Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus ... · através da vida de nossas...
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Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo!
Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído
pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a
comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero
uma Igreja preocupada com ser o centro.
Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a
nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem
sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo,
sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de
sentido e de vida. (EG 49).
APRESENTAÇÃO
O Plano de Evangelização que estamos apresentando à Igreja de Manaus, tem suas raízes na natureza da Igreja que vive em estado permanente de missão. A sua única pretensão é a de ser um instrumento da pastoral de conjunto, tão desejada e tão necessária. Para tanto é preciso que seja assumido por todos.
Como Igreja missionária queremos dar testemunho de Jesus Cristo através da vida de nossas comunidades que, reunidas em torno da Palavra e da Eucaristia, servem às pessoas e à humanidade sendo luz, fermento, sal e semente. Numa sociedade cada vez mais plural, queremos estar abertos ao diálogo e a cooperação, certos de que o ecumenismo é uma exigência intrínseca de nossa fé. Nunca renunciamos ao anuncio explicito de Jesus Cristo e a proclamação alegre e exigente do Reino de Deus.
O plano é fruto de um longo processo de participação que teve seu ponto alto na IX APA, mas que perpassou todas as nossas estruturas de comunhão, desde os conselhos de comunidade, de áreas, de paróquias, de setor, até o de Presbíteros e o Arquidiocesano de Pastoral. Pastorais, movimentos e serviços deram a sua contribuição valiosa. O próprio processo foi evangelizador na medida em que gerou comunhão e dela se alimentou. Uma das condições de sua implementação é o bom funcionamento e a vitalidade destas estruturas.
Não inventamos a Igreja. Uma nuvem de testemunhas nos precede e nos acompanha. Temos uma história que é sempre lembrada com gratidão. Crer é fazer memória e descobrir a ação do Espirito no espaço e no tempo.
Temos a graça de viver num tempo de renovação. Cinquenta anos depois do Concilio, o papa Francisco, na linha dos seus predecessores nos faz um apelo e nos chama à conversão pessoal e pastoral. Com ele queremos reafirmar a alegria do Evangelho bem como as suas exigências radicais.
Estamos convencidos da urgência da Missão e da necessidade de sermos generosos e criativos na nossa ação pastoral.
Neste espirito chegamos a conclusão de que os nossos principais desafios hoje são: Evangelizar a Juventude, implantar o processo de Iniciação a vida cristã, cuidar dos membros da comunidade, fortalecer a
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pastoral de conjunto, renovar as paróquias e áreas missionárias como
comunidade decomunidades, acolher migrantes e indígenas, retomar as
escolas de fé e política, ser presença nos conselhos paritários,
evangelizar os moradores de condomínios e novos conjuntos
habitacionais, assumir a missão “ad gentes”.
Não nos esquecemos de que a vida e, portanto a evangelização, é
um mistério que acontece e se revela no quotidiano, nos encontros
pessoais, na alegria e na dor partilhadas, no nascer e no morrer, na
presença solidária, em grandes gestos e dramas, mas também nos
pequenos sorrisos que iluminam, enfim na ternura de Deus que se
manifesta na nossa.
Planos, metas, ações comuns, eventos, formação, estruturas, são
necessários e até mesmo essenciais, mas não substituem a vida que se
doa, e só servirão para evangelizar se estiverem impregnados pelo amor
que gera e se alimenta da fé e da esperança.
Mãos a obra. Permitamos ao Espirito continuar e completar o que
em nós começou.
Dom Sergio Castriani, Arcebispo de Manaus
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INTRODUÇÃO
Recordando as palavras de Dom Sergio Castriani no discurso
inicial da IX Assembleia Pastoral, afirmando que somos todos
COLHEDORES, nos faz refletir nas de São Paulo, quando escrevia à
comunidade dos Coríntios (3,6-8): “eu plantei, Apolo regou, mas era Deus
que fazia crescer. Assim, aquele que planta não é nada, e aquele que
rega também não é nada: só Deus é que conta, pois é ele quem faz
crescer”. De fato somos colhedores, semeadores e servidores da Vinha
do Senhor. De nada adianta nosso trabalho pastoral se o motivo principal
não for Jesus Servidor, como nos recorda São João (13,14), na cena do
lava pés: “eu, que sou o Mestre e o Senhor, lavei os seus pés; por isso
vocês devem lavar os pés uns dos outros”.
No anúncio da evangelização muitos antes de nós, e entre nós,
SEMEARAM, mas quem faz crescer o Reino é Deus, mediante a luz do
Espírito Santo, protagonista da missão eclesial (cf RM 21). No dizer de
Madre Tereza de Calcutá, somos o lápis, mas quem escreve é Deus.
Neste sentido, temos um longo caminho a percorrer na evangelização,
sempre na presença do Senhor (cf Rs 19, 7). Nas palavras de São João
Paulo II, a missão está apenas começando, pois somente a missão
renova a Igreja, revigora a fé e dá novo entusiasmo (cf RM 2).
Os resultados da IX Assembleia Pastoral são frutos da
participação de todos, iluminados pelo Espírito Santo, que nos ajudou a
decidir por 10 desafios pastorais. Obviamente, como sinal de comunhão
na evangelização, estes desafios devem ser considerados e assumidos
por todos, sobretudo quando as comunidades pastorais e movimentos se
reunirem para realizar seu planejamento pastoral, não se esqueçam de
adequar o Plano à sua realidade paulatinamente, nos próximos 4 anos.
Com as decisões da IX APA a Igreja de Manaus renova seu compromisso com a evangelização e assume o mesmo objetivo da Igreja do Brasil: “Evangelizar, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida (Jo 10,10), rumo ao Reino definitivo”, pois “toda ação eclesial brota de Jesus Cristo e se volta para Ele e seu Reino. Jesus Cristo é nossa razão de ser, origem de nosso agir, motivo de nosso pensar e sentir. Nele, com Ele e a partir d'Ele
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mergulhamos no mistério trinitário, construindo nossa vida pessoal e
comunitária” (DGAE, 4).
Certamente, a evangelização ocorre a partir de Cristo. Somente
com Ele é possível ultrapassar uma pastoral de mera conservação ou
manutenção para assumir uma pastoral decididamente missionária,
numa atitude que, corajosa e profeticamente, o Documento de Aparecida
chamou de conversão pastoral (cf DAp, 370). A conversão antes de ser
pastoral é uma experiência pessoal, a partir do encontro com o Senhor
(Jo 1,38-42), pois “a primeira motivação para evangelizar é o amor que
recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele que
nos impele a amá-Lo cada vez mais” (EG 264). Neste sentido, urge a
conversão pessoal, pastoral e missionária, ou seja, toda a Igreja que se
converte ao Senhor para realizar uma Nova Evangelização que vai ao
encontro das pessoas, especialmente os pobres (cf Lc 4, 18-19; Mt 5,3;
Mt 25, 31-46;Tg 2,5), pois são eles, os que mais sofrem exclusão social, e
às vezes por parte da Igreja sofrem discriminação pela falta de cuidado
espiritual (cf EG 200).
O ponto central do Plano de Pastoral são os âmbitos da
evangelização: Pessoa, Comunidade e Sociedade. Estes âmbitos e os
desafios estão iluminados pela reflexão bíblica e os textos do magistério,
sobretudo a exortação apostólica do Papa Francisco, ALEGRIA DO
EVANGELHO e o Documento 100 da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil: Comunidades de comunidades, uma nova paróquia, conversão
pastoral da paróquia.
No Plano de Pastoral, para cada desafio, há várias pistas de
ação. Estas pistas são caminhos que nos ajudarão a concretizar os 10
desafios, presentes em cada âmbito da evangelização da Igreja de
Manaus. A Coordenação de Pastoral acompanhará a implantação do
Plano Pastoral e cuidará de encaminhar os desafios em nível de
Arquidiocese.
Enfim, está em suas mãos o Plano de Pastoral que deverá ser
estudado, aprofundado e concretizado por todos. Que Deus nos abençoe
e que nosso Plano Pastoral dê seus frutos segundo a vontade do Senhor.
Coordenação Pastoral
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PESSOA, COMUNIDADE E SOCIEDADE
Os três âmbitos da Ação Evangelizadora da Igreja para os
próximos quatro anos. Estas três realidades não se apresentam
separadas, mas interligadas e complementares.
I. A EVANGELIZAÇÃO DA PESSOA
A Exortação Apostólica pós-sinodal Evangelii Gaudium nos
convida a uma nova etapa evangelizadora considerando três âmbitos: o
da pastoral ordinária, as pessoas batizadas que não vivem as exigências
do batismo e os que não conhecem Jesus ou sempre o recusaram (14).
Somos convidados a um processo de discernimento, purificação e
reforma (30). A atitude que se pede da Igreja aqui é ser a “casa aberta do
Pai” (47). Diante da necessidade de estarmos mais perto dos outros
somos convidados a uma evangelização pessoa a pessoa (127); é-nos
proposto o caminho da pregação bem preparada, de uma catequese
querigmática e do acompanhamento pessoal ao redor da Palavra de
Deus (Cap III).
1º Desafio – Evangelização da JUVENTUDE
Mestre onde moras? Vinde e vede! (Jo 1,38-39)
No Amazonas, os jovens de 15 a 25 anos totalizam quase 30%
da população do Estado. Se por um lado percebemos uma indiferença de
uma parcela da juventude frente a Igreja, por outro lado eles estão
numerosos em nossas comunidades e pastorais, movimentos e serviços. Eles têm o direito de receber da Igreja o Evangelho e de serem
introduzidos na experiência do seguimento de Jesus. Mais que uma
reflexão, somos chamados a uma maior proximidade do mundo juvenil,
para que, a partir da própria juventude, descubramos caminhos novos da
evangelização (Cf. Doc 85 CNBB, Evangelização da Juventude).
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PISTAS DE AÇÃO
I. Fortalecer a Pastoral da Juventude na Arquidiocese de Manaus,
buscando promover uma formação integral e contínua, utilizando
meios criativos e modernos, com atenção a esses, após a
recepção dos sacramentos da IVC, levando ao compromisso
missionário.
II. Acompanhar pastoralmente as várias expressões juvenis da
Arquidiocese.
2º Desafio – Implantação do Processo de INICIAÇÃO A VIDA CRISTÃ
“Foram, viram onde Ele morava e permaneceram com Ele.”
(Jo 1, 39)
“Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma
grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, uma Pessoa,
que dá novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DAp
243). Este encontro é mediado pela ação da Igreja. As mudanças atuais
exigem um contínuo anúncio de Jesus Cristo. Um processo permanente
de iniciação cristã que vai da acolhida, passa pela vivência comunitária e
gera o compromisso missionário. (Cf. Doc CNBB 94, Diretrizes Gerais).
PISTAS DE AÇÃO
I. Ampliar e fortalecer e dar mais aplicação a IVC nas
comunidades, partindo da comissão existente na arquidiocese,
visando o atendimento aos catecúmenos, crianças e adultos.
II. Valorizar e promover a formação aprofundada aos catequistas
e demais agentes de pastoral dentro da IVC.
III. Promover visita às famílias tendo antes uma formação
aprofundada no processo da IVC.
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IV. Levar em consideração a evangelização das crianças.
3º Desafio – Cuidado dos Membros da Comunidade
“Entre eles ninguém passava necessidade...” (At 4,34)
A Exortação Evangelii Gaudium chama atenção para algumas
tentações que afetam os agentes de pastoral: o desafio de uma
espiritualidade missionária, porque não se sentem identificados com a
missão evangelizadora; o desânimo egoísta, porque procuram fugir de
qualquer compromisso que lhes possa roubar o tempo livre; o
pessimismo estéril, sensação de derrota que nos transforma em
pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre; a
necessidade de relações novas geradas por Jesus Cristo, pois alguns
quiseram um Cristo puramente espiritual, sem carne nem cruz, também
se pretendem relações interpessoais mediadas apenas por sofisticados
aparatos, por ecrãs e sistemas que se podem acender e apagar à
vontade; o mundanismo espiritual, se esconde por detrás de aparências
de religiosidade e até mesmo de amor à Igreja, é buscar, em vez da glória
do Senhor, a glória humana e o bem-estar pessoal. É aquilo que o Senhor
censurava aos fariseus: “Como vos é possível acreditar, se andais à
procura da glória uns dos outros, e não procurais a glória que vem do
Deus único?” (Jo 5, 44); e a guerra entre nós mesmos, alguns deixam de
viver uma adesão cordial à Igreja por alimentar um espírito de contenda.
Mais do que pertencer à Igreja inteira, com a sua rica diversidade,
pertencem a este ou àquele grupo que se sente diferente ou especial. (cf
78-101).
Cuidar dos agentes é uma tarefa da comunidade, mas também
deve ser uma opção de crescimento na fé do próprio agente. Também ele
é um peregrino no caminho da Iniciação Cristã. Eis nosso desafio, superar
as tentações, mediante a graças de Deus, fortalecendo o vínculo da
fraternidade fundamentada no amor ao próximo como sinal da identidade
cristã (Jo 13,35).
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PISTAS DE AÇÃO
I. Promover encontros de formação às lideranças pastorais,
fortalecendo a Pastoral da Escuta e da Acolhida.
II. Fortalecer o Serviço de Atendimento Psicológico Familiar da
Arquidiocese de Manaus (SAPFAM), promovendo o cuidado das
famílias dos agentes.
III. Utilizar mais e da melhor forma os MCS, as redes sociais,
sobretudo as rádios Castanho e Rio Mar para a evangelização.
IV. Promover a cu l tu ra vocac iona l nas comun idades ,
conscientizando todos os batizados de que são chamados a
serem discípulos missionários e promotores das vocações
sacerdotais e religiosa.
II. A RENOVAÇÃO DA COMUNIDADE
1º Desafio: Fortalecimento da PASTORAL DE CONJUNTO
“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidades
de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes trabalhos, mas
é o mesmo Deus que realiza tudo em todos” (Rm 12, 4-6).
Numa Arquidiocese cada vez mais marcada pela diversidade e
novas expressões pastorais, a relação de comunhão na missão é
também cada vez mais necessária. O novo Povo de Deus, ao mesmo
tempo em que respeita a diversidade, testemunha igualmente a unidade.
Ninguém consegue ser completo sozinho. As diferenças devem ser
superadas em vista de um objetivo comum: A MISSÃO. Pastoral de
Conjunto é quando aprendemos a trabalhar juntos. Neste sentido a
Pastoral de Conjunto não é uma pastoral a mais, mas um jeito de ser
Igreja, que vive a comunhão na certeza de que é conduzida pela Trindade
Santa, a melhor comunidade em comunhão de amor, modelo para as
nossas comunidades, pois a Santíssima Trindade é a fonte de amor que
alimenta a Igreja.
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PISTAS DE AÇÃO
I. Elaborar um calendário de visita, sob a responsabilidade da
Coordenação de Pastoral, para acompanhamento sistemático
nas paróquias/áreas missionárias das atividades assumidas no
Plano Pastoral.
II. Que o planejamento pastoral dos setores, das paroquias e áreas
missionarias, pastorais, serviços, movimentos e comunidades de
vida sejam feitos à luz do Plano de Pastoral.
III. Incentivar melhor a partilha eclesial em nossa arquidiocese,
promovendo ações solidárias, no campo econômico e no âmbito
pastoral, entre as comunidades, incentivando o Projeto Igrejas –
Irmãs/ Comunidades-Irmãs.
IV. Proporcionar formação nos aspectos sócio-transformador para
professores que já possuem engajamento nas comunidades,
como forma mais efetiva de atingir o público escolar.
2º Desafio: Renovação das PARÓQUIAS E ÁREAS MISSIONÁRIAS
COMO COMUNIDADE DE COMUNIDADES
“Eles eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na
comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2,42).
A paróquia e área missionária para se renovar conforme as
exigências do Doc 100 da CNBB, passa pelo processo da conversão
pastoral. A setorização da paróquia e área missionária em grupos
menores para favorecer a participação e evangelização dos irmãos e
irmãs afastados é um exercício missionário urgente.
“Muitas comunidades e paróquias do país vivenciam
experiências de profunda conversão pastoral. São comunidades
ocupadas com a evangelização, a catequese como processo de iniciação
à vida cristã, a animação bíblica da pastoral, a liturgia viva e participativa,
a atuação da juventude, os ministérios exercidos por leigos e leigas, os
Conselhos Comunitários, o Conselho Paroquial de Pastoral e o Conselho
de Assuntos Econômicos.
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Quem participa da vida de sua paróquia tem vínculos
comunitários. Há interesse e empenho em atrair os afastados. Nessas
paróquias, os párocos e os cristãos engajados, homens e mulheres,
desenvolvem uma pastoral de comunhão e participação. Entretanto,
apesar dessa riqueza, algumas não conseguem atingir a maior parte das
pessoas de sua jurisdição, em vista da grande população ou extensão
territorial. Ainda lhes falta ampliar a ação evangelizadora fortalecendo
pequenas comunidades que, juntas, formam a única comunidade
paroquial.”
(CNBB, Doc. 100, n. 30)
PISTAS DE AÇÃO
I. Ser uma Igreja Samaritana em atitude de acolhida e em
movimento de saída.
II. Colocar em prática as recomendações e orientações do Doc. 100
– Comunidade de Comunidade: uma nova Paróquia.
III. A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE
A Missão é o Caminho da Palavra. O Anúncio do Evangelho traz
consigo implicações sociais. As Diretrizes da Ação Evangelizadora
indicam que a urgência é o serviço à vida plena para todos. A Evangelii
Gaudium deixa claro que não existe confissão de fé sem compromisso
social (178). Trata-se de tirar as consequências práticas do Evangelho e
da Doutrina Social da Igreja.
“A Igreja, guiada pelo Evangelho da Misericórdia e pelo amor ao
homem, escuta o clamor pela justiça e deseja responder com todas as
suas forças”. Nesta linha, se pode entender o pedido de Jesus aos seus
discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mc 6, 37), que envolve tanto
a cooperação para resolver as causas estruturais da pobreza e promover
o desenvolvimento integral dos pobres, como os gestos mais simples e
diários de solidariedade para com as misérias muito concretas que
encontramos.” ((Evangelii Gauidium, 188).
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1º Desafio: Acolhida dos MIGRANTES E INDÍGENAS
“ Não oprimas o estrangeiro... pois fostes estrangeiro na terra
do Egito”.
(Ex 23,9)
Manaus é uma cidade marcada pela mobilidade humana,
fenômeno que já atinge os outros municípios e nossa Arquidiocese.
Dentre estes peregrinos em busca de esperança estão os migrantes,
imigrantes, refugiados e povos indígenas. São os novos rostos
sofredores que doem em nós (cf DAp 65). A Igreja como Mãe deve sentir-
se como Igreja sem fronteiras, atenta ao fenômeno da mobilidade
humana (Cf. DAp, 412), dar atenção e debruçar-se sobre novas formas
de pobreza dentre as quais os povos indígenas. Como são belas as
cidades que superam a desconfiança e integram os que são diferentes!
(Cf Evangelii Gaudium 210).
PISTAS DE AÇÃO
I. Organizar e ampliar a pastoral do migrante nas Paróquias e
Áreas Missionárias, dando atenção à Evangelização dos
migrantes, imigrantes, refugiados e de indígenas que chegam e
que estão em nossas cidades, com visitas e acompanhamentos
pastorais e solidários com atenção à sua realidade social e
econômica.
II. Fortalecer a Pastoral Indigenista na Arquidiocese de Manaus,
apoiando suas ações nas paróquias e áreas missionárias.
III. Reconhecer a presença dos indígenas em nossas comunidades
e incentivar a sua participação mais visível em nossa Igreja.
2º Desafio: Retomada das ESCOLAS DE FÉ E POLÍTICA
“...A fé: se não se traduz em ações, por si está morta” (Tg”2,14).
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O protagonismo dos leigos é insubstituível e imprescindível na
ação transformadora da realidade em que vivem, marcada pela
exclusão e pela violência. Um de seus campos específicos de atuação
passa pela formação de pensadores e pessoas que estejam nos níveis
de decisão, evangelizando com especial atenção e empenho. (Cf. Carta
Encontro Igreja na Amazônia Legal Out/2013).
PISTAS DE AÇÃO
I. Retomar as Escolas de Fé e Política, dando atenção à
participação de leigos nos Conselhos de Direitos.
II. Recuperar a Comissão Ecumênica de Defesa da Vida.
3º Desafio: Presença nos CONSELHOS DE DIREITO E
PARTICIPAÇÃO POLÍTICA
“Os que são considerados chefes das nações as dominam e os seus
grandes fazem sentir seu poder. Entre vos não deve ser assim.”
(Mc 10,42-43)
Desde o início da formação da sociedade brasileira a Igreja
Católica contribuiu e participou de todos os acontecimentos históricos.
Hoje, mais que nunca, urge a participação dos cristãos, sobretudo os
leigos e leigas em todas as instâncias de participação da sociedade. A
nossa participação contribuirá para que a organização da sociedade
esteja a serviço de todos.
“Incentive-se cada vez mais a participação social e política dos
cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e Instituições, ativa e
consciente nos Conselhos de Direitos. No mundo de hoje, com a crise da
Democracia representativa, cresce a importância e, portanto, a
necessidade de colaboração da Igreja, no fortalecimento da sociedade
civil, na participação em iniciativas de controle social, bem como no
serviço em prol da unidade e da fraternidade entre os povos.” (Doc.
CNBB 94, Diretrizes Gerais, 115).
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PISTAS DE AÇÃO
I. Ampliar a presença nos espaços de decisão: Conselhos de
Direitos, Conferências de Políticas Públicas, Audiências
Públicas, Associações e Movimentos Sociais, estimulando a
participação de leigos e leigas, religiosos (as) e padres (cf.
DIRETORIO DE PASTORAL).
II. Mapear e acompanhar a formação e ação dos católicos que estão
já atuando nos conselhos de direitos ou possam vir atuar
(Institucionalizando nossa participação e não individualizando).
III. Reaproximar a Igreja da Universidade dentro da Dimensão Social
para Transformação da Realidade (pastorais sociais).
IV. NOVOS DESAFIOS MISSIONÁRIOS
1º Desafio: Evangelização dos moradores de CONDOMÍNIOS E
CONJUNTOS HABITACIONAIS
“O que escutais ao pé do ouvido, proclamai sobre os telhados.” (Mt
10,27)
Enquanto assistimos o crescimento da capital e dos municípios
que compõem a Arquidiocese, percebemos que a expansão horizontal
(Manaus que se expande para zona norte) vai assumindo nova direção:
a verticalização das cidades. Este processo cria novas unidades
habitacionais: condomínios fechados de difícil acesso e os edifícios de
apartamentos com poucas relações de vizinhança. Este desafio,
próprio do contexto urbano, não inibe nossa ação missionária.
“Nos lugares de grande urbanização, a recusa em abrir casas
pode ser um fator complicador. Haverá então, pequenos grupos que
poderão ser formados por moradores de um edifício, mas também
pequenos grupos que poderão se formar com moradores de locais
distintos e mesmo distantes” (CNBB Doc.100, 250). Estes espaços
clamam pela Boa Notícia de Cristo. Ousadia e criatividade,
impulsionados pelo espírito da missão, em sair e ir ao encontro do outro.
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PISTAS DE AÇÃO
I. Dar atenção especial à evangelização em espaços de
condomínios e conjuntos residenciais.
2º Desafio: MISSÃO AD GENTES
“Ide pois, fazer discípulos entre todas as nações.” (Mt 28,19).
Antes de partir em missão é necessário uma ótima e qualificada
formação que “envolva a pessoa no saber, no fazer e no ser”. Isto implica,
tornar-se discípulo-missionária do Senhor, mediante uma formação
permanente e integral. Este processo de discipulado inicia com a adesão
e profunda consciência da pessoa de Jesus.
“A Evangelização está essencialmente relacionada com a
proclamação do Evangelho àqueles que não conhecem Jesus Cristo ou
sempre o recusaram. Muitos deles buscam secretamente a Deus,
movidos pela nostalgia do seu rosto, mesmo em países de antiga
tradição cristã. Os cristãos têm o dever de anunciá-lo, sem excluir
ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas como
quem partilha uma alegria. A causa missionária deveria ser a primeira de
todas as causas” (Cf. Evangelii Gaudium 14-15).
PISTAS DE AÇÃO
I. Organizar e fortalecer a Formação Missionária em vista da
Missão Ad Gentes.
II. Fortalecer as Escolas de Formação (Teológica/Pastoral) de
forma descentralizada, com enfoque na espiritualidade
missionária, ampliando-as.
III. Promover, ampliar e incentivar as Santas Missões Populares.
IV. Dar maior atenção às pessoas, de modo geral, por meio das
visitas missionárias.
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