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A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) promoveu

no último mês de maio, no município de Picos, o I Seminário Perspectivas em

Pesquisa, Ciência, Tecnologia e Inovação do Semiárido Piauiense. Através dessa

iniciativa, a Fapepi fortalece seu papel de integrar o setor produtivo, a academia

e as políticas públicas do Governo do Estado, com o objetivo de atender às

necessidades da população.

REALIZAÇÃO FAPEPI

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI4

José Wellington Barroso de Araújo DiasGovernador do estado do Piauí

Margarete de Castro CoelhoVice-Governadora do estado do Piauí

Francisco Guedes Alcoforado FilhoPresidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí - Fapepi

Albemerc Moura de MoraesDiretor Técnico-Científico da Fapepi

Wellington Carvalho CamarçoDiretor Administrativo-Financeiro da Fapepi

Nº 38 Ano XII / Junho de 2015ISSN – 1809-0915

CONSELHO EDITORIALAcácio Salvador Véras e Silva

Adalberto Socorro da SilvaAlbemerc Moura de Moraes

Ana Regina Barros Rêgo LealEdvaldo Sagrilo

Francisco Guedes Alcoforado FilhoFrancisco Marcelino Almeida de Araújo

José Milton Elias de MatosLívio César Cunha Nunes

Orlando Maurício de Carvalho BertiRaimundo Isídio de Sousa

Ricardo de Andrade Lira RabêloRivelilson Mendes de Freitas

COORDENAÇÃO DE COMUNICAÇÃO:Michelly Samia

EDITORA-CHEFE:Vanessa Soromo– DRT: 1576 PI

REDAÇÃO:Afonso Rodrigues

Allan Campêlo (Estagiário)Mário David Melo

FOTOS:Marcelo Cardoso

Paulo Barros

REVISÃO DOS TEXTOS:Márcia Ananda

PUBLICIDADE:Patrícia Carvalho

DIAGRAMAÇÃO:Luiz Carlos

IMPRESSÃO E ACABAMENTO:Gráfica São João

TIRAGEM:10 mil exemplares

Publicação Trimestral

EXPEDIENTE Pesquisador fala de sua linha de pesquisa para vacina contra o calazar

Fapepi fomenta programas que contribuem para o fortalecimento da CTI no Estado

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Foto: Paulo Barros

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Ilustração: Patrícia Carvalho

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26 28Uespi participa de projeto para desenvolver adesivo bucal que inibe a proliferação de bactérias

Laboratório na UFPI realiza estudos em rochas sedimentares da Bacia do Parnaíba

Realização Fapepi, artigos, teses e dicas de livros.

E mais...

Piauiense é primeiro lugar em seleção do Ministério da Educação da França

Programa destaca pesquisa de

excelência no Piauí

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Sum

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Participei das primeiras reuniões que levaram à criação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Es-tado do Piauí (Fapepi). Momentos difíceis aque-les, que foram superados por um grande desejo:

mudar o destino da pesquisa científica e tecnológica do nosso Estado. Agora cá estou eu, depois de passados mais de vinte anos, com menos cabelos e com uma bagagem maior e diversificada, presidindo essa Fundação.

O convite para escrever o editorial desta edição (que agora está em suas mãos ou na tela do seu computador/smartphone) foi aceito com grande alegria, afinal de contas, vou ter a oportunidade de falar sobre Inovação Tecnológica (IT), uma área propulsora e que por isso me causa muito entusiasmo.

A Fapepi, enquanto agência de fomento do estado, tem a missão (e o dever) de fomentar a IT no Piauí, por meio de soluções criativas que oportunizem a inclusão de mais pessoas (comunidade científica, sociedade) no processo de desenvolvimento do Estado.

O Piauí é um solo fértil para a Inovação Tecnológica e conta com pesquisadores renomados e de excelência, que estão investigando o que pode ser realizado para desenvol-ver as nossas potencialidades.

A seção “Entrevista” traz o professor Dr. Carlos Henri-que Nery Costa, que segue uma linha alternativa nas pes-quisas pela vacina contra o calazar. Trazemos ainda um estudo que visa melhorar a saúde bucal dos usuários de aparelhos ortodônticos, por meio de um adesivo que inibe a proliferação de bactérias. Tal estudo está sendo realizado por instituições nacionais e internacionais, entre elas a Uni-versidade Estadual do Piauí (Uespi).

Vamos saber mais sobre o primeiro Laboratório de Geoquímica Orgânica do Nordeste (LAGO), que fica lo-calizado dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Além disso, embarcamos no sonho de um jovem acadêmi-co piauiense que vai ensinar Português para franceses, na cidade de Bordeaux, com o apoio da Fapepi.

O tema central desta edição são as pesquisas desenvol-vidas no âmbito do Programa de Apoio a Núcleos de Exce-lência (Pronex), apresentadas em cinco matérias reunidas em uma grande reportagem que revela a importância do Programa. Também destacamos, em outro texto, os princi-pais programas executados pela Fapepi nos últimos anos e a sua contribuição para o desenvolvimento do Estado nas áreas da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Uma boa leitura a todas e a todos!

Francisco GuedesPresidente da Fapepi

Inovação EXPEDIENTEEdito

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Por Afonso Rodrigues Colaboração Vanessa Soromo

O avanço na pesquisa contra o calazar

Nascido em Teresina, Carlos Hen-rique Nery Costa é formado pela Universidade de Brasília (Unb), onde fez Residência em Clínica Médica e Mestrado em Medicina Tropical. É doutor em Saúde Públi-ca Tropical pela Harvard University. Já recebeu a comenda Mérito Re-nascença do Governo do Estado do Piauí e o prêmio Mérito pelo Incentivo ao Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Piauí. Atualmente é professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), médico do Instituto de Medicina Tropical Natan Portella e coordenador do Laboratório de Pesquisas em Leishmanioses.

Carlos Henrique Nery Costa

Foto: Paulo Barros

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TREVIS

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Segundo Carlos Henrique Nery Costa, o controle das doenças tropicais deve ser questão estratégica para o país

A leishmaniose visceral, ou ca-lazar, é uma zoonose trans-mitida por flebotomíneos, pequenos insetos conhecidos

popularmente como mosquito-palha, asa dura ou birigui. Quando não tratada, a doença pode ser letal. Só em 2014, 319 casos de calazar e 10 óbitos foram noti-ficados no Piauí, no sistema de informa-ção Sistema de Informação de Agravos e Notificação da Secretaria Estadual de Saúde do Piauí (SINAN/Sesapi).

Em entrevista à revista Sapiên-cia, o médico Carlos Henrique Nery Costa, pesquisador atuante na área de doenças tropicais, fala da atual situa-ção da doença e da sua linha de pes-quisa para obtenção de uma vacina contra o calazar em seres humanos.

Qual a situação atual do calazar no mundo?

O calazar, ou leishmaniose visceral, como alguns preferem, é um problema de saúde pública reemergente e tido como fora de controle pela Organização Mundial da Saúde. Embora não exclu-sivamente, acomete principalmente re-giões muito pobres do mundo, como o Subcontinente Indiano, o Leste da África e o Brasil. Para cá, foi provavelmente tra-zida pelos portugueses e encontrou um bom vetor, que é o flebótomo Lutzomyia longipalpis. Atenção: não é um mosquito. Os mosquitos têm a fase larvária na água e um modo de sucção diferente, pois vão diretamente ao vaso sanguíneo. Já o fle-bótomo, corta a pele e depois suga o san-gue que aflora. Junto com o sangue vem

material próprio da pele e, por isso, é que talvez ele está relacionado à leishmanio-se cutânea. Embora fosse reconhecida como uma endemia tipicamente rural, nos últimos anos ela se espalhou para cidades aqui no Brasil e se tornou um problema realmente sério.

Como surgiu esse movimento de ur-banização da doença?

Começou aqui em Teresina, em 1982, onde a doença primeiramente levou a epi-demias urbanas em larga escala, espalhan-do-se a partir daqui e então pela América do Sul. Mas não sabemos ainda por que a doença se tornou urbana e como fazer para controlar. Então, diante desse cená-rio, é que se impõe a necessidade de vaci-nas para seres humanos.

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Qual a linha de pesquisa desen-volvida pelo senhor?

Existem vários projetos de vacinas para leishmanioses em andamento no Brasil e no mundo. Entretanto, nós esta-mos seguindo uma linha relativamente fora do principal caminho de investiga-ção, um caminho alternativo. A nossa abordagem se baseia no fato de que tem sido difícil se conseguir imunidade dura-doura nos indivíduos vacinados. A par-tir daí, passou-se a conceber uma ideia reversa de uma vacina, utilizando como ponto de partida o que nós temos em abundância, que são casos de leishma-niose aqui no nosso meio. Estamos orga-nizando informações sobre os antígenos ou os fatores de virulência que determi-nam a doença grave. Queremos saber qual é o segredo da leishmaniose nessas pessoas que têm a doença mais grave, fatal. Para isso, estamos identificando a sequência genômica completa dos isola-dos Leishmania que dão a doença grave e comparamos com aquelas de doença que é não grave para saber quais são as diferenças genéticas no parasita e, a par-tir dessas diferenças, tentar construir um organismo vivo geneticamente modifi-cado para ser utilizado como vacina. É um caminho que tem certa dificuldade porque a utilização de organismos vivos geneticamente modificados como vaci-na impõe as dificuldades de estabilidade, comercialização, conservação. Contudo, como existem muitas vacinas de orga-nismos vivos atenuados, é uma estraté-gia boa e que pode resolver um proble-ma da falta de imunidade duradoura nas vacinas recombinantes ou vacinas de proteínas purificadas. Nós temos aí um horizonte de aproximadamente cinco a dez anos de modo a ter um produto mais competitivo no mercado.

Essa pesquisa começou quando?Em 2010. Esse projeto está sendo

financiado pelo CNPq, tem recursos da Capes, mas tem uma fonte impor-tante de recursos gerada por verbas de bancada de políticos, de deputa-dos e senadores e amigos da ciência. É importante registrar que existe um consenso de alimentar esse grupo de pesquisa aqui no Piauí através não só de instituições nacionais, como tam-bém de instituições locais.

A vacina que o senhor está desenvolven-do imunizaria o indivíduo para sempre?

A ideia é dar uma dose única para a vida inteira. Nós já sequenciamos dez organismos globais para a identificação de fatores de virulência, uma área nossa, ninguém está fazendo. Estamos, no mo-mento, em análise desse material para pu-blicação e já estamos enviando mais cin-quenta [organismos globais] para Coréia, onde uma grande companhia vai fazer o sequenciamento desse material. Estamos tentando a ousadia de trazer esta vitória, dando ao Piauí essa primazia.

É possível uma vacina com ampli-tude global ou cada região teria que desenvolver uma de acordo com as ca-racterísticas específicas daquela região?

Nós sabemos que existem diferenças genéticas entre parasitas da mesma espé-cie. Por exemplo, uma Leishmania infan-tum, a mesma que dá o calazar, pode dar só lesão de pele. Na epidemia de Madrid, por exemplo, que está acontecendo ago-ra, dois terços dos casos são só doenças de pele e um terço é doença visceral. Será se são variedades genéticas diferentes ou é o hospedeiro que está respondendo de forma distinta? Não sabemos. Tudo isso vai ter que ser validado. Mas já que esta-mos nos fundamentando em diferenças genéticas do parasita, é bastante prová-vel que uma vez sendo atenuado, ele seja útil para todas as regiões do mundo, pois teria perdido essa capacidade de induzir doença. Um esforço internacional que está se fazendo. O caminho está ficando fértil. Por exemplo, um grupo do Cana-dá está trabalhando com pesquisadores da Índia e do Sri Lanka e já identificaram diferenças importantes de parasitas que determinam a visceralização da doença. Enquanto isso, nós estamos trabalhando numa visão um pouco diferente, naquilo que leva à doença muito grave, que mata.

Em relação ao vetor que trans-mite a doença, o que está sendo feito para combatê-lo?

Muito pouco. Na verdade, não existe como extinguir o vetor. O flebótomo é uma espécie de mosca, está em todo lugar; onde tem uma certa umidade, sombrea-mento, ele prolifera. O que se pode fazer melhor, do ponto de vista teórico, é pro-teger as residências com inseticidas, pois

é muito melhor se atuar sobre os vetores que transmitem a doença do que sobre os reservatórios vertebrados. Nesse caso, o problema são os inseticidas modernos, que têm o que nós chamamos de baixo po-der residual, sendo incapazes de controlar a entrada dos insetos nas residências. Se-guramente, não são tão bons como era o DDT. Infelizmente, o DDT foi banido pelo receio de que trouxesse alterações impor-tantes de teratogênese e carcinogênese. O programa de eliminação de cães é um fra-casso, pois não se tem nenhuma demons-tração clara de eficácia. Além disso, há uma reação enorme da população, porque já sabe que não funciona. Uma tecnologia nova é o uso de colares impregnados com inseticida, que pode vir a funcionar. Isso porque as coleiras vão atuar não só sobre o reservatório, mas também sobre o vetor. Então, nessa perspectiva de ação combi-nada, a tecnologia, que é relativamente simples, pode levar a algum resultado po-sitivo. Nesse momento, existe um grande estudo feito no Brasil tentando verificar se o uso de coleiras impregnadas com inseti-cidas seria capaz de gerar alguma proteção não só nos animais, como também nas pessoas. Isso está em andamento.

Algum estudo comprova a eficá-cia das coleiras nos cães?

Sim. É capaz de reduzir a trans-missão entre os animais. No Brasil, os resultados não foram muito bons. Um estudo feito em Fortaleza não foi muito satisfatório por várias razões. Entre elas, os cães perdiam as coleiras rapidamente, pois cercas com arame farpado são capa-zes de rasgar a coleira. O Ministério da Saúde resolveu bancar esse grande estu-do de avaliação dos colares para ver se são capazes de proteger não só os cães, mas principalmente as pessoas.

Além dos inseticidas, o que a popula-ção pode fazer para prevenir a doença?

Sabemos que as residências em locais que têm baixa infraestrutura urbana têm maior incidência de calazar. Agora, não existe nenhum estudo que mostre que a retirada ou a introdução desses melhora-mentos seria capaz de modificar a trans-missão da doença. Por exemplo, em Cam-po Grande, a doença é transmitida entre pessoas de alto poder aquisitivo, no centro da cidade. O que eu recomendaria para as

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pessoas seria a procura imediata de uma unidade de saúde, no caso dos sintomas típicos, como febre, palidez, perda de peso e aumento do volume abdominal.

Atualmente, o tratamento dispo-nível para o calazar é capaz de curar os seres humanos?

Cura, mas não esteriliza. Se a pessoa tiver calazar e depois pegar uma doença que dá imunodepressão, como o HIV, ou se vai tomar remédio para transplante ou para câncer, o ca-lazar pode aparecer novamente.

O Brasil ainda adota a cultura da eutanásia para o tratamento de cães, questionada pela comunidade cien-tífica. Quais as alternativas para não se tomar essa atitude drástica?

Qualquer política pública tem que ter demonstrada sua eficácia. Se ela não é efi-caz, você está gastando recursos públicos inutilmente, além de gerar outros efeitos, como agressão aos direitos privados dos proprietários, desconsiderando o papel importante que os cães têm na sociedade. Além disso, eles são importantes animais de companhia de pessoas idosas, de crian-ças, de pessoas com deficiência. Matar ca-chorro não vai controlar o calazar. Vamos tratar isso seriamente. As pesquisas todas são praticamente unânimes: se existir al-gum efeito desse programa de eliminação de cães, ele é irrisório e totalmente insufi-ciente para o controle da doença.

No caso de não sacrificar o ani-mal, ele seria então tratado, teria que ter um cuidado especial?

São poucas pessoas que querem tratar os cachorros. Na verdade, uma minoria dos proprietários tem essa preocupação. Quando o cão é de rua, o programa para prevenção inclui real-mente o sacrifício. Isso está previsto na legislação pública e não está errado. O que está errado é você ir à casa das pes-soas, fazer uma triagem, que é muito fa-lha, tirar o cãozinho de casa, levar para o abate e sacrificar. Se as pessoas quiserem manter os seus cães limpinhos, usando coleira, ele não vai transmitir para nin-guém, porque o inseto não vai picar. Se quiser dar um remedinho junto com o veterinário, dê o remédio junto com o veterinário. Não há problema nenhum

em fazer isso, desde que o ambiente es-teja protegido da picada de inseto.

O senhor disse que o teste para o calazar em cães não é tão seguro. Como é feita essa triagem?

Tem muitas inexatidões. Nós temos uma avaliação de vários testes aqui em Teresina com a professora Ivete Mendon-ça no CCA – Centro de Ciências Agrá-rias [da Universidade Federal do Piauí] e esses testes têm o que nós chamamos de baixa sensibilidade e especificidade, de tal ordem que, quando a transmissão da doença é relativamente alta, como aqui em Teresina, o teste positivo pouco muda a chance de o cão ter a doença. De tal ordem, que quando um resultado é positivo num cão assintomático, a maior parte dos cães retirada é de cães sadios. Esse talvez seja o maior drama da retira-da de cães assintomáticos, o erro inerente de tecnologia de identificação dos cães.

Quais são os efeitos dos remédios no tratamento do cão?

O cão responde mal, mas pode ser tra-tado e mantido vivo durante alguns anos. Inclusive tem uma equipe na Universida-de [Federal do Piauí] que faz o tratamento dos cachorros. Na Europa, os cães são tra-tados sem nenhum problema legal.

É importante se salientar que, quando um cão testa positivo para leishmaniose, isso quer dizer duas coisas: uma é que ele pode estar infectado, mas a outra é que também ele pode estar imune. Então, esse segmento de cães soro-positivos tem dois componentes: o dos cães que realmente es-tão infectados e podem representar algum risco, mas tem o outro de cães que são imunes, que são refratários da doença, que não são capazes de transmitir. Esses cães que são imunes têm um papel importan-tíssimo no que nós chamamos imunidade coletiva. Então, eu suspeito de que o fracas-so da eliminação de cães reside exatamen-te em estar sistematicamente retirando os cãezinhos imunes da população. Deixam--se assim os cães jovens inteiramente sus-cetíveis à doença, o que reduz a imunidade coletiva e facilita a transmissão da doença.

A que o senhor atribui a persistên-cia do Brasil na cultura da eutanásia?

O drama brasileiro é que as nossas políticas públicas não têm memória nem

experimentação. Nos países desenvolvi-dos, cada vez que uma nova política pú-blica é instaurada, se faz isso segmentada-mente com grupo controle, de modo que o efeito dessa medida possa ser avaliado no futuro. No Brasil, ou você acaba toda política de uma vez ou a mantém em to-dos os lugares do País, e não se aprende o que há de bom ou ruim com as políticas instauradas, nem se inova, substituindo--as por outras mais eficazes.

Quais são as opções para os donos de cães diagnosticados com calazar de acor-do com a legislação atual? Eles podem re-sistir a essa política de eliminação?

Podem. Eles vão ser constrangi-dos, porque existem algumas porta-rias dentro do Ministério da Saúde de constranger as pessoas, mas o Supremo Tribunal Federal determinou que os proprietários [podem] tratar os seus cachorros quando o desejarem.

O que o poder público pode fazer para inibir o avanço da doença?

Seguramente, mais investimento em pesquisa é o melhor que podemos fazer. Nós estamos ainda no terreno do desco-nhecido, uma vez que hoje não tem nada muito eficaz que possa se fazer nesse mo-mento, a não ser o tratamento, distribui-ção de remédios eficazes e o alerta para o diagnóstico da doença. Então, eu gosto sempre de realçar o papel do Brasil nos trópicos. As nossas doenças endêmicas são doenças tropicais essencialmente e, ao lado da Índia, o Brasil, hoje, é a na-ção tropical mais proeminente do pon-to de vista científico e tecnológico. Ao lado de outras nações tropicais, como México, a Austrália, e outros, o Brasil pode fornecer contribuições importan-tes não só para o calazar, mas também para o controle de muitas outras doen-ças tropicais. Por ser um país tropical, o que se fizer bem feito aqui terá aplicação em todos os trópicos, que são os lugares mais pobres do mundo. O Brasil pode e deve lutar para ter essa liderança. Nesse sentido, o controle das doenças tropicais ou de outros aspectos peculiares dos tró-picos deve ser absolutamente estratégico para o País. Investimento em ciência no Brasil é fundamental, particularmente na ciência dedicada às prioridades dos trópicos, entre elas, o calazar.

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Por Mário David Melo

Fapepi financia pesquisa científica no Piauí há mais de 10 anos

Foto: Marcelo Cardoso

Fundação cria novos canais de divulgação científica

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A Fundação já fomentou a qualificação de centenas de professorese apoiou milhares de projetos científicos

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Programas fomentados pela Fapepi nos últimos 10 anos

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PROGRAMA DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO

CIENTÍFICO ETECNOLÓGICO DO PIAUÍ

Visa promover o fomento à pesquisa científica em áreas consideradas estra-tégicas para o desenvolvimento científi-co e tecnológico do Estado do Piauí, as-sim como incentivar a criação de linhas de pesquisa de interesse do Governo do Estado nos cursos de pós-graduação stricto sensu através do auxílio a proje-tos de pesquisa com aporte financeiro do Tesouro Estadual. Desde 2003, vem

aplicando recursos em pesquisa, sendo que, de 2008 a 2010, financiou mais de 30 projetos de pesquisa.

ACORDO DE COOPERAÇÃO TÉCNICO-FINANCEIRA

SEDUC-PI/FAPEPI /AUXÍLIO PARA PROJETOS DE

PESQUISA E EXTENSÃO

Executado pela Fapepi em 2012, com o objetivo de apoiar a execução técnica de projetos de pesquisa e ex-tensão, voltados ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem nas diversas áreas do conhecimento nas

escolas de Ensino Médio da Rede Esta-dual do Piauí dos municípios de Teresi-na e Parnaíba, a fim de elevar o nível de aprendizagem dos discentes e de propor metodologias de ensino alternativas para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. O valor global de investimentos foi de R$ 224.000,00.

PROGRAMA DE BOLSA DEPÓS-GRADUAÇÃO

DA FAPEPI

Instituído em 2008 com o objetivo de conceder bolsas de mestrado e de doutorado aos docentes do quadro efe-

Ao longo de mais de duas décadas de existência, a Fundação de Ampa-ro à Pesquisa do Estado

do Piauí (Fapepi) passou por muitas transformações. Em 2015, Francis-co Guedes Alcoforado Filho assume como novo presidente da Fapepi. É o 11º desde Elmano de Almeida Fér-rer em 1994. Em 2003, 10 anos após a criação da fundação em 1993, a Fape-pi passou a investir e captar recursos para pesquisa, tecnologia e inovação do Piauí. Além dos diversos progra-mas de financiamento e qualificação profissional, lançou em 2004 a primei-ra publicação de divulgação científica do estado, a revista Sapiência. Mas,

apesar de ser elemento fundamental para a evolução da pesquisa científica e da inovação tecnológica no estado, a Fapepi, muitas vezes, passa desper-cebida por seus próprios pares, os pesquisadores. Para sanar tal situação e acompanhando a evolução tecnoló-gica, a Fapepi tem desenvolvido novos canais de divulgação científica, obje-tivando estar mais presente no dia a dia dos piauienses. No último mês de abril, a fundação lançou o Fapepi Informa, boletim institucional que no primeiro número reapresenta a fundação e as expectativas para 2015. A matéria de abertura “desvenda” a Fapepi em conceito, missão, atuação e público-alvo. Informações básicas es-

tão disponíveis no site fapepi.pi.gov.br, para que o pesquisador compre-enda o papel da instituição. O leitor encontra ainda o planejamento para execução de programas pela Fapepi no decorrer de 2015.

Em 12 anos como a única agên-cia de fomento à ciência, tecnologia e inovação do estado, a Fapepi pro-moveu outras realizações que auxi-liaram pesquisadores, professores e estudantes de iniciação científica a desenvolverem projetos de pesquisa, assim como contribuiu na qualifica-ção de recursos humanos do estado. São ações que alcançaram o objetivo de fazer a diferença na difusão do co-nhecimento para muitos piauienses.

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De 2003 a

2013, a Fapepi

concedeu mais

de 1.200 bolsas

de iniciação

científica

MATÉ

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tivo da Universidade Estadual do Piauí – UESPI vinculados aos programas de pós-graduação stricto sensu fora do es-tado, visando contribuir com a qualifi-cação do quadro de docentes efetivos da referida IES. Já foram beneficiados 76 profissionais, dos quais 56 são dou-tores e 20 são mestres. Em 2014, o pro-grama manteve a concessão de 27 bol-sas de doutorado e uma de mestrado, acumuladas de editais anteriores junto às daquele ano. Os investimentos pas-sam de R$ 4.000.000,00 com recursos do Tesouro Estadual.

PROGRAMA DE BOLSA DEPÓS-GRADUAÇÃO DA

FAPEPI/SEDUC

A primeira versão, implantada em 2007 com recursos da SEDUC, obje-tivou conceder três Bolsas de Apoio e Capacitação Técnico-Científica a mes-trandos no intuito de incentivar a capa-citação de professores e gestores efeti-vos na rede pública estadual de ensino. Já em 2009, a SEDUC concedeu bolsas de mestrado a alunos de programas de pós-graduação stricto sensu, visando melhorar o nível de qualificação dos recursos humanos da área de magisté-rio da rede estadual de ensino do Piauí.

BOLSA DE TÉCNICO DEAPOIO À PESQUISA E/

OU DIFUSÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Programa implantado em 2005, visando conceder bolsa de pesquisa na modalidade Bolsa de Técnico de Apoio à Pesquisa a fim de incentivar e apoiar o envolvimento de estudan-te, técnico ou pesquisador em ativi-dades de transferência e/ou difusão científica e tecnológica, com aplica-

ção imediata para o Estado do Piauí. Por meio desse programa, a Fapepi divulga suas ações através da revista Sapiência e oferta bolsas de apoio téc-nico de nível superior, destinadas aos profissionais de comunicação.

PROGRAMA DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

JÚNIOR (PIBIC-JR)

Programa implantado em 2003, com o objetivo de despertar vocação para os campos das ciências e as carrei-ras tecnológicas, incentivando talentos potenciais entre estudantes do ensi-no médio e profissionalizante da rede

cos, Bom Jesus, Parnaíba, São Raimun-do Nonato, Uruçuí e Cocal dos Alves.

PROJETO NÚCLEO INTERINSTITUCIONAL DE ESTUDOS E GERAÇÃO DE

NOVAS TECNOLOGIAS PARA O FORTALECIMENTO DO ARRANJO PRODUTIVO

LOCAL DO BABAÇU(GERATEC)

Executado entre 2008 e 2014, de-senvolvendo ações voltadas para o atendimento das demandas de ino-vação tecnológica das atividades da cadeia produtiva do babaçu no Es-tado do Piauí. Os recursos foram oriundos da FINEP, no valor de R$ 5.359.589,81, e contrapartida do Te-souro Estadual, de R$ 1.549.631,81.

Para ampliar a comunicação en-tre pesquisadores e a fundação, assim como oferecer ao público piauiense um melhor acesso ao universo da pesquisa científica, a Fapepi conta agora com mais meios informativos. Além do site, notícias e informações da institui-ção podem ser encontradas na fanpa-ge Fapepi PI na rede social Facebook, no twiiter @Fapepi_pi e no Google+ fapepi pi. Para quem gosta de rádio, a Fapepi criou o quadro de curiosidades científicas “Você Sabia?” e o “Minuto Fapepi Sapiência”, que apresenta aos ouvintes uma síntese de pesquisas rea-lizadas no estado. Os quadros estão in-seridos no programa Piauí Notícias da Agência Rádio CCOM da Coordena-doria de Comunicação Social do Piauí (CCOM) às terças e quintas-feiras. Por fim, sendo novamente pioneira na di-vulgação científica, a Fapepi lança um suplemento voltado para crianças, o Sapiência Jr., para despertar, desde cedo, o prazer de fazer ciência.

pública de ensino do Piauí. De 2003 a 2013 a Fapepi concedeu mais de 1.200 bolsas de iniciação científica, benefi-ciando alunos da capital e de alguns municípios piauienses, onde as insti-tuições de ensino e pesquisa já contam com núcleos de pesquisa científica e tecnológica. São alunos de Teresina, Pi-

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•Natália Silva Andrade1 •Isaac Torres dos Santos2 •Laynna Marina Santos Lima3 •Marcoeli da Silva Moura4

•Lúcia de Fátima Almeida de Deus Moura5 •Marina de Deus Moura de Lima6

1. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFPI. E-mail: [email protected]. Graduando do Curso de Odontologia da UFPI. E-mail: [email protected]

3. Mestre em Odontologia pela Universidade Federal do Piauí – UFPI. E-mail:[email protected]. Professora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFPI. E-mail: [email protected]

5. Professora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFPI. E-mail: [email protected]. Professora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFPI e coordenadora da linha de pesquisa CNPq Defeitos estruturais do esmalte dentário. E-mail: [email protected]

D efeitos de desenvol-vimento de esmalte (DDE) caracterizam-se por alterações clinica-

mente visíveis na translucidez ou es-pessura do esmalte dentário, as quais são resultantes de danos ao órgão do esmalte durante a amelogênese (FDI, 1992; Jacobsen et al., 2014). A preva-lência de DDE, relatada na literatura, varia de 10,0 a 88,5% (Casanova-Ro-sado et al., 2011; Ramesh et al., 2011).

De acordo com o comprometi-mento da estrutura e seus aspectos macroscópicos, DDE podem ser clas-sificados como defeitos qualitativos (opacidade difusa e opacidade de-marcada) e/ ou quantitativos (hipo-plasia de esmalte). As opacidades são decorrentes de alterações na minera-lização, que levam a modificações na translucidez do esmalte. Nas opaci-dades demarcadas, podem-se obser-var defeitos com bordos definidos a partir do esmalte adjacente normal, variando em coloração. Nas opaci-dades difusas, não existe um limite claro entre o esmalte normal adjacen-te e o esmalte afetado. A hipoplasia é um defeito associado à redução da espessura do esmalte, como sulcos ou fóssulas (FDI, 1992).

A etiologia dos DDE ainda não está elucidada. Entretanto, acredi-ta-se que ocorram modificações na função dos ameloblastos por altera-ções das condições locais e sistêmicas

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ODefeitos de desenvolvimentodo esmalteherdadas ou adquiridas (Vargas-Fer-reira, Ardenghi, 2011; Salanitri, Seow, 2013; Corrêa-Faria et al., 2013).

Esses defeitos de esmalte podem ter um impacto significativo sobre estética, sensibilidade dentária e fun-ção oclusal (Casanova-Rosado et al., 2011; Seow et al., 2011; Vargas-Fer-reira, Ardenghi, 2011). A ocorrência de DDE também está associada ao risco aumentado da cárie dentária de progressão rápida, aos desgastes den-tários e às dificuldades no tratamento odontológico no que diz respeito à adesão dos materiais odontológicos ao esmalte alterado, anestesia, an-siedade e medo odontológico. Dian-te de tal dilema, esforços devem ser dirigidos para que medidas preventi-vas frente aos DDE sejam adotadas, minimizando os danos causados por essa alteração (Kilpatrick et al., 2009; Hong et al., 2009; Salanitri, Seow, 2013; Robles et al., 2013).

Assim, o grupo de pesquisa “De-feitos Estruturais do Esmalte Dentá-rio” (CNPq/UFPI) tem desenvolvido estudos que objetivam traçar o perfil epidemiológico dos indivíduos com defeitos de desenvolvimento do es-malte. Com o objetivo de identificar a prevalência de DDE e cárie em pré--escolares de Teresina-PI, foi realiza-do estudo observacional transversal, que foi aprovado pelo Comitê de Éti-ca em Pesquisa (CEP) da UFPI com Parecer nº 817.193. Foram examina-

das 566 crianças, com 5 anos de ida-de, matriculadas em creches públicas e privadas de Teresina-PI. O exame clínico intrabucal foi realizado por um único examinador (Kappa = 1,00 para DDE e 0,96 para cárie). Para o diagnóstico de cárie, utilizou-se o Ín-dice ceo-d (OMS) e, para o diagnós-tico do DDE, usou-se o Índice DDE Modificado (FDI). A análise estatís-tica foi realizada através do progra-ma SPSS®, versão 20.0 para Windo-ws®. Testes Qui-quadrado de Pearson (²), Exato de Fisher e Regressão de Poisson, considerando o nível de significância α=5%. Foi observada prevalência de DDE de 33,7%. As opacidades demarcadas foram os defeitos mais comumente identifica-dos (35,0%) nas crianças com DDE, seguido pelas opacidades difusas (34,2%) e hipoplasias (30,8%). Houve associação entre a presença de DDE e o tipo de escola (p=0,026). Crian-ças com DDE tiveram maior expe-riência de cárie (57,6%) que aquelas sem a alteração (46,4%) (p=0,012). A prevalência de cárie em crianças com DDE foi 30% maior do que em crianças sem DDE (RP = 1,3, IC95% 1,01-1,79). Os dentes decíduos mais comumente afetados pelos DDE fo-ram os molares superiores e caninos inferiores. Esses são os resultados preliminares do projeto de pesquisa financiado pela FAPEPI (Edital PP-SUS/FAPEPI 2013-2015).

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI14

Conflitos socioambientais associados à exploração de massará em

Teresina-PI

Bartira Araújo da Silva VianaMestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente/UFPI. Doutora em Geografia/UFMG. Professora Adjunta do Curso de Geografia do CCHL/UFPI/[email protected]

A expansão acelerada da área urbana de Teresina deve-se ao crescimento natural associado aos ele-

vados contingentes de imigrantes, os quais são oriundos tanto da zona ru-ral quanto de outras cidades piauien-ses, além de estados como Maranhão, Ceará e outros. Esses imigrantes são atraídos pelo desenvolvimento e pela adoção de inovações tecnológicas e, principalmente, pelos serviços de edu-cação e saúde oferecidos na capital piauiense (FAÇANHA, 1998).

A grande expansão urbana das últimas décadas trouxe, como efeito colateral, o aumento da utilização do “massará” como matéria-prima em construções. Portanto, o crescimento populacional e o aumento das taxas de desenvolvimento urbano impõem a maior necessidade de consumo des-se material presente em Teresina e em áreas de seu entorno. O massará é um termo regional conhecido apenas na re-gião de Teresina, sendo que esta expres-são serve para definir um sedimento conglomerático de cores e coloração va-riadas (creme, vinho, rosa, esbranqui-çada, amarelada, arroxada e avermelha-da), com matriz areno-argilosa, média a grosseira, e até conglomerático, ligante, de pouca consistência, facilmente de-sagregável (friável), contendo seixos brancos de sílica bem arredondados (CORREIA FILHO; MOITA, 1997).

Detectou-se, na pesquisa, que a extração de massará e de seixos em Teresina tem gerado diversos danos ambientais, os quais estão bem visíveis na paisagem urbana, especialmente na direção dos vetores espaciais de cres-cimento Norte e Sul da cidade, assim como no vetor oeste, em Timon (MA). Os impactos positivos são de natureza socioeconômica e estão relacionados à geração de emprego e renda e ao abas-tecimento da cidade com materiais de baixo custo, essenciais para a constru-ção civil. Os impactos negativos são re-presentados por alterações ambientais, como a poluição do ar e das águas, as vibrações e ruídos, impactos visuais e o desconforto ambiental.

Também são gerados conflitos devido ao uso irregular do solo, à de-preciação de imóveis circunvizinhos, à geração de áreas degradadas, à con-tribuição para processos erosivos, es-corregamentos e queda de blocos das encostas dos morros, além dos trans-tornos causados ao tráfego urbano. Dessa forma, os impactos da mine-ração estão relacionados ao alto grau de ocupação urbana, que são agrava-dos em face da proximidade entre as áreas mineradas e as áreas habitadas. Tais impactos são decorrentes da ine-ficiência do poder público, enquanto normatizador, fiscalizador e gestor das questões ambientais e legais relaciona-das ao uso e ocupação do solo urbano.

Por essa razão, a possibilidade de exploração mineral na capital piauiense está sendo cada vez mais limitada, devido a uma extração desordenada e predatória desses re-cursos naturais e, também, em de-corrência da expansão horizontal da cidade, ou seja, pela construção de grandes conjuntos habitacionais pelo poder público ou empreendi-mentos privados, como os condo-mínios fechados de luxo. Também contribui para essa degradação a construção, por meio de ocupações irregulares de vilas ou favelas, e de-mais formas de uso e ocupação do solo, tornando aleatórias as pers-pectivas de garantia de suprimento futuro e inviabilizando a manuten-ção de uma atividade mineral sus-tentável.

Este artigo compõe parte dos re-sultados da tese de doutorado apre-sentada em 2013, na UFMG, sendo que um dos objetivos do trabalho foi caracterizar os conflitos socioam-bientais associados à atividade mi-neral de massará. Agradecemos ao Programa de Pós-Graduação em Geografia do IGC/UFMG/Proje-to de Doutorado Interinstitucional (DINTER-UFPI/UFMG), à minha orientadora, a Prof. Drª. Cristiane Valéria de Oliveira, ao senhor Wal-ter Brito (geólogo da CTDN) e aos demais colaboradores da pesquisa.

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI 15

Maria Acelina Martins de CarvalhoDoutora em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres - USP

Professora Associada da Universidade Federal do Piauí – Centro de Ciências Agrárias Coordenadora do Núcleo Integrado de Morfologia de Pesquisa com Células-Tronco-UFPI

Pesquisadora do CNPq [email protected]

As pesquisas com células-tron-co têm avançado em termos nacional e mundial e já são uma realidade terapêutica em

diversas doenças degenerativas e crônicas sem resposta aos tratamentos convencionais. Dentre as células utilizadas em terapias, as células-tronco de tecidos adultos (CTA) têm sido consideradas uma alternativa em rela-ção às células-tronco embrionárias (CTE), pois apresentam vantagens significativas, como a facilidade de obtenção e a ausência de problemas éticos associados. As células--tronco possuem potencial de diferenciação e imunomodulação, com capacidade para repor ou reconstituir tecidos danificados. A dificuldade de caracterizar o comportamen-to in vitro das células-tronco demonstra a necessidade de estabelecer modelos animais que simulem as doenças ocorridas em hu-manos e permitam a avaliação do compor-tamento celular no nicho tecidual para o qual foi transplantado. A adequação desses modelos animais para o estudo da terapia ce-lular constitui um desafio em nível mundial.

É crescente o interesse em pesquisas com animais silvestres devido à sua ampla distri-buição no território nacional e à necessidade de estabelecer políticas públicas do uso racio-nal desses animais em pesquisa e produção, contribuindo para a sua preservação. Pesqui-sadores do grupo multidisciplinar “Núcleo Integrado de Pesquisa em Células-Tronco”, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), vêm utilizando a cutia (Dasyprocta prymno-lopha) e o cateto (Tayassu tajacu) criados no Núcleo de Estudos e Preservação de Animais Silvestres – NEPAS (Registro IBAMA/PI N° 02/08-618) em suas pesquisas, sendo pionei-

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OAnimais não convencionais são utilizados como fonte de obtenção e

cultivo de células-tronco no Piauíros no Estado do Piauí, no isolamento, culti-vo e caracterização das células-tronco dessas duas espécies animais não convencionais, bem como na sua utilização como modelos experimentais em terapia celular. O Labo-ratório de Cultivo de Células-Tronco (LAB-Celt/CCA) e o Centro de Estudos Pré-Clí-nicos (CEPREC/CCA) vêm desenvolvendo inúmeras pesquisas no campo das células--tronco e da criação de modelos animais para o desenvolvimento de estudos relacionados à biologia celular e à medicina regenerativa.

A cutia (Dasyprocta prymnolopha), roe-dor, vem sendo estudada nos seus aspectos morfológicos, fisiológicos, reprodutivos e hematológicos. Esses dados auxiliam na caracterização desse animal como mode-lo biológico, além do seu pequeno porte, prolificidade e docilidade, o que facilita seu manejo e diminui os gastos associados com sua manutenção. Foram realizados experi-mentos na cutia, sobre terapia com células mononucleares da medula óssea isoladas, na lesão renal induzida e o modelo animal gerado apresentou características de lesão renal similares às encontradas em seres hu-manos. Ademais, foram descritos morfolo-gicamente os progenitores que compõem as células mononucleares em diferentes estágios de progenitores hematopoiéticos e o comportamento de progenitores indife-renciados plásticos aderentes que se man-tiveram em cultura por diversas passagens. O cateto (Tayassu tajacu) é um tayassuídeo, encontrado na América do Norte, Central e do Sul, que apresenta proximidade filoge-nética com o suíno, um potencial modelo animal para pesquisas aplicadas a humanos, em virtude da similaridade das caracterís-

ticas anatômicas, fisiológicas e nutricionais do suíno com o humano. As células-tronco mesenquimais da medula óssea do tecido adiposo de catetos foram previamente iso-ladas em experimentos realizados no Labo-ratório de Cultivo de Células- Tronco (LA-BCelt/CCA) da UFPI, no Estado do Piauí. Além disso, o cateto foi utilizado como mo-delo animal para doença renal, tendo sido apontado como um modelo bastante pro-missor para os estudos com medicina re-generativa, em especial com células-tronco.

Considerando a grande importância do uso de animais na pesquisa científica e a necessidade pela busca de modelos bio-lógicos adequados, o uso da cutia, animal com rusticidade, docilidade e de tamanho aproximado ao coelho, apresenta-se como boa alternativa aos cobaios tradicionais, assim como o cateto, como alternativa mais barata e de maior rusticidade quando comparados aos suínos domésticos.

Demais estudos são diretamente relacio-nados ao isolamento e à constituição de um banco de células-tronco: o isolamento das células-tronco da medula óssea de catetos (Tayassu tajacu), visando à terapia celular em um modelo de lesão renal isquêmica que vem sendo desenvolvido nesse laboratório; o isolamento e caracterização por meio da di-ferenciação e citometria de fluxo das células--tronco da medula óssea e da polpa dentária de cutia para futuras terapias. Esses estudos da biologia celular dessas espécies, associa-dos às pesquisas correntes com os modelos animais de lesões renais e ósseas que vêm sendo desenvolvidas, além de inovadores e promissores, norteiam o futuro da pesquisa com células-tronco com animais silvestres.

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI16

A pesquisa científica é a base para a produção do conhecimento, sen-do desenvolvida em to-

das as áreas de estudo e em vários níveis, desde iniciações científicas a teses de doutorado. Do ponto de vista das agências de fomento à pes-quisa, tecnologia e inovação, a di-ferença entre grupos baseia-se nos tipos de programas de apoio ofereci-dos. É o caso do Programa de Apoio a Núcleo de Excelência (Pronex), voltado para grupos de alta com-petência no setor de sua atuação. Núcleos de Excelência são grupos de pesquisadores e técnicos de alto nível, com reconhecida capacidade de produção técnico-científica em suas áreas de pesquisa, capazes de funcionar como fontes de geração e transformação do conhecimento em programas e projetos relevantes ao desenvolvimento do país. O Pronex determina que os principais pesqui-sadores do Núcleo pertençam aos níveis 1 e 2 ou tenham perfil equi-valente na classificação do Conselho Nacional do Desenvolvimento Cien-tífico e Tecnológico (CNPq).

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Por Mário David Melo

Fapepi capta recursos estaduaise federais para núcleos de

excelência do PiauíEstado firmou quatro convênios em 2012 e projetos devem ser

concluídos em 2016

O Pronex tem como objetivos:

•Promover a integração de fo-mento à pesquisa entre agências fe-derais, órgãos estaduais e municipais, assim como, quando necessário, bus-car desenvolver ações comuns e com-plementares junto ao setor produtivo;

•Promover o uso descentralizado e flexível das verbas;

•Incentivar a formação de recur-sos humanos de alta qualificação com projetos direcionados às deficiências e prioridades do desenvolvimento no país;

•Recuperar de forma dinâmica equipamentos e infraestrutura;

•Distribuir recursos aos núcleos de excelência nos estados brasileiros;

•Criar e aplicar mecanismos ade-quados de avaliação e controle de de-sempenho;

•Catalisar e desenvolver núcleos emergentes.

Essas informações podem ser ob-tidas em http://www.memoria.cnpq.br. Também estão disponíveis no site os itens financiáveis, o histórico de criação que data de 1996 e a legisla-ção vigente, além de dados de editais

passados com o número de projetos e recursos investidos. Há uma aparente desatualização, já que as informações legislativas datam até a Portaria MCT nº 538 de 24/08/2006 e a atuação do Pronex refere-se apenas aos editais de 1996, 1997, 1998, 2003 e 2004. Entre-tanto, o site informa que a partir de 2003, por decisão do conselho delibe-rativo, o Pronex passou a ser executado em parceria com as entidades estaduais de fomento à pesquisa. É o que explica o analista sênior de ciência e tecnologia do CNPq, Dácio Renaut: “Aparecem no site apenas os editais que foram lança-dos diretamente pelo CNPq. Em 2003, o modelo de execução do Pronex foi alterado, passando a ser implementado em parceria com as FAPs (Fundações de Amparo à Pesquisa dos estados) por intermédio de convênios na forma de transferências voluntárias da União para os Estados. O lançamento dos edi-tais passou a ser uma tarefa das FAPs, ficando a cargo do CNPq a análise e aprovação do conteúdo dos editais, o acompanhamento e a fiscalização da execução dos convênios”. Sobre a parte legislativa do programa, Dácio afirma que “não foi publicada nova portaria

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI 17

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de composição do Comitê de Coor-denação do Pronex nos moldes da PO MCT nº 538 e nenhuma modificação no Decreto nº 1.857 de 10/04/1996 que criou o Pronex”.

Com quase duas décadas de exis-tência, o Pronex firmou, nas edições de 2008 e 2010, 27 convênios no valor global de R$ 273.275.500,00, sendo R$ 174.847.000,00 de responsabili-dade do CNPq e R$ 95.585.500,00 de contrapartida das FAPs. O edi-tal mais recente de 2013 contem-plou 18 convênios com recursos de R$ 132.801.666,67, sendo R$ 78.890.000,00 em repasses do CNPq e R$ 53.911.666,67 a contrapartida das FAPs. “A alteração da execução do Pronex permitiu que o volume de recursos aplicados fosse significativa-mente ampliado, ao unir os recursos

federais aos recursos estaduais inves-tidos no mesmo programa. Essa par-ceria, além de aumentar os recursos disponíveis para a execução do pro-grama, trouxe como possibilidade o lançamento de chamadas públicas, contemplando as prioridades de cada estado e auxiliando no fortalecimen-to das políticas estaduais de ciência, tecnologia e inovação. O Pronex, na forma como é operacionalizado atualmente, está alinhado às linhas estratégicas do CNPq em favorecer parcerias para a execução de proje-tos de interesse comum, podendo ser considerado uma iniciativa de muito sucesso”, finaliza Dácio Renaut.

Em 2012, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Piauí (Fapepi) implan-tou quatro convênios com o Pronex no estado, válidos até 2017. Os in-

vestimentos somam R$ 800.000,00, sendo R$ 600.000,00 oriundos do CNPq e R$ 200.000,00 a contraparti-da do Governo do Estado. Os proje-tos contemplados são: “Planos direto-res e sustentabilidade em municípios piauienses: análise dos instrumentos e intervenções locais”, da Professo-ra Doutora Antônia Jesuíta de Lima; “Produtos alternativos e nutrientes funcionais para frangos de corte em condições naturais de estresse por calor”, do Professor Doutor João Ba-tista Lopes; “Análise pré-clinicas para atendimento da demanda do setor farmacêutico por novos bioprodutos”, do Professor Doutor Rivelilson Men-des de Freitas e “Biodiversidade de solo e plantas no Parque Nacional de Sete Cidades, PI”, do Professor Dou-tor Ademir Sérgio Ferreiro de Araújo.

Para ser contemplado pela PQ, o pesquisador precisa preencher os seguintes requisitos e crité-

rios: possuir doutorado ou perfil equivalente; ser brasileiro, ou estrangeiro com situação regular; ter

dedicação constante às atividades relacionadas à temática da bolsa e manter atividades acadêmico-

-científicas junto às instituições de pesquisa e ensino, mesmo quando aposentado. Além disso, para

enquadrar-se na categoria 1 (níveis A, B, C e D), o pesquisador deve ter no mínimo oito anos de douto-

rado por ocasião de implementação da bolsa. Para a categoria 2, a exigência é o mínimo de três anos

como doutor por ocasião de implementação da bolsa. A diferença entre os níveis da categoria 1 está

na base comparativa dos últimos 10 anos entre os pesquisadores que demonstrarem maior capacida-

de de formação contínua de recursos humanos. Já para a categoria 2, será avaliada a produtividade do

pesquisador, em especial os trabalhos publicados e orientações referentes aos últimos cinco anos. As

PQs podem durar até 48 meses e concedem ao selecionado uma série de benefícios.

Entenda a Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq

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Foto: arquivo UFPI

Pesquisa busca alternativas para criação de frangos de corte em

ambiente de elevadas temperaturas

A avicultura no Brasil é res-ponsável por empregar mais de 3,6 milhões de pessoas direta e indireta-

mente. O setor, que responde por quase 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, possui dezenas de milhares de produtores integrados, centenas de empresas beneficiadoras e dezenas de empresas de exportação. Além disso, em muitas cidades, a produção de fran-gos é a principal atividade econômica. Em 2011, o Brasil foi considerado um

Por Mário David Melo

dos três maiores produtores mundiais junto com Estados Unidos e China após atingir a produção histórica de 13,058 milhões de toneladas de carne de fran-go. As informações são da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

No Piauí, o Professor Doutor João Batista Lopes coordena uma equipe de pesquisa que investiga e busca soluções para melhoria no desempenho produ-tivo de frangos de corte, em situações de altas temperaturas, condição domi-nante no estado, principalmente em

Teresina. O projeto faz parte do Pro-grama de Apoio a Núcleo de Excelência (Pronex), com edital lançado em 2011 pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi).

É importante ressaltar que apesar dos programas de melhoramento gené-tico estarem propiciando grandes avan-ços para a produção avícola, no entan-to, as condições de umidade e o calor excessivo têm interferido no potencial imunitário das aves, bem como no de-sempenho zootécnico. Assim, nos pe-

Pesquisa é realizada em ambientes com controle de temperatura

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI 19

ríodos de altas temperaturas ambiente, ocorre redução no consumo de alimen-to pelos animais, o que acarreta danos ao sistema produtivo, visto que a ener-gia que seria destinada para produção é desviada para desenvolver mecanismos fisiológicos compensatórios.

Intitulado “Produtos alternativos e nutrientes funcionais para frangos de corte em condições naturais de es-tresse por calor”, o trabalho tem por objetivo geral avaliar a utilização do grão integral e semi-integral processa-do e coprodutos da soja, assim como da levedura da cana-de-açúcar asso-ciada a enzimas exógenas (xilanases e proteases), que facilitam a digestão e a absorção de nutrientes. Também, os pesquisadores buscam estudar o efeito de níveis de selênio, de zinco e de vi-tamina E, isolados ou associados, uti-lizados em dietas de frangos de corte, sobre o metabolismo dos nutrientes, desempenho, rendimento de carcaça e dos principais cortes e órgãos me-tabolicamente ativos. São observados ainda a histomorfometria intestinal, os parâmetros fisiológicos e a incorpora-ção de nutrientes. Todos os dados são coletados nos períodos de 1 a 21 dias e de 22 a 42 dias de idade, em ambientes com elevada temperatura. A escolha por pesquisar novas fontes de alimento para os frangos deve-se às recentes in-flações das commodities (mercadorias agrícolas e minerais) em rações tradi-cionais a base de milho e farelo de soja, o que interfere diretamente na produ-ção e no preço praticado no país. Os minerais, objeto do estudo, apresen-tam propriedades capazes de reduzir os efeitos negativos do estresse por ca-lor. O selênio e a vitamina E têm efeito antioxidante e constituem importantes componentes que atuam no sistema imunológico. Já o zinco, além da pro-priedade antioxidante, tem papel fun-damental nos processos metabólicos necessários ao crescimento e à vida.

Como resultados obtidos até o mo-mento, desde o início do projeto em 2012, o professor João Batista explica que, “nas pesquisas envolvendo mine-rais e vitaminas, tem-se encontrado re-sultados diversos, em função da época de execução. Por exemplo, no estudo com suplementação de selênio na for-ma orgânica com frangos de corte no período de 22 a 42 dias de idade, cons-tatou-se que houve melhoria na con-versão alimentar (quantidade de ração para produzir 1 kg de peso vivo) até o nível 0,36 mg/kg de ração. Também, percebeu-se que a suplementação com o nível de 0,3 mg/kg de inclusão de se-lênio melhora a viabilidade criatória de frangos de corte nas fases de 22 a 33 e de 22 a 42 dias. Na fase de 1 a 21 dias de idade, a associação de 0,2 e 0,4 mg de selênio orgânico, respectivamente, com 400 e 300mg de vitamina E/kg de ração, proporcionam melhores valores na conversão alimentar. O forneci-mento de dietas contendo 0,4 mg de selênio orgânico/kg de ração melhora o rendimento de carcaça das aves aos 21 dias de idade, quando suplementa-das com até 411,54 mg/kg de vitamina E/kg de ração. Com relação ao zinco, na fase de 1 a 21 dias, os níveis de zinco orgânico suplementar não interferem no desempenho de corte de frangos de corte, no entanto, o uso de 47,33 mg zinco orgânico/kg de ração melhora o rendimento de carcaça e 75 mg/kg, o peso relativo do pâncreas, órgão meta-bolicamente ativo”.

Ainda segundo João Batista, ao fi-nal da pesquisa “tem-se a expectativa de que se possa definir o nível ideal dos minerais estudados, a partir dos dados de desempenho, das características da carcaça e dos principais cortes, bem como dos parâmetros bioquímicos e do estudo da morfologia intestinal dos animais, nas condições dominantes no nosso clima, de modo que se torne disponível um produto de qualidade e

com possível redução nos custos, prin-cipalmente com o uso racional desses minerais”. Por meio do Pronex, o gru-po já produziu nove dissertações de mestrado e três teses de doutorado. No momento, mais três teses estão anda-mento. Além disso, já foram publica-dos seis artigos científicos e outros dez estão em processo final de elaboração ou tramitando nos periódicos. São publicações nacionais e internacio-nais como Acta Scientiarum, Animal Science, Revista Brasileira de Ciência Avícola, Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, Revista de Ciências Agrárias de Lisboa, dentre outras.

O professor João Batista ressalta a importância da Fapepi na obten-ção desses resultados. “Os recursos da Fapepi têm sido a garantia para realização dos trabalhos de pesquisa que têm culminado na realização das dissertações e teses da área de nutri-ção de não ruminantes e, ao mesmo tempo, disponibilizando informações para o meio científico via publicações dos resultados”, destaca.

Foto: arquivo UFPI

Frangos recebem alimentação diferenciada

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI20

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Da descoberta de um novo pro-duto farmacêutico até a sua colocação no mercado existe um longo caminho marcado

por pesquisas científicas e testes labora-toriais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autarquia responsável pela regulação do setor no Brasil, exige estudos pré-clínicos, realizados no estágio que antecede aos testes com humanos, e clínicos, aqueles desenvolvidos em huma-nos e que atestem a segurança, eficácia e qualidade do medicamento para que seu registro seja aprovado.

No Piauí, estado com potencial para a produção de novos fármacos devido a sua diversidade botânica, o núcleo de excelência em Farmácia e Biologia “Far-bio” possui a infraestrutura necessária para executar essas análises pré-clínicas, indispensáveis para se avançar ao estágio clínico do desenvolvimento de um novo medicamento. A consolidação do núcleo foi possível com a aprovação do projeto “Análises pré-clínicas para atendimento da demanda do setor farmacêutico por novos bioprodutos”, pelo Edital Fapepi/MCT/CNPq nº 006/2012 do Pronex.

Segundo o coordenador do Farbio, o professor doutor em Farmacologia Rivelilson Mendes Freitas, bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – Nível 2, o núcleo “se propõe a atender às demandas das indústrias farmacêuticas nacionais no que se refere aos estudos nas áreas de toxicologia em roedores e não roedores, farmacodinâmica e far-macologia de segurança, possibilitando o aproveitamento de doutores formados no Brasil nos últimos anos, contribuindo diretamente para a capacitação do esta-do do Piauí em medicamentos”.

Um dos objetivos do projeto apro-vado era possibilitar o desenvolvimento das análises pré-clínicas em laboratórios piauienses para que a produção de novos fármacos não precisasse mais ser finaliza-da fora. De acordo com o professor Rive-lilson, essa meta já foi alcançada. Grande parte dos experimentos está sendo desen-volvida no Laboratório de Pesquisa em Neuroquímica Experimental (LAPNEX), do Núcleo de Tecnologia Farmacêutica (NTF) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), ambiente equipado não só para a realização dos testes, como também para a formação de recursos humanos nas áreas de tecnologia farmacêutica, química, far-macologia e análises toxicológicas.

Esses dois fatores aliados, infraes-trutura laboratorial e recursos humanos qualificados, presentes no núcleo Farbio, fortalecem o desenvolvimento de novos bioprodutos no estado e a obtenção de tecnologias inovadoras no setor farma-cêutico, que devem se transformar em patentes para atendimento da saúde hu-mana e animal. “O foco dos fármacos está nas avaliações farmacêuticas e toxi-cológicas sobre o sistema reprodutor, de-senvolvimento embriofetal e pós-natal; análises farmacológicas sobre mutagêne-se e carcinogênese; pesquisa de ativida-des anti-inflamatória, analgésica, gastro-protetora e ação cicatrizante de fármacos e produtos naturais de uso tópico; fitote-rápicos na dor; atividade antiparasitária, neurotoxicidade, cardiotoxidade, hepa-toxicidade, nefrotoxicidade, psicofar-macologia – atividades antidepressivas, anticonvulsionais e ansiolíticas”, destaca Rivelilson Mendes.

Como declara o professor, os resul-tados obtidos até agora são positivos:

“diversos bioprodutos foram avaliados e exibiram vários efeitos terapêuticos que deram origem a diversos artigos publica-dos e patentes depositadas”.

O núcleo Farbio é organizado de forma multidisciplinar e interinstitu-cional. Além da UFPI, que é a insti-tuição executora, participam do pro-jeto a Universidade Federal de Sergipe (UFS), a Universidade Federal da Pa-raíba (UFPB), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Esta-dual do Ceará (UECE), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Instituto Butantã. O Piauí é represen-tado pelo Instituto Federal do Piauí (IFPI) e os campi da UFPI Senador Helvídio Nunes de Barros, de Picos; Ministro Petrônio Portela, de Teresina; e o Campus Universitário de Parnaíba.

Por Afonso Rodrigues

Núcleo de análises pré-clínicas contribui para a inovação no setor

farmacêutico local

O coordenador do Núcleo Farbio, Prof. Dr. Rivelilson Mendes de Freitas

Foto: arquivo pessoal

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI 21

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Moradores do solo, seres minúsculos, microscó-picos e extremamente importantes para a con-

servação e equilíbrio natural de determi-nadas localidades. Quando caminhamos por uma área conservada ou um parque ambiental, percebemos a vegetação, a cor, o cheiro e as frutas que nos passam a sensação de contato direto com a na-tureza. Mas praticamente tudo o que se pode sentir em lugares com essa carac-terística vem de algo que não podemos enxergar a olho nu, pequenas formas de vida presentes no solo. Não existiria pa-lavra melhor para definir este conceito de inter-relações do que “biodiversidade”, e foi no sentido de entender esses processos que o professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e doutor em Ecologia de Agroecossistemas, Ademir Sérgio, está de-senvolvendo, desde 2013, a pesquisa Bio-diversidade de solo e plantas no Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C).

O PN7C fica localizado nos municí-pios de Piracuruca e Brasileira, em uma área de 6.221,48 hectares. Como uma uni-dade de conservação brasileira, é atual-mente administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversida-de (ICMbio). Conhecido pela beleza das grandiosas pedras esculpidas pela natu-reza e as pinturas rupestres de até seis mil anos, o parque é objeto de vários estudos históricos que tentam definir quem seria o povo que primeiro o habitou, porém, bem antes dos humanos a vida já se fazia pre-sente em Sete Cidades, constituindo um complexo sistema de cooperação e enri-quecimento do solo que perdura até hoje.

Imagine um impacto ambiental, uma mudança climática, uma queda

Estudo identifica biodiversidade no solo do Parque Nacional de

Sete Cidadesna qualidade do solo. Acontecimentos como esses podem ser previstos pelo comportamento de microrganismos, e é reconhecendo a importância destes se-res que, através de um longo trabalho de investigação a partir do sequenciamen-to do DNA retirado do solo do PN7C, a pesquisa coordenada pelo professor Ademir Sérgio busca conhecer melhor como as interações entre os grupos ta-

da atividade microbiana é maior. Entre os grupos taxonômicos encontrados estão Acari, Araceae, Colembola, Co-leoptera, Diplopoda, Diptera, Formici-dae e Homoptera. Segundo o professor Ademir, “os resultados confirmam que há um supercentro de diversidade mi-crobiana e uma alta beta diversidade, ou seja, as comunidades microbianas apresentam mudanças seguindo um gradiente fisionômico nas áreas do Par-que Nacional de Sete Cidades”.

Contemplado pelo Pronex, o pro-jeto é desenvolvido com a participação de vários pesquisadores através de uma parceria entre a UFPI, a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universida-de de São Paulo (USP) e a University of California Davis (UCDavis), instituição norte-americana de ensino superior que está entre as 100 melhores universidades do mundo, de acordo com o respeitado ranking de produção acadêmica, Times Higher Education. “Esta parceria teve início em 2014 quando estive em even-to técnico com o grupo de pesquisa da diretora do Instituto de Agricultura Sus-tentável da UC Davis, Dra. Kate Scow, e traçamos todas as estratégias para co-laboração no projeto. Evento este que teve o apoio da Fapepi com recursos do Pronex. Além disso, estamos implemen-tando propostas para envio de estudan-tes de doutorado para realizarem estágio sanduíche na UC Davis.”, ressalta o pro-fessor Ademir Sérgio, que se encontra nos Estados Unidos para a realização da análise do material coletado no Piauí.

Com os resultados da pesquisa sendo obtidos, a equipe se prepara para divulgação das conclusões em revistas internacionais.

Por Allan Campêlo

xonômicos de microrganismos podem estar contribuindo de forma direta com a diversidade de plantas no parque. “Os benefícios do projeto vão desde o conhe-cimento da biodiversidade microbiana para fins de preservação até a prospecção de genes.”, destaca o pesquisador.

Com a coleta do DNA feita e a pri-meira análise realizada, foi possível constatar que, em áreas de grande va-riabilidade de vegetação, a ocorrência

Em áreas de

grande variabilidade

de vegetação,

a ocorrência da

atividade microbiana

é maior

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI22

O impacto do Plano Diretor em municípios piauienses

Professora Antonia Jesuíta (primeira da direita para esquerda) e parte da equipe de pesquisadores do projeto

Foto: acervo pessoal

DO

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Em 2001, o Estatuto da Cida-de trouxe a obrigatoriedade da construção de um rotei-

ro programático de administração municipal, denominado Plano Di-retor, com o objetivo de identificar

e implementar ações planejadas em benefício do desenvolvimento dos municípios brasileiros. E foi reco-nhecendo esta ferramenta como fundamental para a elaboração de políticas públicas municipais, que a

professora da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e doutora pela Pon-tifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC - SP), Antônia Jesuíta de Lima, vem desenvolvendo de for-ma interprofissional e interinstitu-

Por Allan Campêlo

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI 23

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IÊA materialização dos projetos contidos nos

planos diretores depende da correlação de

forças da sociedade com o Estado

cional a pesquisa “Planos diretores e sustentabilidade em municípios piauienses: análise dos instrumentos e intervenções locais”, que pretende investigar o impacto da implementa-ção do Plano Diretor em 21 municí-pios de nosso estado.

A lei 10.257 de 10 de julho de 2001 especifica o Plano Diretor como “instrumento básico da polí-tica de desenvolvimento e expansão urbana”, caracterizando-se como parte integrante e obrigatória do planejamento administrativo de municípios com mais de 20.000 habitantes ou que façam parte de regiões metropolitanas e, também, os que se constituem como área de interesse turístico e de empreen-dimentos. Observando dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a equipe da professora Antonia Jesuíta identi-ficou inicialmente 37 municípios piauienses que pareciam se adequar aos critérios citados, mas no curso da pesquisa foi possível perceber que nem todos tinham cumprido as exigências legais.

“Lamentavelmente, apesar de ser uma obrigatoriedade, dos 37 muni-cípios iniciais que escolhemos, 16 ainda não tinham elaborado seus planos diretores. Então, reduzimos o nosso universo de pesquisa para 21 cidades”, ressalta a pesquisado-ra. Com a delimitação do trabalho realizada, os municípios que hoje fazem parte da análise, são: Altos, Batalha, Beneditinos, Campo Maior, Canto do Buriti, Corrente, Esperan-tina, Floriano, José de Freitas, Lagoa Alegre, Lagoa do Piauí, Luís Cor-reia, Miguel Alves, Monsenhor Gil, Parnaíba, Pedro II, Picos, Piracuru-ca, Piripiri, Teresina e União.

A coleta de dados junto aos mu-nicípios tem se mostrado como um dos obstáculos da pesquisa. Segun-do a professora Jesuíta, “na maioria dos casos, os municípios não têm acervo documental, e a legislação, se existe, está dispersa, demandan-do maior tempo para localizá-la”. Entretanto, em uma análise preli-minar dos planos, foi possível iden-tificar a ausência de particularida-des locais inscritas nas propostas.

“Inicialmente, o que encontra-mos foi uma semelhança muito gran-de entre os planos de cada município, o que parece ser uma padronização. Podemos observar a ausência de sin-gularidades, especificidades das cida-des.”, destaca a pesquisadora.

Ainda neste ano, a equipe finali-za a análise dos Planos e se prepara para redigir o diagnóstico referente à implantação dos instrumentos de de-senvolvimento municipal.

Mesmo com a obrigatoriedade le-gal e a magnitude de um instrumento de desenvolvimento de políticas pú-blicas como o Plano Diretor, a profes-sora Antônia Jesuíta chama a atenção para a importância da participação da sociedade como fator decisivo no desenvolvimento de projetos desta natureza: “A materialização dos pro-jetos contidos nos planos diretores depende da correlação de forças da sociedade com o Estado. Como qual-quer lei, ela só se operacionaliza por mobilização permanente e exigências da sociedade, quando esta se apropria dessa lei e pressiona as autoridades públicas a executá-la”.

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Piauiense é primeiro lugar em seleção do Ministério da Educação

da França

Por Afonso Rodrigues

Rômulo Mendes pretende mostrar a cultura do Estado para os franceses

Se você está visitando alguma cida-de e escuta expressões como “bonito pra chover”, “b-r-o-bró” ou “siribolo”, já sabe que é grande a chance de algum piauiense estar por perto. A língua re-flete a expressão cultural de um povo, funcionando como fator de identidade. Justamente por isso, o ensino de uma língua deve ir além das regras grama-ticais e passar também pela abordagem cultural, situando-a em um contexto.

Com o objetivo de estimular a mo-bilidade estudantil e levar para suas escolas a autenticidade da língua por-tuguesa e a riqueza de nossa cultura, o Ministério da Educação da França sele-ciona anualmente estudantes brasileiros de 20 a 30 anos de idade, matriculados em licenciatura em letras ou outro cur-so na área das ciências humanas e com bom conhecimento da língua francesa, para participar do Programme D’Échan-ge D’Assistants de Langue Vivante (Pro-grama de Intercâmbio Assistentes de Língua Estrangeira na França). Lá, os assistentes têm como atribuição apoiar o professor de língua em estabeleci-mentos escolares por um período de sete meses. E, em 2015, um piauiense está entre os selecionados para o pro-grama. Rômulo Silvestre Quaresma Mendes, estudante do Curso de Letras Francês da Universidade Federal do Piauí (UFPI), conquistou o primeiro lu-gar na seletiva nacional.

A seleção de que Rômulo partici-pou teve três etapas. A primeira foi a análise de currículo. Nessa fase, o can-

didato deveria entregar um dossiê para análise, contendo informações como carta de motivação, ficha médica, perfil pessoal e profissional, seu nível na lín-gua francesa e indicação da cidade em que gostaria de atuar na França. En-tregues os documentos, os candidatos passaram por uma entrevista, por tele-fone ou presencial, nas seções regionais do consulado da França no Brasil. A segunda etapa foi a classificação na-cional, divulgada em 19 de janeiro. Por fim, no dia 24 de março, aconteceu a última etapa, a nomeação, quando foi divulgada a quantidade de vagas para este ano e a região do país em que cada selecionado vai trabalhar. Rômulo vai atuar em Bordeaux, cidade localizada no sudoeste da França.

Essa não foi a primeira vez que Rô-mulo tentou participar do programa de intercâmbio francês. Em dezembro de 2013, o jovem fez a sua inscrição, mas não conseguiu passar da primeira etapa. Segundo ele, os representantes da Embaixada alegaram a falta de ex-periência como motivo determinante, mas recomendaram que ele tentasse novamente no ano seguinte. E assim ele fez. Buscando se aperfeiçoar na língua e ganhar bagagem, Rômulo foi a Paris, em agosto de 2014, para um estágio lin-guístico de duas semanas, o Art Vision Paris, curso de língua francesa destina-do a estudantes de diversos países, em que os participantes são estimulados a desenvolver um novo olhar sobre os monumentos da cidade luz.

Além da viagem, o piauiense pro-curou se envolver mais com a univer-sidade. “Eu fui me envolvendo, parti-cipando da vida na universidade, com projetos, bolsas... Eu acho que o que me levou mais foi o fato de já ter ido a Paris no ano passado, já estar perto de termi-nar o curso”, analisa o estudante, que está no último semestre do seu curso.

Rômulo está se preparando para levar as culturas brasileira e piauiense para os franceses. Na sua ida a Paris, ele observou algumas inexatidões quando o assunto era o Brasil, como o pensa-mento de que a capital do país é o Rio de Janeiro. Pensando nisso e na impor-tância que a cultura confere à dinamici-dade da língua, ele está montando um acervo cultural para apresentar durante as aulas de português. Ele vai levar ma-pas, guias turísticos, material didático sobre as diferenças regionais do Brasil e livros. “Eu pretendo fazer uns vídeos com o pessoal aqui da Universidade se apresentando e, ainda, ir a alguns luga-res da cidade para fotografar, fazer al-guns vídeos e sair explicando o que é, isso é chamado de documento autênti-co. É isso que eu pretendo fazer até lá”, explica. Do Piauí, Rômulo quer levar ainda a literatura de cordel, gênero lite-rário tipicamente nordestino.

A história de Rômulo com a língua francesa vem desde pequeno. Ainda criança, um livro de francês que a mãe utilizava em um curso despertou seu interesse. “Na época, minha mãe tinha feito um curso e eu perguntava se ela

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ainda se lembrava de alguma coisa, e ela ia me dizendo o que significava, como pronunciava, e eu achei a sonoridade tão bonita, e comecei a me dedicar”, conta o estudante.

Na adolescência, ele passou a estu-dar a cultura francesa por conta pró-pria. Procurava na internet músicas e filmes para aprender a pronúncia corre-ta dos fonemas. Quando chegou o mo-mento de prestar o vestibular, percebeu que aquele hobby era algo maior e deci-diu cursar a licenciatura em francês. No primeiro semestre do curso, no entanto, veio a decepção e a vontade de sair. Rô-mulo conta que chegou a fazer o Enem

para os cursos de Arquitetura e Nutri-ção, mas foram as aulas de latim que o motivaram a permanecer.

Rômulo deve embarcar com destino a Bordeaux no final do mês de setembro. O início das suas ati-vidades como assistente de língua portuguesa está previsto para o dia 1º de outubro, prosseguindo até 30 de abril de 2016. Existe ainda a pos-sibilidade de renovação do contrato para que ele permaneça mais tempo na França. Ele revela que seu pla-no é, no futuro, fazer um Mestrado lá mesmo e, quando retornar, abrir uma escola de idiomas.

Faltando poucos meses para o in-tercâmbio, Rômulo não esconde a an-siedade para a realização de um sonho. “Eu ainda pequeno dizia, ‘Ah, um dia eu vou pra França, vou conhecer isso tudo!’, mas eu nunca pensei que eu fos-se pra passar esse tempo todo”, afirma o estudante, que atribui o resultado a Deus, à motivação constante dos pais e ao apoio dos professores, sem esquecer do seu esforço pessoal.

O governador Wellington Dias autorizou a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fape-pi) a conceder uma bolsa de apoio para Rômulo.

MATÉ

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Rômulo cursa o último semestre de Letras Francês na UFPI

Crédito: Marcelo Cardoso

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Por muito tempo, os aparelhos ortodônticos foram associa-dos apenas ao fator estético. Hoje, o tratamento ortodôn-

tico é recomendado não apenas para a melhoria na aparência e autoestima, mas também por questões de saúde. A Sociedade Brasileira de Ortodontia (SBO) informa, em sua página na in-ternet, que o correto alinhamento dos dentes é importante para um melhor desempenho das funções do aparelho mastigatório, bem como para a higiene oral, evitando o surgimento de cáries e outras doenças bucais.

De acordo com o Caderno de Aten-ção Básica nº 17 do Ministério da Saú-de (2008, p. 47), entre os principais agravos em saúde bucal no Brasil está a má oclusão, definida pelo documen-to como “a deformidade dento-facial que, na maioria das ocasiões, não pro-vém de um único processo patológico específico. Mas é uma variação clínica significativa do crescimento normal, resultante da interação de vários fatores durante o desenvolvimento, tais como a interação entre influências ambientais e congênitas”. Os aparelhos ortodônti-cos, então, destinam-se a corrigir esses problemas, realinhando os dentes.

No entanto, uma das dificuldades na utilização de aparelhos para o trata-mento ortodôntico está na sua higieni-

MATÉ

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Pesquisa desenvolve modelo de adesivo para fixação dos aparelhos

ortodônticos

Por Afonso Rodrigues

Estudo é fruto de parceria entre instituições brasileiras e alemãs

zação. “Os adesivos usados para colo-car nos aparelhos hoje têm um grande problema de ser ainda um ambiente propício para acúmulo de bactérias”, explica o professor doutor Francisco das Chagas Alves Lima, do Departa-mento de Química da Universidade Estadual do Piauí (Uespi). Francisco é o subcoordenador do projeto “De-senvolvimento de materiais híbridos baseados em polidimetilsiloxano-u-retana (PDMSur) obtido pela fixação de CO2 e rota sol-gel para adesivos biomiméticos com aplicações odonto-lógicas e revestimentos para aplicações tecnológicas”, aprovado pelo Edital Ca-pes 25/2013, dentro do programa Pro-bral I, que oferece apoio a projetos de pesquisa desenvolvidos em conjunto por grupos brasileiros e alemães.

O objetivo da pesquisa é produzir materiais híbridos do tipo Silicatos Or-ganicamente Modificados (Ormosils) derivados de polidimetilsiloxanoure-tânicos (PDMSur), com baixa tempe-ratura de transição vítrea, baixa absor-ção de água, baixa energia superficial e boa adesão sobre vidro, ligas de titânio e aços. Uma das aplicações desses ma-teriais destina-se à área da ortodontia, com o desenvolvimento de um mode-lo do adesivo usado para a fixação do aparelho nos dentes que deve inibir a colonização de bactérias e permitir,

dessa forma, uma higienização bucal mais eficaz. Isso se deve ao fato de esse novo adesivo conter substâncias que fixam o CO2. Como descreve o pro-fessor Francisco Lima, “o CO2 é um ambiente muito impróprio, inóspito, bastante ruim para as bactérias. Então, quando eu fixo o CO2 no meu sistema, eu impeço a proliferação de bactérias”.

O projeto está sendo desenvolvido por meio de uma parceria entre quatro Instituições de Ensino Superior (IES): a Uespi, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Instituto de Química de São Carlos, da Universi-dade de São Paulo (IQSC/USP), a Uni-versidade de Dresden, na Alemanha, e um Instituto Tecnológico, o Instituto Fraunhofer de Bremen (IFAM), tam-bém desse país. No Brasil, o estudo é coordenado pelo professor doutor Ubirajara Pereira Rodrigues Filho, da USP, e na Alemanha, pelo professor doutor Andreas Hartwig.

Um dos desafios encontrados pe-los pesquisadores foi justamente o de unir pessoas de regiões diversas, vinculadas a instituições de pesquisa com níveis de infraestrutura diferen-tes. “Fazer essa junção é um desafio que foi, consequentemente, rompido porque, à medida que o tempo foi passando, os pesquisadores foram se aproximando e ganhando resultados.

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Nós já temos publicação científica em revistas de alto impacto, apresen-tação em congressos nacionais e in-ternacionais dos nossos resultados”, comenta o professor Francisco Lima.

Atualmente, a pesquisa encontra-se na fase de testes. No Brasil, estão sen-do feitos testes computacionais para mostrar que a bactéria apresenta rejei-ção ao material produzido e também para descobrir os motivos. “A gente sabe que não aderiu, mas por quê? É essa a resposta que a gente vai pro-curar: mostrar por que não está ade-rindo. Mostrar o que acontece com a fórmula química do adesivo que inibe

a aproximação de bactérias”, conta o professor. Enquanto isso, na Alema-nha, acontecem os testes de resistência e durabilidade do produto, que devem ser finalizados até o mês de setembro. Concluída essa fase, e se for verifica-do que o adesivo não produz efeitos colaterais, seguem-se os testes in vivo, com a participação de seres humanos, etapa necessária para a aprovação do produto pela Agência Nacional de Vi-gilância Sanitária (Anvisa).

Os resultados encontrados até ago-ra são promissores. Segundo o profes-sor Francisco Lima, as bactérias não têm apresentado afinidade com esse

novo material, o que pode representar uma importante contribuição para evi-tar a formação de colônias de bactérias na região bucal de pacientes que utili-zam aparelhos ortodônticos.

A equipe que integra o projeto é formada por mais de vinte pesquisa-dores dos dois países e multidiscipli-nar, entre químicos, físicos, médicos, odontólogos e biólogos. “O trabalho é altamente coletivo. Um determinado problema experimental só é respondi-do com a parte teórica ou a parte ex-perimental responde alguma parte teó-rica, sempre assim.”, destaca Francisco Lima. Dentro dessa perspectiva de co-municação entre as equipes dos dois países, o professor esteve em Bremen, na Alemanha, no último mês de maio em uma missão de trabalho. A ideia dessas visitas técnicas de curta dura-ção, segundo ele, é discutir os resulta-dos obtidos e propor novos caminhos.

Orientando do professor Francisco Lima no doutorado em Biotecnologia da Rede Nordestina de Biotecnologia (Renorbio), Jefferson Almeida Rocha tem experiência em Bioinformática e Microbiologia e participa dos testes de atividade bacteriana para a verificação dessa capacidade do adesivo de ser um ambiente inóspito para as bactérias. “Um diferencial do projeto é a questão biotecnológica, porque o adesivo con-vencional é simplesmente um adesivo. E esse não, ele tem uma função biotec-nológica, vai incluir a questão de evi-tar o crescimento dessas bactérias na própria estrutura do adesivo”, esclarece Jefferson Almeida, que também deve ir em breve para a Alemanha dentro do cronograma do seu doutorado, que é na modalidade sanduíche.

A previsão da equipe é que o pro-jeto seja concluído em 2017 e que até lá já se tenham obtido ao menos duas patentes para serem transformadas em tecnologia aplicadas ao mercado ou à saúde pública.

Doutor em Química, Francisco das Chagas Alves Lima

Foto: Marcelo Cardoso

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Piauí tem o primeiro Laboratório de Geoquímica Orgânica do Nordeste

Por Mário David Melo

Laboratório desenvolve estudos em rochas sedimentares da Bacia do Parnaíba, buscando avaliar o potencial para exploração de petróleo

Quando se pensa em pe-tróleo, logo se imagina aquele líquido negro que vale milhões e jorra da

terra quando encontrado. Realmente, o valor econômico do petróleo é bem alto e chegou ao ponto de ter motiva-do conflitos como a Guerra do Golfo. Trata-se da principal fonte de energia da atualidade, da qual derivam impor-tantes combustíveis, como gasolina, óleo diesel, gás natural, querosene, dentre outros. Quanto ao jorro, se-melhante a um gêiser, só ocorreu no início do século XX, primeiros tem-pos da pesquisa petrolífera. Era um desperdício e, portanto, atualmente, as máquinas de perfuração são equi-padas com sensores de detecção para evitar essa situação. Na definição quí-mica, o petróleo é uma mistura com-plexa de hidrocarbonetos (hidrogênio e carbono) na maioria alifáticos, ali-cíclicos e aromáticos. É inflamável e oleoso, possuindo um cheiro caracte-rístico, além de ter densidade menor que a da água, ou seja, quando mis-turados se mantém na superfície. Isso explica inúmeros acidentes ambientais quando há vazamento em plataformas e cargueiros no mar. Apelidado de “ouro negro”, também possui uma va-riação de cores, podendo ser incolor, marrom, verde e marrom-claro.

O Piauí tem demonstrado potencial para exploração de gás natural, tendo sido incluído na 12ª Rodada de Licita-ções de Blocos de Petróleo e Gás Na-tural realizada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombus-

tíveis (ANP), em novembro de 2013. Foram 13 blocos da Bacia do Parnaíba, considerada uma bacia terrestre com potencial geológico pouco conhecido. Com o objetivo de aprofundar a pes-quisa científica nessa área, a Univer-sidade Federal do Piauí (UFPI) inau-gurou, em março de 2013, o primeiro Laboratório de Geoquímica Orgânica (LAGO) do Nordeste em parceria com o Centro de Pesquisas Leopoldo Amé-rico Miguez de Mello (CENPES) da Petrobrás. O Lago, coordenado pelo Professor Dr. Sidney Gonçalo de Lima, possui 280 m2 e conta com um labo-ratório de geoquímica, um laboratório instrumental, um laboratório de sínte-se orgânica, quatro salas de professo-res e duas salas para alunos. Ao todo, o convênio foi de R$ 3.195.090,00.

Localizado no Centro de Ciências da Natureza (CCN) da UFPI, o gru-po de pesquisa do LAGO tem desen-volvido trabalhos com amostras de petróleo e, em especial, com rochas sedimentares da Bacia do Parnaíba. O grupo vem trabalhando em colabo-ração estreita com o Grupo de Geo-química Orgânica do IQ/UNICAMP, UFPA, UFPel e com pesquisadores da Gerencia de Geoquímica do CENPES/PETROBRAS. “O grupo de Geoquí-mica Orgânica da UFPI, que iniciou seus trabalhos logo após doutoramen-to do Prof. José Arimatéia Dantas Lo-pes (atual reitor da UFPI), tem traba-lhado com amostras de petróleo desde então, mas recentemente direciona-mos nossas pesquisas para rochas se-dimentares da Bacia do Parnaíba, com

foco em três formações geológicas: Codó (MA), Pimenteiras (PI, TO) e Tianguá (CE). A Petrobrás tinha fei-to um estudo no passado em relação aos biomarcadores e ao potencial de hidrocarbonetos nessas formações, e em 1995 elas foram objeto de estudo no doutoramento do professor René Rodrigues (UERJ), atual colaborador do nosso grupo, mas já estamos apro-fundando esses estudos e temos dados relevantes e inovadores sobre biomar-cadores”, explica o coordenador do LAGO Professor Doutor Sidney Lima.

Os biomarcadores, também chama-dos fósseis químicos, são moléculas or-

Análise de rochas passam por várias etapas

Foto: LAGO-UFPI

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gânicas encontradas em óleos, extrato de rocha e sedimento, e são empregadas para avaliar o estágio de maturação do sedimento, a ocorrência da migração e biodegradação de óleo, ambiente depo-sicional e, também, para parâmetros de correlação óleo/óleo e óleo/rocha.

Diariamente, a Petrobrás faz uso dessas moléculas para avaliar rochas sedimentares, sua qualidade e seu potencial gerador de hidrocarbone-tos, bem como avaliar o potencial

Do corpo discente que atua no LAGO, cinco já defenderam dis-sertações de mestrado e um seguiu para doutorado na área. Os pesqui-sadores também participaram do úl-timo Congresso Latino Americano de Geoquímica Orgânica, realizado em novembro de 2014 em Búzios, no Rio de Janeiro, onde a aluna de mestrado Antônia Laíres Santos teve a pesquisa Identification of Aryl Isoprenoids in oils from Sergipe-

do em Praga, na República Tcheca, em setembro de 2015. Para o profes-sor Sidney Lima, descobrir o poten-cial de geração de petróleo da Bacia do Parnaíba é um trabalho extenso e integrado com outras áreas do co-nhecimento, sendo importante criar novas formas de análises. “A ideia é procurar desenvolver novas metodo-logias e buscar novos biomarcado-res que auxiliem nesse processo de prospecção e caracterização de óleos

econômico do petróleo encontrado. Ainda em 2013, o grupo de geoquí-mica da UFPI aprovou um novo Pro-jeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) junto à Petrobrás na ordem de R$ 400.000,00. O recurso vem sendo utilizado na implantação de bolsas de iniciação científica, de mestrado e para pesquisadores de desenvol-vimento tecnológico e industrial. O grupo já apresentou relatório à Pe-trobrás com dados inéditos sobre compostos químicos encontrados no petróleo da Bacia Sergipe-Alagoas e, também, em extrato de rochas sedi-mentares da Bacia do Parnaíba.

-Alagoas Basin, Northeastern Brazil using Triple Quadrupole GC-MS-MS (Identificação de Aril Isoprenóides em óleos da Bacia Sergipe-Alagoas, Nordeste do Brasil usando o Triplo Quádruplo GC-MS-MS) premiada como melhor trabalho em pôster. Grupos de pesquisas dos Estados Unidos e da Colômbia manifestaram interesse em firmar parcerias com o LAGO para o intercâmbio de estu-dantes de mestrado.

Os integrantes do LAGO também foram convidados para participar do International Meeting on Organic Geochemistry (IMOG) a ser realiza-

e extratos de richas, sem necessaria-mente repetir o que já é feito em ou-tros grupos de pesquisa”, conclui.

O grupo também tem linha de pesquisa em Produtos Naturais, com dissertações e teses em an-damento, atuando principalmente com óleos essenciais e extratos de material vegetal, avaliando sempre composição química e, em parceria com o programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, e suas propriedades biofamacológicas. O Laboratório está equipado com as mais modernas técnicas cromato-gráficas e analíticas.

Coleta de rochas sedimentares na Formação Tianguá (CE) LAGO conta com equipamentos de última geração

Foto: LAGO-UFPI Foto: LAGO-UFPI

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI30

DICAS DE LIVROS

ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO PIAUÍ: BARREIRAS E POTENCIALIDADES

Pretende-se, neste livro, identificar as principais barreiras e potencialidades para a expansão do uso da energia solar fotovoltai-ca no Estado do Piauí, visando um melhor aproveitamento desse recurso como alternativa viável na eletrificação rural, tendo em vista a carência energética do Estado, bem como seu grande potencial energético solar. Assim, foram realizadas, conforme proposições deste estudo, pesquisas documentais e de campo que mostram a existência de alguns projetos e iniciativas que materializam o uso de sistemas fotovoltaicos no Piauí, principalmente no meio rural.

Autor: Albemerc Moura de MoraesNúmero de Páginas: 192

Ano: 2013E-mail: [email protected]

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI 31

SUPERDOTAÇÃO, PSICANÁLISE E

NOMEAÇÃO - CRIANÇAS E ADOLESCENTES SUPERDOTADOS,

SUAS FAMÍLIAS E AS INSTITUIÇÕES DE APOIO

DICAS DE LIVROS

Resultado de uma tese em Psicologia, este livro tem como objetivo demonstrar que a identificação como superdotado tem efeitos na constituição da subjetivi-dade. Com base na apresentação de casos clínicos e do relato de entrevistas reali-zadas com adolescentes, na faixa etária compreendida entre 12 e 18 anos, e seus pais, discutem-se o conceito de superdo-tação e as políticas governamentais elabo-radas para alcançar este público.

TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS -TENSÃO ENTRE

PROCEDIMENTALISMO PURO (UNIVERSALISMO)

E PROCENDIMENTALISMO PERFEITO

(CONTEXTUALIZADO)

TUDO QUE NÃO INVENTAMOS É

FALSO: DISPOSITIVOS ARTÍSTICOS PARA

PESQUISAR, ENSINAR E APRENDER COM A

SOCIOPOÉTICA

Autor: Cássio Eduardo Soares MirandaNúmero de Páginas: 312

Ano: 2015E-mail: [email protected]

Este livro apresenta de forma rigorosa e ao mesmo tempo didática o núcleo da teoria da justiça como equidade, sem dei-xar de contribuir de forma original para o debate sobre um importante aspecto da teoria de John Rawls relacionando-o ao procedimentalismo puro e ao procendi-mentalismo perfeito, incorporando ao estudo o rico diálogo de Rawls com os seus críticos.

Autor: Pablo Camarço de OliveiraNúmero de Páginas: 194

Ano: 2015E-mail: [email protected]

Este livro tem como objetivo dar visibi-lidade às inúmeras técnicas inventivas (dis-positivos artísticos) criadas por sociopoetas do Brasil. Cada capítulo traz uma técnica de pesquisa diferente, vivenciada em contextos e grupos-pesquisadores, como: em quilombos, em rodas de capoeira, nos círculos de cultura, nos torés indígenas, nas giras de candomblé, nas ruas com jovens e crianças, nos teatros e museus vivos, nas escolas etc. Estas técnicas são intensificadoras de devires e de problemas po-líticos, anarquistas-anarquisantes e espirituais nos contextos com quais se envolvem.

Organizadores: Shara Jane Holanda Costa Adad; Sandra Haydèe Petit, Iraci

dos Santos e Jacques GauthierNúmero de Páginas: 488

Ano: 2014E-mail: [email protected]

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI32

Orlando Maurício de Carvalho Berti Raimundo Dutra de AraujoProfessor adjunto I do curso de Comunicação Social – Jornalismo – da Universidade Estadual do PiauíDefesa: Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, [email protected]

Professor Adjunto da Universidade Estadual do Piauí – UESPIDefesa: Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), Piracicaba – São Paulo, 2015 [email protected]

Processos comunicacionais nas rádios comunitárias do Sertão do

Nordeste brasileiro na Internet

O acompanhamento do Estágio Supervisionado no Curso de

Pedagogia: um diálogo com as concepções e as condições de

trabalho dos supervisoresA tese aborda os processos comunicacionais nas rá-dios comunitárias do Sertão do Nordeste do Brasil que estão na Internet. Objetiva-se entender, teóri-

ca e empiricamente, como ocorrem esses processos nessas emissoras e explorar suas especificidades; compreender as estruturas, programações, equipes, financiamentos e históricos de inserção digital; entender os processos de estímulo, emissão e interação, em termos de cidadania; compreender como se dão as novas vozes, territoriais e na Internet; entender como se dá a participação do usuá-rio (internauta); e listar as rádios comunitárias ou que se assumem comunitárias sertanejas, entendendo suas pe-culiaridades de programação, diferencial em termos de emissão territorial e não territorial (via Internet). A meto-dologia empregada consistiu em pesquisa bibliográfica e documental, em mapeamento prévio das emissoras, bem como de pesquisa de campo por meio de visitas in loco e de entrevistas semiestruturadas para que se entendes-sem as emissoras nos oito Estados sertanejos nordestinos (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe). Acompanhou-se também o trabalho das emissoras na Internet, tanto em seus sites quanto a presença em redes sociais. Constatou-se, com base em parâmetros teóricos, a existência de três tipos de emissoras de rádio comunitárias na Internet: as off-line (que apenas têm espaço na Internet, mas não há trans-missão simultânea), as online institucionais (que apenas transmitem simultaneamente a programação no dial) e as online dinâmicas (que têm conteúdo diferencial da emissora no dial e promovem interação e interatividade). O fato de estarem na Internet faz com que as emissoras de rádio comunitárias sertanejas aumentem sua capacidade de promover a participação, a interação e a interatividade, pois ocorre a retroalimentação da comunicação comuni-tária radiofônica com um novo tipo movido pela dester-ritorialização, que é o maior desafio dessas emissoras em lugares de baixo poder aquisitivo e comunicacional onde a presença do coronelismo eletrônico ainda persiste.

Palavras-chaves: Comunicação Social. Processos Co-municacionais. Rádio Comunitária. Internet. Sertão Nordestino. Participação.

Esta pesquisa tem como objeto de análise o acompanhamento do Estágio Supervisionado do Curso de Pedagogia. O objetivo do estudo

é conhecer, compreender e analisar, a partir das pers-pectivas dos supervisores: a organização do Estágio Supervisionado do Curso de Pedagogia em diversas instituições; as concepções de estágio dos supervi-sores do Curso de Pedagogia; as formas de acompa-nhamento do estágio e seus encaminhamentos; e as condições de acompanhamento do estágio pelos su-pervisores em seu contexto de trabalho. A problemá-tica desta investigação situa-se no campo das práticas e do papel do supervisor de Estágio, considerando suas condições de trabalho e as possibilidades de acompanhamento dos estagiários na formação inicial de professores. Esta investigação, de natureza qualita-tiva, possui como sujeitos supervisores de estágio que atuam na formação inicial docente no Brasil e em Por-tugal. Os resultados, construídos com base no refe-rencial histórico-cultural, apontam para os seguintes aspectos: na formação inicial de professores o Estágio Supervisionado é uma etapa formativa permeada por múltiplas concepções; o trabalho de acompanhamen-to de estágio realizado pelo supervisor é fundamental no processo formativo; existem diversos modos de acompanhamento de estágio, pois a multiplicidade de práticas está relacionada às condições de trabalho e características de cada contexto. A tese sustentada neste trabalho é: As condições de trabalho dos super-visores definem as concepções, práticas e orientações supervisivas no processo de acompanhamento dos estagiários. Embora cada instituição tenha uma for-ma de organização do Estágio Supervisionado, são as condições de trabalho que orientam as possibilidades de atuação dos supervisores.

Palavras-chaves: Formação inicial de professo-res. Pedagogia. Estágio Supervisonado. Práticas supervisivas

TES

ES

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SAPIÊNCIA 38 Publicação Científica da FAPEPI 33

Maria Ângela Arêa Leão Ferraz Nayana Pinheiro M. de Freitas CoelhoProfessora adjunta I da Universidade Estadual do Piauí.Defesa: Universidade de Ribeirão Preto, São Paulo, [email protected]

Cargo: Docente da Uespi- adjunto I - dedicação exclusivaDefesa: 2013Universidade do Vale do Paraíba (Univap) São José dos Campos - São [email protected]

Adição de fluorescentes a cimentos endodônticos: Influência

nas propriedadesfísico-químicas e na resistência de

união do cimento à dentina

Espectroscopia FT-raman do reparo tecidual em lesões cutâneas cirúrgicas em ratos com Diabetes

mellitus induzido tratadas com Cenostigma Macrophyllum Tul. variedade acuminata Teles Freire

A valiou-se, in vitro, a influência da adi-ção dos fluorescentes utilizados em microscopia confocal de varredura à

laser, rodamina B e fluoresceína, nas concen-trações de 0,01%, 0,05% e 0,1%, aos cimentos AH Plus e Endofill nas propriedades: tempo de endurecimento (TE), escoamento (ES), solu-bilidade (SB) e alteração dimensional (AD) e na resistência de união (RU) destes cimentos à dentina. Quando o Endofill foi acrescido de rodamina B, observou-se que as concentrações de 0,05 e 0,1% promoveram aumento no TE e ES (p<0,05) e diminuição da SB (p<0,05). A adição da fluoresceína ao Endofill aumentou o TE e o ES para a concentração de 0,1% e dimi-nuiu para 0,01% (p<0,05), enquanto que a SB diminuiu para as concentrações de 0,05 e 0,1% (p<0,05). AD não foi alterada pela adição dos fluorescentes em nenhuma das concentrações analisadas. Acréscimo de rodamina B ao AH Plus provocou aumento no TE para a concen-tração de 0,1%, do ES e SB para 0,05 e 0,1% e da AD para 0,01% em relação ao cimento puro (p<0,05). A adição da fluoresceína ao AH Plus diminuiu o TE para a concentração de 0,05% e aumentou o TE e o ES para a concentração de 0,1%; a AD para 0,01% e a SB para 0,05 e 0,1% (p<0,05). As diferentes concentrações da rodamina B e da fluoresceína não interferiram na emissão de fluorescência dos cimentos ava-liados em MCVL. O acréscimo de fluoresceína, em todas as concentrações, reduziu a RU do AH Plus à dentina (p<0,05). Concluiu-se que os fluorescentes interferiram nas proprieda-des físico-químicas dos cimentos obturadores, sendo as menores alterações observadas para o acréscimo de 0,01% dos fluorescentes, e que a fluoresceína diminuiu a resistência de união do AH Plus à dentina radicular.

A Cenostigma macrophyllum Tul. é uma alterna-tiva viável para facilitar a recuperação de lesões teciduais em pacientes portadores de Diabetes

mellitus. Esta pesquisa visou avaliar a ação da emulsão óleo-água de C. macrophyllum sobre o processo de re-paro tecidual de lesões cutâneas em ratos com Diabetes mellitus induzida, pela Espectroscopia FT Raman. Fo-ram utilizados 63 ratos (machos, Wistar), distribuídos em três grupos: Controle(C), Diabético(D) e Diabético tratado com emulsão óleo-água da planta (DPL) em sete, 14 e 28 dias. A diabetes foi induzida, nos animais dos grupos D e DPL, pela administração de estreptozotocina (50mg/Kg, via peniana, jejum de 12 horas), confirmada aos 21 dias, pelo índice glicêmico ( 240mg/dL). Aos ani-mais do grupo tratado (DPL), aplicou-se sobre a lesão 0,5 ml da emulsão óleo-água da planta. Nos tempos experi-mentais programados e antes da eutanásia dos animais, foram coletados 5ml de sangue da aorta abdominal de todos os espécimes para avaliação dos índices de óxido nítrico. A seguir, as amostras foram retiradas, e encami-nhadas para processamento histológico e análise por es-pectroscopia FT Raman. Na análise histomorfométrica, houve redução das células inflamatórias e aumento no número de fibroblastos no grupo DPL aos sete dias. Com relação aos valores de óxido nítrico, os animais do gru-po DPL, aos 14 dias, apresentaram maior concentração (p<0,01) e maior área de percentual de fração de volu-me de fibras de colágeno (p<0,001). No que se refere à análise por Espectroscopia FT Raman, 92,9% dos dados se concentraram no tempo experimental de 14 dias e os espectros em Cluster se agruparam de acordo com a sua similaridade. Em relação à razão das áreas das amidas I (1700-1600cm-1) e III(1245-1345cm-1), os grupos DPL e D apresentam comportamento contrário. Conclui-se que a emulsão óleo-água da Cenostigma macrophyllum Tul. acelerou o processo de reparo das lesões cirúrgicas em ratos diabéticos.

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