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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DE FRANCISCO BELTRÃO

LENI SUZETE RAFFAELLY

HISTÓRIA E MEMÓRIA DA COMUNIDADE DO DISTRITO DE MARCIANÓPOLIS

SANTO ANTONIO DO SUDOESTE

2012

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DE FRANCISCO BELTRÃO

LENI SUZETE RAFFAELLY

HISTÓRIA E MEMÓRIA DA COMUNIDADE DO DISTRITO DE MARCIANÓPOLIS

Artigo apresentado como requisito final do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE/2010, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná - SEED/PR. Orientador: Prof. Me. Marcos Vinicius Ribeiro

SANTO ANTONIO DO SUDOESTE

2012

HISTÓRIA E MEMÓRIA DA COMUNIDADE DO DISTRITO DE MARCIANÓPOLIS

Autora: Leni Suzete Raffaelly1

Orientador: Prof. Me. Marcos Vinicius Ribeiro2

Resumo

Este artigo é resultado da pesquisa sobre a memória e identidade cultural, dos moradores do Distrito de Marcianópolis. Além disso, estudar a história de vida das pessoas que moram na comunidade considerando-os, como sujeito de sua própria história, de realizações e experiências de vida. Neste sentido buscou- se possibilitar a construção de um conhecimento crítico da realidade, contribuindo para desenvolver o gosto pela história e pela pesquisa. As fontes utilizadas para este trabalho foram fotografia de famílias, bem como entrevistas com moradores mais antigos da localidade, podendo assim, estabelecer uma relação entre passado e presente.

Palavras-chave: Jovem; Identidade local; Memória.

ABSTRACT

This article is the result of research on memory and cultural identity, the residents of the District of Marcianópolis. Moreover, studying the history of life of people living in the community considering them as subjects of their own history, achievements and life experiences. In this sense it was sought to enable the construction of a critical understanding of reality, helping to develop a taste for history and research. The sources used for this study were, photography of families, as well as interviews with older residents of the locality, being able to establish a relationship between past and present.

Keywords: Young; Local Identity; Memory.

1 Introdução

1 Professora de História da Escola Estadual "Dom Pedro II" – Ensino Fundamental do Distrito de Marcianópolis – Santo Antonio do Sudoeste –PR

2 Professor do curso de História da Unioeste, Campus de Marechal Cândido Rondon, PR.

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Este artigo se fez necessário pela oportunidade, que os educando tiveram em

conhecer a história da colonização do Município de Santo Antônio do Sudoeste,

especialmente o Distrito de Marcianópolis, onde está localizado o Colégio D. Pedro

II, Ensino Fundamental.

Pesquisar a própria comunidade possibilitou a construção de um

conhecimento crítico da realidade e contribuiu para a formação de sujeitos

conscientes da importância de sua participação na construção de seu próprio

conhecimento, como agente histórico. Hoje, o grande desafio dos educadores e um

dos maiores objetivos da história é fazer com que os alunos conheçam e aprendam

a valorizar o patrimônio histórico de sua localidade, de seu município, de seu país,

para entender melhor sua região, assim, compreender de como a história é

produzida. Para que isso ocorra é necessário que o aluno seja estimulado a adquirir

uma consciência histórica de seu próprio cotidiano.

Desde o inicio da colonização, a população passou por mudanças rápidas e

profundas, que passam despercebidas pelas novas gerações. Hoje o que se propõe

é estabelecer laços culturais para produzir conhecimentos novos, para a

preservação da identidade local. A história local torna o conteúdo da história

próximo, real, forma cidadãos conscientes de sua importância na sociedade. Como

diz Paul Thompson (1992)

a história da família pode dar ao individuo um forte sentimento de uma duração muito maior da vida pessoal, que pode até além da sua própria morte. Por meio da história local, uma cidade busca sentido para sua própria natureza em mudanças.

O objetivo é levar o aluno a escrever sobre sua vida cotidiana, que se traduz

nos conteúdos estudados comparando com a sua realidade relacionando passado e

presente. E o que nos diz Chesneaux (1995, p. 65) “permitir ao homem compreender

a sociedade do passado e aumentar seu controle sobre a sociedade do presente”,

mas é o homem vivo que mantém a memória histórica. Como dizia Palmar (2007,

p.124) “uma pessoa, uma cidade, um povo ou um país que desconhece sua história

e esquece seu passado caminha sem rumo para o futuro”. Através do contato com

as fontes históricas, vão se familiarizando com a realidade, fortalecendo assim sua

capacidade de análise, assim.

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Durante muito tempo, os historiadores pensaram que os verdadeiros documentos históricos eram os que esclareciam a parte da historia dos homens que era digna de ser conservada, referida e estudada: a historia dos grandes acontecimentos, a história política e institucional. (LE GOFF, 2000, p.100).

Hoje se questiona a verdade histórica levando - se em conta a necessidade

da história individual, daquilo que aconteceu com nós mesmos e não só a coletiva, e

os diversos meios de interpretar as fontes históricas. Segundo Le Goff (2000, p. 187)

“o passado é reconstruído em função do presente, da mesma forma que o presente

é explicado em função do passado”, assim para entendermos da nossa história,

devemos buscar no passado as explicações da atual sociedade. O passado é algo a

ser compreendido, explicado, para os historiadores. Para Chesneaux (1995, p. 22),

”esse passado, próximo ou longínquo, tem sempre um sentido para nós. Ele nos

ajudam a compreender melhor a sociedade na qual vivemos hoje, o saber o que

defender e preservar, saber também o que mudar e destruir”, conhecer o passado é

uma necessidade da nossa sociedade atual.

Priori (2009, p. 27) nos diz que “Muitas vezes os depoimentos não trazem

informações novas, mas trazem sim, novos enfoques, fazendo emergir a experiência

pessoal e o foco histórico”. O homem histórico é aquele homem que vive, trabalha e

transmite seus costumes, tradições culturais na sociedade onde viveu, preservando

suas raízes e suas identidades, portanto, o passado está presente na nossa vida

social. Segundo Le Goff (2000, p. 180)

Os indivíduos que compõe uma sociedade sentem quase sempre a necessidade de ter antepassados; é esta uma das funções dos grandes homens. Os costumes e o gosto artístico do passado são muitas vezes imitados e adaptados pelos revolucionários.

Da mesma forma, que acreditamos que toda história de vida tem valor e deve

fazer parte da memória social; de que ouvir o outro é essencial para respeitá-lo e

compreende-lo; e que toda pessoa tem um papel como agente de transformação de

história. É o que diz Worcman e Pereira (2006, p.119). Para uma melhor

compreensão do passado humano, utilizaremos as fontes históricas, que são

praticamente as vozes do passado, possibilitando seu conhecimento, tudo pode ser

feito através de vestígios, da atividade humana, não se passa pela vida sem deixar

marcas, essas fontes estão em todos os lugares e auxiliam os historiadores a

responderem as questões, que o estudo da história pretende investigar o passado

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para compreender melhor a sociedade na qual vivemos hoje, saber o que preservar

o que pode mudar, através das fontes históricas. Para isso os historiadores usam as

fontes históricas na tentativa de entender como viviam, o que faziam, para Pôrto

Junior (2007, p. 153)

Quando dizemos que um povo „recorda‟, na realidade queremos dizer que um passado foi ativamente transmitido foi emprestado um sentido próprio. Em consequência, um povo „esquece‟ quando a geração possuidora do passado não o transmite à seguinte, ou quando esta rejeita o que recebeu ou deixa de transmiti-lo por sua vez, o que dá no mesmo.

Considera- se fonte histórica todo e qualquer vestígio que permite reconstituir

os acontecimentos e formas de vida do passado. O estudo do passado não pode ser

feito diretamente, mas de forma mediada através dos vestígios, chamadas de fontes

históricas (DIAS, 2011).

2 Breve Histórico da Formação de Marcianópolis

Santo Antônio está localizado no Sudoeste do Paraná, faz fronteira com a

Argentina. Brasil e Argentina não definiram as fronteiras até 1857. Somente foram

demarcadas após a Guerra do Paraguai em 05 de fevereiro de 1894, sendo o

arbitral Grover Cleveland, presidente dos EUA dando ganho ao Brasil. O nome do

Município Santo Antônio originou- se de uma expedição científica, para descobrir a

nascente do Rio Peperi e sua contra vertente denominaram Santo Antônio.

Os primeiros colonizadores que chegaram à região em 1902 foram Dom

Lucca Ferrera e João Romero, vindos do Paraguai, atraídos pela exploração de erva

mate, um dos produtos exportados para a Argentina. Dom Lucca tinha três filhas e

um filho, chamados de Antônio, Aurora, Dominga e Planchita, dando nome a várias

localidades. O povoado com o nome de Santo Antônio foi dado em 1912, com a

chegada de Afonso Arrechea, juntamente com um grupo de colonos.

A empresa Pastoriza, substituiu Dom Lucca na extração e comércio de erva

mate até 1920. Com elevação do Distrito Administrativo e Judiciário do Município de

Clevelândia, iniciou- se a abertura de estradas e a vinda de colonos de PR, SC, RS,

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com a prática de uma agricultura diversificada e a criação de suínos, criados soltos.

(Não foi encontrado fontes sobre o incentivo da vinda de colonos para a região).

Somente em 1951 que foi criado o Município de Santo Antônio, pela Lei

Estadual nº 5322 de 10 de maio de 1966, foi desmembrado de Clevelândia com o

nome de Santo Antônio do Sudoeste. Em 14-12-1952, sendo Percy Schereiner 1º

Prefeito Municipal.

O Município, e a população local presenciaram grandes confrontos nacionais

(a Coluna Prestes, Revolta dos Colonos 1957 e o levante militar de 1964), com a

passagem da Coluna Prestes, houve vários combates na região entre membros da

Coluna e autoridades policiais, os quais amedrontavam as pessoas,

Na Revolta de 1957, os colonos demarcaram suas terras, mas não possuíam

documentos pois, segundo relatos dos pioneiros eles tinham somente contratos,

muitos verbalmente, que os tornavam posseiros. O que incomodava os posseiros

eram que o governo de Moises Lupion (1947-1951, 1956-1961) concedia grandes

áreas de terras a companhias particulares, principalmente ingleses e argentinos para

explorar grandes áreas de madeira e erva-mate em beneficio próprio, também

favorecia seus amigos pessoais, esteve sempre a frente da violência praticada

contra o povo do sudoeste. Esse foi um dos motivos de ter ocorrido um dos maiores

movimentos pela posse de terra no Sul do Brasil. A Revolta dos Colonos (posseiros)

em 1957, sendo a população local atingida pela violência,

Já em 1964, ano do golpe civil- militar novamente o Município ficou em alerta,

pois, um grupo de supostos “comunistas” passou pela região, dirigindo- se para Foz

do Iguaçu, na inauguração da Ponte da Amizade, segundo relato de Machado (2009,

p.102) o que chamou a atenção era que havia revolucionários no interior do

Município o que provocou alvoroço na população. Diziam que era do “Grupo dos 11

de Leonel Brizola", dois foram presos e levados a Foz do Iguaçu de helicóptero.

Mas tudo isso não tirou o ânimo dos colonos que continuaram o trabalho

caracterizado pela pequena propriedade, mão de obra familiar, e pela policultura.

Assim as localidades se formaram e em 1954, pela lei municipal nº 69 de 13 janeiro

foi criado o Distrito de Marcianópolis. Esta localidade esteve presente em todos os

acontecimentos, pois ligava pela estrada os Municípios de Barracão e Santo

Antônio.

O primeiro morador do Distrito de Marcianópolis, segundo o relato de

Machado (2009, p.18) foi Marciano Floriano de Morais, oriundo do RS, chegou na

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década de 1910, agricultor criava gado e cavalos, localizado na passagem

obrigatória de pessoas que se deslocavam para Barracão e outros Municípios, na

sua morada de chão batido acolhia os tropeiros, que encontravam alimentos e

descanso para seus animais. Na hospedagem, Marciano incentivou esses passantes

a se estabelecer na região, pois havia água e terra fértil, sempre que necessário

emprestava vacas e porcos aos novos vizinhos, com a passagem da Coluna

Prestes, Marciano levou os animais para um vale, a esse lugar deu- se o nome de

escondido.

Ao por em prática a Implementação Didática, foi desafiador, dar a

oportunidade ao aluno de entrar em contato com novos tipos de fontes e aprender a

fazer uso delas. Foi o que ocorreu ao trabalhar com alunos 9º ano, da Escola

Estadual do Campo Dom Pedro II, Ensino Fundamental, localizado na zona rural,

Distrito de Marcianópolis, Município de Santo Antonio do Sudoeste PR. As ideias

que foram obtidas nas respostas dadas pelos professores do GTR, quanto das

pesquisas e narrativas produzidas pelos alunos, contribuíram e enriqueceram,

estimulando o aprendizado.

Ao expor o trabalho aos alunos, que seria sobre a localidade, comentei com

eles sobre as entrevistas que seriam feitas, os quais se entusiasmaram. E após o

trabalho, relataram os resultados do que mais chamou sua atenção como: no motivo

da vinda desses pioneiros a localidade, bem como o modo de trabalho, as

dificuldades, produção e renda.

Segundo os relatos da turma o interesse em adquirir uma quantidade maior

de terra, e a esperança de que aqui era melhor, motivou a vinda de todos os

entrevistados para a comunidade. Também relataram que as terras não possuíam

documentos era só verbalmente ou algum contrato, que as dificuldades encontradas

eram enorme principalmente no transporte que era muito precário; somente de

carroça. O tempo de viagem também, ao chegarem aqui, era só mato, tinham que

derrubar a mata para construir barracões onde se abrigavam várias famílias até que,

cada um, conseguia fazer seu próprio barraco. Plantavam somente para sua

subsistência, o trabalho era feito em forma de mutirão, ou seja, as famílias trocavam

serviços, uns ajudavam os outros principalmente nas colheitas e plantio. Também

em caso de doença ninguém media esforço: largava tudo para ajudar o vizinho. Os

porcos criavam soltos, após alguns anos começaram a vender, mas as dificuldades

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continuavam por exemplo, segundo o relato de uma aluna, seu avô vendia porcos ,

mas os mais altos tinha um valor comercial maior do que os mais gordos.

Segundo o relato de Roberto João Raffaelly, um pioneiro que chegou a

localidade em 1954, quando foi-lhe perguntado com era aqui quando chegaram e

qual tipo de produção cultivavam, ele nos detalhou que:

A estrada estava aberta, mas, não tinha ponte, as pontes foram feitas mais tarde, tinha um alqueire derrubado tinha um galpão, depois derrubamos pinheiro e fizemos uma casa. Nós plantávamos, feijão, milho e fumo, o feijão nós vendia para uma empresa de Pato Branco, também compravam os porcos. O fumo era vendido para a Companhia Souza Cruz de Santo Ângelo RS. O Graciolino Perreira era o representante. Para vender a madeira colocamos uma serraria, vendia a madeira para o RS, o transporte do pinheiro era feito pelo caminhão freteiro, os reboques, traziam mercadorias e levavam a madeira. (Alunos 2011)

A Escola em Marcianópolis foi fundada no ano de 1953. Sendo construído

numa área de 2.050 metros quadrados doado pelo Sr. Batista Cuchi, devido a

grande parte de famílias migrantes do RS, todos com números elevados de filhos

que precisavam de uma escolarização. Na ocasião denominou- se Escola Interior D.

Pedro II, ofertando ensino de 1ª a 4ª série, sendo as aulas ministradas num prédio

de madeira com sala de aula, cujo piso era de chão batido (SANTO ANTONIO DO

SUDOESTE, 1990).

Sobre a importância da Escola o mesmo morador senhor Roberto, nos fala:

A escola foi uma necessidade, mesmo sendo mato e as estradas ruins as crianças se deslocavam a pé ou a cavalo, era uma dificuldade quando chovia ou no inverno andavam descalços e mal agasalhados, mas era necessário, a importância da escola na comunidade, ela é o alicerce pois, se não tem escola a comunidade não prospera, pois as famílias procuram local de acesso a escola e esta fez com que prosperasse a comunidade de Marcianópolis. (alunos 2011).

Também, comentamos sobre os relatos dos professores GTR, segundo sua

narrativa O papel da escola e do professor de História é o de formar no educando,

uma consciência histórica, crítica, pautada na aprendizagem histórica, das

experiências do passado, buscando assim, através do estudo das experiências. A

formação da consciência e da prática social, ou seja, o educando só terá a formação

histórica quando determinado fato tiver importância e significado para ele, então, a

escola poderá fazer isso começando pelo conhecimento local. Os jovens, muitas

vezes não valorizam sua identidade na comunidade onde vivem, porque muitas

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vezes, os mesmos, nem conhecem a verdadeira história da sua comunidade e a sua

importância para a história regional e nacional. (GTR 2011).

Segundo ideias de professores GTR “devemos criar eventos em nossa

localidade, momento em sala, passeio e entrevistas com pessoas da comunidade,

enfatizando a história da comunidade local”. (GTR 2011).

3 Relação entre História e Memória

A memória é a capacidade de registrar, armazenar e manipular informações

provenientes de interações entre o cérebro e o corpo ou todo o organismo e o

mundo externo. É a base dos nossos sentimentos ou de qualquer atitude cotidiana,

variando conforme os diferentes períodos da vida. (MONTPELLIER, 2011).

A memória focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de energia

mental e deteriora-se com a idade. É um processo que conecta pedaços de memória

e conhecimentos a fim de gerar novas idéias, ajudando a tomar decisões diárias.

Recordar a própria vida é fundamental para nosso sentimento de identidade. Para

Chesneaux (1995, p. 22,) “se o passado conta, é pelo que significa para nós. Ele é o

produto de nossa memória coletiva, é o seu tecido fundamental”. A coletividade é um

importante suporte da memória, que é a base do conhecimento, deve ser tratada e

estimulada segundo Worcman e Pereira (2006, p. 115)

Conhecer a exeriência da comunidade contribui para que os jovens reconheçam um passado comum, construído pelas histórias dos que chegaram antes. Ao compartilharem essas experiências, integram essas narrativas a sua própria memória, conectam experiências e refazem o fio da memória, sentem-se parte de sua comunidade.

É através da memória que damos significado ao cotidiano e acumulamos

experiências para utilizar durante a vida. Como “uma viagem mental no tempo”, ou

seja, lembrar o que aconteceu no passado é o mesmo que reviver o passado no

presente, portanto, é na memória que reside o sentido de identidade, na imagem

que a pessoa constrói ao longo da vida. O passado precisa ser usado por nós para

compreender melhor o mundo e quem somos.

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4 Fotografia e Memória das Famílias de Marcianópolis

A fotografia é um dos recursos a ser utilizado que nos permite explorar bem,

ligando a cultura local, familiar com a realidade hoje, fazendo uma reflexão sobre as

diversas transformações bem como suas experiências vividas pela sociedade a

fotografia, que possibilitara a interpretação, discussões sobre as imagens e a

história.

A fotografia sempre esteve presente na história das famílias, ela é uma fonte

riquíssima de detalhes históricos, ao analisar uma fotografia, relembramos da época

passada e com ela a história vivida pelos personagens, das ações tomadas num

determinado passado que permite reavaliar os acontecimento do presente,

associando as informações que já possui, com a imagem, sendo uma ótima fonte de

informação e reflexão, é o que nos diz Priori (2009, p. 52) que a fotografia além de

ajudar a manter a história de um povo e de uma cidade sempre preservada também

provoca o desejo desta mesma sociedade em cultivar a memória e “resguardar as

raízes” dos seus antepassados.

Na investigação de suas raízes e de suas identidades, a fotografia é um

instrumento a ser utilizado como apoio, uma alternativa na construção do nosso

presente e dessa forma construir o saber histórico com relação ao passado, através

da imagem. Segundo Priori (2009, p. 53)

A fotografia revolucionou a memória proporcionando não só a multiplicação como a democratização da mesma, dando-lhe uma precisão e uma verdade que talvez nunca tenham sido atingidos antes. Os álbuns de famílias são bons exemplos de multiplicação, democratização e expressão da verdade das recordações sociais.

Assim como os objetos imagens, formas, símbolos que permitem as

recordações dos acontecimentos que merecem ser conservados segundo Le Goff

(2003, p. 460) não há nada que seja mais decente, que estabeleça mais confiança e

seja mais edificante que um álbum de família. A fotografia nos permite explorar bem,

ligando a cultura local, familiar com a realidade hoje, fazendo uma reflexão sobre os

diversas transformações sofrida pela sociedade. Assim, as imagens fotográficas

para Pôrto Junior (2007, p. 230) “não passavam de janelas que se abriam para o

mundo lá fora, expondo- o da maneira mais fidedigna possível. O relato histórico

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ganhava, assim, a força comprobatória da verdade fotográfica”. As imagens foram

valorizadas como registro permanente de sua época, sendo importante no contexto

em que foram produzidas. Sendo um elemento essencial, na busca das atividades

fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, sendo a memória coletiva

um objeto de poder, revelada na fotografia, que é uma imagem congelada de uma

realidade passada. Assim como toda pessoa tem uma história, sem a memória

pessoal não podemos viver, essa história não tem valor.

A palavra fotografia significa desenhar com luz e contrate, a fotografia oferece

uma série de atribuições, no tempo é a nossa memória, recordar um momento de

vida que passa, documentar um fato ou um fundamento técnico, divulgar uma visão

de mundo ou simplesmente expor um conceito, uma idéia. Fotografia é, atestar e

perpetuar a nossa existência.

A fotografia antes de tudo é uma linguagem. Um sistema de códigos, verbais

ou visuais, um instrumento visual de comunicação. E toda a linguagem nada mais é

do que um suporte, um meio, uma base, que sustenta aquilo que realmente deve ser

dito: a mensagem.

A fotografia, ao contrário do que pensamos não é uma cópia fiel da realidade

fotografada. A fotografia não apenas prolonga a visão natural, como também

descobre outro tipo de visão, a visão fotográfica. Como linguagem, ela é o meio pelo

qual as obras de arte, entre outras coisas, são realizadas. Ler uma Fotografia implica

reconstituir no tempo um assunto, do passado e conpará-lo num futuro virtual. A

fotografia é uma otima fonte de informações e de reflexões, que serão utilizadas

como detonadores de memórias a respeito do processo de transformação do

espaço.

Ao trabalhar com fotografia foi muito prazeroso, pois o uso da fotografia é

uma alternativa muito interessante, pois os alunos passaram a relatar fatos

importantes de seus familiares, envolvendo todos seus antepassados, criaram textos

sobre as imagens ligando a imaginação, comparando o passado com o presente.

Nas fotos buscaram a paisagem, natureza, situação sócio- econômico, vestuário,

corte de cabelo, festas, casamento, entre outras histórias relatada pela turma.

Os alunos puderam constatar, que a fotografia tem um poder muito grande de

memória, pois no momento as lembranças emergem fazendo o jovem voltar no

tempo. E com isso, poder fazer comparação das mudanças, ocorridas na sociedade

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como também nas famílias e questionar como os próprios valores familiares que

foram se perdendo.

Segundo o relato de um aluno “Estas fotos não são importantes apenas para

mim, ou para minha família, mas sim, para toda a comunidade de Marcianópolis;

pois através delas podemos perceber as mudanças que ocorreram com o principal

time da comunidade, o Esporte Clube União Marcianópolis C1” (aluno 2011).

Também ao serem questionados sobre o que não estava revelado nas fotos, mas

trazem lembrança, a maioria da turma acrescentou “companheirismo, compreensão

e da amizade entre as famílias, jogadores“. Como também lembranças pessoais “ao

observar essa foto automaticamente me vem a memória, a imagem de minha avó,

que faleceu há 11 anos, quando eu tinha apenas dois, mesmo com pouca idade eu

ainda me lembro um pouco dela”. Muitas vezes quando tiramos fotos não pensamos

em lembrar ou ficar com saudade desse momento no futuro.

Também como narrou uma professora do GTR, é muito importante para nós

professores saber das origens do nosso município, tanta zona urbana como rural,

este trabalho, contribuirá para nosso aprendizado de informações, podendo repassar

para nossos alunos, levando a compreender o passado e podendo compará-lo com

a realidade em que vivemos hoje, aprender a preservar nossas fontes, tanto orais,

como fotografias, usadas como instrumento de apoio enriquecendo nossa aula,

como forma de manter a história mais viva de nossas origens, cultivando a memória

dos seus antepassados. (GTR 2011).

O questionamento do professor relatando a nossa realidade em sala, como

também o material fornecido pelo poder público, distancia a realidade de vida dos

alunos, com os fatos trazidos pelos materiais didáticos, segundo o relato “todo o

material que temos para trabalhar em sala de aula sempre é escrito por teóricos de

São Paulo, Rio de Janeiro e outras localidades do Brasil, porém, nossas

autoridades, não levam em conta a regionalidade”. Deveriam incentivar a pesquisa

onde pudéssemos se utilizar de materiais de pesquisa própria da região, assim até

mesmo os alunos teriam muito mais interesse nos assuntos trabalhados em sala, e

onde esta nosso maior problema, a falta de interesse. (GTR 2011).

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5 Trajetórias de Deslocamento e Ocupação do Município de Santo Antonio do

Sudoeste e do Distrito de Marcianópolis

Podemos definir êxodo rural como sendo o deslocamento de pessoas da zona

rural (campo) para a zona urbana (cidades). Ele ocorre quando os habitantes do

campo visam obter melhores condições de vida, um sonho de enriquecer, no

entanto, quase sempre essas perspectivas eram frustradas, pela dura realidade.

Os principais motivos que fazem com que grandes quantidades de habitantes

saiam da zona rural para as grandes cidades são: busca de empregos com boa

remuneração, mecanização da produção rural, fuga de desastres naturais (secas,

enchentes, etc), qualidade de ensino e necessidade de infraestrutura e serviços

(hospitais, transportes, educação, etc.). (ÊXODO..., 2011).

As consequências do êxodo rural são diversas e causam problemas, no

campo gera a diminuição da população rural no país, escassez de mão-de-obra,

diminui a produção de alimentos e matéria-prima, dessa forma força a inflação e há

aumento no custo de vida. (ÊXODO..., 2011).

O êxodo rural provoca, na maioria das vezes, problemas sociais. Cidades que

recebem grande quantidade de migrantes, muitas vezes, não estão preparadas para

tal. Além do desemprego, o êxodo causa outros problemas nas grandes cidades. Ele

aumenta em grandes proporções a população nos bairros de periferia das grandes

cidades. Como são bairros carentes em hospitais e escolas, a população destes

locais, acabam sofrendo com o atendimento destes serviços. Escolas com excesso

de alunos por sala de aula e hospitais superlotados são as consequências deste

fato.

Com o passar do tempo e o uso inadequado do solo, as terras foram se

enfraquecendo, diminuiu a produção, não tendo recursos para fertilizar o solo,

muitos moradores migraram, buscando outras formas de sobrevivência e hoje se vê

comunidades com poucas famílias, poucas crianças, vão perdendo os laços de

confraternização, festividade comum nas localidades, consequência do êxodo e

concentração de grandes propriedades nas mãos de poucos.

A Constituição Brasileira, diz que a terra, enquanto bem natural, deve cumprir

uma função social, ela deve ser usada para o bem de toda a nação, mas sabemos

que no Brasil isso não ocorre, desde a criação da Lei da Terra (1850) que

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determinou que ela devesse ser vendida, dificultando o direito da população pobre

de adquirir um pedaço, enquanto para a classe dominante era facilitada sua

aquisição. Com a concentração grande parte da terra, não cumpre a função social,

ocasionando lutas para garantir as condições de sobrevivência.

É na agricultura que havemos de alicerçar o progresso da nossa terra, é na agricultura que se assenta o futuro do Brasil, pois o nosso problema está na terra, no incremento das fontes da produção, pois, do contrário, continuaremos fracos, a viver na triste dependência dos países vizinhos, que nos garantam a subsistência. (REIS, 1919, p.11 apud MENDONÇA, 1997, p. 79).

A sociedade brasileira continuava a modernizar- se, mas dependente de uma

cultura que favorecia uma pequena parcela da população, que não tinha interesse

pela criação de escolas, os filhos de fazendeiros estudavam fora do país, segundo

Ribeiro (1993, p. 20), “a instrução a educação escolarizada só podia ser conveniente

e interessar a camada dirigente”. A maioria da população ficava excluída de tais

benefícios, sendo apenas mão-de-obra para as lavouras.

6 Migrações de Famílias de Marcianópolis

As migrações populacionais remontam aos tempos pré-históricos. O homem

parece estar constantemente à procura de novos horizontes. As razões que

explicam as migrações são inúmeras (político-ideológicas, étnico- raciais,

profissionais, econômicos, catástrofes naturais etc.), embora razões econômicas

sejam predominantes. A grande maioria das pessoas migra em busca de melhores

condições de vida. (MIGRAÇÕES..., 2011a).

Hoje, mesmo nos países menos desenvolvidos, as populações rurais fazem

parte do estado moderno, estando sujeitas ao pagamento de impostos, encontrando-

se, em maior ou menor medida, inseridas na mão-de-obra moderna, em decorrência

do avanço da migração na agricultura e da expansão do setor industrial.

Ao mesmo tempo, as cidades ainda dependem da agricultura. A contribuição

desta para a economia nacional dos países em desenvolvimento tem vindo a

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decrescer, mas o setor continua a ser a fonte de subsistência e sobrevivência mais

importante, especialmente nos países mais pobres.

Embora a agricultura tenha dado uma menor contribuição para a economia, o

crescimento demográfico significou um aumento contínuo do número de pessoas

que dependem da agricultura para viver.

Para o agricultor a terra é patrimônio familiar. Esse patrimônio significa mais do que a terra física é o prestígio ético moral do nome. No Brasil a grande propriedade dominante em toda a história, se impôs como modelo socialmente reconhecido. Foi ela que recebeu o estímulo de políticas agrícolas que asseguravam sua reprodução. Já a agricultura familiar sempre ocupou um lugar secundário e subalterno. (PARANÁ, 2008a, p. 45).

Ao favorecerem os mercados urbanos e de exportação e os seus

fornecedores - grandes agricultores com acesso ao crédito e à alta tecnologia e as

políticas de desenvolvimento reduziram as receitas dos pequenos agricultores e

aumentaram o número dos trabalhadores sem terras, agravando a pobreza e

desfazendo as relações sociais e econômicas na sociedade rural. Um efeito dessa

situação foi reforçar os atrativos da cidade para os rurais pobres.

Cada ano que passa, tornam- se mais fortes as redes sociais e comunitárias

que ligam os assentamentos rurais às cidades. A migração das zonas rurais para as

urbanas torna- se mais fácil e os riscos diminuem e são mais fáceis de aceitar, se

contrapostos ao declínio rural.

Com o avanço do sistema capitalista, que aumenta a contradição e

distanciamento entre as classes sociais, isso atinge diretamente o campo. Segundo

Broietti (2003), a agricultura torna- se mercado consumidor para os maquinários e

insumos produzidos pela indústria. Com a modernização conservadora da

agricultura a população do campo é excluída de tais benefícios. Com isso,

intensifica- se o êxodo rural, que implica na expulsão da população do campo,

transformando- os em massa de proletários rurais, trabalhadores sem terra.

Continua assim as políticas públicas voltadas para a defesa dos maiores

proprietários. Na década de 1980, assistiu- se a alguns esforços para restabelecer o

equilíbrio a favor do sector rural. Mas o fato de os preços pagos aos produtores de

alimentos serem mais elevados não significava necessariamente melhorar o destino

dos pequenos agricultores, sem acesso ao capital e ao crédito. Segundo Mendonça

(1997, p. 23) “A renda da terra emergia como forma de valor, ampliando a

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acumulação por meio de relações sociais cuja reprodução assegurava- se no âmbito

da circulação, superestimando a extração de excedente”.

Ao trabalhar a migração, como consequência da diminuição de alunos em

nossa escola, a turma se tornou apática, calada, com poucos relatos, mas quando

voltamos as pesquisas e os números de filhos e quantos permaneceram na

agricultura, que eles passaram a compreender os motivos da migração, até esse

momento eles tinham a visão que o trabalho assalariado nas cidades, era a opção

melhor do que as da zona rural, com o apoio do material da EMATER, passamos a

analisar, eles puderam ver que a agricultura familiar, tem um número pequeno de

terra e concentram grande quantidade de famílias, enquanto, oito famílias

concentram metade das terras do município, o que os deixou perplexos e com isso,

conseguiram entender a realidade, de ter diminuído o número de famílias na

comunidade, e a consequência, o número de filhos, a realidade de todas as escola

rurais. Depois passamos a analisar as consequências das migrações, tanto para a

zona rural, quanto para a urbana.

Os alunos escreveram textos sobre a migração, ao serem questionados sobre

o que diferenciava a história do Distrito de Marcianópolis das demais localidades

destacaram

que por ser distrito o povoado da comunidade, concentra um maior número de pessoas do que geralmente as localidades vizinhas, que pertencem ao mesmo distrito, e talvez por ter havido, um pouco mais de investimento no Distrito, ele tenha sofrido menos do que as outras comunidades, na questão da perda de habitantes para as cidades. (aluno 2011).

O grande problema, de todas essas mudanças do êxodo, dos nossos

agricultores nos últimos tempos, foi a falta de apoio e investimento nas comunidades

do interior, com o passar dos anos, os pais acharam melhor enviar os filhos

estudarem nas cidades, não só deixando a vida da roça para traz, como também, o

fechamento de varias escolas no campo, e isso fez com que pequenas

propriedades, virassem grandes nas mãos de poucos.

Outro relato de aluno diz:

Em Marcianópolis diante das dificuldades, a falta de uma política agrícola, as famílias passaram a migrar, e buscar empregos nas fábricas primeiramente no RS, mas continuou intensa também pelo uso da mecanização, onde os pequenos proprietários, não conseguiam mais sustentar suas famílias, os filhos crescidos foram para as cidades e aos

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poucos foram levando seus familiares, hoje temos poucos jovens na nossa localidade de Marcianópolis. (Alunos 2011).

A valorização da terra deve- se dar pela própria população do campo, numa

busca pela cultura das diferentes gerações, etnias, gêneros, sem deixar de valorizar

a família e suas raízes, bem como o modo de viver no campo. Também ao ouvir a

Música “Obrigado ao homem do campo” os alunos comentaram e interpretaram

relatando a realidade vivida por eles mesmos como nos diz uma aluna.

Esta música retrata a realidade do sertanejo, que é muito importante para a sobrevivência das pessoas nas cidades, mas nem sempre o agricultor é visto com a devida admiração e respeito que ele merece. A realidade dos agricultores geralmente é dura, baseado no trabalho pesado, em uma rotina diária. A música faz um agradecimento para os pequenos agricultores, que são os responsáveis por manter viva a cultura do interior, e são responsáveis por cultivar as plantas que muitas vezes os grandes proprietários de terra não cultivam por visar mais lucros. Esta música é muito importante para que se conheça a realidade dos agricultores, que muitas vezes são ignorados, ou até vítimas de preconceito ou alvo de piadinhas ridículas por parte das pessoas que residem nas cidades. (aluno 2011).

Assim a turma concluiu que não é vergonha nenhuma ser agricultor, pelo

contrário é motivo de orgulho. Como também a importância da agricultura familiar

para a localidade, passaram a analisar as conquistas da terra no passado e no

presente. Que os governos devem investir para que as escolas do campo estejam

preparadas para dar suporte aos filhos dos pequenos agricultores, para que eles

possam estudar, e permanecer no campo. Também relata uma professora “a

questão da terra como um bem que deve ser valorizado, que produz para a

subsistência das cidades, o que nem todas as pessoas entendem a importância da

preservação ambiental e agrícola”. (GTR 2011).

7 Conclusão

O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), proporcionou aos

professores uma oportunidade única, para adquirir formação e retomar os estudos

revendo sua prática pedagógica, buscar novas alternativas de intervenção

pedagógica e metodológicas acima de tudo, enquanto educadores. Isso foi possível

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graças a interação com a Universidade do Oeste do Paraná (UNIOESTE). O

principal objetivo do Projeto foi contribuir no processo de ensino-aprendizagem

através da realização de estudos teóricos. Os professores da rede estadual de

ensino são capacitados pelo Programa de Desenvolvimento Educacional que

promove a formação continuada do professor da rede pública estadual de ensino,

para aprimorar a qualidade da educação básica, de acordo com as necessidades

educacionais e socioculturais da comunidade escolar.

Foi bastante desafiador, para todos os professores, pois, a grande maioria,

estava muito tempo sem ter a oportunidade de estudar. Muitos pela dificuldade, de

deslocamento, situação financeira, puxada carga horária entre outras. Com o PDE

isso foi possível, ficamos um ano inteiro fora da sala, só para estudar, pesquisar,

obtém- se uma visão geral dos conhecimentos culturais, para elaborar o Projeto a

ser trabalhado em sala de aula, e também a apresentação dos conteúdos

específicos. E no segundo ano com 75%, em sala de aula para poder aplicar, a

Intervenção Pedagógica, na Escola de escolha do Projeto, e também servir como

professor Tutor do Trabalho em Rede GTR. Concluir com a produção do Artigo Final.

Mas nem tudo foi maravilhoso, pois, enfrentamos deslocamentos, calendários

puxados, encontros de orientações, mas valeu pelo conhecimento obtido, por termos

saído do comodismo, e buscamos o conhecimento mesmo com dificuldades que não

foram poucas. Buscamos apoio nos orientadores, que com muita paciência, nos

orientaram na montagem do Projeto, bem como na Implementação Pedagógica na

Escola. A Implementação ocorreu, na Escola Estadual do Campo D. Pedro II, Ensino

Fundamental no Distrito de Marcianópolis, com a turma da 9º ano, os alunos

colaboraram nas pesquisas e realização das atividades, como também na conclusão

dos trabalhos. Trabalhos este que em parte, ficou prejudicado, pois ao mesmo

tempo que aplicávamos a Implementação, também realizávamos a tutoria do

Trabalho em Rede GTR, assim ficando pouco tempo para dispor o trabalho com os

alunos. Mesmo assim o GTR, foi muito proveitoso, pois podemos contar com a

colaboração, sugestões e opiniões dos participantes, complementando assim o

nosso trabalho.

Um dos temas estudados foi analisar as mudanças ocorridas na educação,

que para as políticas educacionais, não era necessária aos povos trabalhadores da

terra. Como a escola tem contribuído para a permanência do jovem no campo, ou

ela tem despertado para o êxodo rural? Juntamente com toda a turma, concluiu- se

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que até agora a escola só contribuiu para que o jovem deixasse a zona rural, não

tendo uma política que os amparassem, foram a busca de melhores condições de

vida nas cidades.

O trabalho não foi encerrado, pois muitos alunos, estavam residindo a pouco

tempo na localidade, não tinham uma finalidade histórica, com isso o interesse

também era menor, mas que poderá ser analisado, posteriormente por outros

professores que se interessam pela pesquisa. Assim concluir a contribuição dessas

famílias na história da localidade. Mas a grande parte dos alunos com familiares

residentes se entusiasmaram, e sua colaboração foi muito importante, sentiram- se

valorizados em saberem mais sobre a história de seus familiares.

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