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Prticas de SadeSade e Doena

Autor: Pereira, M. G. Livro: Epidemiologia: Teoria e prtica Captulo 3: Sade e Doena, 2000 Graduando: Ana Beatriz Silva Campanholo

Resenha: Sade e Doena A questo da definio de sade e doena gera muitas controvrsias. Creio que esse um tema de grande importncia para a rea de sade, por ser justamente sua base terica para o trabalho como um todo. Por isso, a confuso desses termos influencia no tratamento a ser realizado. O conceito mais simples de sade seria a ausncia da doena, e de doena, a ausncia da sade. Apesar de no ser prximo da realidade, esse conceito bem prtico, pois se refere presena ou ausncia de anormalidades, o que facilita o diagnstico clnico. Por outro lado, conceitos de sade que envolvem o bem-estar social, cultural, fsico e psicolgico veem o indivduo como um todo, mas a mesura dessas agravantes no precisa e gera controvrsias, o que dificulta muito na prtica. Na minha opinio ,um erro recorrente do conceito simplificado de sade e doena seria no ver os mltiplos fatos que envolver um ser humano. Para isso, h o estudo da histria natural da doena, chamada assim, porque prev a no interferncia do homem. Um de seus pilares principais o que afirma que a doena um processo, e que tem vrios estgios diferentes. Ela pode ser vista da tica dos servios, que observa a progresso do caso clnico em um grande nmero de pacientes. J na tica da comunidade, que entendo como mais completa, ela delimita sua ao em um determinado territrio e se utiliza de dados populacionais. Nessa tica, a doena vista no geral do indivduo, levando em conta o ambiente em que a pessoa vive. Assim, a doena seria a exteriorizao de um processo mais complexo, e no somente algo isolado e sem motivo. Isso contribui para a humanizao do conceito. Para se compreender melhor a historia natural da doena, subdivide-se o caso clnico em quatro fases. Algo interessante delas que, em certos estgios mais fcil identificar a doena e em outros a sade, o que torna o conceito mais fluido. Alm disso, a diviso de fases ajuda a canalizar a ajuda necessria em uma populao, pensando no coletivo. Na fase inicial h condies para que a patologia ocorra, mas no quer dizer que a pessoa ir adquirir a doena. Na fase patolgica pr-clnica, h alteraes fisiolgicas, mas os sintomas ainda no apareceram. Acredito que essa fase seja de grande importncia, pois nela h o diagnstico precoce, que facilita tanto o trabalho quanto a vida do paciente. J na fase clnica, a doena j apresenta sintomas de diferentes gravidades, por isso o organismo j se encontra mais debilitado. Na fase de incapacidade residual, a doena se estabiliza, mas com sequelas. Etiologia o estudo das causas de uma doena. Na fase pr-patolgica, ela identifica os fatores que causam, incluindo o ambiente, os agentes e o estado do corpo da pessoa. A etiologia na fase patolgica se refere mais aos efeitos no corpo e o que feito para eles regredirem. Esse conceito se relaciona diretamente com o de

preveno, que se refere tanto a evitar a doena, como a evitar seu efeitos no corpo.Ela depende muito das aes organizadas do sistema de sade, bem como da contribuio da sociedade. As aes preventivas so divididas de diferentes maneiras. As medidas inespecficas so mais amplas e visam o bem-estar, j as especficas j possuem a ao restrita a ser realizada. A preveno tambm pode ser dividida em trs fases. A primria se refere a educar a populao, evitando muitos casos antes mesmo deles se desenvolverem; que se relaciona com medidas universais. A secundria realizada enquanto a patologia ainda est progredindo e evita o agravamento da mesma; que se relaciona com medidas seletivas. J a terciria visa a reduzir as sequelas originadas da doena que poderiam dificultar a vida da pessoa e at gerar novas patologias. Essas fases podem se subdividir em cinco nveis. O primeiro de promoo da sade de maneira mais geral; o segundo de proteo especfica(impede o aparecimento uma certa patologia); o terceiro de diagnstico e tratamento precoce; o quarto de limitao do dano e o quinto a reabilitao do paciente. Fatores etiolgicos tambm so um dos pilares para se entender a doena. Sua compreenso ocorre atravs de vrios modelos, alguns mais completos, outros mais prticos.A cadeia de eventos um modelo simples e, na minha opinio, bem prtico e fcil de ser utilizado. Ela seleciona os fatos mais importantes e est focada no agente causador da doena. Por isso, melhor aplicado em casos de doenas infecciosas. Mas ela tambm diz respeito a outros agentes, que so classificados em biolgicos, genticos, qumicos, fsicos e psquicos. A organizao em modelos ecolgicos tambm uma maneira interessante de se representar e entender a etiologia. Essa muito interessante, pois auxilia no entendimento do processo bem como a seleo de aes. Um deles a trade ecolgica, que se subdivide em trs grupos: agente, hospedeiro e meio ambiente. Na minha opinio, um ponto interessante dessa trade no considerar apenas os fatores isolados, mas a relao entre eles que de fato gera um caso clnico. A dupla ecolgica, por sua vez, considera os pesos do hospedeiro e do meio ambiente, em que os fatores so divididos pela influencia que cada um tem. No hospedeiro, influenciam sua herana gentica (que define caractersticas morfolgicas e a causa de vrias doenas, bem como de predisposio a elas), o funcionamento em geral de seu corpo, e tambm de suma importncia, acredito eu, a influncia de seu estilo de vida e seu estado psicolgico. J o meio ambiente tem o fsico,que pode facilitar ou dificultar a ocorrncia de uma doena(importante lembrar que depende do hospedeiro); o ambiente biolgico composto por agentes, vetores e reservatrios potenciais de doenas; o ambiente social influencia muito, porque ele tambm estabelece como ser o ambiente fsico, tambm influenciado pela relao que os indivduos matem entre si.

A rede de causas um modelo que representa as inmeras coisas que afetam a sade do indivduo, em que h a diviso entre causa e consequncia. Alm disso, segue a histria natural da doena, contribuindo para demonstrar esse processo de forma mais simples e esquemtica. Nela, cada ncleo que representa um fator agravante serve tambm para prever a atuao dos profissionais e cada eixo que for cortado contribui para reduzir a incidncia da doena. Esse esquema pode ser estendido a algo mais abrangente, que engloba tanto as causas quanto consequncias, em que uma causa pode gerar mais de um efeito. J a abordagem sistmica da sade compreende a relao entre sade e doena embasada no conjunto de elementos conectados entre si, que possuem relaes internas e externas. Esse modelo tambm divide as causas em diretas (normalmente colocadas em atestados de bitos, por possurem uma relao mais clara e palpvel) l e indiretas ( colocadas pela maioria dos profissionais como sociais, por estarem distantes dos efeitos). O que me chamou a ateno nesse sistema foi o fato de a doena ser abordada como consequncia de inmeros motivos, cada um com seu grau de influncia. A etiologia social muda um pouco o vis dos modelos anteriores, enquanto eles priorizavam de certa forma os fatores biolgicos que envolvem a patologia, a etiologia social pretende dar um peso maior ao evento biossocial que envolve a doena. Ela considera tanto fatores polticos econmicos e sociais, quanto comportamentais que envolvem socialmente o indivduo. Modelos so muito importantes para a compreenso da realidade que envolve o desenvolvimento de uma patologia. No entanto, acredito que um modelo, como caracterstica intrnseca, no corresponde realidade. Alm disso, depende de quem monta esse modelo, pois os fatores so vistos com diferentes preferncias. Alm disso, h sempre a questo controversa de ser dar maior importncia ao lado social ou ao biolgico, dependendo do modelo. Em suma, as definies de sade e doena so muito importantes, e igualmente complexas. Ainda mais quando se trata das causas e dos processos que levam exteriorizao de uma doena. Mesmo com muita discusso, consegui perceber um consenso nas teorias sobre a doena. o fato de ela no ser considerada como algo abrupto que surgiu sem motivos, mas como um longo e complexo processo que envolve toda a vida do indivduo. Esse conceito de suma importncia, pois faz os profissionais de sade terem um trabalho mais humano, sem ver o paciente como um nmero ou rotulado por uma doena.