SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO · 2 Omar se preocupou apenas com as mulheres não escravas?...

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1 TERRITÓRIOS ISLÂMICOS Figura 01: O que se esconde por trás de uma burca? Fonte:Http:// www.waltermaierovitch.globolog.com.br/>. Acesso em: 01 nov. 2008. Você tem conhecimento sobre esse tipo de vestimenta? Por que será que ela existe? A palavra burca lembra uma vestimenta das mulheres muçulmanas. Ela tem origem no século VII em Medina, na Arábia Saudita, quando esta região se encontrava em conflitos e constantes desafios à autoridade do profeta Maomé. A burca ou véu nasceu da necessidade de proteger as mulheres muçulmanas. Nessa época, as mulheres estavam sendo atacadas e violentadas nas ruas, numa escalada sem precedentes. Maomé pediu que emissários procurassem saber qual era o motivo que provocava tal fato? Muitos diziam que só molestavam as mulheres que supunham serem escravas. Com isso, o seu discípulo – Omar insistia que o profeta ordenasse o uso do véu como forma de diferenciar as mulçumanas livres, das escravas, e assim proteger dos estupros. Dessa forma, ninguém teria mais desculpas de não saber quem era escrava ou não. Veja que esta realidade da época se há compararmos com os dias atuais, nos faz levantar diferentes questões: O conflito legitimava a violência? Porque

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TERRITÓRIOS ISLÂMICOS

Figura 01: O que se esconde por trás de uma burca?

Fonte:Http:// www.waltermaierovitch.globolog.com.br/>. Acesso em: 01 nov. 2008.

Você tem conhecimento sobre esse tipo de vestimenta? Por que será que

ela existe?

A palavra burca lembra uma vestimenta das mulheres muçulmanas. Ela tem

origem no século VII em Medina, na Arábia Saudita, quando esta região se

encontrava em conflitos e constantes desafios à autoridade do profeta Maomé. A

burca ou véu nasceu da necessidade de proteger as mulheres muçulmanas. Nessa

época, as mulheres estavam sendo atacadas e violentadas nas ruas, numa

escalada sem precedentes. Maomé pediu que emissários procurassem saber qual

era o motivo que provocava tal fato? Muitos diziam que só molestavam as

mulheres que supunham serem escravas. Com isso, o seu discípulo – Omar

insistia que o profeta ordenasse o uso do véu como forma de diferenciar as

mulçumanas livres, das escravas, e assim proteger dos estupros. Dessa forma,

ninguém teria mais desculpas de não saber quem era escrava ou não.

Veja que esta realidade da época se há compararmos com os dias atuais,

nos faz levantar diferentes questões: O conflito legitimava a violência? Porque

2

Omar se preocupou apenas com as mulheres não escravas?

Você concorda com esse procedimento para diferenciar as mulheres?

Hoje podemos encontrar situações desta natureza? Há alguma relação

deste evento com o que temos atualmente em diferentes lugares do mundo? Por

que as mulheres e as crianças são as principais vítimas nos conflitos?

Para saber mais, busque sobre: Mulheres muçulmanas que vivem sob leis

islâmicas, no seguinte site: URL: http://www.youtube.com/

Voltando a nossa discussão anterior, vamos ver as conseqüências da

intervenção de Omar junto a Maomé. Este apesar de ter ficado em dúvida acabou

concordando, pois Deus teria revelado a ele que assim procedesse (veja quadro

01):

Quadro 01: Mensagens de Deus a Maomé

“Ó profeta, dize a tuas esposas, a tuas filhas e às mulheres dos crentes que

quando, saírem, cubra-se com seus véus: isso é mais conveniente para que se

distingam das demais e não sejam molestadas. Atenta para o fato de que Deus

é indulgente, Misericordiosíssimo. Se os hipócritas e os que obrigam a morbidez

em seus corações, e se os intrigantes em Medina não se contiverem, ordenar-te-

emos combatê-los. Então, não os terás por vizinhos, senão por pouco tempo”.

(SURA 33, 59-60, apud kamel, 2007, p. 151).

Observe que Maomé vai definir sua intervenção legitimando-a pela religião,

pelas orientações de Deus.

Você acha que isso ainda ocorre? Há no mundo ocidental normas

justificadas pela intervenção religiosa?

Veja o texto no quadro 02 e 03. E discuta com os colegas sobre isso.

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Quadro 02: elementos sobre a igreja e a religião

No Catolicismo, o dogma é uma verdade revelada por Deus. Com isto o Dogma é imutável e definitivo (não pode ser revogado). Para que um ensinamento da Igreja seja considerado um dogma são necessárias duas condições: Eis alguns exemplos:

1- A Existência de Deus"A idéia de Deus não é inata em nós, mas temos a capacidade para

conhecê-lo com facilidade, e de certo modo espontaneamente por meio de Sua Obra"

2- A Existência de Deus como Objeto de Fé"A existência de Deus não é apenas objeto do conhecimento da razão

natural, mas também é objeto da fé sobrenatural " 3- A Unidade de Deus"Não existe mais que um único Deus " 4- Deus é Eterno"Deus não tem princípio nem fim" 5- Santíssima Trindade"Em Deus há três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; e cada uma delas

possui a essência divina que é numericamente a mesma " 6- Jesus Cristo é verdadeiro Deus e filho de Deus por essência

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Quadro 03: O islã e os costumes muçulmanos

"O dogma diz que Jesus Cristo possui a infinita natureza divina com todas suas infinitas perfeições, por haver sido engendrado eternamente por Deus."Fonte: URL: Disponível em: <http://www.pt.wikipedia.org/wiki>

A vestimenta “burca” ou véu tem a ver com o islamismo. Poucos temas atraem tanto a atenção da opinião pública internacional como a posição das mulheres na sociedade muçulmana. Noticias de apedrejamento de mulheres adúlteras deixa-nos chocado. No entanto, é uma prática rara. O véu está em todos os lugares, em todas as imagens, em todas as reportagens que nos chegam dos países muçulmanos. Há um sentimento de perplexidade entre nós ocidentais, principalmente, nos dias de hoje quando a igualdade entre os sexos atinge o grau máximo entre nós. Como explicar que as mulheres se submetam a cobrir a cabeça, às vezes, o corpo e às vezes também a face? O estranho é que o mesmo não acontece em relação aos homens muçulmanos. Por que não nos sentimos chocados quando nos deparamos com um homem árabe vestindo túnica e turbante, como os sauditas e os cidadãos dos outros países do Golfo? Por que não achamos um horror quando vemos um egípcio usando aquela túnica bege com o chapeuzinho vermelho na cabeça ou mesmo um iraquiano vestindo aqueles camisolões?

A resposta é que nós sabemos que os homens fazem isso porque querem, e imaginamos que as mulheres são obrigadas a usar o véu. É o uso obrigatório que nos choca. É, portanto a submissão forçada das mulheres que provoca esse sentimento de estranheza. Daí o conjunto de outras dúvidas que nos cercam: Em pleno século XXI, ainda há lugar para a submissão feminina nos países? Que relação há entre a religião e esta submissão?

Mas toda mulher muçulmana, em todos os países islâmicos, é obrigada a usar o véu?

Na verdade, nas ruas dos países mais democráticos do Oriente Médio, como Síria, Líbano, Jordânia e Egito, um turista verá de tudo nas ruas: mulheres muçulmanas apenas com véu, com véu e parcialmente cobertas, com véu e totalmente cobertas, e mulheres muçulmanas também usando vestimentas ocidentais, sem o véu, com os cabelos e a face à mostra. Para o Islã, o uso do véu é uma obrigação religiosa inquestionavelmente estabelecida, mas nesses países não é uma obrigação legal. Cobrir-se ou não vai depender do grau de religiosidade da família. Há aquelas que o uso do véu é obrigatório, e outras que seu uso é opcional. De certa forma, assim como acontece com outras religiões existe uma distância entre o que os dogmas prescrevem e a disposição dos fiéis em adotá-las. Mas uma vez surgem curiosidades. Islâmico e muçulmano tem o mesmo significado? O que podemos entender por dogma? Há uma relação entre dogma e cultura de um povo?

Veja sobre dogmas: no site: URL: http://pt.wikipedia.org/wiki/Página_ principal/dogmas da Igreja católica/

Você conhece religiões que estabelece alguma obrigatoriedade? Comente:

Alguns países como o Irã xiita radical, a Arábia Saudita e países do golfo,

sunitas radicais, o uso do véu é obrigatório por lei, cobrirem-se parcial ou

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totalmente, dependendo do país. Procure o significado das palavras xiita e sunita.

Sobre isso veja os sites: URL:<httpp//www.pt.wikipedia.org/wiki/Sunita>;

URL:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Xiitas>

Observe o mapa 01 e identifique aqueles que sejam radicais:

Mapa 01: Planeta Islão

Fonte: Disponível em URL:<http:// www.netprof.pt/servlet/getDocumento> Acesso em: 01 dez. 2008.

Em 1936, numa tentativa de ocidentalizar o Irã, Reza Shah Pahlevi proibiu o

uso do xador, o véu e o manto que cobre o corpo e a cabeça das mulheres

muçulmanas (medida abandonada em 1941, mas durante a ditadura Pahlevi, usar

o xador era um empecilho para que as mulheres ascendessem socialmente). Em

1963, Pahlevi, o filho, promoveu o que se chamou de Revolução Branca, uma série

de reformas com o objetivo de modernizar o país. O que aconteceu em seguida,

em 1979, o xador se tornou vestimenta de protesto para com a ditadura do

governo. Você sabe qual diferença entre o xador e a burca? Que relação neste

caso pode estabelecer entre a religião e a política?

Segundo Kamel (2007), atualmente, a história é outra. A maioria das

iranianas rejeita o uso do xador, mas, são obrigadas a vestir porque podem ser

presas. A maioria dos jovens iranianos não se dá conta de que passados todos

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esses anos, saíram de uma ditadura pró-ocidental para uma ditadura religiosa.

Dessa forma o uso do véu se tornou uma contradição, nascido para proteger as

mulheres no tempo do profeta Maomé, hoje se tornou uma peça do vestuário que

ajuda a oprimi-las.

A vestimenta “burca” ou véu tem a ver com a religião islâmica. O texto

apresentado no quadro 04 trás um pouco da história do islamismo.

Quadro 4: Origens do islamismo

O surgimento do Islã remonta ao início do século VII, na Península Arábica. Mesma região em que surgiu o judaísmo e o cristianismo em que se acreditava num único Deus (monoteísmo).

A região vivia à época dominada por dois impérios: a Pérsia e o Império Bizantino, no qual a capital era Constantinopla, hoje Istambul, capital da Turquia. O Império Bizantino surgira da divisão do Império Romano em dois: o do Ocidente e o do Oriente, no ano 330 d.C. O Império do Oriente duraria mais mil anos até a conquista turca de Constantinopla, em 1453. Em 395 o cristianismo tornara-se a religião oficial, transformando a igreja católica poderosa rivalizando com o Estado. Na realidade a igreja nunca se separou do Estado, modelo esse que inspirou o Islã.

Fonte: DEMANT, 2005, p. 240.

Busque num atlas localizar o império bizantino. Quais são países hoje que

ocupam esta região?

Você percebeu que há uma raiz integrando judaísmo, cristianismo e

islamismo? Busque informações que mostrem suas proximidades e discrepâncias.

O precursor do islamismo foi Maomé. No quadro 05, um histórico desse

profeta.

Quadro 5: Maomé

Maomé é, em português, o nome Muhammad (570-632 d.C.), o profeta fundador do Islã. Ele nasceu na época que muçulmanos de gerações posteriores chamaram de período de ignorância e cegueira antes da revelação. Os árabes, nessa época, significavam os habitantes da península Árabe falantes da língua árabe, do ramo meridional da família semítica. Nem todos os habitantes do clima desértico e semi-árido da Arábia eram beduínos, ou seja, nômades e pastores que cuidavam de ovelhas, cabras e camelos, ou que traziam caravanas o comércio de longa distância. Nos oásis, predominava a agricultura e a península tinha também pequenos centros urbanos. No Iêmen, área meridional chamada de “Arábia feliz” era mais chuvosa e fértil, havia reinos e civilizações avançadas. Na era de Maomé, renasce o comércio tornando a cidade de Meca um importante centro comercial. Maomé pertenceu a um ramo menor do clã dos coraixitas, um dos mais poderosos de Meca. Foi criado como mercador e casou-se aos 25 anos com uma rica viúva, bem mais velha que ele, chamada Khadija. Acredita-se que,

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nas suas viagens de negócios, Maomé teria entrado em contato e sido influenciado por árabes judaicos e cristãos.

O que era beduíno? Ser nômade significa a mesma coisa hoje? O estilo de vida beduíno valorizava a liberdade de movimento, a honra ligada normalmente ao controle a sexualidade feminina, e a solidariedade para com os membros do clã. A organização social era tribal, a linhagem de uma pessoa, seu parentesco, estava acima de tudo. A cultura oral valorizava a poesia que glorificava o próprio clã. A maioria dos beduínos era pobre o que estimulava as brigas e disputas pelos recursos disponíveis, animais, água, o que provocava guerras tribais. Acreditava-se em vários deuses (politeísmo). Maomé, portanto, vai mudar esta lógica. Fonte: (DEMANT, 2005), 241.

Por que para Maomé era importante para a unificação religiosa?

O islamismo, religião defendida por Maomé, tem dogmas claros, obrigações

e proibições como qualquer outra religião. O livro sagrado do Islã é o Corão ou

Alcorão, também chamado de Livro de Deus. Seus conceitos sobre a existência de

um Deus único foram extraídos do cristianismo e do judaísmo, e suas cidades

sagradas são Meca e Medina, na Arábia Saudita e também Jerusalém. Localize

estas cidades em um mapa do Oriente Médio.

Com mais de um bilhão de adeptos (20% da população mundial), o

islamismo tem seguidores pelo mundo inteiro, principalmente, nos países árabes

(sudoeste asiático e norte da África) e na Indonésia.

É a religião que mais cresce no mundo, segundo Huntington (1997) os

muçulmanos aumentaram de 12,4% em 1900 para 18% em 1980, e as previsões é

que cheguem a cerca de 30% em 2025, número praticamente igual ao do

cristianismo.

Huntington (1997) divide o mundo em Civilização Ocidental, Africana,

Islâmica, Sínica, Hindu, Ortodoxa, Latino-Americana, Budista, Japonesa, ou seja, a

Civilização Ocidental e mais 8 civilizações. O autor acredita que está havendo uma

disputa entre culturas diferentes na esfera político-econômica. Assim, também,

separa a cultura latina por acreditar que além de ser muito mesclada etnicamente e

culturalmente, possuem valores que não são propriamente ocidentais, tais como:

individualismo, livre iniciativa, democracia etc.

ATIVIDADES:Pesquise sobre as principais civilizações, conforme o mapa de Huntington,

(1997):

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Mapa 2: Mundo Das Civilizações De Huntington

Fonte: URL:<http://www.frigoletto.com.br/> Acesso em 01 dez. 2008.

Os princípios fundamentais do islamismo são cinco, quais sejam: Shahada

ou testemunho; Salat-É a reza; Zakat ou esmola: Ramadan (ramadã); Hajj- é a

peregrinação a Meca e seus santuários; Sobre isso ver o site:

Disponível em: URL <http://www.casadobruxo.com.br/> acesso em

01/12/2008.

Pesquisem dados, informações sobre as principais religiões do mundo no

site:URL:<http://www.historiadomundo.com.br/religioes/>, acesso em 01/12/2008, e

elabore um quadro comparativo das diferentes religiões e os lugares onde se

manifestam.

Observe o mapa 3 – Quais são as religiões predominantes?

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Fonte: URL:<http://www.missoeseadoracao.net/> Acesso em: 01 nov.2008.

Como você percebe, as religiões estão espalhadas por inúmeros territórios,

nos mais diferentes pontos do planeta. Contudo, embora dominantes, elas não são

as únicas. Pesquise, por exemplo, no Brasil, um país predominantemente cristão,

quais outras religiões aparecem?

As religiões de certa maneira expressam origem de diferentes lugares e,

suas respectivas culturas, elas se espalharam pelo mundo, mas possuem uma raiz

localizada. Falamos hoje de território Islã, embora em vários lugares, inclusive no

Brasil, podemos encontrar pessoas que trazem consigo esta cultura, na própria

vestimenta.

Dizemos, portanto, que estas pessoas carregam a territorialidade Islã. Ou

seja, embora elas não estejam dominando um território, se apropriando dele, ao

viajar pelo mundo, levando consigo características que lembrem esta região estão

trazendo a territorialidade.

Como nossa atenção aqui é o islamismo, vejamos como isso se dá pelo

mundo.

Pesquise a expansão territorial do Islã.

O que a palavra território lhe sugere? Como você o definiria? Busque

relacionar sua compreensão com as explicações do quadro 6.

Quadro 6: Considerações Sobre O Território

Segundo Haesbaert (2007) Território é um termo que tradicionalmente designa o domínio do espaço por um país, Estado–nação, que possui fronteiras bem delimitadas. Já num sentido amplo, possui um sentido de domínio e apropriação do espaço por uma nação, mas, também, por indivíduos, empresas ou grupos sociais. O território, nesse sentido, pode assumir várias formas como, por exemplo: os territórios-zona (bairros) e os territórios-rede (rede do tráfico de drogas), territórios das gangues, das prostitutas, homossexuais, etc.

Num mesmo espaço pode haver vários domínios ou apropriação constituindo múltiplos-territórios e multiterritorialidades, muitas vezes, definidas no movimento, entre um território e outro há uma ligação através de redes (constituindo territórios-rede). (HAESBAERT, 2007)

Compreender o que é um território implica também compreender a complexidade da convivência em um mesmo espaço, nem sempre harmônico, da diversidade de tendências, idéias, crenças, sistemas de pensamento e tradições de diferentes povos e etnias. Fonte: (HAESBAERT, 2007).

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Atividades:

Na sua cidade, existem pessoas muçulmanas? Quais as influências dessas

pessoas para a cultura, economia de seu lugar? Existem relações econômicas de

sua cidade com países muçulmanos?

Juntamente com seu professor, convide uma pessoa muçulmana para vir à

sala de aula para falar sobre o islamismo, o seu país de origem e demais

informações que julgar importantes. Se vocês não encontrarem esta pessoa, vejam

o documentário: Maomé, O Legado De Um Profeta no site.

<http://www.materialfacil.com.br/documentario/ > Acesso em: 01 dez. 2008.

Mas porque pensar o islamismo hoje?

Que relação há entre o islamismo e a globalização?

A globalização se refere aos processos atuantes numa escala global que

atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades, mas

também separando, fragmentando, excluindo povos que não consegue se adaptar

à competição capitalista, criando desse modo ressurgimento de movimentos

identitários de nacionalistas ou religiosos. De acordo com, David Harvey (2007),

umas das características principais da globalização é a compressão do espaço e

do tempo, a aceleração dos processos globais, fazendo com que o mundo pareça

pequeno demais por causa dos meios de comunicação, como telefone, televisão,

internet que colocam o indivíduo em sintonia com o exato momento dos

acontecimentos, eliminando a distância e o tempo.

À medida que, o espaço e o tempo se encolhem para ligar todo o planeta

através dos meios de comunicação que se tornam globais, o mundo todo acaba

recebendo as mensagens independentes do lugar onde vivam. Assim, todas as

pessoas ficam informadas no mesmo tempo sobre tudo o que acontece no mundo,

sejam guerras, fome, ou modos de vida diferentes dos seus, com níveis mais

elevados de consumo. Dessa forma, os meios de comunicação possibilitam que as

pessoas comparem os seus estilos de vida com outras pessoas de outros países e

aspirem a mudanças. Do mesmo modo, os progressos nos meios de transportes

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possibilitaram que mercadorias do mundo inteiro possam chegar aos lugares mais

distantes do globo, alterando padrões de consumo, hábitos alimentares e modos

de pensar e ver o mundo.

Nesse aspecto, a cultura islâmica vem sendo influenciada pela

modernização propagada pelo estilo de vida ocidental, que chegam através da

televisão e internet, através dos filmes e novelas, etc, que difundem ideologias

consideradas subversivas pelas autoridades de países islâmicos governados sob

as leis da xaria (shari’a). Essa lei baseada na religião estabelece punições para os

infratores dos costumes religiosos, dentre eles a obrigação do uso do véu para as

mulheres.

Apesar de, a televisão ser oficialmente proibida em alguns países islâmicos,

isso, não impede que a população muçulmana compre televisores ou assista aos

programas televisivos, permitindo às mulheres que assistam às novelas livres de

proibições. As mensagens transmitidas nas novelas é que as mulheres

muçulmanas podem ocupar altos escalões do governo, ou vestir-se como quiserem

dirigir automóveis ou realizar negócios.

Desse modo, apesar das proibições das leis islâmicas baseadas no alcorão,

quanto aos costumes ou hábitos, não se pode impedir as mudanças que estão

ocorrendo, devido à globalização econômica e cultural, a que estão submetidas às

populações do Oriente Médio.

Da mesma maneira, devido ao processo de globalização em que vivemos,

todos os dias ficamos sabendo dos conflitos no Oriente Médio, geralmente

movimentos de intenso fervor patriótico ou religioso. Isso faz com que, pelo menos

superficialmente, saibamos o que está ocorrendo, sobre ataques terroristas ou

mortes de soldados americanos e civis. Tudo isso, choca as populações ocidentais

mesmo não entendendo muito as verdadeiras razões dessa violência. Mas, afinal

de contas, o que está acontecendo no Oriente Médio?

Muitas são as causas dessa violência, mas segundo, Huntington (1997) a

principal causa está relacionada ao fundamentalismo religioso que prega à volta

das populações muçulmanas aos valores do Islã. Nesse quadro de disputas dentro

do próprio Islã entre os fundamentalistas e os modernistas pró-capitalismo e aberto

a mudanças culturais, está também os interesses norte americanos e israelenses,

russos, chineses, entre outros, o que vem complicar o cenário político dessa

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região, quanto aos americanos querem ter o domínio geopolítico e econômico da

região devido à localização geográfica e estratégica do Oriente Médio em relação

ao controle sobre os países produtores de petróleo, já os israelenses querem

manter o domínio sobre os territórios ocupados dos palestinos. Dessa forma, com a

difusão dos meios de comunicação modernos como, internet e televisão, o Oriente

Médio se transforma no centro das atenções internacionais. E o que acontece

nesses lugares acaba repercutindo em todas as partes do mundo, desde governos,

empresas ou indivíduos comuns.

Nesse aspecto, nenhuma região chama tanta atenção e curiosidade do

mundo como o Oriente Médio. Países como Irã, onde há controle das mídias, da

educação, limitação da liberdade das mulheres, punições alcorânicas e outras

restrições. O governo desse país se diz governante de Deus e que é auxiliado por

um conselho de religiosos para criar leis que regulam todas as esferas da vida do

país. E o interesse de produzir tecnologia nuclear para a fabricação de uma

possível bomba atômica como arma de defesa contra os Estados Unidos, Israel,

além de ameaçar o equilíbrio de forças geopolítico mundial, fez com que o governo

americano nomeasse como um dos países componentes do “eixo do mal”,

juntamente com o Iraque e a Coréia do Norte.

De qualquer forma, esses países acabam se tornando as fontes de notícias

mais propagadas pela Globalização das mídias. A instabilidade política desses

países islâmicos faz com que tenham influências nas economias dos países em

todo o mundo, principalmente pelo aumento quase diário dos preços do petróleo e

suas conseqüências nos mercados das bolsas de valores, o que vem somar mais

instabilidade às freqüentes crises do capitalismo moderno.

Atualmente, as guerras do Iraque e do Afeganistão foram os centros do

debate político americano entre os candidatos a presidente dos Estados Unidos

Barack Obama e John McCain, o que talvez acabasse influenciando a vitória do

primeiro presidente negro dos Estados Unidos, chefe da maior potência militar e

econômica do mundo. Esse fato repercutiu em todos os povos, trazendo esperança

de mudanças político-econômicas para o mundo.

Diante deste contexto, outras questões surgem: Com a mudança do governo

americano e até mesmo do Oriente Médio, o mundo muda?

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2005.

HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios”à multiterritorialidade. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

HUNTINGTON, Samuel P. O choque de civilizações e a recomposição da ordem mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.

KAMEL, Ali. Sobre o Islã: A afinidade entre muçulmanos, judeus e cristãos e as origens do terrorismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.

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