Sandra do Sameiro da Silva Nobre - Universidade do...
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DECLARAÇÃO
Nome: Sandra do Sameiro da Silva Nobre
Endereço eletrónico: [email protected] Telefone: 934144679
Cartão do Cidadão: 10338967
Título da dissertação: Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal:
Perspetivas sobre a dislexia
Orientadora: Ana Paula Loução Martins, Professora Auxiliar
Ano de conclusão: 2018
Mestrado em Educação Especial - Especialização em Necessidades Educativas Especiais no Domínio
Cognitivo e Motor
DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR, NÃO É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DE QUALQUER
PARTE DESTA DISSERTAÇÃO.
Universidade do Minho, _____/_____/2018
Assinatura:
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AGRADECIMENTOS
Nesta página de agradecimentos quero reconhecer e agradecer a todas as pessoas que, direta
ou indiretamente, durante o Mestrado em Educação Especial, me ajudaram a concretizar mais um
objetivo académico.
À Professora Ana Paula Martins, orientadora deste projeto, muito obrigada não só pela
dedicação, profissionalismo e disponibilidade que sempre demonstrou, mas também pelas palavras que
me fizeram evoluir desde o primeiro momento.
À direção do agrupamento de escolas, aos diretores das turmas de mestrado, aos professores
que acederam colaborar no preenchimento do questionário e que sem eles não teria sido possível.
Ao meu marido pela ajuda, pelo ânimo, pelas palavras de incentivo dadas desde o primeiro
momento e nos momentos mais difíceis, fazendo-me acreditar que era possível, não me deixando nunca
desistir desta caminhada, por vezes tão difícil.
À minha filhota por todo o amor, carinho e compreensão transmitidos e por aceitar a ausência
da mãe em muitos momentos ao longo deste percurso.
À minha família por todo o carinho, preocupação e apoio que me facultaram nos momentos em
que mais precisei.
Ao meu afilhado pelos conselhos, estímulos e pela preciosa ajuda que me deu ao longo desta
etapa.
À Sónia pela ajuda preciosa que me deu e que sem ela eu não teria conseguido lá chegar.
Aos meus amigos pelas conversas e desabafos e por sempre acreditarem que conseguiria chegar
ao fim.
À memória das pessoas importantes da minha vida, especialmente à minha mãe e ao meu avô,
que, apesar de ausentes fisicamente, acredito que estão felizes com este momento.
A todos, muito obrigada!
v
RESUMO
Neste trabalho de investigação apresenta-se um estudo que teve por finalidade analisar os
conhecimentos de professores em serviço e em formação do 1º Ciclo do Ensino Básico sobre dislexia.
Os dados foram recolhidos junto de 96 participantes num agrupamento de escolas e numa universidade
do Norte de Portugal, através de um questionário adaptado do estudo de Soriano-Ferrer et al. (2016), e
do questionário utilizado por Carreira (2016). A metodologia utilizada nesta investigação é de natureza
quantitativa, descritiva e inferencial. As conclusões mostram que: 1) no geral, os participantes revelam
possuir conhecimentos sobre a dislexia, nomeadamente sobre as caraterísticas, a origem e diagnóstico
e o ensino e apoio aos alunos, verificando-se, no entanto, alguns equívocos e também dúvidas; 2) as
variáveis pessoais como o “género”, e as variáveis profissionais como o “tempo de serviço”, o “contato
com alunos com dislexia formalmente diagnosticada”, os “participantes em serviço e em formação” e a
“formação especializada na área da dislexia”, tiveram influência nos resultados dos conhecimentos sobre
dislexia dos participantes; 3) a escala apresenta um coeficiente de Alpha de Cronbach de 0,696,
considerado aceitável; 4) os resultados da análise fatorial não mostram coerência conceptual pelo que
se sugere um estudo posterior.
Este estudo permite analisar os conhecimentos dos professores sobre dislexia e contribuir para
a organização de apoios nesta área.
Palavras-Chave: Professores, Conhecimentos e perceções sobre dislexia.
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ABSTRACT
This research work presents an advanced study that intends to analyse the teachers knowledge
about dyslexia, both in training and service. The data was collected through 96 participants in a group of
schools and in a university in the North of Portugal, based on two questionnaires: one adapted from the
Soriano-Ferrer et al. (2016) study and the other used by Carreira (2016). The methodology used during
this research in this paper is quantitative, descriptive and inferential. The conclusions show that: 1) in
general, the participants reveal knowledge about dyslexia, such as the characteristics, the diagnoses and
how to teach and support students, however, some of that information is misunderstood and doubts; 2)
personal variables such as “gender”, professional variables such as “work experience”, “direct contact
with students with formally diagnosed dyslexia”, “participants in service and training” and “professional
training in dyslexia education” had impact on participants knowledge about dyslexia; 3) the scale shows
a Cronbach's Alpha coefficient of 0.666, which is considered acceptable; 4) the results of the factorial
analysis do not show conceptual coherence and a posterior study is suggested.
This study allows to analyze the teachers knowledge about dyslexia and to contribute to an
organization that supports this nature of problem.
Keywords: Teachers, Knowledge and perceptions about dyslexia.
ix
ÍNDICE
Agradecimentos............................................................................................................................. iii
Resumo ......................................................................................................................................... v
Abstract ....................................................................................................................................... vii
Lista de Figuras ............................................................................................................................. xi
Lista de Tabelas ............................................................................................................................ xi
Introdução .................................................................................................................................... 1
Finalidade e Objetivos ..................................................................................................................... 2
Organização e Conteúdos ............................................................................................................... 3
I – Os Conhecimentos dos Professores sobre Dislexia: Uma Revisão Sistemática da Investigação ........ 5
II - Metodologia ............................................................................................................................ 31
2.1 – Opção Metodológica: Uma Investigação Quantitativa ............................................................ 31
2.2 – Desenho do Estudo ............................................................................................................. 32
2.2.1 – Amostra ....................................................................................................................... 32
2.3 – Instrumento de Recolha de Dados ....................................................................................... 33
2.4 – Realização do Pré teste ....................................................................................................... 34
2.5 – Procedimentos de Recolha de Dados ................................................................................... 35
2.6 – Procedimentos de Análise estatística dos Resultados ........................................................... 35
2.7 – Análise da Fiabilidade e da Validade da Escala e Análise Fatorial .......................................... 36
III - Apresentação dos Resultados.................................................................................................. 39
3.1 – Resultados Descritivos ......................................................................................................... 39
3.2 – Resultados Inferenciais ........................................................................................................ 44
3.3 – Resultados das Qualidades Psicométricas do Questionário ................................................... 53
3.3.1. – Fiabilidade e Validade .................................................................................................. 53
3.3.2. – Análise fatorial ............................................................................................................. 55
IV – Conclusões, Discussão e Limitações e Recomendações ........................................................... 57
4.1 – Conclusões e Discussão dos Resultados .............................................................................. 57
4.2 – Limitações e Recomendações .............................................................................................. 64
Referências Bibliográficas ............................................................................................................. 67
x
Anexo A – Questionário de Recolha de Dados ................................................................................ 70
Anexo B – Autorização do Diretor do Agrupamento ......................................................................... 73
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Fluxograma de pesquisa e seleção dos estudos incluídos na revisão.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Resumo dos estudos incluídos na revisão sistemática da investigação e principais resultados.
Tabela 2 – Descrição dos itens do questionário relativos ao conhecimento sobre dislexia.
Tabela 3 – Resultados absolutos e percentuais dos itens relativos à categoria Caraterísticas.
Tabela 4 – Resultados absolutos e percentuais dos itens relativos à categoria Origem e Diagnóstico.
Tabela 5 – Resultados absolutos e percentuais dos itens relativos à categoria Ensino e Apoio.
Tabela 6 – Estatísticas de Confiabilidade.
Tabela 7 – Estatísticas de Item Total.
Tabela 8 – Alpha de Cronbach para 20 itens.
Tabela 9 – Teste de Kaiser-Meyer-Olkin e Bartlett.
Tabela 10 – Estrutura fatorial após rotação Varimax.
Tabela 11 – Fatores/componentes de escala.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
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INTRODUÇÃO
Apesar da Associação Internacional de Dislexia ter desenvolvido padrões de conhecimento e
prática que descrevem aquilo que os educadores devem saber sobre dislexia, publicaram-se poucos
estudos sobre esse conhecimento (Washburn, Mulcahy, Joshi & Binks-Cantrell, 2016). A investigação
sobre o conhecimento dos professores sobre dislexia tem um impacto social extremamente importante,
pois ao sabermos o conhecimento que os professores possuem sobre a temática poder-se-á tomar
medidas para intervir.
De acordo com Washburn et al. (2016), autores de várias pesquisas concluíram que o
conhecimento do professor é extremamente importante no desenvolvimento de crianças e adolescentes
que estão a aprender a ler. Um outro fator importante associado ao conhecimento do professor é a forma
através da qual o professor usa o seu conhecimento para ensinar o aluno a ler. O conhecimento que o
professor possui desempenha um papel muito importante em crianças com dislexia, mas a forma como
o professor usa o seu conhecimento para ensinar essas crianças é fundamental. Constata-se que quando
os professores têm conhecimento adquirido, por exemplo, através de cursos de formação inicial ou
mesmo no decorrer da atividade profissional, e sabem como usá-lo, esse conhecimento pode ter um
impacto bastante positivo na aprendizagem dos alunos, pois o sucesso dessa aprendizagem depende
dos métodos e estratégias dos professores. A formação dos professores é condição fundamental para
um conhecimento apropriado sobre dislexia de forma a evitar métodos pedagógicos que não respondam
às necessidades de aprendizagem dos alunos com esta problemática Os professores possuem
conhecimentos exatos e precisos sobre a dislexia, nomeadamente que a dislexia é uma incapacidade na
leitura, mas possuem também muitos equívocos, como a afirmação de que a inversão de letras é uma
característica distintiva da dislexia (Washburn et al., 2016).
Segundo Marques (2014), as crianças com dislexia, sem os devidos apoios pedagógicos, podem
evidenciar lacunas na aprendizagem, não só na leitura, mas também na atenção e concentração ou
hábitos de estudo, podendo mesmo prejudicar a motivação. A auto estima destas crianças fica muito
fragilizada e o seu comportamento é prejudicado. Daí que a inexistência de um acompanhamento
adequado e atempado traz uma série de consequências, especificamente falta de interesse pelo estudo,
insucesso escolar ou até mesmo abandono escolar. Adicionalmente, estas consequências irão implicar
outras problemáticas no seio da sociedade, como a exclusão. As crianças com dislexia ao serem vítimas
de discriminação em relação aos seus colegas sentem-se inferiores e geram uma baixa autoestima. Para
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
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Marques (2014), com todas as dificuldades sentidas na leitura e as frustrações acumuladas, os alunos
com esta problemática podem desenvolver comportamentos antisociais que vão desde a agressividade
à marginalização progressiva. Cabe, assim, ao professor estar sempre atento ao desenvolvimento das
crianças com dislexia, de modo a intervir rápida e eficazmente para atenuar essas situações.
Assim, o estudo considera-se oportuno a três níveis: científico, social e pessoal. Este estudo é
relevante a nível científico porque se verifica, através da revisão sistemática da literatura, que esta
temática é pouco explorada e que os professores revelam muitas dúvidas e conhecimentos errados
acerca da dislexia. A nível social constata-se a sua relevância e atualidade, visto a dislexia ser uma das
problemáticas com maior taxa de prevalência. Com base na investigação efetuada, estima-se que cerca
de 6% dos alunos em idade escolar podem manifestar dificuldades de aprendizagem específica (Bradley,
Danielson & Hallahan, 2002, citados por Martins et al., 2009) e, destes, aproximadamente 80% podem
ter dislexia (The International Dyslexia Association, 2009, citado por Martins et al., 2009). A nível pessoal
a temática em estudo desperta interesse, na medida em que os conhecimentos acerca do tema são uma
mais-valia não só para os profissionais de educação como também para a sociedade em geral. Este
estudo vem enriquecer não só os meus conhecimentos como também o interesse e gosto pela área da
dislexia pelo fato de já ter lidado com crianças com dislexia e não ter conseguido ajustar estratégias para
os ajudar a ultrapassar as suas dificuldades, sentindo-me incapaz de lhes proporcionar o apoio
adequado.
FINALIDADE E OBJETIVOS
O presente estudo tem como finalidade caraterizar os conhecimentos que professores em serviço
e em formação do 1ºCiclo do Ensino Básico do Norte de Portugal têm sobre dislexia. Neste sentido,
considera-se pertinente estabelecer os seguintes objetivos:
1. Analisar os conhecimentos que os professores possuem sobre as caraterísticas, origem e
diagnóstico e ensino e apoio da dislexia.
2. Analisar se os conhecimentos estão relacionados com variáveis pessoais, como o género, e
com variáveis profissionais como o “tempo de serviço”, o “contato com alunos com dislexia formalmente
diagnosticada”, os “participantes em serviço e em formação” e a “formação especializada na área da
dislexia”.
3. Conhecer a fiabilidade e a validade dos resultados obtidos.
4. Verificar a adequabilidade dos componentes do instrumento de recolha de dados.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
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ORGANIZAÇÃO E CONTEÚDOS
A presente investigação está organizada em quatro capítulos. Assim, no primeiro capítulo é feito
o enquadramento teórico onde se apresenta a revisão sistemática da literatura sobre a problemática em
análise: o conhecimento dos professores em serviço e em formação sobre dislexia. A revisão sistemática
da literatura é um dos projetos mais adequados para se verificar o estado da arte sobre algum tema
específico, permitindo, por um lado, aprofundar o conhecimento sobre a temática investigada e, por
outro, apontar lacunas que precisam ser preenchidas por meio da realização de novas investigações
(Ribeiro, 2014, citado por Gasparotto, Szeremeta, Vagetti, Stoltz & Oliveira, 2018).
No segundo capítulo, que diz respeito à metodologia que esteve na base da realização deste
estudo, justifica-se a escolha da metodologia bem como do instrumento utilizado na recolha de dados.
Ainda neste capítulo caracteriza-se a amostra e o instrumento de recolha de dados e indicam-se os
procedimentos de análise de dados e apresentação dos resultados.
No terceiro capítulo apresentam-se os resultados obtidos, primeiro em termos descritivos e em
seguida em termos inferenciais.
No quarto e último capítulo, faz-se a apresentação e discussão das conclusões gerais deste
estudo, bem como algumas considerações sobre as suas limitações, terminando a apresentação com
propostas e recomendações para futuras investigações na área.
Por último, serão listadas as referências bibliográficas que serviram de base a esta investigação.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
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I – OS CONHECIMENTOS DOS PROFESSORES SOBRE DISLEXIA: UMA REVISÃO
SISTEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO
A presente pesquisa, desenvolvida em dezembro de 2017, foi realizada nas bases de
dados do Repositório da Universidade do Minho, Google Scholar, Scielo e Web of Science e as
palavras-chave utilizadas foram: teachers knowledge and perceptions about dyslexia. A pesquisa
dos estudos foi realizada com palavras-chave em língua inglesa e portuguesa. Não foi definida
limitação de data de publicação e foram considerados estudos em português e em inglês.
Relativamente ao tipo de documento foram selecionados artigos e teses de mestrado. O resultado
desta pesquisa foi de 30 estudos potencialmente relevantes para esta revisão. Foram eliminados
oito estudos por se encontrarem duplicados nas diferentes bases de dados. Seguidamente, foi
realizada uma análise inicial no sentido de se verificar se os estudos a incluir na presente revisão
eram de investigação e se apresentavam secções que caracterizavam a amostra, o instrumento
de medida, os principais resultados e a discussão dos mesmos. Após análise dos resumos foram
selecionados 22 estudos para leitura na íntegra, tendo sido examinados com os critérios de
inclusão estabelecidos. Destes, foram excluídos seis por não incluírem todas as secções
pretendidas e referidas anteriormente. Foram contemplados 16 artigos que serviram de base à
análise para a temática em investigação: os conhecimentos dos professores sobre dislexia. A
Figura 1 apresenta o fluxograma onde se descreve o processo de pesquisa e seleção dos estudos.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
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Figura1 – Fluxograma de pesquisa e seleção dos estudos incluídos na revisão
De seguida apresenta-se a síntese relativa dos 16 estudos considerados nesta revisão.
No estudo desenvolvido por Allington (1982) analisou-se a hipótese do défice percetual
visual concretamente de problemas na aprendizagem da leitura que possam ser atribuídos à
perceção imprecisa de letras e palavras e que essa perceção tem, geralmente, origem em alguma
disfunção neurológica. Assim, os investigadores pretenderam analisar as crenças dos profissionais
sobre a hipótese do défice percetual na causa da dislexia. O instrumento de recolha de dados
utilizado por Allington (1982) para a realização deste estudo foi um teste com dez itens de resposta
“Verdadeiro” ou “Falso” para administrar a dois grupos de professores. Um grupo era constituído
por 100 professores do ensino regular que frequentavam um workshop intitulado “Avaliação das
capacidades percetivas visuais”, estando igualmente a frequentar ações de formação de
desenvolvimento profissional com o objetivo de melhorar as suas capacidades para trabalhar com
estudantes com dificuldades de aprendizagem. O outro grupo, também constituído por 100
participantes, eram professores especialistas que frequentavam também um workshop com o
mesmo tema, “Avaliação das capacidades percetivas visuais”, e patrocinado por uma organização
sem fins lucrativos com preocupações com a educação de crianças com dificuldades de
Estudos identificados a partir da pesquisa de dados (n=30)
Estudos excluídos por se encontrarem duplicados nas diferentes bases de dados
(n=8)
Estudos selecionados para leitura na íntegra (n=22)
Estudos excluídos por não incluírem todas as secções
pretendidas (n=6)
Estudos selecionados para análise (n=16)
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
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aprendizagem. A grande maioria destes professores eram especialistas na área de dificuldades de
aprendizagem ou de educação especial. Os resultados do estudo de Allington (1982) acerca das
crenças dos professores sobre o défice percetual visual mostraram que cerca de 40 a 70 % dos
professores do ensino regular e 10 a 50 % dos professores especializados responderam,
erradamente, “Verdade” a cada item. Salientou-se que as convicções erróneas por parte dos
professores poderão ter um impacto educacional prejudicial se o desempenho dos alunos não for
corretamente diagnosticado. Como exemplo das ideias erradas que possuem destacou-se o fato
de cerca de metade dos participantes revelarem que a causa mais prevalente da dificuldade de
leitura são as deficiências percetivo-visuais e mais de metade dos inquiridos concordaram que os
erros de inversão na leitura são indicadores de um distúrbio percetivo visual (Allington, 1982).
O estudo de Washburn et al. (2013) teve como propósito, em primeiro lugar, explorar o
que os professores em formação nos Estados Unidos da América e do Reino Unido sabem sobre
a dislexia e, em segundo lugar, investigar se esse conhecimento é idêntico nos dois países.
Participaram no estudo de Washburn et al. (2013) 171 professores, em formação, de três
universidades, sendo que 101 professores pertenciam a duas universidades do Sudoeste dos
Estados Unidos da América e 70 professores eram de uma universidade do Norte de Inglaterra,
tendo sido usado um questionário adaptado a partir do Dyslexia Belief Index (Wadlington &
Wadlington, 2005). Contudo, os itens do questionário deste estudo foram construídos tendo por
base a recente pesquisa feita em dislexia nos dois países. Salienta-se que foram feitas duas
versões precisamente com o propósito de refletir sobre a educação dos dois países, na medida
em que têm leis e políticas que protegem indivíduos com dislexia, assim como ambos os países
têm reconhecido a necessidade de qualificar e especializar os professores para a instrução da
leitura. O questionário continha 22 itens, dos quais três eram itens com indicações sócio
demográficas e 19 eram itens relacionados com dislexia. Três itens solicitavam aos participantes
para especificar o número de cursos de leitura ou os módulos de alfabetização frequentados; os
restantes 19 itens eram declarações sobre a dislexia, dos quais oito eram afirmações sobre a
natureza da dislexia como uma dificuldade de aprendizagem de processamento da linguagem e
11 itens eram equívocos comuns sobre dislexia. Para responder ao questionário os participantes
usaram uma escala tipo Likert. Os questionários foram administrados antes dos módulos dos
cursos que frequentavam para eliminar toda e qualquer influência que pudesse surgir após a
frequência dos mesmos (Washburn et al., 2013).
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
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Os resultados do estudo de Washburn et al. (2013) mostraram que os professores de
ambos os países têm um conhecimento similar, bem como um conhecimento errado comum
acerca da dislexia. Aponta-se como exemplo o item que indica que ambos consideram que a
dislexia é causada por um défice de perceção visual. Este equívoco prevalece quer entre
professores em formação quer em serviço, como se pode comprovar noutros estudos (Wadlington
& Wadlington, 2005; Allington, 1982). Constatou-se que a diferença de respostas entre os dois
grupos foi pequena em alguns itens, enquanto noutros itens foi considerada maior. Por exemplo,
no item relativo à inversão de letras, verificou-se que a diferença entre os dois grupos foi menor.
Todavia, é indispensável realçar que apesar da escassa diferença, os participantes de ambos os
grupos responderam que a dislexia é caracterizada pela inversão das letras, o que é claramente
um equívoco. Verificou-se uma diferença maior no item que afirmava, equivocamente, que as
crianças podem superar a dislexia e que esta tem cura. Apesar das intervenções que podem ajudar
as crianças a colmatar os problemas de leitura associados à dislexia, esta permanece para toda a
vida. A dislexia é também erradamente compreendida como afetando mais rapazes do que
raparigas. No entanto, as investigações sugerem que afeta de forma igual rapazes e raparigas.
Fala-se de equívocos como por exemplo, ajustamentos visuais com sobreposições de lentes
coloridas. De facto, estas intervenções podem ser eficazes em alunos com dificuldades visuais,
mas não são intervenções apropriadas para colmatar dificuldades associadas à dislexia que é uma
dificuldade baseada na linguagem com dificuldades de processamento fonológico e não visual. Os
professores em formação dos Estados Unidos da América e do Reino Unido partilham a ideia
correta de que a dislexia não é causada por fatores ambientais, ou seja, por falta de leitura em
casa (Washburn et al., 2013). Os resultados mostraram que, para ambos os grupos, a dislexia
como dificuldade de aprendizagem é confusa. Constataram, ainda, que os resultados obtidos neste
estudo podem ser apoiados pelo que outros investigadores, em ambos os países, já apontaram,
ou seja, a necessidade de os professores receberem informações baseadas em evidências sobre
a natureza e características da dislexia. As conceções erradas acerca da dislexia por parte dos
professores podem ter consequências negativas, nomeadamente diminuir a probabilidade dos
indivíduos com esta problemática receberem a necessária e adequada instrução de alfabetização.
Washburn et al. (2013) reconheceram que os resultados podem ser usados para fortalecer o
argumento de que os professores responsáveis pelo ensino da leitura necessitam ter
conhecimentos corretos sobre a dislexia. Concluíram, admitindo, que esses conhecimentos
podem, igualmente, ser utilizados para ajudar a construir pesquisa para os professores sobre a
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
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natureza e características da dislexia para prepará-los para trabalhar com indivíduos com esta
problemática
O estudo realizado por Soriano-Ferrer, Echegaray-Bengoa e Joshi (2016) teve como
finalidade, investigar o conhecimento, equívocos e falta de informação entre professores de língua
espanhola. Participaram 513 professores, divididos em dois grupos: 246 eram professores em
formação de diferentes universidades e 267 eram professores em serviço. A amostra foi
selecionada na mesma proporção de escolas privadas e estatais, localizadas em áreas urbanas
de Peru e Espanha sem qualquer desvantagem sócio económica. Soriano-Ferrer et al. (2016)
salientam que apesar de ambos os países falarem a mesma língua, diferem entre si quanto à
cultura, política e educação. Realça-se que 112 professores em formação foram recrutados em
duas universidades, uma estatal e outra privada, na cidade de Lima, no Peru, e 134, também em
formação, frequentavam duas universidades de Valência, Espanha, uma estatal e outra privada.
Foram ainda selecionados 152 professores em diferentes escolas da cidade de Lima e 115
professores em serviço provinham de diferentes escolas da cidade de Valência. O instrumento de
recolha de dados utilizado para o estudo de Soriano-Ferrer et al. (2016) foi um questionário
denominado Knowledge and Beliefs about Developmental Dyslexia Scale. Para o desenvolvimento
do questionário foi feita uma revisão científica da literatura a partir da qual se reuniram 65 itens
que, depois de revistos por especialistas, resultou num questionário com 36 itens. Cada item
consistia numa declaração sobre a dislexia, utilizando o formato de resposta ‘Verdadeiro’, ‘Falso’
e ‘Não Sei’. Soriano-Ferrer et al. (2016) defendem que com este formato de resposta é possível
diferenciar aquilo que os professores não sabem daquilo que são os seus equívocos. O
questionário media as informações gerais sobre a natureza, as causas e as consequências da
dislexia, assim como o diagnóstico e tratamento.
A análise dos resultados do estudo realizado por Soriano-Ferrer et al. (2016) permitiu
concluir que, de uma maneira geral e excetuando alguns itens, não existem diferenças
significativas entre os professores dos dois países. Contudo, os resultados mostraram que os
professores em serviço tiveram pontuações significativamente mais altas do que os professores
em formação, constatando-se que possuem mais conhecimentos corretos relativamente à dislexia
em comparação com o grupo de professores em formação que revela mais equívocos e lacunas,
ou seja, conceitos que não sabem sobre a temática. Estes resultados estarão relacionados com
os anos de experiência de ensino, o contacto com crianças com dislexia e a pós-graduação na
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área. Desta forma, os professores em serviço possuíam um conhecimento mais preciso do que o
outro grupo sobre a etiologia neurológica e genética da dislexia. O grupo de professores em serviço
reconhecia que as crianças com dislexia não têm um QI abaixo da média. Adicionalmente, Soriano-
Ferrer et al. (2016) revelaram que uma elevada percentagem de professores de ambos os grupos
tem conhecimento que as crianças com dislexia têm problemas com a fluência da leitura. Contudo,
também mostraram que uma grande percentagem de professores de ambos os grupos refere,
equivocamente, a dislexia como um défice de processamento visual em vez de fonológico.
Interessante é a constatação que indica que a grande maioria dos professores do estudo
desconhece o caráter vitalício da dislexia, acreditando erradamente que possa ser superada. É
importante realçar que cerca de metade dos professores dos dois grupos não tem conhecimento
sobre a falta de eficácia de lentes coloridas para ajudar indivíduos com dislexia (Soriano-Ferrer et
al., 2016). A falta de informação dos professores tem uma importância crucial no ensino,
necessitando de um entendimento correto da dislexia, defendendo que o assunto deve ser
abordado nos cursos universitários e em cursos de desenvolvimento profissional para aumentar o
conhecimento dos professores (Soriano-Ferrer et al., 2016).
Wadlington e Wadlington (2005) pretenderam com o seu estudo: a) criar e validar uma
escala para medir os conhecimentos dos professores relativamente à dislexia, b) utilizá-la para
investigar os conhecimentos dos professores e c) encontrar formas através das quais os
professores possam estar melhor preparados para ajudar crianças com esta problemática. A
amostra do estudo de Wadlington e Wadlington (2005), era composta por 250 participantes,
nomeadamente elementos do corpo docente da faculdade e estudantes de uma universidade
regional do sul dos Estados Unidos da América. Baseado numa extensa e exaustiva pesquisa de
literatura, os autores deste estudo construíram um questionário denominado Dyslexia Belief Index,
constituído por 32 itens, numa escala tipo Likert. O instrumento foi testado num grupo de 130
sujeitos e, com base nos seus comentários, foram retirados dois itens do questionário, e os outros
foram ligeiramente modificados, ficando apenas com 30 itens que, depois de validado, foi
posteriormente aplicado aos participantes do estudo.
Um dos objetivos deste estudo foi analisar os conhecimentos dos profissionais de
educação sobre a dislexia. A análise que Wadlington e Wadlington (2005) efetuaram é que todos
os educadores inquiridos possuem conhecimentos básicos sobre a dislexia. Revelam, no entanto,
equívocos, sendo que os mais comuns da maioria dos participantes foram: a) reversão das
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
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palavras como sendo o principal critério na identificação da dislexia; b) indivíduos com dislexia
exibem as mesmas características com graus semelhantes de severidade; c) não é verdade que
indivíduos com dislexia pronunciam palavras de forma correta, mas são incapazes de compreendê-
las e d) a dislexia não é hereditária. Os itens com mais conhecimentos corretos foram: a) pessoas
com dislexia não têm uma inteligência abaixo da média; b) um indivíduo pode ter dislexia e ser
sobredotado; c) a dislexia não é causada por um ambiente familiar pobre e/ou pobre instrução de
leitura e a dislexia afeta frequentemente as capacidades orais e escritas (Wadlington & Wadlington
2005).
Considerando as diferenças entre grupos, concluiu-se que os participantes do estudo que
se preparam para ser professores do ensino geral possuem um conhecimento melhor que os
outros. Tal conclusão poderá ser explicada pelo facto de aqueles terem de frequentar mais cursos
de leitura do que os outros educadores. Uma outra conclusão surpreendente é que os participantes
que se preparam para ser professores de educação especial aparentam ter menos conhecimentos
sobre dislexia do que os outros participantes. Contudo, era expectável que possuíssem mais
conhecimentos pelo fato de estarem a receber formação especializada na área de educação
especial. No entanto, as razões plausíveis poderão estar relacionadas com o local geográfico do
estudo, pois os alunos com ligeiro ou moderado grau de dislexia estão inseridos em turmas do
ensino geral e não em turmas de educação especial. Constatou-se que os participantes do corpo
docente da faculdade possuem um conhecimento mais sólido da dislexia do que os estudantes,
mas também se concluiu que aqueles possuem um maior número de equívocos (Wadlington &
Wadlington, 2005).
O terceiro objetivo deste estudo passou por perceber quais as formas indicadas pelos
participantes para se sentirem melhor preparados para ajudar indivíduos com dislexia. Assim, os
participantes referiram que querem aprender mais sobre o tema e em consequência disso
deveriam ler literatura científica sobre a temática, observar indivíduos com dislexia, ver vídeos,
fazer cursos universitários e, muito importante, nos já existentes, fossem incluídas mais
informações para garantir conhecimentos mais sólidos (Wadlington & Wadlington 2005).
Constatou-se que a maioria dos participantes admite que ser identificado como pessoa com
dislexia é benéfico para receber apoio especial. Relatam que se sentem empenhados em ajudar
indivíduos com esta dificuldade, no entanto não sabem como fazê-lo, realçando que se sentem
incapazes e sem preparação pelas universidades para trabalhar com esses indivíduos. Alguns
participantes revelam sentir-se frustrados e mesmo sozinhos na realização dessa tarefa. Referiram,
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
12
ainda, que os conhecimentos que possuem sobre esta dificuldade de aprendizagem resultam da
sua própria experiência pessoal e de pesquisas realizadas (Wadlington & Wadlington 2005). A
maioria dos participantes do estudo de Wadlington e Wadlington (2005) possui ideias erradas
sobre dislexia, mostrando, no entanto, interesse em aprender mais sobre esta dificuldade de
aprendizagem e que as universidades devem atender ao que os professores têm a dizer sobre as
suas experiências, pois, dessa forma, estarão melhor preparados para ajudar os alunos e isso será
benéfico, quer para os alunos quer para toda a sociedade (Wadlington & Wadlington, 2005).
O objetivo do estudo de Washburn et al. (2011a) foi examinar os conhecimentos dos
professores do ensino básico e educadores no que diz respeito ao conhecimento dos conceitos
básicos de linguagem relacionados com a instrução de leitura e sobre os seus conhecimentos e
perceções sobre dislexia. Os participantes da amostra do estudo de Washburn et al. (2011a) eram
provenientes de dois locais distintos. O primeiro grupo de 99 professores pertencia a dez distritos
escolares de um estado do Centro Oeste dos Estados Unidos. O segundo grupo de participantes,
constituído por 86 professores, era proveniente de um grande distrito urbano do Sudoeste dos
Estados Unidos. O instrumento utilizado para a realização deste estudo foi um questionário,
constituído por 51 itens, adaptado do questionário Dyslexia Belief Index (Wadlington & Wadlington,
2005). Destes, cinco itens avaliavam os conhecimentos dos professores na instrução de leitura
em alunos de desenvolvimento típico, leitores com dificuldades, consciência fonológica, fonética e
vocabulário, e 46 itens pretendiam analisar o conhecimento e capacidades nos diferentes
conceitos básicos. Os itens eram de escolha múltipla e resposta curta. Para examinar o
conhecimento e perceções dos professores sobre a dislexia, um dos itens foi dividido em cinco
subitens. Para estes, os participantes respondiam usando uma escala tipo Likert.
Os resultados deste estudo evidenciaram que o conhecimento de conceitos básicos da
área da linguagem, como por exemplo de fonologia ou fonética, são considerados essenciais para
os professores que trabalham com crianças que estão a iniciar a leitura. Contudo, tal como se
verifica noutros estudos, os resultados indicaram que os professores, em média, têm falta de
conhecimento destes conceitos importantes. No geral, os professores consideram que a sua
capacidade para ensinar crianças na leitura é “moderada”. Além disso, este estudo mostrou que
a experiência dos professores pode, sem dúvida, reforçar o seu conhecimento sobre determinados
conceitos básicos na área da linguagem (Washburn et al., 2011a). Os professores mantêm o erro
comum ao referir que a dislexia é um défice de processamento visual e não um défice processual
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
13
fonológico. Este equívoco poderá diminuir as hipóteses das crianças com dislexia de receberem a
conveniente intervenção. Contudo, uma grande percentagem de professores refere que os
indivíduos com dislexia têm problemas com a soletração e descodificação, mas não com
compreensão auditiva, e admitem ainda que os mesmos indivíduos não têm um QI inferior aos
outros. Um grande número de professores concorda que recebem pouca instrução para trabalhar
com crianças com dislexia, todavia reconhecem que é imperativo que recebam instrução e
informações, particularmente aqueles que ensinam os primeiros anos, perante a probabilidade da
existência de 15 a 20% de indivíduos com dislexia (Washburn et al., 2011a).
O estudo de Washburn et al. (2011b) teve como objetivo investigar o conhecimento sobre
as construções linguísticas dos professores em formação, bem como as suas perceções e
conhecimentos sobre dislexia. Participaram 91 professores que frequentavam um programa de
preparação de professores de uma universidade no Sudoeste dos Estados Unidos da América. Os
participantes eram estudantes de diferentes cursos que se ofereceram voluntária e anonimamente
para cooperar no estudo. Washburn et al. (2011b) para avaliar o conhecimento sobre as
construções linguísticas desenvolveram uma investigação baseada em pesquisas e questionários
utilizados por outros pesquisadores. O questionário usado e adaptado do Dyslexia Belief Index,
(Wadlington & Wadlington, 2005) tinha 39 itens e pretendia medir o conhecimento e as
competências do professor sobre a consciência fonológica, fonética/princípio alfabético,
morfologia, dislexia e compreensão. No entanto, dado o objetivo do estudo, apenas 28 itens foram
usados para análise. Os itens relacionados com o conhecimento eram de escolha múltipla e os
itens de capacidades eram de escolha múltipla e resposta curta.
Depois de analisados os resultados do presente estudo, Washburn et al. (2011b)
concluem que, em média, os professores em formação não possuem os conhecimentos
considerados importantes para ensinar crianças com dificuldades na leitura. Apesar disso,
constata-se que, em média, os professores em formação são capazes de mostrar que possuem
capacidades sobre determinadas construções de linguagem básica, como por exemplo contagem
de sílabas, no entanto não conseguem mostrar conhecimento explícito de princípios fonéticos, por
exemplo. As conclusões relativas ao conhecimento sobre a dislexia foram consistentes com alguns
mitos partilhados por professores em serviço e mesmo da sociedade em geral. Uma surpreendente
maioria dos professores descreve, erroneamente, que inverter letras ou palavras é caraterístico da
dislexia e mantêm o equívoco de que a dislexia é um défice de perceção visual e não um problema
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
14
com o processamento fonológico. Adicionalmente, a grande maioria dos professores tem
consciência de que não recebem a preparação adequada para ensinar crianças com dislexia
(Washburn et al., 2011b).
Washburn et al. (2011b) consideraram as conclusões deste estudo algo preocupantes,
tendo em conta a elevada prevalência da dislexia. É importante que os educadores envolvidos na
preparação de futuros professores tenham consciência de que o conhecimento sobre a leitura e
as dificuldades na leitura, aprendido nos programas de formação inicial, têm um papel importante
no exercício da função docente futura.
Os objetivos do estudo de Echegaray-Bengoa, Soriano-Ferrer e Joshi (2017) foram
investigar o conhecimento, os equívocos e as lacunas de conhecimento de professores peruanos
em formação e em serviço. Para a sua realização, foi selecionada uma amostra de 225
professores, divididos em dois grupos: 112 professores em formação e 113 em serviço. Os
professores em formação foram selecionados de duas universidades, uma púbica e outra privada
da cidade de Lima, Peru, onde frequentavam o curso de ensino primário. Os professores em
serviço foram selecionados de diferentes escolas privadas e estatais localizadas em áreas urbanas
da cidade de Lima (Echegaray-Bengoa et al., 2017). O instrumento aplicado foi um questionário,
denominado Knowledge and Beliefs About Developmental Dyslexia Scale (Soriano-Ferrer &
Echegaray-Bengoa, 2014), composto por 36 itens que consistiam em afirmações sobre dislexia e
o formato de resposta era “Verdadeiro”, “Falso” e “Não sei”. Este formato de resposta permite
distinguir aquilo que os professores não sabem daquilo que são os seus equívocos. Esta escala
permite avaliar conhecimentos em três áreas distintas: informações gerais acerca da natureza,
causas e consequências; caraterísticas/diagnóstico e apoio da dislexia (Echegaray-Bengoa et al.,
2017).
Os resultados do estudo de Echegaray-Bengoa et al. (2017) mostraram que os professores
em serviço apresentam mais respostas corretas do que os professores em formação. Uma
conclusão importante deste estudo é que os resultados apontaram que os equívocos mais comuns
entre ambos os grupos de professores peruanos são consistentes com os resultados de outros
estudos realizados noutros países, nomeadamente Estados Unidos da América e Reino Unido
(Allington, 1982; Wadlington & Wadlington, 2005) e em Espanha (Soriano-Ferrer et al., 2016).
Uma grande maioria de professores em formação e em serviço referem a dislexia como um défice
de perceção visual, acreditando também, erroneamente, que a inversão de letras ou palavras é
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
15
característica da dislexia. Outro equívoco partilhado por uma grande percentagem de professores
dos dois grupos é que admitem que crianças com dislexia não revelam problemas sócio
emocionais (Echegaray-Bengoa et al., 2017). Relativamente às lacunas de conhecimento, os dois
grupos de professores não têm noção da prevalência da dislexia na população nem da prevalência
desta baseada no género. A origem hereditária da dislexia é um fato de que eles não têm
conhecimento e que os professores não saberem que a dificuldade com o processamento
fonológico é um dos principais défices da dislexia é, sem dúvida, a lacuna mais relevante. No
presente estudo, cerca de metade dos professores não tem conhecimento sobre a falta de eficácia
de lentes coloridas ou sobreposição de lentes (Echegaray-Bengoa et al., 2017), conclusão
consistente com os resultados dos estudos de Soriano-Ferrer et al. (2016) e Washburn et al.
(2011a, 2011b). No entanto, verifica-se que a maioria dos professores tem conhecimento que as
dificuldades de fluência da leitura são característica de crianças com dislexia.
A investigação de Ferreira (2015) teve como objetivo averiguar os conhecimentos dos
professores do 1º Ciclo do Ensino Básico do concelho das Caldas da Rainha sobre a dislexia. A
metodologia adotada para a realização deste estudo foi a aplicação de um questionário como
instrumento de recolha de informação junto de 93 professores do 1º Ciclo do Ensino Básico de
três agrupamentos de escolas do concelho de Caldas da Rainha. A primeira parte do questionário
relacionava-se com aspetos sócio demográficos; a segunda parte solicitava aos participantes que
indicassem as áreas que consideravam que as crianças manifestam maiores dificuldades e, por
último, foram apresentadas afirmações, metade com caráter positivo e a outra metade negativo,
sobre a problemática em estudo de forma a perceber o grau de conhecimento dos professores
sobre a dislexia. As questões usadas no inquérito eram questões de resposta fechada utilizando-
se uma escala tipo Likert. Os itens do questionário foram elaborados tendo por base as
características, comportamentos e atitudes escolares dos alunos (Ferreira, 2015).
As conclusões do estudo de Ferreira (2015) apontaram que, de acordo com uma grande
percentagem dos participantes, a linguagem e a compreensão são as principais dificuldades que
uma criança com dislexia apresenta, seguindo-se os problemas de memória e os problemas
ligados à motricidade. Verificou-se que a dificuldade das crianças com dislexia na área da
inteligência foi a caraterística menos apontada pelos participantes deste estudo, uma vez que é
consensual que as crianças com dislexia possuem uma inteligência normal ou acima da média
Ferreira (2015). Os professores revelam possuir conhecimento das áreas em que os alunos com
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
16
dislexia apresentam mais dificuldade, designadamente na leitura, na escrita, na ortografia e na
matemática. Os inquiridos mencionam que as crianças com dislexia fazem frequentes inversões,
omissões e substituições quer na leitura quer na escrita. Os professores também concordam que
as crianças com dislexia apresentam dificuldades em estruturar trabalhos escritos e em identificar
erros ortográficos (Ferreira, 2015).
Ferreira (2015) finaliza constatando que não foram os docentes com mais tempo de
serviço que apresentaram os melhores resultados, apesar de aquele ter influência nos seus
conhecimentos relativamente à dislexia. Adicionalmente, verificou que os professores com
habilitações ao nível das pós-graduações, aqueles que já realizaram formação contínua e os que
têm experiência com alunos com dislexia são os que mostraram os melhores conhecimentos sobre
a problemática em estudo.
Guerreiro (2012) pretendeu analisar as conceções e conhecimentos dos professores do
1º Ciclo do Ensino Básico sobre a dislexia. A população alvo deste estudo foram os professores do
1º Ciclo do Ensino Básico do Agrupamento de Escolas do concelho de Sesimbra, tendo sido
inquiridos 71 professores. O instrumento utilizado foi um questionário construído com base na
pesquisa bibliográfica realizada para o enquadramento teórico deste estudo, composto por
questões fechadas e abertas, tendo em conta quatro áreas distintas: dados sócio demográficos,
conceções sobre dislexia, prática pedagógica e formação (Guerreiro, 2012).
Os resultados indicaram que mais de metade dos professores revelam que a dislexia é
uma perturbação da leitura e da escrita. Constata que os indicadores com maior relevância na
identificação de alunos com dislexia são a escrita com erros, as omissões, as substituições, as
adições e inversões na leitura e caligrafia irregular. Verifica-se que os professores possuem
conhecimentos corretos, pois mais de metade concorda que os problemas associados à dislexia
persistem ao longo da vida; uma percentagem significativa defende que os alunos com dislexia
apresentam dificuldades ao nível fonológico, assim como um grande número de participantes no
estudo discorda que os alunos com dislexia apresentem um QI abaixo da média (Guerreiro, 2012).
O autor constatou que a grande maioria dos professores revela sentir-se pouco preparada para
trabalhar com alunos com dislexia. A estratégia apontada pela maioria dos professores para
trabalhar com crianças com dislexia é realizar ações de formação, pois uma percentagem
significativa salienta que a formação inicial de professores não lhes proporcionou as competências
necessárias para trabalhar com crianças com esta problemática (Guerreiro, 2012).
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
17
Cancela (2014) realizou um estudo com o propósito de identificar as perceções dos
professores do 1º Ciclo do Ensino Básico sobre a dislexia. Os participantes do estudo são os
professores do 1º Ciclo do Ensino Básico que exercem funções em escolas públicas ou privadas
em Portugal. Foram, então, inquiridos 121 professores. O instrumento utilizado foi um questionário
estruturado em quatro partes, nomeadamente perfil do candidato; inclusão de alunos com dislexia;
formação dos professores e superação das dificuldades que a dislexia suscita nos alunos, com
questões fechadas e abertas e colocado online para que o maior número possível de professores
pudesse responder (Cancela, 2014).
Cancela (2014) verificou, nos resultados obtidos, que mais de metade dos professores
que participaram no estudo indica existir crianças com dislexia na escola onde trabalham. Cerca
de metade dos inquiridos afirma já terem tido alunos com dislexia a frequentar as suas turmas.
Quando questionados sobre a definição de dislexia normalmente utilizada pelos professores, uma
elevada percentagem indica a dislexia como sendo uma dificuldade da leitura e escrita. Um elevado
número de docentes assinala que os alunos com dislexia fazem frequentes inversões, omissões e
substituições de sílabas e/ou palavras. Cancela (2012) indica que uma elevada percentagem dos
professores revela não possuir capacidade para identificar alunos com dislexia, assim como não
se sente capaz de lidar com crianças com dislexia. Os professores indicam que os programas de
formação inicial devem incluir métodos e estratégias de ensino diferenciado para alunos com
dislexia, assim como formas de aprendizagem tendo em conta as especificidades destes alunos.
Revelam igualmente que ter formação especializada em dislexia revela-se importante, pois
influencia significativamente os conhecimentos dos professores para ensinar alunos com dislexia,
principalmente na identificação e intervenção junto dos alunos com esta problemática,
considerando que a formação contínua ou especializada deve ser pensada a partir da escola,
centro de ação do professor, segundo Cancela (2014). Com base nos resultados Cancela (2014)
sugere que compete ao Estado propiciar as condições essenciais nas escolas para que a inclusão
seja o presente e não o futuro. Os participantes do estudo apontam o elevado número de alunos
por turma como impedimento para a implementação de uma estratégia de intervenção apropriada
às especificidades dos alunos com dislexia, assim como os escassos recursos humanos e
materiais que interferem com as práticas individuais dos professores.
Lima et al. (2015) procuraram com o seu estudo explorar as conceções dos professores
do 1º Ciclo acerca da dislexia. Para tal participaram 20 professores do 1º Ciclo do Ensino Básico
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
18
a lecionar em escolas do Agrupamento Vertical da Trofa. Foi construído um questionário de auto-
resposta, com questões abertas e fechadas, dividido em duas partes. A primeira parte era
composta por dez questões que focam vários aspectos da dislexia e a segunda parte do
questionário correspondia aos dados sócio demográficos.
Lima et al. (2015) concluíram que apesar da percentagem reduzida de professores que
referem ter formação na área da dislexia, verifica-se que cerca de metade já lidou com casos de
dislexia diagnosticada. A diversidade de respostas dadas pelos participantes é bastante
heterogénea e pouco elucidativa relativamente à definição de dislexia e dos sinais indicadores
desta perturbação, permitindo concluir algum desconhecimento sobre os mecanismos cognitivos
envolvidos na leitura e na escrita, apesar de ser explícito o conhecimento acerca da associação
entre a dislexia e dificuldades na leitura e na escrita. Os resultados da investigação de Lima et al
(2015) mostram, claramente, que os professores têm conhecimento que a dislexia não se deve a
problemas de inteligência, no entanto a grande maioria reconhece que esta perturbação
condiciona o progresso escolar do aluno com dislexia. Relativamente às dificuldades intrínsecas à
dislexia, as que se destacam são as da leitura e da escrita, distanciando as dificuldades fonológicas
quando as investigações têm evidenciado que são elas a causa dos problemas de leitura e de
escrita. Lima et al. (2015) referem que os professores não reconhecem a capacidade da escola
para dar resposta ao encaminhamento dos alunos em caso de suspeita de dislexia. Quando
interrogados quanto às ações pedagógicas que praticariam se suspeitassem de um aluno ter
dislexia, salientam-se os exercícios e as adaptações aos alunos como as melhores estratégias.
Apesar da existência de algumas lacunas e distorções nas conceções dos professores
relativamente à dislexia, existe uma sensibilidade em relação à temática, o que Lima et al (2015)
consideram ser um fator muito positivo.
Marques (2014) explorou as conceções que os docentes têm sobre a dislexia e se os
mesmos consideram e aplicam o jogo como promotor da aprendizagem em alunos com essa
perturbação. O estudo dirigiu-se à população docente dos diferentes níveis de ensino de Portugal,
tendo participado 148 docentes, que responderam ao questionário composto por 32 questões,
com uma escala Likert, elaborado no Google Docs e enviado por correio eletrónico aos inquiridos.
A primeira parte do questionário referia-se aos dados profissionais dos inquiridos da amostra e a
segunda parte era constituída por afirmações relacionadas com as conceções dos professores
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
19
sobre dislexia e o jogo e os seus benefícios no desenvolvimento das crianças com dislexia
(Marques, 2014).
A análise dos resultados relativa às conceções sobre dislexia permitiu indicar que a grande
parte dos docentes inquiridos não é detentor de qualquer formação na área das Necessidades
Educativas Especiais e que mais de metade afirmam ter alunos com dislexia na sala de aula.
Quando questionados sobre as principais características dos alunos com dislexia, os professores
inquiridos destacam a inversão de palavras, letras ou números; dificuldades em memorizar e
problemas de lateralidade. É de referir que a falta de inteligência e atraso mental não foram
referidas por nenhum professor como sendo características dos alunos com dislexia (Marques,
2014). Segundo Marques (2014), os resultados relativos às principais estratégias apontadas pelos
professores a utilizar com alunos com dislexia foram associar letras a texturas; basear a avaliação
na componente oral e pedir para repetir as mensagens. Uma indiscutível maioria dos professores
utiliza o jogo como instrumento de pedagogia para lidar com alunos com dislexia, o que facilita a
sua aprendizagem. As conclusões mostraram que uma elevada percentagem de docentes refere
possuir conhecimentos científicos para lidar com alunos com dislexia, no entanto revelam sentir
dificuldades para lidar com esses alunos, reconhecendo a necessidade de aprofundar os seus
conhecimentos na área (Marques, 2014). Mais de metade dos professores discorda que as escolas
tenham recursos/materiais adequados ao processo ensino/aprendizagem de alunos com esta
perturbação, o que, segundo Marques (2014), demonstra a realidade das escolas do nosso país.
Relativamente ao conhecimento de jogos que desenvolvam o ensino/aprendizagem de alunos com
dislexia verifica-se um número significativo de inquiridos que revela não ter conhecimento,
reconhecendo, contudo, que os jogos não só estimulam e favorecem como motivam as crianças
para a aprendizagem (Marques, 2014).
O propósito do estudo de Freitas et al. (2015) foi explorar as conceções dos professores
do Ensino Fundamental sobre a dislexia. Para atingir os objetivos a que se propuseram, aplicaram
um questionário a 20 professores de duas escolas municipais da Paraíba, Brasil, sendo dez de
cada escola. O questionário, composto por dez questões, apresentava perguntas abertas e de
múltipla escolha sobre a definição da dislexia, bem como as suas causas e as caraterísticas e
também sobre a formação do professor.
Depois de analisados os resultados, Freitas et al. (2015) concluíram que os professores
não sabem definir com certeza o que são dificuldades de aprendizagem, confundindo a causa com
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
20
a definição. Quando questionados sobre o que é a dislexia, surgem várias definições. Contudo, as
respostas vão de encontro ao que diz a literatura, que refere a dislexia como uma dificuldade no
processo de aprendizagem da leitura e da escrita. No que diz respeito ao conhecimento das causas
da dislexia, a maioria dos professores assume não as conhecer, no entanto uma pequena
percentagem de professores diz conhecê-las, mas acaba por confundir as causas com as
consequências. Relativamente às caraterísticas da dislexia, as conclusões indicam um número
expressivo de inquiridos que refere não as conhecer e mais de metade refere saber quais são,
realçando-se que as suas respostas são consistentes com o que diz a literatura, nomeadamente
que inversões e troca de letras são caraterísticas da dislexia. Concluem que há um número
significativo de professores que não conhece as causas da dislexia, contudo há uma percentagem
expressiva que afirma conhecer as características de um indivíduo com dislexia. Freitas et al.
(2015) referem que a quase totalidade dos professores entrevistados afirmam não possuir
formação adequada para lidar com alunos com dislexia. (Freitas et al., 2015).
O estudo de Tabaquim et al. (2016) teve como objetivo caracterizar os níveis de
informação sobre a dislexia que os professores de língua portuguesa em exercício do Ensino
Fundamental de escolas públicas e particulares possuem. No estudo de Tabaquim et al. (2016)
participaram 27 professores de língua portuguesa em exercício da 5ª à 8ª séries do Ensino
Fundamental, discriminados em dois grupos, a saber: o grupo I era formado por 17 participantes
a exercer funções na rede pública de ensino e o grupo II constituído por dez participantes a exercer
na rede particular de ensino. O Protocolo de Investigação sobre a Dislexia, composto por 30
afirmações para respostas de “Sim” e “Não” sobre a dislexia, foi o instrumento utilizado na
investigação de Tabaquim et al. (2016).
A análise dos resultados do presente estudo permitiu concluir que os professores
desconhecem a dislexia e têm dificuldade em classificar a sua causa, em identificar a problemática
e também sentem dificuldade em realizar um plano de intervenção para que o aluno ultrapasse
as dificuldades. Os resultados mostraram uma percentagem elevada de professores de ambos os
grupos que desconhecem as caraterísticas da dislexia. Relativamente às causas da dislexia, os
dois grupos assinalam, corretamente, a condição hereditária. No que concerne à identificação das
caraterísticas, os professores do ensino particular revelam mais respostas corretas, possuindo,
assim, mais informações sobre a problemática em estudo. No que diz respeito à escrita, os
professores reconhecem que o aluno com dislexia confunde letras, sílabas, vocábulos com grafia
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
21
similar, emprega vocabulário pobre e frases curtas ou sequências longas e vagas (Tabaquim et al.
2016).
Tabaquim et al. (2016) sublinham que as informações dos professores do ensino público
e particular acerca dos diferentes aspetos relacionados com a dislexia, possibilitam identificar o
nível limitado de conhecimentos tendo dificuldade em reconhecer e indicar ações educativas para
os alunos com dislexia. Adicionalmente, os professores, quer da escola pública quer da privada,
necessitam de bases teóricas na sua formação, incluindo uma disciplina para o estudo do processo
da leitura no plano de estudos curricular, assim como para o estudo das dificuldades de
aprendizagem na leitura (Tabaquim et al., 2016).
Sacramento (2015) quis saber se os professores do 1º Ciclo do Ensino Básico e
educadores portugueses estão cientificamente preparados para, não só detetar sinais de dislexia
nos seus alunos, mas também serem capazes de identificar, avaliar e intervir para prevenir e
reduzir essas dificuldades. Participaram no estudo 1031 profissionais de educação, dos quais 342
educadores e 689 professores do 1º Ciclo do Ensino Básico da zona Norte de Portugal a exercer
funções em escolas públicas, privadas e Instituições Particulares de Solidariedade Social.
Sacramento (2015) utilizou um questionário adaptado do estudo que serviu de modelo à sua
investigação “What do Preservice Teachers from the USA and the UK know about Dyslexia?”
denominado Dyslexia Belief Index (Washburn et al., 2013). O questionário, composto por duas
partes, utilizou uma escala de respostas tipo Likert. A primeira parte dizia respeito à informação
socio demográfica dos participantes; a segunda parte relativa ao conhecimento científico por parte
dos educadores e professores sobre dislexia era composta por 19 itens. Sublinha-se que, dos 19
itens, oito refletiam informação correta e 11 ideias erradas acerca da dislexia.
Os resultados do estudo de Sacramento (2015) revelaram que os educadores e os
professores do 1º Ciclo do Ensino Básico da zona Norte de Portugal mostram um nível positivo de
conhecimentos sobre dislexia, verificando-se, contudo, que não existe consistência nos
conhecimentos que possuem e que o conhecimento sobre dislexia é maior quando há formação
específica na área das Necessidades Educativas Especiais. Constata que possuir maior
conhecimento sobre dislexia está relacionado com a prática pedagógica com crianças com
Necessidades Educativas Especiais ou dislexia. Os inquiridos revelam desconhecer o caráter
vitalício da dislexia, uma vez que uma grande maioria considera, erroneamente, que a dislexia
pode ser superada. Verifica-se que um considerável número de participantes admite, erradamente,
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
22
existir relação entre dificuldades visuais e dislexia. Contudo, a maioria dos profissionais de
educação revela conhecimentos corretos acerca da relação entre dislexia e baixo QI, respondendo
com certezas não existir qualquer relação entre ambos (Sacramento, 2015).
Sacramento (2015) defende que os resultados obtidos no estudo permitem inferir que é
necessário rever os planos de formação dos cursos relacionados com educação, introduzindo
unidades curriculares que os preparem para identificar, avaliar e intervir junto de alunos com
Necessidades Educativas Especiais e mais especificamente dislexia. Segundo Sacramento (2015),
apenas desta forma será possível o profissional de educação estar preparado para intervir
atempadamente e ajudar estes alunos a superar as suas dificuldades.
O objetivo do estudo de Pinto (2012) foi analisar os conhecimentos dos professores do 1º
Ciclo do Ensino Básico de um Agrupamento de escolas do concelho de Sintra, relativamente à
problemática da dislexia, avaliando se os mesmos se sentem preparados para diagnosticar
crianças com dislexia. A amostra foi constituída por 51 professores. Foi aplicado um questionário
elaborado por Pinto (2012) tendo por base outros questionários que abordam a mesma
problemática com o objetivo de recolher informação sobre as características da dislexia, composto
por 28 perguntas fechadas e de múltipla escolha, obedecendo a uma escala Likert, com duas
partes distintas. A primeira parte referia-se à caracterização socio demográfica e na segunda
constavam as afirmações relacionadas com a problemática (Pinto, 2012).
Os resultados do estudo de Pinto (2012) permitiram concluir que os professores revelam
conhecimentos suficientes acerca dos comportamentos das crianças com dislexia, afirmando que
têm características e especificidades muito próprias. Verifica-se que a maioria dos professores
associa a dislexia às dificuldades na leitura e na escrita, assim como concordam que a dislexia se
trata de uma dificuldade ao nível do processamento fonológico. Para a grande maioria dos
professores, as frequentes inversões, omissões e substituições são características associadas à
dislexia. Constata-se que ainda há professores a associar a dislexia a dificuldades na compreensão
e inteligência, o que demonstra um desconhecimento sobre a temática em estudo (Pinto, 2012).
A Tabela 1 apresenta os estudos incluídos na revisão e os principais resultados acerca da
perceção dos professores sobre dislexia.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
23
Tabela 1 – Resumo dos estudos incluídos na revisão sistemática da investigação e principais resultados
Autor(es) e
Ano
Objetivo do estudo País onde o estudo
foi realizado
Número de participantes
Instrumento de recolha de
dados
Principais resultados acerca da perceção dos professores sobre dislexia
Allington, 1982 Analisar as convicções dos profissionais sobre a hipótese do défice percetual na dislexia.
EUA. 200 professores.
Teste. Sem designação.
Os professores revelam que a causa mais prevalente da dificuldade de leitura são as deficiências percetivo visuais e os erros de inversão na leitura são indicadores de um distúrbio percetivo visual.
Washburn, Binks-Cantrell e Joshi, 2013
Explorar o que os professores em formação sabem sobre dislexia e investigar se esse conhecimento é idêntico em dois países.
EUA e Reino Unido.
101 professores dos EUA e 70 do Reino Unido.
Questionário adaptado do Dyslexia Belief Index.
Os professores de ambos os países têm um conhecimento similar comum acerca da dislexia. Os principais equívocos são: a dislexia é causada por um défice de perceção visual, a dislexia é caracterizada pela inversão das letras e afeta mais rapazes do que raparigas. Partilham a ideia correta de que a dislexia não é causada por fatores ambientais.
Soriano-Ferrer, Echegaray-Bengoa e Joshi, 2016
Investigar os conhecimentos e equívocos de professores de língua espanhola.
Espanha e Peru.
264 professores do Peru e 249 de Espanha.
Questionário Knowledge and Beliefs About Developmental Dyslexia Scale.
Os professores em serviço revelam que as crianças com dislexia não têm um QI abaixo da média. Os professores de ambos os grupos têm conhecimento que as crianças com dislexia têm problemas com a fluência da leitura. Os professores de ambos os grupos referem, equivocamente, que a dislexia é vista como um défice de processamento visual em vez de fonológico. Os professores de ambos os grupos desconhece o caráter vitalício da dislexia e não têm conhecimento sobre a falta da eficácia de lentes coloridas para ajudar indivíduos com dislexia.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
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Tabela 1 – Resumo dos estudos incluídos na revisão sistemática da investigação e principais resultados (continuação)
Wadlington e Wadlington, 2005
Criar e validar uma escala para medir os conhecimentos dos professores relativamente à dislexia, utilizando-a para investigar os conhecimentos dos professores.
EUA. 250 estudantes.
Questionário Dyslexia Belief Index.
Os equívocos mais comuns revelados pelos participantes são: reversão das palavras como sendo o principal critério na identificação da dislexia e a dislexia não é hereditária. Os conhecimentos corretos são que as pessoas com dislexia não têm um conhecimento abaixo da média e a dislexia não é causada por um ambiente familiar pobre e/ou pobre instrução de leitura. Os participantes consideram que não são preparados pelas universidades para trabalhar com indivíduos com dislexia e que os conhecimentos que possuem advêm da sua própria experiência pessoal e de pesquisas realizadas.
Washburn, Joshie e Binks-Cantrell, 2011a
Examinar os conhecimentos dos professores do ensino básico e educadores relativamente ao conhecimento de conceitos básicos de linguagem relacionados com a instrução da leitura e sobre os seus conhecimentos e perceções sobre dislexia.
EUA. 185 professores.
Questionário adaptado do Dyslexia Belief Index.
Os professores mantêm o erro comum ao referir que a dislexia é um défice de processamento visual e não um défice processual fonológico. Uma grande percentagem de professores refere que os indivíduos com dislexia têm problemas com a soletração e descodificação, mas não com compreensão auditiva, e admitem ainda que os mesmos indivíduos não têm um QI inferior aos outros.
Washburn, Joshie e Binks-Cantrell, 2011b
Investigar o conhecimento sobre as construções linguísticas básicas dos professores do ensino primário bem como as suas perceçõese conhecimentos sobre dislexia.
EUA. 91 professores.
Questionário adaptado do Dyslexia Belief Index.
Os professores descrevem, incorretamente, que a inversão de letras ou palavras é um indicador de dislexia, mantendo o equívoco de que a dislexia é um défice de perceção visual e não um problema com o processamento fonológico. Os professores têm consciência de que não recebem a preparação adequada para ensinar crianças com dislexia.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
25
Tabela 1 – Resumo dos estudos incluídos na revisão sistemática da investigação e principais resultados (continuação)
Echegaray-Bengoa, Soriano-Ferrer e Joshi, 2017
Investigar os conhecimentos, os equívocos e as lacunas de professores peruanos.
Peru. 225 professores.
Questionário Knowledge and Beliefs About Developmental Dyslexia Scale.
Os professores em serviço apresentam mais respostas corretas do que os professores em formação. Os dois grupos de professores referem a dislexia como um défice de perceção visual, acreditando também, erradamente, que a inversão de letras ou palavras é característica da dislexia, admitindo, equivocamente, que crianças com dislexia não revelam problemas socio emocionais. A origem hereditária da dislexia e a dificuldade com o processamento fonológico ser um dos principais défices da dislexia são as lacunas mais relevantes dos professores. No entanto, os professores têm conhecimento que os problemas de fluência da leitura é característica de crianças com dislexia.
Ferreira, 2015 Averiguar os conhecimentos dos professores do 1º Ciclo sobre a dislexia.
Portugal. 93 professores.
Questionário. Sem designação.
Os professores apontam a linguagem como sendo a principal dificuldade que uma criança com dislexia apresenta, seguindo-se os problemas de memória e problemas ligados à motricidade. É consensual para estes professores que as crianças com dislexia possuem uma inteligência normal. Defendem que a dislexia está associada a problemas relacionados com a leitura, a escrita, a ortografia e a matemática, concordando que as crianças com dislexia apresentam dificuldades em estruturar trabalhos escritos e em identificar erros ortográficos.
Guerreiro, 2012
Analisar as conceções e conhecimentos dos professores do 1º Ciclo do Ensino Básico sobre dislexia.
Portugal. 71 professores.
Questionário. Sem designação.
Os professores revelam que a dislexia é uma perturbação da leitura e da escrita. Constatam que os indicadores com maior relevância na identificação de alunos com dislexia são a escrita com erros, as omissões, as substituições e as inversões na leitura. Concordam que os problemas associados à dislexia persistem ao longo da vida, assim como defendem que os alunos com dislexia apresentam dificuldades ao nível fonológico. Discordam que os alunos com dislexia apresentem um QI abaixo da média.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
26
Tabela 1 – Resumo dos estudos incluídos na revisão sistemática da investigação e principais resultados (continuação)
Cancela, 2014 Identificar as perceções dos professores do 1º Ciclo do Ensino Básico sobre a dislexia no processo de ensino e aprendizagem.
Portugal. 121 professores.
Questionário. Sem designação.
Os professores definem a dislexia como sendo uma dificuldade da leitura e da escrita, referindo que os alunos com dislexia fazem frequentes inversões, omissões e substituições de sílabas ou palavras. Revelam não possuir capacidade para identificar alunos com dislexia e não se sentem capazes de trabalhar com estas crianças. Apontam o elevado número de alunos por turma como impedimento para a concretização de estratégias de intervenção ajustadas às especificidades dos alunos com dislexia.
Lima, Cameirão, Meireles e Lucci, 2005
Examinar as conceções dos professores do 1º Ciclo do Ensino Básico acerca da dislexia.
Portugal. 20 professores.
Questionário. Sem designação.
Os professores têm conhecimento que a dislexia não se deve a problemas de inteligência, no entanto indicam que a dislexia condiciona o progresso escolar. Destacam a leitura e a escrita como dificuldades intrínsecas à dislexia, mas afastam as dificuldades fonológicas.
Marques, 2014 Explorar as conceções que os docentes têm sobre a dislexia e se consideram e aplicam o jogo como promotor da aprendizagem em alunos com dislexia
Portugal. 148 professores.
Questionário. Sem designação.
Os professores destacam que as principais características dos alunos com dislexia são a inversão de palavras, letras ou números; dificuldades em memorizar e problemas de lateralidade. Utilizam o jogo como instrumento de pedagogia com alunos com dislexia, o que facilita a sua aprendizagem. Reconhecem que os jogos estimulam e favorecem a aprendizagem das crianças.
Freitas, Henrique e Gomes, 2015
Investigar as conceções dos professores do Ensino Fundamental sobre a dislexia.
Brasil. 20 professores.
Questionário. Sem designação.
Os professores não sabem definir com certeza o que são dificuldades de aprendizagem. Confundem causas com consequências da dislexia. Não possuem formação adequada para trabalhar com alunos com dislexia.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
27
Tabela 1 – Resumo dos estudos incluídos na revisão sistemática da investigação e principais resultados (continuação)
Tabaquim, Dauruiz, Prudenciatti e Niquerito, 2016
Caracterizar os níveis de informação dos professores de língua portuguesa sobre dislexia.
Brasil. 27 professores.
Questionário. Protocolo de investigação sobre dislexia.
Os professores desconhecem a dislexia e sentem dificuldade em identificar a sua causa, desconhecendo os sintomas. Reconhecem que o aluno com dislexia confunde letras, sílabas e emprega vocabulário pobre.
Sacramento, 2015
Saber se os professores e educadores do 1º Ciclo do Ensino Básico estão preparados para detetar sinais de dislexia e serem capazes de identificar, avaliar e intervir para reduzir essas dificuldades.
Portugal. 1031 professores e educadores.
Questionário adaptado do Dyslexia Belief Index.
Os participantes revelam desconhecer o caráter vitalício da dislexia, considerando, erroneamente, que possa ser superada. Admitem, erradamente, existir relação entre dificuldades visuais e dislexia. Demonstram conhecimentos seguros acerca da relação entre dislexia e baixo QI, respondendo com certezas não existir qualquer relação entre ambos.
Pinto, 2012 Analisar os conhecimentos dos professores do 1º Ciclo relativamente à dislexia.
Portugal. 51 professores.
Questionário. Sem designação.
Os professores associam a dislexia somente às dificuldades na leitura e na escrita e concordam que se trata de uma dificuldade ao nível do processamento fonológico. Associam também a dislexia a dificuldades na compreensão e inteligência, o que demonstra um desconhecimento sobre a temática. As frequentes inversões, omissões e substituições são características associadas à dislexia, segundo os professores.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
28
Dos 16 estudos incluídos nesta revisão, quatro foram realizados nos EUA (Allington, 1982;
Wadlington & Wadlington, 2005; Washburn et al., 2011a; Washburn et al., 2011b); um nos Estados
Unidos da América e Reino Unido (Washburn et al., 2014); um foi desenvolvido na Espanha e Peru
(Soriano-Ferrer et al., 2016); um foi realizado no Peru (Soriano-Ferrer et al., 2017); sete foram
desenvolvidos em Portugal (Ferreira, 2015; Guerreiro, 2012; Cancela, 2014; Lima et al., 2005; Marques,
2014; Sacramento, 2015; Pinto, 2012) e os restantes dois foram realizados no Brasil (Freitas et al.,
2015; Tabaquim, 2016). Todos eles incluíram professores na amostra, com exceção do estudo de
Wadlington & Wadlington (2005) cuja amostra foi constituída por estudantes, e o estudo de Sacramento
(2015) que incluiu professores e educadores na sua amostra.
O instrumento utilizado em 15 estudos foi o questionário e o teste foi o instrumento usado num
estudo. Todos os estudos analisados tiveram como objetivo investigar/analisar os conhecimentos que os
professores têm sobre dislexia. Adicionalmente Washburn et al. (2014) pretendeu com o seu estudo
investigar se o conhecimento dos professores é idêntico nos EUA e no Reino Unido, e o estudo de Soriano-
Ferrer et al. (2016) teve como objetivo investigar os conhecimentos dos professores de língua espanhola,
nomeadamente Espanha e Peru.
Os estudos sobre o conhecimento dos professores acerca da dislexia é um tema bastante
explorado na literatura com trabalhos publicados por vários autores em diversos países. Todos os estudos
desta revisão sistemática identificaram equívocos e ideias erradas, mas também conhecimentos corretos
e precisos acerca da dislexia. Assim, um dos equívocos mais comuns é a ideia errada de que a dislexia
é caraterizada pela inversão das letras e que está contemplado em vários estudos (Washburn et al.,
2014; Washburn et al., 2011b; Soriano-Ferrer et al., 2017; Marques, 2014; Pinto 2012). Adicionalmente,
vários autores constataram que a dislexia é, erradamente, vista como um défice de processamento visual
em vez de fonológico (Washburn et al., 2014; Soriano-Ferrer et al., 2016; Washburn et al., 2011a;
Washburn et al., 2011b). Ainda na perspetiva do conhecimento dos professores acerca da dislexia,
Guerreiro (2012) e Sacramento (2015) destacam o conhecimento correto por parte dos professores em
discordar que os alunos com dislexia apresentam um QI abaixo da média.
Wadlington e Wadlington (2005) concluíram que os professores não são preparados pelas
universidades para trabalhar com dislexia. Nessa perspetiva, os conhecimentos que possuem advêm da
sua própria experiência pessoal e de pesquisas realizadas. No mesmo sentido, Cancela (2014) sugere
que os professores revelam não possuir capacidade para identificar alunos com dislexia e não se sentem
capazes de educar crianças com essa problemática. Entretanto, Freitas et al. (2015) realçam que os
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
29
professores não possuem formação adequada para trabalhar com alunos com dislexia, acabando por
confundir causas com consequências da dislexia.
Após o levantamento dos resultados dos vários estudos, verifica-se que os professores dos
diferentes países partilham conhecimentos similares, quer no que diz respeito aos equívocos, quer no
que se relaciona com conhecimentos corretos e precisos acerca da dislexia. Constata-se, ainda, que há
um longo caminho a percorrer e que os professores têm consciência de que precisam aprender muito
para poderem lidar com crianças com dislexia, passando essa aprendizagem por formação inicial e
contínua.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
31
II - METODOLOGIA
Após ter sido efetuada a base teórica que sustenta este estudo, neste capítulo são apresentados
os procedimentos metodológicos que estiveram na base da realização do mesmo. Faz-se, inicialmente,
referência à justificação pela opção da metodologia quantitativa. De seguida, apresenta-se o desenho da
investigação caraterizando-se a amostra e o instrumento de recolha de dados. Por fim, descrevem-se os
processos da recolha e análise de dados, assim como o procedimento de análise estatística dos dados.
2.1 – OPÇÃO METODOLÓGICA: UMA INVESTIGAÇÃO QUANTITATIVA
Tal como referem Quivy e Campenhoudt (2002), determinar qual a metodologia a seguir,
quantitativa ou qualitativa, vai depender dos objetivos da investigação, do modelo de análise e das
características do campo de análise. Neste sentido, pela natureza da investigação deste estudo, optou-
se pela abordagem quantitativa do tipo descritivo, na medida em que engloba um conjunto de medidas
e de representações gráficas que nos permitem descrever um conjunto de dados, e uma abordagem do
tipo inferencial pois poderemos retirar conclusões acerca da população alvo, baseando-nos na amostra
daí retirada (Howell, 2010).
Neste estudo quantitativo utilizou-se uma sondagem realizada por questionário. Este instrumento
de recolha de dados utiliza-se quando se pretende colocar a um conjunto de inquiridos, representativo
de uma população, perguntas que dizem respeito à sua situação social ou profissional, às suas opiniões,
às suas expetativas, ao seu nível de conhecimento de um acontecimento ou problema (Quivy &
Campenhoudt, 2005).
Segundo Quivy e Campenhoudt (2005), as vantagens deste método relacionam-se com a
possibilidade de se quantificar um número considerável de dados e de se proceder a numerosas análises
de correlação e com a facilidade em se obter representatividade do conjunto dos participantes. Já as
desvantagens são várias e passam pelo peso e custo geralmente elevado do dispositivo, a
superficialidade das respostas, que não permitem a análise de certos processos, ou seja, os resultados
apresentam-se muitas vezes como simples descrições, desprovidas de elementos de compreensão
penetrantes.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
32
2.2 – DESENHO DO ESTUDO
2.2.1 – AMOSTRA
Por população entende-se o universo de indivíduos que estamos interessados em estudar
(Almeida & Freire, 2008). No entanto, torna-se impossível investigar todos os elementos da população-
alvo, optando-se, dessa forma, pela seleção de uma amostra dessa mesma população, isto é, um
conjunto mais ou menos restrito de indivíduos pertencente à população alvo que será estudado na
investigação em causa (Almeida & Freire, 2008).
A população alvo deste estudo foram os professores em serviço e em formação do 1º Ciclo do
Ensino Básico. A amostra foi constituída por 96 participantes, dos quais 56 são professores em serviço
do 1º Ciclo do Ensino Básico de um agrupamento de escolas de um concelho da Zona Norte de Portugal
e 40 são professores em formação inicial de uma universidade pública também da Zona Norte do país.
Por questões de anonimato, o agrupamento e a universidade não são identificados.
Dos 96 participantes que responderam ao inquérito por questionário, 88 (91,7%) são do género
feminino e oito (8,3%) são do género masculino. A idade dos participantes varia entre os 21 e os 62
anos, tendo uma média de 37.66 e um desvio-padrão de 13. 637.
Relativamente ao tempo de serviço, 58,3 % dos inquiridos são professores em serviço, dos quais
dois participantes possuem entre zero e cinco anos (2,1%), dois (2,1%) indicam possuir entre seis e dez
anos, 18 responderam ter entre 11 e 20 anos (18%), 17 têm entre 21 e 30 anos (17,7%), 17 revelam
possuir mais de 30 anos (17,7%). Já 48,6% dos inquiridos estão em formação, sendo que 22
participantes são do 1º ano da formação inicial (22,9%) e 18 participantes são do 2º ano da formação
inicial (18,8%).
Quanto às habilitações académicas, dos inquiridos que estão em serviço podemos verificar que
43 revelam possuir licenciatura (76.8%), cinco possuem mestrado (8.9%), cinco indicam possuir
bacharelato (8.9%), dois referem possuir pós-graduação (3.6%) e um (1,8%) indica outra como habilitação
académica. Relativamente aos inquiridos que estão em formação, 37 dizem possuir licenciatura ao que
corresponde uma percentagem de 32,5% e três revelam possuir pós-graduação com uma percentagem
de 7,5%.
No que respeita ao fato de ao longo da carreira como professor do 1º Ciclo do Ensino Básico ter
lidado com algum aluno com dislexia formalmente diagnosticada, dos inquiridos que estão em serviço
24 respondem que nunca lidaram com alunos com dislexia formalmente diagnosticada (42,9%) e 32
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
33
indicam já ter lidado com alunos com dislexia formalmente diagnosticada (57,1%). Quanto aos
participantes em formação, 24 referem que nunca lidaram com alunos com dislexia formalmente
diagnosticada (60%), nove indicam que já lidaram com alunos com dislexia formalmente diagnosticada
(22,5%) e sete inquiridos não respondem a esta questão (17,5%).
Relativamente à obtenção de outras formações na área da dislexia, 71 (74%) dos participantes
declararam não possuir qualquer formação, 22 disseram possuir outras formações na referida área
(22,9%) e três não responderam à questão (3,1%).
Quando se questiona acerca do conhecimento da existência de legislação relacionada com a
educação dos alunos com dislexia, 69 participantes responderam “Sim”, 21 indicaram “Não” e seis não
responderam à questão, constatando-se que uma grande maioria dos professores estão informados
acerca da legislação sobre a temática.
2.3 – INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS
O instrumento de recolha de dados utilizado neste estudo foi construído tendo por base o
questionário Knowledge and beliefs about developmental dyslexia in pre-service and in-service Spanish-
speaking teachers, do artigo de Soriano-Ferrer et al. (2016) e questionário utilizado por Carreira (2016).
O inquérito por questionário é constituído por duas partes, num total de 32 itens. A primeira
parte, constituída por oito itens, diz respeito aos dados pessoais e profissionais dos participantes do
estudo, tais como o género, a idade, o tempo de serviço, as habilitações académicas, o contato com
alunos com dislexia formalmente diagnosticada ao longo da carreira e a formação especializada, pós-
graduação e mestrado na área das Necessidades Educativas Especiais ou dislexia. A segunda parte é
constituída por 23 itens relativos aos conhecimentos dos professores sobre dislexia, em que nove itens
revelam ideias erradas e 14 indicam informações corretas acerca da dislexia. Foi utilizada uma escala
tipo Likert, onde perante cada um dos itens os participantes deveriam escolher uma das quatro opções
de resposta seguintes: 1 “Discordo totalmente”, 2 “Discordo”, 3 “Concordo” e 4 “Concordo totalmente”
segundo o seu grau de concordância em relação às afirmações apresentadas (ver Anexo A).
Na Tabela 2 estão descritos os itens relativos aos conhecimentos que os professores possuem
sobre dislexia distribuídos por categorias, nomeadamente características, origem e diagnóstico e ensino
e apoio.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
34
Tabela 2 - Descrição dos itens do questionário relativos ao conhecimento sobre dislexia distribuídos por categorias
Características
16. Ver letras e palavras ao contrário é uma característica da dislexia. 23. Os alunos com dislexia têm dificuldades com a descodificação/reconhecimento de
palavras. 24. A dislexia ocorre com maior frequência em rapazes do que em raparigas. 25. A dislexia é uma dificuldade específica na leitura. 26. Os alunos com dislexia tendem a ter resultados de QI inferiores aos dos alunos sem
dislexia. 29. Os alunos com dislexia têm dificuldades com a soletração. 31. Os alunos com dislexia podem desenvolver problemas sociais/morais. 32. Nos alunos com dislexia as dificuldades na leitura resultam de défices na componente
fonológica da linguagem.
Origem e Diagnóstico
10. As crianças com dislexia devem ser diagnosticadas por um médico. 14. As crianças com dislexia devem ser diagnosticadas por uma equipa multidisciplinar. 17. A dislexia é causada por um ambiente literário pobre em casa. 20. Pais com dislexia têm maior probabilidade de ter filhos com dislexia do que pais sem
dislexia. 22. A dislexia tem origem neurobiológica. 30. Uma das principais razões para as dificuldades causadas pela dislexia são os problemas
visuais.
Ensino e Apoio
11. As crianças com dislexia devem ter direito a apoio dos serviços de Educação Especial. 12. As crianças com dislexia devem ter direito a adaptações curriculares. 13. Os pais de crianças com dislexia devem partilhar experiências com outros pais na mesma
situação. 15. As crianças com dislexia devem ter direito a apoio especializado. 18. As crianças com dislexia necessitam de instrução de leitura sistemática e explícita na sala
de aula. 19. O uso de lentes coloridas e/ou acetatos de cor é benéfico para os alunos com dislexia. 21. Exercícios com movimentos oculares são eficazes em corrigir dificuldades causadas pela
dislexia. 27. Certos medicamentos são eficazes no tratamento da dislexia. 28. Fazer rimas e jogos de palavras no pré-escolar é benéfico para a aprendizagem da leitura.
2.4 – REALIZAÇÃO DO PRÉ TESTE
A realização de um pré-teste segundo Maroco (2003) permite evidenciar possíveis falhas
existentes no instrumento de recolha de dados. Assim, antes da aplicação do questionário é importante
realizar uma revisão gráfica pormenorizada, de modo a evitar erros ortográficos, gramaticais ou de
sintaxe, que possam provocar erros ou induções nas respostas dos inquiridos, diminuindo, deste modo,
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
35
a credibilidade do questionário por parte destes. Para detetar estas anomalias torna-se fundamental
realizar um pré-teste, pois a partir dele podemos analisar as respostas que originam mais dúvidas e que
possam não estar muito claras, dificultando a interpretação do questionário por parte do inquirido. Assim,
o pré-teste deste estudo foi realizado a quatro professores do 1º Ciclo do Ensino Básico que mostraram
interesse e disponibilidade para efetuar possíveis críticas e também sugestões, uma vez que também
eles revelaram interesse na temática em estudo.
Considera-se importante salientar que todas as questões foram consideradas pelos
intervenientes como pertinentes e plausíveis face à temática, não apresentando qualquer dificuldade na
compreensão das questões ou da linguagem utilizada e não havendo, por isso, sugestões para o seu
melhoramento.
2.5 – PROCEDIMENTOS DE RECOLHA DE DADOS
Após pedido de autorização feito ao diretor do agrupamento de escolas (ver Anexo B) e aos
diretores das turmas de Mestrado em Educação Pré-escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico do 1º
e 2º ano da formação inicial da universidade, os inquéritos por questionário foram distribuídos em papel
pela investigadora do estudo, tendo sido igualmente recolhidos pela própria. Foram entregues 96
inquéritos por questionário e recolhidos os mesmos 96.
A fase de recolha de dados decorreu entre abril e junho de 2018. A duração prolongada do
período de recolha de dados relacionou-se com a dificuldade da investigadora conjugar a sua atividade
profissional com a entrega imediata dos questionários e posterior recolha junto dos participantes do
estudo.
2.6 – PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS
Inicialmente, a partir da estatística descritiva, que é utilizada para descrever as características
da amostra em causa, a qual engloba um conjunto de medidas de tendência central e de dispersão
(Martins, 2011), tais como médias e desvio-padrão, bem como a distribuição das respostas, determinou-
se a frequência de cada resposta, assim como a respetiva percentagem, de forma a indicar quantos
participantes responderam a cada opção possível, qual foi a resposta predominante em cada item, bem
como quantos participantes não responderam.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
36
Para a análise inferencial dos resultados, tendo por base as variáveis “género”, “tempo de
serviço”, “contato com alunos com dislexia formalmente diagnosticada”, participantes em serviço e em
formação” e “formação especializada na área da dislexia”, construíram-se hipóteses nulas (H0) e as
respetivas hipóteses alternativas (Ha). Construídas as hipóteses, foi fundamental determinar se estas
seriam rejeitadas ou aceites. Para tal, procedeu-se à testagem das hipóteses, por um lado através do
teste t student para amostras independentes, que permite averiguar se as médias da variável dependente
em dois grupos em comparação diferem significativamente uma da outra (Martins, 2011). De acordo
com Martins (2011) o teste avalia, com base na probabilidade associada ao resultado do teste, se a
diferença de médias encontrada se deve ao acaso ou se, pelo contrário, se deverá a diferenças que
existem na população de onde foram recrutados os dois grupos que estão a ser comparados. Desta
forma, utilizou-se o teste t student para amostras independentes para se determinar se existiam
diferenças significativas entre as respostas dos participantes relativamente às variáveis “género”,
“experiência pedagógica com alunos com dislexia”, “formação especializada na área da Educação
Especial” e “formação na área da dislexia”. Por outro lado, as hipóteses foram testadas através do teste
One Way Anova, que se utiliza quando se pretende comparar dois ou mais grupos independentes ao
nível de uma variável dependente (Martins, 2011). No presente estudo foi usado o teste One Way Anova
para determinar de existiam diferenças entre as respostas dos participantes, de acordo com a variável
“tempo de serviço”. Em seguida, aplicou-se o teste post-hoc Tukey HSD de modo a perceber entre quais
desses grupos existiam essas diferenças. Para a rejeição da hipótese nula adotou-se o nível de
significância 0,05 (p≤0,05).
2.7 – ANÁLISE DA FIABILIDADE E DA VALIDADE DA ESCALA E ANÁLISE FATORIAL
A fiabilidade de uma pergunta diz respeito à consistência das respostas dadas à pergunta (Hill
& Hill, 2009). Almeida e Freire (2007) defendem que a consistência interna se refere ao grau de
uniformidade ou de coerência existente entre as respostas dos sujeitos a cada um dos itens que
compõem a prova. Assim, uma das formas de se poder avaliar a consistência interna dos itens é
precisamente através do método Alpha de Cronbach (Almeida & Freire, 2007). De acordo com os
mesmos autores, este coeficiente varia entre 0 e 1, considerando-se os índices de consistência interna
nos intervalos: Muito Bom – se alfa entre 0,80 e 0,90; Minimamente Aceitável – se alfa entre 0,65 e
0,70; Indesejável – se alfa entre 0,60 e 0,65; Inaceitável – se alfa <0,60.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
37
De acordo com Almeida e Freire (2007), a validade pode ser interpretada de duas formas
distintas. Uma tendo em conta se os resultados do teste estão a medir aquilo que verdadeiramente se
pretende medir e a outra o conhecimento que se possui daquilo que o teste está na realidade a medir.
Desta forma, procedeu-se à análise fatorial dos itens utilizando o teste Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), com o
objetivo de se verificar a qualidade das correlações e, desta forma, avançar com a análise fatorial. A
análise fatorial permitiu compreender a relação entre os itens do questionário e agrupá-los em fatores
que assumem um determinado significado.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
39
III - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados e analisados os resultados obtidos através do questionário
aplicado junto dos professores em serviço e em formação do 1º Ciclo do Ensino Básico, primeiro em
termos descritivos e em seguida em termos inferenciais. Serão indicados igualmente os dados relativos
à confiabilidade do Alpha de Cronbach e à análise fatorial.
3.1 – RESULTADOS DESCRITIVOS
A finalidade deste estudo foi caracterizar os conhecimentos que professores em serviço e em
formação do 1º Ciclo do Ensino Básico do Norte de Portugal têm sobre dislexia. Assim, é fundamental
determinar as frequências de resposta a cada item do questionário, as respetivas percentagens, bem
como as respostas omissas, ou seja, os itens em que os participantes não responderam. Os níveis de
concordância que seriam idealmente escolhidos são apresentados a negrito, assim como a resposta que
obteve maior frequência. Uma vez que os itens de resposta estão ordenados por categorias, optou-se por
apresentar os resultados em quadros organizados também pelas diferentes categorias, designadamente
Caraterísticas, Origem e Diagnóstico e Ensino e Apoio.
Efetuando uma análise geral das frequências de resposta dadas, constata-se que os professores
que participaram no estudo apresentam respostas que, na sua maioria, se aproximam do expectável.
Admitia-se que em nove itens as respostas dadas fossem “Discordo totalmente” ou “Discordo” e nos
restantes 14 itens as respostas fossem “Concordo totalmente” ou “Concordo”. Contudo, os professores
não responderam de acordo com o que se esperava em quatro itens que correspondem a Caraterísticas,
Origem e Diagnóstico e Ensino e Apoio da dislexia, conforme se pode verificar nos resultados explanados
(ver Tabelas 3, 4 e 5).
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
40
Tabela 3 - Resultados absolutos e percentuais dos itens relativos à categoria Caraterísticas
Itens Respostas Frequência Absoluta Percentagem
16. Ver letras e palavras ao contrário é uma característica da dislexia.
Discordo totalmente 11 11,5 Discordo 24 25,0 Concordo 43 44,8 Concordo totalmente 15 15,6 Não responde/Omisso 3 3,1
23. Os alunos com dislexia têm dificuldades com a descodificação/ reconhecimento de palavras.
Discordo totalmente 1 1 Discordo 4 4,2 Concordo 56 58,3 Concordo totalmente 34 35,4 Não responde/Omisso 1 1
24. A dislexia ocorre com maior frequência em rapazes do que em raparigas.
Discordo totalmente 9 9,4 Discordo 40 41,7 Concordo 27 28,1 Concordo totalmente 12 12,5 Não responde/Omisso 8 8,3
25. A dislexia é uma dificuldade específica na leitura.
Discordo totalmente 7 7,3 Discordo 30 31,3 Concordo 42 43,8 Concordo totalmente 15 15,6 Não responde/Omisso 2 2,1
26. Os alunos com dislexia tendem a ter resultados de QI inferiores aos dos alunos sem dislexia.
Discordo totalmente 36 37,5 Discordo 46 47,9 Concordo 11 11,5 Concordo totalmente 1 1 Não responde/Omisso 2 2,1
29. Os alunos com dislexia têm dificuldades com a soletração.
Discordo totalmente 0 0 Discordo 20 20,8 Concordo 64 66,7 Concordo totalmente 10 10,4 Não responde/Omisso 2 2,1
31. Os alunos com dislexia podem desenvolver problemas sociais/emocionais.
Discordo totalmente 6 6,3 Discordo 24 25,0 Concordo 51 53,1 Concordo totalmente 14 14,6 Não responde/Omisso 1 1
32. Nos alunos com dislexia as dificuldades na leitura resultam de défices na componente fonológica da linguagem.
Discordo totalmente 8 8,3 Discordo 26 27,1 Concordo 47 49,0 Concordo totalmente 8 8,3 Não responde/Omisso 7 7,3
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
41
No que diz respeito à categoria Caraterísticas, e tal como se pode verificar na Tabela 3, os
resultados evidenciam que os participantes, de uma maneira geral, possuem conhecimentos corretos
acerca das caraterísticas da dislexia. Assim, 93,7% (n=90) dos professores concorda que os alunos com
dislexia têm dificuldades com a descodificação/reconhecimento de palavras e ainda 56,4% (n=57)
concorda igualmente que a dislexia é uma dificuldade específica na leitura. Também se constata que
uma grande maioria dos inquiridos (85,4%; n=82) discorda que os alunos com dislexia tendem a ter
resultados de QI inferiores aos dos alunos sem dislexia e que 77,1% (n=74) concorda que os alunos com
dislexia tenham dificuldades com a soletração, concordando igualmente que os alunos com dislexia
possam desenvolver problemas sociais/emocionais (67,7%; n=65), e ainda estão de acordo que nos
alunos com dislexia as dificuldades na leitura resultam de défices na componente fonológica da
linguagem (57,3%; n=55). Verifica-se que apesar de 51,1% (n=49) discordar que a dislexia ocorre com
maior frequência em rapazes do que em raparigas, 40,6% (n=39) dos inquiridos concorda com a
afirmação e destaca-se o fato de 8,3% não responder, o que suscita dúvidas quanto à prevalência do
género. Por último, 60,4% (n=58) concorda, erradamente, que ver letras e palavras ao contrário é uma
caraterística da dislexia.
Tabela 4 - Resultados absolutos e percentuais dos itens relativos à categoria Origem e Diagnóstico
Itens Respostas Frequência Absoluta Percentagem
10. As crianças com dislexia devem ser diagnosticadas por um médico.
Discordo totalmente 12 12,5 Discordo 23 24,0 Concordo 32 33,3 Concordo totalmente 27 28,1 Não responde/Omisso 2 2,1
14. As crianças com dislexia devem ser diagnosticadas por uma equipa multidisciplinar.
Discordo totalmente 0 0 Discordo 2 2,1 Concordo 34 35,4 Concordo totalmente 59 61,5 Não responde/Omisso 1 1
17. A dislexia é causada por um ambiente literário pobre em casa.
Discordo totalmente 58 60,4 Discordo 28 29,2 Concordo 9 9,4 Concordo totalmente 1 1 Não responde/Omisso 0 0
20. Pais com dislexia têm maior probabilidade de ter filhos com dislexia do que pais sem dislexia.
Discordo totalmente 21 21,9 Discordo 39 40,6 Concordo 27 28,1 Concordo totalmente 5 5,2 Não responde/Omisso 4 4,2
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
42
Tabela 4 - Resultados absolutos e percentuais dos itens relativos à categoria Origem e Diagnóstico (continuação)
22. A dislexia tem origem neurobiológica. Discordo totalmente 4 4,2 Discordo 5 5,2 Concordo 63 65,6 Concordo totalmente 11 11,5 Não responde/Omisso 13 13,5
30. Uma das principais razões para as dificuldades causadas pela dislexia são os problemas visuais.
Discordo totalmente 28 29,2 Discordo 50 52,1 Concordo 11 11,5 Concordo totalmente 0 0 Não responde/Omisso 7 7,3
Os resultados apresentados na Tabela 4 permitem verificar que na categoria Origem e
Diagnóstico, os participantes apontam respostas que permitem concluir que possuem conhecimentos
corretos sobre a dislexia. No entanto, mais de metade (61,4; n=59) concorda, erradamente, que as
crianças com dislexia devem ser diagnosticadas por um médico, contra 36,5% (n=35) que discorda dessa
afirmação. Por sua vez, a percentagem de inquiridos que concorda que as crianças com dislexia devem
ser diagnosticadas por uma equipa multidisciplinar prevalece com 96,9% (n=93) e o equivalente a 62,5%
(n=60) afirma, de forma equívoca, que pais com dislexia têm maior probabilidade de ter filhos com
dislexia do que pais sem dislexia.
Adicionalmente, constata-se que os participantes não têm dúvidas em discordar que a dislexia
seja causada por um ambiente literário pobre em casa (89,6%; n=86). Verifica-se que o item que declara
que a dislexia tem origem neurobiológica é uma afirmação em que 77,1% (n=74) dos inquiridos não
hesitam em concordar. No entanto, esta questão obteve uma percentagem significativa de inquiridos que
não responderam (13,5%; n=13), o que se poderá concluir que não sabem a resposta ou apresentam
dúvidas relativamente à origem da problemática. Por fim, a maioria dos participantes discorda que uma
das principais razões para as dificuldades causadas pela dislexia são os problemas visuais (83,1%; n=78).
Tabela 5 - Resultados absolutos e percentuais dos itens relativos à categoria Ensino e Apoio
Itens Respostas Frequência Absoluta Percentagem
11. As crianças com dislexia devem ter direito a apoio dos serviços de Educação Especial.
Discordo totalmente 0 0 Discordo 0 0 Concordo 26 27,1 Concordo totalmente 70 72,9 Não responde/Omisso 0 0
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
43
Tabela 5 - Resultados absolutos e percentuais dos itens relativos à categoria Ensino e Apoio (continuação)
12. As crianças com dislexia devem ter direito a adaptações curriculares.
Discordo totalmente 1 1 Discordo 14 14,6 Concordo 39 40,6 Concordo totalmente 42 43,8 Não responde/Omisso 0 0
13. Os pais de crianças com dislexia devem partilhar experiências com outros pais na mesma situação.
Discordo totalmente 0 0 Discordo 2 2,1 Concordo 42 43,8 Concordo totalmente 51 53,1 Não responde/Omisso 1 1
15. As crianças com dislexia devem ter direito a apoio especializado.
Discordo totalmente 0 0 Discordo 1 1 Concordo 32 33,3 Concordo totalmente 63 65,6 Não responde/Omisso 0 0
18. As crianças com dislexia necessitam de instrução de leitura sistemática e explícita na sala de aula.
Discordo totalmente 3 3,1 Discordo 6 6,3 Concordo 60 62,5 Concordo totalmente 24 25,0 Não responde/Omisso 3 3,1
19. O uso de lentes coloridas e/ou acetatos de cor é benéfico para os alunos com dislexia.
Discordo totalmente 16 16,7 Discordo 35 36,5 Concordo 35 36,5
Concordo totalmente 2 2,1 Não responde/Omisso 8,0 8,3
21. Exercícios com movimentos oculares são eficazes em corrigir dificuldades causadas pela dislexia.
Discordo totalmente 11 11,5 Discordo 28 29,2 Concordo 45 46,9 Concordo totalmente 2 2,1 Não responde/Omisso 10 10,4
27. Certos medicamentos são eficazes no tratamento da dislexia.
Discordo totalmente 30 31,3 Discordo 46 47,9 Concordo 10 10,4 Concordo totalmente 1 1 Não responde/Omisso 9 9,4
28. Fazer rimas e jogos de palavras no pré-escolar é benéfico para a aprendizagem da leitura.
Discordo totalmente 0 0 Discordo 4 4,2 Concordo 52 54,2 Concordo totalmente 38 39,6 Não responde/Omisso 2 2,1
Através das respostas apresentadas na Tabela 5, relativa à categoria Ensino e Apoio, é possível
constatar que, no geral, os professores apresentam conhecimentos acerca da dislexia. Assim, a
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
44
totalidade dos professores (100%; n=96) não tem dúvidas em afirmar que as crianças com dislexia devem
ter direito a apoio dos serviços de Educação Especial; a quase totalidade (96,9%; n=93) concorda que
os pais das crianças com dislexia devem partilhar experiências com outros pais na mesma situação e o
equivalente a 98,9% (n=95) concorda que as crianças devem ter direito a apoio especializado. A grande
maioria dos inquiridos (84,4%; n=81) concorda que as crianças com dislexia devem ter direito a
adaptações curriculares. Constata-se igualmente que mais de metade dos inquiridos (53,2%; n=51)
discorda que o uso de lentes coloridas e/ou acetatos de cor seja benéfico para os alunos com dislexia e
79,2% (n=76) discorda que certos medicamentos sejam eficazes no tratamento da dislexia. No entanto,
relativamente a estas afirmações parece existir maior incerteza, pois apesar da percentagem elevada de
respostas corretas, verifica-se uma percentagem significativa de respostas omissas por parte dos
inquiridos (8,3%; n=8 e 9,4%; n=9) respetivamente. Salienta-se que 49% (n=47) dos participantes no
estudo concorda que exercícios com movimentos oculares são eficazes em corrigir dificuldades causadas
pela dislexia. Contudo, esta é uma ideia errada que persiste relativamente aos alunos com dislexia, sendo
que apenas 40,7% (n=39) dos inquiridos respondeu que discordava. De referir que esta afirmação foi a
que suscitou mais dúvidas nesta categoria, na medida em que uma percentagem significativa (10, 4%;
n=10) não respondeu. Verifica-se, por fim, que uma percentagem bastante expressiva dos inquiridos
concorda que as crianças com dislexia necessitam de instrução de leitura sistemática e explícita na sala
de aula e que fazer rimas e jogos de palavras no pré-escolar é benéfico para a aprendizagem da leitura
(87,5%; n=84 e 93,8%; n=90) respetivamente.
3.2 – RESULTADOS INFERENCIAIS
Para calcular se existem diferenças de respostas entre dois grupos recorreu-se à estatística
inferencial. Analisaram-se as variáveis “género”, “tempo de serviço”, “lidar com alunos com dislexia
formalmente diagnosticada”, “experiência pedagógica com alunos com dislexia” “participantes em
serviço e em formação” e “formação especializada na área da dislexia”. Por conseguinte, começaram
por se definir as hipóteses a serem testadas para cada variável e de seguida apresentam-se os resultados.
Género
Foram testadas duas hipóteses para se aferir se existem diferenças de conhecimento
relativamente ao género:
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
45
H0 - Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados relativos ao
conhecimento dos participantes femininos e dos participantes masculinos.
Ha- Existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados relativos ao
conhecimento dos participantes femininos e dos participantes masculinos.
De forma a testar as hipóteses e verificar se as diferenças entre os dois grupos são significativas,
recorreu-se ao teste t-student para amostras independentes. Este teste estatístico mostrou diferenças
entre grupos para o item 15 “As crianças com dislexia devem ter direito a apoio especializado”. O teste
de Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos não são estatisticamente
diferentes no que diz respeito à variância, F=3,26, para p=0,074. O resultado do teste t-student para
amostras independentes, t(94) =2,39 com p=0,02, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-se que existem
diferenças estatisticamente significativas ao nível do conhecimento relativamente ao género. De salientar
que os participantes do género feminino (M=3,68; DP=0,47) tiveram resultados que indicam ter mais
conhecimentos sobre dislexia do que os participantes do género masculino (M=3,25; DP=0,71).
Tempo de serviço
Para determinar se existem diferenças entre os resultados obtidos pelos participantes
relativamente ao tempo de serviço, foram testadas as seguintes hipóteses:
H0 - Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados relativos ao
conhecimento dos participantes com diferentes anos de tempo de serviço.
Ha - Existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados relativos ao
conhecimento dos participantes com diferentes anos de tempo de serviço.
Para testar estas hipóteses, recorreu-se ao teste One-Way Anova, uma vez que existem sete
grupos: zero a cinco anos, seis a dez anos, 11 a 20 anos, 21 a 30 anos, mais de 40 anos, 1º ano de
formação inicial e 2º ano de formação inicial. Assim, encontraram-se diferenças entre grupos para sete
itens, nomeadamente para:
- Item 12 “As crianças com dislexia devem ter direito a adaptações curriculares”. O teste One-
Way Anova evidenciou diferenças estatisticamente significativas entre as respostas, F(6,86)=3,300,
p=0,006, rejeitando-se a hipótese nula. O teste Post-hoc Tukey HSD indica que as diferenças
estatisticamente significativas encontram-se entre os professores que apresentam tempo de serviço entre
zero e cinco anos e os que estão no 1º ano de formação com p=0,041. De salientar que os participantes
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
46
com tempo de serviço entre zero e cinco anos de serviço (M=2,00; DP=0,00) tiveram resultados que
indicam ter menos conhecimentos do que os participantes que estão no 1º ano de formação (M=3,59;
DP=0,50).
- Item 19 “O uso de lentes coloridas e/ou acetatos de cor é benéfico para os alunos com
dislexia”. O teste One-Way Anova evidenciou diferenças estatisticamente significativas entre as respostas,
F(6,81)=3,268, p=0,006, rejeitando-se a hipótese nula. O teste Post-hoc Tukey HSD indica que as
diferenças estatisticamente significativas encontram-se entre os professores que apresentam tempo de
serviço entre 11 e 20 anos (M=2,50; DP=0,63) e os que estão no 2º ano de formação (M=3,41; DP=0,71)
com p=0,009; entre os professores que apresentam tempo de serviço entre 21 e 30 anos (M=2,53;
DP=0,74) e os que estão no 2º ano de formação (M=3,41; DP=0,71) com p=0,017 e entre os professores
que estão no 1º ano de formação (M=2,55; DP=0,67) e os que estão no 2º ano de formação (M=3,41;
DP=0,71) com p=0,007. De salientar que os participantes que estão no 2º ano de formação (M=3,41;
DP=0,71) tiveram resultados que indicam ter mais conhecimentos do que os participantes com tempo
de serviço entre 11 e 20 anos (M=2,50; DP=0,63).
- Item 24 “A dislexia ocorre com maior frequência em rapazes do que em raparigas”. O teste
One-Way Anova evidenciou diferenças estatisticamente significativas entre as respostas, F(6,81)=5,694,
p=0,000, rejeitando-se a hipótese nula. O teste post-hoc Tukey HSD indica que as diferenças
estatisticamente significativas encontram-se entre os professores que apresentam tempo de serviço entre
11 e 20 anos (M=2,53; DP=0,94) e os que estão no 2º ano de formação (M=1,71; DP=0,92) com
p=0,029, entre os professores que apresentam tempo de serviço entre 21 e 30 anos (M=2,93; DP=0,59)
e os que estão no 2º ano de formação (M=1,71; DP=0,92) com p=0,000 e entre os professores que
estão no 1º ano de formação (M=2,95; DP=0,51) e os que estão no 2º ano de formação (M=1,71;
DP=0,92) com p=0,000. De salientar que os participantes que estão no 1º ano de formação (M=2,95;
DP=0,51) tiveram resultados que indicam ter mais conhecimentos do que os participantes que estão no
2º ano de formação (M=1,71; DP=0,92).
- Item 26 “Os alunos com dislexia tendem a ter resultados de QI inferiores aos dos alunos sem
dislexia”. O teste One-Way Anova evidenciou diferenças estatisticamente significativas entre as respostas,
F(6,87)=2,594, p=0,023, rejeitando-se a hipótese nula. O teste post-hoc Tukey HSD indica que as
diferenças estatisticamente significativas encontram-se entre os professores que estão no 1º ano de
formação e os que estão no 2º ano de formação com p=0,018. De salientar que os participantes que
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
47
estão no 1º ano de formação (M=3,00; DP=0,71) tiveram resultados que indicam ter menos
conhecimentos do que os participantes que estão no 2º ano de formação (M=3,72; DP=0,46).
- Item 27 “Certos medicamentos são eficazes no tratamento da dislexia”. O teste One-Way Anova
evidenciou diferenças estatisticamente significativas entre as respostas, F(6,80)=2,476, p=0,030,
rejeitando-se a hipótese nula. O teste Post-hoc Tukey HSD indica que as diferenças estatisticamente
significativas encontram-se entre os professores que apresentam tempo de serviço entre zero e cinco
anos e os que estão no 2º ano de formação com p=0,037. De salientar que os participantes que têm
tempo de serviço entre zero e cinco anos (M=2,00; DP=0,00) tiveram resultados que indicam ter menos
conhecimentos do que os participantes que estão no 2º ano de formação (M=3,53; DP=0,51).
- Item 30 “Uma das principais razões para as dificuldades causadas pela dislexia são os
problemas visuais”. O teste One-Way Anova evidenciou diferenças estatisticamente significativas entre
as respostas, F(6,82)=2,847, p=0,014, rejeitando-se a hipótese nula. O teste Post-hoc Tukey HSD indica
que as diferenças estatisticamente significativas encontram-se entre os professores que estão no 1º ano
de formação e os que estão no 2º ano de formação com p=0,015. De salientar que os participantes que
estão no 1º ano de formação (M=3,00; DP=0,55) tiveram resultados que indicam ter menos
conhecimentos do que os participantes que estão no 2º ano de formação (M=3,67; DP=0,49).
- Item 31 “Os alunos com dislexia podem desenvolver problemas sociais/emocionais”. O teste
One-Way Anova evidenciou diferenças estatisticamente significativas entre as respostas, F(6,88)=2,699,
p=0,019, rejeitando-se a hipótese nula. O teste post-hoc Tukey HSD indica que as diferenças
estatisticamente significativas encontram-se entre os professores que apresentam tempo de serviço de
mais de 30 anos e os que estão no 2º ano de formação com p=0,009. De salientar que os participantes
que têm mais de 30 anos de tempo de serviço (M=3,25; DP=0,86) tiveram resultados que indicam ter
mais conhecimentos do que os participantes que estão no 2º ano de formação (M=2,33; DP=0,84).
Lidar com alunos com Dislexia formalmente diagnosticada
Para se aferir se existem diferenças entre os resultados obtidos pelos participantes que já lidaram
com alunos com dislexia formalmente diagnosticada e pelos participantes que não lidaram com alunos
com dislexia formalmente diagnosticada, foram testadas duas hipóteses:
H0 - Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos
participantes que já lidaram com alunos com dislexia formalmente diagnosticada e pelos participantes
que nunca lidaram com alunos com dislexia formalmente diagnosticada.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
48
Ha - Existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos
participantes que já lidaram com alunos com dislexia formalmente diagnosticada e pelos participantes
que nunca lidaram com alunos com dislexia formalmente diagnosticada.
De forma a testar as hipóteses e verificar se as diferenças entre os dois grupos são significativas,
recorreu-se ao teste t-student para amostras independentes. Este teste estatístico mostrou diferenças
entre grupos para dois itens, nomeadamente para:
- Item 17 “A dislexia é causada por um ambiente literário pobre em casa”. O teste de Levene
para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos são estatisticamente diferentes no
que diz respeito à variância, F=5,706, para p=0,019. O resultado do teste t-student para amostras
independentes, t(88) =-2,21 com p=0,03, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-se que existem diferenças
estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes que já lidaram com alunos
com dislexia formalmente diagnosticada e os que não lidaram com alunos com dislexia formalmente
diagnosticada. De salientar que os participantes que já lidaram com alunos com dislexia formalmente
diagnosticada (M =3,67; DP =0,58) tiveram melhores resultados que os participantes que não lidaram
com alunos com dislexia formalmente diagnosticada (M =3,35; DP =0,77).
- Item 24 “A dislexia ocorre com maior frequência em rapazes do que em raparigas”. O teste de
Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos não são estatisticamente
diferentes no que diz respeito à variância, F=0,070, para p=0,793. O resultado do teste t student para
amostras independentes, t(80) =2,08 com p=0,04, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-se que existem
diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes que já lidaram
com alunos com dislexia formalmente diagnosticada e os obtidos pelos participantes que não lidaram
com alunos com dislexia formalmente diagnosticada De salientar que os participantes que já lidaram
com alunos com dislexia formalmente diagnosticada (M =2,36; DP =0,80) tiveram piores resultados que
os participantes que não lidaram com alunos com dislexia formalmente diagnosticada (M =2,74; DP
=0,83).
Participantes em serviço e em formação
Para se aferir se existem diferenças entre os resultados obtidos pelos participantes em formação
e os participantes em serviço, foram testadas duas hipóteses:
H0 - Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos
participantes em formação e os obtidos pelos participantes em serviço.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
49
Ha - Existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos
participantes em formação e os obtidos pelos participantes em serviço.
De forma a testar as hipóteses e verificar se as diferenças entre os dois grupos são significativas,
recorreu-se ao teste t-student para amostras independentes. Este teste estatístico mostrou diferenças
entre grupos para cinco itens, nomeadamente para:
- Item 12 “As crianças com dislexia devem ter direito a adaptações curriculares”. O teste de
Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos não são estatisticamente
diferentes no que diz respeito à variância, F=1,7, para p=0,189. O resultado do teste t-student para
amostras independentes, t(94) =2,31 com p=0,02, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-se que existem
diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes que estão em
formação e os obtidos pelos participantes que estão em serviço. De salientar que os participantes que
estão em formação (M=3,48; DP=0,64) tiveram melhores resultados que os participantes que estão em
serviço (M=3,13; DP=0,79).
- Item 16 “Ver letras e palavras ao contrário é uma característica da dislexia”. O teste de Levene
para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos são estatisticamente diferentes no
que diz respeito à variância, F=4,6, para p=0,035. O resultado do teste t-student para amostras
independentes, t(78) =4,51 com p=0,00, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-se que existem diferenças
estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes que estão em formação e
os obtidos pelos participantes que estão em serviço. De salientar que os participantes que estão em
formação (M =2,78; DP =0,86) tiveram melhores resultados que os participantes que estão em serviço
(M =2; DP =0,76).
- Item 19 “O uso de lentes coloridas e/ou acetatos de cor é benéfico para os alunos com
dislexia”. O teste de Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos não são
estatisticamente diferentes no que diz respeito à variância, F=,08, para p=,78.O resultado do teste t-
student para amostras independentes, t(86) =2,01 com p=0,047, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-
se que existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes
que estão em formação e os obtidos pelos participantes que estão em serviço. De salientar que os
participantes que estão em formação (M =2,92; DP =0,81) tiveram melhores resultados que os
participantes que estão em serviço (M =2,59; DP =0,73).
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
50
- Item 21 “Exercícios com movimentos oculares são eficazes em corrigir dificuldades causadas
pela dislexia”. O teste de Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos são
estatisticamente diferentes no que diz respeito à variância, F=4,97, para p=0,029. O resultado do teste
t-student para amostras independentes, t(69) =2,26 com p=0,03, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-
se que existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes
que estão em formação e os obtidos pelos participantes que estão em serviço. De salientar que os
participantes que estão em formação (M =2,76; DP =0,82) tiveram melhores resultados que os
participantes que estão em serviço (M =2,40; DP =0,64).
- Item 31 “Os alunos com dislexia podem desenvolver problemas sociais/morais”. O teste de
Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos não são estatisticamente
diferentes no que diz respeito à variância, F=3,54 para p=0,063. O resultado do teste t-student para
amostras independentes, t(93) =-2,99 com p=0,00, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-se que existem
diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes que estão em
formação e os obtidos pelos participantes que estão em serviço. De salientar que os participantes que
estão em formação (M =2,50; DP =0,78) tiveram piores resultados que os participantes que estão em
serviço (M =2,96; DP =0,72).
Formação especializada na área da Dislexia
Para se aferir se existem diferenças entre os resultados obtidos pelos participantes com formação
na área da dislexia e pelos participantes que não têm formação na área da dislexia, foram testadas duas
hipóteses:
H0 - Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos
participantes com formação na área da dislexia e os que não têm formação na área da dislexia.
Ha - Existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos
participantes com formação na área da dislexia e os que não têm formação na área da dislexia.
De forma a testar as hipóteses e verificar se as diferenças entre os dois grupos são significativas,
recorreu-se ao teste t-student para amostras independentes. Este teste estatístico mostrou diferenças
entre grupos para nove itens, nomeadamente para:
- Item 10 “As crianças com dislexia devem ser diagnosticadas por um médico”. O teste de Levene
para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos são estatisticamente diferentes no
que diz respeito à variância, F=3,921, para p=0,051. O resultado do teste t-student para amostras
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
51
independentes, t(89) =-2,35 com p=0,021, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-se que existem
diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes com formação
na área da dislexia e os que não têm formação na área da dislexia. De salientar que os participantes que
têm formação na área da dislexia (M =2,64; DP =1,14) tiveram melhores resultados que os participantes
que não têm formação na área da dislexia (M =2,07; DP =0,93).
- Item 14 “As crianças com dislexia devem ser diagnosticadas por uma equipa multidisciplinar”.
O teste de Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos são
estatisticamente diferentes no que diz respeito à variância, F=37,848, para p=0,000. O resultado do
teste t-student para amostras independentes, t(57) =-3,48 com p=0,001, permite rejeitar a H0. Assim,
conclui-se que existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos
participantes com formação na área da dislexia e os que não têm formação na área da dislexia. De
salientar que os participantes que têm formação na área da dislexia (M =3,86; DP =0,35) tiveram
melhores resultados que os participantes que não têm formação na área da dislexia (M =3,51; DP =0,56).
- Item 16 “Ver letras e palavras ao contrário é uma característica da dislexia”. O teste de Levene
para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos são estatisticamente diferentes no
que diz respeito à variância, F=1,783, para p=0,185. O resultado do teste t-student para amostras
independentes, t(89) =-4,43 com p=0,000, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-se que existem
diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes com formação
na área da dislexia e os que não têm formação na área da dislexia. De salientar que os participantes que
têm formação na área da dislexia (M =3,00; DP =0,98) tiveram melhores resultados que os participantes
que não têm formação na área da dislexia (M =2,12; DP =0,76).
- Item 19 “O uso de lentes coloridas e/ou acetatos de cor é benéfico para os alunos com
dislexia”. O teste de Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos são
estatisticamente diferentes no que diz respeito à variância, F=,231, para p=0,632. O resultado do teste
t-student para amostras independentes, t(83) =-2,15 com p=0,035, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-
se que existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes
com formação na área da dislexia e os que não têm formação na área da dislexia. De salientar que os
participantes que têm formação na área da dislexia (M =3,05; DP =0,84) tiveram melhores resultados
que os participantes que não têm formação na área da dislexia (M =2,63; DP =0,75).
- Item 21 “Exercícios com movimentos oculares são eficazes em corrigir dificuldades causadas
pela dislexia”. O teste de Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos são
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
52
estatisticamente diferentes no que diz respeito à variância, F=,122, para p=0,727. O resultado do teste
t-student para amostras independentes, t(82) =-4,14 com p=0,000, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-
se que existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes
com formação na área da dislexia e os que não têm formação na área da dislexia. De salientar que os
participantes que têm formação na área da dislexia (M =3,09; DP =0,81) tiveram melhores resultados
que os participantes que não têm formação na área da dislexia (M =2,39; DP =0,64).
- Item 24 “A dislexia ocorre com mais frequência em rapazes do que em raparigas”. O teste de
Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos são estatisticamente
diferentes no que diz respeito à variância, F=,113, para p=0,738. O resultado do teste t-student para
amostras independentes, t(83) =3,97 com p=0,000, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-se que existem
diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes com formação
na área da dislexia e os que não têm formação na área da dislexia. De salientar que os participantes que
têm formação na área da dislexia (M =1,90; DP =0,83) tiveram piores resultados que os participantes
que não têm formação na área da dislexia (M =2,70; DP =0,79).
- Item 26 “Os alunos com dislexia tendem a ter resultados de QI inferiores aos dos alunos sem
dislexia”. O teste de Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos são
estatisticamente diferentes no que diz respeito à variância, F=0,399, para p=0,529. O resultado do teste
t-student para amostras independentes, t(89) =-2,06 com p=0,043, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-
se que existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes
com formação na área da dislexia e os que não têm formação na área da dislexia. De salientar que os
participantes que têm formação na área da dislexia (M =3,50; DP =0,51) tiveram melhores resultados
que os participantes que não têm formação na área da dislexia (M =3,16; DP =0,72).
- Item 30 “Uma das principais razões para as dificuldades causadas pela dislexia são os
problemas visuais”. O teste de Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos
são estatisticamente diferentes no que diz respeito à variância, F=0,561, para p=0,456. O resultado do
teste t-student para amostras independentes, t(84) =-2,21 com p=0,030, permite rejeitar a H0. Assim,
conclui-se que existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos
participantes com formação na área da dislexia e os que não têm formação na área da dislexia. De
salientar que os participantes que têm formação na área da dislexia (M =3,45; DP =0,60) tiveram
melhores resultados que os participantes que não têm formação na área da dislexia (M =3,11; DP =0,65).
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
53
- Item 31 “Os alunos com dislexia podem desenvolver problemas sociais/emocionais”. O teste
de Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos são estatisticamente
diferentes no que diz respeito à variância, F=2,497, para p=0,118. O resultado do teste t-student para
amostras independentes, t(90) =2,08 com p=0,041, permite rejeitar a H0. Assim, conclui-se que existem
diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelos participantes com formação
na área da dislexia e os que não têm formação na área da dislexia. De salientar que os participantes que
têm formação na área da dislexia (M =2,45; DP =0,86) tiveram piores resultados que os participantes
que não têm formação na área da dislexia (M =2,84; DP =0,74).
3.3 – RESULTADOS DAS QUALIDADES PSICOMÉTRICAS DO QUESTIONÁRIO
Realizou-se uma análise exploratória das propriedades psicométricas do instrumento de recolha
de dados utilizado nesta investigação, concretamente a fiabilidade e a validade, propriedades que se
descrevem de seguida.
3.3.1. – FIABILIDADE E VALIDADE
Para o questionário “Caracterizar os conhecimentos que professores em serviço e em formação
do 1º Ciclo do Ensino Básico do Norte de Portugal têm sobre dislexia” o valor do Alpha de Cronbach
obtido foi de 0,486, relativo a 23 itens, conforme se pode verificar na Tabela 6, o que nos indica que o
nível de consistência interna é inaceitável, ou seja, não existe uniformidade nas respostas em cada um
dos itens.
Tabela 6 – Estatísticas de Confiabilidade
Alpha de Cronbach
Número de itens
0,486 23
Este valor de Alpha de Cronbach, conforme se pode verificar e de acordo com o que Almeida e
Freire (2007) defendem, é inaceitável. Assim, torna-se necessário a eliminação de três itens (itens 20,
31 e 32) no sentido de aumentar o valor do Alpha de Cronbach para níveis considerados aceitáveis.
Desta forma, considera-se que será melhor eliminar estes itens e proceder a uma reavaliação da
consistência interna com apenas 20 itens (ver Tabela 7).
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
54
Tabela 7 – Estatísticas de item total
Item Média de escala
se o item for excluído
Variância de escala se o item for excluído
Correlação de item total corrigida
Alpha de Cronbach se o item for
excluído
Item 10 67,14 20,894 ,047 ,498 Item 11 65,72 21,348 ,183 ,471 Item 12 66,21 20,369 ,182 ,466 Item 13 65,94 20,654 ,279 ,457 Item 14 65,83 20,628 ,322 ,454 Item 15 65,82 20,437 ,371 ,448 Item 16 67,01 19,700 ,204 ,460 Item 17 65,99 19,814 ,283 ,447 Item 18 66,34 20,084 ,263 ,452 Item 19 66,70 19,526 ,299 ,442 Item 20 67,30 23,954 -,289 ,557 Item 21 66,87 19,312 ,353 ,432 Item 22 66,49 22,939 -,175 ,521 Item 23 66,15 19,361 ,440 ,425 Item 24 66,99 24,043 -,294 ,561 Item 25 66,79 19,569 ,279 ,445 Item 26 66,15 19,019 ,484 ,415 Item 27 66,27 18,742 ,514 ,407 Item 28 66,10 21,090 ,167 ,471 Item 29 66,58 20,333 ,312 ,450 Item 30 66,25 19,078 ,487 ,416 Item 31 66,76 24,356 -,353 ,559 Item 32 66,82 24,580 -,367 ,567
Foram, então, retirados três itens no sentido de melhorar a consistência do instrumento,
constatando-se que após a sua eliminação o valor do Alpha de Cronbach subiu para 0,696, sendo muito
mais aceitável, garantindo, desta forma, a validade interna da escala com maior precisão. Assim, a
análise fatorial será efetuada com os 20 itens (ver Tabela 8).
Tabela 8 – Alpha de Cronbach para 20 itens
Alpha de Cronbach Número de itens 0,696 20
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
55
3.3.2. – ANÁLISE FATORIAL
Segundo Pestana e Gageiro, (2005) a análise fatorial é apropriada se a medida de
adequabilidade da amostra de KMO estiver compreendida entre 0,5 e 1,0 e inadequada se os valores
forem inferiores a 0,5. Pela análise da Tabela 9 o valor de KMO obtido é de 0,633, tratando-se de um
valor aceitável e que confirma, dessa forma, a adequabilidade da análise fatorial. Constata-se, ainda, que
o valor do teste de esfericidade de Bartlett demonstra que a análise fatorial é adequada ao estudo uma
vez que apresenta um valor de 518,945 com p<0,000.
Tabela 9 – Teste de KMO e Bartlett
Medida KMO de adequação de amostragem 0,633
Teste de esfericidade de Bartlett
Aprox. Qui-quadrado 518,945 gl 253 Sig. 0,000
O questionário utilizado neste estudo encontrava-se inicialmente agrupado em três fatores,
nomeadamente:
1. Caraterísticas (itens 16, 23, 24, 25, 26, 29, 31 e 32).
2. Origem e Diagnóstico (itens 10, 14, 17, 20, 22 e 30).
3. Ensino e Apoio (itens 11, 12, 13, 15, 18, 19, 21, 27 e 28).
Assim sendo, realizou-se uma análise fatorial com uma extração Varimax, tal como se verifica na
Tabela 10.
Tabela 10 – Estrutura fatorial após rotação Varimax
Item Componentes
1 2 3
Item 10 ,539 ,490 Item 11 ,385 Item 12 ,676 Item 13 ,657 Item 14 ,415 Item 15 -,471 ,514 Item 16 ,685 Item 17 ,501 ,307 Item 18 -,714 Item 19 ,585 -393 Item 20 ,571 Item 21 ,529 ,519
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
56
Tabela 10 – Estrutura fatorial após rotação Varimax (continuação)
Item 22 ,491 Item 23 -,421 -,321 Item 24 -,509 Item 25 -,594 Item 26 ,620 Item 27 ,387 ,537 Item 28 ,478 Item 29 -,618 Item 30 ,633 Item 31 ,449 ,416 Item 32 ,377
Tal como se observa na Tabela 11, os fatores explicam 40,24% da variância total dos resultados.
Tabela 11 – Fatores/componentes da escala
Componentes Total % da Variância % Acumulada
1 3,867 16,813 16,813 2 2,962 12,877 29,691 3 2,426 10,549 40,240
O Fator 1 explica aproximadamente 16,81% da variância total do questionário e é saturada nos
itens 10, 16, 17, 19, 20, 21, 23, 24, 26, 30 e 31.
O Fator 2 explica aproximadamente 12,88% da variância total do questionário e é saturada nos
itens 17, 18, 22, 25, 27, 29 e 32.
O Fator 3 explica aproximadamente 10,54% da variância total do questionário e é saturada nos
itens 11, 12, 13, 14, 15 e 28.
Estes resultados não apresentam coerência conceptual relativamente ao agrupamento dos
diferentes itens por fator. Sugere-se a elaboração de um estudo posterior.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
57
IV – CONCLUSÕES, DISCUSSÃO E LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
Com este capítulo pretende-se apresentar as conclusões, efetuando uma análise e discussão
dos resultados obtidos e também limitações e recomendações para futuras investigações.
4.1 – CONCLUSÕES E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A finalidade deste trabalho de investigação é caraterizar os conhecimentos que professores em
serviço e em formação do 1º Ciclo do Ensino Básico do Norte de Portugal têm sobre dislexia. A amostra
foi constituída por 96 professores de um agrupamento de escolas e de uma universidade da zona Norte
de Portugal. O instrumento de recolha de dados utilizado foi um questionário construído tendo por base
o artigo Knowledge and beliefs about developmental dyslexia in pre-service and in-service Spanish-
speaking teachers, de Soriano-Ferrer et al. (2016) e pelo questionário utilizado por Carreira (2016).
Apresentam-se as conclusões obtidas neste estudo, tendo em conta os objetivos definidos e que se
apresentam de seguida:
1. Analisar os conhecimentos que os professores possuem acerca da dislexia, nomeadamente
sobre as caraterísticas, a origem e diagnóstico e o ensino e apoio da dislexia.
2. Analisar se os conhecimentos que os professores possuem sobre dislexia são influenciados
pelas variáveis pessoais, como o género, e com variáveis profissionais como o tempo de serviço, o
contato com alunos com dislexia formalmente diagnosticada, os participantes em formação e em serviço
e a formação especializada na área da dislexia.
3. Conhecer a fiabilidade dos resultados obtidos.
4. Verificar a adequabilidade dos componentes do instrumento de recolha de dados.
Adicionalmente à apresentação das conclusões faz-se uma discussão destas, tendo por base a
literatura nacional e internacional.
A dislexia é entendida como uma dificuldade de aprendizagem específica que afeta a capacidade
de uma pessoa para conseguir processar linguagem escrita (Washburn et al., 2011a). Através de
investigações realizadas, Washburn et al. (2011a) constatam que cerca de um quinto da população dos
Estados Unidos da América evidencia uma ou mais caraterísticas da dislexia. Em adição, Washburn et
al. (2013) estimam que entre 15 a 20 % das crianças em idade escolar na população de língua inglesa
apresentam dificuldades em adquirir competências básicas de leitura e que cerca de 5 a 10 % dos
indivíduos possuem uma dificuldade de aprendizagem específica, denominada frequentemente de
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
58
dislexia. O Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano calcula que entre 17 a 20%
da população dos Estados Unidos tenha uma dificuldade de aprendizagem na leitura, estimando que
uma em cada cinco crianças tem problemas na aprendizagem da leitura que persistirá na adolescência
e idade adulta (Wadlington & Wadlington 2005). Por seu lado, a Associação Internacional de Dislexia
reforça que entre 15 a 20% da população possui pelo menos uma caraterística da dislexia e, como
consequência, muitos desses indivíduos terão dificuldades com a leitura.
Investigadores em todo o mundo em diversas áreas, nomeadamente da medicina, da
neurociência, da psicologia e da educação têm desenvolvido um trabalho significativo no sentido de
compreender a dislexia. Realçam o fato de não existir uma definição única e universal de dislexia, no
entanto a investigação define-a como sendo uma dificuldade de aprendizagem baseada na linguagem,
em que os indivíduos apresentam dificuldades na codificação fonológica (Washburn et al., 2013).
Investigações realizadas sugerem que a dislexia não é específica da língua inglesa, estando presente em
cerca de 10% em várias línguas alfabéticas, designadamente o inglês, o alemão, o norueguês, o francês,
o espanhol ou o português, assim como também em línguas não alfabéticas como o chinês ou o japonês
(Washburn et al., 2013).
Assim, as conclusões deste estudo são as seguintes:
No geral, os participantes revelam possuir conhecimentos sobre a dislexia, nomeadamente sobre
as caraterísticas, a origem e diagnóstico e o ensino e apoio aos alunos, verificando-se, no entanto, alguns
equívocos e também dúvidas.
As conclusões relativas aos conhecimentos corretos por parte dos participantes deste estudo são
corroboradas pelos resultados do estudo de Marques (2014) que mostram que uma elevada
percentagem de docentes refere possuir conhecimentos científicos para lidar com alunos com dislexia,
revelando, no entanto, dificuldades para encontrar estratégias de intervenção com esses alunos,
reconhecendo a necessidade de aprofundar os seus conhecimentos na área. As conclusões do presente
estudo são, ainda, similares às conclusões dos resultados do estudo de Sacramento (2015) que realça
que os educadores e os professores do 1º Ciclo do Ensino Básico da zona Norte de Portugal revelam um
nível positivo de conhecimentos sobre dislexia. Segundo Wadlington e Wadlington (2005) a dislexia é
uma dificuldade de aprendizagem que afeta o processamento da linguagem que não se deve a
inteligência inadequada, a falta de motivação, a má instrução, a problemas de visão ou audição, ou a
outros fatores externos, tratando-se, sim, de um distúrbio neurobiológico genético que pode afetar todas
as famílias e reforçam a ideia de que tanto rapazes como raparigas podem ter dislexia. Estes
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
59
investigadores são da opinião que as crianças com dislexia que recebem apoio educacional apropriado
nos primeiros anos escolares terão menos dificuldades na aprendizagem da leitura do que aquelas que
não recebem qualquer apoio, defendendo que uma rápida intervenção e tratamento são absolutamente
necessários para as crianças que se encontram em risco (Wadlington & Wadlington, 2005).
Para Guerreiro (2012) a aquisição do apoio adequado das competências da leitura e da escrita
tornam-se fundamentais para as aprendizagens que se seguem. Admite, no entanto, que as dificuldades
sentidas nesse processo tornam-se, por vezes, um obstáculo para o progresso escolar dos alunos, tendo
efeitos a diversos níveis, nomeadamente o abandono escolar, a menor eficácia de leitura ou baixa
autoestima, tal como refere Washburn et al. (2013) que reconhece as exigências de alfabetização da
sociedade atual. Marques (2014) reforça esta ideia e enfatiza que aprender a ler e escrever é uma
aprendizagem imprescindível na nossa sociedade e destaca que se essa capacidade não for adquirida
corretamente toda a escolaridade do aluno será posta em causa e, para Freitas et al. (2015) a
aprendizagem da leitura e da escrita é fulcral na vida escolar de qualquer indivíduo, permitindo o acesso
a outros saberes.
Existem vários autores que defendem que são os professores do 1º Ciclo que se deparam com
alunos aparentemente com um desenvolvimento normal, mas que apresentam graves dificuldades na
aprendizagem da leitura e da escrita (Cancela, 2014), e que são os professores os primeiros a observar
e a ter consciência das dificuldades que a criança com dislexia enfrenta na fase inicial de alfabetização
(Tabaquim et al., 2016). Lima et al. (2015), por sua vez, destacam o papel fundamental do professor do
1º Ciclo na deteção das dificuldades observadas em crianças com dislexia e no posterior
encaminhamento para os serviços competentes e na intervenção pedagógica a efetuar junto do aluno
com dislexia.
A constatação da existência de cada vez mais alunos com dificuldades específicas nas escolas
implica, segundo Ferreira (2015), a necessidade por parte dos professores refletirem, aprofundarem e
atualizarem os conhecimentos desta perturbação. São vários os autores, quer nacionais quer
internacionais, que defendem a importância de analisar as conceções que os professores têm sobre
dislexia (Washburn et al., 2011ª; Washburn et al., 2013; Wadlington & Wadlington, 2005; Ferreira, 2015;
Guerreiro, 2012; Cancela 2014), pois verifica-se que nem todos os professores possuem conhecimentos
acerca dela, não se sentindo, por isso, preparados para ensinar estes alunos (Guerreiro, 2012).
Os participantes revelam equívocos acerca da dislexia, nomeadamente a dislexia ser
diagnosticada por um médico, a inversão de letras e palavras ser uma caraterística da dislexia, sobre a
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
60
hereditariedade da dislexia e sobre o fato de exercícios com movimentos oculares serem eficazes em
corrigir as dificuldades causadas pela dislexia. Estes equívocos são consistentes com os resultados dos
estudos de Washburn et al. (2013); Washburn et al. (2011b); Soriano-Ferrer et al. (2016) e Sacramento
(2015). De acordo com Washburn et al. (2013) e Washburn et al. (2011b) a afirmação de que a inversão
de letras é uma caraterística da dislexia é um equívoco por parte dos professores. Carreira (2016) refere
que há mitos que ainda persistem e devem ser desmistificados, como o fato do diagnóstico das crianças
com dislexia ser elaborado por um médico ou que existem exercícios com movimentos oculares que são
eficazes na correção de dificuldades causadas pela dislexia. Na perspetiva de Correia e Martins (1999),
a identificação das dificuldades de aprendizagem deve ser feita o mais cedo possível, devendo os
profissionais de educação e os pais estarem atentos a um conjunto de sinais exibidos pelo aluno. Este
processo deve basear-se não só na informação recolhida pelo professor, mas também por informação
prestada por outros profissionais ou até pelos pais. A avaliação deverá ser efetuada por uma equipa
multidisciplinar, onde inclua, para além do professor do aluno e dos pais, outros profissionais
considerados essenciais para a intervenção adequada (Correia & Martins, 1999).
A investigação realizada no âmbito do modelo “resposta à intervenção” tem mostrado que os
alunos com dificuldades de aprendizagem específicas vivenciam níveis de insucesso e não respondem
da melhor maneira ao tipo de ensino que é proporcionado à turma (Kauffman & Hallahan, 2005, citados
por Martins, 2011). Assim, torna-se fundamental incrementar um tipo de apoio que garanta o seu
sucesso académico (Kauffman & Hallahan, 2005, citados por Martins, 2011). Martins (2011) propõe
ideias que contribuem para a reflexão da qualidade da educação proporcionada aos alunos com
dificuldades de aprendizagem específicas e que passam por: identificar os alunos com necessidades
educativas especiais; aceitar a responsabilidade e apoio dos serviços de educação especial; a promoção
de um modelo de intervenção preventivo; a utilização de intervenções baseadas na investigação;
conhecer a prevalência das dificuldades de aprendizagem específicas; a importância de reconhecer que
a ausência de apoio tem impacto significativo na vida escolar e comunitária dos alunos e, por último,
reconhecer a importância da advocacia pelos direitos dos alunos, sendo importante que os pais e os
profissionais trabalhem com os políticos para que os direitos dos alunos sejam considerados nas ações
governamentais.
Os participantes apresentam lacunas relativamente a conhecimentos relacionados com as
caraterísticas, a origem e diagnóstico e o ensino e apoio da dislexia. Um aspeto que se salientou durante
a análise dos resultados desta investigação e que se revela extremamente importante salientar é que
existem itens que se destacam pela percentagem significativa de respostas omissas por parte dos
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
61
participantes do estudo. Assim, um dos itens que obteve uma das percentagens mais significativas de
respostas omissas, com 8,3%, foi o item relativo à afirmação errada, que refere que a dislexia é mais
comum em rapazes do que em raparigas. Segundo Hallahan, Lloyd, Weiss e Martinez (2005, citados por
Martins, Patrão & Silva, 2009) sempre foi notória a desproporção de rapazes e raparigas identificados
com dislexia, referindo que certos estudos indicam que os rapazes apresentam esta problemática quatro
a seis vezes mais do que as raparigas. Todavia, dados do Special Education Elementary Longitudinal
Study revelam que a desproporção é de apenas dois para um (Martins et al., 2009). Shaywitz (2003,
citado por Martins et. al., 2009) alega se estes dados não resultarão do preconceito relativo aos
procedimentos de identificação escolares, visto que nas suas pesquisas não se encontram diferenças
significativas na prevalência das dificuldades de leitura em rapazes e raparigas. Ainda segundo Shaywitz
(2003, citado por Martins et. al., 2009), as raparigas não são tão prontamente identificadas como os
rapazes, visto estes terem um comportamento mais perturbador que as raparigas na sala de aula.
A dislexia ter origem neurobiológica foi outro item que registou uma percentagem significativa de
respostas omissas por parte dos inquiridos, com 13,5%. Shaywitz (2003, citado por Martins et al., 2009)
declara que alguns profissionais ainda hoje defendem que a dislexia não existe, atribuindo os problemas
de leitura exclusivamente a fatores sociológicos ou educacionais, negando a origem biológica. Esses
profissionais questionam a validade do conceito de dislexia, revelando não existir provas que apoiem a
existência duma base biológica, considerando mesmo que os alunos são diagnosticados com dislexia
apenas para obterem benefícios (Shaywitz, 2003, citado por Martins et al., 2009). Contudo, de acordo
com Martins et al. (2009), desde os anos 60 que a maioria das definições se refere aos fatores
neurológicos como potenciais causas das dificuldades de aprendizagem específica. No entanto, ainda
segundo Martins et al. (2009), foi sobretudo nos anos 90 que se começou a reunir evidência que sustenta
a base biológica das dificuldades de aprendizagem específica (Hallahan & Mercer, 2002, citados por
Martins, 2006).
Procedeu-se a uma análise para perceber se os conhecimentos dos participantes do estudo estão
relacionados com variáveis pessoais como o “género”, e com variáveis profissionais como o “tempo de
serviço”, o “contato com alunos com dislexia formalmente diagnosticada”, os “participantes em serviço
e em formação” e a “formação especializada na área da dislexia”.
No que respeita à variável pessoal “género” concluiu-se que teve influência nos resultados dos
conhecimentos dos participantes quando questionados sobre o direito a apoio especializado das crianças
com dislexia. Os participantes do género feminino tiveram melhores resultados do que os do género
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
62
masculino. Correia e Martins (1999) referem que, segundo a lei, qualquer aluno deverá ter à sua
disposição um conjunto variado de serviços ajustados às suas necessidades e facultados sempre no
ensino regular. Esses serviços passam, por exemplo, pela alteração de textos e do trabalho de casa e a
alteração da avaliação. Contudo, segundo Correia e Martins (1999), os alunos poderão ter o apoio de
serviços adicionais, por exemplo dos serviços de psicologia ou terapia da fala. Segundo Martins (2011)
é importante que o ensino seja baseado em métodos validados pela investigação.
Relativamente à variável profissional “tempo de serviço” constatou-se que teve influência nos
resultados dos conhecimentos dos participantes. Quando questionados sobre o direito a adaptações
curriculares das crianças com dislexia, os participantes com tempo de serviço entre zero e cinco anos
tiveram resultados que indicam ter menos conhecimentos do que os que estão no 1º ano de formação.
Os resultados dos participantes que estão no 2º ano de formação indicam ter mais conhecimentos do
que aqueles que têm entre 11 e 20 anos de tempo de serviço sobre o conhecimento da eficácia do uso
de lentes coloridas e/ou acetatos de cor em alunos com dislexia. Relativamente à prevalência da dislexia
baseada no género, os participantes que estão no 1º ano de formação tiveram resultados que mostram
ter menos conhecimentos do que os que estão no 2º ano de formação. Sobre os alunos com dislexia
terem resultados de QI inferiores aos dos alunos sem dislexia, os participantes que estão no 1º ano de
formação tiveram resultados que indicam ter menos conhecimentos do que os que estão no 2º ano de
formação. Os resultados dos participantes que têm entre zero e cinco anos de tempo de serviço indicam
ter menos conhecimentos sobre a eficácia de certos medicamentos no tratamento da dislexia do que os
participantes que estão no 2º ano. Quando questionados sobre se uma das principais razões para as
dificuldades causadas pela dislexia serem os problemas visuais, os participantes que estão no 1º ano de
formação tiveram resultados que indicam ter menos conhecimentos do que os que estão no 2º ano de
formação. Por último, quando questionados sobre o desenvolvimento de problemas sociais/emocionais
nos alunos com dislexia, os resultados salientam que os participantes que têm mais de 30 anos de
serviço apresentam resultados que indicam ter mais conhecimentos do que os que estão no 2ºano de
formação.
O estudo de Ferreira (2015) mostra que não são os docentes com mais tempo de serviço que
apresentam os melhores resultados, apesar de aquele ter influência nos seus conhecimentos
relativamente à dislexia. Adicionalmente, verifica que os professores com habilitações ao nível das pós-
graduações, aqueles que já realizaram formação contínua e os que têm experiência com alunos com
dislexia são os que mostraram os melhores conhecimentos sobre a problemática em estudo.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
63
Quanto à variável profissional “lidar com alunos com dislexia formalmente diagnosticada”
verificou-se que teve influência nos resultados dos conhecimentos dos participantes. Quando
questionados sobre a dislexia ter como causa um ambiente literário pobre em casa, os participantes que
já lidaram com alunos com dislexia tiveram melhores resultados do que os que nunca lidaram com esses
alunos. Relativamente à prevalência da dislexia baseada no género, os participantes que já lidaram com
alunos com dislexia formalmente diagnosticada tiveram piores resultados do que os que nunca lidaram.
Lima et al. (2015) verificaram, no seu estudo, que cerca de metade de professores já lidou com casos
de dislexia diagnosticada e por Marques (2014) que observou que mais de metade dos professores
afirmam ter alunos com dislexia na sala de aula.
Verificou-se que a variável profissional “participantes em serviço e em formação” teve influência
nos resultados dos conhecimentos dos participantes. No que diz respeito ao direito a adaptações
curriculares; à inversão de letras e palavras ser uma caraterística da dislexia; à eficácia do uso de lentes
e/ou acetatos de cor e os exercícios com movimentos oculares serem eficazes em corrigir dificuldades
causadas pela dislexia, os participantes em formação apresentam resultados que indicam ter mais
conhecimentos do que os participantes em serviço. No entanto, relativamente à questão sobre a
possibilidade dos alunos com dislexia poderem desenvolver problemas sociais/emocionais, os
participantes em formação revelaram piores resultados. Os resultados do estudo de Soriano-Ferrer et al.
(2016) mostram que os professores em serviço tiveram pontuações significativamente mais altas do que
os professores em formação, constatando-se que possuem mais conhecimentos corretos relativamente
à dislexia em comparação com o grupo de professores em formação. Salienta-se, contudo, que no estudo
de Washburn et al. (2011b), em média, os professores em formação não possuem os conhecimentos
considerados importantes para ensinar crianças com dificuldades na leitura.
No que respeita à variável profissional “formação especializada na área da dislexia” confirmou-
se que teve influência nos resultados dos conhecimentos dos participantes. Nesta variável, os
participantes com formação especializada na área da dislexia apresentaram resultados que indicam ter
mais conhecimentos do que os participantes que não têm formação na área da dislexia, nomeadamente
para os conhecimentos relacionados com o diagnóstico das crianças com dislexia, com a inversão de
letras e palavras e a tendência dos alunos terem resultados de QI inferiores serem caraterísticas da
dislexia, com a estratégia de apoio relacionada com os exercícios oculares serem eficazes na correção
de dificuldades causadas pela dislexia e uma das principais razões para as dificuldades causadas pela
dislexia serem os problemas visuais. Contudo, nos conhecimentos relacionados com a prevalência da
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
64
dislexia baseada no género e no fato de os alunos com dislexia poderem desenvolver problemas
sociais/emocionais, os participantes com formação na área da dislexia tiveram resultados piores
comparativamente aos outros. Os resultados deste estudo confirmam os resultados do estudo de Lima
et al. (2015) que refere uma percentagem reduzida de professores que mencionam ter formação na área
da dislexia. Cancela (2014) concluiu que os professores indicam que ter formação especializada em
dislexia revela-se importante, pois influencia significativamente os conhecimentos dos professores para
ensinar alunos com dislexia, principalmente na identificação e intervenção junto dos alunos com esta
problemática, considerando que a formação contínua ou especializada deve ser pensada a partir da
escola, centro de ação do professor.
Obtiveram-se valores de consistência interna considerados aceitáveis (0,696).
Considera-se a análise fatorial deste estudo apropriada pois o valor Kaiser-Meyer-Olkin obtido é
de 0,633, tratando-se de um valor aceitável e que confirma, dessa forma, a adequabilidade da análise
fatorial. Verifica-se, ainda, que o valor do teste de esfericidade de Bartlett demonstra que a análise fatorial
é adequada ao estudo uma vez que apresenta um valor de 518,945. No presente estudo, a análise
fatorial permitiu extrair três fatores que permitem explicar 40,24% da variância total do questionário. Os
resultados da análise fatorial não mostram coerência conceptual pelo que se sugere um estudo posterior.
4.2 – LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
Esta investigação, que constituiu apenas um contributo sobre os conhecimentos que os
professores têm sobre dislexia, levou a uma reflexão sobre a temática. Perante os resultados obtidos, foi
possível fundamentar os objetivos estabelecidos e que eram propostos atingir ao longo deste estudo,
através da revisão sistemática da literatura e do estudo empírico realizado.
Este estudo apresenta, no entanto, algumas limitações, nomeadamente ao nível da amostra que
foi não-probabilística e de conveniência. Outra limitação reside no número de sujeitos inquiridos e no fato
de ser uma amostra maioritariamente do sexo feminino. A delimitação da zona geográfica dos inquiridos,
centrada na zona Norte do país, uma vez que a amostra foi recolhida por conveniência, o que dificulta a
generalização dos resultados, foi outra limitação deste estudo.
Não obstante as limitações identificadas, e de outras que poderão ser apontadas, considera-se
que o estudo realizado permitiu caracterizar os conhecimentos dos professores sobre dislexia. Futuras
investigações poderiam utilizar amostras mais amplas e, considerando que em Portugal, e segundo
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
65
estudos realizados, aproximadamente 5% de crianças no 1º Ciclo apresenta dislexia, faria todo o sentido
realizar uma investigação que abrangesse outras regiões demográficas com o objetivo de analisar os
conhecimentos dos professores sobre dislexia. Sugere-se, também, a criação de programas de
intervenção precoce junto de crianças no pré-escolar para que esta problemática seja diagnosticada mais
cedo, pois sabemos que quanto mais cedo o diagnóstico for feito, mais cedo se poderá intervir no apoio
especializado dado à criança, o que poderá, com toda a certeza, fazer toda a diferença no percurso
escolar do aluno. A par destes deveriam ser implementados programas de formação neste domínio para
educadores e professores de todos os níveis de ensino e que contemplassem conhecimentos
conducentes à intervenção de estratégias e atividades no sentido de colmatar as dificuldades sentidas
pelos alunos com esta problemática. Dada a importância do tema considera-se que há ainda muito
caminho a percorrer no campo da investigação nesta área sendo, portanto, um campo fértil de trabalho
para futuros investigadores.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
As referências bibliográficas marcadas com um asterisco foram utilizadas na revisão sistemática
da literatura.
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68
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Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
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Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
Sandra Nobre (2018) Universidade do Minho, Centro de Investigação em Educação 70
ANEXO A – QUESTIONÁRIO DE RECOLHA DE DADOS
Exmo. (a). Senhor (a) Professor (a),
O meu nome é Sandra Nobre e sou aluna do Mestrado em Educação Especial - Especialização em
Necessidades Educativas Especiais no Domínio Cognitivo e Motor - que está a ser desenvolvido no
Instituto de Educação da Universidade do Minho.
No âmbito da minha investigação de dissertação, venho solicitar a sua colaboração respondendo ao
questionário que se encontra abaixo e que tem como único objetivo conhecer a sua perspetiva acerca
da dislexia. Os dados são estritamente anónimos e confidenciais. A sua colaboração, através deste
questionário é imprescindível para o sucesso deste trabalho. O seu bom resultado vai depender da
veracidade dos dados fornecidos e da resposta a todas as questões.
Agradeço, desde já, a sua colaboração e disponibilidade.
I Parte - Dados pessoais e profissionais
Para responder às perguntas, coloque um X na opção a que corresponde a sua resposta.
1. Sexo
Feminino Masculino
2. Idade
________
3. Tempo de serviço
0 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 20 anos 21 a 30 anos Mais de 30 anos
4. Habilitações académicas
Licenciatura
Bacharelato
Pós-graduação
Mestrado
Outra
Qual?
________________
5. Ao longo da sua carreira como professor do 1ºCiclo do ensino básico, já lidou com algum aluno(a)
com dislexia formalmente diagnosticada?
Sim Não
6. Tem pós-graduação na área das Necessidades Educativas Especiais?
Sim Não
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
Sandra Nobre (2018) Universidade do Minho, Centro de Investigação em Educação 71
7. Tem mestrado na área das Necessidades Educativas Especiais?
Sim
Não
8. Tem alguma formação na área da dislexia?
Sim
Não
II Parte – Conhecimentos sobre dislexia
Nas perguntas seguintes assinale com um X segundo o seu grau de concordância em relação às
afirmações apresentadas, considerando que 1 corresponde a "Discordo Totalmente", 2 a "Discordo", 3
a "Concordo" e 4 a "Concordo Totalmente".
9. Sei que existe legislação relacionada com a educação dos alunos com dislexia. Sim
Não
Dis
cord
o to
talm
ente
(D
T)
Dis
cord
o (D
)
Con
cord
o (C
)
Con
cord
o to
talm
ente
(C
T)
1 2 3 4
10. As crianças com dislexia devem ser diagnosticadas por um médico.
11. As crianças com dislexia devem ter direito a apoio dos serviços de Educação
Especial.
12. As crianças com dislexia devem ter direito a adaptações curriculares.
13. Os pais de crianças com dislexia devem partilhar experiências com outros pais na
mesma situação.
14. As crianças com dislexia devem ser diagnosticadas por uma equipa multidisciplinar.
15. As crianças com dislexia devem ter direito a apoio especializado.
16. Ver letras e palavras ao contrário é uma característica da dislexia.
17. A dislexia é causada por um ambiente literário pobre em casa.
18. As crianças com dislexia necessitam de instrução de leitura sistemática e explícita
na sala de aula.
19. O uso de lentes coloridas e/ou acetatos de cor é benéfico para os alunos com
dislexia.
20. Pais com dislexia têm maior probabilidade de ter filhos com dislexia do que pais sem
dislexia.
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
Sandra Nobre (2018) Universidade do Minho, Centro de Investigação em Educação 72
21. Exercícios com movimentos oculares são eficazes em corrigir dificuldades causadas
pela dislexia.
22. A dislexia tem origem neurobiológica.
23. Os alunos com dislexia têm dificuldades com a descodificação/reconhecimento de
palavras.
24. A dislexia ocorre com maior frequência em rapazes do que em raparigas.
25. A dislexia é uma dificuldade específica na leitura.
26. Os alunos com dislexia tendem a ter resultados de QI inferiores aos dos alunos sem
dislexia.
27. Certos medicamentos são eficazes no tratamento da dislexia.
28. Fazer rimas e jogos de palavras no pré-escolar é benéfico para a aprendizagem da
leitura.
29. Os alunos com dislexia têm dificuldades com a soletração.
30. Uma das principais razões para as dificuldades causadas pela dislexia são os
problemas visuais.
31. Os alunos com dislexia podem desenvolver problemas sociais/emocionais.
32. Nos alunos com dislexia as dificuldades na leitura resultam de défices na
componente fonológica da linguagem.
O questionário termina aqui. Muito obrigada pela colaboração!
Professores em serviço e em formação na região norte de Portugal: Perspetivas sobre a dislexia
73
ANEXO B – AUTORIZAÇÃO DO DIRETOR DO AGRUPAMENTO
xxxxxxxxxxxxxx, 03 de janeiro de 2018
Exmo. Diretor do Agrupamento de Escolas de xxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Assunto: Pedido de colaboração no Projeto de Investigação denominado “Dislexia – Um estudo sobre os
conhecimentos de professores do 1º Ciclo do Ensino Básico do Norte de Portugal”
No âmbito do mestrado em Educação Especial, especialização em Necessidades Educativas Especiais no
Domínio Cognitivo Motor, ministrado no Instituto de Estudos de Educação da Universidade do Minho, estou a
desenvolver um estudo com a finalidade de caracterizar os conhecimentos que professores do 1º Ciclo do Ensino
do Norte de Portugal têm sobre dislexia. Por este motivo, venho solicitar a V. Ex.ª autorização para a efetuação
de um questionário aos professores do 1º Ciclo no vosso agrupamento de escolas. Caso este pedido receba o
parecer favorável de V. Ex.ª, será solicitada a participação dos professores de turma de todos os vossos
estabelecimentos escolares. Pretende-se efetuar um inquérito por questionário denominado Knowledge and
Beliefs about Developmental Dyslexia Scale (KBDDS) aos professores, em data e hora por vos convier. Os dados
recolhidos são anónimos e confidenciais e destinam-se apenas à realização deste trabalho de investigação.
Muito obrigada pela cooperação e atenção dispensadas. Caso seja necessário poderá contactar-me através
do e-mail [email protected] ou pelo telefone xxxxxxxxxxxxxxx.
Atenciosamente.
Sandra Sameiro Silva Nobre