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REORIENTAO CURRICULAR GEOGRAFIAMateriais Didticos

GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Rosinha Garotinho SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAO Claudio Mendona SUBSECRETARIA ADJUNTA DE PLANEJAMENTO PEDAGGICO Alba Rodrigues Cruz

GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIROSECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAO SUBSECRETARIA ADJUNTA DE PLANEJAMENTO PEDAGGICO

EQUIPE TCNICACelia Maria Penedo Esther Santos Ferreira Monteiro Flvia Monteiro de Barros Hilton Miguel de Castro Jnior Maria da Glria R. V. Della Fvera Roseni Silvado Cardoso Tnia Jacinta Barbosa

Rio de Janeiro 2006

REORIENTAO CURRICULAR - EQUIPE UFRJDireo GeralProf. ngela RochaDoutora em Matemtica Instituto de Matemtica da UFRJ

Coordenao GeralProf. Maria Cristina Rigoni CostaDoutora em Lngua Portuguesa Faculdade de Letras da UFRJ

Coordenao de GeografiaProf Ana Maria Lima DaouDoutora em Antropologia Professora do Instituto de Geocincias da UFRJ

Professores OrientadoresProf Ana Maria Lima DaouDoutora em Antropologia Professora do Instituto de Geocincias da UFRJ.

Prof. Augusto Csar Pinheiro da SilvaDoutor em Geografia Professor do Departamento de Geografia da UERJ e da PUC.

Prof Maria do Socorro DinizDoutora em Geografia Humana Professora Especialista Visitante do Instituto de Geocincias da UFRJ.

Prof Maria Regina Petrus TanuriMestre em Planejamento Urbano e Regional Professora do Colgio de Aplicao da UFRJ.

Prof Vnia Nunes MorgadoMestre em Educao - Professora do Colgio de Aplicao da UFRJ.

Professores Participantes e EscolasAdemilson Silva Alexandre Sodr da Rocha Antonio Carlos Martins Villela Aparecida do Carmo Gonalves Aurelina Maria de Medeiros Carmem Regina Ribeiro da Silva Claudia Landim da Fonseca Cristina Leal Ramos Dbora Maria Lopes dos Santos Nunes Deneci de Souza Sardinha Denise de Aquino Miranda Ednea Afonso de Ataide Sousa Eliana Pessanha Loureno Verdan Elineia Stelet da Silva Catarina Eliza Caetano Lima Silva Elizabeth do Carmo Castro Estevo Alves de Souza Evanir Carmen Lazzarotto de Freitas Fabola Lontra Alves da Cruz Ftima da Conceio da Silva Felcio Jlio de Azevedo Hungria Gilberto Horacio de Melo Gilceia Rodrigues Vieira de Andrade Glicria dos Santos Gloria Regina Costa Santiago Rocha Helena Esteves Mendes Heloisa Helena Gonalves Inocy Silva do Sacramento Jane Borges Teixeira Jorgete de Paula Souza Josu Santos de Medeiros Laeci Carvalho Ferreira Laurentina Menezes Valentim Lenice Lira Colgio EstadualAntonio Francisco Leal Escola Estadual Professor Amazor Vieira Borges Colgio Estadual Santo Antonio de Pdua Colgio EstadualProf. Aurlio Duarte Colgio Estadual Bairro Nova Aurora Colgio Estadual Lions Clube Colgio Estadual Paulo de Frontim Colgio Estadual Vicente Januzzi Colgio Estadual Joo Cardoso Colgio Estadual Sol Nascente ([email protected]) CIEP 057 Nilo Peanha Escola Estadual Bocaina Colgio Estadual Jornalista lvaro Bastos Colgio Estadual Colgio Estadual Almte. Baro de Teff Colgio Estadual So Judas Tadeu Escola Estadual Embaixador Raul Fernandes CIEP 401 Lucimar de Souza Santos Colgio Estadual Frei Toms ([email protected]) Colgio Estadual Johenir Viegas Escola Estadual Marclio Dias Colgio Estadual Bairro Nova Aurora Colgio Estadual Edmundo Peralta Bernardes Colgio Estadual Casimiro Meirelles Colgio Estadual Edmundo Peralta Bernardes Escola Estadual Prof. Sarah Faria Braz I. E. E. Carlos Camacho Colgio P. E. Alda Bernardes CIEP 289 Ceclio Barbosa da Paixo Colgio Estadual Padre Mello Colgio Estadual Salvador de Mendona Colgio Estadual Zumbi dos Palmares E.E.E.S. Professor Carlos Costa Colgio Estadual Zumbi dos Palmares

Ldia Maria Gonalves Torres Lilian Martins Tavares Liliane Cristina Dos Santos Luiz Lima Santos Marcelo Ribeiro Igncio Maria Aparecida Viana Barreto Maria Clara Pizano Vieira Maria da Guia Gonalves de Mello Maria de Ftima Teixeira Fernandes Maria de Lourdes A.G.dos Santos Maria de Lourdes da Silva Santana Maria Helena Custodio do Carmo Maria Luiza Baltar da Rocha Maria Madalena Caldeira de S. Lima Marilene de Oliveira Rocha Marlia Ferreira Pontes Marlene Nogueira Fontes Miled Cristina Billedt Duar Miriam Lucia Gomes da Silva Mnica Martins Ramos Jos Neide Carvalho Dias Neila Paula Cabral Siqueira Nelma Brito Gomes Viana Nelson Costa Dias Neuza Maria Cardoso Soares Noelma Alves Carvalho Alves Olimpia Cmara de Carvalho Olivia Cristina dos Anjos Pedro Antnio de A. Neto Regina Barros dos Santos Seixas Renne de Ftima Gomes Rosiemei Santos de Oliveira Rosirene da Silva Costa Sandra Magalhes Franco Sheila Rodrigues Marinho Neves

Colgio Estadual Raul Vidal ([email protected]) CIEP 271 Jos Bonifcio Tassara ([email protected]) CIEP 344 Adoniran Barbosa Colgio Estadual Dr. Adino Xavier Colgio Estadual Presidente Joo Goulart CIEP 057 Nilo Peanha CIEP 267 Maria Aparecida Lima Tostes CIEP 409 Alaide Figueredo Santos Colgio Estadual Eunice Weaver Escola Estadual Cap. Joaquim.Quaresma de Oliveira Colgio Estadual Euclides Feliciano Tardin CIEP 320 Erclia Antonia da Silva Colgio Estadual Edmundo Peralta Bernardes Escola Estadual Antonio Barcellos Colgio Estadual Infante Don Henrique Colgio Estadual Prof. Dalila de Oliveira Costa Escola Estadual Parque Amorim Colgio Estadual Edmundo Peralta Bernardes Colgio Estadual Dr. Joo Bazet Colgio Estadual Padre Mello CIEP 409 Alade de Figueredo Santos E.E. Nelson Pereira Rebel Escola Estadual Antonio Barcellos CIEP 034 Nelson Cavaquinho Colgio Estadual Prof Dalila de Oliveira Costa CIEP 275 Lenine Cortes Falant Colgio Estadual Edmundo Peralta Bernardes CIEP 210 Maria Alves de Souza Vieira Escola Estadual Deputado Jos Sally CIEP Puris Colgio Estadual Professor Aurlio Duarte E.E.E.S. Conde Afonso Celso Colgio Estadual Prof Francisca Jeremias da Silveira Menezes Colgio Estadual Hilrio Ribeiro ([email protected]) CIEP 396 Luis Peixoto

Simone Luiza Aragon Sonia Marinhos Cordeiro Sylvia Amlia Oliveira Bittencourt Vagdar Percut Vera Lucia de Figueredo Vincius Rangel do Nascimento Wagner de Almeida dos Santos Zineia Maira Toledo B. Sarruf

Colgio Estadual Jos Matoso Maia Forte Colgio Estadual Prof Alvina Valrio da Silva Colgio Estadual Baro de Tingu CIEP 383 Mximo Gorki Instituto de Educao Rangel Pestana CIEP 383 Mximo Gorki CIEP 057 Nilo Peanha Colgio Estadual Johenir Viegas

CapaDuplo Design www.duplodesign.com.br

DiagramaoAline Santiago Ferreira Marcelo Mazzini Coelho Teixeira Thoms Baptista Oliveira Cavalcanti Duplo Design - www.duplodesign.com.br Duplo Design - www.duplodesign.com.br Tipostudio - www.tipostudio.com.br

Prezados (as) Professores (as)

Visando promover a melhoria da qualidade do ensino, a Secretaria de Estado de Educao do Rio de Janeiro realizou, ao longo de 2005, em parceria com a UFRJ, curso para os professores docentes de diferentes disciplinas onde foram apropriados os conceitos e diretrizes propostos na Reorientao Curricular. A partir de subsdios tericos, os professores produziram materiais de prticas pedaggicas para utilizao em sala de aula que integram este fascculo. O produto elaborado pelos prprios professores da Rede consiste em materiais orientadores para que cada disciplina possa trabalhar a nova proposta curricular, no dia a dia da sala de aula. Pode ser considerado um roteiro com sugestes para que os professores regentes, de todas as escolas, possam trabalhar a sua disciplina com os diferentes recursos disponibilizados na escola. O material produzido representa a consolidao da proposta de Reorientao Curricular, amadurecida durante dois anos (2004-2005), na perspectiva da relao teoria-prtica. Cabe ressaltar que a Reorientao Curricular uma proposta que ganha contornos diferentes face contextualizao de cada escola. Assim apresentamos, nestes volumes, sugestes que sero redimensionadas de acordo com os valores e prticas de cada docente. Esta ao objetiva propiciar a implementao de um currculo que, em sintonia com as novas demandas sociais, busque o enfrentamento da complexidade que caracteriza este novo sculo. Nesta perspectiva, necessrio envolver toda escola no importante trabalho de construo de prticas pedaggicas voltadas para a formao de alunos cidados, compromissados com a ordem democrtica. Certos de que cada um imprimir a sua marca pessoal, esperamos estar contribuindo para que os docentes busquem novos horizontes e consolidem novos saberes e expressamos os agradecimentos da SEE/RJ aos professores da rede pblica estadual de ensino do Rio de Janeiro e a todo corpo docente da UFRJ envolvidos neste projeto. Claudio Mendona Secretrio de Estado de Educao

SUMRIO 17 APRESENTAO23 27 Turismo ecolgico nas terras do Dedo de DeusSnia Marinhos Cordeiro

IndstriaHelena Esteves Mendes, Jane Borges Teixeira, Laeci Carvalho Ferreira, Liliane Cristina dos Santos, Rosirene da Silva Costa

31

Migrao e transformao da paisagemGilceia Rodrigues Vieira Andrade, Gloria Regina Costa Santiago Rocha, Maria Luiza Baltar da Rocha, Miled Cristina Billedt Duar.

36 41 46

AmazniaRegina Barros dos Santos Seixas

Dilema demogrfico: controle populacional em sociedades asiticasRegina Barros dos Santos Seixas, Marilene de Oliveira Rocha e Cristina Leal Ramos

Impactos ambientais e transformaes na paisagem de Itaocara, RJ: a hidreltrica da Barra do Pomba.Fabola Lontra Alves da Cruz, Noelma Carvalho Alves Lannes

56

Destruio: at onde vamos?Sandra Magalhes Franco

60 65 72 78 84 88

A nossa energia o petrleo no Norte FluminenseLlian Martins Tavares

Desenvolvimento sustentvel para um municpio imaginrioDeneci de Souza Sardinha

Planeta guaInocy Silva do Sacramento

Vozes da periferiaAdemilson Silva

Conhecendo a nossa geografiaLdia Mara Gonalves Torres

Lixo industrialGilceia Rodrigues Vieira Andrade, Gloria Regina Costa Santiago Rocha, Maria Luiza Baltar da Rocha, Miled Cristina Billedt Duar

91

Dos filhos deste solo s me gentil: migraes e a questo demogrfica no Noroeste do Rio de Janeiro.Ftima Conceio Martin da Silva.

96

Migraes internas no Brasil - a questo da identidade fluminenseMaria Helena Custdio do Carmo, Olvia Cristina dos Anjos, Elizabeth do Carmo Castro, Lenice Lira, Evanir Carmem Lazzarotto

108 111

Transporte, que desastre!Maria da Guia Alves de Melo e Neide Carvalho Dias

Meio ambiente urbanoMarlia Ferreira Pontes

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Um olhar globalizado sobre Campos dos GoytacazesDenise de Aquino Miranda, Maria Aparecida Viana Barreto, Neila Paula C. Siqueira de Azevedo, Nelma Brito Gomes Viana.

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Circulao e transporte no Rio: como andam os cariocas?Cristina Leal Ramos

Histria

APRESENTAOA produo aqui apresentada resultado do trabalho desenvolvido pela equipe de professores coordenadores de Geograa, do Curso de Atualizao de Professores Regentes em quatro diferentes plos de atuao localizados no campus da Ilha do Fundo/UFRJ, Nilpolis, Niteri e Campos dos Goytacazes.1 Em conjunto, foram atendidos 76 professores cursistas de cerca de 70 escolas da Rede Estadual de Ensino, situados em 31 diferentes municpios2 do Estado do Rio de Janeiro. A discusso inicial promovida nos primeiros encontros voltou-se para o entendimento e avaliao crtica ao documento de Reorientao Curricular, ao que se seguiu a discusso de questes sobre a produo de saberes docentes. Em seguida, foi privilegiada a abordagem dos temas populao e meio ambiente, considerados abrangentes e atuais para conduzir ou deslanchar as atividades. A estes temas, foram mesclados textos e materiais que contemplassem assuntos oriundos de demandas especcas de cada grupo de professores, fossem eles de cunho mais conceitual ou de contedo mais substantivo sobre os assuntos de interesse imediato de cada grupo ou realidade. Os professores cursistas vivenciam experincias muito diversicadas em seus locais de trabalho, que variam desde a das pequenas e mdias cidades s da metrpole e sua periferia. De maneira geral, o pblico escolar com os quais lidam, em sua maioria alunos de classes populares, tm acesso restrito educao no formal cinema, bibliotecas, Internet, museus, espetculos etc. A isto se acrescenta o fato de que a maioria dos professores e das escolas no dispe de meios adequados para inovar o seu trabalho, tendo sido grande a demanda de materiais adequados

Plo da UFRJ - 15 professores; Plo de Niteri - 16 professores, Plo de Nilpolis - 23 professores e Plo de Campos - 22 professores. 2 Municpios das escolas de origem dos cursistas: Barra Mansa, Belford Roxo, Bom Jesus do Itabapoana, Cachoeiras de Macacu, Campos dos Goytacazes, Carmo, Conceio de Macabu, Duque de Caxias, Engenheiro Paulo de Frontin, Guapimirim, Itabora, Itaocara, Itaperuna, Japeri, Maca, Mag, Miracema, Nilpolis, Niteri, Nova Friburgo, Nova Iguau, Nilpolis, Paty do Alferes, Queimados, Rio Bonito, Rio de Janeiro, Santo Antnio de Pdua, So Gonalo, So Joo de Meriti, Tangu e Trs Rios.

1

Apresentao 17

aos alunos de ensino mdio e fundamental, no contemplados pelos livros didticos. Por outro lado, muitos professores, com freqncia, desenvolvem suas atividades docentes atravs de projetos articulados a diferentes disciplinas, sem que sejam contemplados contedos da Geograa. Nessas situaes, os projetos existentes foram problematizados e, a partir deles, novas aes foram criadas3. Os trabalhos buscaram partir do saber dos professores, valorizando a experincia acumulada em seus anos de prosso para, a partir da, construir outras aes acessveis s suas realidades de docentes e articuladas aos temas apresentados no documento de reorientao curricular. Nesse sentido, a metodologia adotada variou de acordo com as situaes encontradas e suas demandas, muito embora tenha havido uma discusso inicial de unidade e de diretrizes a serem contempladas nos encontros. Ao se privilegiarem as questes da Geograa e dos contedos relacionados aos locais especcos em que trabalham os professores, as diferenas foram signicativas para o desenho das atividades, de modo que o encaminhamento dos encontros seguiu rumos distintos e a produo aqui apresentada expressa a diversidade de realidades com que nos deparamos em cada um dos plos. Nos encontros, procuramos estimular o entendimento de processos globais e de questes centrais para a Geograa, privilegiando a reexo sobre o espao vivido e o lugar, assim como a outros conceitos relevantes para a disciplina. A observao das paisagens e suas transformaes, a recuperao da memria do lugar, o entendimento dos lugares com pontos em redes globais como expressam distintos trabalhos sobre uxos de migrantes , a alterao da qualidade de vida, a distribuio diferencial dos servios pblicos para o entendimento e aes cidads so iniciativas presentes nas produes dos docentes-cursistas. A literatura disponibilizada nas ocinas4 tratou de relacionar as temticas elencadas no documento de reorientao curricular com as prticas propositivas, cuja premissa inicial o entendimento da complexidade dos processos em que esto inseridos alunos e professores. A multiplicidade de situaes regionais, ponto de partida de muitas das prticas elaboradas, expressa a inteno de valorizar o conhecimento da diversidade do espao uminense seja aquela do contexto metropolitano, seja aquela de municpios expostos dinmica da expanso da economia do petrleo no norte do estado, ou das transformaes nas atividades rurais e da paisagem. Tratava-se de estimular os professores a desenvolverem, junto aos alunos de ensino mdio e fundamental, prticas de pesquisa que partiram muitas vezes de situaes prementes das comunidades, levando-os a novas formas de aprendizagem e produo de conhecimento. Recursos didticos usuais e tcnicas simples foram valorizados nas sugestes a serem utilizadas nas salas de aula. Embora a insero das diferentes tecnologias no seja corriqueira na prtica dos professores, algumas atividades aqui apresentadas foram favorecidas, em sua elaborao,

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Professores de Geograa puderam potencializar suas atividades relacionadas a projetos desenvolvidos em suas escolas em favor do programa de reorientao curricular, contemplando, assim, conceitos, temas e procedimentos da disciplina. 4 Ver referncias bibliogrcas no nal do documento.

Histria

pela interlocuo por e-mail e pelo uso de novas formas de conhecimento, como a busca e o acesso a informaes na Rede. Essas prticas, ainda muito tmidas entre os cursistas, foram estimuladas ao longo do percurso. Atividades de campo procedimentos tradicionais da Geograa foram tomadas com ponto de partida estratgico na expectativa de superar o ensino que tem como base a transmisso e assimilao passiva de contedos. O envolvimento dos alunos se far desde a elaborao das estratgias de sada de campo, sua aplicao e sistematizao dos levantamentos atravs do uso de mapas e elaborao de grcos, estimulados pela discusso prvia de conceitos necessrios ao entendimento do que se cristaliza no espao , seja nas paisagens imediatamente observveis, seja nos recursos a documentos fotogrcos e escritos que falam de outras temporalidades e anunciam processos de transformao na organizao do espao, na apropriao dos recursos, nas relaes de trabalho, na qualidade de vida, enm, no cotidiano de espaos hoje inteiramente articulados s dinmicas ou a processos decisrios no locais. Partindo da perspectiva local e regional, observam-se prticas para o ensino da Geograa em que, inevitavelmente, chega-se s dinmicas globais e seu efeitos locais. O trabalho desenvolvido resultou em produo de autoria individual ou de grupo, tendo sido comum a discusso das mesmas em cada plo especco. Muitas das atividades concebidas durante os encontros foram aplicadas pelos professores em suas salas de aula, o que permitiu a avaliao da experincia pelo coletivo dos cursistas de cada plo, transformando os encontros em espaos produtivos para troca de experincias. Certamente, as atividades advm do esforo individual e coletivo de sistematizar e compartilhar experincias de aulas, atividades, prticas assim como de equacionar algumas das diculdades apresentadas no sentido da implementao da reorientao curricular. Nem todos os trabalhos elaborados esto inseridos no material agora publicado, devido premncia do tempo e, sobretudo, novidade do teor do trabalho, que valoriza os seus saberes de docentes e busca socializar suas experincias. Esperamos que este material, concebido como recurso a ser de utilidade para os muitos professores de Geograa da Rede Estadual de Ensino, sirva de estmulo aos professores e ensejem novos caminhos na conduo de suas prticas dirias, face aos desaos que a escola e os contedos da Geograa lhes colocam. Que esta contribuio potencialize o saber do professor, tornando-os mais livres e competentes para a produo autnoma do conhecimento, para a conduo de suas prticas de ensino e para a ampliao da cidadania. Ana Daou Augusto Csar Pinheiro da Silva Maria do Socorro Diniz Maria Regina Petrus Tanuri Vnia Nunes Morgado

Apresentao 19

GEOGRAFIA

GEOGRAFIAEnsino Fundamental e Ensino Mdio

Janeiro de 2006

Geografia

TURISMO ECOLGICO NAS TERRAS DO DEDO DE DEUSTema As Paisagens e o Espao Geogrfico Srie alvo 5 srie do Ensino Fundamental Durao da atividade 12 aulas

RESUMOO turismo como atividade econmica tem apresentado grande crescimento no mundo globalizado, produzindo o desenvolvimento de lugares, muitas vezes distantes dos grandes centros e, ao mesmo tempo, suscitando discusses a respeito das transformaes scioambientais nas reas onde esta atividade se desenvolve. Recentemente, a Geograa tem reconhecido o signicado do turismo na organizao espacial e vem contribuindo para a produo de conhecimento sobre a temtica. E na sala de aula do ensino fundamental e mdio, como abord-lo e com que nalidade? Ainda negligenciado nas escolas e pouco valorizado nos livros didticos o tema principal da atividade proposta para a 5 srie do ensino fundamental. A paisagem geogrca ser o conceito chave e o recurso para a compreenso do turismo e para a educao ambiental no apenas da clientela da escola, como tambm da comunidade local, contribuindo na aquisio e incorporao de novos valores de preservao do patrimnio natural e cultural do lugar. O trabalho ser realizado em trs semanas, 12 aulas, atravs de trabalho de campo e, de forma indireta na sala de aula, com a utilizao de outras linguagens, a exemplo de fotos, lmes, mapas que reforcem o interesse do aluno pelo ambiente vivido, levando-o a nele se localizar.

Palavras-chave: Turismo; eco-turismo; paisagem geogrfica; meio ambiente; ecossistema.

Turismo Ecolgico nas Terras do Dedo de Deus 23

INTRODUOO municpio de Guapimirim, emancipado de Mag em 25 de novembro de 1990, est localizado num vale formado pela base do Dedo de Deus Serra dos rgos e faz limite com os municpios de Terespolis e Petrpolis(norte), Itabora e fundos da Baa de Guanabara (sul), Cachoeiras de Macacu (leste) e Mag (oeste). Inserido na rea metropolitana do Rio de Janeiro e desfrutando de paisagens buclicas, o municpio surge como uma alternativa para pessoas que buscam o contato com a natureza, um clima ameno e uma vida mais tranqila. De acordo com historiadores, o nome Aguape-mirim teve sua origem em um acampamento de ndios que viviam em torno de uma nascente na regio do Vale das Pedrinhas. A traduo de Guapimirim quer dizer Nascente Pequena. O rio, que deu nome ao municpio, era por onde passavam as tropas, levando mercadorias para o serto das Minas Gerais, trazendo de l ouro e pedras preciosas. Datam de 1674 os primeiros registros que falam de um povoado s margens do rio Guapimirim, abenoado pela Igreja de Nossa Senhora DAjuda. No nal do sculo XVIII, surgiu o povoado de Santana (atual Parada Modelo), que cava no caminho das tropas que ultrapassavam a Serra, levando-os pelas trilhas sertanejas para as Minas Gerais. O conhecimento da histria do lugar de vivncia, observando as mudanas ocorridas ao longo do tempo e descobrindo as paisagens geogrcas, culturais e suas potencialidades tursticas, suscita nos alunos desta srie o interesse pelo conhecimento da potencialidade turstica, ecolgica do municpio e de outros lugares diferentes do seu, e desperta uma conscincia por sua preservao e conservao. A partir da compreenso dos conceitos de lugar e paisagem, as diferentes paisagens de seu municpio, as diferenas climticas e seus efeitos na paisagem e nas atividades do homem, o aluno chegar ao entendimento do conceito de espao geogrco, ecossistema e a identicao de problemas ambientais. Por outro lado, a busca dos elementos referenciais de identicao dos lugares poder despertar e suscitar nos alunos a aptido para o desenvolvimento da atividade turstica como meio prossional, dedicandose aos estudos de guia-turstico e atividades do eco-turismo. Nesse sentido, fundamental o conhecimento sobre coordenadas geogrcas, leitura de mapas em diferentes escalas para orientao e localizao, o uso de tcnicas que favoream a busca de informaes e ampliem o seu conhecimento e o seu mundo de vivncia, comparando-o a outros mundos.

24 Ensino Fundamental

Geografia

DINMICA DAS ATIVIDADESAs prticas que consideramos possveis de serem exercitadas so agrupadas em 4 etapas:

1 etapaEsta primeira fase se refere preparao para o trabalho de campo: Elaborar um calendrio com a previso das principais tarefas a serem postas em prtica. Apresentar e discutir, em sala, um vdeo sobre os principais pontos tursticos do municpio. Elaborar um mapa do seu municpio, destacando o seu bairro, a sua rua e sua escola, colocando legenda dos principais pontos referenciais que norteiam a localizao das representaes.

2 etapa Fazer levantamento de dados sobre o histrico do municpio e suas potencialidades tursticas, na Secretaria Municipal de Turismo, no IBGE e outras fontes locais. Organizar, em sala, os dados apreendidos, destacando os pontos tursticos prximos da escola do bairro para serem visitados. Elaborar um trabalho escrito sobre a origem de seu municpio e de seu bairro.

3 etapaTrabalho de campo: Fazer observao direta e entrevistas nos principais pontos referenciais que esto no centro de seu municpio, prximo a sua casa e ao redor de sua escola, documentando atravs de fotos e lmagem. Fazer exposio em painel sobre os principais pontos tursticos de seu municpio e de seu bairro. Produzir maquetes da rua onde mora e da rua da escola, representando alguns pontos de referncia para orientao.

Turismo Ecolgico nas Terras do Dedo de Deus 25

4 etapa Realizar pesquisa em seu bairro, atravs de entrevistas com pessoas idosas, jovens e crianas, sobre as atividades tursticas desenvolvidas no municpio e as principais necessidades e prioridades locais; Elaborar e apresentar, em grupo, relatrio sobre a pesquisa.

INTERFACES E DESDOBRAMENTOSHistria, Portugus e Cincias.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICASMORANDI, S. Espao e turismo: uma proposta de Geograa para o ps-mdio. In: PONTUSCHKA, N.N. e OLIVEIRA, A.U. Geograa em Perspectiva. So Paulo: Contexto, 2002, pp.69-76. NATAL, C.B. O turismo rural na regio serrana uminense: um estudo de caso So Pedro da Serra. In MARAFON, G.J. e RIBEIRO, M.A. (Orgs). Revisitando o Territrio Fluminense. Rio de Janeiro: NEGEF, 2003, pp.169-185. SEABRA, R. dos S. Consideraes sobre turismo rural no Estado do Rio de Janeiro. Geo UERJ Revista do Departamento de Geograa, UERJ, RJ, n. 11, p.81-84, 1 semestre de 2002, pp.81-84. XAVIER, H. A incorporao da dimenso do turismo do ensino da Geograa. In: PONTUSCHKA, N.N. e OLIVEIRA, A.U. Geograa em Perspectiva. So Paulo: Contexto, 2002, pp.59-68.

26 Ensino Fundamental

Geografia

INDSTRIATema Efeitos da modernizao e Brasil Industrial Srie alvo 6 Srie do Ensino Fundamental e 3 Srie do Ensino Mdio Durao da atividade 6 aulas

RESUMOAtravs do aprimoramento das tcnicas, o homem passou a ter maior domnio sobre a natureza. Assim, conseguiu explorar com mais intensidade os recursos que ela lhe oferecia. Nos ltimos dois sculos, grande nmero de invenes, meios de produo, bens de consumo foram diversicando os setores da economia, em especial as atividades industriais. Um novo relacionamento entre o homem e a natureza surgiu. Hoje, temos a indstria como um setor de destaque na economia mundial, nos proporcionando subsdios para entendermos as diferentes formas de organizao da sociedade capitalista. Dentro desse contexto, o processo industrial base para se entender a formao do mundo tcnico-cientco, bem como as transformaes ocorridas no espao geogrco e suas conseqncias para a sociedade.

Palavras-chave: Indstria; matria-prima; mo de obra; mercado consumidor; recursos naturais; tipos de indstrias; localizao industrial; tecnologia; capitalismo.

Indstria 27

DINMICA DA ATIVIDADE 1 etapaElaborao coletiva professor/alunos, em sala de aula, de uma da cha informativa sobre produtos industrializados (segue uma sugesto de modelo). Os seguintes procedimentos devero ser seguidos pelos alunos nesta etapa: Cada grupo dever identicar e selecionar, no caminho de casa at a escola, produtos industrializados utilizados pela populao. Compreender o processo de transformao industrial de cada produto, identicando a origem da matria-prima, o tipo de indstria que o transformou e sua localizao. Preencher a cha informativa para cada produto observado, identicando cada um dos itens. Selecionar e agrupar os produtos de acordo com os itens especicados na cha informativa. Apresentar a cha informativa por grupo para a discusso dos conceitos trabalhados e socializao das informaes coletadas/ pesquisadas.

FICHA INFORMATIVAMatria prima principal Origem Indstrias (animal, Nome da tipos vegetal ou indstria mineral) Ind. de base Localizao (cidade, estado e pas) Ind de bens de consumo no durveis Ind. de bens de consumo durveis Produto nal

28 Ensino Fundamental e Ensino Mdio

Ind. intermediria

Geografia

2 etapaEstudo da distribuio espacial das indstrias no Brasil: A turma dever criar uma legenda dos tipos de indstrias identicados na cha informativa para a construo de um mapa da distribuio industrial no espao brasileiro. Obedecendo formao anterior, cada grupo dever preencher o mapa do Brasil-Poltico com a legenda confeccionada pela turma. Analisar a distribuio espacial das indstrias no Brasil, professor em conjunto com a turma, como sntese das etapas anteriores da atividade. Sugesto: usar como base um mapa poltico do Brasil, sem legenda, somente com a diviso territorial e a denominao dos estados.

3 etapaTrabalho de campo - Visita a uma indstria. Desenvolvimento do trabalho de campo: Organizar a atividade pelo professor em sala com os alunos, incluindo a explicao da construo de uma cha de entrevista com as informaes bsicas sobre o trabalho de campo; Elaborar, em conjunto com os alunos, um questionrio a ser aplicado durante a visita. Sugesto de modelo do questionrio:Cabealho: Data do trabalho de campo Nome da instituio escolar Nome do professor responsvel Disciplina Sries / Turmas Alunos componentes do grupo Nome da empresa Endereo da empresa

Observar os seguintes aspectos sobre a indstria visitada: Tipo de indstria Identificao das etapas do processo de transformao industrial Tipos de profissionais que trabalham nos diversos setores da empresa Indstria 29

Tipo de mquinas e tcnicas utilizadas Quantidade de funcionrios (total e por setores) Tipos de produtos (matrias-primas/produtos finais) Comercializao dos produtos (mercados consumidores: interno/externo) Cuidados, precaues e processos relativos preservao ambiental e cumprimento das leis existentes no municpio

Elaborao de relatrios, pelos grupos, com base nos dados dos questionrios aplicados. Os relatrios devero ser enriquecidos com fotograas do trabalho de campo, bem como com entrevistas feitas na fbrica visitada e/ou destaques de depoimentos gravados ou registrados por escrito pelos alunos durante a visita.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICASAtlas Geogrco Escolar. IBGE, Rio de Janeiro, 2002. BARROSO, M. F. & MANDARINO, M. Projeto de Reorientao Curricular para o Estado do Rio de Janeiro. Ensino Mdio e Fundamental (2 segmento) e Normal. Rio de Janeiro: Secretaria Estadual de Educao, 2004. CASTROGIOVANNI, A. C. Geograa em sala de aula: prticas e reexes. Porto Alegre: Editora da UFRGS/ AGB/ Espao e Debate, 2001. GERAB, W. J. & ROSSI, W. Indstria e trabalho no Brasil: limites e desaos. So Paulo: Editora Atual, 1997. MARICATO, E. Habitao e cidade. So Paulo: Editora Atual, 1997. RUA, J., WASZKIAVISCUS, F. A., TANNURI, R. P. & NETO, H. P. Para ensinar Geograa. Rio de Janeiro: Editora ACCESS, 1993. SENE, E. de S. & MOREIRA, J. C. Geograa Geral e do Brasil: espao geogrco e globalizao. So Paulo: Editora Scipione, 1998.

Siteshttp://www.ibge.gov.br http://www.novaescola.com.br

30 Ensino Fundamental e Ensino Mdio

Geografia

MIGRAO E TRANSFORMAO DA PAISAGEMTema Dinmica Populacional Srie alvo 6 e 1 srie do Ensino Mdio Durao da atividade 6 aulas

RESUMOA atividade foi desenvolvida para discutir a temtica da migrao e das transformaes no campo. Parte da discusso mais geral sobre o tema e chega a problematizar a composio e origem dos atuais moradores do municpio de Paty do Alferes, assim como sua atuao no sentido da transformao da paisagem e do surgimento de novas dinmicas espaciais. Discute dois momentos dos processos migratrios internacionais em que o Brasil ponto de chegada e depois ponto de partida. Busca enfatizar a migrao para reas rurais e sua relao com o meio ambiente ao reetir sobre a organizao espacial e as alteraes na paisagem em decorrncia da introduo de novas prticas agrcolas. Por outro lado, busca recuperar a histria dos uxos internacionais de migrantes, introduzindo a discusso que relaciona os motivos da migrao e a mobilidade social.

Palavras-chave: Migrao internacional; transformao da paisagem rural e urbana

APRESENTAONo sculo XIX, os japoneses, pressionados pela acelerada industrializao de seu pas e pela desestruturao das atividades agrcolas, vieram em grande nmero para o Brasil, estimulados pelo governo brasileiro, que os contratava para trabalhar nas lavouras de caf. Desembarcavam no porto de Santos e xaram-se principalmente em So Paulo, seguindo a marcha do cafMigrao e transformao da paisagem 31

em direo ao norte do Paran. No Estado do Rio de Janeiro, a emigrao japonesa, embora numericamente pouco expressiva, teve efeitos signicativos. Este o caso do municio de Paty do Alferes, que recebeu um pequeno nmero de japoneses, no nal dos anos 1930. Houve, desde ento, a introduo de novos cultivos que alteraram as atividades produtivas e a paisagem. Nos ltimos anos, moradores do municpio de Paty do Alferes descendentes de japoneses passaram a migrar para o Japo, em busca de novas oportunidades. O Municpio de Paty do Alferes est localizado na longitude 43 23 W e latitude 22 20 S na regio geoeconmica centro-sul e agroclimatologia serrana do Rio de Janeiro. Possui uma rea de 318 Km2 e altitude mdia de 575 metros e clima classicado como mido tropical, com chuvas no vero e estiagem no inverno (Fonte: INMET / MAARA). Essa regio do Estado do Rio de Janeiro possui seu espao geogrco marcado pelas migraes e, com elas, a introduo de novos cultivos e novos usos da terra. Atualmente, a principal cultura comercial de Paty do Alferes o tomate, mas nem sempre foi assim. O cultivo foi introduzido no nal da dcada de 30 e incio da dcada de 40, pelas mos de trs famlias de origem japonesa: os Hirata, os Watanabe e os Inat. A semente era trazida das cidades de Mogi das Cruzes e Suzano SP, os pioneiros plantavam tomates denominados Santa Cruz e Rei Humberto, que produziam frutos de formatos variados. A seleo gentica s teve incio no nal da dcada de 50 e incio da dcada de 60, em resposta ao aparecimento de pragas e doenas na cultura, quando a Escola Nacional de Agronomia, hoje Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, identicou as principais pragas e doenas. No incio da dcada de 90, com o resultado de pesquisas surgiu o tomate longa vida, que se mostrou adequado ao solo conquistando a preferncia dos agricultores de hoje, como explica Marcelo Watanabe Engenheiro Agrnomo descendente das primeiras famlias de japoneses que foram para Paty do Alferes. Atualmente, as plantaes de tomate dos municpios de Paty do Alferes e de Vassouras, estimada em 60 mil toneladas por ano, abastecem em 90 por cento o Rio. H, no presente, um uxo de sada de Paty do Alferes para o Japo. Esse uxo parte do fenmeno dekassegui, ou seja, daqueles que saem para trabalhar em outro pas. Em meados de 1990, a legislao de imigrao japonesa passou a permitir ao descendente de japoneses receber visto de trabalho no pas. Era uma tentativa de resolver o srio problema de mo de obra barata para as indstrias japonesas, a segunda economia do mundo. Os brasileiros representam o terceiro maior contingente imigrante no Japo, apenas atrs dos chineses e dos coreanos, o que corresponde ao terceiro maior grupo vivendo fora do pas. Eles so responsveis por remessas anuais entre US$ 1,5 e US$ 2 bilhes para o Brasil. A vida desses emigrantes bastante difcil, pois trabalham em mdia 12 horas por dia em funes de baixa qualicao para economizar ao mximo, visando com esse dinheiro voltar ao pas de origem, com capital para abrir um negcio prprio na cidade. As condies de trabalho tm melhorado, pois a legislao japonesa agora permite a permanncia dos trabalhadores32 Ensino Fundamental e Ensino Mdio

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estrangeiros por mais tempo e oferece seguro sade, educao e aposentadoria. Os dekasseguis so essenciais para a segunda maior economia do mundo e assim que Paty insere-se nos uxos mais recentes que promovem a sada de brasileiros para o hemisfrio norte.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE 1 etapaLeitura do texto de apresentao do tema. A partir dele, discutir em grupo: Por que uma populao se desloca? Quais os principais movimentos migratrios? H modicao no espao geogrco com esse uxo migratrio? Considerar os locais de chegada e listar os benefcios que afetam o meio ambiente. O que leva os descendentes dos japoneses de Paty a migrar? Este novo uxo tem efeitos na organizao espacial de Paty?

2 etapaBuscar na mdia falada ou escrita reportagem sobre o assunto Migrao. Com as informaes apreendidas, organizar um painel para debate em sala, trazendo a discusso para o contexto local e encaminhar as atividades de pesquisa sobre o espao onde vivem.

3 etapa Trabalho de campo: fazer levantamento de casos de migrao para a regio ou para o municpio. Elaborar roteiro para os alunos realizarem entrevistas, incluindo: Cidade de origem Estado de origem Pas / Estado / Cidade destino Data de embarque Meio de transporte Foram diretamente para o destino? Por onde passaram antes de chegar ao local onde foram viver? (ou morar?)

Migrao e transformao da paisagem 33

Complementar com levantamento em jornais, acervo e memrias dos moradores sobre a migrao. Fazer uma tabulao dos dados e colocar nos mapas os percursos, com base nas informaes coletadas Trabalhar pases e estados mencionados: procurar informaes que contextualizam a migrao. Observar a dcada, a rota e os meios de transportes utilizados. Confeccionar mapa-mundi, mostrando as rotas de emigrao entre os pases e destacar os principais uxos e os perodos.

4 etapaA partir daqui a atividade mais adequada aos alunos de Ensino Mdio: Organizar os alunos para obterem informaes diversicadas sobre os resultados da migrao. Em relao ao lugar de chegada: Pesquisar o que havia antes da chegada dos migrantes e entender quais os efeitos na organizao espacial (escala local e regional) da insero dos migrantes. No caso de Paty de Alferes, atravs de entrevistas com moradores mais antigos, saber como era a paisagem antes do cultivo de tomates, por exemplo. Recuperar fotograas em livros antigos, lbuns familiares ou jornais. Em relao aos que chegaram: Foram mantidos vnculos entre os que vieram para o Brasil e o pas de origem? Mantiveram o uso da lngua de origem? Em relao ao movimento migratrio recente, dos que emigram para o Japo: H correspondncia entre os familiares? H remessa de dinheiro? Como recebem? Quais as informaes que os emigrantes lhes fornecem? J se adaptaram? Realizam qual tipo de servio? Sofrem ou sofreram algum tipo de discriminao? Pensam em retornar ao Brasil?34 Ensino Fundamental e Ensino Mdio

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Ao nal, de posse dos dados, reetir: Atualmente vlida a emigrao? Discutir os prs e contras. Para o ensino mdio, ver o lme, disponvel em vdeo, sobre a migrao japonesa no sculo XIX: Gaijin, os Caminhos da Liberdade, de T. Yamasaki.

INTERFACES E DESDOBRAMENTOSA atuao de migrantes como atores na transformao do espao rural uma temtica atual para a discusso de grandes transformaes do espao brasileiro. Historicamente, podem ser trabalhadas as migraes de europeus e japoneses para o sul do pas no sculo XX, assim como a transformao do cerrado pela atuao de migrantes sados do sul do pais e que, com o esgotamento da fronteira agrcola, passaram a ocupar as reas de cerrado. Para avanar na discusso sobre os dekasseguis, ver a reportagem Migrao Japonesa e o Fenmeno Dekassegui: do Pas do Sol Nascente para uma Terra Cheia de Sol, disponvel em http://www.comciencia.br/reportagens/framereport.htm.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICASSALES, Teresa & BAENINGER, Rosana. Migraes internas e internacionais no Brasil, panorama deste sculo. In: Travessia. Revista do Migrante. CEM Ano XIII, N36, JaneiroAbril/2000. SEYFERTH, Giralda. Imigrao e (re)construo de identidades tnicas. In: Neto, Helion Pvoa e FERREIRA, Ademir Pacelli. Cruzando fronteiras disciplinares, um panorama dos estudos migratrios. Rio de Janeiro: REVAN, 2005. SOUZA, Marcelo Lopes de. Dos problemas scio-espaciais degradao ambiental e da volta aos primeiros. In: O desao metropolitano: um estudo sobre a problemtica scioespacial nas metrpoles brasileiras. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.

Siteshttp://www.comciencia.br/reportagens/framereport.htm, acessado em 21/12/2005.

VdeoGaijin, Os caminhos da Liberdade, de T. Yamasaki, Brasil, Nacional Vdeo, 1980.

Migrao e transformao da paisagem 35

AMAZNIATema Regio Amaznica Srie alvo 6 Srie do Ensino Fundamental e 3 Srie do Ensino Mdio Durao da atividade 2 aulas

RESUMOA atividade foi desenvolvida e aplicada para alunos de 3 srie do ensino mdio, curso noturno, e, com as adequaes necessrias, aplica-se tambm 6 srie. A idia foi desenvolver o conceito de regio geoeconmica, contextualizando a realidade da Amaznia brasileira. Procurou-se integrar e analisar os elementos naturais e entrpicos que caracterizam a ocupao e o uso dos recursos da regio, assim como a diversidade dos ecossistemas regionais e dos conitos contemporneos relacionados conservao e explorao da biodiversidade. Foram utilizados diferentes textos disponveis em revistas e tambm informaes de fcil acesso em livros didticos. Mapas temticos da Amaznia devem ser apresentados para que os alunos compreendam a complexidade do espao geogrco amaznico e dos interesses em jogo na disputas pelos recursos da oresta, dos rios e tambm da fauna e dos minerais. H, nas locadoras, lmes que tratam da Amaznia e que podem ser utilizados para observao da diversidade scio ambiental da regio.

Palavras-chave: Amaznia brasileira; regio; floresta equatorial; biodiversidade; ocupao e apropriao dos recursos naturais.

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APRESENTAOO que chamamos de Amaznia brasileira compreende uma vasta regio cujas dimenses so mais extensas do que a Regio Norte. A Amaznia corresponde a mais de 50% do territrio brasileiro e avana pelas reas do centro-oeste. A vegetao um dos principais diferenciadores do ecossistema amaznico, em que predomina a oresta equatorial seguida da oresta tropical, matas de galeria, matas alagadas e reas de campos e cerrados. A isto se associa uma enorme biodiversidade que inclui espcies animais, inclusive de peixes, assim como de espcies vegetais exuberantes, o que torna a Amaznia um dos ecossistemas brasileiros mais conhecidos mundialmente. para l que se voltam interesses nacionais e internacionais: ambientalistas interessados na preservao das riquezas, no conhecimento da biodiversidade; grupos econmicos interessados na explorao econmica e quase sempre predatria dos recursos; distintos setores da sociedade brasileira, seja quanto explorao, conhecimento e conservao da biodiversidade amaznica. A questo ca mais complexa pois a Amaznia tem a maior extenso de fronteiras internacionais, o que refora a necessidade de controle do territrio. Alm dos nmeros grandiosos em relao ao volume das guas da maior bacia hidrogrca do planeta e da riqussima biodiversidade, so numerosas as tenses sociais que ocorrem na Amaznia por conta dos interesses conitantes em relao ao uso dos recursos, dos solos, das guas, dos rios, da vegetao e da fauna. O corte ilegal da madeira, o desmatamento juntamente com as queimadas para expanso da agricultura e implantao de estradas, a invaso de terras indgenas, de parques ou unidades de conservao as mortes de lderes como Chico Mendes, que defendia os interesses dos seringueiros, so muito freqentes nos noticirios. O trco de animais silvestres tambm tem sido denunciado como mais uma das formas de explorao irregular dos recursos da Amaznia, assim como o caso da minerao predatria.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE 1 etapaExibio do lme Tain, uma aventura na Amaznia. Discusso dirigida aps a exibio do lme, destacando os principais problemas ambientais retratados no lme.

2 etapaA turma ser dividida em 3 grupos. Cada grupo receber um texto para ler, analisar e discutir entre seus integrantes. Sugesto de textos a serem utilizados na dinmica:

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Nosso material gentico usado pelos estrangeirosUsada para dissolver clculos renais, em 1999, a Phyllantus Niruri Linn, ou planta quebra-pedra, foi patenteada pela Fox Chase Cancer Center, EUA. Tambm a rvore amaznica sangue-de-drago, que possui uma seiva vermelho vivo, foi patenteada pela Shaman Pharmaceutical, do EUA, por seus princpios ativos para o tratamento de doenas pulmonares, herpes e Aids, enquanto as multinacionais Dow Chemical, Bristol Labs e Park Davis patentearam microorganismos da Amaznia e vendem suas culturas a outros laboratrios ou a pesquisadores independentes. Amostras e colees de DNA, retiradas do sangue dos ndios Karitianas e Surus, de Rondnia, so vendidas pela Coriell Cell Repositories. Como afirmam pesquisadores brasileiros, o pas continua exposto biopirataria e, embora o Brasil precise assegurar o acesso biodiversidade, esse controle s pode ser exercido com base no conhecimento cientfico.(Adaptado de Para pesquisadores Brasil continua superexposto biopirataria, disponvel em Ambiente Brasil: http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=13684)

Cincia na MataBilogos se embrenham nas matas para conhecer o que pretendem preservar. A primeira expedio cientfica Amaznia foi feita em 1638 por George Marcgrave, um naturalista alemo. At o fim do sculo XVII, o que se procurava eram animais exticos, dentro da tica do estranho mundo novo: peixe que d choque, aranhas gigantes, mamferos que vivem submersos nos rios. Nos sculos seguintes, o objetivo passou a ser a coleta do maior nmero possvel de bichos de diferentes espcies. At os anos 40, os museus estrangeiros pagavam coletores profissionais para levar espcimes da fauna e flora nacional para as suas colees. O Brasil s assumiu a pesquisa cientfica na Amaznia h poucas dcadas. Agora, a idias conhecer e estudar para preservar.(VARELLA, Flvia. Cincia na Mata. Amaznia. Um Tesouro Ameaado. Revista Veja Especial, Amaznia. So Paulo: Abril, 24/12/1997, p.36.)

O que biopirataria?O termo biopirataria foi lanado em 1993 pela ONG RAFI (hoje ETC-Group) para alertar sobre o fato de que recursos biolgicos e conhecimento indgena estavam sendo apanhados e patenteados por empresas multinacionais e instituies cientficas e que as comunidades que durante sculos usam estes recursos e geraram estes conhecimentos no esto participando nos lucros. De modo geral, biopirataria significa a apropriao de conhecimento e de recursos genticos de comunidades de agricultores e comunidades indgenas por indivduos ou por instituies que procuram o controle exclusivo do monoplio sobre esses recursos e conhecimentos. Por enquanto, ainda no existe uma definio padro sobre o termo biopirataria que inclui desde o registro de conhecimentos tradicionais associados biodiversidade quanto o matrial gentico, como fungos, facilmente transportveis pelos interessados.(Baseado no relatrio final da Comisso sobre direitos de propriedade intelectual CIPR Comisso para Direitos de Propriedade Intelectual disponvel em http://www.biopirataria. org/definicao_biopirataria.php )

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3 etapaAps a anlise do texto, cada grupo responder as seguintes perguntas: 1. Qual o assunto principal do seu texto? Que relaes tem o seu texto com o lme Tain, uma aventura na Amaznia? 2. Qual a importncia de se proteger a Floresta Amaznica? 3. A proteo da fauna e ora de um pas se estende apenas a sua identidade e soberania? - Qual a opinio do grupo sobre o uso de material gentico para desenvolver medicamentos? 4. O que Biopirataria? 5. Quais animais esto em extino?

4 etapaAps a apresentao de cada grupo, observao do mapa fsico mostrando a vegetao e a ocupao da Amaznia de ontem e hoje, com nfase na ocupao tradicional ao longo dos rios e nas mudanas mais recentes. Poder ser includo um texto informativo, sobre diferentes caractersticas da Amaznia, para concluir o assunto, ou poder ser retomado o texto do livro didtico sobre Amaznia, disponibilizado para os alunos.Nmeros amaznicos: a imponncia matemtica da grande floresta 4,9 milhes de km2 - a rea da Amaznia brasileira, chamada de Amaznia Legal, e representa 60% do territrio nacional. Cobre todos os Estados do Norte mais o Mato Grosso e parte do Maranho, Tocantis e Gois. 3,3 milhes de km2 - o pedao da floresta amaznica que est em territrio brasileiro. Uma rea maior que a ndia. 11,6 mil km a extenso da fronteira verde do Brasil com os outros oito pases sulamericanos da regio amaznica. Em linha reta, corresponde distncia entre So Paulo e So Francisco, nos Estados Unidos. 500 mil km2 - o que as queimadas j devastaram na floresta amaznica brasileira, uma rea equivalente a dois Estados de So Paulo. 6,7 mil km - a extenso do Rio Amazonas, o maior do mundo. 28 segundos - o tempo que o Rio Amazonas gasta, na foz, para jogar no mar 6 bilhes de litros dgua, o suficiente para fornecer um litro a cada habitante da Terra.

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700 - a quantidade de ilhas do maior arquiplago fluvial do planeta, Barcelos, no Amazonas. 2,5 metros - o tamanho a que pode chegar o pirarucu, o maior peixe de gua doce do mundo.

FINALIZAOOs textos, as respostas e algumas fotos sobre o assunto sero colocados em um mural que car exposto na escola.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICASBECKER, Bertha K. Tendncias de transformao do territrio no Brasil. Vetores e circuitos. In: Territrio, n 2, jan/jun 1997, LAGET/URFJ. VARELLA, Flvia. Cincia na mata. Amaznia, um tesouro ameaado. Revista Veja Especial, Amaznia. So Paulo: Abril, 24/12/1997, p.36

VdeoTain, uma Aventura na Amaznia de Tnia Lamarca e Srgio Bloch, 2000, Europa Filmes.

Siteshttp://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=13684, acessado em 09/11/2005. http://www.isa.com.br http://www.amazonia.org http://www.biopirataria.org/denicao_biopirataria, acessado em 09/11/2001

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DILEMA DEMOGRFICO: CONTROLE POPULACIONAL EM SOCIEDADES ASITICASTema sia Srie alvo 8 Srie Durao da atividade 6 aulas

RESUMOAtravs de material variado, a proposta caracterizar e discutir conceitos relacionados dinmica da populao asitica, em especial nos pases populosos como China, ndia e Japo. Avaliar a existncia de uma poltica rgida de controle de natalidade imposta na China, a partir dos anos 70, e suas implicaes scio-econmicas. Discutir, tambm, medidas e projetos de planejamento familiar presentes em outros pases asiticos, com a reviso de polticas populacionais a partir da CIPD (Conferncia Internacional sobre populao e Desenvolvimento). Dentre as medidas prticas adotadas por esses pases, destacam-se: o uso de mulheres, voluntrias ou remuneradas, como agentes de sade reprodutiva na ndia, Nepal, Paquisto, Bangladesh e Turquia; a scalizao e melhoria da qualidade das indstrias de camisinha e incentivo ao uso (apenas 5% da populao utilizam na ndia); ou at mesmo a reduo, na ndia, do preo da TV, pelo governo.

Palavras-chave: populaes asiticas; presso demogrfica; controle de natalidade.

Dilema Demogrfico: Controle Populacional em Sociedades Asiticas 41

APRESENTAOLevantar a questo da presso demogrca nos paises asiticos e a reexo quanto necessidade ou no de polticas de controle de natalidade. As discusses promovidas e o trabalho em grupo desenvolvem, entre outras questes, o senso crtico, a expresso oral e o respeito ao prximo. O fechamento ser feito com a elaborao de mural em classe, incluindo confeco de mapa e relatrio sntese.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE 1 etapaEstratgia de lanamento ser feito com a apresentao do lme (disponvel em vdeo) Cidade da Esperana, de Rolando Jeff. Aps a apresentao do vdeo ser feito um debate sobre o que foi observado.

2 etapa Dividir a turma em trs grupos. Distribuir, entre os grupos, textos retirados da Internet, diversos artigos de jornais e revistas, manchetes que focalizem a questo demogrca e tambm o controle de natalidade dos pases que sero pesquisados (ver material de apoio, exemplo de material a ser utilizado). Cada grupo pesquisar um dos seguintes pases: China, ndia e Japo. Destacar: principais caractersticas das populaes; condies de vida; polticas de controle de natalidade implementadas e resultados. Elaborar um pequeno texto relatrio, com a sntese das idias, a ser utilizado depois.

3 etapaDiscutir em classe, sob a forma de mesa redonda ou frum, as semelhanas e diferenas quanto s questes demogrcas e controle de natalidade nos pases pesquisados. O professor poder, ao nal do debate sobre os pases asiticos, incluir a questo brasileira e as polticas de planejamento familiar.42 Ensino Fundamental

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4 etapaMontagem de mural fechamento. Cada grupo ter um espao no mural, para colocar os melhores textos/artigos selecionados, um mapa poltico do pas pesquisado, com destaque das cinco cidades mais povoadas, e o pequeno texto relatrio com as concluses do grupo.

INTERFACES E DESDOBRAMENTOSSugerir que os alunos assistam tambm ao vdeo Japo, uma viagem no tempo, direo de Walter Salles Jnior (Manchete Vdeo). O vdeo apresenta uma viso panormica de vrios aspectos da sociedade japonesa e procura mostrar o contraponto entre o Japo ultra-moderno e o Japo que mantm suas tradies. Trazer o assunto para a escala local/regional. O professor poder abordar em classe a questo da imigrao japonesa para o Brasil a partir do incio do sc. XX.

MATERIAL DE APOIOTextos para leitura e reexo:ndia 2001: mais de um bilho de habitantesO censo indiano, realizado no ano de 2001, confirmou ser o pas o segundo mais populoso do mundo, atrs apenas da China. A ndia ultrapassou a marca de um bilho de habitantes e, apesar da queda na taxa de crescimento, a populao indiana aumentou em cento e oitenta milhes nos ltimos dez anos, mais do que a populao do Brasil inteira. O censo de 2001 mostrou ainda a primeira reduo no total de analfabetos na ndia em meio sculo de independncia do pas. Em declarao feita ao reprter da BBC de Londres, o primeiro ministro indiano Manmohan Singh declarou que forar as pessoas a restringirem o tamanho de suas famlias no o caminho para controle do crescimento da populao na ndia. Esta posio indica significativa mudana em relao aos programas de controle da natalidade implementados na dcada de 1970, que levavam esterilizao forada. O Ministrio da Sade indiano reconhece que as polticas restritivas ao nmero de filhos (dois filhos por famlia) acabaram levando a casos de infanticdio. Atualmente, o governo privilegia polticas para melhorias na educao e na sade, mais do que se prender leis e iniciativas que favoream famlias restritas. O governo indiano pretende, assim, fortalecer a populao e reconhecer como um direito fundamental de cada cidado indiano escolher o nmero de filhos que quer ter.(Adaptado de ndia passa de um bilho de habitantes, disponvel em http://www.bbc.co.uk/ portuguese/noticias/2001/010327_india.shtml e de Story from BBC NEWS, disponvel em http://news.bbc.co.uk/go/pr/fr/-/2/hi/south_asia/4710909.stm)

Dilema Demogrfico: Controle Populacional em Sociedades Asiticas 43

Controle populacional, imigrao e reduo do crescimento vegetativo: o caso do JapoEntre o sc. XII e a metade do sc. XIX, houve no Japo um controle rgido de natalidade, estabelecido pelos Shoguns. O limite mximo que poderia atingir a populao do Japo girava em torno de 25 milhes de habitantes. A causa disso foi que o Japo, sendo um pas basicamente agrrio, no possua, naquela poca, recursos nem estrutura para comportar um aumento maior de populao. O controle adotado variava de no mximo 1 filho em algumas provncias e de no mximo 3 em outras. O aborto foi a principal forma de controle populacional, praticado naturalmente. Esse controle manteve uma estabilidade populacional por mais de 300 anos. (...) De acordo com o Convnio Tokugawa, institudo pelos ocidentais e o governo japons, o aborto tornou-se crime, marcando o fim da restrio aos nascimentos. A conseqncia dessa medida foi o crescimento da populao, fator esse que gerou um superpovoamento, num pas praticamente agrrio como era o Japo do sc. XIX. (...) Uma das solues para esta crise populacional foi a emigrao, iniciada primeiramente no Hava (1869, 153 operrios japoneses). A partir de 1870, o governo japons, em plena fase de abertura para o Ocidente, tomou iniciativa de demonstrar interesse pelo Brasil com fins imigratrios, processo iniciado em 1868, primeiro ano da revolucionria era Meiji (1868-1912). Nessa fase, a maioria dos imigrantes japoneses se dirigia para regies da sia e Amrica do Norte. No incio do sculo XX, diversos motivos levaram o Brasil e o Japo a concretizarem um acordo que propiciasse a vinda de japoneses para o Brasil. Em 1908, chegaram os primeiros japoneses que vieram trabalhar na lavoura cafeeira no interior do Estado de So Paulo. No final do sculo XX, a segunda maior economia do mundo vive o problema da falta de trabalhadores para suas indstrias e, a partir dos anos 1980, implementa polticas que favoream a vinda dos descendentes de japoneses para trabalharem no Japo, os chamados dekassegui.(Adaptado de Motivos da Imigrao Japonesa, enfocando a populao de Hokkaido no Brasil disponvel em www.hokaido.org.br/imigrao.php27k, acessado em 28/12/200)

China: a maior populao do mundo quer pequenas famlias e menos meninasEnfrentando a perspectiva de uma exploso populacional, a China implementou rgidas leis de controle de natalidade nos anos 70. A famosa lei que permitia que cada casal tivesse somente um filho. Esta foi a resposta ao rpido crescimento da populao durante o governo de Mao Tse-Tung, temendo que a exploso demogrfica levasse falta de comida. A medida, introduzida em 1979, aparentemente fez efeito. Hoje, os lderes chineses afirmam que essa poltica um sucesso, porque impediu o nascimento de 300 milhes de crianas. O ndice de natalidade caiu a populao na virada do sculo era de 1,2 bilho de pessoas, contra a previso de 1,5 bilho se no houvesse o programa. H crticas de que o sucesso do controle foi obtido s custas do desrespeito aos direitos humanos os relatos de abortos forados e esterilizaes compulsrias atraram condenao da comunidade internacional. Surgiu tambm um fenmeno

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Geografiatrgico: a multiplicao dos casos de infanticdio. Casais em reas urbanas continuam podendo ter apenas um filho e na maioria das regies rurais as famlias podem tentar uma segunda criana, se a primeira for mulher. Nas numerosas cidades chinesas, cenas cruis demonstram a frieza e falta de escolha de casais que despejam nas ruas bebs indesejados, especialmente os do sexo feminino. A preferncia por bebs do sexo masculino, especialmente na zona rural, tem uma explicao social. Casais idosos tm no filho homem sua nica esperana de sobrevivncia, pois quando esto velhos demais para trabalhar precisam ser sustentados pelos filhos. As mulheres, depois de casadas, so consideradas parte da famlia do marido, e por isso no tm como sustentar seus pais. Assim, como os homens so mais valorizados por sua fora de trabalho braal nas reas rurais, muitas meninas eram sacrificadas por causa da lei de um filho por casal.(Adaptado de veja on-line e revistamarieclaire.globo.com, acessados em 04/12/2005.)

REFERNCIAS BIBLIOGRFICASSANTOS, Milton. Por uma Nova Globalizao do Pensamento nico Conscincia Universal. (Fragmentos). So Paulo: Editora Record, 2001.

VdeoA Cidade da Esperana, de Rolando Joff, 1992, Warner Home Vdeo.

Siteshttp://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2001/010327_india.shtml, 15/12/2005. http://www.vejaonline.com.br http://revistamarieclaire.globo.com http://www.hokaido.org.br/imigrao.php27k, acessado em 28/12/2004. acessado em

http://news.bbc.co.uk/go/pr/fr/-/2/hi/south_asia/4710909.stm, acessado em 15/12/2005.

Dilema Demogrfico: Controle Populacional em Sociedades Asiticas 45

IMPACTOS AMBIENTAIS E TRANSFORMAES NA PAISAGEM DE ITAOCARA , RJ: A HIDRELTRICA DA BARRA DO POMBATema Dinmica da Natureza Srie alvo 1 ano do Ensino Mdio. Durao da atividade Aproximadamente 25 aulas.

RESUMOO tema abordado de suma importncia para a conjuntura do pas, uma vez que os recursos energticos so a mola propulsora para o desenvolvimento econmico. Nesse contexto, vamos analisar os impactos ambientais e sociais que se faro sentir na sociedade itaocarense com a construo da hidreltrica do Barra do Pomba, no rio Pomba, contribuinte do Paraba do Sul. Essa obra mudar a paisagem atual do municpio com a construo de uma barragem, ao mesmo tempo em que tal mudana logstica trar mais benefcios aos municpios vizinhos do que ao prprio municpio de Itaocara. Quais as vantagens e desvantagens que atingiro Itaocara com a construo da hidreltrica? Tal questionamento trar subsdios para a discusso em sala de aula de temas e contedos da geograa escolar e proporcionar uma educao bsica de melhor qualidade para os discentes do municpio atendido com tal demanda pedaggica. Tal organizao metodolgica poder ser seguida em outros municpios do estado, j que as temticas que envolvem a gua como recurso e potencialidade afetam, na verdade, quase que todos os lugares do planeta. Este tema dever comportar discusses conceituais e latitudinais que levem o aluno a perceber e questionar as transformaes geradas pela construo da hidreltrica, quanto aos impactos socioeconmicos e ambientais no espao geogrco em que vive. Alm deste importante objetivo, o trabalho pretende proporcionar ao corpo discente a identicao dos benefcios da construo da hidreltrica em relao ampliao do mercado de trabalho local. Pretende, tambm, motivar o interesse dos alunos pela pesquisar do potencial turstico da

46 Ensino Mdio

Geografia

regio, identicando as atividades econmicas que podero se beneciar com o crescimento populacional na cidade. O trabalho ser voltado para a 1 srie do ensino mdio e ter durao de um bimestre letivo, perodo em que sero tratados se seguintes contedos da Geograa: os recursos energticos, urbanizao e modernizao, a dinmica populacional, a industrializao, as representaes cartogrcas, os impactos ambientais e a dinmica da natureza.

Palavras-chave: recursos energticos; turismo; mercado de trabalho; impactos ambientais e sociais; migrao.

APRESENTAOO municpio de Itaocara est localizado no Noroeste do Estado do Rio de Janeiro. banhado pelo rio Paraba do Sul, cujas guas so utilizadas para a irrigao de reas agrcolas, o abastecimento domstico, comercial e industrial. O municpio no conta com tratamento do esgoto, sendo este escoado in natura para o rio. Alm do esgoto, o rio sofre constantemente a contaminao por agrotxicos, lixo hospitalar e industrial. O clima tropical e a vegetao original de Mata Atlntica, que j foi quase totalmente devastada, principalmente pela agropecuria. Itaocara conta com uma populao de aproximadamente 23 mil habitantes. Dentre as principais atividades econmicas desenvolvidas atualmente na regio citam-se: pecuria extensiva (gado de corte), horticultura nas vrzeas dos cursos dgua, explorao de pedreiras etc. Com freqncia, so encontradas, na regio, a pesca e a extrao de areia como atividades econmicas ligadas ao rio Paraba do Sul e seus tributrios. Projetos incipientes de piscicultura se incluem tambm dentre as suas atividades econmicas, alm das atividades tercirias como o comrcio, pequenas indstrias de laticnios, aguardentes, cermica, mveis e confeco de roupas. A hidreltrica Barra do Pomba ser construda em reas que abrangero os municpios de Aperib, Cambuci e Itaocara, inundando reas agrcolas, vegetao original e permetro urbano (caso de Itaocara). O municpio de So Fidlis ser afetado indiretamente. Para o efeito do planejamento estadual, a rea de inuncia integra as regies geoeconmicas do Noroeste e Norte Fluminense e est inserida na bacia hidrogrca denominada de Atlntico Leste. Do ponto de vista geomorfolgico, a AHE Barra do Pomba localiza-se na unidade de relevo das Serras e Planaltos do Leste e do Sul.

Impactos Ambientais e Transformaes na Paisagem de Itaocara, RJ: A hidreltrica da Barra do Pomba 47

Localizao da reserva do Parque do Desengano:

O aproveitamento hidroeltrico do Barra do Pomba localiza-se no baixo vale do rio Paraba do Sul, a jusante da cidade de Itaocara, e dista, aproximadamente, 121 km desde a foz deste rio, no oceano Atlntico. Neste trecho, o rio Paraba do Sul tem como principais tributrios os rios Pomba pela margem esquerda e Dois Rios pela margem direita, e sua rea de drenagem no local do futuro eixo abrange um total de 43.050 quilmetros quadrados. Pontos do Rio Paraba do Sul, em Itaocara:

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O trecho denominado Barra do Pomba localiza-se perto da Fazenda Experimental de Itaocara, mantida pela Empresa de Pesquisa Agropecuria do Estado do Rio de Janeiro PESAGRO, que desenvolve projetos com coco-da-bahia, milho e pecuria. Essa rea possui fragmento orestal e algumas rvores isoladas nas margens, como o ing, angico, sangue-dedrago, bambu, manga, jenipapo e pau-jacar. Da mesma forma, na ilha da Barra do Pomba, sob a responsabilidade da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), h uma rea signicativa com vegetao remanescente. Porm, de uma maneira geral, o que se observa na regio so apenas resqucios de remanescentes que apresentam algum grau de preservao. A fauna dos ambientes identicados na regio caracterizada, principalmente, por aves aquticas como gara, gara-branca-pequena, socozinho e martim-pescador. Mamferos de reas abertas, como gamb e mo pelada, alm de rpteis (lagartos) tambm so comuns na regio. Os poucos remanescentes orestais desSe trecho podem servir como suporte para edentados como tatus e tamandus-mirins, animais de ampla distribuio em todo o territrio brasileiro, que, apesar de preferirem os ambientes orestais, podem freqentar outros ambientes, assim como a paca. Para essa regio, existem registros da presena do cgado de Hoge, quelnio endmico da bacia do rio Paraba do Sul e ameaado de extino devido destruio de seu habitat. Do ponto de vista dos ecossistemas aquticos, o trecho em questo representa segmentos importantes na bacia do rio Paraba do Sul, visto que dentro de suas fronteiras e em reas vizinhas situam-se importantes sub-bacias, como as dos rios Dois Rios, Pomba e Muria. Esse estiro do Paraba do Sul, at recentemente, apresentava considervel grau de biodiversidade no que se refere ictiofauna, em parte devido presena das inmeras ilhas, o que lhe conferia uma notvel heterogeneidade de ambientes a serem explorados pelos peixes. No contexto local, a paisagem caracteriza-se por ser bastante antropizada. No trecho que banha os municpios de Itaocara, Cambuci, So Fidlis, So Francisco do Itabapoana e So Joo da Barra, o rio Paraba do Sul percorre uma extensa plancie, e as principais unidades de paisagem so as pastagens. Estas so, no geral, pastagens sem manejo ou manuteno, que substituram o extenso e longo ciclo de caf, cultura outrora pujante na regio. Alm da grande degradao direta antrpica na regio, lamentavelmente, no nal de maro de 2003, um acidente causado pelo rompimento da barragem de rejeitos da indstria Cataguazes de Papel Ltda. despejou cerca de 1,2 bilhes de litros de material txico no crrego Cgado, auente do Rio Pomba, que, por sua vez, importante tributrio do rio Paraba do Sul. Dentre as substncias que vazaram para o rio, encontrava-se soda custica, chumbo, enxofre, lignina, hipoclorito de clcio, sulfeto de sdio e antraquinona, alm de outros metais pesados e demais substncias antes connadas na barragem de rejeitos da referida indstria. Esse acidente, de propores gigantescas, alm de legar danos ambientais, alguns deles irreversveis no curto e mdio prazo, causou prejuzos a diversas atividades socioeconmicas na regio, dentre elas cita-se a agricultura irrigada, aqicultura, pesca amadora e artesanal (uvial e marinha), dessedentao de rebanhos e de animais silvestres etc.Impactos Ambientais e Transformaes na Paisagem de Itaocara, RJ: A hidreltrica da Barra do Pomba 49

A construo da AHE Barra do Pomba ter interferncia sobre as atividades de pesca artesanal onde esta observada, majoritariamente, na rea de inuncia do empreendimento. Alm dos pescadores que desenvolvem suas atividades regularmente, a pesca, por vezes, chega a ser praticada como fonte de absoro de mo-de-obra na entressafra da cultura canavieira no baixo Paraba do Sul. O rio uma fonte de renda pela via do turismo em Itaocara, cujo festival do Dourado atrai inmeros pescadores ao local. Segundo a Associao dos Pescadores e Amigos do Rio Paraba do Sul APARPS (1998), em Itaocara e Aperib a pesca artesanal movimenta a economia de aproximadamente 120 famlias (cerca de 720 pessoas). Dos quatro municpios estudados, Cambuci e Itaocara apresentam produo de peixes de guas interiores em escala comercial. Segundo dados da Fundao CIDE (2002), dos 175.600 kg pescados nestes municpios, 89,2% so de Itaocara, e as espcies de maior produo so a pirapitinga (43,3%) e a carpa (31,5%).

Pirapitinga Apesar de apresentar estoques progressivamente mais reduzidos, a lagosta de gua doce comercializada em toda a rea de inuncia do empreendimento. Sua rea de ocorrncia preferencial, de acordo com as informaes fornecidas pelos pescadores, localiza-se entre a Ilha do Romo e o baixo curso do rio Pomba. Em So Fidlis, at recentemente, era realizado o Festival da Lagosta de So Fidlis como atrativo turstico e gastronmico para a regio. Com a construo da hidreltrica, a lagosta desaparecer, levando os pescadores a carem sem sua fonte de renda. Lagosta existente nos rios do municpio de So Fidelis:

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Nos municpios estudados, localizam-se nove estabelecimentos ligados atividade de pesca, sendo sete deles voltados para a engorda, trs com produo de alevinos e outros trs como pesque-pague. Somente os municpios de Cambuci e Itaocara desenvolvem atividades relacionadas pesca, com nmeros pouco expressivos em relao regio pertencente. O impacto do empreendimento sobre a ictiofauna local, o barramento de um curso dgua, inuencia alteraes como a interrupo de rotas migratrias, podendo interferir na reproduo das espcies e ocasionar uma reduo no estoque total tanto a jusante quanto a montante do eixo construdo. As obras de implantao da barragem apresentam modicaes temporrias no leito do rio, que podem inuenciar a dinmica da ictiofauna local pelo perodo de sua execuo. Esses aspectos so equacionados com solues tcnicas e cientcas. Um programa de monitoramento da ictiofauna e dispositivo adequado de transposio de peixes so de fundamental importncia para minimizar o impacto decorrente das alteraes provocadas pelo empreendimento. As principais modicaes ambientais que inuenciaro a biota plantnica durante a implantao do AHE Barra do Pomba sero a diminuio da velocidade da gua dos rios Pomba e Paraba do Sul, no trecho barrado, e a alterao da qualidade da gua no trecho dos rios Pomba e Paraba do Sul que compem a rea de inuncia direta do empreendimento. Entrada da Estao experimental da PESAGRO em Itaocara Campo de Sementes:

Com a formao do reservatrio do AHE Barra do Pomba, verica-se a necessidade de relocao espacial da fazenda experimental da PESAGRO e o reassentamento de algumas famlias residentes no interior daquela unidade rural. A rea da propriedade a ser atingida pela formao do reservatrio engloba a regio onde se encontram as instalaes administrativas e de pesquisa da instituio, alm das habitaes de parcela das famlias empregadas nas atividades ali desenvolvidas. Como resultado dos trabalhos de campo, foram identicados em rea a ser atingida pela formao do reservatrio cerca de 86 moradores (funcionrios daquela propriedade), o que equivale a cerca de 20 famlias.

Impactos Ambientais e Transformaes na Paisagem de Itaocara, RJ: A hidreltrica da Barra do Pomba 51

A relocao desse imvel para rea adjacente e equivalente dever ser considerada com base nos seguintes aspectos: a reduo da rea da propriedade e a necessidade de reassentamento de alguns moradores e suas respectivas habitaes e benfeitorias; as atividades de pesquisa agropecurias no podero cessar; a rea remanescente dever car em torno de apenas 21% da rea total original do imvel. Para tanto, ser necessria a implementao de um programa de relocao da propriedade, de modo a proceder identicao e a negociao de terras para atendimento adequado s necessidades daquela instituio de pesquisa, e um programa de reassentamento das famlias no bojo da relocao do imvel. As obras de implantao do AHE Barra do Pomba devero ocupar, nos momentos de pico das atividades construtivas, cerca de 600 trabalhadores. De acordo com o cronograma do projeto, o momento de maior intensidade de absoro de mo-de-obra se dar entre os meses 15 e 25, quando a demanda ser, em mdia, superior a 1000 trabalhadores. Admitindo-se como mais prxima da realidade dos grandes empreendimentos hidroeltricos a hiptese que considera 30% de turn over e, admitindo-se ainda a hiptese de que, na rea em estudo, para cada emprego direto gerado existe a possibilidade de cristalizarem-se dois outros postos de trabalho ou ocupaes (mercado formal ou informal), o potencial do empreendimento para gerar oportunidades de trabalho elevar-se-ia no perodo de pico para cerca de 1.500, podendo mobilizar at quase 3.000 pessoas, ao computar-se o tum over existente no setor informal. A AHE Barra do Pomba tem como objetivo a gerao de energia eltrica, correspondente a uma capacidade instalada de 80 MW, assegurando maior conabilidade ao fornecimento atual de energia em escala regional. O empreendimento se integrar ao sistema de transmisso com a interligao na subestao de Itaocara. Essa subestao situa-se prxima e a montante da cidade do mesmo nome. A gerao hidroeltrica em reas isoladas com carncia de energia vista como uma necessidade no apenas para alavancar o desenvolvimento socioeconmico, mas principalmente para universalizar o acesso energia eltrica, forma de lutar contra a excluso social no nosso pas. Este justamente o caso do AHE Barra do Pomba, por sua posio estratgica, dada a sua localizao em regio que possui boa infra-estrutura, propcia a investimentos, onde previsto um aumento expressivo na demanda energtica para sustentar o ritmo de seu desenvolvimento colocado em grande parte pelo orescimento da indstria do petrleo. Por outro lado, convm lembrar que o racionamento energtico vigente em 2001 atingiu diretamente as regies Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste e, indiretamente, as demais regies, afetando o nvel de consumo energtico em todo o pas. Passado o momento dessa retrao,

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as atuais premissas de mercado consideram boas perspectivas para a recuperao do consumo energtico no pas. Depois de avaliarmos todas as informaes da construo da AHE Barra do Pomba, podemos perceber que foram identicados 17 impactos, dos quais 6 so referentes ao meio natural (fsico-bitico) e 11 ao meio socioeconmico. Dentre os 17 impactos identicados, trs foram considerados positivos, porque se referem especialmente a gerao de energia hidreltrica, gerao de empregos e dinamizao da economia. Um dos principais impactos diretos do empreendimento, que a gerao de empregos, especialmente na fase de construo, desencadeia um processo caracterizado por uma induo positiva: o incremento das atividades de comrcio e servios e o aumento na gerao de tributos alavancam o desenvolvimento da economia como um todo. O desenvolvimento da economia, por sua vez, incentivado tambm pelo aumento da oferta de energia e dos impostos, propicia condies para o incremento das atividades de comrcio e servios. Quatorze impactos foram avaliados como negativos. Estes incidem tanto sobre o meio natural quanto sobre o ambiente atrpico, como questes relativas ao uso do solo, s reaes, expectativas e sade da populao da rea de inuncia do empreendimento, entre outros. No meio natural, os efeitos podero ser sentidos tanto no ambiente aqutico como no ambiente terrestre. No primeiro, observa-se que, apesar de classicados como permanentes e irreversveis, as alteraes esperadas sobre a qualidade da gua, e, conseqentemente, sobre a biota aqutica foram consideradas negativas, uma vez que o barramento cria um sistema diferente do original. Entretanto, cabe ressaltar que as mudanas, uma vez ocorridas, tendem a se estabilizar, criando um novo ambiente que funcionar de forma equilibrada com o meio adjacente. Quanto ao meio socioeconmico, observa-se que a maioria dos impactos da natureza negativa incide sobre a fase de construo, quando, mais uma vez, os aspectos do empreendimento so mais invasivos nas reas afetadas. Alguns desses ainda podero ser sentidos durante a fase de enchimento do lago, quando ento devero cessar seus efeitos. Em relao magnitude dos impactos, algumas consideraes merecem destaque. A avaliao da magnitude tem relao com o quanto o fator ambiental afetado se altera. Assim, mesmo considerado um empreendimento de pequenas propores, o contexto ambiental da regio envolve um rio de relativamente reduzida vazo, comunidades biticas de relativamente reduzida riqueza e abundncia, fragmentos de Mata Atlntica, em franco processo de redues em toda a regio onde ainda ocorre, e uma populao afetada relativamente reduzida. Assim, pode-se esperar que mesmo aes de pequenas propores causem alteraes signicativas nos fatores ambientais.

Impactos Ambientais e Transformaes na Paisagem de Itaocara, RJ: A hidreltrica da Barra do Pomba 53

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADEA partir de toda a problemtica desnudada, o trabalho dos professores envolvidos ser dividido em etapas, para que o desenvolvimento metodolgico junto aos discentes possa ser efetivamente importante como processo educativo na localidade.

1 etapaOs professores envolvidos selecionaram o levantamento de dados secundrios para que os grupos de alunos, divididos por sries e de acordo com as necessidades das turmas associadas, possam pesquisar sobre: a localizao e identicao do quadro natural da rea afetada; a identicao das atividades econmicas desenvolvidas nos municpios envolvidos; a identicao da infra-estrutura da regio para atender a demanda que aumentar com a construo da hidreltrica; os principais impactos ambientais e socioeconmicos em funo da construo da AHE Barra do Pomba; as novas possibilidades de gerao de empregos, bem como uma melhor explorao do turismo da regio.

2 etapaA 2 etapa do trabalho ser a da Pesquisa de Campo para: identicao da rea atingida com lmagens, fotos, entrevistas com os moradores, registrando a sua opinio sobre a construo da hidreltrica; impresso dos alunos no lcus dos acontecimentos, para que eles possam vivenciar, parcialmente, e sentirem os possveis impactos de tal empreendimento.

3 etapaJ a 3 etapa ser efetuada aps a pesquisa de campo e a coleta de dados, e ir promover um debate entre os atores envolvidos (com convidados, fazendeiros, moradores diversos...), expondo as informaes obtidas para provocar uma reexo dos alunos sobre os pontos positivos e negativos para a sociedade, atingida direta ou indiretamente com o empreendimento.

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4 etapaNa continuao da etapa anterior, a 4 etapa promover um jri simulado, em que os alunos iro se dividir, cada qual defendendo ou protestando contra a instalao da hidreltrica. Este jri ir contar com a participao de outros funcionrios da escola, pessoas da comunidade e outras sries que no estavam envolvidas diretamente na execuo do trabalho, com a funo de julgar as teses defendidas pelos grupos.

5 etapaNa 5 etapa, haver a divulgao das informaes para a comunidade escolar e para a sociedade em geral, atravs de exposio de cartazes, murais, panetos informativos etc. Esta etapa tem como objetivo o esclarecimento dos impactos positivos e negativos que atingiro toda a regio com a construo da hidreltrica a m de que esses impactos sejam mais bem enfrentados. Todos esses trabalhos devero ser expostos para a comunidade escolar ao m do perodo letivo, uma vez que o principal objetivo o esclarecimento de um assunto to polmico e importante para toda a sociedade itaocarense e demais municpios envolvidos na construo da barragem. Apenas atravs do conhecimento que poderemos reivindicar nossos direitos e, como j foi citado anteriormente, enfrentar com maior segurana as diculdades ou, quem sabe, alguns benefcios que porventura a obra possa nos trazer.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICASPCN, Parmetros Curriculares Nacionais. Meio Ambiente. Braslia, DF, MEC, 1997. Potencialidades Econmicas e Competitividade no Rio de Janeiro Regio Noroeste. Fundao Getlio Vargas / SEBRAE-RJ / FIRJAN. Rio de Janeiro, abril/maio 1998. 47p. SEE, Secretaria de Estado de Educao. Reorientao Curricular, Rio de Janeiro de 2005.

SiteFundao CIDE disponvel em: www.cide.rj.gov.br Acessado em: 15/11/2005

Impactos Ambientais e Transformaes na Paisagem de Itaocara, RJ: A hidreltrica da Barra do Pomba 55

DESTRUIO: AT ONDE VAMOS?Tema Dinmica da Natureza Srie alvo 1 srie do Ensino Mdio Durao da atividade 8 aulas

RESUMOA atividade proposta deve iniciar por uma construo dos conceitos de meio ambiente, desenvolvimento, degradao ambiental e qualidade de vida. A partir da comparao de duas situaes reais da cidade do Rio de Janeiro, identicar a ao humana sobre a natureza e seus efeitos, evidenciar que tanto a opulncia quanto a pobreza podem causar problemas ao meio ambiente. Mostrar tambm que, com organizao, participao, educao e o fortalecimento das pessoas, a alta produtividade, a tecnologia moderna e o desenvolvimento econmico podem e devem coexistir com a sustentabilidade da natureza.

Palavras-chave: meio ambiente; degradao ambiental; desenvolvimento sustentvel.

APRESENTAOQuando pensamos em qualidade de vida, pensamos muito na sade, no desenvolvimento econmico, na gerao de empregos etc., mas esquecemos que o ambiente faz parte do dia a dia de todos. Deparamo-nos com as pssimas condies de habitao e trabalho de grande nmero de pessoas no Brasil, em nossa cidade, em nosso bairro. Grande, tambm, o nmero de pessoas que moram em situao de risco. Queremos alertar sobre os impactos ambientais causados pela ocupao das encostas e seus perigos, pois as construes alteram de modo drstico os ambientes naturais onde so erguidas, criando um novo ambiente. O alto consumo das cidades representa a produtividade dos solos e outros recursos naturais de outras56 Ensino Mdio

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reas; a gua utilizada no aquela que cai sobre a cidade e, sim, aquela que vem de longe, precisa ser tratada e tem um elevado custo. Tanto para a natureza quanto para as pessoas, as conseqncias sero inevitveis. Saber discernir as aes mais adequadas conservao da natureza, desenvolvendo atitudes de respeito vida, se faz imprescindvel. Trabalhar conceitos e temas sobre solos, tipos de solos, intemperismo, escassez, desmatamento, impacto ambiental, modo de vida urbano, segregao residencial, consumo e desenvolvimento sustentvel.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE 1 etapaObservar as duas fotos abaixo e responder as seguintes questes: 1. Voc percebe alguma situao em que a natureza e/ou a populao esto correndo risco? 2. Que razes justicam a localizao dessas moradias? 3. Quais os efeitos ambientais resultantes dessa ocupao? 4. Aponte solues para a busca de resoluo destas situaes: coleta seletiva de lixo, perigo do acmulo de lixo e seus riscos, impacto ambiental. Os avanos da Classe Mdia Foto 1 Os avanos das Favelas Foto 2

Jornal O Globo 13/11-2005

Jornal o Globo 16/10/2

Destruio: at onde vamos? 57

2 etapaIdenticar situaes de risco em sua localidade. Para isso, abrir um debate a respeito das moradias, da renda familiar, do lixo, da utilizao da gua, da rede de esgoto, de sade etc.

3 etapaElaborar um roteiro para levantamento na comunidade sobre a memria do lugar, atravs do depoimento de pessoas idosas, fotos, documentos, mapas para saber: Como era aquele lugar? Quais mudanas ocorreram? Como era o ambiente e como est hoje? Quem so os agentes das mudanas? Qual a arquitetura do lugar? Todos moram da mesma forma? Todos trabalham na mesma funo? Quais os espaos de diverso? Todos tm gua em casa? Onde colocam o lixo? O que fazem com os descartveis? E outras questes que surgirem no decorrer da elaborao do questionrio. A seguir, os alunos vo reetir a respeito da qualidade de vida, do trabalho, da moradia, do meio ambiente, do lugar onde vivem. Reetir, ainda, sobre a superposio dos problemas pobreza e risco ambiental no meio urbano. O professor poder, ainda, utilizar outras linguagens, a exemplo de fotograas para ilustrar tais situaes, criar canais de informaes escola-comunidade, comparar o seu lugar com outros lugares na cidade, estado, pas, mundo, atravs das informaes veiculadas pela mdia. Produzir um texto conclusivo sobre a situao-problema abordada.

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INTERFACES E DESDOBRAMENTOSPortugus - Leitura e interpretao de textos, elaborao de entrevistas e relatrios. Histria - Articular passado/presente no bairro/municpio. Biologia - Anlise das questes ambientais do bairro. Sociologia - Discusso sobre as classes sociais.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICASBRASIL. Presidncia da Repblica. Comisso Interministerial para preparao da Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. O desao do desenvolvimento sustentvel. Braslia: Cima, 1991. CERVERA, S. & GMEZ-GRANELL, C. O meio ambiente e a globalizao. In: GMEZGRANELL, C. & VILA I. (orgs.). A cidade como projeto educativo. Porto Alegre: Artmed Editora S.A., 2003, pp.85-108. FERRARA, Lucria DAlssio. Ver a cidade. So Paulo: Nobel, 1988. LEONARD, H. Jeffrey (org.). Meio ambiente e pobreza: estratgias de desenvolvimento para uma agenda comum. Rio de Janeiro: Zahar, 1992. SMITH, Tim & OWENS, Susan. O desao ambiental. In: GREGORY, D.; MARTIN, R.& SMITH, G. (orgs.).Geograa Humana: sociedade, espao e cincia social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. pp. 125-158. SOUZA, Marcelo Lopes de. Dos problemas scio-espaciais degradao ambiental de volta aos primeiros. In: SOUZA, M.L. de. O desao metropolitano: um estudo sobre a problemtica scio-espacial nas metrpoles brasileiras. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000, pp.113-139. ________.O espectro da ingovernabilidade urbana. In: SOUZA, M.L.de. O desao metropolitano: um estudo sobre a problemtica scio-ambiental nas metrpoles brasileiras. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000, pp.221-247.

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A NOSSA ENERGIA O PETRLEO NO NORTE FLUMINENSETema Dinmica da Natureza Srie alvo 1 ano do ensino mdio. Durao da atividade Aproximadamente 16 aulas.

RESUMOO presente tema se revela como um dos mais importantes, atualmente, na esfera do Estado do Rio de Janeiro, por ser a maior fonte de recursos econmicos para os cofres pblicos ou por ser o setor que mais vem movimentando o territrio uminense do ponto de vista econmico, populacional e ambiental. Portanto, esta temtica (o petrleo e seus usos e impactos no espao brasileiro) possibilita o aprofundamento de temas da geograa que precisam ser focados numa tica de interface com os outros saberes escolares ou no. A temtica energtica se espraia sobre o conhecimento da geograa que a impele a explicar dinmicas naturais, sociais e econmicas no espao.

Palavras-chave: combustvel fssil; setor energtico; potencial geopoltico e econmico; emprego; modernizao.

APRESENTAOAo serem identicados como os recursos que impulsionam as potencialidades existentes na regio Norte uminense, os temas petrleo e energia inserem, nos alunos e na populao uminense, em um contexto empresarial crescente, transmutando a importncia da bacia de Campos num espao alm do local e cada vez mais mundial, gerador de riquezas, emprego e renda. Mas a pergunta que ca : para quem?

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A discusso dos temas em sala de aula privilegiar o municpio de Conceio de Macabu, onde se localiza a escola em que trabalho. Localizada a 40 km de distncia de Maca, a capital do Petrleo, a cidade de Conceio de Macabu uma das maiores fornecedoras de mo-de-obra para a Petrobras S/A e outras empresas prestadoras de servios ligadas direta ou indiretamente a ela. A populao que para l migra pendularmente, diariamente, em busca de emprego e renda, tem poucas noes acerca dos potenciais do petrleo, dos seus setores ans e das estratgias logsticas e mercantis das empresas ligadas a ele. Assim, os temas levam os alunos a ampliarem o conhecimento sobre petrleo, permitindo o debate sobre as transformaes no espao geogrco (poltico, econmico, social e ambiental) e proporcionando uma conscientizao da sociedade (local, regional, uminense) sobre a importncia, por exemplo, da legislao em vigor na proteo do trabalho no setor. Formados por um quadro fundamentalmente tcnico, os trabalhadores macabuenses precisam ser informados e educados para lidarem com o setor, para que no haja necessidade de importar mo-de-obra especializada de outros lugares. Alm disso, a discusso em torno das potencialidades regionais deve levar ao questionamento acerca da recuperao de atividades e empregos tradicionais outros que no os ligados ao petrleo. Como objetivo geral desta empreitada, busco promover nos alunos a compreenso da importncia da explorao e produo de petrleo na Bacia de Campos para o desenvolvimento scio-poltico, econmico e ambiental das cidades petrolferas e circunvizinhas, para que haja a conscientizao do alunado do seu papel nos projetos de qualicao prossional promovidos por agentes diversos. Em relao aos objetivos especcos, procuro, como prossional do ensino, promover o conhecimento geogrco dos alunos a partir deste tema que faz parte do cotidiano, nos municpios atingidos por essa dinmica modernizadora. A seguir, apresentam-se as temticas geogrcas elencadas para o trabalho com as turmas: Destacar e localizar as principais bacias petrolferas no espao global e local. Conhecer o processo de formao, extrao e reno do petrleo, e os seus principais derivados. Identicar o petrleo como um dos principais recursos propulsores do desenvolvimento scio-poltico-econmico do mundo, desde o incio do scu