S. Muscular
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1. COMPOSIÇÃO MUSCULAR
1.1 – Tipos de músculos
Os músculos são divididos em três tipos: esquelético, cardíaco e liso. Os
músculos que mais interessam à atividade física em geral, os esqueléticos, que
constituem a grande massa da musculatura somática, será o objetivo do nosso
estudo.
1.2 – O músculo esquelético
O músculo esquelético é constituído por fibras musculares individuais,
que são as “unidades” do sistema muscular.
A fibra muscular apresenta a forma cilíndrica com as extremidades
afuniladas, apresentando numerosos núcleos. Cada fibra muscular é envolvida
por uma delgada membrana chamada endomíssio. Um feixe de fibras
musculares (primário) é envolto por uma delgada lâmina de tecido conjuntivo
no qual chamamos de perimíssio.
Envolto todo o músculo (ou todos os feixes musculares). Existe outro
componente de tecido conjuntivo que chamamos de epimíssio.
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1.3 – Componentes químicos do músculo
Os componentes químicos são representados pela água, hidratos de
carbono, lipídeos, sais orgânicos, substâncias extrativas, pigmentos, enzimas,
etc. A água representa 75%, proteínas 20% e outras substâncias 5% (sais
inorgânicos, fosfato de alta energia, uréia, ácidos lácticos, minerais, etc.).
Alguns componentes do músculo participam da contração muscular,
outros correspondem às fontes de energia muscular, outros representam
metabólitos da própria atividade celular.
1.4 – Estrutura do músculo esquelético
1.4.1 – O Sarcolema
É uma membrana delgada, elástica com espessura inferior à 10mm.
Esta membrana rodeia a fibra muscular estriada. O sarcolema apresenta túneis
e invaginações. Representam manifestações morfológicas de mecanismos
ativos de transporte e incríveis propriedades elétricas.
1.4.2 – Miofibrilas
São filamentos de proteínas e representam as unidades contráteis do
músculo. As miofibrilas estão dispostas paralelamente entre si. Os filamentos
finos (actina) e os grossos (miosina), são filamentos protéicos que constituem
as miofibrilas.
Actina A actina consiste em moléculas globulares, encadeadas para
formar uma dupla hélice. A actina contém duas outras proteínas importantes, a
tropomiosina e a tropomina. A tropamiosina é uma molécula longa e fina, sendo
encontrada na superfície do filamento de actina.
Miosina É constituída por moléculas maiores do que as da actina. Os
filamentos de miosina têm pequenas projeções (pontes), em reação aos
filamentos de actina.
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1.4.3 – Organização geométrica dos filamentos – estrias (microscópica)
Da disposição dos miofilamentos finos e grossos resulta o aspecto
estriado do músculo esquelético. A faixa “A” (escura), contém os filamentos
grossos de miosina, dispostos paralelamente. A miosina apresenta-se nesses
filamentos com sua terminação globular dirigida para as extremidades do
filamento e sua porção em forma de bastonete para a parte central do filamento
no meio da faixa A existe uma zona mais clara, aonde os filamentos finos são
interrompidos e os grossos são menos densos, esta é a zona “H”.
A faixa “I” (clara) contém tão somente os filamentos finos de actina que,
a partir de uma densa e fina linha (linha “Z”), projeta-se em direções opostas.
O espaço compreendido entre duas linhas Z, constitui o sarcômero,
unidade funcional do músculo. Na verdade, as miofibrilas, são “rosários” de
sarcômeros.
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1.4.4 – Sarcoplasma e retículo sarcoplasmático
Os filamentos estão depositados em um líquido composto de proteínas,
glicogênio, compostos de fosfato, moléculas e íons e outras substâncias a qual
recebe o nome de matriz sarcoplasmática. Também é encontrado no
sarcoplasma o retículo sarcoplasmático e os túbulos “T”, que formam uma
rede de fibrilas e vesículas. As vesículas externas armazenam o Ca++ e os
túbulos transversos vão propiciar a condução de impulsos nervosos para as
partes profundas das miofibilas. Chamamos de tríade ao conjunto de duas
vesículas externas e o túbulo transverso que as separam.
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2. FENÔMENOS ELÉTRICOS NOS MÚSCULOS
2.1 – Potencial de repouso
As células do corpo humano são envolvidas por uma membrana
lipoprotéica, semipermeável, cuja principal função é a permeabilidade seletiva,
ou seja, permite a passagem de algumas substâncias quando necessário e
outras, não.
No interior da célula há um predomínio de íons potássio (K+) e de grande
ânions protéicos. Fora da mesma, no líquido intersticial, encontramos mais íons
sódio (Na++) e cloro (Cl -) do que dentro da mesma.
Pela lei da difusão, a tendência do sódio seria de penetrar na célula,
mas, isto não ocorre porque (1) a permeabilidade para os íons de Na+ (em
condições de repouso) é aproximadamente 10 a 25 vezes menor do que para
os íons de K+, (2) os íons de Na+ que penetram são bombeados para fora da
célula. Os ânions protéicos, devido ao seu tamanho, não têm condições de
diálise.
Avaliando este fenômeno, verificamos que existe uma diferença de
potencial entre o interior da célula e sua superfície. Dentro da célula existe um
predomínio de cargas negativas (ânions) e fora dela um predomínio de cargas
positivas (cátions), e isto determina o potencial de repouso.
2.2 - Potencial de ação – repolarização
Um estímulo gera um impulso e consequentemente uma ação. Quando
a membrana é estimulada, elas tornam-se permeável aos íons de Na+, que pelo
processo de difusão, penetram no interior da célula. Com essa entrada maciça
de Na+, ocorre uma “despolarização”. Se o estímulo atua sobre a célula por um
tempo curto, verifica-se um retorno das condições iniciais (repolarização). O
termo “despolarização”, já consagrado, é incorreto, porque na verdade, ocorre
uma inversão da polaridade.
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2.3 – Período refratário
Quando um impulso nervoso atinge as terminações pré-sináticas há um
intervalo de pelo menos 0,5 ms para um outro. Se antes disso, ocorre um outro
impulso, não haverá resposta no neurônio pós-sináptico. Haverá um intervalo
mínimo entre um impulso e outro, sob pena do segundo não provocar resposta.
2.4 – Lei do tudo ou nada
Todo estímulo que estiver abaixo do limite (sub-limiar), não provocará
resposta. A partir do momento em que atinge o limite, ou o ultrapassa, haverá
uma resposta de mesma intensidade. Esta lei é verdadeira para as fibras
musculares e unidades motoras, mas não se aplica ao músculo como um todo.
Cada fibra muscular, em geral, recebe apenas uma fibra nervosa, porém
um nervo motor pode inervar muitas fibras musculares específicas o que,
constitui uma unidade motora. Esta é a unidade funcional do controle
neuromuscular. Todas as fibras na unidade motora específica possuem
propriedades metabólicas e contráteis semelhantes.
3. MEDIATORES E TRANSMISSORES QUÍMICOS
Os transmissores, tanto excitatórios quanto inibitórios, funcionam da
mesma maneira produzindo uma mudança na permeabilidade da membrana do
neurônio pós-simpático. Os transmissores excitatórios aumentam a
permeabilidade da membrana aos íons sódio (Na+) e os inibitórios, aumentam a
permeabilidade aos íons Potássio (K+) e Cloro (Cl -).
3.1 – Transmissores excitatórios (principais)
3.1.1 – Acetilcolina
A acetilcolina é distribuída por todo sistema nervoso central, com as
mais altas concentrações no córtex motor e no tálamo. A distribuição da colina
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acetilase e da aceticolinesterase (inativa a acetilcolina) é paralela à da
acetilcolina. A acetilcolina é secretada nas seguintes regiões: junção mioneural,
terminações pré ganglionares autonômicos, terminações pós-ganglionares
parassimpáticas, terminações pós-ganglionares das glândulas sudoríparas e
vasodilatadoras musculares e muitas regiões cerebrais.
3.1.2 – Dopanina
A dopanina é secretada no núcleo caudado, putamem e hipotálamo.
Suspeita-se que ela também seja secretada na retina. A dopanina é inativada
pela monoaminoxidade e pela catecol-O-metiltransferase.
3.1.3 – Serotonina
A serotonina 5-hidroxitriptamina, 5-HT) se encontra, uma maior
concentração, mas plaquetas sangüíneas e no tracto gastrointestinal, onde é
encontrada nas células enterocromafins e no plexo mientérico. Menores
quantidades são encontradas no cérebro, particularmente no hipotálamo e na
retina.
3.2 – Transmissores inibitórios (principais)
3.2.1 – Ácido gama aminobutírico (GABA)
É o transmissor sináptico nas funções neuro musculares inibitórias.
3.3.2 – Glicina
É o mediador responsável pela inibição direta na medula espinhal.
4. PLACA MOTORA
4.1 – Conceito
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O ponto de conecção de um motoneurônio mielinizado e uma fibra
muscular são conhecidos como placa motora ou juncção neuromuscular. O
impulso nervoso é transmitido para o músculo através da placa motora.
A porção terminal do axônio abaixo da bainha de mielina, forma vários
ramos axônicos menores, cujas terminações são os terminais pré-sináptica,
possui muitos pregueamentos que aumentam sua área superficial e chama-se
de fenda sináptica a região entre a membrana pós-sináptica e o terminal pré-
sináptico do axônio, onde é feita a transmissão do impulso nervoso.
4.2 – Transmissão do impulso nervoso
Quando um impulso atinge uma função neuromuscular, a acetilcolina é
liberada (a partir de pequenas vesículas sacriformes dentro dos axônios
terminais), aumentando a permeabilidade da membrana pós sináptica aos íons
de sódio e potássio, que geram um potencial de ação na fibra muscular.
Imediatamente após a liberação da acetilcolina ela é destruída pela
colinesterase. Esta destruição permite a repolarização da membrana pós
sináptica.
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Substâncias anti-colimesterasicas, impedem a ação da colinesterase e
anticolinérgicas da acetilcolina.
A acetilcolina se decompõe em ácido acético e colina que não tem
propriedade transmissora.
5. MECANISMO FÍSICO-QUÍMICO DA CONTRAÇÃO E RELAXAMENTO
MUSCULAR
Em repouso, as pontes cruzadas dos filamentos de miosina (uma
molécula de ATP está ligada à extremidade da ponte cruzada) se estendem na
direção dos filamentos de actina, não interagindo, ou seja, ATP-pontes
cruzadas estão descarregadas e estendidas.
Quando um impulso de um motoneurônio chega na placa motora, ocorre
a liberação da acetilcolina, que vai gerar um potencial de ação na sarcolema da
fibra muscular, estes impulsos se propagam através dos túbulos T, o que vai
provocar a liberação do Ca++ pelas vesículas do retículo.
Na presença do Ca++ a troponina é saturada, ativando assim a actina,
agora temos ATP-ponte cruzada “carregada”. As moléculas de miosina
desencadeiam uma atividade atpásica, procedem como uma enzima capaz de
decompor o ATP, desprendendo um fósforo inorgânico acompanhado de
liberação de energia. Essa energia liberada permite a translocação da ponte
cruzada para um novo ângulo, de tal forma que o filamento de actina deslisa
sobre o filamento de miosina na direção dos centros dos sarcômeros. Os
sarcômeros se encurtam, consequentemente as miofibrilas também. Se as
miofibrilas se encurtam evidentemente as fibras também. Dessa forma o
músculo se contrai.
Quando cessa o impulso nervoso, o Ca++ é removido, pela bomba de
Ca++, de volta para as vesículas e o músculo retorna ao seu estado de repouso
(relaxamento).
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6. TIPOS DE FIBRAS
O músculo apresenta basicamente dois tipos de fibras, que se
encontram distribuídas em proporção variada de acordo com cada indivíduo.
O percentual de cada tipo de fibra é, portanto, um atributo genético de
cada indivíduo. Essa determinação é feita através da biópsia muscular.
A primeira a ser citada é do tipo aeróbica e recebe as segu8ntes
denominações: Tipo I, vermelhas, tônicas, de contração lenta (ST0 ou
oxidativas).
A Segunda é do tipo anaeróbica e recebe as seguintes denominações:
Tipo II, brancas fásicas, de contração rápida (FT) ou glicolíticas rápidas (GR).
Edward L. Fox, Donald K. Matews (1986 – p.74) escreveram as
características funcionais das fibras musculares de contração lenta (ST) e de
contração rápida no seguinte quadro abaixo:
Características Funcionais
Tipos de Fibra
ST
(Contração Lenta)
FT
(Contração Rápida)
Conteúdo de mioglobina Alta Baixa
Reserva de triglicerídeos Altas Baixas
Reserva de glicogênio Altas Baixas
Densidade de mitocôndrias Alta Baixas
Atividade enzimática oxidativa Alta Baixa
Densidade capilar Alta Baixa
Reserva de P.C. Baixas Altas
Tempo de relaxamento Lento Rápido
Tempo de contração Lento Rápido
Atividade enzimática glicolítica Baixa Alta
Fatigabilidade Baixa Alta
Quadro 1. Características funcionais das fibras musculares de contração
rápida e lenta.
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Hoje, admite-se a existência de um 3º tipo de fibra, com características
funcionais intermediárias. São variantes das FT. Assim as FT estão divididas
em Fta (intermediárias) e FTb. São consideradas intermediárias porque tem
características oxidativas inferiores a ST e superiores a FTb. Na população em
geral, as fibras estão em média, assim distribuídas: ST: (52%), Fta: 33% e FTb:
15%.
7. PROPRIOCEPTORES
7.1. Conceito
Proprioceptores são organelas terminais de fibras diferentes que captam
determinadas informações e levam para o sistema Nervoso Central.
7.2 – Tipos
7.2.1 – Fuso muscular
É um proprioceptor encontrado no músculo. Enviam informação ao
S.N.C. sobre o grau de distenção do músculo onde estão alojados. É uma
organela facilitadora da contração muscular, ou seja, informa o número exato
de unidades motoras que devem contrair a fim de vencer determinada
resistência.
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7.2.2 – Organela neurotendínea de Golgi
São proprioceptores encapsulados nas fibras tendinosas e localizados
perto da junção das fibras musculares e tendinosas. Informam ao S.N.C. o grau
de tensão que está sendo exercida sobre o tendão, quando o limite de tensão é
atingido, o S.N.C. envia uma ordem para inibir a contração muscular.
7.2.3 - Receptores articulares
São encontrados em tendões, ligamentos, periósteo, músculo e cápsulas
articulares. Os receptores articulares mandam informações ao S.N.C. acerca
do ângulo articular e da aceleração da articulação, da pressão exercida sobre
ela, etc.
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8. TONUS MUSCULAR
Designa-se com esse nome o especial estado de concentração parcial e
permanente em que se encontram os músculos, mesmo quando estão
relaxados. O tonus se manifesta como resistência à movimentação passiva do
segmento corporal. Mesmo nos músculos aparentemente relaxados, há um
estado de tensão constante, pelo qual são mantidos em uma determinada
posição, resistem a mudanças em seu comprimento, evitam mobilidade
indevida nas articulações e asseguram a conservação da postura. Estão
prontos para contrair ou relaxar rapidamente, quando ocorrem aumentos ou
diminuições significativas no número total de impulsos a eles enviados. Isso é
necessário para manter as diferentes partes do esqueleto em suas relações
adequadas nas várias e freqüentemente camiantes atitudes e postura do corpo,
sendo maior ainda nos músculos que mantém o corpo na posição erecta
(antigravitários), principalmente os flexores nas extremidades superiores e os
extensores nas inferiores.
Do ponto de vista fisiológico, o tonus muscular e à conseqüência de
reflexos miotáticos, controlados pela ação conjunta de várias vias e centros
nervosos.
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9. FADIGA MUSCULAR
A fadiga é caracterizada pela queda do desempenho muscular. Nos
exercícios intensos e de curta duração (anaeróbicos), o organismo requer uma
quantidade de energia que a via aeróbica não é capaz de atender, por isso,
lança mão das vias anaeróbicas. Quando menor for o VO2 máximo, maior será
o déficit de O2 e mais intensamente o organismo solicitará à anaerobiose que
como se sabe produz ácido láctico (glicose anaeróbica). Esta é sem dúvida um
dos mais importante causador da fadiga muscular. O segundo fator é a
depleção da reserva muscular de glicogênio.
Nos exercícios de pouca intensidade mais de longa duração (aeróbicos)
cujo principal exemplo é a maratona, a fadiga sobrevirá pela deplessão das
reservas energéticas, principalmente carboidratos e gorduras, pela grande
perda de água e eletrolitos (sudorese) e pela tensão emocional. Se após um
esforço desses, não houver um período de recuperação satisfatório o indivíuo
estará propenso ao esgotamento total (strain) e as lesões musculares. Nesses
aspectos, o supertreinamento ganha lugar de destaque, levando inclusive a
fadiga crônica. É importante, também lembrar que novos esforços muitos além
do período de recuperação não provocam nenhuma aquisição de
condicionamento físico.
No período de recuperação, deve-se fazer exercícios leves e dieta
hiperglicídica para favorecer a resíntese do glicogênio muscular.
10.LESÕES MUSCULARES DECORRENTES DA ATIVIDADE FÍSICA
10.1 – Considerações gerais
Os músculos muitas vezes desempenham tarefas difíceis, quer nas
atividades físicas profissionais, diárias, quer nas atividades desportivas em
geral.
Freqüentemente são submetidos a cargas para as quais não estão
preparados e se lesionam. Estas lesões levam a inatividade, mais, ou menos
prolongadas, causando sérios prejuízos a empregados e patrões a clubes e
atletas profissionais.
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As lesões musculares representam a patologia mais freqüente nos
esportes.
10.2 – Principais lesões
10.2.1 – Agudas
10.2.1.1 – Contusões
Ocupam, em ordem de freqüência o primeiro lugar, entre as lesões que
acontecem no esporte, principalmente nos coletivos.
É resultante da ação de traumas diretos sobre o músculo, como chutes,
pontapés, cabeçada, etc.
Didaticamente as contusões podem ser divididas em:
1º GRAU OU LEVE:
O comprometimento muscular é discreto. Afeta mais o tecido celular
subcutâneo. Caracteriza-se por “dor” e “equimose”. A dor se manifesta
espontaneamente ou por pressão da área afetada. A esquimose é resultado do
extravasamento sangüíneo por rotura capilar.
2º GRAU OU MODERADA
Constitui-se em contusões mais graves, com a presença de “dor” e
“hematoma”. O hematoma é uma coleção sangüínea em forma de tumor,
resultante da rotura de vasos sangüíneos. É facilmente identificáveis, a
inspeção e a palpação, e se manifesta como uma “Bolsa” mole e flutuante.
ESTUPOR MUSCULAR OU “TOSTÃO”
É um tipo de contusão do 1º ou 2º grau, resultante de um único e severo
golpe num músculo em contração. A lesão é seguida de fortíssima dor no local
da pancada e o indivíduo geralmente cai, impossibilitado de prosseguir o
esforço. Pode ocorrer rotura de vasos sangüíneos dentro da massa muscular
atingida, com formação imediata de hematoma; o que afasta as outras fibras
musculares ao seu redor, colocando-as sob pressão. Isto provoca ainda mais
dor e leva o músculo a entrar em espasmo. Os músculos da coxa são os mais
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atingidos e a lesão a mais freqüente no futebol. Se não houver hematoma a
recuperação é rápida.
3º GRAU OU GRAVE
São as grandes contusões resultantes de traumas intensos,
caracterizados por dor e rompimento traumático parcial ou total do músculo.
Mesmo que não haja abertura da pele, ela pode se necrosar, com possibilidade
de infeção secundária.
TRATAMENTO DAS CONTUSÕES
Em Esportes de “alto nível”, há exigências com relação ao tempo de
recuperação tanto por parte do atleta, como de outras pessoas como
treinadores, dirigentes, etc, entretanto as contusões devem ser tratadas de
forma correta para se evitar cronificações e impedir déficits funcionais
prolongados. Dependendo da gravidade da contusão o indivíduo deverá ser
retirado imediatamente da competição, mesmo contra a sua vontade.
Conduta:
1º) Aplicação imediata de gelo que será mantido nas primeiras 48h. A ação
vasoconstrictora do frio contém a hemorragia e diminui o isco de infeção.
2º) Aplicação adequada de calor após 48 h. Este provoca vasodilatação
periférica aumentando a circulação sangüínea no local, favorecendo a redução
do processo inflamatório.
3º) Repouso do membro lesado em posição conveniente.
4º) Administração de antiinflamatórios não-hormonais. Deve-se Ter o cuidado
de não usá-los por tempo muito prolongado porque muitos deles podem nesse
caso, levar a aplasia medular.
5º) O hematoma muito volumoso requer cirurgia, pois pode evoluir para miosite
ossificante.
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6º) Nas roturas musculares traumáticas abertas (feridas), deve-se fazer uma
boa assepsia, com escova e sabão, sob anestesia. Deve-se também verificar
as condições de vitalidade dos músculos através da sua coloração, contração e
sangramento.
Se o músculo não tiver boas condições de vitalidade deverá ser retirado.
As massagens estão, contra indicadas em todas as contusões
musculares. Podem provocar ou aumentar hematomas.
10.2.1.2 - Caimbras
É uma contração involuntária, súbita, mantida e dolorosa de um
determinado músculo. No momento em que algumas fibras musculares não
conseguem relaxar, surge a caimbra. Estas fibras entram em isquemia que
provoca dor e aciona um reflexo nervoso que contrai todas as outras fibras do
músculo, o que ocasiona mais dor, que ocasiona mais caimbra num círculo
vicioso.
A fadiga muscular, o frio e a desidratação são fatores desencadeantes.
O tratamento consiste em estender devagar o músculo acometido e
mantê-lo estendido.
10.2.1.2 – Roturas musculares
A lesão básica consiste em que algumas fibras musculares desprendem-
se de sua junção com o tendão, com o osso ou com outras fibras
musculares. O alongamento durante o relaxamento muscular ocorre por
um relaxamento de todas as fibras que constituem o músculo. Isto
significa que cada uma delas tem que relaxar quando o músculo é
estendido. Este relaxamento é muito mais rápido quando o músculo é
estendido com violência. Quando algumas fibras não relaxam com a
rapidez necessária, haverá uma falta de sincronismo e a textura do
tecido conjuntivo se rompem, podendo ocorrer o mesmo com os vasos
sangüíneos que correm no tecido conjuntivo. Cada modalidade esportiva
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tem seu músculo mais acometido. No futebolista, é o reto anterior da
coxa. Didaticamente podemos dividir as roturas em:
1º GRAU OU PARCIAL FIBRILAR (“ESTIRAMENTO”)
É vulgarmente e erroneamente chamada de “estiramento”.
Estiramento é uma propriedade comum aos músculos.
É caracterizada pelo rompimento de fibras curtas.
2º GRAU OU PARCIAL FASCICULAR (“DISTENSÃO”)
Esta denominação vulgar, também é improcedente, porque
distensão é sinônimo de estiramento e, portanto propriedade normal do
músculo.
Caracteriza-se pelo rompimento de fibras longas e, portanto mais
grave que a primeira.
Verifica-se uma dor aguda como se fosse uma “fisgada” ou
“chibatada”, seguida de edema, esquimose ou hematoma. Uma
depressão muscular (entalhe) pode ser observada e sentida.
3º GRAU OU ROTURA TOTAL
É a forma mais grave de rotura. É a conseqüência de rompimento
de todas as fibras do músculo.
Difere-se da contusão do 3º grau por não ser causada por
traumas mecânicos diretos e sempre ser fechada.
TRATAMENTO
1º) Elevação do músculo afetado acima do nível do coração.
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2º) Aplicação de gelo nas primeiras 48 h.
3º) Calor após 48 h através de banhos de parafina, toalhas quentes,
forno, etc.
4º) Uso de antinflamatórios não hormonais.
5º) Repouso.
6º) a rotura do 3º grau ou total é igual a tratamento cirúrgico.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: As massagens aqui pelos mesmos
motivos, estão contra-indicadas.
A infiltração local de cortisona também, porque atrasar a
cicatrização muscular.
Até pouco tempo admitia-se que a cicatrização muscular ocorria
somente através da formação de fibroblastos (tecido conjuntivo) que
substituíam as fibras lesadas. Hoje, sabe-se que isto ocorre apenas
quando houver repouso e tratamento adequados. Locatelle (Itália),
demonstrou que há uma primeira fase caracterizada por degeneração e
necrose das fibras, desfeita pelos macrofagos e em seguida
neoformação da fibramuscular. Enfatizamos, que este processo não
acontecerá se não houver repouso e tratamento adequados.
A presença de hematoma dificulta a cicatrização.
Fatores que interferem na cicatrização:
GERAIS: idade, fadiga, alimentação, distúrbios endócrinos e
toxiinfecção.
LOCAIS: vitalidade da fibra, extensão das lesões, presença de
hematomas.
COMPLICAÇÕES:
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As roturas musculares podem se complicar com:
- hemorragia
- miosite assificante
- lesões rescidivantes
- lesões crônicas
FATORES PREDISPONENTES DAS ROTURAS:
- Idade – os indivíduos mais velhos estão mais propícios.
- Treinamento escasso, mal dirigido ou muito intenso.
- Falta de aquecimento.
- Ambiente frio e úmido.
- Lesões anteriores.
- Tensão emocional.
- Modos vivendi (alimentação, sono, repouso, bebidas alcoólicas
em excesso, fumo, etc.).
- Material inadequado: chuteiras, tênis, etc.
- Solo inadequado: campos esburacados e irregulares, etc.
PROFILAXIA DAS ROTURAS
O primeiro e mais importante meio de prevenir roturas musculares é um
bom condicionamento muscular geral. Os músculos tornam-se mais fortes e
mais capazes de resistir à fadiga.
O “aquecimento”, preparação muscular imediatamente antes da partida.
Também é de vital importância. Este consta de 3 etapas:
1ª) alongamento muscular – não confundir com flexibilidade que é contra-
indicada.
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2ª) ativação do sistema cardiorespiratório, que visa melhorar a irrigação para
os músculos e elevar a temperatura interna.
3ª) execução de gestos esportivos, cabeçada, chute, cortada, etc.
Os hábitos higiênicos: são também fundamentais na profilaxia destas
lesões. Uma alimentação rica em todos os nutrientes é fundamental, o déficit
protéico favorece as lesões. O tempo de sono é fundamental. O atleta deverá
dormir pelo menos 8 h por dia. A ingestão excessiva de álcool é altamente
prejudicial. Todavia, as bebidas de baixos teores alcoólicos, como cerveja e
vinho, estão liberadas com moderação.
O aspecto psicológico é outro fator de grande importância. É bem
conhecido o fato de que a “tensão emocional” poderá levar o atleta a se
lesionar.
Finalmente gostaríamos de chamar a atenção para as drogas
estimulantes do S.N.C. que dão ao indivíduo uma sensação de poder que ele
não tem e perde a noção dos seus limites, o que poderá causar graves lesões.
10.2.1.4 – Hérnia Traumática
Deve-se a rotura traumática da aponeurose e conseqüente saída do
músculo. É importante que se faça o diagnóstico diferencial com rotura
muscular. Isto poderá ser feito através do SINAL DE FARABEUF: pede-se ao
indivíduo para contrair o músculo, se a tumoração aumentar, trata-se de rotura,
se desaparecer, é hérnia.
10.2.2 - Crônicas
10.2.2.1 – Hérnia congênita
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10.2.2.2 – Hérnia cirúrgica
É uma seqüela cirúrgica iatrogênica.
10.2.2.3 – Miosite ossificante
O músculo sofre um processo de calcificação e perde muito da sua
capacidade funcional. Na maioria das vezes é uma conseqüência de lesões
agudas mal tratadas.
10.2.2.4 – Fibrose muscular
Presença de grande quantidade de fibroblastos no músculo. Também é
devida a tratamento mal conduzido.
TRATAMENTO DAS LESÕES CRÔNICAS
Na maioria das vezes o tratamento dessas lesões é cirúrgico.
10.2.2 – Dor muscular
A dor muscular está classificada à parte porque não pode ser
considerada aguda, pois surge cerca de 24 h após o esforço e nem
crônica porque tende a desaparecer com o prosseguimento do esforço.
É muito freqüente nos reinícios de treinamento e quando sedentários
iniciam atividade física. É por muitos considerados como uma lesão
normal, mas outros acham que pode ser evitada.
O músculo mostra-se algo rígido pelo acúmulo de fluido entre
suas fibras. A dor admite-se que seja provocada pela compressão de
filetes nervosos por esse edema. A dor muscular reflete em última
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análise um despreparo do músculo para realizar o esforço que lhe foi
impingido. O treinamento deveria, portanto ser mais leve e gradativo.
Seus efeitos podem ser reduzidos pela observação de duas regras. Em
primeiro lugar, não fique de molho em banho quente; o calor provoca
vasodilatação e facilitar o extravasamento de fluido para o meio
intersticial. Em segundo lugar, não se sente desnecessariamente, faça
exercícios suaves ao final do esforço ou competição. O exercício suave
favorece a restauração de fluido nos vasos sangüíneos.
10.3 – Papel da Medicina Desportiva em relação às lesões musculares
10.3.1 – Profilaxia
Já vimos vários fatores que predispõem as lesões musculares. Cabe ao
médico desportivo conscientizar o seu grupo do perigo que eles representam e
como evitá-los. Lembrar que a prevenção é sempre mais “barata” em todos os
sentidos, do que a cura.
10.3.2 – Reduzir a incapacidade temporária
Muitas pessoas vivem profissionalmente do esporte. Quanto mais tempo
parado maior é o prejuízo. Para não provocar um descondicionamento geral, a
regra é continuar trabalhando os segmentos não lesados. O gesso deverá ser
evitado na medida do possível.
10.3.3 – Promover recuperação total
Quando um atleta retorna as suas atividades sem que esteja
completamente recuperado muito freqüente agrava a sua lesão e fica mais
tempo inativo do que normalmente precisaria.
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Em se tratando de esporte profissional, essa pressão é maior ainda,
tanto por parte do atleta, ansioso para retornar as atividades, como por parte
de técnicos e dirigentes preocupados com os desfalques.
Gostaríamos de destacar a importância da Fisioterapia na recuperação.
10.3.4 – Evitar incapacidade permanente
Muitas lesões graves quando mal conduzidas, inutilizam o atleta
definitivamente para a prática desportiva. O tratamento correto é fundamental.
Lesões graves requerem hospitalização e vigilância diária.
CONCLUSÃO
Concluímos de uma maneira bem clara, que nenhum profissional ligado
à área das ciências biológicas da atividade física, pode desconhecer a fisiologia
muscular e as principais lesões decorrentes da atividade física, afim de
preveni-las, principalmente, e tratá-las de uma maneira adequada, a fim de
evitar inatividades prolongadas e desgraça da incapacidade definitiva.
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