Santos 100 anos

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100 anos de glórias, craques e paixão 14 Abril 2012 encarte ESPECIAL

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Encarte Especial 100 Anos Diagramação: www.cassiobueno.com.br

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100anos de glórias, craques e paixão

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2012

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100No dia 14 de abril de 1912 nascia um gigante, enquanto outra afundava. Imponente desde a construção, o na-vio Titanic não suportou uma colisão com um iceberg ao norte do Oceano Atlântico. No mesmo dia, mas ao Sul do Atlântico, a cidade de Santos assistiu o nasci-mento de um dos maiores clubes do planeta.

Diferente do Titanic, o Santos foi concebido de ma-neira discreta, porém organizada. E com um futuro pra lá de promissor.

Francisco Raymundo Marques, Mário Ferraz de Campos e Argemiro de Souza Júnior foram os pro-pulsores do Santos Foot-Ball Club. O time tomou for-

ma com a chegada de 36 jovens que compareceram à sede do Clube Concórdia, na Rua do Rosário, hoje João Pessoa, número 18, após lerem uma nota no jor-nal três dias antes.

Nome e as cores que seriam adotadas foram as pautas da primeira reunião. Azul, branco e dourado fo-ram as escolhidas e Concórdia, Brasil Atlético e África Foot-Ball Club foram as sugestões para o nome. No en-tanto, ao perceberem o quão difícil seria confeccionar roupas nestas cores, logo o branco e preto fora adota-do. E quanto ao nome, Edmundo Jorge de Araújo foi o responsável pelo simples, forte e promissor ‘Santos’.

Fundado e definido, o Santos ingressou sua cami-nhada vitoriosa nos campos da cidades e, posterior-mente, do mundo.

A primeira peleja aconteceu dia 15 de setembro de 1912, contra o Athletic Club, que hoje se tornou o Clube dos Ingleses. Em partida realizada no campo da avenida Ana Costa, o Santos venceu logo de cara por 3 a 2, e Arnaldo Silveira entrou para a história ao marcar o primeiro gol do Peixe.

Em 1913, após receber convite para disputar o Campeonato Paulista, o Santos encarou o que seria seu primeiro grande desafio. O início foi trágico. 8 a 1 para o Germânia. Mas, talvez, o destino reservara algo especial para os santistas. Na segunda rodada, a primeira vitória santista em jogos oficiais veio em

cima do Corinthians, hoje seu grande rival. 6 a 3 in-contestável.

Neste mesmo ano, o Santos comemorou seu pri-meiro título. Com seis vitórias em seis jogos, o Pei-xe levou o Campeonato Santista de Futebol. Mas sua sala de troféus começaria a ficar farta a partir de 1935, com a conquista do Campeonato Paulista, após longo período de ausência por falta de recursos para subir a Serra.

Antes disso, o Santos teve o grande orgulho de ceder dois jogadores para a seleção brasileira apenas dois anos após sua fundação.

Adolfo Millon Júnior e Arnaldo Silveira vestiram a camisa do Brasil e foram campeões da Copa Rocca, antiga disputa contra os Argentinos, em 1914.

14 de abril de 1912

Corinthians,

Enquanto o navio Titanic afundara do

outro lado do Atlântico,

o alvinegro praiano dava o pontapé inicial de sua história

com as cores azul, branco e

dourado

Em 1914, o Santos já

tinha dois jogadores campeões

com a camisa da seleção

brasileira

As primeiras sugestões

para batizar o clube foram Concórdia,

Brasil Atlético e África Foot-Ball

Club

o primeiro a sofrer com o Santos

Os maiores ídolos alvinegros:

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ExpEdiEntE

Este encarte é parte integrante do Jornal Diário do Litoral

Alex • 2002 a 2004Araken Patusca • 1923 a 1929 e de 1935 a 1937Calvet • 1960 a 1964Carlos Alberto • 1965 a 1975Cláudio • 1965 a 1968 e de 1972 a 1973Clodoaldo • 1966 a 1980Coutinho • 1958 a 1967 e 1969 a 1970Dalmo • 1957 a 1964Del Vecchio • 1953 a 1957 e 1965

Diego • 2002 a 2004Dorval • 1956/1957-1964/1965-1967Edinho • 1991 e 1994 a 1998Edu • 1966 a 1976Elano • 2001 a 2005Gilmar • 1962 a 1969Giovanni • 1994 a 1996, 2005 a 2006 e 2010Jair da Rosa Pinto • 1956 a 1960João Paulo • 1977 a 1983 e 1992

Lala • 1959 a 1961Léo • 2000 a 2005 e 2009 até dias atuaisLima • 1961 a 1971Manga • 1951 a 1960Manoel Maria • 1968 a 1973 e 1976Marinho Peres • 1972 a 1974Mauro • 1960 a 1967Mengálvio • 1960 a 1969Oberdan • 1965 a 1969, 1971 a 1972 e 1974 a 1975

Pagão • 1955 a 1963Pelé • 1956 a 1974Pepe • 1954 a 1969Pita • 1976 a 1984Renato • 2000 a 2004Robinho •2002 a 2005 e 2010Rodolfo Rodríguez • 1984 a 1987Serginho Chulapa • 1983 a 1984, 1986 e 1988 a 1990Zito • 1952 a 1967

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Anos 60. O auge de uma geração, de um clube, de um mito. A década mais marcante da história do Peixe dificilmente será repeti-da por qualquer clube no planeta. O domínio santista era absurdo, desigual, praticamente um reinado. E como todo reinado necessita de um rei, o Santos já tinha o seu: Pelé.

Até 64, o alvinegro da Vila Belmiro con-quistou 11 títulos de 12 possíveis. Entre 61 e 63 protagonizou uma séria espetacular ao se tornar bicampeão paulista, bicampeão da Taça Brasil (equivalente ao Campeonato Brasileiro), bicampeão da Copa Libertado-res, bicampeão Mundial e campeão do Tor-neio Rio-São Paulo. Foram 24 títulos numa década de ouro do Santos.

Nesse período, Pelé vivera o ápice de uma carreira jamais vista num jogador de futebol. Sempre fantástico, surpreendente e incomum, Pelé também deu a “sorte” de ter ao seu lado um esquadrão de craques que não se via em nenhum time do Brasil e da Europa.

Zito, Pepe, Jair da Rosa Pinto, Lima e Mengálvio faziam parte daquela verdadeira seleção e eram o suporte para Pelé mostrar todo seu repertório. Pelé é Pelé, mas, talvez, Pelé não seria Pelé em outro clube.

Acusado de ser um distribuidor de coletes de um time que parecia jogar por música, Lula marcou seu nome na história como o técnico mais vencedor do país até dos dias atuais.

O condutor desse time inesquecível era Luís Alonso Peres, mais conhecido como Lula. Em 14 anos no Santos, conquistou 31 títulos, entre eles oito paulistas, 5 Taças Bra-sil, além dos bicampeonatos da Libertadores e do Mundial.

pelé e mais 10Com uma fidelidade rara no futebol dos

dias de hoje, Pelé vestiu a camisa santista de

Mesmo sem a tecnologia e as mídias que desfrutamos hoje em dia, o Santos era mui-to conhecido no mundo todo já na década de 60. Seus títulos, seus jogadores e princi-palmente Pelé recebiam inúmeros convites para atuar em todas as partes do Planeta. “O Santos só não levou o Brasil à Lua”, disse Pelé recentemente.

Todos queria assistir de perto Pelé e cia. Inclusive os africanos, que viviam uma inten-

sa Guerra civil.Em 1969, o Santos recebeu um convite

para jogar na África. A diretoria gostou da ideia, mas mudou de ideia assim que soube dos conflitos. O cancelamento da viagem co-moveu até os no antigo Congo Belga. Mes-mo em guerra, eles não queriam perder a oportunidade de saudar Pelé e o Santos.

Diante disso, as partes em conflito entra-ram num acordo e fizeram uma pausa para

receber o Santos. Assim sendo, o Peixe che-gou à África e realizou duas partidas amisto-sas, para delírio de uma nação que seguia o time pelas ruas até o estádio.

A paz reinou por 48 horas. Foram dias marcantes para quem vivenciou aquilo e uma sensação única, porém passageira, que o Santos passou àquelas pessoas.

Logo após o retorno do time santista a guerra recomeçou.

Numa década em que Pelé se tornou Rei e o Santos conquistou absolutamente tudo, até a Guerra parou para os mestres da bola

O Santos conquistou 11 títulos em 12 possível entre 61 e 63. Foram 24 títulos numa década

“O Santos só não levou o Brasil à Lua”, disse Pelé

Gloriosos anos 60

1956 a 1974. Marcou 1.091 gols e conquis-tou todos os títulos possíveis e imagináveis.

Apesar de sua enorme capacidade técni-ca e a certeza que poderia levar a bola até o gol, sozinho, na hora que quisesse, a maioria dos gols do Rei do Futebol tiveram participa-ções efetivas de seus companheiros. Mesmo assim, Pelé anotou gols inesquecíveis em jogadas individuais, como o famoso “Gol de Placa’ contra o Fluminense, no Maracanã, e o misterioso gol na Rua Javari, campo do Ju-ventus. A quem diga que foi o gol mais bonito de todos os tempos. Mas, como não há regis-tros do feito, este fica guardado na memória dos que estavam presentes no estádio. Mais uma que só poderia acontecer com Pelé.

O maior atleta do século ainda encontra-va seus companheiros de Santos na seleção brasileira, já que a base era formada pelo clube da Baixada Santista e do Botafogo. Em

1957, Pelé já atuava com a amarelinha.

Desafio europeuAssim como o Santos era soberano nas

Américas, o Benfica dominava a Europa. O time comandado por Eusébio fora bicampeão da Copa dos Campeões em cinco finais na década de 60. No entanto, foram sete duelos com a turma de Pelé e o máximo que o Ben-fica conseguiu foi um empate.

Mas foi em 1963, contra outro grande clube do velho continente que o Santos mostrou do que era capaz. Num dos jogos mais marcantes da história, o Peixe, desfalcado de Pelé, Zito e Calvet perdia de 2 a 0 para o Milan diante de qua-se 133 mil torcedores no Maracanã. Mas uma tempestade começou a cair e com ela o encanto do Milan. Com dois gols de Pepe, um de Lima e outro de Mengálvio o Peixe virou o jogo e levou o Bi-mundial de uma maneira jamais vista.

O único time do planeta a paralisar uma Guerra

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Ao lado, a máquina alvinegra dos anos completa. Abaixo, o time campeão do mundo em 63 sem Pelé, Calvet e Zito

A torcida santista sempre se sentiu privilegiada pelos craques e pelos títulos que presenciou até os anos 70. Mas máquina alvine-gra não se preparou para os anos que sucederam o fim de uma geração tão vitoriosa.

O Campeonato Paulista de 1984, conquistado em cima do Co-rinthians, no Morumbi, com gol de Serginho Chulapa, foi o início de um calvário que martirizaria os santistas até 2002.

As más administrações deixaram o clube endividado, sem pres-tígio e num jejum de títulos que envergonhava qualquer torcedor.

Em 1993, o Santos se sujeitou a jogar contra times amadores na China, inclusive times formados por soldados.

Para piorar a situação, que não era fácil, algumas derrotas ma-chucaram demais.

Em 95, liderado pelo ídolo Giovanni, o Peixe chegou à final do Brasileirão de maneira espetacular e tinha pela frente o Botafo-go de Túlio Maravilha. O grito de campeão estava engasgado e a nação santista não conseguia mais controlar a ânsia de pôr fim àquele jejum.

No entanto, diante de um Pacaembu lotado, o ex-árbitro Márcio Rezende de Freitas teve uma de suas piores atuações na carreira. Ele validou dois gols irregulares, um de Marcelo Passos e um de Túlio. E, para piorar, anulou um gol legítimo de Camanducaia. O empate deu o título para o clube carioca e o Pacaembu, vestido de branco, chorou.

O Santos demorou para se reerguer, mas em 2001, mais uma chance de acabar com aquele incômodo jejum apareceu. O Botafogo de Ribeirão Preto, surpresa naquele ano, chegou a final do Paulistão ao eliminar a Ponte Preta. Do outro lado, Santos e Corinthians due-lavam por uma vaga na decisão e, consequentemente, pelo título, já que dificilmente seriam barrados pelo time do interior.

Após um empate na primeira partida, o Peixe só precisava de mais uma igualdade para ir à final. E assim estava sendo até o último mi-nuto de jogo, no Morumbi. Mas, numa jogada de Gil pela esquerda, deixando André Luiz no chão, Marcelinho Carioca fez o corta-luz e Ri-cardinho acertou um chute milimétrico no canto direito de Fábio Cos-ta. Faltavam 10 segundos para o fim e o Santos caia mais uma vez.

Jogador Partidas ColocaçãoPelé 1.106 1ºPepe 750 2ºZito 727 3ºLima 696 4ºDorval 612 5ºEdu 584 6ºClodoaldo 510 7ºTite 475 8ºCoutinho 457 9ºCarlos Alberto 445 10º

Nome Gols Período Posição geral Após Era PeléPelé 1091 1956-1974 1º -Pepe 405 1954-1969 2º -Coutinho 370 1958-1970 3º -Toninho Guerreiro 283 1963-1969 4º -Feitiço 216 1927-1932/1936 5º -

Nome Gols Período Posição geral Após Era PeléJoão Paulo 104 1977-1984/1992 18º 1ºSerginho Chulapa 104 1983-1984/1986/1988/1990 18º 1ºJuary 101 1976-1979/1989 21º 3ºNeymar 97 2009-2012 24º 4ºRobinho 94 2002-2005/2010 25º 5º

Títulos sem expressão

marcaram uma época negra:

1985 Torneio Copa Kirim (Japão)

1987 Torneio Cidade de

Marseille - 1ª edição (França)

1990 Super Copa

Americana (China)

1994 Copa Denner

1996 Torneio de Verão

(Santos)

1997 Torneio Rio/S. Paulo

1998 Copa Conmebol

100 CalvárioDe 1984 a 2002, o Santos viveu sua pior fase. Seca de títulos, derrotas dolorosas

e administrações conturbadas quase arruinaram o Glorioso

administrações polêmicasOs resultados que não aconteciam no campo eram puro refle-

xo das administrações polêmicas, conturbadas e mal dirigidas que afligiam o Santos.

Miguel Kodja Neto é um exemplo de que ponto chegou a situa-ção do time de Vila Belmiro.

O dirigente teve a petulância de demitir Pelé, o grande ídolo santista e maior jogador de todos os tempos, durante sua adminis-tração. Pelé participava das decisões do clube naquela época.

Em 1994, Miguel Kodja Neto deixou a presidência ao ser acusa-do de desviar US$ 1,3 milhão. No mesmo ano, o Peixe teve dificul-dades para saudar contas de água, luz e telefone, além ter a conta corrente bloqueada pelo Banco Central.

O Santos estava se tornando um clube sem respeito, mas a maré virou e os Meninos da Vila colocaram o Peixe no seu devido lugar.

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Os 10 que mais vestiram o manto:

Os maiores artilheiros santistas:

Giovanni, o Messias, virou ídolo da torcida mesmo sem ter

conquistado um grande título

Em 1978, o Santos consagrou a primeira geração de Meninos da Vila, com o título do Campeonato Paulista. Chico Formiga mes-clou os experientes Clodoaldo, Vitor, Aílton Lira, Gilberto Sorriso, Joãozinho, Neto e Nel-sinho Baptista com os novatos Juary, João Paulo, Pita, Nilton Batata, Rubens Feijão, Zé Carlos, Toninho Vieira e Claudinho.

O time fez história com seu futebol envol-vente, ofensivo e vitorioso. Mas mal sabiam eles que se tornariam inspirações para um time que também encantou e acabou uma era de fracassos.

Celso Roth teve o prazer de promover Die-go e Robinho ao time profissional. O meia es-treou com apenas 16 anos numa vitória por 3 a 0 sobre o América-RJ. Robinho, que parecia um ‘filé de borboleta’, entrou no time profissio-nal do Santos pela primeira vez na vitória de 2 a 1 sobre o São Paulo. Daí em diante, os dois não parariam mais de crescer e logo se tornaram os líderes de uma geração.

Comandado por Emerson Leão, o Santos encontrou dificuldades no início desta refor-mulação. Normal, para um time com tantos garotos inexperientes. O time jogava para frente, agradava os olhos dos torcedores, sur-preendia, mas pagava por ser imaturo demais e perdia pontos bobos no concorrido Campe-onato Brasileiro. E graças a uma goleada ines-perada do Gama, que apenas cumpria tabela na última rodada da primeira fase, sobre o Co-ritiba, o Peixe avançou para a segunda fase em oitavo, o último a garantir vaga.

Foi então que Diego, Robinho, Renato, Ela-no, Alex e Léo assumiram de vez a responsa-bilidade e, destemidos, encararam os grandes favoritos de cabeça erguida. A primeira vítima foi o São Paulo, que contava com Ricardinho, Kaká e Luis Fabiano. O Grêmio, adversário nas semifinais, nem viu a cor da bola, e o Pei-xe chegou à final após sete anos.

pedala, Robinhogrande final chegou e o Corinthians,

grande rival do Peixe, era o adversário. Com jogadores renomados e com dois títulos conquistados naquele ano (Copa do Brasil e Rio-São Paulo), o Corinthians tinha cara de favorito. Mas, logo no primeiro jogo, o Peixe não se intimidou e abriu a vantagem de dois gols. Alberto e Renato marcaram.

Na segunda e decisiva partida, o Santos tomou um baque logo no início. Diego sentiu contusão e saiu de campo. Robert entrou. Mas o dia estava reservado para Robinho. O mole-que, negro, de pernas finas, sacudiu o Morum-

100‘diego joga bola,

Robinho deita e rola’

A nova geração de Meninos da

Vila encanta o Brasil e

acaba com o jejum de títulos do

Santos

Fábio Costa, Alex, Léo, Renato, Elano, Diego e Robinho eram as grandes estrelas do famoso time de 2002

Celso Roth foi o técnico responsável pela promoção de Robinho e Diego ao time profissional do Santos

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bi ao pedalar oito vezes na frente de Rogério antes de ser tocado. Pênalti. E ele, que não era o batedor oficial, pediu a bola. Era seu dia. Gol do Santos. A festa começara.

O Corinthians reagiu. Mas nada parecia ser capaz de tirar o título brasileiro dos Me-ninos da Vila naquela tarde de 15 de dezem-bro: Fábio Costa fez defesas milagrosas e Robinho deu assistências para Elano e Léo marcarem, selando a vitória por 3 a 2. O Santos, enfim, era campeão de novo.

O time que encantou o Brasil por pou-co não conquistou a América em 2003. O Peixe parou no Boca Juniors, liderado por Carlitos Tevez. No Brasileirão daquele ano, mais um vice, ficando atrás do Cruzeiro de Luxemburgo, que assumiu o lugar de Emer-son Leão no ano seguinte.

Luxemburgo levou o Peixe até às quar-tas da Libertadores, quando o time caiu para o Once Caldas. No entanto, no fim do ano, a torcida santista começava a voltar a ter a rotina de gritar ‘É campeão’.

Mais uma vez liderados por Robinho, o Peixe levantou o caneco do Brasileirão e consagrou uma geração.

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Predestinado. Talvez essa seja a palavra que melhor defina a maior joia santista dos últimos anos.

Neymar foi programado para ser craque desde criança. Uma aposta que deu mais certo do que imaginavam os mais otimistas.

Nas categorias de base do Peixe, Neymar já recebia um salário acima da média com uma multa de 30 milhões de euros e contrato até 2014.

Em 2009, aos 17 anos, diante do Oeste, no Pacaembu, Neymar entrou pela primeira vez numa partida oficial do time profissional do Santos. Rodeado de expectativa, o garoto, que de tão magro parecia vestir uma camisola, jogou apro-ximadamente 30 minutos e acertou uma bola na trave. Mas aquele ano servira apenas como adaptação para Neymar.

Já em 2010, com o retorno de seu ídolo Robinho e acom-panhado de Paulo Henrique Ganso, que além de seu amigo, também já despontava como um raro camisa 10 de ofício, Neymar começou a deslanchar. O time do Santos parecia reviver os áureos tempos dos Meninos da Vila, agora com Ganso, Robinho, Neymar e André. Juntos, eles levaram o Paulistão e recolocaram o Peixe na Libertadores ao con-quistarem o inédito título da Copa do Brasil ante o Vitória.

soy loco por ti, américaCom Neymar mais maduro, o Santos iniciou o ano de

2011 com fome de títulos. Enfrentou um período conturbado com trocas de técnicos e a interminável polêmica sobre os direitos federativos de Ganso.

Foi então que chegou Muricy Ramalho. O técnico, tantas vezes campeão na carreira, colocou ordem na questiona-da defesa santista, resgatou Ganso e viu Neymar dar show atrás de show. Dessa forma, o Santos se vingou da derro-ta sofrida para o Corinthians na final do Paulistão de 2009. Mais uma taça para a coleção de Neymar.

Agora o foco era total na Libertadores. Um dos títulos mais difíceis do planeta e que o Santos não conquistava desde 1963.

Apesar de atuar em ambientes hostis, com gramados ruins e com um time muito jovem, o Peixe tinha a seu favor o experiente técnico Muricy, a calma e sabedoria de Ganso e a improvisação e poder de decisão de Neymar. Numa final contra o tradicional Peñarol, do Uruguai, o Peixe suportou a enorme pressão da torcida amarela e preta e veio para o Pacaembu precisando de uma vitória simples. E aí, Neymar mais uma vez fez questão de colocar seu nome na história do clube da Vila Belmiro. Com um gol seu, em jogada inicia-da por Paulo Henrique Ganso e Arouca, e outro de Danilo, o Santos mais uma vez conquistou a América e coroou uma era. A era Neymar.

Com o título da Libertadores, o Santos garantiu presença no Mundial de Clubes da Fifa, disputado no Japão.

Com o Barcelona provando a cada jogo ser praticamente imbatível e Lionel Messe honrando o título de melhor do mundo, criou-se uma gran-de expectativa para o confronto entre os times e entre os craques sul-americanos. Mas, logo no início da partida, o time espanhol mostrou que ainda estava num nível muito superior como equipe. O Barça ganhou com sobras por 4 a 0, com gols de Messi (2), Xavi e Fábregas, e sagrou-se campeão mundial. “Aprendemos como se joga futebol. Vamos levar es-sas lições para o Brasil”, lamentou um abatido Neymar.

Pouco tempo depois, Neymar voltara a encontrar seus algozes do Barcelona. Desta vez para uma disputa individual.

Messi, inquestionável, levou o prêmio de Melhor Jogador do Mundo pela terceira vez. Mas Neymar também foi reconhecido pela Fifa por seus belos lances. O craque alvinegro ganhou o prêmio Puskas pelo gol mais bonito de 2011, anotado na derrota por 5 a 4 para o Flamengo, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Brasileiro.

Quem sabe o troféu de Melhor do Mundo não mude de mãos na pró-xima temporada?

Moicano vira moda

Preparado para brilhar desde criança, Neymar superou todas as

expectativas e, mesmo tão jovem, já se tornou ícone de uma geração

“O raio caiu três vezes no mesmo

lugar”, disse presidente Luis

Álvaro de Oliveira Ribeiro

“Joguei com muitos craques e comandei

muita gente boa, mas nunca vi

ninguém como o Neymar”, chegou a

dizer o sempre sério Muricy Ramalho.

Fim de ano de aprendizado

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1913 - Campeão Santista (invicto) 1915 - Bicampeão Santista (invicto)1928 - Campeão Torneio Início (Apea)1935 - Campeão Paulista (LPF)1937 - Campeão do Torneio (LPF)1948 - Campeão da Taça Cidade de Santos1948 - Vencedor da Taça das Taças1949 - Campeão da Taça Cidade de São Paulo1951 - Torneio Quadrangular de Belo Horizonte (Campeão Invicto) 1952 - Campeão do Torneio (FPF)1952 - Campeão da Taça Santos 1955 - Campeão Paulista (2º)1956 - Campeão da Taça Gazeta Esportiva (24 jogos invicto)1956 - Torneio Internacional da FPF 1956 - Campeão do Torneio de Classificação (17 jogos invicto) 1956 - Bicampeão Paulista (3º) 1958 - Campeão Paulista (4º) 1959 - Troféu Dr. Mário Echandi 1959 - Torneio Pentagonal do México 1959 - Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Rio/S. Paulo) 1959 - Troféu Tereza Herrera (Espanha)1959 - Torneio de Valencia (Espanha) 1960 - Troféu de Gialorosso (Itália)

1960 - IV Torneio de Paris1960 - Campeão Paulista (5º) 1961 - Torneio da Costa Rica 1961 - Torneio Pentagonal de Guadalajara (México)1961 - Bicampeão do Torneio Paris 1961 - Torneio Itália/61 1961 - Bicampeão Paulista (6º) 1961 - Campeão Brasileiro (1º) Taça Brasil 1962 - Bicampeão Brasileiro - Taça Brasil1962 - Campeão Sul-Americano Interclubes1962 - Tricampeão Paulista (7º) 1962 - Campeão Mundial Interclubes 1963 - Tricampeão Brasileiro - Taça Brasil 1963 - Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Rio/S. Paulo)1963 - Bicampeão Sul-Americano Interclubes1963 - Bicampeão Mundial Interclubes 1964 - Bicampeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa(Rio/S. Paulo) 1964 - Campeão Paulista (8º) 1964 - Tetracampeão Brasileiro - Taça Brasil 1965 - Torneio Hexagonal do Chile 1965 - Torneio de Caracas (Venezuela)1965 - Torneio Quadrangular de Buenos Aires (Argentina) 1965 - Bicampeão Paulista (9º)

1965 - Pentacampeão Brasileiro - Taça Brasil1966 - Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Rio/S. Paulo) 1966 - Torneio de Nova York 1967 - Campeão Paulista (10º) 1967 - Torneio Triangular de Florença1967 - Torneio Rubens Ulhoa Cintra 1968 - Torneio Amazônia 1968 - Torneio Octogonal Chile (Nicolau Moran) 1968 - Bicampeão Paulista (11º)1968 - Torneio Pentagonal de Buenos Aires 1968 - Hexacampeão brasileiro - Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1ª Taça de Prata) 1968 - Recopa - Sul-Americano Interclubes1968 - Recopa - Mundial Interclubes 1969 - Tricampeão Paulista (12º) 1969 - Torneio de Cuiabá 1970 - Torneio Hexagonal do Chile1970 - Taça Cidade de São Paulo 1971 - Torneio de kingston - Jamaica - Triangular 1972 - Fita Azul do Futebol Brasileiro (17 partidas invicto) 1973 - Campeão Paulista (13º) 1975 - Torneio Governador do Estado - Taça Laudo Natel 1975 - Torneio Governador da Bahia (Roberto Santos)

1977 - Torneio Hexagonal do Chile 1977 - Torneio Triangular do México (Leon) 1978 - Campeão Paulista (14º) 1983 - Torneio Vencedores da América (Uruguai) 1983 - Torneio Cidade de Barcelona (Espanha) 1984 - Torneio Início1984 - Taça dos Invictos da Gazeta Esportiva Nova Série 1984 - Campeão Paulista (15º)1985 - Torneio Copa Kirim (Japão) 1987 - Torneio Cidade de Marseille - 1ª edição (França) 1990 - Super Copa Americana (China)1994 - Copa Denner1996 - Torneio de Verão (Santos)1997 - Torneio Rio/S. Paulo1998 - Copa Conmebol 2002- Heptacampeão brasileiro-Campeonato Brasileiro (1º)2004- Copa Federação Paulista de Futebol (Santos B)2004- Octacampeão brasileiro- Campeonato Brasileiro (2º)2006 - Campeão Paulista (16º)2007 - Bicampeão Paulista (17º)2010 - Campeão Paulista (18º)2010 - Campeão da Copa do Brasil (1º - nono título nacional)2011 - Bicampeão Paulista (19º)

LiSta dE títuLOS dO SantOS FC

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10011 vezes artilheiro do

Campeonato Paulista. 1957 - Santos (17 gols)1958 - Santos (58 gols)1959 - Santos (45 gols)1960 - Santos (33 gols)1961 - Santos (47 gols)1962 - Santos (37 gols)1963 - Santos (22 gols)1964 - Santos (34 gols)1965 - Santos (49 gols)1969 - Santos (26 gols)1973 - Santos (11 gols)

58 gols em um único campeonato, o Paulista

de 1958. Abaixo só aparece ele próprio,

com 49 gols em 1965

1 vez artilheiro da Copa América(8 gols em

1959)

2 vezes artilheiro da Taça Brasil 1961

- Santos (9 gols) 1963 - Santos (12 gols)

4 vezes artilheiro do Torneio Rio-São Paulo 1961 - Santos (7 gols)

1963 - Santos (15 gols) 1964 - Santos (3 gols) 1965 - Santos (7 gols)

1 vez artilheiro do Mundial interclubes

1962 - Santos (3 gols)

1 vez da Taça Libertadores da

América 1963 - Santos (11 gols)

7 milhões de dólares pagos pelo Cosmos

para ter Pelé

Com a palavra, o

Com uma vida dedicada

ao Santos, Pelé elege momentos

inesquecíveis, parceiros

especiais e faz um pedido

à torcida santista

É sempre muito complicado falar de Pelé. Fal-tam adjetivos, sobram feitos para citar. Mas o maior jogador de todos os tempo sempre se coloca em segundo plano quando o assunto é o Santos Futebol Clube.

“Agradeço a Deus por ter me colocado no Santos”, diz Pelé costumeiramente.

Neste centenário santista, não havia ma-neira do eterno camisa 10 não ser o protago-nista em todas as homenagens e citações. Fo-ram 18 anos vestindo o manto alvinegro, mais de mil gols e todos os títulos possíveis para um jogador de futebol da época.

Mesmo com uma carreira que transborda boas lembranças, Pelé consegue eleger seus momentos mais especiais.

“É difícil citar apenas um momento numa carreira de 18 anos de sucesso num clube. O mais emocionante e inesquecível foi quando eu me ajoelhei no meio do campo do Maraca-

nã na minha despedida, contra a Ponte Preta. Outro momento inesquecível também aconte-ceu no Maracanã: o milésimo gol. E não podia deixar de citar o meu 1º jogo e 1º gol na minha estreia, com 16 para 17 anos, contra com o Corinthians de Santo André”, disse Atleta do Século XX.

O Brasil sempre foi um grande seleiro de craques. O país borbulha de garotos talento-sos a todo momento e grandes jogadores não para de surgir. Mas, na época de Pelé, esses craques eram ainda maiores. Talvez, gênios com a bola nos pés.

Mesmo rodeado por uma porção deles tanto no Santos quanto na seleção brasileira, Pelé não titubeia quando questionado sobre quem foram os melhores que atuaram ao seu lado. “Tive excelentes parceiros, mas sem dú-vida os que mais marcaram foram Zito no meio de campo, Dorval, Coutinho e Pepe”.

Uma curiosidade na vida de Pelé é que o seu maior momento como torcedor aconteceu quando ele ainda era jogador do Peixe. “Como torcedor, tive várias alegrias. A maior foi ver o Santos ser bicampeão mundial, no Mara-canã, contra Milan”, contou o Rei do Futebol, lembrando do jogo de 1963, quando teve que assistir de fora a incrível virada do Santos pra cima dos europeus.

Neste dia tão especial, no qual o clube com-pleta o seu primeiro centenário, Edson Arantes do Nascimento, natal de Três Corações, Minas Gerais, com a autoridade de ser Pelé, faz um pedido para toda a nação santista.

“O Santos é o time brasileiro mais conhe-cido no mundo. Peço aos torcedores que nos ajudem para nunca perdermos este título. Com as nossas excursões pelo mundo nós ajudamos a tornar o Brasil conhecido. Meus Parabéns ao Santos!”.

NomE: Edson Arantes do Nascimento

posição: meia-atacante

Filiação: João Ramos do Nascimento (Dondinho) e Celeste Arantes do Nascimento

Data E local DE NascimENto: 23/10/1940, em Três Corações (MG) - Brasil

chutEiRa: 39

EstREia como pRoFissioNal: Santos FC 7 X 1 Corinthians de Santo André

Jogos: 1.365 jogos

gols: 1.281 gols

Jogos pElo saNtos: 1.116 jogos

gols pElo saNtos: 1.091 gols

Jogos pEla sElEção BRasilEiRa: 114 jogos

gols pEla sElEção BRasilEiRa: 95 gols

cluBEs: Santos FC (1956 a 1974) e Cosmos (1975 a 1977)

14

Abril

2012

e n c a r t e EspEcial

P.8