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abcdefghijklmnopqrstuvwxyyz Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 8 - nº 68 - Junho/2007 Distribuição Gratuita Paulo de Tarso Nesta edição: Influência dos Meios de Comunicação O Corpo e a Alma Vencendo os Obstáculos do Preconceito O que Doar Primeira parte Primeira parte

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Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 8 - nº 68 - Junho/2007Distribuição Gratuita

Paulode

Tarso

Nesta edição:Influência dos Meios de Comunicação

O Corpo e a Alma

Vencendo os Obstáculos do Preconceito

O que Doar

Primeira partePrimeira parte

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EditorialSeareiro

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editorial

Publicação MensalDoutrinária-espírita

Direção e Redação

Endereço para correspondência

Conselho Editorial

Jornalista Responsável

Diagramação e Arte

Impressão

Tiragem

Ano VIII - nº 68 - Junho/2007Órgão divulgador do Núcleo de

Estudos Espíritas Amor e EsperançaCNPJ: 03.880.975/0001-40

CCM: 39.737

Seareiro é uma publicação mensal,destinada a expandir a divulgação dadout r ina espí r i ta e manter ointercâmbio entre os interessados emâmbito mundial. Ninguém estáautorizado a arrecadar materiais emnosso nome a qualquer título.Conceitos emitidos nos artigosassinados refletem a opinião de seurespectivo autor. Todas as matériaspodem ser reproduzidas desde quecitada a fonte.

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12.000 exemplaresDistribuição Gratuita

Nesta oportunidade, não poderíamos deixar de tecer comentários sobre a visita doPapa Bento XVI ao Brasil.

Muito grande foi a divulgação pela imprensa.Muitos queriam vê-lo ou tirar uma foto.Milhões de pessoas seguiram todos os detalhes da visita pela televisão, mas,

infelizmente, poucos prestaram atenção nas mensagens trazidas através dos textoslidos nas solenidades em que ele esteve presente.

Principalmente quando o assunto abordado era a família, onde frisou-se aimportância da fé cultivada dentro do lar e a crítica, mais do que correta, aos meios decomunicação que denigrem a instituição familiar através da idéia do sexodesenfreado sem o respeito aos compromissos familiares firmados entre os cônjuges.

Deixamos de aproveitar as boas oportunidades para refletirmos sobre assuntossérios e importantes e acabamos prestando atenção às futilidades que a vaidade e oorgulho dos homens tanto gostam que sejam divulgados.

Outro, dos vários temas abordados pelo Papa, é a qualidade da fé. Neste tópico, oEspiritismo, desde a sua codificação por Allan Kardec, já esclareceu o seguinte: “A fécega nada examina, aceitando sem controle tanto o falso como o verdadeiro e, a cadamomento, choca-se contra a evidência e a razão.”

E ainda: “A fé necessita de uma base e esta base é a compreensão perfeita daquiloem que se deve crer. Para crer, não basta ver. É necessário, sobretudo,compreender.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XIX, item 7)

Não devemos ficar procurando que multidões encham os nossos templosreligiosos. De que adianta uma multidão com uma fé cega? Precisamos levar oesclarecimento aos que procuram a religião, através da explicação da mensagem deamor de Jesus.

Nós, espíritas, temos ainda uma recomendação deixada pelo Espírito de Verdade:“Espíritas! Amem-se, eis o primeiro ensinamento; instruam-se, eis o segundo.” Estainstrução sobre as leis divinas trará luz sobre a nossa fé, para que ela sejaraciocinada.

Diante destes assuntos abordados, não nos iludamos com a promessa desalvação através de atos exteriores com a prática de rituais que não mudam osnossos sentimentos inferiores, que trazemos arraigados em nosso espírito.

Tomemos as rédeas de nossa vida com mais consciência e conduzamos nós anossa vida, não depositando as nossas responsabilidades nos outros, sejam elessacerdotes religiosos ou não.

“Conheça a Verdade e ela te libertará” e “Fora da caridade não há salvação”. Estassão as máximas cristãs.

Equipe Seareiro

Grandes PioneirosAtualidadeClube do LivroCantinho do Verso em Prosa

FamíliaTema LivreKardec em EstudoTerceira IdadeSonhosContosLivro em Foco

: Paulo de Tarso - Primeira Parte - Pág. 3: O que Doar - Pág. 13

: Romance Andaluz - Pág. 13: Carta aos Investigadores do Espiritismo -

Pág. 14: Influência dos Meios de Comunicação - Pág. 15

: Nossa Parte - Pág. 15: Marcha do Progresso - Pág. 16

: Vencendo os Obstáculos do Preconceito - Pág. 17: O Corpo e a Alma - Pág. 17: A Felicidade - Pág. 18

: Justiça Divina - Pág. 19

ÍNDICE

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Cilícia, província romana, tendo como capital a cidade deTarso. Essa importante capital era regada pelas águas doCydnus, por onde subiam e desciam os navios vindos doMediterrâneo.

A província de Cilícia e a capital tornavam-se um pólocomercial importante para seus habitantes, pois eraminúmeras as caravanas de camelos que transportavamfardos de pêlos de cabras, de algodão e de cereais, queeram negociadas, sendo esse meio de trabalho maiscomum entre os povos helenos romanos do Ocidente e acivilização semita-babilônica do Oriente. A navegaçãofluvial da época mantinha assim um intercâmbio comercialentre o litoral e o interior. Fora Atenas e Alexandria, Tarsorepresentava a prosperidade. Também era o centro dacultura helênica-romana, orgulho dos povos hebraicos.

Nessa época, ainda existiam em Tarso obras públicas degrande valor histórico. Foram realizadas pelo pró-cônsulCícero, tribuno discutidíssimo pela energia com quedefendia seus ideais. Dentre essas obras, vistas pelosprofessores e historiadores como magistrais patrimôniospelo que representavam, estavam citadas: reclinada em seutrono em magnífica exuberância, Cleópatra e seu amadoMarco Antônio; entre as cachoeiras do rio Cydnus, ummarco das batalhas onde Alexandre Magno fora derrotado;logo após, o rei Dario da Pérsia fulminado pela espada ederrotado tragicamente pela traição de seus aliados. Essespontos históricos pertenciam aos descendentes dos gregos,romanos, sírios, persas, fenícios, que deixaram seus rastrosde passados reencarnatórios.

Por essa época, a humanidade nem sonhava com osacontecimentos futuros. Mas aqueles que seriam osenviados de Deus, para transformação religiosa e culturalda vida do homem, já viviam em lugares diferentes. Umdeles, Saulo, nascido na mencionada capital da Cilícia,Tarso. Pertencia ele a uma família de judeus, da seitafarisaica.

Do outro lado, entre a bucólica natureza em Nazaré, umlindo menino de pais pobres, conhecido pelos habitantescomo o “filho do carpinteiro”.

Saulo era um menino de saúde frágil, mas, como herdeirode família judia, tinha todo o acompanhamento da seita,portanto, crescia sem maiores preocupações pelo ladopaterno.

Mas, tanto de um lado, como de outro, essas duascriaturas seriam o marco eterno de poderosos focos que aEspiritualidade Divina faria surgir sobre a Terra.

“O filho do carpinteiro, Jesus de Nazaré, operário doAmor”.

Paulo de Tarso, tecelão.Confiou-lhe Jesus a transformação, para ensinar aos

homens do mundo a fé e a perseverança ao enfrentar seuspróprios preconceitos.

Fora Saulo criado rigidamente pelo seu pai. Não háregistros sobre seu lado materno. Teve, porém, muitocarinho e afagos em sua tenra idade, de sua irmã, casada, ecriando Saulo junto a seu filhinho, sendo esse sobrinho deSaulo, mas criados como irmãos.

Desde os cinco anos foi ele levado a aprender toda asíntese sobre a lei mosaica. Nos anos que se seguiram foiele avançando nos estudos, sendo a preferência sobre ahistória de Israel, com revelações sobre serem os judeus opovo escolhido.

Após seus doze anos e o desabrochar da juventude, foiele aprender os “preceitos divinos”, com Gamaliel, emJerusalém. Teve também que aprender o ofício de tecelão.Era um dos dispositivos da lei mosaica, que todo rabi teriaque seguir uma carreira e Saulo era já consagrado a setornar um rabi. Portanto, para enfrentar algumanecessidade e ganhar seu sustento, precisaria ter umaprofissão e o mais comum entre eles era saber usar o tear.Para Saulo isso era-lhe familiar porque o pai possuíapequena oficina, onde outros jovens da mesma idade deSaulo compartilhavam esse aprendizado.

Os rabis dessa época seguiam as escolas teológicas deseus fundadores. De um lado, a Escola Hillel, a cujosensinamentos Gamaliel fora fiel, por ter, desde criança,seguido seu avô Hillel.

Gamaliel possuía um grande carisma entre o povo. Erade espírito tolerante, conciliador e sempre pronto a orientaras criaturas com palavras sensatas. Dizia aos doutos dacultura e da inteligência, quando ocupava a tribuna: “Se aobra, seja qual for, vier do homem, tenham a certeza que elaruirá; se, porém, vier de Deus, ninguém a destruirá. Sóacontecerá se o homem se opuser ao próprio Deus.” (AtosdosApóstolos)

Sentia-se, por essa afirmação, que Gamaliel era umsecreto discípulo de Jesus. Esse foi, portanto, o mentor deSaulo. Foram essas sementes lançadas em seu coraçãoainda jovem, embora viera ele com um espírito de ideaisopostos a Gamaliel. Mas fora o preparo para o grandedespertar na estrada de Damasco.

Do outro lado estava a Escola de Chammai. Seusseguidores eram rígidos. Os princípios adotados eramcompletamente opostos aos de Gamaliel, isto é, da Escola

Grandes Pioneirosgrandes pioneiros

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 3

Paulo de TarsoPaulo de Tarso

Litoral ao arredor da cidade de Tarso, Turquia.

Primeira Parte

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de Hillel. Os conceitos ortodoxos eramdescaridosos e de estreita visãoreligiosa. Defendiam teses teológicas,com mãos de ferro e sem coerência,pois algumas vezes pregavam aosdoutos causas que lhes pareciam muitopueris e contraditórias.

Para Saulo havia um conflito interior,admi rava pro fundamente seuprofessor, Gamaliel, mas suastendências rígidas eram mais próximasàs da Escola de Chammai. Achavaperigoso o liberalismo conciliador edóc i l de Gama l i e l . Sau lo j ádemonstrava seu descontentamentoquando ouvia falar sobre as pregaçõesde um certo Jesus de Nazaré. Essescomentários, ouvia-os vagamente deGamaliel, que era muito prudente, masvinham mais do próprio povo.

Terminados seus estudos emJerusalém, Saulo despediu-se doMestre Gamaliel. Abraçaram-se,cheios de saudades, que naturalmente seriam sentidas pelojovem Saulo. Outra despedida sentida por ele fora a dedeixar sua irmã, que ocupava lugar especial em seucoração. Sempre fora ela conciliadora, quando vez por outraele se mostrava rude e intransigente, perante o únicosobrinho, em suas ações infantis.

Regressava Saulo para Tarso. Contava, por essa época,trinta anos de idade, como doutor da lei. E Jesus, cada vezmais, surgia como médico das almas.

O tempo transcorria célere.Saulo ocupava-se cada vez mais de seus propósitos de

seguir as leis estabelecidas nas sinagogas. Sua voz erafluente e persuasiva. Disciplinado em seu trabalho,respeitado pelos doutos. Como rabi, defendia seusconceitos através do Torah, livro das Sagradas Escriturasdos hebreus. Para ele, assim como para todos os israelitas,a Bíblia era o maior tesouro da vida humana e religiosa.

Numa determinada ocasião, começaram a propalar-sepela Cilícia fatos ocorridos na Palestina, mais precisamenteem Jerusalém.

Diziam que um certo Nazareno, filho de um carpinteirochamado José, fora crucificado. Comentavam que teria sidoele perigoso em suas pregações, pois ensinava a igualdadeentre as criaturas, causando com isso tremenda agitaçãoentre a corte e os escravos. Era uma religião que contradiziaem vários pontos a Lei de Moisés e, ainda mais, espalhava-se a notícia que seus seguidores, chamados por Ele deapóstolos tinham-nO visto ressuscitado.

Viam o movimento crescer e diziam a Saulo que eragrande o número de israelitas dos bairros pobres quetinham se unido ao movimento do Nazareno e, àsescondidas, procuravam ouvir as pregações feitas pelosadeptos, chamados de cristãos.

Entre esses um levita de Chipre, cujo apelido eraBarnabé, havia vendido suas propriedades e oferecido oproduto da venda à comunidade que se formara em defesada causa do Crucificado.

Muitos comentários chegavam aos ouvidos de Sauloque, a princípio, pouco dera atenção, porém à medida quevários amigos chegados de Jerusalém lhe contavam dascuras e outros prodígios feitos pelo “carpinteiro”, resolveu

Saulo ir pessoalmente constatar osfatos.

Chegando a Jerusalém, Saulo foi àprocura de amigos para saber ao certosobre as aberrações que ouviradurante a viagem, pelos peregrinos queencontrou no caminho.

Soubera que o Nazareno deixaramarcas inconfundíveis por ondepassara.

Saulo chegara à conclusão de que ocarpinteiro crucificado tornara-se umídolo entre os povos, principalmenteentre os mais pobres de espírito.

Soubera também que um rudepescador, chamado Simão Pedro,fizera de sua modesta casa um postode atendimento, curando doentes ealimentando-os, tal como aprendera do“Mestre Jesus”, como era qualificado ocarpinteiro crucificado.

Saulo encontrava-se abismado.Pessoalmente passou a seguir o

volume de pessoas que iam ao encontro dos pregadores.Queria constatar se era algo passageiro, pois se não fosse,começariam a pagar muito caro a ofensa aos códigosreligiosos do Judaísmo.

Após a verificação das ocorrências e o crescente númerode adeptos ao Cristo, começou a perseguição aos cristãos.E ele foi o mais ferrenho perseguidor dos eleitos de Jesus.

Junto às pessoas ligadas para prender os seguidores do“crucificado”, Saulo soubera também que um dos maisimportantes membros dessa seita costumava reunirelevado número de pessoas e, com seu poder, diziam,hipnotizava-os numa casa chamada Caminho. Tinha ele onome de Estevão e comentavam ainda que era ele umescravo grego liberto pelos poderes sobrenaturais que sefazia acreditar ser ele portador.

Quem era Estevão afinal?Seu nome, na verdade, era Jesiel.Jesiel chegara muito doente e fora levado à casa de

Simão Pedro, pelo amigo Efraim, sendo este também pobrepescador e, simpatizante das pregações de Jesus, foraacolhido rapidamente. Jesiel delirava pela febre alta. Pedroouvia com atenção o que o rapaz dizia. Orava e buscavaajuda com o Mestre Jesus.Aprendera a dar água fluidificadaaos doentes e, com isso, via-os melhorar. O mesmo acabouacontecendo com Jesiel.

Vendo-o já fora de perigo e mais disposto, Pedroperguntou-lhe:

— Fiquei intrigado, meu filho, quando, em seus delíriosfebris, você citou trechos com referências a Isaías. Gostariade saber a que tribo você pertence. Mas antes saiba daalegria por vê-lo reconfortado e saudável.

Jesiel, um tanto abatido, recostou-se auxiliado por Pedroentre os apoios das peles de cabrito, muito usados pelospescadores e, com reconhecimento por ter sido abrigadonaquela casa, falou:

— Meu pai descendia da tribo de Issacar e era muitoestudioso dos princípios de Isaías e o Testamento, quemuito a mim também elevava com as promessas divinas deque o Messias chegaria até nós. E isso sempre mepreocupou. Sofremos muito. Vi meu pai ser humilhado emorto sem nada poder fazer. Vivi até agora como escravo

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foragido, sendo amparado por pessoas que crêem e fazemo bem. Além do mais, sei que minha irmã também deveráestar foragida em algum lugar, mas não sei onde. Masguardo fé de que esteja bem amparada como eu. Por isso,penso: onde está o Messias?

Simão Pedro, num misto de alegria, disse-lhe:Você então não soube da vinda do Nazareno?

Jesiel, quase saltando do leito, repetiu:Como?Aquem o senhor se refere?Ao filho de Deus?

Jesiel ficara emocionado. Lembrava-se dos encontrosfamiliares e o velho pai a ensinar-lhes o caminho para Deus.Seus olhos povoaram-se de lágrimas ainda mais ao narrar amorte infamante de seu pai pelos algozes implacáveis:

Pedro, com lágrimas a correr pelas faces, perguntou:— E você se lembra dessa prece?— Sim, vagamente das palavras, mas o som da bela voz

de Abigail ainda guardo em minha mente. Creio que essaoração aproxima-nos de Deus:

”Pedro, abraçando-se ao jovem, falou-lhe de Jesus:— Ah, como essa prece lembra nosso Mestre! Enquanto

essa oração saía-lhe dos lábios, vi-me com Jesus. Suaspregações consolando os aflitos, animando os oprimidos eencorajando os velhos a crerem na vida eterna!

Lembro-me de nossas caminhadas pelas aldeiasvizinhas. As viagens de barco de Cafarnaum aos sítiosmarginais do Lago de Genesaré. As curas concedidas pelamisericórdia de Deus e pelas mãos de Jesus aos paralíticos,cegos e descrentes pela falta de fé. A todos o Mestreajudava!

Jesiel embevecia-se com as narrativas de Pedro. E, emdado momento, perguntou, interrompendo-o:

— Mas onde está o Messias? Quero ir ao seu encontro!— Infelizmente, Jesiel, há mais de um ano Ele foi

crucificado aqui em Jerusalém, entre ladrões.E Pedro narrou todo o calvário de Jesus, até as suas

aparições, na Galiléia distante.

Diante dessas revelações, Jesiel chorava. Em suamente, vieram os textos bíblicos ensinados por seu pai. Eolhando fixamente para Pedro falou em voz alta:

Simão tomou-lhe as mãos e, entusiasmado, exclamou:

E Jesiel tinha em suas mãos os pergaminhos doEvangelho. Durante vários dias, em companhia de Pedro,Jesiel estudou o Evangelho. Pedro regozijava-se, poisnunca encontrara com quem repartir os ensinamentoscristãos, desde a crucificação de Jesus.

Jesiel entendia agora o trabalho que Pedro desenvolviaem seu lar. Aprendera com o Mestre que o lar cristão éaquele que acolhe as criaturas sem perguntar de onde vêm,o que têm e para onde vão. Simplesmente abre o coração edá o alimento de espírito.

Passando esses pensamentos a Pedro, este completa aconversação:

Jesiel, abraçando-se a Pedro comovidamente, falouexultante:

— Fui cativo dos homens nesse mundo tãomaterializado, porém gostaria de me tornar em escravo doSenhor, que se sacrificou para nos salvar.

— Pois se esse é o seu desejo, comece agora a divulgarao mundo a sua transformação, já que nada mais é do que asua vontade de retornar às verdadeiras origens.

— Para isso, Pedro, não continuarei como Jesiel, desejoque, de seus lábios e de suas mãos, possa eu receber umnovo nome, já que tentarei ser um novo homem, aquele queviverá para servir ao Mestre Jesus.

Radiante, Pedro, com lágrimas a correr pelas faces, lheanuncia:

— Pois bem, já que descendes, pelo lado materno, dapátria grega, eu o batizo como Estevão, o judeu convertidopelas Leis deAmor do Mestre Jesus!

Pedro e João, vendo o movimento crescer, construíramum modesto galpão e deram o nome da Instituição que alinascia de “Caminho”. Isso porque todos os desvalidos aliaportavam no meio do caminho ao encontro com Jesus,pelas pregações de Pedro, João, Tiago e agora do maisnovo membro, Estevão, que, dia a dia se firmava nacondição de servidor do Cristo.

Sua fama se propalava. Enquanto muitos companheiros,com receio de ferir velhos princípios judaicos, amenizavamos comentários evangélicos, Estevão falava enaltecendo oCristo, mostrando a verdadeira forma de amar a Deus. Aotérmino de cada dia, o moço, agora cristão, reverenciavajunto aos companheiros de ideal suas preces deagradecimento ao Mestre, por lhe trazer luz em seu coraçãorumo ao infinito. E os dias transcorriam repletos de trabalhocristão.

Manhã clara em Jerusalém do ano 35.

—— Sim, meu jovem. Falo de Jesus de Nazaré, o Messias!

— Culparam o velho Jochedeb de haver provocadoincêndio nas propriedades do questor Licínio. Vendo meuvelho pai acusado sem provas, coloquei-me a sua frente edisse-lhes que eu havia causado os prejuízos ali referidos.Tanto eu como meu pai fomos açoitados severamente,amarrados a um poste. Porém, meu querido pai nãosuportou a tortura e morreu nos braços de minha irmã,Abigail. Com uma fé invejável, Abigail prostou-se junto ameu pai e cantou uma oração ensinada por nossa mãe aDeus.

— “Humilhado e ferido deixar-se-á conduzir como umcordeiro, mas desde o instante em que oferecer sua vida, osinteresses do Eterno hão de prosperar nas suas mãos”.

— Seus conhecimentos da Sagrada Escritura muito meadmiram, mas vou mostrar-lhe os novos textos. Sãoanotações de Levi (Mateus) sobre o Messias redivivo.

— O Cristo, Jesiel, nos trouxe a mensagem do amorverdadeiro, sem paixões. À lei antiga, a de Moisés, que éapenas justiça, no código do passado, quando se pregava“olho por olho, dente por dente”, veio o Mestre pregar“perdoai setenta vezes sete cada ofensa” e “se quiseremnos tirar a túnica, deveremos dar-lhes também a capa”.Esses, meu filho, são os princípios da Lei do Amor, queJesus nos delegou para a eternidade.Senhor Deus, pai dos que choram,

Dos tristes, dos oprimidos,Fortaleza dos vencidos,Consolo de tanta dor,Embora a miséria amargaDos prantos de nosso erro,Deste mundo de desterroClamamos por vosso amor!

Nas aflições do caminho,Na noite mais tormentosa,Vossa fonte generosaÉ o bem que não secará,Sois em tudo a luz eternaDa alegria e da bonança,Nossa porta da esperançaQue nunca se fechará!

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Numa bela mansão, um homem jovem, de aspectorequintado, espera impacientemente por um velho amigo,Sadoc era seu nome. Olha a todo instante para o portão deentrada. Deveria parar ali uma biga e dela descer o famosotribuno Saulo de Tarso. E eis que surge o tão esperadoamigo. Sadoc corre para recebê-lo. Após os efusivoscumprimentos, Sadoc elogia a bela postura do doutor da lei.Sorrindo e adentrando o suntuoso salão, Saulo agradece ahonrosa acolhida. De imediato, o dono da casa brinda orecém-chegado com um belo vinho de safra elogiada peloshabitantes do local, o delicioso “Chipre”. Entre umaconversa e outra, Sadoc, brincando com as palavras, fala aSaulo:

— Estive com sua irmã e ela contou-me das muitasvisitas que você faz a uma simpática casinha na estrada deJope. E esse acontecimento se deve a uma linda jovemgrega, de nome Abigail, que fez estremecer o coração domeu enérgico amigo, Saulo de Tarso!

— Pelo que vejo, as notícias boas ou más não ficam sónos salões da corte responde alegremente Saulo. Econtinuou: — Sim, Abigail é a criatura mais sensível ecarinhosa, nunca encontrei alguém que, com tão poucaidade, tivesse um conceito de vida em nível tão elevado. Foiela adotada por um casal, logo após ficar órfã e ver o irmãoser escravizado para sempre em Corinto. Sofreuterrivelmente por ver o pai morto em perseguições de LicínioMinúcio, questor do Império. Conheci-a numa festa, queZacarias Ben Hanan, o pai adotivo, ofereceu a algunsamigos, pela circuncisão dos filhinhos. Faz três meses quenos conhecemos e nos amamos.

Sadoc ria por ver, pela primeira vez, o amigo apaixonado.— E como está o seu trabalho em Damasco? perguntou

Sadoc mudando o ritmo da conversa.— Muito bem! Você sabe que o

Tribunal me concede condiçõesespecialíssimas. Mas meu pai eGamaliel querem a minha transferênciapara Jerusalém. O nosso MestreGamaliel sente-se cansado e acha quea idade está avançada para continuar afazer mais pela vida pública. Vocêsabe, meu caro Sadoc, que tenhograndes ideais com a política e possocontar com o prestígio dos rabinos, queme têm em alto conceito. Não possoesquecer que Roma é poderosa eAtenas é sábia. Sabemos que a idéiado Deus único é uma hegemonia deJerusalém. Precisamos dobrar gregose romanos ante a Lei de Moisés.

Em dado momento, em que oassunto caminhava para o terrenoreligioso, Sadoc inquiriu Saulo:

— Por acaso, você já ouviu falar doshomens do “Caminho”? Ou melhor dizendo, de um tal, senão me engano grego, chamado Estevão, que dizempossuir poderes sobrenaturais e curar os portadores dedeficiências, como fazia o carpinteiro crucificado?

— Pouca coisa sei a respeito. Pelo que me pareceu sãouns pobres galileus maltrapilhos, que se escondem emlugares pouco habitados, para realizarem essas bobagens,que só mesmo os ignorantes acreditam. Lembro-metambém de que quando procurei o Mestre Gamaliel paratrocar idéias a respeito do crucificado e de sua influência

junto ao povo, ele, com toda a tolerância que você sabe queo caracteriza, me fez ver que o carpinteiro e seus seguidoressó auxiliam os carentes de recursos e os doentes. E nãofalamos mais sobre o caso, porque achamos que, com asentença dada ao nazareno, tudo seria esquecido. Mas,pelo que você me conta, não houve alteração e simseguimento a essa ilusória fé!

— Não, meu amigo. Pensei que em Damasco você játivesse tomado atitudes perante os rabinos, pois aqui emJerusalém, esse tal de Estevão, junto com outro pescador,chamado Simão Pedro, estão progredindo muito com asobras de caridade que realizam nessa Instituição de nomeCaminho.

— Mas como você sabe tanto a esse respeito?— Fui visitar a obra e digo-lhe: fiquei pasmo! É enorme a

quantidade de velhos, crianças, doentes, leprosos epessoas de toda parte que ali chegam e que são atendidaspor eles, Estevão e Simão Pedro, que, junto a outrascriaturas, recuperam a saúde e matam a fome, pela sopa alidistribuída fartamente com um pedaço de pão. Porém o quemais me preocupou foi ouvir Estevão falar sobre a novadoutrina, pois as pregações desse moço são inflamatórias eo povo se exulta ao ouvir falar sobre o tal Jesus de Nazaré.Creia, Saulo, esse Jesus está mais vivo do que antes. E sevocê, como futuro rabino e tendo sua autoridade no Templo,quiser tomar enérgicas providências junto ao Sinédrio,contra esses mistificadores e agitadores das Leis Mosaicas,estarei com você para que sejam punidos severamente.

— Pois bem, se é tão sério o fato, como você, Sadoc, medescreveu, iremos imediatamente ver de perto osacontecimentos. Quando prega esse tal Estevão?

— Todos os sábados. Amanhã, visto que hoje é sexta-feira confirmou Sadoc.

— Então, amanhã aqui estarei ejuntos decidiremos se necessáriasserão medidas enérgicas ou se nãopassa de barulho apenas para iludir osincautos. Do contrário, pagarão caropela audácia de ofender a religiãojudaica, em seu próprio domicílio. Nãob a s t o u e s s e c a r p i n t e i r o s e rcrucificado?

Em Jope, a bela Abigail, esperavapor seu amado. Sabia que logo aoentardecer, Saulo de Tarso ali estaria.Enquanto isso, ela rememorava suatriste vida. E a lembrança de Jesiel nãolhe saía da cabeça. Por onde estariaele? Havia pedido a seu enamoradoSaulo que, com a influência que tinhaele sobre os nobres, quem sabe nãoencontraria seu irmão? Sabia queSaulo era intransigente, severo e quenão admitia meios-termos perante a

Lei. Era voluntarioso e sincero. Não gostava de sercontrariado e nem de desobediências aos seus propósitos.Porém, apesar de tudo isso, era generoso e afável em suasmaneiras finas e respeitosas. Abigail aprendera a conhecê-lo e a admirá-lo, pelo seu elevado caráter. Enlevada emseus pensamentos, percebeu que a biga de Saulo seaproximava pelos trotes dos animais.

Saulo desceu radiante da biga e, com o encontro tãoesperado, os jovens se abraçaram com longa saudade.

Sentaram-se no mesmo banco de pedras no qual Abigail

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o esperava e, com as mãos entrelaçadas com profundocarinho, Saulo notou uma imensa tristeza nos olhos de suaamada, e argüiu-a:

— Por que esse triste olhar?Abigail, refugiando-se em seus braços, respondeu:— É que, embora você alegre meu coração, não posso

deixar de pensar em Jesiel. Onde estará? Livre ou preso?Morto ou vivo? Veja, meu querido, Jesiel é minha únicafamília. Sempre nos entendemos, pois nossos pais nosensinaram a sermos unidos. Como posso ser feliz, se tenhoessa angústia em meu coração?

— Calma, Abigail! Já lhe falei que o que eu puder fazerpara encontrar Jesiel, eu o farei.

— Você me promete que, se ele estiver preso, você oajudará a libertar-se? Seus amigos em Jerusalém poderãointervir junto ao Procônsul da Acaia e aí tenho certeza deque Jesiel em breve estará comigo.

— Se Jesiel estiver vivo, eu o encontrarei. Levarei cartasde Jerusalém para a Corte Provincial de Corinto, enfim, oque for necessário buscarei. Mas, por ora falemos denossos projetos futuros.

Saulo, passando as mãos sobre o rosto de sua amada,revelou-lhe que estaria com Zacarias para poder levá-laconsigo para que seus familiares a conhecessem. Dizia-lheque já havia encomendado lindas túnicas gregas, que afariam a mais bela criatura da raça judaica e que Jerusalém,entre seus povos, se honraria por tê-la como filha legítima,embora o sofrimento que lhe tenha sido imposto pela vida.

— Outrora, minha querida continuava Saulopensava apenas em meus pais e em defender a Lei a nossoDeus sem que obstáculo algum ocasionasse de minha partetraição aos meus princípios. Agora, tenho muito mais paradefender, farei de você a mulher mais amada desse mundo.Juntos seremos, com nossos filhos, eternamente fiéis aDeus. Nenhuma mulher conseguiu fazer vibrar meu coraçãocomo você,Abigail!

A moça chorava nos braços de Saulo. Olhando-ofixamente, respondeu-lhe:

— Jamais pensei em ouvir de seus lábios palavras tãoenternecedoras. Creia-me que sua vida será a minha. O quevocê sentir eu sentirei também. Continuarás sendo a Lei eeu serei sua serva, por muito amá-lo. Tudo farei paracompreender e respeitar as suas atitudes.

Diante dessas promessas, poder-se-ia adivinhar umfuturo feliz. Mas os acontecimentos surgem de formas

diferentes do que se possa imaginar. Saulo, nem de longe,desconfiava que Jesiel era o famoso cristão Estevão.Quanto à Abigail, também não poderia saber até aqueleinstante que Jesiel se tornara o maior defensor da causa deJesus de Nazaré.

Saulo e Abigail despediram-se não sem que antes oenamorado moço colocasse Zacarias a par de seu desejode levar a noiva para Jerusalém. Zacarias concordoualegremente.

Saulo retorna a Jerusalém. Manhã de um belo sábado.Ele e Sadoc, conforme haviam combinado, rumaram para o“Caminho”, onde Estevão estaria para sua pregação.

Saulo, acompanhando Sadoc que ali já estivera, adentranum amplo pavilhão. Aspecto de muita pobreza. Lugar quejamais Saulo entraria se não fosse como nesse momento,para averiguações. Depara ele com pessoas de todo o tipo:doentes, crianças sujas, seres rotos e grosseiros. E quepensar então dos leprosos? Saulo, não fosse seu amigoSadoc insistir para ficar, teria voltado de imediato.

A presença de ambos causou admiração, principalmentea Pedro e a João que ficaram a imaginar o que poderiameles querer ali. Olhavam o estado de asco do jovem doutorda Lei, nobre rabino, famoso pela sua energia e sabedoriaperante as “Escrituras Sagradas”.

Os dois vieram de encontro a Saulo e o amigo e, apóscumprimentá-los, ofereceram um banco limpo para queficassem mais confortáveis. Saulo, passadas as primeirasimpressões, observava a tudo e pensava:

— Que mal essas horríveis criaturas poderiamrepresentar à Lei de Israel? Por certo, Sadoc exagerara.

Mas seus pensamentos foram interrompidos peloburburinho das pessoas, que se levantavam e diziam numtom alegre:

— Viva Estevão! Viva nosso pregador que, em nome deJesus, estará a nos ajudar!

Saulo ouviu isso num uníssono. Era um coro rendendoglórias a um homem magro, pálido, porém jovem.

Estevão perpassou o olhar entre todos. Não seconstrangeu ao ver a presença do doutor da Lei. Jáconhecia sua interpretação dos textos de Moisés naSinagoga.

Mas ele ali estava para ressaltar o filho de Deus. Por issoteceu profunda prece de agradecimento ao Pai por estar ali,para que ele fosse útil aos semelhantes.

Em sua pregação, enalteceu o Evangelho, que ensinavaa Lei do Amor, do perdão, para que ninguém fosse cativo debens materiais. Falou da misericórdia de Deus sobre todos,ricos, pobres e credos religiosos, pois, se Moisésrepresentou a porta, o Cristo é a chave da salvação,iluminando o caminho.

Saulo ouvia assim todas as vibrantes e eloqüentespalavras de Estevão. Passados alguns instantes de seuêxtase, verificou a enorme diferença da Lei e do Evangelho,ali mencionados por Estevão. Começara a sentir o perigo deque lhe falara Sadoc. A Lei de Moisés era a única lei. AqueleCristo que fora crucificado entre dois ladrões lhe pareciauma aberração, um mistificador, que poderia causargrandes confusões para o Judaísmo. Aqueles homenspoderiam mostrar-se piedosos, mas não deixavam de sercriminosos pela subversão dos princípios da raça, quedeveriam ser invioláveis.

Antes que Estevão continuasse, Saulo, num repente,levantou-se e, colérico, exclamou, diante do povoassustado:

— —

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— Como ousas falar coisas tão absurdas de um relesnazareno, perante Moisés, aqui em Jerusalém, onde sedefinem as vidas das tribos de Israel, que são invencíveis?Esse Cristo, sobre o qual você prega em tão alto teor, nãopassou de um pobre carpinteiro.

Os assistentes murmuravam a meia voz. Uns estavamrevoltados com a interferência de um doutor da Lei nummeio de sofrimento que, por certo, ele não conhecia. Outrosindagavam do porquê de sua presença. João e Simão Pedrotemiam esse confronto.

Estevão, um tanto pálido, compreendia a gravidadedaquele momento. Resoluto, sentindo que não estava só,fixando seu olhar sereno em Saulo e em seu amigo, proferiua seguinte resposta:

— O Messias, com a simplicidade da carpintaria, trouxeao mundo a ferramenta principal da paz e da esperançapara a construção do bem. Desde a sua vinda, nascendonuma manjedoura, mostrou-nos que não é a belezaaparente de um quarto ornado de rendas que fará umhomem ser melhor em relação ao outro. Mostrou-nos quesomos iguais perante o único Pai Celestial, Deus criador “docéu e da terra”.

Saulo mostrava-se indignado. Percebia os olhares derepúdio à sua presença. Seu orgulho estava completamenteferido. Iria ele continuar a responder aos argumentos deEstevão, quando este adiantou-se:

— Amigo, diziam que o Mestre, com a sua vinda, trariamuita confusão para esse nosso mundo, principalmentepara as tribos de Israel. Nos primórdios, éramos criançasaté o entendimento para com a revelação. Os homens deIsrael cresceram e tornaram-se adultos. A condição deconhecimento para com as leis se modificou com a vinda doMessias. Ele não veio disputar o cetro do mundo como osreis, na continuidade de lutas sangrentas.

Será que já não chega de cadáveres sobre a Terra?Jesus de Nazaré trouxe uma nova verdade. A verdadeiravida, aquela que esteja ligada aos bens espirituais e não àganância do ouro e do poder material. Tudo isso épassageiro e sem valor algum para a vida eterna.

O reino do Cristo é o de amor e de paz!Saulo não se continha em seu universo orgulhoso.

Levantando-se, falou enfurecido:— Minha presença está sendo insultada nesse momento,

pois represento os doutores da Lei Judaica. Não aceitoessas blasfêmias e loucuras sendo espalhadas como sefossem verdades que, repito, só vieram trazer a desordemsobre o povo de Israel. Chega desse Cristo, desse impostorque vocês teimam em representar com esse tolo fanatismo.Creiam que saberei vingar a Lei de Moisés tão tripudiada portodos vocês perante essa ignorante assembléia.

Recorrerei ao Sinédrio, que tem autoridade suficientepara puni-los, diante de tanta alucinação.

Estevão a tudo ouviu sem revidar. Orava a Jesus paraque Saulo fosse amparado em seu equívoco.

E, antes que todos se retirassem, inclusive Saulo, paraque o ambiente fosse refeito, Estevão dirigiu-se a Sauloperante a assembléia silenciosa e ponderou:

— Senhor doutor da Lei, o Sinédrio tem todos os meiospara entristecer, mas não poderá fazer-me renunciar aoamor que sinto por Jesus, nosso Mestre. Perdoe-me se nãofalei o que o amigo gostaria de ouvir. Falei apenas sobre oque o Evangelho de Jesus nos ensina. “Amar a Deus sobretodas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Que abênção do Pai Celestial o envolva.

Com estas palavras, Estevão deixou o local, saindo emmeio dos que o ouviram e o abraçavam por senti-lo como ogrande defensor dos filhos sofredores que buscavam aesperança pelo ensinamentos divinos, transmitidos por eleou por Simão Pedro.

Alguns protestos isolados eram ouvidos entre osfariseus, irritados com o que acabavam de assistir.

Saulo via Estevão ter dificuldades de passar entreaqueles que ele, Saulo, chamava de miseráveis. Todosqueriam as bênçãos de Estevão. Esse passou ombro aombro com Saulo. Trocaram olhares, duros de ódio porparte do ofendido e de serenidade por parte do outrodefensor da paz.

Sadoc não entendia a aparente calma de Saulo. Sabia-oimpulsivo. Por que estaria agora sem ação? Percebendo oolhar inquiridor de Sadoc, Saulo responde-lhe:

— Calma, Sadoc, agora não é o momento certo.Qualquer violência seria uma reação errada. Repare quetodos eles, se quiserem, poderão nos agredir. São muitosque usam muletas, outros trazem facões na cintura, outrostrazem cajados de apoio. Perante eles, somos poucos. Masnão tenhamos pressa. Esses adeptos do “Caminho”pagarão caro por tanta ousadia.

No dia seguinte, Saulo volta a visitar sua amada Abigail.Esta, recebendo-o de braços abertos pela saudade sentida,nota-lhe o olhar sombrio e o aspecto de preocupação.

Interrogando-o, ele conta-lhe o sucedido. Nem de leveAbigail suspeitava que Estevão era seu irmão Jesiel.

Ouvindo toda a narração feita por Saulo, consolou-odizendo:

— Se meu irmão aqui estivesse por certo o ajudaria adefender os princípios sagrados.

Saulo, junto à noiva, salientava com ênfase que fariajustiça contra os quais ele chamava de inovadores incultos.

Abigail, vendo-o muito agitado e apaixonado pela causa,fala-lhe meigamente:

— Convém, meu querido, ter cautela. Reflitamos noabuso de autoridade. E se forem eles, esses desprotegidosda sorte como você mencionou, apenas criaturasnecessitadas de educação e não de castigo?

— Já pensei muito sobre isso, Abigail. Creia-me que nãoé desejo de vingança sobre eles, os doentes, os desvalidos,as crianças, enfim os que se deixaram iludir por falsaspromessas. Fiquei indignado com o orador. É para ele queos cuidados deverão ser tomados. Estevão é seu nome e é oindutor terrível, de fala mansa e perigosa, que poderá noscausar sérios atritos.

Abigail mais uma vez tenta acalmá-lo. Conseguindo seupropósito, muda serenamente o assunto, tecendo belosplanos para o futuro consórcio entre eles.

Saulo, voltando ao Sinédrio, procura a ajuda de Gamalielpara que Estevão seja intimado a interrogatório sobre assuas pregações no “Caminho”.

Gamaliel, como sempre, tenta demover Saulo doproposto interrogatório, dizendo que o melhor seria trazê-lopara que Estevão pessoalmente falasse diante do tribunalda raça a sua definição interpretativa sobre a SagradaEscritura. Naturalmente deveria ser ouvido pelossacerdotes, que seriam os juízes da Lei do Sinédrio. Saulonão teve alternativa e aceitou o pedido de Gamaliel.

Estevão, recebendo a ordem do Sinédrio, recusou-a,dizendo que não disputava as evidências das revelações doCristo. Sabia ele muito bem o que de verdade havia naquelaintimação. Sua obediência era para com o Mestre Jesus e

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não para com os mestres da Terra. Simão Pedroempalideceu diante da recusa. Sua preocupação era paracom o efeito desse ato.

Estevão confidenciava-lhe que mesmo que Saulo deTarso quisesse, ele não poderia obrigá-lo a responderàquele fato, pois lhe parecia ser mais um desafio, umapolêmica que não resultaria em nada a não ser atrapalhar odesenvolvimento das tarefas a serem cumpridas no“Caminho”.

Diante da recusa de Estevão e notando a ira de Saulo,Gamaliel lembrou-lhe o fato de que, para que Estevão fosseobrigado a aceitar, teria de existir uma denúncia pública eisso só depois da instauração de um processo, onde ofaltoso fosse citado como um blasfemo ou caluniador diantede comprovação.

Saulo não se deu por vencido. Imaginou uma forma deEstevão ser ridicularizado diante dos grandesrepresentantes do Judaísmo.

Estevão foi denunciado como blasfemo, caluniador eagitador do povo, por defender idéias de um falso Messias,indo contra as leis de Moisés.

Estevão, orando a Jesus, apresentou-se no Sinédrio.Simão Pedro e João temiam pela gravidade do momento.

A discussão foi acirrada. Saulo, a todo instante, colocavaseu orgulho acima de todas as respostas leais ao Cristo queEstevão lhe respondia. Humilhava-o e divertia-se muito,quando o povo acotovelava-se uns sobre os outros, gritandopelo apedrejamento do pregador. Momentos angustiosossofreu Estevão quando Saulo, levado pelo ódio, agrediu-onão só com palavras, mas fisicamente. Socos lhe foramdesferidos. Estevão queria ter reagido, mas lembrou-se doCristo sendo levado ao calvário. Calou-se e, empensamentos, só orou por nada poder fazer pelo seu algoz.

Saulo, vendo-o sem reação, lhe profere palavras maiscontundentes, e, querendo vê-lo em ação, lhe diz:

— E então, não reage, covarde? Onde está a suadignidade de homem? É essa a sua escola?

Estevão, com as lágrimas correndo pelo seu rosto,misturadas com o sangue que lhe brotava das feridasabertas pelos socos que levara, responde-lhe meigamente:

— Jesus nos trouxe a paz e esta é o oposto da violência.Aforça do Cristo é branda e suas mãos não ferem, apenascuram.

A fúria transparecia no olhar sarcástico de Saulo. Antesda continuação de seus atos, Gamaliel,que a tudo assistia, levantou-serapidamente para pôr um fim àquelasbrutais cenas. Olhando apiedado paraEstevão, a quem reconheceu ser fielaos princípios que defendia, falou:

— Cabendo-me a maioridade devotos nesse tribunal, decreto asentença para que o acusado aguardeno calabouço a decisão final dessejulgamento.

Estevão, algemado, foi conduzido àprisão. Apesar dos sofrimentos físicos emora i s , ag radec ia a Deus aoportunidade de ser colocado atestemunhar sua fé, perante Jesus.

Daí para frente, as perseguições aoscristãos se sucederam semprecomandadas por Saulo de Tarso. E acondenação de Estevão fora declarada:

seria morto por apedrejamento. Isso tornava Saulovitorioso.

Tantos dias de lutas contínuas com os homens do“Caminho” retardaram as idas de Saulo a visitar sua noivaAbigail. As saudades o levaram a Jope. Queria colocá-la apar de todos os acontecimentos e, ainda mais, com a mortede Estevão e o afastamento de Gamaliel do Sinédrio, eleestaria à frente do Tribunal dos doutores da Lei, o que seriamais uma vitória.

Tudo isso ele passou a Abigail, que o esperava ansiosa emuito saudosa dos seus carinhos. Após os afagos entreambos, Saulo solicita ao pai adotivo de Abigail, o senhorZacarias, permissão para que sua noiva pudesseacompanhá-lo no ato do apedrejamento de Estevão, pois,no dia seguinte, aproveitando a viagem, mostraria a Abigaila futura residência em Jerusalém, após o casamento.

Abigail, assustada, confessa-lhe que não se sentiriabem. As cenas da morte de seu pai ainda estavam muitofortes em sua mente.

Saulo, amorosamente acariciando-lhe as mãos,responde:

— Você guarda essa triste recordação porque era seupai, mas esse moço nada tem a ver conosco. Ésimplesmente um fora da Lei de Moisés. Nada significa paranossa raça.

— Mesmo assim! Entendo o seu empenho em defender aLei. É sua obrigação pelo seu profissionalismo e pelafidelidade aos nossos princípios, mas não terei coragem dever uma cena tão violenta e tão cruel.

Saulo insiste tanto que ela acaba por aceitar emacompanhar seu amado, mas propõe-lhe que só assistiria ofinal da ação. Lembrou a Saulo que gostaria de estar junto apessoas conhecidas para ver se teria alguma notícia deJesiel. Seu coração andava angustioso por nada poderfazer pelo seu querido irmão.

Concordando com o pedido de Abigail, Saulo despede-se da família e, beijando afetuosamente as faces da moça,firma a promessa de vê-la em poucos dias, na data da mortede Estevão.

Não foram propriamente dias. Passaram-se dois mesespara que todo o processo de Estevão terminasse com asentença do apedrejamento. Durante todo esse tempo,Saulo visitou a noiva Abigail raramente, tão absorvidoestava com a condenação de Estevão.

No dia aprazado, Abigail esperavapelo noivo já em Jerusalém, junto à irmãde Saulo. Esse vem buscá-la e admira-se profundamente com a beleza danoiva em trajes gregos.

Enquanto isso, Estevão eraconduzido e amarrado a um tronco emmeio ao átrio do Templo. Estava abatidoe machucado, tendo as mãossangrando pelas pancadas que ossoldados lhe davam para, com isso,chamar a atenção do povo, deixando acena mais chocante. Com isso, osagitadores e defensores da lei mosaicagritavam impropérios a Estevão. Saulochega, acompanhado de Abigail que,seguida pela cunhada e por amigos deSaulo, espera o final que, para ela,deveria ser rápido, pois gostaria até denão fazer parte desse bárbaro costume

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da época.As pedradas começaram a ser

arremessadas.Abigail estava distante eprocurava não acompanhar a cena. Acada pedrada e gemido de Estevão,parecia a ela sentir igualmente a dor. Noentanto, Saulo sentia-se orgulhoso.Estava sendo vingado e a morte dessepregador era seu primeiro triunfo emJerusalém.

Estevão sentia chegado o fim de seumartírio. Apesar das dores físicas,sentia-se amparado. Havia algo que olevava a ter coragem e lembrar-se desua estada terrena. Gostaria, comoúltima visão, ter Abigail ao seu lado. Háquanto tempo não sabia de sua vida!Foram separados quando Abigail aindaera criança. Recordava das oraçõesrepet idas, fe i tas por seu pai .Naturalmente pensava estar Abigail nomundo dos espíritos e aí brevemente estariam juntos. Eleconfiava nas afirmações de Jesus. Seu espírito, portanto,estava sereno. Sentia-se entre amigos espirituais. Levetorpor tomou conta de seu corpo dilacerado. Viu uma figurade braços abertos caminhar ao seu encontro. Tornando-semais nítida e apreciando-a pela beleza luminosa queirradiava e pelas descrições que ouvira de Pedro,reconheceu ser a presença do Mestre Jesus.

Saulo, aproximando-se meio assustado, pôde observarque os olhos de Estevão, antes opacos, repentinamenteabriram-se num brilho fulgurante e notou que, abrindo oslábios, Estevão falou radiante:

— Vejo o Cristo ressuscitado. Eis a grandeza de Deus!Abigail e a cunhada aproximam-se de Saulo. Com isso, a

visão sobre o sentenciado tornou-se clara aos olhos deAbigail que, resoluta, chega mais perto e, num gritolancinante, exclama:

— Saulo, Saulo!!! Este é meu irmão, Jesiel!E tentando chegar a Estevão, sentiu as mãos de Saulo

segurá-la, dizendo-lhe:— Calma, Abigail! Não é Jesiel, este é Estevão, o

pregador do “Caminho”, lembra? Você está equivocada!Mas nesse momento, Estevão ainda amparado por

Jesus, abrindo novamente os olhos, por ter reconhecido avoz de sua irmã, chama-a:

—Abigail...Abigail... minha amada irmã!!Saulo, puxando Abigail para perto de si, querendo evitar

que ouvissem ou percebessem o que estava acontecendo,tentava negar que Jesiel e Estevão fossem a mesmapessoa, dizendo-lhe baixinho:

—Acalme-se,Abigail, não é possível, não é seu irmão.— Você não viu que ele disse meu nome? Veja como ele

pede que eu vá ao seu encontro! Deixe-me, Saulo, porfavor... preciso falar ao seu coração... eu preciso.

Abigail chora convulsivamente. Saulo, levando-a paramais longe das pessoas, pede para que aguarde unsmomentos, pois iria tomar uma providência.

Saulo chamou um dos funcionários de grau superior doSinédrio e deu-lhe ordens para que transferisse omoribundo para uma sala, sozinho, e que ninguémdesconfiasse de que sua noiva ficaria com ele, Saulo, paraesclarecimentos particulares. Claro que isso, entendia ofuncionário, seria para dar ao condenado oportunidade de

renegar seus atos injuriosos.Isto feito, Saulo eAbigail aproximam-

se do rapaz.O olhar de Estevão se fixa em

Abigail. Essa se desespera por ver oestado do irmão tão querido.

— Jesiel, que fizeram com você? Oh,meu Deus! Por que tanto sofrimento,tanta maldade? Diz a jovem, chorando eprocurando abraçar o irmão.

Jesiel, vagarosamente, estende asmãos com muita dificuldade por tê-lasquebradas. Com serenidade, falavaentre gemidos:

— Procure compreender, Abigail...estou bem, pois o Cristo está junto amim...

Abigail, sem entender, faz milperguntas, em seus pensamentos.Porém, vendo o estado de Jesiel,replica:

— Como entender? Quem é o Cristo? Por que lhechamam de Estevão?

— O Cristo... é Jesus... Salvador... E é por Ele que metornei Estevão... Perdoe-me por deixá-la... mas meu fimestá chegando... estaremos juntos sempre... vou ajudá-lade onde estiver... E, com muita dificuldade, ele conta aAbigail a sua aproximação com Jesus e o trabalho do“Caminho”.

Saulo estava atônito. Ele levara a morte justamente aquem prometera encontrar e salvar para alegria daquela aquem escolhera como amada mulher de sua vida. E agora?

Abigail, vendo as forças de seu irmão diminuírem, chamaSaulo e, apontando-o para Jesiel, diz-lhe:

— Este é Saulo, meu noivo, foi ele...Mas foi interrompida por Estevão.— Que o Cristo os abençoe. Não o vejo como um inimigo.

Ele é sério em seus princípios, defendeu Moisés e a Lei queacredita certa. Quando vir a conhecer Jesus irá servi-lo coma mesma devoção de agora. Sejam felizes!

Saulo não queria ouvir isso. Queria que se revoltasse,que o ofendesse e não que morresse como herói aos olhosde sua amada. Talvez, após saber todos os acontecimentos,Abigail, por certo, iria odiá-lo.

Nesse momento, viu queAbigail tomou em seus braços oirmão moribundo. Suas lágrimas lavavam o rostoensangüentado do rapaz. E, envolvendo-o junto ao seucoração, Saulo ouviu a prece mais sentida saída dos lábiosde sua amada. Esse quadro ele nunca mais esqueceria portoda sua existência. E, para completar, sentiu todo o amorde Abigail para com o irmão, ao fechar seus olhos e beijá-loenternecidamente, dizendo-lhe:

— Quero acreditar que você jamais me abandonará.Quem sabe poderei vir a conhecer também esse Cristo quetanto amou e por Ele deixou-se martirizar!

Saulo não suportou mais, com gestos rápidos puxa anoiva e antes que essa falasse algo, chama o mesmofuncionário para que retire o cadáver de Estevão e o enterre.E, olhando fixamente paraAbigail, exclama:

— Está tudo consumado. Não quero ouvir a suaconclusão dos acontecimentos. Eu não sabia que Estevão eJesiel eram a mesma pessoa. Por isso entre nós creio quetudo está também consumado. Você está livre docompromisso de casamento entre nós.

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Abigail tornou-se lívida. Como? Seria possível o que elaouvira? Afinal, deveria ser ela a estar admirada e quererrespostas às suas indagações. E era ele a se tornar oofendido!Ainda abalada e quase sem forças, ela responde aSaulo:

— É assim que você resolve um fato tão sério de nossasvidas? Onde o seu bom senso que eu tanto admirava?

Antes da resposta, entra pela porta aberta o venerandoGamaliel. Pedindo desculpas a ambos, diz ao ex-aluno quetinha algo a lhe pedir. Abigail, compreendendo que o mestreGamaliel preferia ficar a sós com Saulo, retira-seelegantemente, sendo abraçada pelo gentil rabino.

— Saulo, como você sabe, estou de partida, retornando àminha família. O Sinédrio, em poucos dias, através dosrabinos do Templo, o notificará para ocupar meu lugar.Quanto a isto, parto feliz. O que quero nesse momento ésolicitar-lhe que entregue o corpo de Estevão aos homensdo “Caminho”. Querem elessepultá-lo com todo o carinho quemerece. Esse pedido foi-me feitopor Simão Pedro, a quem muitoadmiro pelo trabalho que realiza.Sei que isso pode-lhe causar umaaberração. Mas não posso negarque tenho Pedro como um diletoamigo.

— Sinto em suas palavras algode censura pelo ocorrido com opregador. Porém, fiz apenas o quedevia. Defendi nossos princípiossobre a Lei até o fim.

— Por favor, Saulo. Não quero discutir nada. Apenas lhefiz um pedido e, digo-lhe mais, tenho pensado muito sobre avinda do carpinteiro de Nazaré. De longe tenhoacompanhado os homens do “Caminho”. Já teci muitasconversas com Simão Pedro e, para seu espanto, garanto-lhe que, se não fosse um pouco tarde, reveria os conceitosda Lei Mosaica e talvez iniciasse um movimento renovadorno seio do Judaísmo. Mas poderei renovar a mim mesmo.Para isso, não há idade. Sairei de Jerusalém e nãolevantarei escândalo algum na coletividade. Irei buscar nasolidão a verdade da vida.

Saulo estava assustado. Os homens do “Caminho”haviam enfeitiçado o velho mestre. Quisera demovê-lodessa infeliz idéia, mas resolveu silenciar. Gamaliel iriaembora. Despediram-se e o velho mestre retomou:

— Espero, Saulo, que você atenda meu último pedido.Sei que, em seus pensamentos, julga-me louco. E, numabraço afetuoso, deseja a Saulo felicidades.

Com o passar do tempo, Saulo tornou-se mais enérgicoem suas atitudes. Culpava a todos os cristãos pelos fatosocorridos em sua vida. Não perdoava Estevão por tê-loseparado da mulher amada. Com esses pensamentos, asperseguições aos cristãos tornaram-se o principal motivo desua vida. A casa do “Caminho” era seu alvo principal.Mandava prender todos os que estivessem ouvindo aspregações ali feitas. Não queria ouvir pedidos de piedade deninguém, açoitava velhos, mulheres, crianças. Sauloparecia um louco de coração ressequido.

Odiava cada vez mais tudo que lhe falassem sobre oNazareno. Esse era o grande causador dos males queaconteceram, principalmente, o afastamento de sua noivaamada. As saudades de Abigail corroíam-lhe a alma. Nuncamais voltara a Jope. Por vezes, sentia vontade de vê-la, mas

seu orgulho não permitia. Sabia que em qualqueraproximação entre ambos sentiria o vulto de Estevão asepará-los.

Certo dia, voltando com a soldadesca à caça aoscristãos, encontrou em meio a caminhada o velho Zacarias,pai adotivo deAbigail.

Parou rapidamente a biga e fez descer Zacarias que,sabedor das perseguições, amedrontou-se com a paradabrusca de Saulo, que só o reconheceu quando esse veio aoseu encontro de braços abertos.

Após os cordiais cumprimentos, Saulo não pôde deixar apergunta que há muito o angustiava:

— Zacarias, velho amigo, diga-me: como estáAbigail?— Abigail está muito doente. Grave moléstia atacou seus

pulmões. Já fomos alertados que sua vida está finda.Dizendo isso, o velho pai adotivo sente-se emocionado.Saulo perde o rumo da conversa. Não poderia imaginar

que sua belaAbigail viesse a morrer.Pálido e sentindo o coraçãoacelerado, continuou:

— Como isso aconteceu? Abigailsempre pareceu-me forte. Suafigura sempre foi alegre, ativa e seuolhar, terno e brilhante.

Foi interrompido por Zacarias:— Quando vocês se separaram e

com o triste fim de Jesiel, Abigail seentregou a profunda tristeza. Diziaque não sentia mais motivos paraviver. O que lhe está motivando hojea lutar pela saúde foi o encontro que

teve com pobre mendigo de nome Ananias. Ele estáatualmente visitando Abigail. Tecem longas conversas emtorno de uns pergaminhos que ele lê. Sei que neles estãocontidos vários ensinamentos do carpinteiro de Nazaré. Seiapenas que ela está sentindo-se bem.

— Do carpinteiro de Nazaré? Foi também Abigailenfeitiçada por esse falsário de Nazaré? Como, Zacarias,você permite que ela leia tamanho absurdo?!

— Saulo, não posso proibi-la em nada pelos momentosamargos por que passa minha doce filha. Vejo que essaleitura a ajuda a suportar as crises da enfermidade que aestá consumindo.

Saulo não se conformava. Novamente o Nazareno,pensava cheio de revolta em seu íntimo. Por que esse Cristoestava continuadamente ao seu redor? Até Abigail aceitavaesse Evangelho, desse Cristo que, sentia Saulo, o estavavencendo, embora a sua autoridade junto ao Sinédrio.

Voltando-se a Zacarias com profundas rugas em suatesta, reage, perguntando-lhe:

— Por que não me procurou antes que Abigailadoecesse?

— Procurei-o sim. Você nunca tinha tempo. Mandavaseus funcionários dizer-me que, quando pudesse, atender-me-ia. Que poderia fazer? Mas ainda há tempo. Vamos até aminha casa. Sei que Abigail ficará muito feliz. Você também,Saulo. Não deixe passar esse momento, senão será tardedemais.Abigail está muito enfraquecida.

Após alguns momentos e relutando com seu orgulho,voltou a biga e acompanhou Zacarias para reencontrar seueterno amor.

Reclinada no leito, Abigail tinha entre as mãos ospergaminhos que Ananias deixara. Ela se sentia absorvidapelas lições de Jesus. Entendia agora as palavras de

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 11

Vista atual da cidade de Tarso, Turquia.

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Estevão e porque ele não demonstrou, em nenhum instante,ódio ou qualquer outra atitude para com Saulo. Ele lheperdoara. Estava tão envolvida com as lições de Jesus quenão percebera os olhares apaixonados de Saulo. E isso sóaconteceu porque um longo suspiro saíra do tórax do doutorda Lei.

Abigail volta-se para o lado e não acredita.— Saulo... Saulo... que bom... que alegria sinto em vê-lo.

Foi Deus que nos permitiu esse encontro, enquanto estourespirando nessa vida. Venha, chegue próximo ao leito paraque nossas mãos se entrelacem, talvez pela última vez.

Saulo tem os olhos marejados. Não consegue acreditarno que vê. A sua amada noiva mostrava-se ofegante, deaspecto abatido, apenas seus olhos eram os mesmos. Omesmo brilho ativo que sempre o iluminava quandochegava exausto para vê-la. Num ímpeto, abraça a jovemenferma como se quisesse, num minuto, trazer as horasfelizes em que tantos planos foram desfeitos, peloinfortúnio. Por segundos, o silêncio os envolve. Abigail,olhando-o com toda a ternura de seu coração, diz-lhe:

—Amado, sei que não sou nem a sombra da sua noiva deum passado pouco distante. Mas essa Abigail que aqui estátornou-se solidária aos cristãos. Você não tolera que issoseja dito por ninguém. Meus minutos de vida terrena estãose esgotando e, creia-me, pedi com todo fervor de minhaalma para que Deus nos permitisse esse encontro. Gostariaque você pudesse entender o trabalho do Nazareno.

Abigail esforçava-se para continuar, mas Saulo ainterrompeu, colocando seus dedos suavemente sobreseus lábios. Queria dizer de suas saudades.

— Minha querida, por favor, escute-me. Não queroperder mais tempo com esse “carpinteiro”. Sei que você meperdoou quanto à morte de Estevão ou Jesiel. Você soubeque usei de sinceridade, jamais poderia supor que ambosfossem a mesma pessoa. Estou aqui porque quero-a junto amim. Você em breve estará restabelecida e aí noscasaremos. Tenho certeza de que seremos felizes. Vocêesquecerá esses ensinamentos maléficos e ficará animadapara a vida novamente. Deixará essa melancolia e sairádessa idéia de ato de fé pelo sofrimento.

— Não, Saulo... não estou passando por nada disso. Pelocontrário. Posso estar doente fisicamente, mas foram osensinamentos de Jesus e os atos de Jesiel que metrouxeram a compreensão dos acontecimentos e a aceitá-los sem revolta. Esses pergaminhos me ensinaram a verDeus de forma diferente. Ele não é punitivo e nos dá miloportunidades de amar e perdoar àqueles que julgamos sernossos inimigos. É por isso que entendi e, como sempre,respeitei suas decisões. Se não fossem as palavras doCristo, talvez eu não viesse compreender a condenaçãoimputada a Jesiel que se consumou por suas mãos.

— Chega, por favor, não suporto mais esse assunto.Esse Cristo, a meu ver, será sempre um falsário. Deus, paranós, é um ser inflexível e poderoso. Ele comanda osdestinos dos povos.

Abigail ouve as palavras duras de Saulo e ainda tentafazê-lo refletir.

— Depois da minha partida, pense um pouco sobre a Leido Amor. Veja o trabalho do “Caminho” sem julgamentoalgum. Eles apenas procuram dar consolo, esperança enovos rumos de vida para os oprimidos. Não os persigamais.

Saulo, compreendendo que as forças de Abigail estãocada vez mais se tornando precárias, reclina-se e dá-lhe umbeijo em sua testa porejada de suor. Abigail corresponde aoafeto e, com dificuldades, agradeceu seu amor.

Pelo caminho de volta a Jerusalém, Saulo sente seuspensamentos atritados. Tinha razão sua amada em confiar-lhe a paz que sentia. Qualquer criatura que se sentisseameaçada pela morte na flor da idade como ela estaria emprofundo desespero. Seriam reais esses ensinamentos quetanto odiava? Que falar sobre Estevão que morrera comtanta violência? Ele, Saulo, não ouvira nem um protesto decólera ou palavras ofensivas a nenhum dos componentesde sua morte. Mesmo na prisão não soubera em horaalguma e nem diante dos açoites que sofrera que Estevãopraguejasse ou desejasse o mal a alguém. Diziam ossoldados que ele apenas orava e ensinava aos outrospresos a paciência, pois Deus e Jesus estavam a auxiliá-los.

Os dias transcorrem e Saulo sempre obstinado naperseguição aos cristãos. Seu nome, quando pronunciadoentre eles, era de temor e certeza do ódio que invadia seucoração.

Numa determinada tarde, quase ao final de seusafazeres no Sinédrio, Saulo foi procurado por ummensageiro de Zacarias. Trazia ele a triste notícia de queAbigail estava agonizante e gostaria de vê-lo.

Saulo parte a galopes. O cavalo parecia voar pelaestrada de Jope. Quem sabe, pensava ele, podereiarrebatar a minha amada da morte. E, em seuspensamentos, afrontava Deus dizendo: “Serei mais forteque o Senhor. Farei Abigail viver!”. E assim chega à vivendade Zacarias, descendo do cavalo como se um tornadohouvesse tomado conta de seu ser.

Várias pessoas encontravam-se no quarto. Saulo,abrindo espaço, joga-se sobre o leito da enferma e,erguendo-a, grita-lhe:

— Abra os olhos, doce encanto de minha vida! Vou levá-la! Estaremos juntos, ninguém, nem a morte vai tirá-la demeus braços.

Soluçante, ele ouve, como num sussurro,Abigail dizer:— Sim, amado, estaremos juntos. A morte não existe.

Estarei sempre ao seu lado, como sei também que Jesusnão o abandonará... Embora sua rigidez material, seuespírito guarda oculto imensa vontade de fazer o bem...Jesus irá orientá-lo. Por ora... agradeço-lhe por me amar...juntos construiremos novos rumos...

EAbigail, passando seu terno olhar sobre todos, sente asúltimas golfadas de sangue a lhe sair pela boca, exalandoseu último suspiro.

Leve perfume aromatizou o ambiente. Os pássaros quecostumavam pular de galho em galho dos arvoredos dojardim florido, voaram para a janela do quarto de Abigail emtristes gorjeios.

Pesada amargura abateu-se sobre todos. A mansão da

SeareiroSeareiro12

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Clube do Livro Espírita“Joaquim Alves (Jô)”

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 13

Paulo de Tarso - Humberto Rohden - 6ª edição - 1976 - EditoraFundaçãoAlvoradaPaulo e Estevão - Francisco Cândido Xavier / Emmanuel - 24ªedição - 1987 - FEBVida eAtos dosApóstolos - Cairbar Schutel - 9ª edição - 2001- OClarimImagens incluindo a capa:

www.techs.com.br/meimei/paulo%20de%20tarso/paulo.htmwww.pbs.org/empires/peterandpaul/photos/popup.html?tarsus_5.jpgwww.pbs.org/empires/peterandpaul/photos/popup.html?tarsus_2.jpg

Bibliografia

Clube do Livroclube do livro

No mês de Fevereiro, o Clube dispôs aos seusassociados a leitura, como o próprio título apresenta, deum romance mediúnico, escrito por Edison Carneiro, peloespírito de Laura.

Andaluz, raça de cavalos antiquíssima, originou onome da região onde se passa a história: Andaluzia, naEspanha.

Como a sinopse descreve, é uma história como tantasoutras, como as nossas histórias de vida. Mas, que sediferencia à medida que lhe damos o respectivo valor,direcionando a nossa vida, ainda que commuito esforço de modo contínuo, para o fim aque se destina a evolução individual dohomem e conseqüente evoluçãoniverso. Isso, é claro, do ponto de vista

espiritual, pois, sabemos que o progressomaterial existe e desponta bem à frente danossa evolução moral.

O conceito FIDELIDADE é a proposta paraa estabilidade familiar e sua significação vaialém da habitual “ausência de adultério”,como bem definido no prefácio.

Figuram no enredo dois Espíritos de Luz,na época ainda encarnados: DomingosLacordaire e Jean Marie Vianney, o CuraD’Ars, os quais contribuíram com suas

instruções na obra de Kardec “O Evangelho Segundo oEspíritismo”, assim como o próprio Kardec, haja vista aépoca da narrativa ocorrer quando da publicação de “OLivro dos Espíritos”.

Quanto à apresentação do texto, há explicaçõesdidáticas e históricas ao longo da obra, como mapa eorigem de fatos relatados, assim como notas de rodapéem algumas páginas.

Ao final da obra, estão dispostos anexos, com o fito deestudo e esclarecimento, contendo informações sobre o

Espiritismo à época em que se passou oromance e, ainda, um resumo da doutrinaespírita.

Em suma, é um livro que envolve o leitor deforma prazerosa, o qual vivencia as emoçõesdos seus personagens, se encantando,principalmente, pelas lições de dignidade,honradez e humanidade passadas ao longoda história. E o melhor, a sensação de quevale a pena viver os problemas e as alegriassempre com responsabilidade e equilíbrio e,que se estivermos unidos aos pensamentosdo Bem, nunca ficaremos desprotegidos.

Há uma legião de amigos nos auxiliando,incansavelmente. Agradeçamos, SEMPRE.

Rosangela e Marcelo

e—

em nossou

Romance AndaluzEdison Carneiro pelo

espírito LauraEditora Aliança

352 páginas

— Não dispondo de migalha sequer para ofertar a quemdela necessita, como poderemos ser caridosos?

—A benemerência é uma das faces da caridade.O nosso mundo, porém, se roga por pão, suplica

insistentemente por amor. A benevolência, a precesilenciosa, a conversação reconfortante, o entendimentopara nossos erros, podem ser realizados sem quedisponhamos de recursos amoedados. É a caridademoral, último estágio de nossas conquistas espirituais.

Se é fácil dar migalhas, é difícil ser paciente.Se é bom alimentar, mais eterno será esclarecer.Se é indispensável agasalhar o corpo, amparemos a

alma.Se o homem precisa de pão, é um mendigo também de

Luz.Vale, por conseguinte, compreender que, na área

espírita, o socorro ao faminto e ao desnudo é somente oprimeiro passo que estaremos dando para realizar averdadeira caridade da recuperação espiritual de nossosirmãos de caminhada.

Roque Jacintho

O que Doaratualidade

Atualidade

estrada de Jope não seria mais a mesma.Saulo de Tarso emudecera. Apenas seus olhos é que

falavam de sua dor, pelas intensas lágrimas vertidas. Noseu interior, uma única interrogação:

“Por que o ‘carpinteiro de Nazaré’ mais uma vezinterferira em sua vida? Até em seus últimos instantes,Abigail pronunciou seu nome.”

E retornando Abigail ao leito, tendo seu corpo inerte,Saulo reteve em sua mente a palavra “Jesus”.

EloisaFinal da primeira parte.

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SeareiroSeareiro14

Cantinho do Verso em Prosacantinho do verso em prosa

Através do amadurecimento reencarnatório, algocomeça a envolver os pensamentos humanos para afinalidade da vida. Seria um despertar que faz as criaturasbuscarem diferentes formas de teorias divinas. E asindagações se processam:

—Amorte existe? Qual a finalidade da vida?— Há evolução entre as criaturas?—Afinal, de onde viemos e para onde iremos?Muitas são as religiões que citam várias teorias. Outras

deixam as explicações obscuras, como se tudo no mundofosse obra do acaso ou dos mistérios das existências, quesó a Deus pertencem.

Mas muitos são os investigadores do chamadodestino. E para obter-se a resposta, Jesus confiou aCodificação e surge no mundo a Doutrina Espírita.Envolvendo a filosofia, a ciência e a religião, mostra aosestudiosos e curiosos o motivo da vida. Esse grandeinvestigador chama-se Allan Kardec. Em seu roteiro deluz, O Evangelho Segundo o Espiritismo é o ConsoladorPrometido e a esperança, dando a origem do sofrimento eo progresso individual para que a evolução do Universose torne realidade num porvir mais consciente.

O Espiritismo traz a Verdade. Estudando-oprofundamente, entenderemos de onde viemos e paraonde iremos.

O traçado do destino está nas mãos do ser criado porDeus. Ele dá o livre-arbítrio, isto é, a livre caminhada nodesenrolar de cada existência. Compreende-se que avida é eterna, portanto, a chamada morte não existe. Elapoderá existir no egoísmo e na falta de coragem emaceitar-se que terá cada um que se responsabilizar pelosseus erros, sem encontrar culpados por querer ser vítimade sofrimentos impostos, muitas vezes ao semelhante. Acoragem se fará presente, na aceitação dos erroscometidos e o egoísmo, na compreensão de que há doresmaiores a serem sanadas no confronto existencial.

Dever-se-á fugir de fórmulas mágicas e fantasiosas. Ocomportamento individual para a melhoria espiritualcompõe-se da sabedoria do Mestre Jesus, chamadahumildade, e da fidelidade a tudo que gera paz e amor.

Nenhuma filosofia ou ciência trouxe ao mundo oraciocínio de uma fé cultivada nas leis do progresso e daliberdade, dentro de princípios seguros e objetivos comoo Espiritismo.

Trabalho e harmonia, respeito e solidariedadeconstituem as regras dos pensamentos elevados de umbom cristão.

Diante desses conceitos, o mundo ressurgirá numamanhecer de esplendor e de ascensão à famíliauniversal.

Sejamos nós os investigadores das nossas própriasvivências.

Elielce

Meu irmão, guarda a certezaDe que a mundana ciênciaÉ muito, mas não é tudoNa paz de nossa existência.

Mormente se já tivesteA nossa expressão de amor,Coloca a fé sobre tudoNa tua vida interior.

Tua razão inda é humana,Falível e pequenina...A fé, porém, é um clarãoDa Consciência Divina

Muita pompa de palavras,Muita terminologia,Complicam muito no mundoA nossa filosofia

O grande cientificismoDe alma pobre e presunçosaTransforma os nossos princípiosEm confusão palavrosa.

A lição do EspiritismoÉ um grande manancial,Onde as águas da VerdadeSão claras como o cristal.

Tudo é simples, tudo é puroNessa fonte de harmonia.Muita tese complicadaÉ o que gera a fantasia.

O método mais sublimeDe toda doutrinaçãoÉ aquele que acende a luzDo altar de teu coração.

Ciência nunca faltouNa marcha da Humanidade,Mas, sempre minguou na TerraO grande bem da humildade.

Modernamente, a ciênciaTem seu magro esplendor.Tem-se tudo e o mundo marchaPara a guerra e para a dor.

Por vezes, no mar das lutas,A razão vai na maréSe em seu roteiro de estudosNão tem o farol da fé.

Não se deve desprezarOs bens do racionalismo,Mas, nunca olvides a féNo labor do Espiritismo.

Com teus pesos e medidasTu podes hoje ser forte,Somente a fé, todavia,Nos esclarece na morte.

Não te esqueças, meu amigo,Nossa comunicaçãoConstitui a renascençaDo pensamento cristão.

Casimiro CunhaPsicografia de Francisco Cândido Xavier - Livro “Cartas

do Evangelho - Poesias mediúnicas” - LAKE

Casimiro Cunha, poeta, nasceu em Vassouras, RJ,em 14 de abril de 1880. Desencarnou em 1914,

cego desde os 16 anos por acidente.

Carta aos Investigadores do Espiritismo

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 15

Este tema, já há muito tempo, vem sendo discutido, eagora, o Papa Bento XVI, em um de seuspronunciamentos, também o abordou, lembrando que osmeios de comunicação insistem em denegrir as relaçõesfamiliares, colocando em exposição o “sexo livre” com totaldesrespeito aos laços de fidelidade e respeito mútuos.

A televisão, como meio de comunicação que maisatinge as pessoas, coloca em sua programação umagrande quantidade de quadros com forte apelo sexual paraaumentar a audiência. Os jovens, por sua vez, devido àfase em que se encontram em que a sexualidade estásendo descoberta, gostam de ver este tipo de programa.

O grande problema está no teor da informação que épassada.

Deixar de ver televisão não é possível, e nem é corretoabster-se de algo que pode trazer informação útil eelevada.

Precisamos, também neste ponto, ficar atentos,principalmente, ao que os jovens assistem e conversarmosmuito com eles, explicando as atitudes corretas quedevemos tomar perante as pessoas.

Temos que lembrar-lhes que o respeito ao ser humanodeve ser um conceito que paira acima de todos os outros.

Outro recurso muito útil é oferecer diversão saudávelpara a família, assim, ela não fica dependente somente doentretenimento que a televisão oferece.

Passeios aos museus, trazendoconhecimento importante, ida aosparques, mostrando ao jovem como ébela a natureza que Deus criou para onosso planeta e como devemosrespeitá-la.

A prática de esportes é um fatoressencial para os jovens, pois, além demanter o corpo físico saudável, é umaoportunidade de aprendizado dorespeito que se deve ter pelosemelhante.

Além do lazer saudável que todospodemos desfrutar, um ótimo recursopara que os jovens possam aprenderlições de vida na prática é levá-los a participar deatividades beneficentes, tais como visitas a asilos,creches, auxílio na distribuição de sopa aos carentes etantas outras atividades em que eles, os jovens,

oferecerão toda aquela energia (que eles têm de sobra!)em favor do refazimento daqueles que sofrem.

Se nós não oferecermos algo melhor para a formaçãomoral da juventude, não poderemos cobrar do adulto deamanhã atitudes de respeito e amor ao próximo.

É nossa obrigação, no papel de pais e mães,educadores responsáveis pela condução da boa formaçãomoral daqueles que Deus nos confiou, mostrar a eles que avida é muito mais do que vemos nas novelas e nos filmes.Mostremos a eles que temos o poder de modificar o queestá errado através de nossa boa ação.

Outro ponto interessante é a música.Experiências demonstram que as crianças gostam de

ouvir música clássica, e as que ouvem são mais calmas esociáveis. Por que razão deixamos de oferecer às criançaseste tipo de música? E as músicas infantis, inocentes ealegres, onde foram parar?

A carga erótica que as músicas modernas trazem, comsuas danças sensuais, acaba trazendo à tona mais cedo avontade da experiência sexual, despertando instintos quesó deveriam aflorar muito mais tarde.

Cabe aí a vigilância dos pais sobre a qualidade e aexplicação do que é oferecido às crianças.

Reforçamos sempre que o aprendizado religioso,através do Culto do Evangelho no Lar da freqüência às

aulas da Evangelização Infantil, é desuma importância, pois, repetimos, sópoderemos cobrar daquele que jásabe.

Os pais têm uma grande missão,como nos lembra Emmanuel, no livro“Vida e Sexo”: “Identifiquemos no lar aescola viva da alma. O Espírito,quando retorna ao Plano Físico, vê nospais as primeiras imagens de Deus eda Vida.”

Sejamos amigos, companheiros debrincadeiras e abertos a todo tipo dediálogo com nossos filhos, mas nãonos esqueçamos do papel de paiscomo representantes de Deus dentro

do lar, pois Ele nos perguntará um dia: “O que fizestes dacriança que confiei à vossa guarda”?

WilsonImagem de Cruz Pintor

familiaFamília

Influência dos Meios de Comunicação

tema livreTema Livre

Temos aprendido que devemos ressaltar o bem, asboas qualidades do próximo, saber separar o que é bom do

ruim em tudo que nos envolve, valorizando o que pode nostrazer benefícios, seja através do que vemos, lemos ououvimos, por intermédio de um amigo ou inimigo ou aindapor qualquer meio de comunicação. Pois temos que estarintegrados com o mundo, não podemos viver isolados, o

Nossa Parte

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importante é sabermos viver cumprindo com nossosdeveres colaborando pelo progresso geral, pois seindividualizarmo-nos estaremos sendo egoístascontrariando a máxima “amai-vos uns aos outros”.

Observando estes princípios podemos mencionar umexemplo: a revista Época de 5/12/2005 divulgou umamatéria sobre a saúde, que mostra o interesse da ciênciaem integrar os tratamentos da medicina convencional comas terapias alternativas, dando a este novo conceito onome de medicina integrativa, que passa a observar opaciente como um conjunto indissociável de corpo, mentee espírito. A forma como o indivíduo ainda é analisado,longe está do ideal, mas já demonstra através de estudoscientíficos a necessidade de se procurar fora do campofísico a origem de inúmeras enfermidades, bem como, osbenefícios que as terapias alternativas promovem,principalmente as de origem no poder da mente. Estamosfalando aqui de terapias alternativas, mas daquelaslevadas a sério por pessoas e/ou entidades dignas derespeito e não daquelas ou daqueles que procuram lesare/ou enganar as pessoas lucrando com isso e, tambémdessa forma promovendo o descrédito da população.

Isto nos mostra e nos faz lembrar o esclarecimento deum espírito dado a André Luiz no livro “Os Mensageiros”,em que diz:

Estas informações são verdadeiras lições, chamandoas nossas responsabilidades, mostrando também que aEspiritualidade Superior trabalha em prol da evolução dahumanidade, procurando orientar aqueles que se dedicamtambém no campo da ciência, ciência esta que irácomprovar os Ensinamentos Divinos a nós através donosso Mestre Jesus.

Claro que ainda é ínfimo o desenvolvimento destesestudos científicos, mas, é uma semente como o “grão demostarda” que, se devidamente cuidada, resultará emfrutos de Amor à humanidade. Cabe a nós outros, queestamos também engatinhando no aprendizado doEvangelho, regar esta semente através da oração.Solicitando ao nosso Pai que conceda sempre de suamisericórdia o amparo da Espiritualidade Superior a essespesquisadores, para que eles possam realizar os trabalhosque lhes são concedidos, e assim, estaremos nóscumprindo com a parte que nos cabe no desenvolvimentoda Grande Obra que é a elevação da humanidade nosentido real.

Roberto Cunha

“A saúde humana é Patrimônio Divino e o médico ésacerdote dela. Os que recebem o título profissional, emnosso quadro de realizações sem dele se utilizarem a bem

dos semelhantes pagam com a indiferença. Os que deleabusam são situados no campo do crime. Jesus não foisomente o Mestre, foi médico também. Deixou no mundo opadrão da cura para o Reino de Deus. Ele proporcionavasocorro ao espírito e ministrava fé à alma. Nós porém, meucaro André, em muitos casos terrestres, nem semprealiviamos o corpo e quase sempre matamos a fé.”

kardec em estudoKardec em Estudo

Progresso moral existe, porém, é lento. Combater osdois grandes males que existem mais fortes dentro de nós,orgulho e egoísmo, é o caminho ao crescimento.

Para termos o progresso moral é necessário travarmosuma guerra interior no combate contra esses dois maioresinimigos que há séculos acalentamos. Sem percebermos,a cada dia de nossa existência no plano físico, acabamosperdendo diversas oportunidades de crescimentoespirítual.

Enquanto estivermos preocupados em desenvolversomente o progresso intelectual, usando a inteligênciapara males como vícios que trazemos das reencarnaçõespassadas, certamente continuaremos estacionados.

Todos nós temos dificuldades em desenvolver as

nossas tendências para o bem e, por esse motivo, o malcontinua fazendo vítimas a toda hora. Precisamos mudar anossa maneira de pensar e de agir.

Não podemos dar vazão a impulsos animalescos,temos conhecimento, o suficiente para usarmos nossainteligência em benefício de toda a humanidade.

Somos espíritos eternos e só através da mudança denossas atitudes, enxergaremos o futuro com a certeza deuma vida melhor.

Deus espera que nos vigiemos, para praticarmos todasas teorias evangélicas, guardadas em nosso intelecto,para firmarmo-nos no presente, refletindo no futuro.

GeniBibliografia: O Livro dos Espíritos - Allan Kardec

Tradução Guillon Ribeiro - FEB - 84ª edição

Questão 784 — A perversidade do homem é bem grande e não parece marchar para trás em lugar de avançar, pelomenos no ponto de vista moral?“Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que ele avança, visto que compreende melhor o que é mal, e que cadadia corrige os abusos. É preciso o excesso do mal para fazer compreender a necessidade do bem e das reformas.”

O Livro dos Espíritos - Capítulo “Lei do Progresso”

Marcha do Progresso

Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”

Rua das Turmalinas, 56 / 58Jardim Donini - Diadema - SP

Tratamento Espiritual: 2ª às 19h453 às 14h454ª às 19h456ª às 14h45

ªAtendimento às Gestantes: 2ª às 15 horasEvangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniõesReuniões: 2ª, 4 e 5 às 20 horas

3 e 6 às 15 horasDomingo às 10 horas

ª ªª ª

Artesanato: Sábado das 9 às 16 horas

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Muito falamos quanto ao desprendimento (parcial) doespírito sobre o corpo físico, durante o sono. Frisemos que,quando assim explanado, não significa se tratar de duasexistências. Quando falamos sobre doiscorpos, o físico e o espiritual, queremos dizerduas fases de uma única existência, uma vezque nós não temos duas existênciassimultâneas.

No estado de emancipação da alma,quando o espírito se liberta, ainda queparcialmente da matéria, esta se encontra emestado inerte, enquanto o espírito, que é aenergia propulsora, se encontra em atividade.O estado atuante do espírito pode se mostrarclaro, por exemplo, quando em sonho o nossocorpo dormente reproduz sons ou se agita.Neste caso, podemos perceber que o espíritoage sobre o físico. Não há que se falar emduas vidas, mas, em duas partes queconstituem e integram uma única vida.

No capítulo VII, em “O Livro dos Espíritos”, a questão 344nos reporta à assertiva de que a união da alma ao corpocomeça na concepção, ligados por um laço fluídico, se

completando com o nascimento. Este laço é o que nosprende ao corpo físico durante o sono, nos permitindo umdesprendimento apenas parcial da matéria. Ainda quehouvesse o desligamento desse laço, não se daria adupla existência. Simplesmente, a vida física seextinguiria, restando unicamente o espírito.

A questão 345, do capítulo citado,acrescenta que é definitiva a união do espíritocom o corpo, no sentido de que outro espíritonão poderia substituir o que já estádesignado para aquele corpo, ou seja, corpoe espírito se vinculam e se tornam uma sóexistência, até que se rompa o elo que os une— o laço fluídico, momento em que passará aexistir apenas o espírito.

A frase: “Teu Espírito é tudo; teu corpo ésimples veste que apodrece: eis tudo.”(Questão 196 “O Livro dos Espíritos”), nosconvida a refletir sobre a importância donosso comportamento. Esforcemo-nos,sempre, à procura da elevação moral. QueJesus continue nos guiando. Graças ao PaiCelestial!

RosangelaBibliografia: “O Livro dos Espíritos” - Allan Kardec - FEB

Imagem: www.casa-indigo.com/images/alma_terapia_310.jpg

O Corpo e a Alma

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 17

V O Pencendo os bstáculos do reconceito

Terceira Idade

Chegar à terceira idade é uma tarefa bastante difícil,mesmo quando temos um reencarne em um corpo perfeito,porque o tempo passa e o cansaço chega, cedo ou tarde.

Imaginemos, então, chegar à terceira idade tendoalguma deficiência. Podemos considerar uma grandevitória a estes que chegam e ainda são portadores dedoenças como a “Síndrome de Down”.

Alguns anos atrás, por falta de recursos, os portadoresda “Síndrome de Down” não chegavam à adolescência,muitos eram abandonados ou, em alguns casos, mães osescondiam por terem vergonha de sua condição.

Lembrando-se que a luta constante dos familiarescontra o preconceito não está sendo em vão, muitasbarreiras foram vencidas no campo da rejeição.

Hoje as famílias já aceitam melhor os portadores dessadeficiência e, assim, sentindo-se amados, amparados,respeitados e aceitos em uma sociedade sem tantopreconceito, o portador chega à terceira idade levando

uma vida quase normal. Tem acesso a escola, trabalho esentindo-se útil, vence os obstáculos encontrados nodecorrer da existência.

É aceito como pessoa que tem grande capacidade deaprender, porém, sabemos que nem todos conseguemtudo o que desejam, pois, a capacidade intelectual não éigual para todos. O importante de tudo isso é que pessoascom “Down” estão vencendo as deficiências de algunsórgãos e, conseqüentemente, chegando a atingir a terceiraidade bem dispostos, o que é o grande desafio para oespírito, pois, sendo consideradas um pouco diferentesdas outras pessoas, ao aceitarem como são sem serevoltarem, estão encontrando a melhor forma de poderemaproveitar a reencarnação, preparando-se para uma vidafutura melhor.

Acreditemos que Deus, Nosso Pai, sempre dá o melhorpara cada um dos seus filhos e a sua misericórdia é infinita,agindo a favor daqueles que são especiais.

Geni

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Segunda-feira à Sábado

Banca de Livros Espíritas “Joaquim Alves (Jô)”Banca de Livros Espíritas “Joaquim Alves (Jô)”

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SeareiroSeareiro18

Era uma borboleta feliz!Muito linda, várias cores brilhando em suas asas.Quando ela saía voando e o Sol batia, as suas asas

brilhavam parecendo que um arco-íris estava impressonelas.

Gostava de voar e exibir a sua beleza para que todospudessem admirá-la. Era muito vaidosa.

E assim ocorria.Quando ela aparecia no jardim, todos os insetos e as

plantas paravam para admirar a sua beleza. E todosfalavam: Como Deus é bondoso em fazer um ser tão bonitopara enfeitar o jardim.

Mas a borboleta não pensava assim.Achava sempre que ela era assim porque era vaidosa e

se cuidava. Nunca chegava perto de um outro animal queestivesse sujo.

Para repousar, escolhia somente as flores bonitas enovas. Quando via uma flor mais velha ou que não fosseperfeita na aparência dizia: Esta flor não me serve! Querosomente o que for belo e cheiroso à minha volta, porque eusou assim e não quero me misturar.

E com esta atitude, a linda borboleta era admirada portodos, mas só no primeiro momento que a viam, pois seafastavam dela devido a sua soberba e por não sersimpática com ninguém.

Um dia de sol bonito e lá ia a borboleta para o jardim porentre as flores.

Chegando lá, pousou em uma flor bonita e cheirosa.Ficou abrindo e fechando as suas asas para que todos aadmirassem.

Quando ela olhou para uma das folhas da planta, viuenorme lagarta, toda peluda e mastigando alguns pedaçosde folhas.

Falou a borboleta:— Nossa! Que horror de bicho! Você não pode ficar aqui

junto de mim que sou tão bela. O que vão pensar de mim?!A lagarta, um pouco triste pela atitude da borboleta,

disse:— Não se preocupe comigo, eu estou fazendo somente

o meu papel na Natureza. Como algumas folhas, limpandoas plantas. Embora a minha aparência não seja do seu

agrado, não me discrimine, pois eu tento serboa com todos, pois só assim poderei tera simpatia dos que me rodeiam.A borboleta continuou em sua posição

vaidosa:— Eu não aceito este pensamento!

Já sou bonita e não preciso me esforçarpara agradar ninguém.

Todos ficam me admirando pela minha beleza.— Eu, ao contrário de você, me esforço para ser

simpática e fazer o bem aos que me rodeiam. Quem sabeno futuro, se eu me esforçar bastante, Deus não mereserva coisas boas? Dizem que quem se esforça no bempode melhorar e Deus reservará boas tarefas. Quando eusei que uma lagarta está com fome, eu falo para ela meacompanhar e mostro para ela onde há folhas verdinhaspara comer.

Também mostro para os pássaros onde estão as frutaspara o alimento deles e quando eles vêm agradecer eu falosempre: — Foi Deus que colocou a fruta lá. Agradeça aEle!

Mas a borboleta não aceitava e saiu voando exibindo assuas asas.

Passado algum tempo a borboleta já estava velha emuito cansada. As suas asas já não brilhavam mais etodos no jardim já não olhavam para ela. Ela vivia tristepois não tinha conquistado amigos e nem a simpatia deninguém.

Num dia de Sol radiante, a borboleta estava triste emum canto do jardim, quando apareceu outra borboleta. Eralinda, mais linda do que ela fora quando jovem.

E era alegre.Atodos cumprimentava e sempre dizia:— Bom dia! Você viu como o nosso jardim está bonito

hoje. Como Deus é bom conosco!Todos gostavam de conversar com ela, pois sempre

tinha algo de bom ou uma palavra de ânimo.Um dia as duas borboletas pousaram próximas e

começaram a conversar. Falou a nossa alegre borboleta:— Bom dia, amiga! Lembra-se de mim?A borboleta triste jurava que nunca tinha visto aquela

outra borboleta, mas algo lhe era familiar. Diante dosilêncio da borboleta triste, ela falou:

— Sou aquela lagarta que você encontrou há muitotempo atrás. Transformei-me nesta borboleta. Graças aDeus, aprendi a fazer o bem a todos que eu encontrava ehoje tenho muitos amigos. E você? Como tem passado?

Admirada com a transformação ocorrida na lagarta,responde a nossa borboleta triste:

— Nada bem. Ninguém repara em mim, não falamcomigo. Eu vivo triste.

— Que é isso, amiga! A nossa vida é maravilhosa.Repare em sua volta quantos amigos podemos ter. Há

flores bonitas e pássaros alegres e cantantes.Há também muitos que vivem neste jardim eprecisam de nós.

— Mas eu não estou bem. Vivotriste. Eu é que

preciso deajuda.

A Felicidade

contosContos

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 19

— Mas não é assim que devemos pensar. Primeirodevemos oferecer ajuda aos outros, irmos até aos que,como você, estão tristes ou doentes e dar ânimo eesperança através de uma boa palavra. Você verá que,fazendo isso, você modificará o seu modo de pensar,sentirá um grande bálsamo interior e, de repente, você sesentirá alegre.

— Mas de onde virá esta alegria?— Virá de Deus que envolverá o seu coração com

bênçãos para você poder levá-las ao próximo. Isto não émaravilhoso!?

— Você falando, parece fácil, mas eu não sei seconsigo. Eu estou muito triste...

— Deixe disso, venha comigo que eu lhe mostro comoé.

Voaram o dia inteiro visitando vários bichos do jardimque precisavam de ajuda. Quando eles viam a borboletaalegre, logo abriam um sorriso, pois sabiam que vinha umpouco de paz. Estranhavam que a outra borboletaestivesse junto pois ela sempre fora tão antipática.

No final do dia a borboleta alegre perguntou a outra:

— E então, gostou de nosso dia?— Estou me sentido melhor. Até estou cansada e com

sono, coisa que fazia muito tempo que não ocorria.— E amanhã, o que vai fazer? Descansar?— Não, vou pedir a Deus que me dê ânimo de fazer

todas as visitas novamente, para ir aprendendo aconquistar a amizade e a simpatia dos outros através doamor. Agora que aprendi o caminho do bem eu espero nãodesistir.

— Que bom. Fico feliz por você ter melhorado, masnunca se esqueça de agradecer a Deus por tudo o quetemos em nossa volta e não peça descanso.

—Agora que eu aprendi o caminho do bem eu vou pedirmais oportunidades.

Depois desse dia, o belo jardim passou a contar comduas borboletas simpáticas e alegres. Uma era jovem,bonita, a outra era mais velha e não tão bonita, mas todospassaram a respeitá-la e a gostar dela, pois sempre tinhaalgo de bom a dizer ou a fazer quando precisavam.

Como recompensa Deus oferecia o Sol, a chuva e asflores para todos.

Adolpho

livro em focoLivro em Foco

Este livro de Emmanuel,psicografado por FranciscoCândido Xavier, nos trazestudos e dissertações emtorno da obra “O Céu e oInferno”, deAllan Kardec.

Reafirmando o conceito doslivros espíritas, apresentac a t i v a n t e s e r a c i o n a i scomentários em torno de

variadas e, por vezes, complexas questões filosóficas ereligiosas, tendo como objetivo principal demonstrar queem tudo se espelha a .Curtos, mas substanciosos, os capítulos desta obra sãocomo roteiros seguros a orientar o ser humano noscaminhos do mundo, auxiliando-o a raciocinar diante dasdificuldades da vida.

André Luiz nos diz, em mensagem recebida porFrancisco Cândido Xavier, que no Cristianismo Redivivo,

pois a dor não é forjada poroutrem, é criação do próprio espírito; o futuro não ésurpresa atordoante, é conseqüência dos atos presentes.

Deus é Eqüidade Soberana de reconhecer o direito decada um, pois não castiga e nem perdoa, pois nossaconduta é o processo e nossa consciência o tribunal.

Não nos esqueçamos, portanto, de que, a DoutrinaEspírita dilata o entendimento da vida e amplia aresponsabilidade da criatura.

Nesta obra, Emmanuel nos mostra que a Justiça Divinaé pura misericórdia, nos dando sempre novasoportunidades, pois que a rota do progresso nos estásempre livre.

Para complementar, repasso parte de texto escrito porRoque Jacintho:

Seguem alguns trechos desta obra:

Família Amado

Justiça e a Misericórdia Divinas

não há Castigo nem Perdão,

“És o que fazes.Acende a luz e espancarás as trevas.Ore ao alto e receberás Deus em ti.

Doa-te ao que sofre e, serásamparado quando sofreres.

Assinala a presença do sol e exaltarásas bênçãos da vida.

Empenha-te em melhorares a cada dia e,chegarás a ter o céu dentro de ti.

Ama e serás amado.Guarda a paz em ti e a distribuirás

aos que não a têm.Busca Jesus e encontrarás a Deus.”

“Há quem deseje tranqüilidade ideal na Terra, compretensão de fugir ao erro...

Falta alguma. Problema algum...No entanto, é no trato da luta que as forças fortalecem-se e

as qualidades se aperfeiçoam...Abençoemos as provações que nos abençoam...”

“...Se a consciência te acusa, repara a falta enquanto écedo...”

“Observa, contudo, o que fazes do tempo e vale-te delepara instalar bondade e compreensão, discernimento eequilíbrio, em ti mesmo, porque o dia que deixas passar,vazio e inútil, é, realmente, um tesouro perdido que não maisvoltará.”

Justiça Divina Francisco Cândido Xavier /Emmanuel

FEB - 248 páginas

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