Samuel Pessoa

23
Características estruturais da economia brasileira Samuel Pessoa Ibre-FGV Fórum Econômico-FGV/SP Setembro de 2009

Transcript of Samuel Pessoa

Page 1: Samuel Pessoa

Características estruturais da economia brasileira

Samuel PessoaIbre-FGV

Fórum Econômico-FGV/SPSetembro de 2009

Page 2: Samuel Pessoa

Roteiro:

1. Crescimento liderado por produtividade2. Carência de poupança3. Forma saudável de financiamento externo4. Déficit externo sustentável elevou-se5. Inserção externa6. Conclusão7. Comentário sobre o pré-sal

Page 3: Samuel Pessoa

Crescimento liderado por elevação da PTF

Produto PTF K L0,056 0,007 0,023 0,026

12 41 470,031 0,009 0,008 0,014

30 26 440,037 0,024 0,004 0,009

64 12 240,053 0,028 0,009 0,016

53 17 300,050 0,029 0,011 0,010

57 23 190,045 0,019 0,011 0,015

43 25 33

2003-2004

Decomposição do Crescimento: Produtividade e Fatores

2007-2008

2003-2008

2004-2005

2005-2006

2006-2007

Page 4: Samuel Pessoa

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

2019

91 T

119

91 T

319

92 T

119

92 T

319

93 T

119

93 T

319

94 T

119

94 T

319

95 T

119

95 T

319

96 T

119

96 T

319

97 T

119

97 T

319

98 T

119

98 T

319

99 T

119

99 T

320

00 T

120

00 T

320

01 T

120

01 T

320

02 T

120

02 T

320

03 T

120

03 T

320

04 T

120

04 T

320

05 T

120

05 T

320

06 T

120

06 T

320

07 T

120

07 T

320

08 T

120

08 T

320

09 T

1

Taxa de Investimento Elevação do gasto autônomo

2005 T114,7

2008 T319,1

Page 5: Samuel Pessoa

-5

0

5

10

15

20

Poupança externa (% PIB)

Poupança Pública

Poupança Privada

Page 6: Samuel Pessoa

Por que a poupança é tão baixa?

• Há evidências com dados de cross-section que a poupança e o crescimento correlacionam-se positivamente

• Explicações:– Keynes: princípio da demanda efetiva– Clássica: a elevação da renda eleva a poupança

dos trabalhadores ativos mas não eleva a despoupança dos inativos

Page 7: Samuel Pessoa

Por que a poupança é tão baixa?

• A valorização do câmbio no período sugere que a explicação keynesiana não se ajusta bem ao período

• Minha impressão:– No Brasil uma série de políticas e regras previdenciárias

– elevação do salário mínimo, aposentadoria integral dos funcionários públicos – fazem com que o crescimento eleve a renda permanente mais do que a corrente

– Isto explicaria correlação negativa entre crescimento e poupança

Page 8: Samuel Pessoa

Minha interpretação é que teremos que contar com poupança externa

• Qual é a capacidade do Brasil absorver poupança externa?• Penso que quatro característica recentes elevaram em muito esta

capacidade– Câmbio flutuante– Dívida em moeda local– Parte expressiva do passivo externo líquido em renda variável: IED e

portfólio– Elevadas reservas governamentais

• Estrutura de financiamento externo próxima à da Austrália• Não me parece impossível déficits persistentes de 4,5% do PIB ao

longo de uma década ou mais se...• ... mantivermos as quatro características e se não quebrarmos

contratos

Page 9: Samuel Pessoa

-300000

-200000

-100000

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

12 2

001

06 2

002

12 2

002

06 2

003

12 2

003

06 2

004

12 2

004

06 2

005

12 2

005

06 2

006

12 2

006

06 2

007

12 2

007

06 2

008

12 2

008

06 2

009

Figura 14: Fontes de Financiamento e Passivo Externo Líquido

Investimento estrangeiro direto

Investimentos em carteira

Derivativos

Outros investimentos

Reservas

Passivo externo liquido

Page 10: Samuel Pessoa
Page 11: Samuel Pessoa

Inserção externa

• No último ciclo de crescimento as exportações cresceram fortemente

• As exportações de bens manufaturados também cresceram muito

• No entanto o crescimento das exportações de manufaturados deveu-se ao crescimento do mercado da América do Sul

• O forte crescimento das exportações para a China é praticamente de 100% de produtos primários

• O que ocorrerá quando a China competir com o Brasil na América do Sul?

Page 12: Samuel Pessoa

Básicos Manufaturados Semi-manufaturados2003 100 100 1002004 113 126 1072005 121 140 1142006 129 143 1182007 144 147 1192008 144 140 1182009 137 96 98

2003-2004 13 26 72004-2005 7 11 62005-2006 6 2 42006-2007 12 3 12007-2008 0 -5 -12008-2009 -5 -31 -17

Tabela 8: Índice de Quantum das Exportações por Grupos

Taxa de Crescimento

Page 13: Samuel Pessoa

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008América do Sul 35 36 33 26 29 33 35 36 38 39

Mercosul 22 22 17 9 13 15 17 17 19 22

Aladi (exceção Mercosul) 12 14 16 18 16 17 18 19 18 18

EUA 28 30 34 36 33 28 25 23 19 18

UE 20 18 16 17 17 19 17 17 19 19

Ásia 6 5 5 7 7 6 6 6 5 6

Oriente Médio 1 1 2 2 2 2 3 3 3 2

Africa 3 3 4 5 5 5 7 5 7 7

Outros 7 7 7 7 7 7 9 9 9 9

Exportação de bens manufaturados: Destino

Page 14: Samuel Pessoa

Ásia/Pacífico Argentina Chile China EUA Mercosul México UE2002 34 -16 24 97 15 -15 31 242003 8 103 27 34 2 82 12 102004 0 21 12 -11 11 18 32 182005 20 16 17 61 -2 14 -7 -92006 -12 4 -16 -9 -6 7 -9 142007 4 18 1 6 -6 17 0 132008 28 -21 6 -21 -17 -18 -24 -16

2003-2008 52 179 48 45 -19 150 -5 292009 -6 -37 -41 51 -34 -35 -46 -20

Tabela 9: Taxa Crescimento de Quantum Exportado por Blocos e Países

Page 15: Samuel Pessoa

O que ocorreu?

• O forte crescimento da China e de outros países asiáticos elevou os preços dos bens primários

• Consequentemente elevou-se a renda da América do Sul

• A elevação da demanda da América do Sul por manufaturas sustentou o crescimento das exportações brasileiras de manufaturas

• Em algum momento adiante a China entrará no mercado da América do Sul

Page 16: Samuel Pessoa

Uma nota:

• Por enquanto o Brasil não tem se beneficiado diretamente do crescimento dos preços das commodities

• Somos também importadores de commodities

Page 17: Samuel Pessoa

50

70

90

110

130

150

170

190

210

230

250

19

98

.01

19

98

.06

19

98

.11

19

99

.04

19

99

.09

20

00

.02

20

00

.07

20

00

.12

20

01

.05

20

01

.10

20

02

.03

20

02

.08

20

03

.01

20

03

.06

20

03

.11

20

04

.04

Figura 10: Índices de preços de Exportados, Importados, Termos de Troca e CRB

TOT

CRB

EXP

IMP

Page 18: Samuel Pessoa

Conclusão

• As características estruturais de nossa economia– Carência de poupança– Facilidade (possível) de financiamento externo– Forte vantagem comparativa em produtos

primários• ... apontam que haverá nos próximos anos

forte especialização em bens primários

Page 19: Samuel Pessoa

Conclusão

• Seremos uma economia com forte especialização em bens tradables primários e em serviços

• Problema: sem resolver o nó educacional é difícil imaginarmos uma economia moderna com esse padrão de especialização

• Serviços modernos são intensivos em capital humano

Page 20: Samuel Pessoa

Críticas ao PL do pré-sal

• O marco regulatório vigente é muito eficiente• O argumento de que a redução do risco

exploratório requer alteração do marco regulatório não procede

• É necessário mostrar que o marco regulatório vigente não é apropriado à nova situação

• Esta demonstração não foi oferecida à sociedade

Page 21: Samuel Pessoa

Críticas ao PL do pré-sal

• O marco regulatório vigente é muito flexível• Com as três formas de renda governamental – bônus de

assinatura, royalty e participação especial – é possível replicar qualquer contrato com alterações mínimas na lei atual– Eliminar a necessidade do pagamento do royalty– Elevar a alíquota máxima da PE que hoje é de 40%

• A ANP dispõe de instrumentos para garantir que a lavra observará as melhores práticas da indústria, isto é, que o ritmo de exploração objetivará a máxima recuperação econômica da reserva

Page 22: Samuel Pessoa

Críticas ao PL do pré-sal

• O novo marco regulatório é confuso:• Mistura três sistemas:

– Concessão– Partilha– Cessão de direitos

• A cessão de direitos para a Petrobrás de 5 bilhões de barris de petróleo (1/3 das reservas atuas exclusive pré-sal) representa elevadíssima transferência de recursos da União à empresa, pois a União abre mão da PE e possível partilha

Page 23: Samuel Pessoa

Críticas ao PL do pré-sal

• Parece-me que o objetivo de toda a mudança é fazer política industrial para nacionalizar a indústria

• Não há argumentos microeconômicos que justifiquem esse curso de ação– O petróleo é uma indústria madura no Brasil– Somos líderes em algumas áreas

• Do ponto de vista macro a elevação do requerimento de nacionalização, associada à nossa carência de poupança, produzirá ‘doença holandesa’ antes que o primeiro poço esteja em produção