SBSE2014-0116 (1)
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Anais do V Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, Foz do Iguaçu – PR, Brasil. 22-25/04/2014 ISSN 2177-6164
1
Resumo- Este trabalho apresentauma metodologia para
calcular potenciais de transferência causados por indução
eletromagnética e acoplamento resistivo, devido à proximidade
física entre uma linha de distribuição de energia elétrica e um
duto de metal. A influência da indução eletrostática sobre as
tensões desenvolvidas pelo acoplamento resistivo decorre da
injeção de correntes de curto-circuito na ligação da estrutura à
terra, tanto em estado estacionário como possivelmente em
regime transitório. Alguns tipos de defeitos produzem tensões
transitórias de amplitude e duração mais importantes do que
os correspondentes valores de estado estacionário, que por sua
vez podem ser aceitáveis. A modelagem apresentada neste
trabalho envolve tensões e acoplamentos resistivo e indutivo
apenas em regime permanente.
Palavras-chave—Potenciais de toque, de passo e de
transferência, acoplamentos resistivo e indutivo.
I. INTRODUÇÃO
Dentre os tipos de curto-circuito mais frequentes, que
ocorrem em uma rede elétrica, destaca-se o curto-circuito
fase-terra, que será considerado na presente modelagem,
pelo fato de ser conhecido na literatura como o que produz a
maior tensão induzida por acoplamento magnético, no
sentido longitudinal, em condutores paralelos ao condutor
em condição de curto-circuito. A tensão induzida será
adotada para avaliar a tensão alternada em dutos metálicos
enterrados em regime permanente ([1] e [7]). Uma análise
em regime transitório poderá ainda ser realizada, usando o
ATP [2].
Na análise a seguir, o solo será considerado com
resistividade elétrica constante e uniforme em todas as
direções e a permeabilidade magnética igual a do ar. A
Os autores agradecem à COSERN pelos suportes técnico e financeiro,
bem como pelo apoio técnico e co-participação na sua realização, tendo em
vista que este trabalho é parte integrante do programa de P&D da Empresa. José Tavares de Oliveira trabalha no Departamento de Engenharia
Elétricada UFRN(e-mail: [email protected]).
Adonizedeque A. da Silva Pires trabalha GOP da COSERN (e-mail:
Max Chianca Pimentel Filho trabalha na Universidade Federal do Semi
Árido (e-mail: [email protected]) M. Firmino de Medeiros Jr. Trabalha no Departamento de Engenharia
de Computação e Automação da UFRN (e-mail: [email protected])
consideração da permeabilidade do solo igual a do ar é
válida, exceto quando o solo possuir um alto teor de ferro.
II. FUNDAMENTAÇÃO MATEMÁTICA
A. Acoplamento Magnético
Para ilustrar a afirmativa acima, considere uma linha de
transmissão trifásica aérea e uma tubulação de aço, de
comprimento l sob a superfície do solo, paralela à linha de
transmissão, situada na mesma faixa de passagem, como
mostra a Fig.1. Considere ainda que a linha esteja a uma
altura H da superfície do solo e a tubulação esteja colocada
no solo a uma profundidade h. Na ocorrência de um curto-
circuito fase-terra, no local mostrado na Fig. 1, a tubulação
será envolvida por linhas de fluxo magnético, circulares,
produzidas pela corrente de curto-circuito , na extensão
do tubo, localizada paralelamente à linha de transmissão,
como se mostra na Fig. 2.
Fig. 1 - Tubulação de aço enterrada no solo, nas proximidades de uma
linha de transmissão
Fig. 2 - Tubulação de aço envolvido por uma linha de fluxo magnético,
produzida pela corrente de Curto-circuito
O fluxo magnético produzido pela corrente induzirá
uma força eletromotriz devida à impedância mútua
Compatibilidade Eletromagnética entre os
Sistemas de Distribuição em 69 kV da
COSERN e Redes Urbanas de Distribuição
de Água e Gás José Tavares de Oliveira,DEE - UFRN
Adonizedeque A. da Silva Pires, COSERN
Max C. Pimentel Filho, UFERSA
M. Firmino de Medeiros Jr., DCA - UFRN
Anais do V Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, Foz do Iguaçu – PR, Brasil. 22-25/04/2014 ISSN 2177-6164
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existente entre o condutor da linha e a tubulação, no sentido
longitudinal da tubulação.
A impedância mútua é composta por uma parte real e
outra imaginária. Para um solo com a permeabilidade
magnética igual a do ar e a frequência f=60 Hz, a parte real
pode ser desprezada diante da parte imaginária, para
resistividades de solo acima de 1,0 , conforme se
constatou através de cálculos efetuados durante o trabalho.
Dessa forma, admite-se calcular a impedância mútua usando
apenas sua parte imaginária.
Assim, a tensão induzida na tubulação provocada pela
corrente de curto-circuito que circula no condutor da
linha de transmissão, distante do centro da tubulação é
dada por:
(1)
A impedância Z longitudinal do tubo é calculada
considerando a sua área eficaz para a resistência e a
equação de Carson para a reatância, resultando em:
( ) (2)
A tubulação colocada no solo pode estar submetida a
duas condições:
1. Tubulação nova, com revestimento sem contato
elétrico com o solo;
2. Tubulação usada com contato elétrico com o solo.
Ambas as situações podem ser representadas pelo
circuito equivalente da Fig. 3. Para um tubo novo, com a
integridade do revestimento, a resistência , é assumida
como sendo infinita, e a tensão induzida não irá causar uma
corrente de circulação no solo.
Fig. 3 - Circuito elétrico equivalente da tubulação enterrada no solo,
submetida à indução magnética, com contato elétrico com o solo.
A resistência de terra de uma tubulação metálica
condutora de raio externo , enterrada nas condições
como mostrada na Fig. 2, é dada por:
[ (
) (
)
(
)
] (3)
Aplicando transformação com de fontes ao circuito da Fig.
3, obtém-se o circuito da Fig. 4.
Fig. 4 - Circuito elétrico equivalente ao da Fig. 3.
O circuito com parâmetros concentrados pode ser adotado
para uma tubulação curta, com comprimento da ordem de
grandeza de alguns metros. Na prática, essa tubulação pode
possuir centenas ou milhares de metros. Como a tensão
induzida e a resistência de terra são uniformemente
distribuídas ao longo da tubulação, o modelo de circuito
com parâmetros concentrados não representa fielmente o
fenômeno físico. Portanto, é necessário considerar a
tubulação representada por um circuito com parâmetros
distribuídos. Para modelar a tubulação dessa forma, a
maneira mais simples é dividir a tubulação em pequenos
trechos e fazer a associação dos circuitos equivalentes, em
cascata. Os parâmetros de cada trecho serão distribuídos
conforme a Fig. 5, com os valores de , e
proporcionais aos comprimentos de cada um e a tensão
transversal V na posição indicada.
Fig. 5 - Circuito elétrico equivalente de cada trecho da tubulação.
Considera-se então uma tubulação dividida em n trechos,
representados pelos seus circuitos equivalentes que,
conectados em cascata, resulta no circuito representativo de
toda a tubulação, mostrado na Fig. 6. A fim de verificar as
condições de segurança de pessoas em contato com o tubo,
deseja-se calcular o valor das tensões resultantes,
da tubulação, nos pontos 1,2,3,...,n,
respectivamente, provocadas pela tensão magneticamente
induzida, devido à corrente de curto-circuito que circula
na linha de transmissão.
Para as tubulações enterradas, é comum existirem
trechos que não ficam paralelos à linha de transmissão, na
mesma faixa de passagem. Estes se originam da fonte
abastecedora de gás ou de água e se destinam aos
consumidores conectando-se ao trecho paralelo à linha de
transmissão. Os trechos não paralelos da tubulação, à
esquerda E e à direita D, conforme mostrados na Fig. 1,
serão representados por admitâncias equivalentes e
conectadas nas extremidades do circuito em cascata,
como mostra a Fig. 6.
Fig. 6 - Circuito elétrico equivalente da tubulação dividida em n segmentos.
Aplicando Análise Nodal ao circuito da Fig. 6, obtém-se a
equação matricial a seguir:
nSeqnS
S
SPS
SSPS
SSeq
m
m
V
V
V
V
YYY
Y
YYY
YYYY
YYY
I
I
3
2
11
000
020
02
00
0
0
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Resolvendo o sistema para obter as tensões, tem-se:
mI
mI
nnZnZnZnZ
nZZZZ
nZZZZ
nZZZZ
nV
V
V
V
0
0
321
3333231
2232221
1131211
3
2
1
(5)
Calcula-se então o valor da tensão em cada segmento ao
longo da tubulação por:
mIiZinZiV 1 (6)
Embora a matriz [ ] possa ser obtida por inversão de [ ], essa forma de cálculo requer um esforço computacional
muito alto que, dependendo da dimensão e do
condicionamento da matriz, pode produzir erros numéricos
elevados. A técnica mais usada em sistemas de energia
elétrica de grande porte é obter a matriz [ ] diretamente,
formando cada elemento passo a passo.
O circuito elétrico equivalente visto pela impedância do
corpo humano , que esteja conectada eletricamente ao
segmento i da tubulação, é o equivalente de Thévenin
constituído por uma fonte de tensão de valor eficaz , em
série com a impedância própria da diagonal principal da
matriz ⌈ ⌉, conforme se mostra na Fig.7.
Fig.7 - Circuito elétrico equivalente visto pela impedância de uma pessoa
conectada ao segmento i de uma tubulação
De acordo com o circuito da Fig.7, a corrente que circulará
através do corpo humano, , será dada por:
(7)
Para todas as situações simuladas na seção seguinte, adotar-
se-á o circuito equivalente da Fig. 7, com Zh=1.000 ohms.
Além disso, o limite de corrente, a partir do qual ocorre
fibrilação ventricular será considerado igual a 100 mA.
Quando for o caso, a resistência de isolamento será
considerada igual a 1,0 MΩ.
B. AcoplamentoResistivo.
Para ilustrar o desenvolvimento, considere-se uma linha de
transmissão trifásica aérea com a geometria mostrada e uma
tubulação de aço, de comprimento l sob a superfície do solo,
paralela à linha de transmissão na mesma faixa de passagem
e a corrente de curto-circuito, , injetada no solo através
de uma haste de aterramento, conforme a Fig.8.
Fig.8: Tubulação de aço enterrada no solo sob uma linha de transmissão
com um curto-circuito fase-terra envolvendo a ferragem de uma cadeia de
isoladores aterrada através de uma haste de aterramento.
A corrente de curto-circuito vai induzir tensões
devidas ao acoplamento resistivo na vizinhança do ponto de
injeção, no solo e na tubulação, como se mostra na Fig. 9.
Fig.9: Tensão induzida através do acoplamento resistivo em uma
tubulação de aço produzida pela corrente de curto-circuito
O acoplamento resistivo se dá devido à resistência mútua
entre a haste de aterramento em que a corrente está sendo
injetada e o ponto considerado da terra ou da tubulação. O
seu valor é calculado por VRi = RMiIcc. Nessa equação, é
a tensão induzida no ponto i e é a resistência mútua
entre a haste e o ponto considerado na tubulação. Se no
ponto i houver um objeto aterrado de resistência de
aterramento , como uma tubulação, o circuito equivalente
(com fonte de tensão ou com fonte de corrente) adotado será
conforme se mostra na Fig.10.
Fig.10 -Circuitos equivalentes para tensão induzida pelo acoplamento
resistivo em um ponto i da tubulação com resistência de aterramento .
Nessa figura, é a tensão desenvolvida na tubulação e é
a resistência total de aterramento da tubulação. A tensão
induzida devido ao acoplamento resistivo em um ponto
qualquer da terra com resistividade ρ produzida por uma
injeção de corrente I em uma haste de aterramento como
mostra a Fig.11 é dada por:
2 2
2 2
ln4
i
Ri i
i
h l h l dIV d
l h l h l d
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Fig.11:Tensão devida ao acoplamento resistivo em um ponto i no solo de
resistividade ρ a uma profundidade h produzida por uma corrente I injetada através de uma haste de aterramento de comprimento l.
A resistência mútua é dada por:
2 2
2 2
ln4
i
Mi
i
h l h l dR
l h l h l d
Nessa expressão, é a distância da haste de aterramento na
superfície do solo ao ponto onde se deseja calcular a tensão,
dada por:
22
iii yxd
A Fig.12 mostra um esboço que define a distância acima
considerada.
Fig.12: Localização de um ponto genérico i de uma tubulação, onde se
deseja calcular a tensão induzida devida ao acoplamento resistivo,
localizado a uma distância d da haste de injeção de corrente.
Combinando a representação da injeção de corrente com a
representação de circuito dos segmentos de tubo por suas
admitâncias equivalentes, bem como os trechos não
paralelos da tubulação, à esquerda E e à direita D, como
estão mostrados na Fig. 1, representados por admitâncias
equivalentes e conectadas nas extremidades do
circuito em cascata, tem-se:
Fig.13: Circuito da Fig. 11, transformado em termos de admitâncias
A resistência de terra , cujo inverso é a admitância
é dada pela equação 3.
O circuito da Fig.13 pode ser resolvido por Análise
Nodal, resultando na equação matricial seguinte.
11 1
2 2
3 3
0 0
2 0
0 2 0
0 0 0
eq P S SR
R S P S S
R S P S
S
nRn S eqn P S
Y Y Y YI V
I VY Y Y Y
I VY Y Y
Y
VI Y Y Y Y
Escrevendo essa equação em forma compacta, fica:
VBYI
Observe-se que não é necessário inverter a matriz de
admitância. O circuito elétrico equivalente visto por uma
pessoa, cuja impedância do corpo humano seja , e que
esteja conectada eletricamente ao segmento i da tubulação, é
o equivalente de Thévenin constituído por uma fonte de
tensão de valor eficaz , em série com a impedância própria
da diagonal principal da matriz ⌈ ⌉, conforme se
apresenta na Fig. 10.
De acordo com esse circuito, a corrente que circulará através
do corpo humano, , será dada por Ih=Vi/(Zii+Zh):
III. RESULTADOS DE SIMULAÇÕES
Para exemplificar a aplicação da modelagem matemática
desenvolvida, adotou-se um sistema elétrico constituído de
um trecho de uma linha de transmissão de 69 kV e uma
tubulação fictícia como mostra a Fig.14. A corrente de
curto-circuito calculada no ponto indicado é de 1.122,8
A, considerando uma resistência de falta de 33,33 ohms. A
corrente é injetada no solo em um ponto distante 500 m a
partir da extremidade E, no meio da tubulação de
comprimento 1.000,0 m. A resistividade do solo foi
considerada igual 100 e a tubulação fictícia de aço,
cujos dados correspondentes são:
1. Raio interno de 48,0 cm;
2. Raio externo de 50,0 cm;
3. Permeabilidade magnética relativa igual a 10,0;
4. Condutividade do aço igual a
( ) ;
5. Comprimento da tubulação igual a 1.000,0 m.
Fig.14:Exemplo de um sistema elétrico constituído de um trecho de uma
linha de transmissão de 69 kV e uma tubulação fictícia
A geometria da linha de transmissão e da tubulação e as
distâncias encontram-se conforme mostra a Fig.14. Para a
aplicação do modelo, serão adotadas três condições de
locação da tubulação e da resistência de aterramento, quais
sejam:
1. Tubulação totalmente isolada em toda sua extensão
desde a base até o final;
2. Tubulação isolada a partir da derivação e aterrada do
lado esquerdo com resistência equivalente de 1 ohm;
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3. Tubulação sem isolação (em contato com a terra) e
isolada nas duas derivações;
Exceto na condição 1, a impedância do circuito
equivalente de Thévenin, , será considerada desprezível
diante da impedância do corpo humano , para o cálculo da
corrente . Na condição 1, pelo fato de toda a rede da
tubulação estar isolada, a resistência é desprezível diante
da resistência de isolamento da tubulação, que será
considerada de 1,0 MΩ.
A norma IEC 60479-1, que estabelece os padrões
internacionais, define o valor máximo de tensão de contato,
adotado na norma NBR 14039, em função do tempo de
exposição. O valor eficaz máximo da tensão alternada de
contato que pode ser mantida indefinidamente, de acordo
com a IEC 60479-1 é igual a 50 V, nas instalações internas
ou abrigadas, e 25 V, nas instalações externas. Dependendo
do tempo de exposição da tensão e do dano que possa
causar, o valor da tensão de contato pode ser maior. Por
exemplo, 100 V, durante o tempo de 500 ms, imposta ao ser
humano com resistência de 1000,0Ω, faz circular uma
corrente de 100 mA, que é o limite de fibrilação ventricular.
Esse será o limite máximo de corrente adotado para designar
o valor da tensão de contato em um ponto da tubulação,
energizado por indução ou devido ao acoplamento resistivo
em todas as condições. No acoplamento resistivo, analisar-
se-á a distribuição de tensão no revestimento e no aço ao
longo da tubulação.
A. AcoplamentoMagnético
Para a aplicação do modelo devido ao acoplamento
magnético, apenas a condição 2 foi utilizada devido a
limitações de espaço, apresentando resultados relativos às
correntes mais perigosas.
A condição 2 corresponde à tubulação isolada em toda
sua extensão à direita da extremidade E, e considerando que
toda a extensão à esquerda de E esteja aterrada, cuja
resistência de aterramento seja a impedância
equivalente , com . Essa hipótese
corresponde à situação prática de se ter uma instalação nova
a partir da direita de E com a tubulação revestida com
material anticorrosivo, portanto isolada do solo e a esquerda
de E, uma rede antiga, oxidada, com conexão elétrica direta
com o solo. A variação da tensão induzida resultante pode
ser vista no gráfico da Fig. 15.
Fig.15 - Gráfico da distribuição de tensão induzida ao longo da
tubulação no sistema da Figura11 na condição 2
Observa-se no gráfico da Fig. 15 que o valor eficaz da
tensão ao longo do condutor varia linearmente da
extremidade E até a extremidade D de 0 V a 380 V. Os
valores da tensão nos trechos da tubulação que estão a
esquerda de E serão constantes e iguais a 0 V e os valores
das tensões no trecho a direita de D são iguais a 380 V. O
trecho a direita de D pode ser bastante longo, atendendo a
uma localidade em que uma pessoa possa tocar na tubulação
em um ponto oxidado ou em uma conexão mecânica, em
contato com o aço, não isolada. A partir do circuito
equivalente de Thévenin da Fig.10, calculam-se os valores
das correntes nos diferentes segmentos de tubo. Mesmo com
a tubulação isolada nesse trecho, supondo a
corrente que circulará pelo corpo humano poderá atingir 380
mA, que é muito alta e poderá causar danos ao ser humano.
A. AcoplamentoResistivo
A condição1 de locação e de aterramento, com a
tubulação isolada em toda sua extensão, representa a
situação de uma rede totalmente nova com a tubulação
revestida com material anticorrosivo, portanto isolada do
solo. Os valores da tensão induzida devido ao acoplamento
resistivo, ao longo da tubulação revestida, podem ser vistos
no gráfico da Fig. 16.
Verifica-se no gráfico da Fig. 16 que o valor da tensão
no revestimento atinge um valor de 6.500,0 V nas
imediações do ponto de injeção de corrente e diminui com a
distância, em direção às extremidades da tubulação. Assim
sendo, precisa se conhecer com exatidão o nível suportável
da tensão de isolamento, em regime permanente, do material
constituído do revestimento.
Fig.16 - Gráfico da distribuição de tensão induzida no revestimento da
tubulação devido ao acoplamento resistivo no sistema da Fig.14 na
condição1
Na condição 3 de locação e de aterramento, supõe-se que
a tubulação esteja aterrada entre as extremidades D e E,
portanto no trecho paralelo a linha de transmissão, e que os
trechos à esquerda de E e à direita de D estejam isolados.
O resultado dos valores da tensão induzida no aço devido
ao acoplamento resistivo, ao longo da tubulação, pode ser
visto no gráfico da Fig. 17. Pode-se ver nesse gráfico que o
valor eficaz da tensão , ao longo da tubulação condutora,
varia das extremidades E e D para o meio da tubulação de
150,0 V até 475,0 V.
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Os valores de tensão nos trechos da tubulação que estão
à esquerda de E e à da direita de D serão constantes e iguais
a 150,0 V. Esses trechos podem ser extensos o suficiente
para chegar a uma localidade em que uma pessoa possa
tocar na tubulação em um ponto não isolado. De acordo com
equivalente de Thévenin da Fig.10, como a tubulação está
totalmente isolada nesses trechos, a corrente que circulará
pelo corpo humano poderá atingir 150,0 mA. Portanto, uma
corrente alta que causará danos a um ser humano.
Fig.17 - Gráfico da distribuição de tensão induzida no aço devido ao
acoplamento resistivo ao longo da tubulação no sistema da Fig.14 na
condição 3.
Ainda na condição 3 em que a tubulação está aterrada e
isolada nas extremidades, a localização da injeção da
corrente de curto-circuito é importante para o valor da
tensão distante das extremidades em locais em que uma
pessoa possa tocar nas partes metálicas da tubulação isolada.
Por exemplo, uma injeção de corrente a 950,0 m da
extremidade E, isto é, a 50,0 m da extremidade D pode
representar a situação acima. Observa-se no gráfico da Fig.
18 que a tensão no aço da tubulação em locais distantes a
partir da extremidade D pode atingir 650,0 V. Como a
tubulação está isolada nesse local, de acordo com o
equivalente de Thévenin, Fig.10, a corrente que circulará
pelo corpo de uma pessoa pode atingir 650,0 mA. Portanto,
uma corrente bastante elevada que causará danos à pessoa.
Fig.18 - Gráfico da distribuição de tensão induzida no aço devida ao
acoplamento resistivo ao longo da tubulação no sistema da Fig.14 na
condição3, para um curto-circuito a 50,0 m da extremidade D.
IV. CONCLUSÕES
Pode-se verificar no gráfico da Fig. 15 que a tensão
atingiu o valor de 380 V (condição 2), sendo a situação mais
crítica avaliada, para fins de limite de tensão de contato na
tubulação. Isso acontece quando fluxo produzido pela
corrente de curto-circuito envolve a tubulação que se
encontra paralela à linha de transmissão na mesma faixa de
passagem. Nessa condição, medidas mitigadoras precisam
ser adotadas, a fim de reduzir os valores da tensão de
contato para valores que não produzam danos ao ser
humano. Conforme esperado, quando a tubulação está
totalmente isolada (condição 1) a parte metálica não se
encontra em contato com a terra. Enquanto que na condição
2, tubulação em contato com o solo, os potenciais induzidos
na tubulação serão menores, o que se reflete nos resultados
apresentados nas Figs 17 e 18.
É importante ressaltar que, embora a condição 2
represente a situação mais crítica, do ponto de vista do
acoplamento magnético, na condição 3 podem surgir tensões
ou correntes ainda mais perigosas, desenvolvidas por meio
do acoplamento resistivo, dependendo da localização do
defeito na rede.
V. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Companhia Energética do Rio Grande
do Norte – COSERN pelos suportes financeiro e técnico.
VI. BIOGRAFIAS
José Tavares de Oliveira nasceu em Patu -
RN, Brasil, em 20 de maio de 1953. Graduou-se
em Engenharia Elétrica na Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 1977. Concluiu, em
1979, o Mestrado na Área de Sistemas de
Energia Elétrica, na UFPB e o Doutorado, em 1993, na COPPE -UFRJ. É professor Associado
IV da UFRN desde maio de 2006.
Adonizedeque Albuquerque da Silva Pires graduou-se em Engenharia Elétrica – Ênfase
Eletrotécnica em 02/03/1989.É Engenheiro da
Companhia Energética do Rio G. Norte - COSERN. As Áreas de Atuação são Análise de
Projetos Rurais e Sistema de aterramento MRT
(Monofásico Retorno por terra). Possui experiência ainda em projeto e fiscalização de
Obras de Linhas de Transmissão 69 kV e 138 kV.
Manoel Firmino de Medeiros Júnior nasceuem Macaíba - RN, Brasil, em11 de julho, 1954.
Graduou-seemEngenhariaElétricana
Universidade Federal do Rio Grande do Norteem 1977. Obtevegrau de M.Sc. em 1979,
naareadeSistemas de Potênciana UFPB –
Campina Grande, eograu de Dr.-Ing.em 1987, naTechnische Hochschule Darmstadt -
Alemanha. É Professor da UFRN desde 1977.
Dr. Max Chianca Pimentel Filho graduou-se em
Engenharia Elétrica na Universidade Federal de
Campina Grande em 1994. Finalizou o curso de Doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do
Norte em 1995. Atualmente é Professor da
Universidade Federal do Semi Árido, trabalhando na área de simulação e Otimização de Sistemas de
Distribuição de Engenharia Elétrica.
Anais do V Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, Foz do Iguaçu – PR, Brasil. 22-25/04/2014 ISSN 2177-6164
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REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
Dissertações: [1] José Álvaro de Carvalho Albertini. Estudo da Influência da corrente
alternada na corrosão em dutos metálicos enterrados. Dissertação de
Mestrado.
Softwares: [2] ATP Alternative transients Program.www.emtp.org. [3] FORCE 2.0.9p. Fortran Compiler Editor. Guilherme Luiz
LepschGuedes. http://force.lepsch.com
[4] Scilab 5.3.3. The Free Platform for Numerical Computation. www.scilab.org/products/scilab
Livros:
[5] Paul M. Anderson. Analysis of Faulted Power Systems. IEEE
PRESS, 1995. [6] A. Nasser Tleis. Power Systems Modelling and Fault Analysis:
Theory and Practice, Elsevier, 2008.
[7] Transmission Line Reference Book, 345 kV and Above/Second
Edition, 1982. Electric Power Research Institute.
Artigos em Anais de Conferências:
[8] Oliveira, J. T.; Silva Pires, A. A.; Medeiros Júnior, M.F.: Modelo Matemático para Cálculo do Acoplamento Magnético entre os
Sistemas de Distribuição em 69 kV da COSERN e Rede de
Distribuição Urbana de Água e Gás. IV Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos –SBSE, 15 a 18 de maio de 2012 – Goiânia-GO.
[9] Interferências Eletromagnéticas Devidas às linhas de Transmissão.
Mário Fabiano Alves,Ph.D e Elilson Eustáquio Ribeiro, M.S.c.
SALTEE’96-Seminário Avançado em Linhas de Transmissão de
Energia. Belo Horizonte-MG-out/1996.
Normas:
[10] ABNT Associação Brasileira de Normas Técnica. ABNT 14039:2003.