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1 CAPITULO I CONCEITUAÇÃO DE SANEAMENTO 1.1 - SANEAMENTO E SAÚDE Saúde é um estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade. As doenças podem ser orgânicas (degenerativas), como a arteriosclerose, cuja ação maléfica não vai além da própria vítima, ou transmissíveis, como a gripe, que passa de uma para outra pessoa. As doenças transmissíveis são causadas pôr parasitas, como certos tipos de bactéria, protozoários, helmínticos, espiroqueta, fungos e vírus. Bactéria é um microorganismo unicelular com sistema de transferência genética e constituição peculiar. Habita, quase sempre, um ambiente úmido e é encontrada nos animais superiores e inferiores. Como exemplo de bactéria podemos citar o Estafilococo, causador do impetigo e da acne, o Pneumococo, responsável pôr 80% das pneumonias bacterianas e o Streptococo B, agente etiológico da febre reumática. Protozoário é um organismo composto de uma única célula que, para sobreviver, realiza todas as funções mantenedoras da vida; alimentação, respiração, reprodução, excreção e locomoção. Na sua maioria são de vida livre, mais algumas espécies são parasitas humanos ou de animais. Como exemplo podemos citar o Plasmodium, agente etiológico da malária, e o Trypanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas. Os Helmintos englobam todos os vermes, possuem forma e tamanho variados, e parasitam humanos, animais e vegetais. Para exemplificar podemos citar o Ascaris lumbricoides, agente etiológico da ascaridíase, e o Schistosoma mansoni, agente etiológico da esquistossomose intestinal ou moléstia de Pirajá da Silva. As Espiroquetas constituem um grande grupamento heterogêneo de organismos espiralados e móveis. São de vida livre, na sua maioria, embora exista um gênero que habita o trato digestivo de molusco e outro que, ao penetrar no homem, é patogênico. Como exemplo podemos citar o Treponema pallidum,

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Conceituação de Saneamento

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    CAPITULO I

    CONCEITUAO DE SANEAMENTO

    1.1 - SANEAMENTO E SADE Sade um estado de completo bem estar fsico, mental

    e social e no apenas a ausncia de doena ou enfermidade. As doenas podem ser orgnicas (degenerativas), como

    a arteriosclerose, cuja ao malfica no vai alm da prpria vtima, ou transmissveis, como a gripe, que passa de uma para outra pessoa.

    As doenas transmissveis so causadas pr parasitas, como certos tipos de bactria, protozorios, helmnticos, espiroqueta, fungos e vrus.

    Bactria um microorganismo unicelular com sistema de transferncia gentica e constituio peculiar. Habita, quase sempre, um ambiente mido e encontrada nos animais superiores e inferiores. Como exemplo de bactria podemos citar o Estafilococo, causador do impetigo e da acne, o Pneumococo, responsvel pr 80% das pneumonias bacterianas e o Streptococo B, agente etiolgico da febre reumtica.

    Protozorio um organismo composto de uma nica clula que, para sobreviver, realiza todas as funes mantenedoras da vida; alimentao, respirao, reproduo, excreo e locomoo. Na sua maioria so de vida livre, mais algumas espcies so parasitas humanos ou de animais. Como exemplo podemos citar o Plasmodium, agente etiolgico da malria, e o Trypanosoma cruzi, agente etiolgico da doena de Chagas.

    Os Helmintos englobam todos os vermes, possuem forma e tamanho variados, e parasitam humanos, animais e vegetais. Para exemplificar podemos citar o Ascaris lumbricoides, agente etiolgico da ascaridase, e o Schistosoma mansoni, agente etiolgico da esquistossomose intestinal ou molstia de Piraj da Silva.

    As Espiroquetas constituem um grande grupamento heterogneo de organismos espiralados e mveis. So de vida livre, na sua maioria, embora exista um gnero que habita o trato digestivo de molusco e outro que, ao penetrar no homem, patognico. Como exemplo podemos citar o Treponema pallidum,

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    agente etiolgico da sfilis.

    Fungos so organismos desprovidos de clorofila, no fotossintticos, que vivem parastica ou saprofiticamente (se alimentam de coisas podres) e se reproduzem pr esporos de natureza sexual ou assexual. Contribuem para a estabilidade qumica da biosfera degradando restos de substncias orgnicas do solo. Tem ao fermentativa sobre pes, queijos e bebidas alcolicas, paralelamente, causam enfermidades em plantas e infeces humanas de graus variveis. Como exemplo podemos citar o Agaricus campostri, ou cogumelo comum, o Penicillium utilizado na produo de remdios e o Saccharomyces, utilizado na fermentao nas industrias. Podem ser encontrados no solo, na vegetao (matria orgnica em decomposio) e no ar. Necessitam de calor e umidade para germinarem.

    Os vrus so os menores agentes infecciosos conhecidos e so constitudos pr uma molcula do cido nucleico (ADN OU ARN). As necessidades dos vrus so de tal maneira seletivas que os nutrientes s podem ser proporcionados pela clula intacta, a qual fornece no apenas energia mas todos os recursos necessrios para sua existncia. Possuem informao gentica necessria para transformar a clula em uma verdadeira fbrica de vrus. Como exemplo de doena causada pr vrus podemos citar a herpes simples, a caxumba, o sarampo, etc.

    Uma doena de incidncia normal considerada endmica, pode tornar-se epidmica, se ocorre numa coletividade ou regio vitimando um nmero de pessoas sensivelmente maior do que o esperado, e at mesmo pandmica, neste caso se ultrapassar os limites de um continente ou mesmo as fronteiras de um pas.

    SADE PBLICA a cincia e a arte de prevenir doenas, prolongar a vida e promover a sade e a eficincia fsica e mental, atravs de esforos organizados da comunidade no sentido de realizar o saneamento do meio e controle de doenas infecto-contagiosas; promover a educao do indivduo baseada em princpios de higiene pessoal; organizar servios mdicos e de enfermagem para o diagnstico precoce e tratamento preventivo das doenas; assim como desenvolver a maquinaria social de modo a assegurar, a cada indivduo da comunidade, um padro de vida adequado a manuteno da sade.

    SANEAMENTO um conjunto de medidas relacionadas, principalmente, ao solo, a gua, ao ar, habitao e aos alimentos, nas quais se destaca a ao do Engenheiro, visando a quebrar os elos das cadeias de transmisso das doenas.

    SANEAMENTO o controle de todos os fatores do meio fsico do homem que exercem ou podem exercer efeito deletrio

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    (nocivo a sade) sobre seu bem-estar fsico, mental ou social.

    Constitui medida de saneamento a eliminao das condies favorveis vida dos caramujos portadores do parasito transmissor da esquistossomose nos mananciais de gua, ou mesmo a sua destruio.

    Desde a penetrao do agente patognico no organismo humano at a cura total da doena, observam-se os seguintes intervalos de tempo.

    Perodo de Incubao - o que vai desde a penetrao dos agentes patognicos no organismo at o aparecimento dos primeiros sinais ou sintomas da doena.

    Perodo de Invaso - inicia-se com o aparecimento dos primeiros sinais ou sintomas da doena, prosseguindo com a luta do organismo contra os agentes da doena, para terminar no perodo de estado.

    Perodo de Estado - aquele em que se manifestam em plenitude e com maior intensidade os sintomas da doena, terminando com o perodo de declnio.

    Perodo de Declnio - os sintomas atenuam-se aos poucos, durante certo tempo que varia com o tipo de doena, ou cessam rapidamente como na crise pneumnica.

    Perodo de Convalescncia - o tempo decorrido, aps o desaparecimento da doena , para que o organismo enfraquecido se recupere integralmente.

    Perodo de Transmissibilidade - aquele durante o qual os germes de certa doena libertam-se do organismo humano ou de um animal em condies de poder vitimar uma pessoa.

    1.2 - TRANSMISSO DE DOENAS E IMUNIDADE A imunidade o principal meio de defesa do homem

    contra as doenas transmissveis. Existem , basicamente, dois tipos de imunidade, a congnita e a natural.

    A imunidade congnita, como o nome diz, a que vem do bero, so os anticorpos naturais.

    A imunidade natural a proporcionada pr anticorpos especficos devido a luta travada pelo homem contra uma doena que o molestou ou adquirida atravs de vacinas.

    pr isso que aps uma gripe o indivduo fica livre de recada durante certo tempo e, definitivamente, no caso de sarampo e varola.

    Variadas so as maneiras pelas quais se processa a Transmisso das doenas, inclusive as oriundas de portadores, isto , de indivduos sos que continuam eliminando os germes da doena de que foram vtimas. Para haver Transmisso de doena, so necessrias as seguintes condies:

    - Um agente causador ou etiolgico - Um reservatrio ou fonte de infeco do agente

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    causador

    - Um modo de sair do reservatrio - Um modo de Transmisso do reservatrio at a nova

    vtima em potencial - Um modo de penetrar em nova pessoa - Uma pessoa suscetvel A ausncia de apenas uma destas seis condies

    torna impossvel a propagao da doena. Algumas doenas, como as venreas, geralmente

    decorrem do contato direto entre o indivduo so e o doente, pr isso mesmo, denominam-se contagiosas. Esse contato direto nem sempre se impe. s vezes a pessoa adquire a doena fazendo uso de um fmite, ou seja, de um objeto inanimado recentemente utilizado pelo doente, como vaso sanitrio, livro, brinquedo, etc.. Embora o aperto de mo, o beijo e os fmites sejam os principais responsveis pela Transmisso das doenas do aparelho respiratrio, como resfriado e a tuberculose, fato comprovado que atravs dos perdigotos (gotculas expelidas pelo doente ao falar, tossir ou espirrar) o indivduo tambm pode ser vitimado.

    Os animais podem concorrer para a disseminao de certas doenas agindo apenas mecanicamente, como o caso da mosca, ao levar em suas patas, para os alimentos, os germes patognicos oriundos de material contaminado. Por outro lado, casos h em que um animal indispensvel Transmisso da doena de uma pessoa vitimada para outra sadia, vez que uma fase da vida do agente etiolgico tem lugar dentro do organismo do animal considerado. Neste caso os animais so denominados hospedeiros ( caso da esquistossomose ).

    fato notrio que certas doenas atacam tanto o homem como determinados animais. So denominadas zoonoses.

    1.3 - DOENAS TRANSMITIDAS POR EXCRETAS

    1.3.1 - Amebase Causada pelo protozorio Endamoeba histolytica, a

    doena, tambm conhecida pr disenteria amebiana, transmitida pelas fezes contendo os cistos da ameba.

    A ingesto de gua e vegetais contaminados, sobretudo os ingeridos crus, a principal causa da doena, para cuja transmisso a mosca concorre mecanicamente. As mos contaminadas levadas boca so outro meio de contrair a doena.

    O diagnstico da Amebase nunca deve fundamentar-se unicamente nas manifestaes clnicas, devendo-se fazer uma pesquisa parasitolgica nas fezes do paciente.

    1.3.2 - Ancilostomose Os ovos do parasita Necator e do Ancylostema

    duodenale, depois de eliminados com as fezes, superfcie do terreno, geram as larvas que passam a desenvolver-se e penetram

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    na pele, geralmente dos ps descalos, produzindo uma dermatite. Os ovos tambm penetram no organismo pr via oral, inclusive atravs da gua.

    A suspeita clnica da ancilostomose reveste-se de incertezas, o exame parasitolgico de fezes deve se constituir de rotina em pacientes que apresentem anemia de longa durao , distrbios digestivos e desnutrio, ainda mais se procedentes de zonas endmicas.

    1.3.3 - Ascaridiase Trata-se de doena parasitria determinada pela

    infestao do aparelho digestivo e seus anexos pr um nematide da famlia dos Ascaridae, o Ascaris lumbricoides, conhecido correntemente pela denominao de lombriga, s vezes compromete outras vsceras, causando perturbaes nervosas e txicas.

    Os ovos embrionados, provenientes do solo ou de outro material poludo pelas fezes, transmitem a doena, desde que levados boca direta ou indiretamente, inclusive atravs da gua.

    Os alimentos crus, como as verduras, so importantes veculos de transmisso. Os ps, descalos ou no, bem como a poeira, podem transportar os ovos a grandes distncias.

    A irritabilidade, nervosismo, insnia, ranger de dentes, falta de ateno, inapetncia, emagrecimento e outros sintomas gerais lembram um quadro de ascaridiose, sendo o diagnstico de certeza feito pela eliminao do parasita ou em laboratrio, atravs de um exame direto das fezes.

    1.3.4 - Clera Clera morbo, clera asitica, clera ndica ou

    clera epidmica a doena causada pelo Vbrio cholerae que alm de ser eliminado com as fezes , tambm, com os vmitos do doente.

    No incio de uma epidemia, via de regra, a transmisso se processa atravs da gua de beber. Posteriormente, os principais responsveis so os alimentos contaminados pelas mos, pelos utenslios e pelas moscas.

    Nos casos endmicos ou isolados o papel da gua na transmisso secundrio.

    A clera considerada a doena tpica de transmisso hdrica. A sobrevivncia do vibrio na gua depende da competio microbiana, da insolao, das variaes do ph e de um fator de diluio

    A doena comea de modo brutal aps um perodo de incubao relativamente curto, com vmitos, diarrias e, s vezes, dores abdominais. Pouco tempo depois instala-se uma oligria (diminuio volume urina)marcada por rpida perda de peso, voz dbil, cibra muscular nos membros inferiores e abdmen, astenia progressiva (fraqueza orgnica) at o

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    colapso, delrio, estado comatoso e morte aparente. raro que o doente perca a conscincia.

    A sucesso destes sintomas realiza-se rapidamente no perodo de 5 a 12 horas.

    Para uma confirmao do diagnstico no incio da doena faz-se um exame de fezes antes da administrao de qualquer antimicrobiano.

    1.3.5 - Disenteria Bacilar uma doena contrada principalmente pelo uso de

    alimentos, gua e leite , contaminados pelos dejetos direta ou indiretamente, neste caso atravs das moscas.

    Causada pr vrias espcies de bacilos do gnero Shigella, a doena tambm pode decorrer da transferncia de material contaminado para a boca atravs das mos.

    1.3.6 - Esquistossomose Os ovos dos vermes parasitas alm de ser eliminados com

    as fezes podem s-lo com a urina. Em vista disto a estudaremos separadamente.

    1.3.7 - Febre paratifoide As bactrias causadoras da doena so: Salmonella

    paratyphi, Salmonella schottumuelleri e Salmonella hirahjeldi. Alm de decorrer do contato entre o doente e o

    portador, a doena pode ser transmitida atravs dos alimentos, sobretudo leite, laticnios e mariscos contaminados. As moscas e a gua tambm pode propagar a doena desde que transportem o germe patognico eliminado com as fezes e/ou urina.

    1.3.8 - Febre Tifide Causada pelo Salmonella tiphy, sua transmisso tem

    lugar desde que sejam ingeridos alimentos e gua poludas pelas fezes e/ou pr urina de um doente ou portador.

    Em algumas regies os vegetais ingeridos crus e certas frutas propagam a molstia, enquanto em outras, o leite, os laticnios e os mariscos so os principais responsveis.

    A contaminao processa-se quase sempre atravs das mos dos portadores, embora possa ser causada pela ao mecnica das moscas.

    Em conseqncia da inespecificidade dos sintomas, especialmente na fase inicial, as possibilidades de confuso no diagnstico da febre tifide so mltiplas. O sanitarista dever t-la sempre em mente diante de quadros infecciosos com febre demorada e sem evidentes sinais de localizao.

    1.3.9 - Salmonelose Em sentido amplo entende-se pr Salmonelose todas as

    infeces produzidas pr enterobactrias pertencentes ao gnero Salmonella.

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    As fezes de doente, portador convalescente, animais domsticos ou silvestres, infectados, bem como ovos, inclusive presentes na poeira, constituem possveis fontes para a transmisso da doena.

    As epidemias so geralmente causadas pr alimentos indevidamente preparados, principalmente pasteis de carne e aves assadas, alimentos feitos com ovos (de galinha ou pato) mal cozidos, leite e laticnios no pasteurizados.

    O diagnstico clnico da salmonelose no habitualmente possvel sem auxlio do laboratrio, a no ser quando amparado pela informao epidemiolgica. Diagnstico de laboratrio fundamental para estabelecer a etiologia e determinar o tipo de salmonella.

    1.3.10 - Tenase uma doena causada quer pela taenia saginata,

    oriunda da carne de boi, a qual somente na forma adulta parasita do intestino do homem, quer pela taenia solium, da carne de porco, que na forma adulta parasita do intestino do homem e, na forma larvria, desenvolve-se em vrias partes do corpo, inclusive no crebro, caso em que capaz de causar cegueira.

    Estes vermes so tambm chamados vulgarmente de solitria, pois o indivduo , em geral , parasitado apenas pr um exemplar .Os ovos do verme so eliminados com as fezes humanas.

    A tenase pode decorrer tambm da transferncia direta, da mo boca, dos ovos contidos nas fezes, ou indiretamente, pela ingesto de gua ou alimentos em que tais ovos estejam presentes.

    Os principais sintomas so dor abdominal, fome exagerada, fraqueza, emagrecimento, nuseas e , raramente , convulses.

    1.4 - DOENAS TRANSMITIDAS POR MOSQUITOS

    1.4.1 - Febre Amarela Doena infecciosa aguda transmitida , geralmente, pelo

    mosquito Aedes Aegypti. Este o principal responsvel pela disseminao da doena nas cidades e em certas reas rurais.

    Com a picada o mosquito injeta na corrente sangnea da pessoa o vrus da febre amarela oriundo de uma pessoa doente ou mesmo de outros vertebrados, como o macaco, neste caso nas florestas.

    Inicia-se de maneira abrupta, aps um perodo de incubao de 3 a 6 dias, com febre alta, cefalia (dor de cabea), dores musculares generalizadas, prostrao intensa e, s vezes, calafrios, caracterizando de maneira inequvoca um quadro infeccioso agudo.

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    O diagnstico da febre amarela deve ser consubstanciado em dados epidemiolgicos e em dados de laboratrio.

    1.4.2 - Malria A malria ou impaludismo uma doena infecciosa,

    no contagiosa, de evoluo crnica, com manifestaes episdicas de carter agudo e perodo de latncia que pode simular a cura.

    A malria a mais conhecida das doenas produzidas pr parasitas animais. Seus agentes etiolgicos so protozorios do gnero Plasmodium que pertencem a quatro espcie: Plasmodium vivax; Plasmodium falciparum; Plasmodium malariae e Plasmodium ovale.

    A febre, a anemia (diminuio hemoglobina e glbulos vermelhos) e a esplenomegalia (hipertrofia do bao) constituem o denominador comum das infeces malricas produzidas pr qualquer das quatro espcies de Plasmodium.

    1.4.3 - Dengue um tipo de febre hemorrgica que lesa os

    capilares, causa trombocitopenia ou diminui intensamente os fatores coagulantes do sangue em grau suficiente para provocar hemorragia, petquias, prpuras cutneas vermelhas e extravasamentos sangneos, em rgos ou cavidades, afetando , principalmente, as crianas.

    O vrus do dengue, que se sabe atingir primatas alm do homem, parece ser dependente do ciclo: homem-Aedes-homem.

    Muito so os pesquisadores que aventuram a hiptese de que a ecologia do dengue possa ser semelhante da febre amarela, pr ter fase silvestre envolvendo outros mosquitos de gnero Aedes e, ainda, que outras espcies com habitat urbano-silvestre venham a ser a ligao entre o homem e o Aedes aegypti.

    Embora nenhuma teraputica especfica exista para o tratamento da doena, o diagnstico importante, ao menos para salvaguardar a sade pblica.

    1.5 - DOENAS TRANSMITIDAS PELO GADO

    1.5.1 - Brucelose uma zoonose que, em determinadas circunstncias,

    pode transmitir-se ao homem pelo gado bovino, suno, ovino, caprino e eqino. transmitida quando o agente infeccioso denominado brucella entra em contato com o homem, quer diretamente, atravs da urina, do leite e seus derivados, quer atravs do sangue e dos tecidos aps a matana, desde que os animais estejam infectados.

    Com referncia a brucelose humana no Brasil, os

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    inquritos efetuados atestam sua grande difuso. Em Belm do Par, segundo Cansey, 14 a 23 pr cento dos empregados em granjas e matadouros; em Macei, conforme Arajo Costa houve 11 pr cento; Cunha e Bifone; em 1948, encontramos em 10,6 pr cento dos empregados do frigorfico Armour.

    As espcies de Brucella que desempenham papel etiolgico na brucelose humana so Brucella molitensis, Brucella abortus e Brucella suis.

    Nas formas agudas a sintomatologia dominante consta de calafrios, febre, suores, dores, inapetncia, palidez, astenia (fraqueza orgnica) e emagrecimento.

    Nas formas crnicas adinamia ( um estado de prostrao fsica e/ou moral, debilidade geral, falta de foras), dores, inapetncia, palidez, emagrecimento, perda de memria, insnia noturna e sonolncia diurna, emotividade exagerada, ansiedade, loquacidade, fobias, apatia, hipoacusia (baixa audio), hipotenso arterial, frigidez sexual, choro fcil, constipao, hemorridas, adenopatias, nodosidades, hemorragias, anemia, dismenorria (corrimento doloroso e difcil menstruao), extrema sensibilidade ao frio, hipersensibilidade das mamas e dos testculos, tremores, etc.

    O suor de brucelose recende um odor comparvel ao da palha putrefata ou ao da urina do rato. Tamanha, s vezes, a intensidade do suor que impede o sono ou o repouso do doente obrigando-o a trocar de roupa repetidamente durante a noite.

    1.5.2 - Carbnculo O carbnculo uma zoonose produzida pela bactria

    carbunculosa (Bacillus anthracis, Bacterium), transmitida ao homem pelo animal ou seus produtos.

    bastante freqente em nosso meio devido ao desenvolvimento da indstria pecuria e, tambm, pr no se ter generalizado , suficientemente , as medidas de profilaxia (precauo) desta doena do gado. Da mesma forma no se deu importncia devida prtica de medidas profilticas nas indstrias cujo pessoal est particularmente exposto a contrair a doena (transporte e manipulao de couro, l, crina, cordas e outros produtos animais). O leite no transmite a doena.

    A Infeco cutnea pode decorrer do uso de produtos manufaturados, oriundos do animal doente, como pincel de barba.

    Nas zonas rurais e na grande maioria dos casos o homem se infecta ao tirar o couro de animais mortos pelo carbnculo.

    Varia entre 1 e 5 dias o perodo de incubao, que se mede pelo tempo decorrido entre o momento do contato infectante e o incio dos sintomas. No perodo de estado, a forma de maior freqncia, em nosso meio, a pstela maligna, que em geral nica, embora apaream, s vezes, duas ou trs ao mesmo tempo.

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    1.5.3 - Mormo Causado pelo Actinobacillus mallei, transmite-se em

    decorrncia das leses da pele, pelo contato com uma pessoa ou animal doente, como cavalo, mula ou jumento. A Transmisso tambm ocorre ingerindo-se carne do animal infectado ou levando-se a mo contaminada boca.

    1.5.4 - Tuberculose Bovina O tipo humano do Mycobacterium tuberculosis

    responsvel pr quase todos os casos de tuberculose pulmonar, enquanto o tipo bovino responsvel pela grande maioria dos casos extra pulmonares, como a tuberculose ssea.

    O leite da vaca infectada o principal responsvel pela disseminao da molstia.

    1.6 - DOENAS TRANSMITIDAS PELO RATO

    1.6.1 - Peste Bubnica Conhecida desde tempos quase imemorveis, a peste

    doena infecciosa aguda, de complexa epidemiologia, suma gravidade e singular interesse em Sade Pblica; zoonose primria de certos animais roedores urbanos e silvestres, deles transmissvel ao homem, principalmente , pela picada de pulgas infectadas.

    Seu agente infeccioso o bacilo Pasteurella pestis, que se transfere do rato doente ao homem pela picada das pulgas infectadas, sobretudo da espcie Xenepsylla cheopis, que infestam o roedor.

    Depois de 2 a 6 dias de incubao a doena se exterioriza como um processo infeccioso ou infecto-txico agudo e alarmante: febre alta desde o incio, calafrios, sudorese (transpirao excessiva), cefalia intensa, dores generalizadas, mialgias (reumatismo muscular), anorexia (inapetncia), nuseas, vmitos, diarria ou constipao, taquicardia, hipotenso arterial, mal-estar geral, etc. De pronto se compromete o estado geral, exibindo o doente fcies de ansiedade, conjuntivas injetadas, grande prostrao, patente desidratao, embotamento sensorial, agitao psicomotora, delrio, estado de choque, etc.

    1.6.2 - Tifo Exantemtico A Ricktysia prowazeki o germe causador da doena

    que transmitida ao homem atravs de pulgas(geralmente a Xenopsylla cheopis), que infestam certos ratos, principalmente o Rattus rattus e o Rattus norvegicus.

    A Transmisso tem lugar, desde que as pulgas infectadas defequem no ponto lesado da pele, aps a picada.

    1.7 - OUTRAS DOENAS

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    1.7.1 - Botulismo causado pr toxinas produzidas pelo Clostridium

    botulinum em alimentos enlatados, que no foram devidamente esterilizados.

    Ingerindo - se alimentos deteriorados sem coco prvia a temperatura capaz de destruir as toxinas, o organismo no tarda a reagir atravs de vmitos e descargas intestinais que , s vezes , ocorrem simultaneamente. Num estado mais avanado observa-se cefalia frontal, perturbaes visuais, sonolncia e miastenia.

    As salsichas e as carnes em conservas so as principais responsveis pela doena.

    1.7.2 - Dermatofitose Tambm conhecida pr tinha dos ps ou p-de-tleta,

    causadas pelo Epidremephyton floccesum e vrias espcies de Trichophiton.

    O homem contrai a doena desde que entre em contato com as leses cutneas dos indivduos vitimados ou com o piso onde o agente etiolgico esteja presente, sobretudo em banheiros.

    A transmisso freqente nos sanitrios das piscinas pblicas.

    1.7.3 - Difteria uma doena infecciosa aguda, contagiosa, que atinge

    ,de preferncia , as crianas at 10 anos de idade e constitui, em nosso meio, um srio problema de Sade pblica. Com efeito, embora em outros pases sua freqncia tenha diminudo muito graas ao emprego sistemtico da vacinao antidiftrica, no Brasil sua presena ainda considervel e , infelizmente, acompanhada de aprecivel mortalidade.

    O agente etiolgico da difteria o Corymebacterium difterial, isolado em 1884, que se transmite pr contgio ou atravs de objetos contaminados pelas secrees das mucosas do nariz, da faringe e das leses cutneas. A doena tambm pode ser transmitida pelo leite.

    1.7.4 - Tracoma Trata-se de molstia infecto-contagiosa especfica da

    conjuntiva e da crnea de evoluo insidiosa, lenta e afebril, determinada pr vrus filtravel. Acomete, em geral, ambos os olhos. As secrees dos olhos, contendo o vrus, podem provocar a transmisso da doena diretamente, ou atravs de fmites, podendo at causar a cegueira.

    1.7 5 - Tripanossemase Americana Tambm conhecida por doena de Chagas, causada

    pelo protozorio Trypanossoma cruzie e transmitida pr um inseto

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    denominado barbeiro. Contraindo a Infeco de um indivduo ou de um animal

    doente, o barbeiro pode vitimar uma pessoa, desde que nos pontos de picada elimine suas fezes infectadas.

    As frestas das construes pobres, como as de taipa, oferecem abrigo aos barbeiros que fogem da luz. noite que saem do esconderijo para sugar o sangue das pessoas.

    O diagnstico baseia-se em dados epidemiolgicos (procedncia do paciente, tipo de Habitao, etc.) e em um conjunto de manifestaes mais ou menos caractersticas, tais como: febre, edema (acmulo patolgico de lquido proveniente do sangue em qualquer tecido ou rgo), hipertrofia ganglionar e esplenomegalia (hipertrofia do bao).

    1.8 - MEDIDAS PREVENTIVAS DE CARTER DOMSTICO A sade dos maiores patrimnios que possumos e,

    portanto, preserv-la dever de todos. Ao Poder Pblico cabem as medidas de maior alcance,

    mais efetivas, e de ao mais duradoura, atravs de servios de abastecimento d'gua, de coleta de esgoto e de lixo, de hospitais, de mercados e matadouros higinicos, etc. Nem sempre tais medidas atingem o cidado que deve estar preparado, pr iniciativa prpria, para cuidar de sua sade.

    J que as molstias cujos agentes etiolgicos so eliminados com os excretas se responsabilizam pelos maiores danos causados sade, todo o cuidado deve ser tomado para preveni-las quebrando-se as cadeias de transmisso.

    Para evitar a contaminao das mos a limpeza aps as necessidade fisiolgicas deve ser feita com o devido cuidado, para o que as crianas podem ter a necessria orientao.

    Para evitar que as mos sejam contaminadas pelos excretas lanados no terreno, as crianas devem ser orientadas e fiscalizadas em seus folguedos fora de casa.

    A passagem de germes patognicos diretamente para a boca, atravs das mos contaminadas, pode ser impedida desde que sejam eliminadas, nas crianas, as manias de chupar dedo, roer unha, etc., e se faa a lavagem correta das mos, sobretudo antes das refeies, quando deve constituir um hbito.

    A lavagem com gua potvel dos alimentos ingeridos crus, como frutas e verduras, a coco adequada dos demais e a fervura de leite so de grande importncia para impedir a penetrao dos germes patognicos pr via oral.

    Os excretas no devem ficar expostos s moscas. Quando evacuados em recipientes, estes devem ser mantidos tampados ou cobertos.

    Para evitar que os excretas sejam lanados superfcie do terreno, no meio rural ou em reas no atingidas pelos sistemas urbanos de esgotos, instalam-se os diversos tipos de privadas e fossas spticas, as quais, quando sanitariamente bem construdas, impedem o acesso das moscas aos excretas, ou

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    que estes contaminem os alimentos , o solo e a gua.

    A gua poluda pr excretas deve receber tratamento domstico adequado para ser usada como bebida e no contaminar os alimentos. Para evitar a esquistossomose, no se deve permitir o banho em rios e lagoas infestadas pelas cercarias (fase da esquistossomose).

    Torna-se oportuno esclarecer que deve ser rejeitado qualquer enlatado intumescido pois isto evidencia o envenenamento de seu contedo pelo Clostridium Botulinum .A deformao da lata decorre dos gases produzidos pelo alimento deteriorado. A toxina causadora do botulismo to poderosa que pode provocar a morte de uma pessoa no simples ato de provar o alimento suspeito.

    Havendo falta de gua potvel para mitigar a sede, recomenda-se a mineral engarrafada, de preferncia gaseificada, desde que h quem suspeite da autenticidade daquela desprovida de gs. Para beber uma gua contaminada, deve-se submet-la previamente fervura, durante 15 minutos, no mnimo, findo os quais todos os germes patognicos porventura presentes estaro mortos. Aqueles que dispuserem de comprimidos de halazone, eficiente composto de cloro, ou similar, podero desinfetar a gua com facilidade. Gotas de iodo e gua sanitria podem, tambm, ser utilizadas em doses convenientes.

    Doenas transmitidas por mosquitos, caso da malria, podem ser evitadas com o uso de mosquiteiros e repelentes .Dentre os repelentes usados sobre a pele que por odor afastam os mosquitos, destacam-se o leo de citronela (designao cientifica da erva cidreira), o querosene, o suco de limo e uma mistura de essncias de cnfora (substncia cristalina extrada de vrios vegetais), leo de cedro, vaselina lquida e citronela, mistura esta de ao mais prolongada.

    Devem ser evitadas capas de cama e toalhas j usadas pr outras pessoas, principalmente , se em regies onde impera o tracoma.

    1.9 - MEDIDAS PROFILTICAS Neste item so consideradas as medidas que visam a

    preservar a sade da coletividade que tm lugar quando se manifestam casos de doenas. So elas: Imunizao , Quarentena, Notificao , Diagnostico , Isolamento , Tratamento , Desinfeco e Desinfestao .

    1.9.1 - Imunizao A imunidade pode ser conferida contra algumas

    doenas, pr certo perodo de tempo, atravs da vacinao, ou

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    seja, da inoculao no organismo de germes da prpria doena que pretendemos evitar, controlados quanto sua quantidade e virulncia, a fim de produzirem to somente os anticorpos desejados.

    Que no se confunda vacina com soro. Enquanto a vacina aplicada no indivduo sadio para proteger-lhe a sade, atravs dos anticorpos cuja formao ela provoca, o soro j os contm, fornecendo-os diretamente para uma ao imediata na cura da doena.

    1.9.2 - Quarentena o cerceamento da liberdade de movimento de pessoas

    que ficaram expostas ao perigo de uma doena. mantida durante o tempo correspondente ao mximo perodo de incubao da doena a fim de proteger as pessoas que no se expuseram.

    Pelo Regulamento Sanitrio Internacional, subscrito pelo Brasil, destacam-se como quarentenveis a febre amarela, a peste e a varola.

    1.9.3 - Notificao a comunicao oficial, feita autoridade

    sanitria local, da ocorrncia de uma doena. Algumas doenas , cuja relao varia de pais para pais,

    esto sujeitas a notificao compulsria. No Brasil temos ,entre outras, a coqueluche, difteria, febre amarela, febre tifide, hepatite infecciosa, lepra, malria, meningite meningoccica, peste, poliomielite, raiva, sarampo, sfilis, ttano, tracoma, tuberculose e varola.

    1.9.4 - Diagnstico Aps a notificao contendo nome, sexo, idade e

    residncia do doente, este submetido a exame clnico para serem observados os sintomas da molstia. Em certos casos impem-se anlises de laboratrio para evidenciar a presena do agente etiolgico no sangue, no escarro, no pus, na urina ou nas fezes do doente.

    1.9.5 - Isolamento Havendo confirmao da doena atravs do diagnstico,

    feita a segregao do doente durante o perodo de transmissibilidade de modo a proteger as pessoas ss. O isolamento pode ser feito em hospital apropriado ou em casa. Neste caso, reserva-se um quarto exclusivamente para o enfermo e para a pessoa que cuida dele.

    1.9.6 - Tratamento feito atravs de medicamentos especficos que variam

    com a doena, como soros, produtos qumicos e antibiticos.

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    1.9.7 - Desinfeco a destruio por agentes fsicos ou qumicos de

    microorganismo patognicos situados fora do organismo. A desinfeco concorrente tem lugar durante a doena

    atuando sobre os elementos expelidos pelo organismo, enquanto a desinfeco terminal atua sobre o ambiente e as roupas de uso pessoal do doente aps a remoo deste.

    1.9.8 - Desinfestao a destruio, por qualquer processo fsico ou

    qumico, de pequenos animais indesejveis presentes no corpo de uma pessoa, em suas roupas ou em seu meio ambiente.

    1.10 - ESQUISTOSSOMOSE H muitos sculos que o homem vem sendo vtima

    dessa crnica e insidiosa molstia como comprovam algumas mmias do antigo Egito nas quais ovos dos pequenos vermes parasitas foram encontrados.

    Hoje em dia sabe-se que causada pr trs espcies de vermes que se alimentam do sangue humano, quais sejam : o Shistosoma haematobium, o Shistosoma mansoni e o Shistosoma japonicum.

    A esquistossomose constitui um dos maiores problemas de sade pblica nas regies tropicais onde se encontram afetados cerca de 180 milhes de seres humanos .No Brasil, em particular, onde se realaram as pesquisas do Professor Piraj da Silva, baiano de nascimento, quase se limitava s regies litorneas dos estados nordestinos. Hoje, espalham-se inclusive pelo sul, como So Paulo e Rio de Janeiro, merc dos movimentos migratrios.

    A doena ataca o homem sem que, de incio, seus sintomas sejam percebidos. As manifestaes clnicas se desenvolvem gradualmente. Nas fases avanadas citam-se a debilidade do organismo, perda de peso, diarrias, desnimo e, progredindo a doena, inchao do fgado, hipertenso portal complicaes pulmonares ou cardacas. Quando os minsculos ovos so depositados na parede vesical ou prximo da uretra causam mico dolorosa com produo de sangue na urina.

    Sabe-se, atualmente, que a esquistossomose pode ser fatal, especialmente se suas vtimas so adolescentes ou adultos jovens.

    Curioso que os vermes no se multiplicam no interior do corpo humano de modo que a gravidade de doena depende de quantos penetram no organismo, da freqncia das penetraes e, nestas, da proporo entre machos e fmeas, que, sem dvida, so mais perigosas por depositarem ovos.

    O ciclo de vida da esquistossomose comea na eliminao de ovos atravs das fezes e da urina do doente. Ao

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    atingirem rios, lagos, lagoas canais de irrigao, etc., os ovos rompem-se para dar sada as larvas (miracdios) que, na gua, sobrevivem durante 72 horas, aproximadamente.

    Se, nesse intervalo de tempo, as larvas encontram determinados tipos de caramujos, neles penetram e se desenvolvem, produzindo cada uma, durante um ms, atravs de sucessivas geraes, aproximadamente 200 mil cercarias que constituem outra fase de vida do esquistossoma. As diminutas cercarias abandonam o caramujo e passam a nadar na gua, que ento se torna perigosa para o banho, lavagem de roupa, etc. Se, durante 72 horas em que podem sobreviver, as cercarias entram em contato com o corpo humano , nele penetram atravs da pele, provocando uma coceira caracterstica de pequena durao .A doena tambm pode ser contrada pela ingesto da gua.

    No h dvida de que o combate ao caramujo, hospedeiro intermedirio do esquistossoma, a medida mais efetiva na luta contra a doena. Embora seu ambiente natural seja a gua, os caramujos tm condies de sobreviver fora dela, alguns mesmo atravessando sete meses de estio, no seco, escondidos nas margens de riachos temporariamente extintos.

    A velocidade e a temperatura adequada da gua e, nesta, a presena de vegetao e alimentos orgnicos apropriados, sem dvida , concorrem para a proliferao dos caramujos. por isso que sua destruio pode decorrer de alteraes na ecologia da gua. Os resultados mais positivos, todavia, decorrem do uso de moluscocidas, os quais devem ser aplicados durante os perodos chuvosos quando os caramujos se expem.

    A doena tambm pode ser combatida atravs do destino conveniente dos excretas humanos, que no devem atingir os mananciais de gua. Para tanto, nas zonas rurais deve ser generalizado o uso de privadas higinicas.

    Outra medida preventiva a construo de banheiros, lavanderias e chafarizes pblicos, providas de gua potvel, nas regies onde a doena seja endmica.

    Pesquisas realizadas na Venezuela vieram demonstrar que as cercarias so capazes de atravessar a areia dos filtros lentos usados no tratamento da gua. Em contraposio, as mesmas cercarias , podem ser retidas nos filtros de diatomita ou destrudas quando a gua submetida a bombeamento.

    O tratamento do doente, sem dvida, tambm concorre para o controle da esquistossomose. Se o diagnstico feito no devido tempo a cura garantida.

    1.11 - MALRIA A malria, ou impaludismo, ainda constitui

    srio problema de sade pblica. uma doena transmitida por cerca de sessenta espcies diferentes de mosquitos Anopheles que injetam na corrente sangnea do ser humano, atravs da picada, um parasito do gnero Plasmodium extrado de pessoa j vitimada.

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    Detalhe curioso que somente o mosquito fmea se alimenta de sangue humano e, portanto, somente ele responsvel pela disseminao da doena que prevalece sobretudo nas zonas tropical e subtropical.

    Quando adulto o mosquito deposita ovos na superfcie da gua. Um dia depois os ovos do origem s larvas que possuem na cauda um tubo respiratrio. Estas larvas alimentam-se de organismos diminutos e matria orgnica e, ao atingirem cerca de 3mm de comprimento, decorridos cinco dias no mnimo, transformam-se em pupas (ninfas), que tm forma de vrgula e possuem apenas cabea e cauda. No se alimentam, porm respiram por meio de dois tubos em forma de chifre, no mais situados na cauda e sim na cabea. Aps um ou dois dias as ninfas fendem-se para dar sada ao mosquito alado que flutua por alguns instantes antes de alar vo.

    No combate ao mosquito, em forma de larva ou ninfa, destacam-se a petrolagem, os larvicidas, os peixes larvfagos e, em primeiro plano, a drenagem nas diversas modalidades, que, em ltima anlise, previne ou desfaz a estagnao da gua.

    A petrolagem, indicada para guas que no podem ser drenadas, nem constituem viveiros de peixes, visa a destruir as larvas e ninfas com a obstruo de seus tubos respiratrios por uma pelcula sobrenadante, uniforme e contnua, feita de substncia apropriada, preferentemente txica, lanada na superfcie lquida.

    Dentre as substncia utilizadas na petrolagem cotam-se o querosene, os leos crus e o leo usado do crter. As substncias usadas na petrolagem so lanadas na superfcie da gua pr meio de aspersores.

    Quanto aos larvicidas, so substncias txicas que destroem as larvas. Estas morrem em contato com a gua envenenada ou ao alimentar-se de detritos nela presente afetados pelo txico.

    As larvas so, tambm , destrudas pelos peixes larvfagos que devem ser de pequeno tamanho, carnvoros, prolficos, rsticos e adaptveis a vrios tipos de gua a fim de propiciarem bom resultado . preciso que os peixes utilizados numa campanha antilrvica a tornem econmica, a razo pela qual devem reproduzir-se intensamente para que existam em nmero suficiente pr muito tempo. Alm do mais, sendo rsticos e adaptveis a vrios tipos de gua, maior ser o sucesso da campanha.

    Estudos realizados anos atrs, no antigo Estado da Guanabara, acabaram por mostrar ser o barrigudinho sarapintado (bebistes reticulatos) o que melhor atendia aos requisitos dos peixes larvfagos.

    Na luta contra o mosquito alado, o homem conta com a ajuda limitada de pssaros, liblulas e morcegos, inimigos naturais dos dpteros.

    A destruio sistemtica dos mosquitos feita

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    atravs de inseticidas como DDT, cuja ao deletria diminui medida que a resistncia das novas geraes vai crescendo, manifestao indubitvel do instinto de conservao que vem concorrendo para a preservao da espcie.