Santander Brasil - Dica de Hoje · trimestre teve como principal alavanca: financiamento para...
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Resultados Santander – SANB11 – 4T2019 – 06/02/2020 Página 1
Santander Brasil
O Grupo Santander tem sede na Espanha e foi fundado em 1857. O Banco
Santander Brasil hoje é o único banco internacional com escala no Brasile o
terceiro maior banco privado. Está presente em nosso mercado desde 1957,
sendo a primeira agência em 1982, e a consolidação como “um dos grandes”
veio com a aquisição do Banespa em 2000 e em 2008 com o Banco Real.
O Santander Brasil é o maior mercado para o grupo, responsável por 28% dos
resultados globais. Acompanhe a imagem retirada do release da companhia:
Estrutura Acionária
O grupo Sterrebeeck B.V. detém 47,39% das ações ordinárias e 47,11 das
preferenciais, seguido do Grupo Empresarial Santander, S.L., com 29,01% das
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ordinárias e 27,71% das preferenciais. O Banco Santander S/A (Espanha) detém
13,67% das ON e 14,11% das PN. Free float são 9,42% ordinárias e 10,53
preferenciais; o restante está com Administradores – 0,12% ON e 0,13% PN – e
na Tesouraria – 0,40% ON e 0,41 PN.
Lucros nos últimos anos
2013 – R$ 1,625 bilhões
2014 – R$ 2,152 bilhões
2015 – R$ 6,982 bilhões
2016 - R$ 5.521 bilhões
2017 – R$ 7,995 bilhões
2018 – R$ 12,166 bilhões
2019 – R$ 14,181 bilhões
O lucro líquido do Grupo Santander em 2019 foi de 6,515 bilhões (Euros),
queda de 17% em relação ao ano anterior (2018), devido principalmente à
depreciação relacionada às dúvidas sobre o Brexit (saída do Reino Unido da
União Europeia).
Veja a evolução da cotação do ativo nos últimos anos:
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Importante lembrar, antes de falarmos sobre os resultados do quarto trimestre
de 2019, que o crescimento da carteira de crédito (R$ 331,6 bilhões) no terceiro
trimestre teve como principal alavanca: financiamento para consumo e de
pessoa física, em percentuais 5,5% e 6,9% respectivamente, acima do
crescimento da carteira total.
Isso fez com que a participação de mercado (no crédito) do banco aumentasse
para 9,9% , com a carteira total crescendo mais de 4% em relação ao 2T 2019.
Mas antes de falarmos sobre os pricipais indicadores, vamos relembrar como
os bancos geram valor:
1. Grande parte é proveniente do spread bancário, que é diferença entre
ojuro cobrado (pelo banco) quando empresta o dinheiro e orendimento
que ele (banco) remunera pelos investimentos.
Exemplo: cheque especial x poupança – existe diferença nas taxas de
rendimento da poupança e nos juros cobrados por um empréstimo. Aqui é
sempre importante ressaltar que o spread bancário do Brasil é um dos maiores
do mundo (2º mais alto).
2. A outra parte é proveniente das tarifas de manutenção de contas,
serviços de ted/doc e outros serviços,como cobrança por extratos, talão
de cheque, emissão de cartões de crédito, etc.
3. Processamento dos pagamentos.
4. Venda dos serviços financeiros.
5. Operações de tesouraria (operações cambiais/capital de giro, etc).
O mercado está atento a essas novas instituições que chegaram e zeraram as
taxas de alguns serviços. Além disso, a taxa básica de juros (SELIC)está no
menor nível histórico, e um dos objetivos é a redução do spread bancário, sendo
que,para isso, uma das medidas seria o aumentoda concorrência, ou seja,
muitos investidores questionam a manutenção da rentabilidade dessas
intituições.
Outra variável importante na análise é que o custo do crédito recuou nos
últimos anos, e isso está relacionado ao fator macroeconômico, àconcorrência e
ao fator segurança (das garantias nos empréstimos), e sabemos que essa
sempre foi uma das justificativas das intituições para um spread tão alto.
Segundo o Banco Central, esse custo(que teve ápice recente em 2017) recuou
por medidas além do consignado, também pela alienação fiduciária para o
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financiamento de automóveis e imóveis, patrimônio de afetação para o
financiamento à construção civil e a lei de falência,que diminuiu as incertezas
na execução das garantias.
Lembrando que o ICC é o Indicador do Custo do Crédito medido pelo Banco
Central e que estima o custo médio, sob a óptica do tomador desse valor.
Acompanhe:
Fonte: Apresentação do Banco central / 2019
Outro fator apontado pelos bancos como um “problema” na redução dessa
diferença são os impostos indiretos no custo do crédito –PIS/COFINS e o IOF.
Então, para resumir: não é somente a queda da Selic que vai fazer com que o
spread recue, afinal, do que o banco recebe pelo emprestimo é descontado, além
da remuneração do dinheiro emprestado, os impostos, custo com
inadimplência, os compulsórios e as despesas adminsitrativas do processo.
OBS.: aqui há quem defenda uma mudança estrutural nos depósitos
compulsórios,pois acreditam que os mesmos são exagerados e que isso faz com
que o ICC seja mais alto que o necessário, e há os que alegam que isso diz
respeito à segurança do sistema. Aqui o intuito é apenas informar.
E por fim, importante destacar que esse crescimento nos últimos períodos do
crédito pessoa física precisa vir acompanhado da informação de que, hoje, cerca
de 45 milhões de pessoas são desbancarizadas (falei sobre a estratégia da Via
Varejo nesse sentido, o material está disponível aqui nas análises), ou seja, elas
não têm acesso ao crédito, e isso não significa que são necessariamente clientes
em potencial, pelo menos não a totalidade/maioria, mas é possivel que a
facilidade no acesso diminua esse número.
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SELIC e Inflação
Na divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2019, o Banco Santander
cita: ”a projeção do Santander para a inflação em 2020 – 3,4% – indica resultado bem
abaixo do objetivo estabelecido para este mesmo ano – 4,00% – o Banco projeta que a
taxa Selic possa atingir o nível mínimo histórico de 4,00% a.a. no primeiro trimestre de
2020 e permanecer neste patamar ao longo do ano”,ou seja, a empresa acredita que a
redução da taxa básica de juros vai continuar, evidenciando assim mudanças
estruturais,que por sua vez beneficiam o cresimento da economia sem grandes
riscos de inflação acima do projetado.
A projeção do banco para o PIB de 2020 é de expansão em 2,3%.
Resultados do 4T2019 e do ano de 2019 (12 meses)
Intermediação Financeira 4T019: R$ 15,188 bilhões.
Intermediação Financeira 2019: R$ 82,740 bilhões,aumento de 4,3% em
relação a 2018.
Resultado Bruto da Intermediação Financeira 4T2019: R$ 7,548 bilhões.
Resultado Bruto da Intermediação Financeira 2019: R$ 30,980 bilhões,
aumento de 15% na comparação com 2018.
A margem financeira bruta cresceu 6,4% na compração 2019 x 2018.
As comissões cresceram 8,1%.
A receita total: 6,8%.
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Fonte: apresentação resultados 4T2019 – Santander – disponível em:
https://cms.santander.com.br/sites/WRI/documentos/url-app-result-4t19-v2/20-01-
29_095319_apresentacao%20de%20resultados%204t19.pdf
Outras Receitas (Despesas) Operacionais 4T2019: R$ 5,055 bilhões.
Outras Receitas (Despesas) Operacionais2019: R$ 14,218 bilhões,
aumento de 16,2% na comparação com 2018.
No item “Outras receitas operacionais” destaque para ganho com: Títulos,
Custódia e Corretagem, que subiu 35,4%, seguido dos serviços de Conta
Corrente, que cresceram 14,8% devido ao aumento do número de clientes ativos
e maior vinculação, e também aumento de receita em comissões de seguros,
que cresceu 11,5%, e aqui a relação com a carteira de crédito é direta. No total
das receitas houve crescimento de 8,1% na comparação 2019 x 2018 e recuo de
1,8% na comparação 4T2019 com 3T2019. Acompanhe os valores, na imagem
abaixo, retirada do ITR da companhia:
Despesas Gerais aumentaram 4,4% (2019x2018)
Resultado Operacional 4T2019: R$ 2,493 bilhões
Resultado Operacional 2019: R$ 16,761 bilhões, crescimento de 14% em
relação a 2018
Lucro líquido 4T2019: R$ 3,748 bilhões versus R$ 3,607 3T2019 e R$ 3,405
bilhões no 4T2018
Lucro líquido 2019: R$ 14,181 bilhões versus R$ 12,166 bilhões em 2018
ROE : 21,3%
Eficiência:39,8%
Indíce de Basileia: 15%
Carteira de Crédito
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Aumento de 15,3% (2019 x 2018) no valor de R$ 352,028 bilhões ao final
de 2019. Acompanhe a evolução por segmento na imagem retirada do
ITR da companhia:
O crescimento continua forte na Pessoa Física (+17,2%) e, segundo o banco,
devido ao aumento nas linhas de crédito consignado, cartão de crédito e crédito
imobiliário, mas cresceu também nas pequenas e médias empresas, +15,4%. A
PLD também aumentou +13,9% e representa em 2019 6,1% da carteira de
crédito, contra 6,2% em 2018, resultando em uma carteira de crédito líquida
11,7% maior que em dezembro de 2018.
Dos R$ 352,028 bilhões acima, 99,6% são destinados ao setor privado, e apenas
R$ 1,119 bi a governos estaduais (capital de giro) e municipais.
Cerca de 15,5% estão na indústria – 12,8% em serviços que incluem créditos
imobiliários – 11,1% no comércio, estando a maior parte no segmento pessoas
físicas, sendo que, neste, o maior valor é destinado a Financiamento e Leasing
de Veículos – 25%, seguido de crédito consignado com 20,5%; em terceiro lugar
crédito pessoal, cheque especial e outros, com 19,5%; após, temos crédito
imobiliário com 18% e cartão de crédito com 16,9%.
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Fonte: apresentação da empresa Banco Santander 4T2019, disponível em:
https://cms.santander.com.br/sites/WRI/documentos/url-app-result-4t19-v2/20-01-
29_095319_apresentacao%20de%20resultados%204t19.pdf
A participação de mercado do Banco Santander em carteira de crédito
consignado alcançou 11,0% no ano; no imobiliário PF 11,11% e nos
cartões 12,8%. Participação de mercado de 25,8% nos financiamentos
veículos PF.
As captações de clientes cresceram 6,4%, em R$ 353.654 milhões.
Segundo o banco destaca na apresentação dos resultados, houve
operações pontuais no ano que aumentaram em 54,6% os depósitos à
vista. A captação total cresceu 7,7% e a total mais fundos avançou 13,9%.
O número de clientes ativos totais fechou o ano em 26.3 milhões, aumento de
9% em relação a 2018. Vinculados são 5.7 milhões (+10%) e digitais 13,5 milhões
(+18%).
E como no início da nossa conversa falamos sobre como os bancos ganham
dinheiro, vejam a imagem abaixo retirada da apresentação dos resultados do
4T2019 da empresa:
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Fonte: https://cms.santander.com.br/sites/WRI/documentos/url-app-result-4t19-v2/20-01-
29_095319_apresentacao%20de%20resultados%204t19.pdf
Por fim, existem os que investem pois acreditam que esses grandes bancos de
varejo não precisam se preocupar com a concorrência, abertura de mercado,
questões regulatórias etc, e que permanecerão com o lucro/rentabilidade
crescente por um longo período, e existem aqueles que enxergam risco na
manutenção dos elevados resultados.
O fato é que mercados mudam o tempo todo, porém seria inocente ignorar o
lobby de determinados setores, e isso não somente aqui no Brasil, e que isso
interfere no avanço de determinadas questões. Por isso o investidor deve
conhecer o sistema, entender onde está o risco e principalmente se ele possui
uma projeção de impacto muito grande nos números.
Ao analisar o resultado do Santander fica bem óbvio o tesouro de mercado que
somos para o grupo, e fica também muito claro que o banco vem focando em
segementos específicos (crédito), e essa crescente na curva não é infinita, ao
menos para manter a rentabilidade, a não ser que os níveis de concessões
continuem subindo substancialmente nos exercícios subsequentes.
E fica também evidenciado que as receitas foram ajudadas pelo mercado de
renda variável e pelos serviços de CC, que como citado, estão linkados à
concessão do crédito.
Economias que crescem organicamente tendem a favorecer também esses
setores-meio (bancos), na verdade eles ganham em qualquer cenário, mas a
tendência é que com menor risco país/taxa juros/inflação, o sistema se ajuste e
lucretambém com essa evolução.
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Fique agora com a sempre aguardada precificação do nosso Analista CHEFE.
Até a próxima semana.
Patrícia Rossari
Especialista em Gestão de Negócios – Estratégia Logística
Quando eu analiso o setor bancário, eu tenho um certo ceticismo com relação a
uma disrupção tão rápida que possa trazer uma rentbailidade bem menor para
os grandes players (Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Caixa Econômica e
Santander).
Eu já vi os grandes bancos serem testados nesses últimos 20 anos pelo menos
por 4 vezes, e em todas elas eles saíram mais fortes.
No início do século, o grande risco que iria “acabar” com os bancos brasileiros
foi a entrada dos bancos estrangeiros no nosso mercado. A estabilidade da
nossa moeda, após alguns anos do Plano Real e a bem-sucedida migração para
o câmbio variável trouxeram oportunidades para os bancos de fora.
Era normal vermos agências do BBVA, do Citybank, do HSBC, do BankBoston,
do Santander, dentre outras, nas principais cidades e capitais brasileiras.
O final, todos sabemos: Itaú, Unibanco, Bradesco, Banco Real e Safra saíram
“vitoriosos” e acabaram comprando todos os bancos estrangeiros de varejo
mais relevantes, com exceção do próprio Santander, que conseguiu relevância
ao comprar o Banespa por R$ 7 bilhões em leilão fechado, enquanto os
concorrentes ofereceram 3x menos.
A suposta “pior compra da história do Santander” é o que provavelmente está
fazendo com que nós analisemos ele hoje.
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Fonte – Folha de São Paulo – 21/01/2000.
Depois de 2003 a 2007, durante o boom das commodities, o Brasil cresceu
muito, a inflação ficou controlada, pagamos os empréstimos com o FMI, e as
reservas brasileiras saltaram de US$ 20 bilhões para US$ 300 bilhões (números
aproximados). Obviamente que o Risco Brasil caiu muito e, com isso, a taxa de
juros brasileira também.
Esse definitivamente era o “fim dos Bancos”. Os bancos, até então, ganhavam
muito dinheiro cobrando taxas altas no crédito tanto para empresas quanto
para pessoas, porque a captação também era cara. Com a queda dos juros, era
claro que os bancos teriam uma redução da rentabilidade.
A redução da rentabilidade ocorreu, o ROE dos grandes bancos caiu de 35% no
início dos anos 2000, para algo entre 27% e 29% antes da crise do subprime
americano estourar em 2008. Mas os lucros continuaram subindo, porque a base
de crédito foi tão maior que compensou essa “perda de rentabilidade”.
De 2008 a 2011, o mundo estava em situação de alerta e ainda existiam muitas
dúvidas, até mesmo do próprio capitalismo. Após a quebra de bancos Triple A,
como o Lehmann Brothers, o setor ficou meio esquecido, mas continuou
lucrando muito. Dessa forma, a solução encontrada pelo Brasil para compensar
a perda de arrecadação e manter os programas sociais foi aumentar o imposto
dos “malvados banqueiros”. Veja na imagem abaixo que, até hoje, os bancos
pagam uma alíquota de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido majorada.
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Fonte – DFP Santander 4T2019
Como podemos ver, a base de cálculo de imposto é maior, mas os bancos
conseguiram uma forma de reduzir a alíquota efetiva paga, distribuindo mais
juros sobre capital próprio e aproveitando que o real se desvaloriza ao longo do
tempo, investindo no exterior, usando a variação cambial principalmente.
Agora o governo quer acabar com os juros sobre capital próprio prometendo
reduzir a alíquota de Imposto de Renda para empresas. Os bancos, na minha
visão, vão conseguir reduzir ao máximo o pagamento desse imposto, assim
como fizeram no passado.
Melhor que mudar várias leis é criar um ambiente propício para que as
empresas cresçam.
E finalmente o último período, que é o atual, em que o Retorno Sobre
Patrimônio Líquido dos grandes bancos caiu para algo em torno de 18% e 22%.
As taxas de juros caíram de novo, e agora para o menor nível da história do
Brasil.
Mas como vocês podem ver abaixo, os bancos conseguiram manter a
lucratividade trabalhando bem em dois fatores principais: aumento das Tarifas
de Serviço e de Conta Corrente e Redução de Despesas, melhora do índice de
eficiência. Aqui o principal fator foi o fechamento de agências e a demissão de
muitos colaboradores.
Veja, abaixo, o crescimento exponencial das outras receitas do Banco, aquelas
que não são referentes a juros de empréstimos. Veja como elas saltaram em 10
anos de R$ 7,4 bilhões para R$ 18,7 bilhões na base anual. Um aumento de
152,7% em 10 anos ou, na média, 9,71% ao ano. Um valor muito superior à
inflação do período, apesar da recessão que passamos.
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Fonte – Planilha Interativa Santander
Elaborado por Dica de Hoje Research
No gráfico abaixo, veremos que o total de despesas também teve um
crescimento, mas muito menor que o das receitas. Saiu de R$ 11,8 bilhões para
R$ 18,8 bilhões. Um crescimento de 59,3%, ou 4,77% ao ano, em linha com a
inflação do período.
Outra forma interessante de analisar o gráfico abaixo é ver que em 2009 as
Despesas eram 60% maiores que as Receitas de Serviços + Tarifas, e hoje elas
são praticamente iguais. Isto significa uma eficiência maior.
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Fonte – Planilha Interativa Santander
Elaborado por Dica de Hoje Research
A principal fonte de receitas dos bancos, e com o Santander não é diferente,
ainda é a receita proveniente de empréstimos, a diferença entre a taxa do
empréstimo e o custo de captação do dinheiro.
No gráfico abaixo, veremos que a receita de intermediação financeira do
Santander tem se mantido constante desde 2016, quando os juros começaram a
cair. No entanto, o Resultado Bruto dessa intermediação, que exclui o custo de
captação e as provisões para devedores duvidosos, teve uma forte alta, mesmo
nesse cenário de queda de juros.
Fonte – Planilha Interativa Santander
Elaborado por Dica de Hoje Research
Passamos por 4 períodos em que os bancos ganharam dinheiro, apesar de todo
o mercado falar o contrário. E eu prefiro ser cético e acreditar que os bancos
passarão pelos desafios atuais a imaginar que todos os 4 se transformarão em
empresas como a Cielo no futuro.
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Os desafios para o futuro são diferentes. Tratam-se dos bancos digitais que
estão oferecendo serviços gratuitos que os grandes bancos se acostumaram a
cobrar caro por isso.
O mercado acredita que a rentabilidade dos bancos cairá dos atuais 18% a 22%
para algo próximo a 13% a 15%.
Importante pensar essa situação por outro prisma. No início do Plano Real
tínhamos bancos com Rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido de 35% e
Retorno sobre os Ativos de 3%. Essa rentabilidade era esperada por um país
que tinha saído de décadas de inflação alta, que ainda tinha uma dívida grande,
inflação que em certos anos saía dos trilhos e que ainda não tinha solidificado as
bases do Plano Real.
Hoje, esses mesmos bancos têm lucros infinitamente maiores que aqueles do
início do século, mas operam com uma Rentabilidade sobre Patrimônio Líquido
de 18% a 22% e Retorno sobre Ativo de 1,8%. Na minha visão, temos que olhar
esses indicadores com relação à SELIC.
O que é melhor?
ROE de 35% com SELIC de 16% a 26%, como era de 2000 a 2002?
ROE de 28% com SELIC de 8,75% a 12%, como ficou por volta de 2008?
Ou ROE de 20% com SELIC de 4,5% a 7,5%, como a atual?
Ou mesmo que seja ROE futuro de 2030 de 13% com SELIC entre 3% e 5%?
O que eu quis mostrar nessa análise é que a rentabilidade dos grandes bancos
pode e deve cair. Mas isso se dará também pela queda de juros. A queda de
juros aumentará a demanda por crédito. Todo o nosso racional de investimento
em grandes bancos está baseado naquela frase:
“Àsvezes é melhor ganhar pouco de um bolo
grande que muito de um bolo pequeno”
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Antes do valuation final, cabe ressaltar que nem o Santander nem os outros
grandes bancos estão parados nessa revolução digital. Eles estão adquirindo
muitas startups de tecnologia que possam complementar o serviço deles.
O Santander também está de olho em outros segmentos de crédito,tendo
fechado agora em janeiro de 2020, por meio de uma de suas controladas, a
compra dos 40% restantes das ações do Banco Olé por R$ 1,6 bilhão. O Banco
Olé é especializado em crédito consignado.
Partindo das premissas acima, eu vou ser bem conservador e vou considerar
que o Santander não terá aumento dos lucros nos próximos 4 anos. Ele vai
aumentar sua carteira de crédito, vai ganhar mais receita financeira, vai fechar
agências e economizar com despesas, mas mesmo assim, a perda de outras
receitas fará com que o lucro não cresça por 4 anos.
Estes 4 anos de lucro parado com o crescimento do Patrimônio Líquido, visto
que o Banco não paga 100% do lucro em dividendos, fará com que a sua
rentabilidade ROE caia para patamares próximos aos que a gente imagina.
Então, a partir de 2024 ele vai voltar a crescer seu lucro apenas de acordo com a
economia, sem nenhum ganho com sinergias e reduções de despesas. PIB de
2,2% ao ano + IPCA de 3,75% ao ano, crescimento nominal na perpetuidade de
6% ao ano.
De acordo com essas premissas, o valor atual está dando um retorno nominal
de 12,5% ao ano, o que na minha visão é atraente para um banco consolidado e
que já mostrou que não é cíclico como o Santander. Um Prêmio de mais de 6%
sobre o título pré-fixado de 2025, no cenário pessimista.
Resultados Santander – SANB11 – 4T2019 – 06/02/2020 Página 17
Elaborado por Dica de Hoje
Na minha visão, um banco como o Santander eu aceitaria comprar até mesmo
com um prêmio de 5,0% sobre o pré-fixado.
Nesta simulação, o Preço Justo do Santander seria de R$ 53,10 para
as Units – SANB11, ou R$ 26,55 para as ações PN – SANB4.
A Recomendação é de Compra, mas o upside é menor que o dos outros bancos
que recomendamos na Carteira Dica Beginner. Por isso, ele não entra na
carteira.
Abraços e Bons investimentos
Daniel Nigri – analista CNPI 1810.
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Elaborado pelo analista independente Daniel Isaac Nigri, CNPI 1810, este relatório é de uso
exclusivo de seu destinatário.
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em fundamentos e projeções de futuro, que podem ou não ocorrer.
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debate entre o analista responsável e os destinatários. Os destinatários devem, portanto,
desenvolver as próprias análises e estratégias (ou seja, “caminhar com as próprias pernas” e
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O analista responsável pela elaboração deste relatório declara, nos termos da Instrução CVM
nº 598/18, que as recomendações do relatório de análise refletem única e exclusivamente a
sua opinião e foram elaboradas de forma independente.
O analista Daniel Isaac Nigri CNPI é o responsável principal pelo conteúdo do relatório e pelo
cumprimento da Instrução ICVM 598.
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