SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO · 2017. 11. 8. · GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO...
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1o RELATÓRIO TÉCNICO PARCIAL
Projeto Agrisus n.
o 2059-17
Título da Pesquisa: SISTEMAS CONSERVACIONISTAS DE MANEJO DO
SOLO PARA CANA-DE-AÇÚCAR EM SUCESSÃO ÀS CULTURAS DA SOJA E
DO AMENDOIM
Coordenador: Denizart Bolonhezi
Instituição: Pólo Regional Centro-Leste - Agência Paulista de Tecnologia dos
Agronegócios (APTA)
Endereço: Avenida Bandeirantes, n. 2419, CEP:14030-670, Ribeirão Preto/SP, Fone
(16-3637109), celular (997222402), E-mail: [email protected] ou
Local da Pesquisa: Setor de Agronomia do Polo Centro-Leste (antiga Estação Experimental do IAC), Ribeirão Preto/SP
Valor Financiado pela Agrisus: R$ 35.000,00
Vigência do Projeto: 29/01/2015 a 01/10/2016
____________________________________________________________ 1. INTRODUÇÃO
A área cultivada com cana-de-açúcar situa-se ao redor de 11,2 Mha no Brasil, sendo distribuída
em duas regiões principais, a região Nordeste responsável por 1,27 Mha e a Centro-Sul com
aproximadamente 9,9 Mha, os quais são responsáveis pela produção de 652 milhões de toneladas de
matéria-prima, 38 milhões de toneladas de açúcar e 27 bilhões de litros de etanol (UNIÃO DAS
INDÚSTRIAS DE CANA-DE-AÇÚCAR, 2016; CANASAT, 2016). A produtividade média de
colmos cresceu 40 Mg ha-1
entre 1975 e 2008, com destaque para os canaviais paulistas, que
apresentavam média de 82 Mg ha-1
. Esses resultados podem ser atribuídos ao melhoramento genético,
ao uso de insumos e ao aperfeiçoamento das práticas culturais. Todavia, após crise iniciada em 2009,
devido à redução dos investimentos em reforma de canaviais e tratos culturais, associado aos
problemas climáticos e aos impactos da mecanização, bem como elevação nos custos, houve o
fechamento de 96 das 384 unidades industriais e a produtividade média desde a safra 2016/17 não
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ultrapassou 72 Mg ha-1
(DELGADO, EVANGELISTA e ROITMAN, 2017). A reforma dos canaviais
é uma das principais alternativas para aumentar a produtividade e reverter esse cenário.
Para as condições da região Centro-Sul, a área destinada para renovação nas últimas 10 safras,
representou em média 9.1 % dos canaviais. Essa expressiva diminuição, observada também em
outros Estados, decorre do alto custo da reforma. No contexto da cana crua, a adoção de manejos
conservacionistas é desejável no sentido de controlar erosão hídrica e diminuir os custos. Porém,
ainda faltam informações técnicas que subsidiem a adoção, pois existem sensíveis variações
edafoclimáticas e de manejo entre as diferentes regiões produtoras.
Considerando o exposto, o projeto PA2059-17 tem como objetivos; estudar em duas regiões
canavieiras e sucessões de culturas (amendoim e soja) o crescimento vegetativo e radicular da cana-
de-açúcar em quatro sistemas de manejo do solo (convencional com grade, grade + subsolador,
prepro reduzido com Rip Strip e plantio direto), quantificar as alterações nas características
agronômicas e tecnológicas, bem como as mudanças nos atributos químicos e físicos do solo. Nesse
primeiro relatório parcial serão apresentados detalhes da instalação e alguns resultados preliminares.
2. MATERIAL & MÉTODOS
2.1 Experimento em Sucessão ao Cultivo de Soja
Na região de Jardinópolis/SP (Fazenda Cresciúma), em talhão de 3 ha com histórico de 7
cortes mecanizados e sem queima, em solo classificado como LATOSSOLO Vermelho eutrófico,
foi cultivado soja em semeadura direta sobre palhiço. Após a colheita da soja (entre 21/02/2017 e
03/03/2017) foram realizadas amostragens de solo, compostas para fins de fertilidade do solo e de
anéis para caracterização física, as quais foram realizadas nas camadas 0-5, 5-10, 10-20, 20-40 e 40-
60 cm de profundidade. As amostras compostas foram armazenadas para análise juntamente com as
que serão coletadas após a colheita da cana planta. Na ocasião foram abertas trincheiras para coleta
de solo para determinação da estabilidade de agregados. As amostras indeformadas, coletadas em
anéis volumétricos, e para estudo de agregados foram encaminhadas ao laboratório da
FEAGRI/UNICAMP.
Nessa ocasião, foram realizadas amostragens da quantidade de resíduo presente na superfície
do solo e da resistência mecânica do solo à penetração (RMSP) com penetrômetro digital marca
DLG, modelo PNT-2000. A gleba apresentava 14,7 Mg ha-1
de matéria seca de palhiço de cana
crua por ocasião da semeadura direta da soja, quantidade reduzida a 8,7 Mg ha-1
no final do ciclo da
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soja (palhiço de cana + resteva de soja). Foram realizadas leituras na linha de e entrelinha da cultura
de soja já colhida, sendo 10 pontos de leituras em cada bloco.
Os tratamentos de manejo de solo foram instalados conforme delineamento experimental
blocos ao acaso com 5 repetições, porém com algumas alterações. Foram instalados quatro
tratamentos de manejo de solo: 1) Preparo convencional com grade aradora + grade niveladora, 2)
Preparo convencional com grade aradora + subsolagem, 3) Preparo reduzido com Rip Strip®
ajustado para duas linhas e 4) Transplantio Direto. Cada parcela experimental compreendeu 4
sulcos a 1,5 m de espaçamento por 200 metros de comprimento, totalizando 1.500 m2
por parcela
experimental. Convém esclarecer, que foi realizada parceria com a empresa BASF, a qual forneceu
40 mil mudas pré-brotadas da variedade CTC 9003 (Sistema AGmusa) e equipamento para
transplantio. Por essa razão, o tratamento plantio direto deve ser denominado transplantio direto.
Em relação ao plano original (mudas convencionais e plantio manual), essa parceria proporcionou
sensível redução nos custos do projeto, rapidez na instalação e melhor qualidade no processo. Na
Figura 1, pode-se verificar a imagem realizada com Vant, após a instalação dos tratamentos de
manejo do solo. É possível identificar as faixas com coloração clara contínua, que referem-se ao
tratamento transplantio direto, assim como as faixas do Rip Strip. Detalhes dos tratamentos de
manejo do solo podem ser vistos nas Figuras 2 e 3. O tratamento Rip Strip foi realizado no dia
14/03/2017 e os tratamentos convencionais no dia 25/03/2017.
Figura 1. Vista dos tratamentos de manejo após a colheita da soja.
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Figura 2. Preparo convencional com gradagem (esquerda) e subsolagem (direita).
Figura 3. Rip Strip ajustado para o espaçamento da cana-de-açúcar (esquerda) e uso do
equipamento sobre resteva de soja semeada diretamente sobre soqueira de cana crua (direita)
A mesma transplantadora foi utilizada nos quatro tratamentos de manejo do solo. O
equipamento foi desenvolvido pela empresa AGRICEF, por encomenda da BASF e partiu de um
projeto inicialmente desenvolvido pela DMB. É composta por dois sulcadores, reservatório de
fertilizantes, tanque pulverizador para inseticidas, suporte para bandejas de mudas pré-brotadas e
sistema de distribuição de mudas do tipo “carrossel” (Figura 4).
Figura 4. Detalhe da muda pré-brotada e da transplantadora da BASF (Agricef).
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O transplantio foi realizado nos 27 e 28 de março de 2017, a adubação consistiu no fornecimento de
30 kg ha-1
de N, 150 kg ha-1
P2O5 e 50 kg ha-1
K2O, através da aplicação de 500 kg ha-1
da
formulação 6-30-10 e na ocasião foi aplicado 0,5 L ha-1
do fungicida Comet (piraclostrobina), além
do inseticida fipronil (0,25 kg ha-1
). A transplantadora foi regulada distribuir mudas a cada 60 cm e
profundidade de sulcação variou conforme tratamento de manejo. Em virtude do tratamento Rip
Strip ter sido realizado 15 dias antes, foi utilizado trator com GPS, permitindo a casualização dos
tratamentos em cada bloco. Por conseguinte, houve a necessidade de utilizar trator com bitola
estendida de 3,0 metros, para realizar o transplantio no tratamento Rip Strip (Figura 5), evitando
assim trafegar com rodado do trator dentro do sulco previamente preparado
Figura 5. Trator utilizado para transplantio nos tratamentos convencionais e direto (esquerda).
Trator com bitola estendida de 3 metros para transplantio no tratamento Rip Strip (direita).
Com finalidade de garantir um bom “pegamento” das mudas, é recomendado realizar
irrigação (Figura 6) logo após o transplantio de mudas pré-brotadas. Assim sendo, utilizou-se
caminhão pipa logo após o transplantio com finalidade de aumentar contato do solo com o sistema
radicular. Devido a dificuldade de entrar com caminhão na gleba, as demais irrigações (semanais
durante um mês) foram realizadas com pipa tracionada por trator. A primeira irrigação foi realizada
com base na recomendação da BASF, a qual recomenda o fornecimento de 2,5 L por planta. A
irrigação foi suspensa a partir do mês de maio, quando iniciaram-se as avaliações.
Figura 6. Irrigação na fase de pegamento das mudas com pipa (esquerda) e caminhão (direita).
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As avaliações iniciaram-se no mesmo dia do transplantio, com objetivo de quantificar as
falhas do equipamento em função dos diferentes sistemas de manejo do solo. Foram amostrados
quatro pontos de duas linhas em cada passada da transplantadora, nos quais foram anotadas as
distância média entre as mudas, o número de mudas descobertas e tombadas. As falhas decorrentes
do plantio foram corrigidas no mesmo dia.
Após 30 dias transcorridos do transplantio, encerradas as irrigações, no dia 26/05/2017 foi
realizada a avaliação da infestação de plantas daninhas. Para tal deixou-se uma faixa sem aplicação
de herbicida pós-emergente, na qual foram amostrados dois sulcos de 3 metros de comprimento (3 x
3 m de área amostrada). Na área amostrada, as plantas presentes foram identificadas, contadas e
coletadas para quantificação da biomassa seca (Figura 7).
Figura 7. Avaliação da infestação de plantas daninhas no preparo convencional (esquerda) e no
manejo com Rip Strip (direita)..
A partir dos 30 dias após o transplantio (26/05/2017) foram iniciadas as avaliações do
número de perfilho e acúmulo da biomassa seca da parte aérea. Foram quantificadas todas as
plantas presentes em dois sulcos de 4 metros, nos quais foram contabilizados todos os perfilhos
presentes. A parte aérea das plantas presentes em 1 metro de linha foi cortada e levada para estufa
de secagem (T 60 oC) até massa constante. Essas avaliações foram realizadas no mês de maio,
junho, julho, agosto, setembro e outubro, devendo seguir até a colheita. Nas últimas avaliações, em
virtude do tamanho das plantas, uma alíquota da biomassa é retirada para determinação da biomassa
seca. Mais adiante, quando o número de colmos já tornar-se definitivo em cada tratamento, serão
incluídas outras características (número de colmos, número de internódios, comprimento e
diâmetro).
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No dia 21/06/2017, foram instalados três tubos de acesso (100 cm de profundidade) do
sensor de umidade do solo do tipo FDR (Reflectometria no Domínio da Frequência), modelo
DIVINER 2000®
(Figura 8). Os tubos foram posicionados na linha de plantio, 15 cm ao lado e no
centro da entrelinha. O equipamento de propriedade da FEAGRI/UNICAMP, foi instalado para
monitorar o conteúdo de água no solo, sobretudo durante o período seco. Foram realizadas três
leituras, porém em virtude de problemas técnicos na calibração do sensor, os resultados gerados no
período necessitam de transformação antes da interpretação.
Figura 8. Instalação dos tubos de leitura da sensor de umidade do solo Diviner (FDR) e
procedimento de leitura.
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Estava prevista amostragem de raiz no mês de agosto, todavia em virtude da estiagem,
optou-se em esperar as primeiras chuvas para fazê-la. Entre os dias 25 e 28 de outubro, foram
coletadas 600 amostras de solo, nas profundidades de 0-20, 20-40, 40-60, 60-80, 80-100 cm em três
posições (15, 45 e 75 cm) nos dois lados da soqueira. Após amostragem, as amostras foram
congeladas para posterior lavagem, separação das raízes, geração das imagens em scanner, análises
das mesmas no software Safira®
e secagem para determinação da biomassa seca. Na ocasião foram
realizadas leituras com penetrômetro digital e coletadas amostras indeformadas e para estabilidade
de agregados, as quais serão analisadas no laboratório de solos da FEAGRI/UNICAMP.
10.4.2. Experimento em Sucessão ao Cultivo de Amendoim
Na região de Assis/SP, em canavial com histórico de 7 cortes mecanizados sem queima e
solo classificado como NEOSSOLO Quartzarênico órtico Álico, textura arenosa, foi destinado
talhão com 10 hectares para instalação de diversos sistemas de manejo de solo para a cultura do
amendoim. Embora sem delineamento estatístico, devido às circunstâncias da pesquisa (on farm),
esta área de validação foi instalada após cultivo de amendoim, adubo verde e uma faixa deixada
em pousio desde dezembro de 2016. Antes do início das operações de preparo de solo (26/11/2016),
foram coletadas 10 amostras da palhada presente na superfície do solo, em área de 0,5 x 0,5 m, que
após secagem indicaram quantidade estimada de 10.9 Mg ha-1. Na mesma ocasião, foram coletadas
amostras de terra para fins de fertilidade, considerando as seguintes profundidades; 0-5, 5-10, 10-
20, 20-40 e 40-60 cm. Como práticas corretivas, foram aplicados 1,7 Mg ha-1 de calcário, 1.0 Mg ha-1
de gesso agrícola e 350 Mg ha-1 de fosfato, os quais foram incorporados nos sistemas de manejo de
solo convencional e deixados sobre palhada nos sistemas conservacionistas. Os tratamentos
estabelecidos foram; 1) Destruidor mecânico de soqueira + grade + arado + semeadura de
amendoim, 2) Semeadura direta de amendoim, 3) Destruidor de soqueira + grade + subsolagem +
semeadura do amendoim, 4) Rip Strip + Semeadura de amendoim, 5) Destruidor de soqueira +
grade + Rip Strip + Semeadura de Amendoim, 6) Destruidor de soqueira + grade + subsolagem +
Semeadura de Crotalaria ochroleuca; 7) Destruidor de soqueira + grade + subsolagem + pousio. A
distribuição desses tratamentos no campo podem ser visualizados no mapa da Figura 9. A área de
cada tratamentos é de 1 ou 2 hectares e já foi georeferenciada para o plantio da cana-de-açúcar. Nas
Figuras 10 e 11, podem ser visto o desenvolvimento do amendoim em alguns dos tratamentos.
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O plantio manual da variedade RB867515 foi realizado no dia 20/05/2017 utilizando
espaçamento duplo alternado. Nota-se pela Figura 12 que chuva ocorrida no dia 02/05/2017 gerou
danos expressivos nas áreas adjacentes ao talhão destinado à essa pesquisa. Outra chuva ocorrida
em junho assoreou os sulcos de plantio, como pode ser verificado na Figura 13, cobrindo parte
considerável dos resíduos da colheita de amendoim e o palhiço remanescente da cana crua. Mesmo
o resíduo da Crotalaria ochroleuca, manejada com triturador, foi recoberta pelo solo erodido.
Após a colheita do amendoim foram retiradas amostras para fins de fertilidade e anéis
volumétricos. A resistência mecânica do solo à penetração (RMSP) foi realizada com penetrômetro
digital marca DLG modelo PNT-2000 respeitando as normas da ASAE S313.3 (ASAE, 1996), que
possui motor elétrico que mantém força constante, eliminando erro do operador. Foram relizadas
leituras ao longo do ciclo do amendoim.É importante esclarecer que nesse ensaio, os preparos foram
realizados para a cultura do amendoim e nenhum foi realizado previamente ao plantio da cana-de-
açúcar. No período compreendido desde o plantio, foram realizada avaliações de perfilhamento e
está programada para o mês de novembro (6 meses após o plantio), a realização de amostragem do
sistema radicular, bem como uma caracterização física do solo.
Figura 9. Mapa com a distribuição dos tratamentos de manejo (esquerda) e faixas com amendoim
semeado em dois sistemas de manejo diferentes aos 20 dias após semeadura (05/01/2017) (direita)
Figura 10. Faixa do sistema convencional ao lado do Rip Strip (esquerda) e faixas com amendoim
na semeadura direta aos 120 dias (direita).
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Figura 11. Amendoim cultivado no sistema Rip Strip ao lado da faixa com Crotalaria ochroleuca
(direita) e a mesma ao lado do pousio (direita).
Figura 12. Erosão ocasionada por chuva de 120 mm (02/05/2017) após a colheita do amendoim
(esquerda) e detalhes da camada compactada em subsuperfície (direita).
Figura 13. Vista da variedade RB867515 no manejo de solo Rip Strip (esquerda) e no convencional
(direita).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Informações das condições microclimatológicas foram coletadas em estação automatizada, a
qual está posicionada a cerca de 20 km do experimento. Na Figura 15, pode-se observar a
distribuição das chuvas, temperatura máxima e mínima do ar, considerando o período
compreendido desde o transplantio até final de outubro/2017, perfazendo 270 mm, distribuídos em
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33 dias de chuva. A temperatura média máxima e mínima foram respectivamente 29,3 e 15.9 oC.
Verifica-se que entre 23/05 e final de outubro houve pronunciado período de deficiência hídrica
(120 dias sem chuva). Na Figura 16 encontram-se os dados microclimatológicos referentes à região
de Assis/SP, onde está localizado o ensaio em parceria com a AGROTERENAS. Nota-se que a
chuva acumulada após o plantio foi de 484 mm, distribuídos em 46 dias de um total de163 do
período. A temperatura média máxima e mínima foram respectivamente 26,7 e 12,0 oC.
Comparando-se os dois gráficos, pode-se verificar o contraste entre as duas regiões, sendo que
embora haja maior disponibilidade hídrica em Assis/SP, devido as baixas temperaturas, o
crescimento da cultura é menor nesse período.
Figura 15. Distribuição das chuvas, das temperaturas máximas, mínimas no período compreendido entre 01/03/2017 até
30/10/2017. Ribeirão Preto, SP. APTA Centro Leste.
Figura 16. Distribuição das chuvas, das temperaturas máximas, mínimas no período compreendido entre 01/03/2017 até
30/10/2017. Assis, SP. APTA Médio Vale do Parapanema.
Devido a maior parte dos resultados gerados nesse período ainda estarem em fase de
processamento, serão apresentados nesse item somente uma parte relativa ao ensaio conduzido em
Jardinópolis/SP, o qual refere-se à estratégia de realizar os preparos de solo após a colheita da
cultura de sucessão. Como o aumento da adoção da semeadura da soja sobre palhiço de cana crua,
com o intuito de reduzir custos e erosão, os canavicultores enfrentam esse dilema, se devem ou não
realizar o preparo após a colheita da soja, considerando que o próximo canavial deverá ser
explorado por um longo período.
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Os resultados sobre infestação de plantas daninhas variou muito entre os tratamentos, pois a
faixa disponível para amostragem foi restrita e pequena em relação ao tamanho da parcela. De
qualquer forma, de maneira geral, o maior número foi contabilizado no tratamento
grade+subsolador (18 plantas em 9 m2), seguido pelos tratamentos com Rip Strip (11 plantas em 9
m2), transplantio direto (5,8 plantas em 9 m
2) e convencional com grade (4,6 plantas em 9 m
2). No
contexto da cana crua, a adoção de sistemas de manejo conservacionistas do solo podem auxiliar
sobremaneira no controle de plantas daninhas. Pesquisas conduzidas em condição de Argissolo e
Latossolo no Estado de São Paulo, estudaram a interação entre sistemas de manejo do solo e
culturas utilizadas em sucessão, dentre elas, a Crotalaria juncea e a mucuna-cinza, além do pousio,
soja, amendoim e girassol. Verificou-se que a manutenção da palhada de cana crua no sistema
plantio direto reduziu significativamente a diversidade de espécies (11 de um total de 25
identificadas), diminuiu a população infestante, a biomassa seca e o índice de valor de importância
relativo das plantas daninhas (SOARES et al., 2011). Embora no pousio, o plantio direto e cultivo
mínimo reduziram a biomassa seca das plantas daninhas em 62% e 55%, respectivamente em
comparação com o convencional, se utilizada à rotação de culturas com Crotalaria juncea ou
mucuna-cinza, o efeito destas sobre a vegetação espontânea é tão importante que o manejo de solo
não exerce influência significativa (SOARES et al., 2012; SOARES et al., 2016, SOARES et al.,
2017). Vale salientar que a seletividade aos herbicidas comumente utilizados na cultura da cana-de-
açúcar convencional não é a mesma para mudas pré-brotadas. Portanto, a manutenção dos resíduos
na superfície e o menor distúrbio na camada superior do solo, poderão auxiliar no controle de
plantas daninhas. Resultados gerados no PA1495/15, o qual utilizou MPB em diferentes manejos de
solo, permitiu identificar com clareza esse benefício da palhada. Provavelmente, na presente
pesquisa, devido o uso de soja transgênica, houve um controle mais efetivo das plantas daninhas ao
longo do ciclo da soja, diminuindo a infestação e o espectro de espécies presentes.
Com relação ao perfilhamento, as análises estatísticas não mostraram interação significativa
entre os sistemas de manejo de solo e as datas de amostragem (a cada 30 dias). Por conseguinte,
nota-se na Figura 16 que na média das avaliações mensais não houve diferença significativa entre
os sistemas de manejo. Por outro lado, nota-se que para a média dos sistemas de manejo do solo, o
perfilhamento atingiu máximo número no mês de agosto (> 30 perfilhos por metro) e diminuiu a
partir desse mês até a avaliação de outubro. O maior perfilhamento da cana-de-açúcar em manejo
conservacionista é relatado em algumas pesquisas (Bolonhezi et al., 2011; Bolonhezi et al., 2014),
vantagem apregoada à maior disponibilidade hídrica, situação não verificada até o momento nesse
projeto.
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Figura 17. Perfilhamento da cana-de-açúcar CTC 9003 em diferentes manejos de solo sobre resteva de soja. Média de
seis meses de avaliação. Jardinópolis/SP, 2017.
Figura 18. Perfilhamento da cana-de-açúcar CTC 9003 em diferentes meses de avaliação. Média de quatro manejos de
solo. Jardinópolis/SP, 2017.
Com relação ao acúmulo da biomassa seca da parte vegetativa, verifica-se no gráfico da
Figura 19 que houve diferença estatística somente nas avaliações realizadas nos meses de julho e
agosto. No mês de julho, o manejo com grade proporcionou a maior produtividade de matéria seca,
diferindo significativamente dos manejos conservacionistas. Ao contrário no mês de agosto,
normalmente o período com maior deficiência hídrica, a maior produtividade foi constatada no
tratamento transplantio direto. Nas demais avaliações não houve diferença estatística entre as
médias. Embora ainda não seja possível concluir sobre os resultados, há indícios de maior
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resistência das plantas de cana-de-açúcar ao período de estresse hídrico no plantio direto. O fato de
não haver diferença na maioria das avaliações, em termos de acúmulo de biomassa seca, já é uma
resultado importante na medida em que confere maior segurança na adoção do sistema.
Figura 19. Perfilhamento da cana-de-açúcar CTC 9003 em diferentes meses de avaliação. Média de quatro manejos de
solo. Jardinópolis/SP, 2017. Com relação à compactação do solo, foram realizadas três leituras com penetrômetro digital
DLG, logo após a colheita da soja em março, no mês de junho e setembro. Nota-se na Figura 19,
que após a colheita da soja, na camada de 0-20 cm a haste escarificadora da semeadora utilizada
(Jumil, modelo Guerra GII, 7090) proporcionou uma redução na RMSP, todavia nessa época o solo
encontrava-se com maior conteúdo de água. No mês de junho, a diminuição da umidade no solo, os
sistemas conservacionistas apresentaram maior conteúdo de água nos primeiros 20 cm de
profundidade (Figura 21). O ressecamento do solo nesse período de início do inverno, concorreu par
aumentar expressivamente a RMSP, sobretudo na entrelinha dos sulcos de plantio (Figura 22) na
camada entre 10 e 20 cm, onde os valores máximos foram observados principalmente no tratamento
com grade aradora. Por outro lado na linha de plantio, verificou-se uma sensível redução nos
valores de RMSP nos tratamento Rip Strip e Grade + Subsolador, os quais proporcionaram valores
de RMSP menores que 1,5 MPa. No mês de setembro, após 120 dias sem chuva, os valores
máximos de RMSP foram verificados nos tratamentos plantio direto e grade aradora, nos quais
ultrapassaram 8 MPa na camada compreendida entre 20 e 30 cm de profundidade. Os valores de
umidade do solo fornecidos pela sonda DIVINER-2000® em leituras realizadas no mês de setembro
foram 113, 112, 106 e 90 mm de água, respectivamente nos tratamentos grade + subsolador, Rip
Strip, grade e plantio direto. Esses valores ainda necessitam de ajustes, todavia correlacionam-se
com os valores de RMSP medidos neste período.
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Figura 20. Resistência mecânica do solo à penetração (MPa) em diferentes sistemas de manejo do solo, sendo RS (Rip
Strip), GA (Grade), GA+S (grade + subsolador) e PD (plantio direto). Valores médios de 15 leituras realizadas no sulco
de plantio. LATOSSOLO Vermelho textura argilosa,Jardinópolis, SP, março de 2017.
Figura 21. Umidade do solo em diferentes sistemas de manejo, em junho de 2017. Jardinópolis/SP.
Figura 22. Resistência mecânica do solo à penetração (MPa) em diferentes sistemas de manejo do solo. Valores médios
de 15 leituras realizadas na entrelinha. LATOSSOLO Vermelho textura argilosa, Jardinópolis, SP, junho de 2017.
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Figura 23. Resistência mecânica do solo à penetração (MPa) em diferentes sistemas de manejo do solo. Valores médios
de 15 leituras realizadas na linha. LATOSSOLO Vermelho textura argilosa, Jardinópolis, SP, junho de 2017.
Figura 24. Resistência mecânica do solo à penetração (MPa) em diferentes sistemas de manejo do solo, sendo RS (Rip
Strip), GA (Grade), GA+S (grade + subsolador) e PD (plantio direto). Valores médios de 15 leituras realizadas no sulco
de plantio. LATOSSOLO Vermelho textura argilosa, Jardinópolis, SP, setembro de 2017.
4. CONCLUSÕES
Os resultados preliminares obtidos até o momento não permitem concluir com segurança
sobre o efeito dos tratamentos. Todavia, é possível dizer que é factível o transplantio direto de
mudas pré-brotadas sobre resteva de soja, a qual foi semeada diretamente sobre palhiço de cana
crua. O transplantio direto direto ou sobre faixa preparada, proporcionaram menor percentual de
mudas tombadas e maior regularidade entre a distância das plantas. Todavia, em períodos de severa
deficiência hídrica, os manejos que contemplam subsolagem (Grade+Subsolador e Rip Strip)
proporcionaram redução significativa na resistência à penetração.
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Ações de Divulgação e Treinamento. Grupo da COOPERCITRUS (esquerda) e participantes do XI
Workshop Agroenergia ocorrido em junho de 2017.
5. DIFICULDADES E MEDIDAS CORRETIVAS
Não foi possível manter a mesma variedade de cana-de-açúcar nos dois ensaios instalados,
pois são ambientes de produção totalmente diferentes e demandam o posicionamento compatível
com as características, sendo Jardinópolis considerado ambiente A (alta fertilidade) optou-se pela
CTC 9003 e em Assis, por ser classificado como ambiente E, foi escolhida a variedade RB 867515
(rústica). Deve-se ressaltar que, a pesquisa é realizada em parceria com produtores, portanto há a
necessidade de ajustar os interesses tanto da pesquisa quanto do agricultor. Por outro lado, não
estava previsto o uso de mudas pré-brotadas na proposta original, fato que permitirá gerar
informações para esse importante método de propagação.
A busca por parcerias continua sendo uma estratégia importante para otimizar uso de
recursos e permitir treinamento de recursos humanos. Nesse sentido, o projeto permitiu a inserção
de um aluno em nível de graduação como bolsista do CNPQ modalidade PIBIT (Olavo Betiol) e
uma aluna ingressante de Doutorado na FEAGRI/UNICAMP (Eng.a Agrícola Ingrid Nehme de
Oliveira). Da mesma forma, a parceria com a BASF possibilitou economia considerável no custo de
implantação do canavial em Jardinópolis.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAMILO, E.H. Dry root biomass of sugarcane grown under different lime rates in conventional and
no-tillage system. In: INTERNATIONAL SOCIETY OF ROOT RESEARCH, VIII, Dundee,
Scotland, 2012, Abstracts…University of Dundee, 2011. (CD-rom) BOLONHEZI, D.; GENTILIN Jr., O.; SCARPELLINI, J.R.; BOLONHEZ, D.; SILVA, T.L.
Sugarcane in No-tillage and Liming Long-term Experiment: Fifteen Years fo Results. In: WORLD
CONGRESS ON CONSERVATION AGRICULTURE, VI, Winnipeg, Canada, 2014.
Proceedings…Winnipeg, 2014, p. 4-5.
DELGADO, F.; EVANGELISTA, M.; ROITMAN, T. BioCombustíveis. Cadernos FGV Energia,
v. 4, n. 8, 2017, 115 p.
SOARES, M.B.B.; FINOTO, E.L.; BOLONHEZI, D.; CARREGA, W.; ALBUQUERQUE, J.A.A.;
PIROTTA, M.Z. Fitossociologia de plantas daninhas sob diferentes sistemas de manejo do solo em
áreas de reforma de cana crua. AgroAmbiente, v.5, p. 173-181, 2011.
SOARES, M.B.B.; FINOTO, E.L.; BOLONHEZI, D.; CARREGA, W.; ALBUQUERQUE, J.A.A.
Plantas daninhas em área de reforma de cana crua com diferentes sistemas de manejos do solo e
adubos verdes em sucessão. AgroAmbiente, v.6, p. 25-33, 2012.
SOARES, M.B.B.; BIANCO, S.; FINOTO, E.L.; BOLONHEZI, D.; ALBUQUERQUE, J.A.A;
SILVA, A.A. Weed community in a raw sugarcane renovation área submited to different soil
managements. Planta Daninha, v. 34, p. 91-98, 2016.
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using conservation tillage and oilseed crops in sucession. Applied Ecology and Environmental
Research, v. 15, p. 417-428, 2017.
UNIÃO DA INDÚSTRIA DE CANA-DE-AÇUCAR. Dados e cotações: estatística: produção
Brasil. [São Paulo], 2016. Disponível em: .
Acesso em: 10 ago 2016.