Schreber parte ii

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Apresentação de Trabalho III – Sobre o mecanismo da Paranóia

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Apresentação de Trabalho

III – Sobre o mecanismo da Paranóia

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“No descomeço era o verbo.Só depois é que veio o delírio do verbo.

O delírio do verbo estava no começo, lá onde acriança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.A criança não sabe que o verbo escutar não

funcionapara cor, mas para som.

Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.”

(MANOEL DE BARROS)

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Ao introduzir o capítulo III, Freud diz "que caracteristicamente paranóico na doença foi o fato de o paciente repelir uma fantasia de desejo homossexual, ter reagido precisamente com delírios de perseguição desta espécie." (Freud, 1996, p.67)

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A partir dessas informações pode-se afirmar que os seres humanos "são levados pela experiência a atribuir às fantasias de desejo homossexuais, uma relação íntima com essa forma de enfermidade." (Freud, 1996, p.67).

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As características notáveis no início da paranóia, para os homens em particular, são as humilhações e desconsiderações sociais, mas se buscar a fundo sobre o assunto, pode-se perceber que o que é realmente eficaz nesses transtornos “sociais está na parte que nelas se desempenham os componentes homossexuais da vida emocional.” (Freud, 1996, p.68). É necessário ressaltar que enquanto um indivíduo age normalmente no meio social, pode-se duvidar de que suas relações tenham algo a ver com a sexualidade. Schreber, até o momento antes de adoecer, não havia apresentado nenhum tipo de homossexualidade.

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Portanto, pode-se concluir que o centro do conflito, no que se refere aos casos de paranóia em indivíduos do sexo masculino, é a fantasia do desejo homossexual, de amar um homem. Esta conclusão só pode ser feita após a investigação de inúmeros casos de toda espécie de distúrbio da paranóia. Tendo, então, de se preparar para um único tipo de paranóia.

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As principais formas de paranóia conhecidas podem ser todas representadas como contradições da proposição única “eu (um homem) o amo (um homem)”, e que na verdade, exaurem todos as maneiras possíveis em que tais contradições poderiam ser formuladas.

- A proposição “eu (um homem)” o amo e contraditório por:Delírios de perseguição - levado por suas convicções delirantes o psicótico recrimina os que o rodeiam pelas intenções explicitas ou implícitas.Exemplo: Eu não o amo- Eu o odeio. Essa contradição que deve ter sido anunciada assim no inconsciente, não pode tornar-se consciente na paranóia sob essa forma. - Outro elemento é escolhido para a contradição na erotomania, que permanece totalmente ininteligível sob qualquer outro ponto de vista.

Exemplo: “Eu não o amo - Eu a amo.

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Outra modalidade pela qual a proposição original pode ser contradita por delírio de ciúme, que podemos estudar nas formas características sob que aparecem em cada sexo

- Delírios alcoólicos de ciúme: o papel desempenhado pelo álcool nesse distúrbio, e sob todos os aspectos inteligível.

Exemplo: Eu um homem, amo um homem.

- Os delírios de ciúme nas mulheres: são exatamente análogos.

Exemplo: “Não sou eu quem ama as mulheres - ele as ama”.

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Pode-se supor que a proposição é composta de três termos:

-Delírio de ciúme; contradiz o sujeito.

-Delírio de perseguição; contradiz o predicado.

-Erotomania; contradiz o objeto.

Porem é possível um quarto tipo de contradição, a qual o sujeito rejeita a proposição como um todo.

Exemplo: Não o amo de modo algum - não amo ninguém.

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A característica mais notável da formação dos sintomas na paranóia é a projeção. Essa por sua vez é suprimida e ao invés, seu conteúdo, após sofrem certo tipo de deformação ingressa na consciência sob forma de percepção externa. Assim no delírio de perseguição a uma transformação do afeto, o deveria ser sentido internamente com o amor é percebido externamente como ódio.

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O processo de repressão na paranóia encontra-se vinculado á história do desenvolvimento da libido e á disposição ou forma a que ele dá origem, do que a maneira pela qual se da à formação dos sintomas. Ao examinar mais de perto a “repressão” podemos distinguir esse processo em três fases ou momentos:

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A fase inicial é marcada pela fixação que se apresenta como precursora e condição para a emergência de toda “repressão”. Fixação é um processo no qual determinado instinto ou componente instintual deixa de acompanhar os demais ao longo do caminho normal previsto de desenvolvimento, em consequência desta inibição em seu desenvolvimento, é deixado para trás, num estádio mais infantil.

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A fase segunda se apresenta como a repressão propriamente dita. Fase que provém dos sistemas desenvolvidos do ego __ sistemas capazes de serem conscientes, que pode ser descrita como um processo de “pós-pressão”. Podem sofrer repressão os derivados psíquicos dos instintos retardados originais, quando estes se reforçam e entram em conflito com o ego, querem tendências psíquicas que, por outras razões, despertaram uma forte aversão. Esta aversão, por se própria, não conduz a repressão, a menos que haja alguma vinculação estabelecida entre as tendências indesejáveis que têm de ser reprimidas e aquelas que já foram.

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A terceira fase consiste no fracasso da repressão, da irrupção, do retorno do reprimido. Esta irrupção toma seu impulso do ponto de fixação, implica uma regressão do desenvolvimento libidinal a esse ponto. A luz do conceito da repressão Freud posteriormente propõe a investigação e a análise do caso Schreber, no que tange o mecanismo de repressão propriamente dita predominante na paranóia.

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Schreber ‘Não posso evitar reconhecer que, considerado externamente. Tudo está como costumava ser. Se, todavia, não pode ter havido uma profunda mudança interna é uma questão a que retomarei mais tarde’ (84-5). O fim do mundo é a projeção dessa catástrofe interna; seu mundo subjetivo chegou ao fim, desde seu retraimento de seu amor por ele.

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O paranóico reconstrói esse mundo quebrado e destruído, segundo Freud não mais esplendido, ou talvez até mais. Ou seja, o constrói de maneira a poder viver nele novamente. Constrói-o com o trabalho de seus delírios. A formação delirante, que presumimos ser o produto de uma patologia, é na verdade, a tentativa de restabelecimento ou uma reconstrução.

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Tu o destruíste,O belo mundo,

Com punho poderoso!Em ruínas foi derrubado,

Pelo golpe de um semideus despedaçado!

Mais poderosoPara os filhos dos homens,

Mais esplêndido,Constrói-o novamente,

Em seu próprio seio constrói-o de novo!

GOETHE, Fausto, Parte I, Cena 4.

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Considerações finais:

O desligamento da libido não pode, em si próprio, ser o fator patogênico na paranóia, tem de haver alguma característica especial que distinga o desligamento paranóico da libido dos outros tipos. Esta característica seria na paranóia concluída da seguinte maneira: a libido liberada vincula-se ao ego e é utilizada para o engrandecimento deste. Faz-se assim um retorno ao estádio do narcisismo (que reconhecemos como estádio do desenvolvimento da libido), no qual o único objeto sexual de uma pessoa é seu próprio ego.

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Logo, os paranóicos trouxeram consigo uma fixação no estádio do narcisismo, e podemos asseverar que a extensão do retrocesso do homossexualismo sublimado para o narcisismo que constitui medida da quantidade de regressão característica da paranóia.

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Objeção igualmente plausível pode-se basear na história clínica de Schreber, pois se pode alegar que os delírios de perseguição (que eram dirigidos contra Flechsig) inquestionavelmente surgiram em data anterior à da fantasia de fim do mundo. Mas o fato é que o desligamento da libido em relação à figura de Flechsig pode ter constituído o elementar no caso de Schreber; foi imediatamente seguido pelo aparecimento do delírio, que trouxe a libido de volta novamente para Flechsig (embora com sinal negativo, para assinalar o fato de que a repressão se efetuara) e anulou assim o

trabalho da repressão.

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No caso de Schreber podemos avaliar a quantidade de sublimações transformadas em ruínas pela catástrofe do desligamento geral da libido, diante as engenhosas construções erigidas pelo delírio de Schreber no campo da religião – a hierarquia de Deus, as almas provadas, as antes-salas do Céu, o Deus inferior e o superior.

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No quadro clínico como de Schreber pode ocorrer, e merecer o nome de demência paranóide, a partir do fato de que, na produção de uma fantasia de desejo e de alucinações, ele apresenta traços parafrênicos, enquanto que, na causa ativadora, no emprego do mecanismo da projeção, e no desfecho, exibe um caráter paranóide.

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Outro dado importante de Schreber que devemos mencionar aqui, são os ‘raios de Deus’ de Schreber, que se constituíam de uma condensação de raios de Sol, fibras nervosas e espermatozóides, nada mais são, na realidade, que uma representação concreta e uma projeção para o exterior de catexias libidinais, e emprestam assim a seus delírios uma conformidade marcante com nossa teoria.

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REFERÊNCIAS:

FREUD, Sigmund. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud : v.12: O caso de Schreber, artigos sobre técnica e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago, [1996]. 463p.

BARROS, Manoel de. O livro das ignorãças. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. 103p.

ZÉ, Tom. Ui! (Você inventa). In: CALLIGARIS, Bete. Um Tom do Zé. Independente, 2001. Faixa 11. CD.

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Integrantes do Grupo

Caroline de Cássia Guilherme Tássia F. de Souza Oliveira Thamara Rodrigues Arantes Thamires Cristina da Silveira

Professora: Silvane Carozzi Psicopatologia Geral II 6º Período.

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Obr igada pela at enção.

Fim!