São Teotónio II - Um homem entre iguais
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São Teotónio – II
Padroeiro de Viseu - Um homem entre iguais
Enquanto escrevo este breve apontamento, na rádio
no alinhamento das notícias sobre a crise, o
desemprego, a falência do estado social e das famílias,
nada de novo.
As celebrações jubilares de S. Teotónio como
padroeiro da diocese e cidade de Viseu seguem a bom
ritmo, porém sem grande destaque mediático a nível
nacional. Contudo o mesmo não se pode dizer da
imprensa local e regional, a qual tem divulgado o
programa das comemorações e os seus principais
momentos.
Assim, aproveito para destacar algumas iniciativas
imperdíveis das comemorações S. Teotónio (1162-2012)
patrono da diocese e da cidade de Viseu – Nove Séculos
do priorado em Viseu. Estará patente no Museu Grão
Vasco e Catedral de Viseu de 16 de Fevereiro a 1 Julho,
uma exposição temporária sobre o santo. Segundo o
catálogo “ O projeto expositivo consta de duas partes,
materializadas no núcleo acolhido pelo Museu Grão
Vasco e no itinerário de memórias e referenciais da Sé
de Viseu. A primeira parte divide-se em quatro
capítulos, sob o signo da simbólica dos quatros
elementos – terra, água, fogo e ar -, que os medievais,
na estreia da herança clássica, souberam interpretar
numa mundividência simultaneamente cósmica e
peregrina do absoluto. A segunda parte, que tem por
palco a Sé de Viseu, qual microcosmos, convida o
visitante a (re) descobrir este magnífico templo, onde,
na fundura dos tempos, as referências a São Teotónio
se multiplicam, entre iconografia, religiosidade e
tradição.”
Agora, algo mais vocacionado para crianças e jovens,
o destaque vai para a apresentação do livro infantil São
Teotónio do escritor Carlos Paixão e com ilustrações de
Carlos Pais, no dia 1 junho. Essa apresentação será
enriquecida com uma animação teatral.
Por fim, destaco uma derradeira iniciativa intitulada
(Re)Viver a Solidariedade de São Teotónio, dinamizada
pela Junta Regional de Viseu do Corpo Nacional de
Escutas Escuteiros que irá levar a acabo uma recolha de
bens alimentares e posterior distribuição por famílias
carenciadas da Diocese de Viseu. Este reviver da
solidariedade faz todo o sentido, na pessoa de S.
Teotónio que se sentia um homem generoso entre
iguais.
As suas obras assistenciais aos mais
necessitados naquele tempo, não
passaram despercebidas aqueles que
conviveram de perto com S. Teotónio.
Citando o livro “Vida de S. Theotonio”
escrito por um discípulo anónimo,“
Soccorria aos pobres, visitava aos
doentes; convidava aos peregrinos, e
os hospedava: a todos recreava com
ternura; alegrava-se com os alegres;
chorava com o que choravam.
Distribuia aos pobres e necessitados a
maior parte do seu trabalho, e de
tudo o que tinha. Só reservava uma pequena parte para
uso moderado de seus vestidos.” Das inúmeras virtudes
deste santo, destaco a virtude de fazer o bem e não
olhar a quem. Citando novamente a obra supracitada,
“Depois da missa e da geral procissão do cemitério,
alegre e quasi sem ser visto, tudo Distribuia aos pobres.
Este foi seu costume no exercicio das boas obras:
trabalhava sempre com todas as forças, que fosse
oculto o que fazia.”
Numa Península Ibérica a braços com a Reconquista
Cristã, onde a luta entre a Cristandade e o Islão
consumia vidas e energias dos Reinos Cristãos e os
Califados. S. Teotónio era bem um homem do seu
tempo, um sacerdote, um monge, um conselheiro
político e também um peregrino.
As romarias e as peregrinações tinham como objetivo
essencial – segundo Afonso X na sua obra Primeyra
Partida - «servir a Deus e honrar os santos», deixando
tudo - família e bens - quem partia com esse espírito
rumo a um ou mais santuários. Os santuários de eleição
eram: Jerusalém, Roma e Santiago de Compostela.
Ainda segundo Afonso X, o sábio, esclarece que
romeiros, em sentido estrito, são aqueles que vão a
Roma visitar «os santos logares», onde estão os corpos
de S. Pedro e de S. Paulo e de outros santos aí
martirizados, e que o termo peregrino tanto podia
aplicar-se aos que iam visitar o Santo Sepulcro de
Jerusalém e os outros lugares santificados pela presença
de Jesus.
Em Portugal, nos últimos séculos da Idade Média, os
peregrinos que regressavam da Palestina passaram a ser
designados palmeiros, vocábulo alusivo à pequena palma
ou pequeno ramo de palmeira que, à semelhança da
vieira, que os peregrinos
jacobeus ostentavam, no
seu regresso de Compostela,
tinha a função de os
identificar como peregrinos
dos lugares santos de
Jerusalém e de outros
pontos da Palestina.
A este propósito devo relembrar que no passado dia
24 de abril foi inaugurado o Caminho Português Interior
de Santiago de Compostela. Quando voltava da
Exposição de S. Teotónio, lá estava bem visível o início
do Caminho de Viseu, em plena praça da Sé Catedral de
Santa Maria de Viseu. No dia em que muitos peregrinos
acabam a sua jornada de peregrinação ao mais recente
Santuário Mariano de Fátima, a peregrinação de S.
Teotónio a Jerusalém será o assunto do meu próximo
apontamento nestas páginas.
Carlos Cruchinho [email protected]
Licenciado no Ensino da História e Ciências Sociais Texto redigido segundo o novo acordo ortográfico