ
. Trecho do discurso do Frei Betto, na abertura do 24? Congresso Naclonai cos Jo nalistas.
A cobertura está em todas as páginas desta edlçao.
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
EDITORIALAcabou a festa,agora começatudo de novo
Santa Cstsrine enfrentou e
venceu mais um desafio nacional. Os Congressos sio, em geral, memoráveis sempre querealizados em Santa Catarina.Modéstia, ora, quemodéstia quenada, principelmente porque o
Departamento de Comunicaçãopouco ou nada teve a ver com
as coisas bem feitas desse Congresso. Daqui, de fora, perebénsà meia dúzia de três ou quatrodo Sindicato dos Jornalistas deSanta Catarina que carregou o
piano.***
O Zero, agora em sua fase se
manal, aceita críticas, que podem ser remetidas ao endereçoabaixo. Alguns jornalistas presentes ao Congresso sentiram-seestimulados a con tribuircom su
gestões e observações a respeitodesta experiência. Sintam-se àvontade. Afinal, Laboratório é
pra isso mesmo.***
Algumaspáginas deste número foram diagramadas duranteo Congresso, na sala de impren.se, à medida em que as primeiras matérias iam ficando prontas. Acabamos ocupandomáquinas de escrever e espaço que a
organização tinha reservado para os profissionais. Os aprendizes pedem desculpas pelo transtorno e aomesmo tempo agradecem, pela possibilidsde de convívio e pela paciência com que foram tratados.
ZERO***
Melhor
Peça GráficaI, /I e 1/1 SetUniversitárioMaio BB
Setembro B9Setembro 90
Jornal Laboratório do Departa-mento de Comunicação do Centrode Comunicação e Expressão dauniversidade Federal de Santa Catarina. Editado sob a responsabilidade do Laboratório de JornalismoGráfico.Supervisão: Jornalista Prof. CesarValente (Reg. 706 SC)Colaboração: Jornalistas Professores Ricardo Barreto, Luiz A. Scotto de Almeida e Gilka Girardello.Redação: CCE COM UFSC, Campus da Trindade, 88035 . Florianópolis - SC - Brasil. Fone (0482)31-9215 e 31-9490. Fax (0482)33-4069.
bém distribuiu alguns exemplares doZerojornallaboratório do curso.
Vitali Chestakov, chefe do departamento internacional da União dosJornalistas da URSS e Victor Iouguine, secretário da Organização dosJorpalistas de Leningrado, falaramsobre as mudanças na imprensa rus
sa e da liberdade dos alunos universitários, que estão criando associaçõese entidades estudantis a partir da Perestroika. Miguel Rivero, secretáriopara a América Latina da OIJ, queestá há um ano morando na Tchecoslováquia, explicou como funciona o
Instituto Internacional de Jornalistas. O Instituto não forma profissionais, e sim especializa aqueles quejá trabalham na área. O jornalistaJorge Espinoza, vice-presidente daOIJ, propôs a assinatura de convênioscom a UFSC principalmente com o
curso de jornalismo, procurando umamaior integração entre os dois países.
"Só O diplomapode moralizaro jornalismo"
Raquel D'Ávila
Segundo ele, a categoria deve se mo
bilizar para, através dos sindicatos,pressionar os empresários que são os
maiores interessados na extinção dodiploma.É preciso evitar o aumento daexploração dos jornalistas, que colocaem risco a qualidade de infomrações,Com o fim do diploma a sociedade nãoterámais as garantias e os parâmetroséticos de um profissional.
Perseu garante que a adaptação do"foca" no mercado de trabalho, ao contrário do que muita gente pensa, nãoé tão difícil. Elejá sai da universidadecom base técnica, teórica, e sua participação nosjornais-laboratôrios dá a ex
periência de uma redação. "O jornalistainiciante deve ser criativo para desenvolver seu próprio mercado", completa.
Ele também ressalta que não é sócom bonsjornalistas que se faz um bomjornalismo. Para ele é necessário queo leitor cobre, exija e reclame. Provadisso é a seção de cartas num jornal:pouquíssimas pessoas questionam o
que foi publicado.
Perseu Abramo
Perseu Abramo, sociólogo, jornalista e membro da direção nacional doPartido dos Trabalhadores, defende o
diploma como a única maneira do re
novar o jornalismo e moralizar a profissão. O argumento principal é de que
, a extinção da obrigatoriedade do diplo- ::;;;
ma traz também o fim da regulamen- �tação da profissão e conseqüentemen- �te, a "possibilidade de distorcer as in- �formações". j rf.
Jornalistas estrangeiros no üep, de Imprensa e Marketing da UFSC
Soviéticos e cubanos viramas condições do Curso de
Jornalismo de Santa Catarina
Jornalistas estrangeirosvisitam o Campus. da UFSC
Kátia Klock
os jornalistas soviéticos VitaliChestakov e Victor Iouguine,o cubano Miguel Rivero e o
equatoriano Jorge Espinoza aproveitaram a tarde de quinta-feira paraconhecer o Campus de UniversidadeFederal de Santa Catarina. Acompanhados do diretor do departamentocultural e de relações internacionaisda Fenaj, Ramsés Ramos, eles visitaram a Assessoria de Imprensa, a Imprensa Universitária, o Escritório deAssuntos Internacionais na Reitoriae o Curso de Jornalismo.O chefe do departamento de Comu
nicação, Paulo Brito, recepcionou e
conversou com os convidados internacionais sobre currículos, intercâmbios e a possibilidade de traduzir publicações da Organização Internacional dos Jornalistas (OIJ) através daImprensa Universitária. Brito tam-
Aula práticao curso de jornalismo da Universidade Fede
ral de Santa Catarina utilizou o 24? CongressoNacional dos Jornalistas para complementaçãodas aulas. Os alunos realizaram cobertura em
jornalismo gráfico, rádio, televisão e fotografia.Participaram Andressa Fabris Angelita Cor
rêa, Ana Carine Montero, Claudine FigueiredoNunes, Cléia Schmitz, Cristiano Prim, CristinaN. Gallo, Deise Freitas, Geraldo Hoffmann, Jani-
ce Barcellos, Jaques Mick, Ivonei Fazzioni, lvaldo Bracil Jr. João Carlos Granda, Karin Veras,Kátia Klock Scardelli, Lauro Maeda, Marli Henicka, Mônica Corrêa da Silva, Maria Paula C. Pereira, Giovana Borini, azias Deodato Alves Júnior, Pedro Saraiva, Raquel D'Avila, Renata Rosa; Susana Naspolini, Simone Pereira. RaquelEllermann, Solon Soares, Chrisliane Ba!bys,Walfried Wachholz, Claudia Aguirre.
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
JoséHamiltonRibeiro
Jacques Mick
JoséHamilton Ribeiro foi o
.
.
mais antigo dos "dinossauros" da reportagem presentes ao 24? Congresso Nacio
nal dos Jornalistas. Começoua escre
ver no clube literário da escola em
que cursava o científico; no início dosanos 60, Hoje é repórter do programaGlobo Rural e divide com AntônioCarlos Fon a coordenação do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, naqualidade de vice-presidente.Jeito de caipira paulista, de cabelos
brancos e intermináveis vincos no
rosto, Ribeiro é da geração que viveua reportagem como momento mais rico do jornalismo. Estudava, mas de- .
pois de liderar uma greve como presidente do Centro Acadêmico de Jornalismo, foi convidado a não renovar a
matrícula na faculdade Cásper Líbero, Voltou para lá anos depois, comoprofessor. Aprendeu na Folha deSão Paulo, onde trabalhava desdeo primeiro ano de curso, nos temposem que a Folha era ainda "um jornala serviço de São Paulo".Entrou na Editora Abril na emer
gente Quatro'Rodas, de onde em se
guida saíram profissionais para as re
dações das revistas Realidade, Veja' Isto é e para o Jornal da Tarde.Passou também porRealidade e Ve
ja' antes de voltar às raízes interioranas para trabalhar em jornais deRibeirão Preto, Campinas e São José"do Rio Preto por causa do AI-5. Coma abertura, foi para a' TV Globo, viver outros tipos de censura.
.
Aos dois anos de profissão, perdeuno sorteio um Prêmio Esso, com uma
reportagem sobre as estradas no Centro-Oeste. Depois, foi o repórter brasileiro na Guerra do Vietnã, com 32
anos, o mais jovem dos correspondentes. Saiu do conflito ferido pela explosão de uma armadilha vietconges e
virou capa de jornais e revistas.José Hamilton Ribeiro lia Dos
toiévski e, nos tempos de Realidade,até vivia como operário para escreveros textos que influenciaram toda uma
geração de repórteres, entre eles Ricardo Kotscho.
- Eu tive um pouco de sorte, porque eu acho que repórter é que nemgoleiro, se não tiversorte não se tornabom repórter.
OS REPÓRTERESComo não poderia deixarde ser, as estrelas doCongresso foram eles
AntonioCarlosFon
Geraldo Hoffmann
os"focas que procuravam o
. :epórter policial 9ue m�i,sIncomodou o regime militar, Antônio Carlos Fon,
,
no 24� Congresso dos jornalistas, ouviam, invariavelmente, a mesma resposta: "É um nordestino, magrinho,baixinho". Magro ele é, tem mais ou
menos um metro e meio de altura e
nasceu na Bahia, há 44 anos. Masdepois de conversar çom ele, descobre-se que existe chinês com cara denordestino. É o caso deste filho de chineses do Cantão, que foram barrados
pelo serviço de imigração do Canadá,passaram por Cuba e acabaram se fixando no Brasil.Fon entrou na "grande imprensa"
pela páginas do jornal carioca O Dia,em 1964 , e logo recebeu dos colegaso apelido "doutor por quê" por suamania de perguntar. Trabalhou nas
, revistas Realidade, Veja e Isto é.Deixou o emprego de editor na Quatro Rodas, para se tornar "chefe deEstado" do Sindicato dos Jornalistasde São Paulo, cargo que ainda exerce,tendo como co-presidente ou "chefede governo" outro dinossauro da re
portagem brasileira,· José HamiltonRibeiro.A reportagem mais conhecida de
Fon está no livro "Os Porões da Ditadura", entrevistas com os torturadores. A edição do livro esgotou, maso assunto continua rendendo. Atualmente, Foncontribui com informa-
ções para a CPI da Câmara de Verea" dores paulista que investiga . a descoberta de ossadas de desaparecidospolíticos no cemitério de Perus.
- Todo mundo ssbie do Perus. Séque na época ninguém podia ir lá ca
var. E a Erundins deu as pás. Estepaís é um imenso cemitério. A grandemerda é que este país vive de verdades oficiais desde o tempo da escra
vidão.Ele fala baixo, "é pro entrevistado
prestar mais atenção" e sacaneB;r o
repórter que usa gravador, um InS
trumento de trabalho quejamais utilizou. Detesta também o "policialês",e a gramática de jargões folclóricosde jornalistas que confundem editoria de polícia com distrito policial.Fon viu muitos repórteres de sua
geração idolatrarem e assassinaremo estilo Truman Capote - A SangueFrio e não acredita que influênciasliterárias melhorem o texto dos novosjornalistas. Constata que o ,espaço dareportagem vem sendo abolido desdeque "o regimemiliter começou a ma
tar o repórter com a ditadura das notas oficiais, seguida pela tecnoburocretizeçéo da informação, a onda daespecialização e a elitizsçéo do repórterpelas escolas de comunicação.Pra melhorar o texto é só fechar
as faculdades, E confronter as notasoficiais com a realidade, Porque, a
melhor forma de contar um históriaainda são os.contos de carochinha",
Acima, José Hamilton Ribeiro.No alto, à direita, Antônio Carlos
Fon, e embaixo Ricardo Kotscho: trêsmitos da imprensa brasileira reunidos
em Florianópolis duranteo 24� Congresso Nacional dos
Jornalistas.
/'
1
1
RicardoKotscho
Jacques Mick
RicardoKotscho, o homem
que queria ser padre e aca
bou virando sinônimo derepórter/reportagem, foi o
sujeito mais procurado no 24? Congresso Nacional dos Jornalistas ..Perdeu a conta de quantas entrevistasdeu desde que desceu no AeroportoHercílio Luz, as 17:45 de quarta - felra, 31. Foi omais requisitado na seçãode debates sobre Democratizaçãoda Comunicação, onde falou do trabalho do jornalista. E, antes de ir embora, já repetia as mesmas piadas deuma entrevista para outa:
- Como vocês podem ver, jornalismo não émuito bom para os cabelos.Repórter especial do Jornal do
Brasil e professor de Técnica de Reportagem na PUC, em São Paulo, Ricardo Kotscho é Jornalista há 26anos. Falou sobre a construção da informação, seus limites e possibil.idades no cotidiano, na manhã de I? denovembro:- O repórter deixou de ser a alma
e o coração das redações para se
transformar num menino de recadosdopoder, num preenchedor de formulários, num caçador de.ireses paraadaptar a realidade à pauta.Kotscho é dos raros repórteres que
ainda "fazem do jornalismo e da busca da verdade sua razão de viver" e
que "podem ser contados nos dedose, daqui a pouco, nas orelhas: 'comodiz. Só largou a redação no ano passado, para ser assessor de impr�nsa docandidato da Frente Popular a Presidência, Luíz Inácio Lula da Silva.Essa história conta no álbum da
campanha presidenci.àl de Lula,"SemMedo de Ser Feliz", e no livrolançado no 24? Congresso, "A Aventura da Reportagem".o 13? que es
creveu desta vezjunto com GilbertoDimenstein, da Folha de São Paulo.Agora, entre uma reportagem e outrado JB,prepara uma ficção para crianças.Poucas horas antes de embarcar de
volta para São Paulo, aindamostravapaciência para dar mais �rês,e�trevistas e conversar com mela dúzia deestudantes de Jornalismo sentadosno chão em volta dele. O Presidenteda Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), que passava por ali, acabou fotografando a cena com palavras:- Tá com cara de guru, hei Ri
cardo?
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
CENTRAL ZERO
O TEMÁRIO
Democratização, ação sindical e ensino do JornalismoNa abertura,preocupação como futuro
Quarta.feira;as críticasao governo
Ivaldo Brasil Jr.
O 24? Congresso Nacional de Jornalistas, realizado entre 31 de outubro e 4 de novembro, trouxe a Florianópolis muitas figuras tarimbadas do jornalismo brasileiro, comoRicardo Kotscho, José HamiltonRibeiro e Antônio Carlos Fan. Na so
lenidade de abertura discursaramos jornalista Celso Vicenzi, presidente do Sindicato dos JornalistasProfissionais de SC, Armando Rollemberg, presidente da FederaçãoNacional dos Jornalistas (Fenaj),Jorge Espinoza, vice-presidente daOrganização Internacional dos Jornalistas, e Frei Beto, teólogo e escritor. Os discursos mantiveram o
mesmo tom agressivo contra o governo e o moriopólio na área de co
municações, comentando.a conjuntura atual do país. Participaram co
mo observadores internacionais o
cubano Miguel Rivero e os soviéticos Victor louguine e Vitali Chestakoy. O atraso de quase uma horapara o início da solenidade não desanimou ninguém, o tempo foi suficiente para reencontros e muitosabracos.O primeiro a discursar foi Celso
Vicenzi que falou da situação caótica vivida pelo Brasil e disse queneste congresso deve-se tirar propostas para um futuro melhor. Aofalar sobre a possível extinção dodiploma de jornalista disse que édesnecessário haver "jornalistas diplomados se os horários nobres dasTV s estão reservados ao cooper deCollor". O sucateamento das estatais e os mandos-e-desmandos dogoverno Collor foram duramenteatacados por Vicenzi. Ele tambémdestacou a greve dos jornalistas do"jornal de Santa Catarina" e a operação Papagaio de Pirata, quandoos jornalista colocaram cartazes reclamando os baixos salários, que foram transmitidos ao vivo nas coberturas televisivas.Asjornadas extenuantes e as con
dições de trabalho QOs jornalistas,além dos baixos salários, foram alguns pontos levantados porArmando Rollemberg em seu discurso. Eledisse esperar que este fosse o mais
Ceiso Vicenzi analisa a situação do jornalismo brasileiro
importante e produtivo congressoem 44 anos da Fenaj, isto por causada diversidade de assuntos em pauta. Sobre a luta sindical, ele destacou a redefinição de um calendário
que defina uma data base para todos os trabalhadores em empresasde comunicação. A fu são dos sindicatos desta área é a meta principaldeste calendário comum.
Rollemberg ainda destacou a primeira reunião do Conselho Nacional de Ética que coordenará a nova
lei ou código de imprensa. A Funda
ção Henfil é outra meta da Fenaj,que tem por objetivo criar atividades culturais. Rollemberg falou so
bre o problema dos registros e diplomas dos jornalistas, e pretende sairdeste congresso com uma estratégiadefinida sobre o assunto.O momento mais esperado desta
abertura foi o discurso de Frei Beta.Num linguajar que misturava religião e política, Frei Beta arrancou
muitos aplausos do público presente. Ele acabou falando quase o mes
mo que os demais que se revesaram
na tribuna da Assembléia. Com a
frase "o jornalismo é a arte do im
previsto e do improviso", Frei Betofoi metralhando elegantementemuita gente.Ele comparou os nichos e orató
rios antigos com as televisões e rádios que são venerados hoje em todos os lares. A "igreja eletrônica"
. não acrescenta nada e já despertaprecocemente a séxualidade, é a ética cedendo lugar a estética. Finalizou seu discurso dizendo que os
manuais de redaçào e estilo fariammais sucesso nas escolas de 2': grau.Depois da solenidade de abertura
foi oferecído um coquetel no hallda Assembléia Legislativa. A festacontou com a presença de várias autoridades e de um grupo ítalo-brasileiro que cantou e dançoumúsicastradicionais italianas.
Frei Betto quersaber onde estãoos repórteres
No.discurso,sugestõesde pauta
Emerson GasperinUma das palestras mais espe
radas do 24? Congresso Nacional de Jornalistas era a de FreiBeto. O teólogo e escritor discutiu sobre as relações entre povose pessoas, destacando a morale a ética. Para ele, "hoje em dia,moral é tudo que favorece os
vencedores" .
Preso na década de 70 por darcobertura na fuga de presos políticos, Frei Beto terminou o curso
de Teologia na prisão. De lá para cá, envolveu-se com a Teolo
gia da Libertação e com as Comunidades Eclesiais de Base.Hoje, acusa a mídia de fazer deSaddam Hussein um "belzebu",e esquecendo a intervençãoamericana em Porto Rico e acha
que os jornalistas são "heróis
que acreditam que de algumamaneira acharão uma brecha
para mostrar o que o povo realmente sente".Frei Beto fez perguntas que,
Frei Beto, na cerimônia de abertura do congresso
l'.1 I
_ { J
�_.
Daniel Hertz, ao microfone, fala sobre a democratização da comunicação
provavelmente, muitos também articuladora.queriam saber as respostas. "Contar o que está acontecendo"."Quem controla e lucra com a Com esta afirmação aparentemenindústria bélica brasileira, uma te simples o jornalista Ricardodas maiores do mundo? Como Kotscho falou sobre o que pode ser
e onde candidatos conseguem feito para salvar a dignidade de suamilhões de dólares para suas ca- profissão. Ele explica que o Brasilpanhas? Por que os planos de real foi substituído pelo Brasil ofisaúde são vigorosos na publici- cial, que a imprensa combativa per-"dade e esquálidos na real ida- deu lugar para imprensa funcionade?" finalizando este interroga- lista e que o trabalho de rua foitório surdo, ele pergunta: "Onde substituído pelo telefone das redaestão os repórteres?" O golpe de
I ções. Disse que os tecnocratas damisericórdia veio logo em segui- comunicação instalaram os AI5sda, com Frei Beto sugerindo dos Manuais de Redação e que o
que, para os jornalistas, "ma- jornalismo impresso anda a rebonuais de ética sejam melhores que db eletrônico, quando deveriae mais úteis que manuais de re- acontecer o contrário. Mas a maiordação e estilo". preocupação de Kotscho diz respei
to à honestidade do profissional:"podem não publicar tudo que es
crevo, mas jamais vou escrever o
que não quero". Para ele a possibilidade de democratização começano dia a dia das redações. Emboraaponte o marasmo e o desencantodos jornalistas atuais, Kotschoacredita que ainda existe gente re
mando contra amaré. Ele enfatizoua responsabilidade que o profissional deve ter com o seu trabalho.Afinal: "Não se faz jornal sem jor-nalista".
.
Francisco Karam falou do papeldo jornalismo contemporâneo e sua
ligação om a ética. Lembrando quea ciência e a arte são apropriáveisatravés dos meios de comunicação,ele disse que o jornalismo é uma
forma de se apropriar simbolicamente do mundo. E aí que o códigode ética entra como contraponto ao
direito de informação. Karam terminou com a citação: "o homem estácondenado à liberdade". Justamente porque a escolha do caminho a
seguir depende de cada um: "O bemou o mal é um problema de morale ética, uma questão de valores".
À procura dademocraciae da dignidade
Quinta.feira,propostas dereestruturação
Karin Veras
A democratização da comunicação só pode acontecer através de políticas públicas e da própria atua
ção profissional. Foram estes os temas discutidos na primeira manhãdo Congresso por Daniel Herz, Ricardo Kotscho e Francisco Karam.Herz lembrou que a luta por polí
ticas democráticas é uma bandeiraantiga da Federação Nacional dosJornalistas e que rádio e TV se
constituem legalmentê como serviços públicos. Disse que os dirigen tesdos meios usurpam a universalidade da comunicação por interessesempresariais. Por isto propôs a am-
. pla reestruturação da rádio e teledifusão no país. O objetivo da lutaé fazer com que as leis complementares e ordinárias garantam a fun
ção pública dos meios. Para istoapontou uma estratégia dos profissionais da comunicação no sentidode envolver outros setores da sociedade civil e investir concretamentepara alcançar objetivos políticos.Indicou a formação de uma Comissão Nacional para cuidar destes as
suntos e deu à FENAJ o papel de
o dinheiro
parou de cair. do céu. E agora?
Sexta.feira,como manter
sindicatoChristiane Balbys
Durante o debate de sexta-feiraà tarde no 24? Congresso Nacionalde Jornalistas discutiu-se conjuntura e ação sindical. Foram apre
se_!ltadas 18 teses para serem vota-
das no final das discussões que aca
baram se prolongando até às dezda noite. Um dos temas mais polêmicos do debate foi o imposto sindical, que não estámais sob responsabilidade do governo. Agora o reco
lhimento da "contribuição", como échamada pelos profissionais, estápor conta dos sindicatos.
O tema foi votado duas vezes,pois, o plenario voltou atrás na primeira decisão que passava para a
Fenaj o salário de um dia de trabalho do jornalista. Os sindicatos teriam que conseguir a sua parte deoutras formas. Na segunda votaçãoforam apresentadas duas propostasEm uma a Fenaj teria direito a 50%de urn dia de salário e os outros50% ficaria para o sindicato. Na ou
tra seria 50% para a Fenaj e 40%
para o sindicato. A primeira proposta saiu vencedora com 64 votos,que de acordo com o regimentoaprovado pela plenária, correspondeu a maioria simples. Para os jornalistas autônomos ou free lancer,foi decidido o recolhimento de um
dia de salário correspondente ao piso do mês. Esta quantia será rateada entre a Fenaj e o sindicato. Odesconto- da-contribuição será em
março, facultativa e com direito a
devolução.
Também foi votada a formaçãodo "sindicatão", um sindicato que,reúna a nível estadual trabalhadores da área de comunicação. A tesede apoio a este tema, defendida pelojornalista e secretário da Fenaj,Freitas Neto, revive a vitória dagreve dos gráficos, radialistas e jornalistas em Recife. A greve ocorreunos meses de junho e julho do mes
mo ano. Segundo Freitas, mostroucomo funciona na prática um em
brião de um sindicato unificado.
A plenária aprovou a formaçãodo "sindicatão", apenas nos estadosonde o processo já esteja maisadiantado, pois há Estados em queas classes ainda não chegaram a
um consenso. Mas, onde não for possível a implantação do sindicatoúnico, serão criadas Intercons. Junto com o "sindicatão" foram aprovados encaminhamentos como um se
gundo encontro de profissionais decomunicação onde será elaboradoum estatuto para o sindicato unificado.
Aquele antigopalavrão semprevolta: "pelego!"
Sábado,debatesmuito
. acaloradosChristiane Balbys
Quem nunca participou de uma
assembléia de jornalistas teve o direito de se assustar com o verdadeiro "quebra-pau" que aconteceuna sexta e no sábado à tarde durante o debate e a votação sobre conjun-
.
tura e principalmente ação sindical.No decorrer dos apresentações
das teses foram intercaladas algumas discussões como a prostituiçãoe o porte de arma para líderesameaçados de morte. Mas, só serviram para arrancar risadas é comentáries disconsertantes da platéia.Depois o presidente da Fenaj, Armando Rollemberg exaltou-se diante de declarações que colocavam em
dúvida o papel desempenhado pelaFederação Nacional dos Jornalistas. Discursando aos "berros", respondeu a muitas acusações que a
entidade vem sofrendo dos própriosjornalistas. Afirmou que elemesmocomo presidente esteve em várias
redações como a do "Estadão" e da"Folha". Ao contrário do que falamsobre a presença da Federação nas
redações. Relembrou a participaçãoda Fenaj na campanha pela regularização do atualmente ameaçadodiploma parajornalistas e pela unificação da data-base. Rollemberg finalizou dizendo que não deixarájamais que a Fenaj morra, com ou
sem imposto sindical.No sábado à tarde a votação teve
que ser suspensa antes que as
agressões deixassem de ser apenasmorais para serem físicas. Dois de-Iegadcs quase se "atracaram" porque um chamou o outro de "pelego".Na sexta-feira o presidente da me
sa, Américo Antunes, do sindicatode Minas Gerais, teve que interromper por várias vezes os discursos dos companheiros delegados para pedir silêncio aos presentes quenão demonstravam interesse pelaleitura das teses que eles teriamque votar depois. A reunião que jácomeçou com um atraso de mais deuma hora teve dificuldades em seu
andamento devido ao comportamento primário dos participantes.
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
SOCIAL·cachaça, manga,pitanga e
um feliz 1995Marli Henicka
Reportagem ao estilo de Ricardo Kotscho e Gilberto Dimenstein, licores, aguardente e esperanças de finalmente "ser feliz", sem medo, em 1995, foram as atrações, da manhã de sexta-feira, no lançamento do livro A Aventura da Reportagem, de Gilberto Dimenstein e RicardoKotscho.Ao sabor de licores de manga e pitanga
e uma "ardida" aguardente, RicardoKotscho, um dos autores do livro, durante,
uma hora e meia autografou mais de 100livros. Em todas as dedicatórias, desejoua seus leitores um "Feliz 1995", referindo-se ao final do governo Collor e ao ano
da posse do novo Presidente daRepública.A pedido da editora Summus, Gilberto
Dismenstein e Ricardo Kotscho, dois dosmais importantes repórteres brasileiros,reuniram nas 99 páginas do livro suas
experiências e aventuras na arte da re
portagem. O livro é dividido em duas partes e a primeira, "As armadilhas do Po-
o der", escrita por Dimenstein, fala sobrea vivência dele como repórter nos basti-
o dores do poder em Brasília. Na outra parte. "No olho da rua - do Golpe de 64 àcampanha Lula", Kotscho faz um balançodos seus 25 anos como jornalista.,
Gilberto Dimensteín é repórter da Fo-lha de São Paulo e reconhecido como um
dos mais importantes jornalistas investi-
Fora dos debates, o tal de intercâmbio de informações.. _
gativos do país.Ganhou vários prêmios de jornalismo,
dentre eles o Líbero Badaró por duas vezes, em 1989 e 1990. Ricardo Kotscho trabalha como repórter especial no Jornaldo Brasil, sucursal de São Paulo, e temtreze livros publicados. Ele também foiassessor de imprensa da campanha presidencial de Lula no não passado."O livro não tem a intenção de ser didá
tico e sim apenas um registro das nossasexperiências como repórteres," diz Kotscho.Didático ou não, Dimenstein e Kotscho
parece que têm muito a ensinar. Provadisso é que a maioria dos mais de 300
participantes do Congresso comprou o livro e ficou horas na fila de autógrafos,todos interessados em viver A AVENTURA.DA REPORTAGEM. Afinal, como dizClóvis Rossi no prefácio, "que me desculpem Vinícius de Moraes, os editores e os
redatores, mas repórter é fundamental."
Lançamentos, cumprimentos e autógrafos no hall do Congresso
Jornalistas,
a procurados Manu_aisDurante todo o 24': Congresso Nacional
de Jornalistas, sediado no Hotel Castelmar, duas livrarias (Livros e Livros e Cuca Fresca) expuseram centenas de livrosenvolvendo os mais variados temas sobrejornalismo e comunicação.
Os li vros mais procurados foram os
Exemplares do Manual de Redação e Estilo, do Jornal O Estado de São Paulo,Manual de Estilo, da Editora Abril e AHistória Secreta da Rede Globo, de Daniel Herz. Porém, o livro mais vendidofoi "A Aventura da Reportagem", de Gilberto Dimenstein e Ricardo Kotscho, quedurante o encontro deu uma sessão deautógrafos para os leitores.Jornais de Minas Geras (Pauta), da
Universidade Federal de Santa Catarina(Zero) e circulares de outros estados, comoAlagoas, foram distribuídos durante o
congresso, trazendo informações e propostas de cada estado participante. (Maria Paula Pereira).
ACOLUNANa abertura do Congresso Frei
Beto foi muito aplaudido ao proporque os jornalistas substituam os
manuais de redação pelos manuaisde ética. Ainda assim a editora Livros e Livros indicou um dos títulosmais vendidos durante o Congresso. Trata-se do Manual de Redaçãoe Estilo de 'O Estado de São Paulo'- organizado por Eduardo Martins.
•
No coquetel de abertura alguns estudantes de jornalismoforam impedidos de tomar a
águamineral que acompanhavao uísque na bandeja de um garçom velho e bem vestido. Ele
�
disse que a água era para ser �servida junto ao uísque e estava �destinada a convidados espe- -§
• • Cf)
orais.
•
Também durante o coquetel dao abertura do Congresso houve a
apresentação de um grupo folclórico ítalo-brasileiro que distribuiumedalhinhas às autoridades presentes. Muitos não suportaram as
"canzioni italiani" e avançaram nos
comes e bebes.•
Ricardo Kotscho se tornou a
atração do Congresso, mas nãoperdeu sua simplicidade e bomhumor. .Enquanto aguardavaque o equipamento de televisãofosse montado para a entrevistaque daria à universidade, eletranqüilizou a repórter dizendo:"Agora eu posso ser políticopois já sei falar na televisão". Eacrescentou: "Vou convidar oLula para ser meu assessor." (K.V.)
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A tele-repórterRosane Porto
estréia look Zéliatrajando tailleur em
tom pastel, nococktail de abertura.
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o
A festa alemã de quinta-feira no
Lira Tênis Clube, uma simulaçãoda Oktoberfest, fez o pessoal suara camisa de tanto dançar. A Bandado Caneco, de Blumenau, começoua tocar às 22h e o jantar foi servidouma hora depois. A noite, patrocinada pela Santur, foi tipicamentegermânica, commuita salsicha, purê de batata, chucrute e chopp.De início as pessoas estavam tí
midas com as canções alemãs, e sóinvadiram a pista quando a bandacomeçou a tocar lambada e músicasda Xuxa. Cerca de 400 pessoas consumiram 800 litros de chopp e a
festa foi até às 3h da madrugadacom pedidos de bis. (Kátia Klock)
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
DECISÕESJornalistas queremse auto-regulamentar
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Pedro Saraiva
O 24? Congresso Nacional dosJornalistas se posicionou frontalmente contrário ao projeto de leipresidencial que retira do Ministério do Trabalho a responsabilidade de emitir e controlar os registros profissionais de várias cate
gorias, entre 'elas o jornalismo,sem determinar quem passaria a
exercer esta função. No entenderdos jornalistas, caso o Senado e
a Câmara Federal venham a aprovar o projeto assinado por Collorna quarta-feira, 31, a exigência dodiploma para o exercício da profissão estará legalmente abolida.Para evitar que esta ameaça se
concretize, osjornalistas vão apresentar emenda a proposta governamental garantindo que a atividade de conceder e controlar os registros da categoria fique a cargodo Conselho Nacional dos Jornalista, órgão que será criado e es
truturado para este fim.Na verdade, este Conselho que
cuidará dos registros já visa tam-
bém a união das lutas dos traba-.lhadores em comunicação (radialistas, gráficos, jornalistas e etc.),em consonância com a proposta deum sindicato único. Durante o
processo de estruturação do Conselho, os jornalistas buscarão a
participação das demais categorias de maneira que todas se con
greguem nesta entidade.Além da emenda e do Conselho,
a resistência ao projeto de Collorinclui uma campanha publicitária pára esclarecer a sociedade e
mobilizar a categoria em torno doproblema. Também está previstaa formação de um fundo nacionalde mobilização e a realização deassembléias estaduais para discutir a questão.De toda a forma, é bom lembrar
que o projeto de lei é, por enquanto, apenas um projeto. Ou seja,tanto os registros continuam a ser.concedidos 'peloMinistério do Trabalho como o diploma permanececomo exigência para se atuar como jornalista.
Comissão de Assessoresrepreende porta-vozo 24': Congresso Nacional dos Jornalistas
aprovou a criação da Comissão Nacional dosJornalistas em Assessoria de Imprensa, queterá a responsabilidade de encaminhar as reivindicações, resoluções e lutas dos profissionais que atuam neste setor. A comissão foiidealizada durante o 4': Encontro Nacional dosJornalistas em Assessoria de Imprensa (realizado de 25 a 28 de setembro em Canela, RioGrande do Sul) e agora, referendada pelo Congresso Nacional, começa a atuar.Já durante o congresso, a comissão se reuniu
três vezes para traçar sua linha de ação. Emuma destas reuniões compareceram todos os
assessores de imprensa que estavam presentesno congresso e foi feita uma radiografia dasituação dos jornalistas em A.I nos estados.Nesta análise se levou em consideração trêspontos considerados básicos pela comissão: 1- se quem trabalha na área possui registroprofissional; 2 - se a jornada de trabalho decinco horas é respeitada; 3 - se existe ou nãouma comissão estadual de jornalistas em A.I.Segundo Luciane Schommer, da comissão doRio Grande do Sul, o resultado desta "radiografia" é a constatação de que os profissionaisque atuam em A.I não estão___absolutamentemobilizados e que a categoria é das mais le-gais. ,
A propósito, a comissão nacional já se organizou para repreender um dos assessores deimprensa mais conhecidos do país, o porta-vozdo Presidente Collor, Cláudio Humberto Rosae Silva - por atitudes antiprofissionais.
I,Pedro Saraiva)
Demissões na BahiaO 24: Congresso Nacional dos Jornalistas
aprovou também um moção de repúdio à demissão de três profissionais da sucursal do Jornal do Brasil na Bahia, na última quarta-feira,31 de outubro. A demissão aconteceu após reunião do presidente do JB, Nascimento Brito,
. e do Editor Chefe, Marcos Sá Correa, com o
governador eleito da Bahia Antônio CarlosMagalhães IPFL) e justificada aos jornalistascomo "reformulação do quadro para mudançade linha editorial".Raimundo Lima, chefe da sucursal há dois
anos e ex-presidente do sindicato dos Jornalistas da Bahia entre 85 e 88, afirma que Nascimento Brito, depois da reunião com o governador eleito, disse ao gerente comercial PauloMarques que o JB "dará total e irrestrito apoioa Antônio Carlos Magalhães". As demissõeschegaram menos de uma semana depois dareunião.A "reformulaçào da linha editorial", diz Rai
mundo, prevê o "enxugamento de quadrostambém em outros estados". Na Bahia, a partir da quinta-feira, os três repórteres foramsubstituídos por doisjornalistas que trabalhavam no Rio de Janeiro e que, a partir de então,atuariam corno "correspondentes" do JB em
Salvador, com salários menores que os dos demitidos. Da equipe da sucursal, restou só o
fotógrafo que, a propósito, diz Raimundo, votou em Antônio Carlos Magalhães em 3 deoutubro.
Jacques Mick
I
Carta de
Florianópolisg
sjornalistas brasileiros, reunidos em seu 24.0
Congresso Nacional, realizado em
Florianópolis, de 31 de outubro a 4 den ro, com a participação de delegados eleitosem 25 sindicatos da categoria, repudiam oprojetode lei do governo, enviado à Câmara Federal, queextingue o registro de jornalista profissional e deoutras 14profissões.A retirada do registro do Ministério do Trabalho
sem passar essa atribuição às entidades dostrabalhadores, atende aos interesses de setores dopatronato e da elite brasileira, a quem não interessadiscutir a democratização dosmeios de comunicaçãoe a ética jornalística. .
Ao contrário do que afirmaram alguns órgãos deimprensa, em flagrante desrespeitopára com os fatos,este Congresso reafirma que continua em vigor todea legislação que regulamenta a profissão dejornalista. Os sindicatos, aomesmo tempo em quevão intensiiicer a fiscalização do exercício irregular,esperam do Congresso Nacional uma respostavigorosa contramais este atentado à organização dostrabalhadores .
. No momento em que se discute nosprincipaisparlamentos das nações democráticas, projetosparao controle da iniormsçêo pela sociedade civil, aexemplo do que começam a fazer osjornalistasbrasileiros e imponentes setores da sociedade, ogoverno envia ao CongressoNscionslumprojeto com
o objetivo de desorganizar a categoria' e evitar quese discuta, em todo o psis, mecanismos de defesacontra a manipulação política e ideológica dosmeiosde comunicação. _
.
Osmonopólios da comunicação são representantesdiretos de uma elite que não cede ummilímetro doque possui, o que explica porque a oitava economiado ocidente tem mais de 50milhões de pessoaspassando fome - segundo relatório da FAa.
Os desafios da sociedade brasileira são enormese urgentes. Oprojeto neoliberal do governo Colloraprofundou a crise, arrochou os salários, aumentouo desemprego e implementou, pormedidaseutoritsriss - algumas inconstitucionais, outrascesuisticss - decisões que atingem setoresestratégicospara o desenvolvimento dopais e relegamao abandono questões fundamentais que afligem o
povo brasileiro.O 24.0 Congresso responde aos desafios do
movimento sindical brasileiro com a decisão deintensiticsra luta dos trabalhadores em comunicação,através da criação de intersindiceis até que se
consolide uma entidade nacional.
_,.
II
t-L- � __
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
ZERO
FOTOJORNALISMOLauro Maeda Fotos: Deise Freitas
Acima, Perseu "arrancando" um autógrafo e à direita o legendário Freitas Neto prontopara atacar. A colega da esquerda, cuidadosa, também se prepara.
,_ As raízes culturais são evidentes
o Zero sendo fechado: acima, a turmada diagramação e nas três fotos abaixo, umalegítima testemunha ocular da história, Jacques Mick,o repórter, com Kotscho, Fon e José Hamilton Ribeiro.
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina