segunda pele

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projeto selecionado no programa bnb de cultura 2008, joão pessoa, paraíba, brasil

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O vestuário que antigamente servia só para o fim utilitário de cobrir o corpo, protegê-lo do frio e do calor, através dos tempos foi se aperfeiçoando, respondendo às exigências e gostos sempre mais requintados: inventou-se a moda... Até se superou à moda. Nasceu, assim, há poucas décadas, nos Estados Unidos o que se chamou (arte Wearable artpara vestir), que aterrissou no Brasil nos anos 80. Os trajes, os complementos, inventados, criados, realizados, obedecendo ao gosto particular do artista que os cria e realiza, conseguindo um equilíbrio de propostas e respostas, transcenderão à própria e limitada função de indumento, visarão algo com um significado um pouco maior, algo que já não obedecendo estrita e cegamente aos ditados da moda de cada nova estação, serão mais livres e soltos no próprio espaço e no tempo. Não passarão de moda, não virarão velharias, terão o seu próprio alento, a própria mensagem, o próprio porquê, moda além da moda, um traje realizado por um artista plástico, intrisicamente, levará sua resposta e mostrará a diferença que existe entre o utilitário e o artístico, entre o artesanato, a moda e a arte. Se Coco Chanel dizia que “a moda é o que passa de moda”, aqui seria o caso de definir a Wearable artcomo: “a moda que não passa de moda”.

Orietta Del SoleDesigner de metais preciosos e pedras, desenvolvendo técnicas próprias nas suas jóias. Possui experiência em desenho e figurino de moda.

Alguns estilos de arte, bem como alguns artistas influenciam a moda constantemente. Não é que esses autores produziram peças de moda e nem que estes estilos e movimentos propuseram uma nova maneira de vestir, mas sim porque estes estilos e autores tornaram-se fonte de pesquisa e inspiração para os criadores de moda. A arte reflete a sociedade, o pensamento, o tempo, os usos e costumes, as contravenções e as rupturas da época na qual foi produzida. Portanto, é natural que a arte e o universo artístico sirvam de inspiração e pesquisa para outras criações e outros estilos em vários campos da atividade humana. Os grandes criadores após realizarem uma pesquisa de arte e/ou época desenvolvem um processo denominado releitura ou citacionismo, processo típico destes momentos “pós-modernos”, em que a quantidade e o acesso à informação se democratizam e se aceleram dia-a-dia. A releitura ou o citacionismo se desenvolve através da pesquisa de uma ou várias obras de um dado autor, de um estilo ou ainda, de um movimento de arte e, depois de realizado este levantamento, cria-se uma outra obra que apresentará traços, símbolos ou características utilizadas pelo autor ou estilo pesquisado.

Mônica Moura Artista plástica e Arte educadora, professora de História da Arte e Evolução das Artes Visuais na Faculdade Anhembi Morumbi e Universidade Paulista-Unip/SP.

Alena Sá e Margarete Aurélio

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Não há dúvida, o (João Pessoa e Marseille/França, 1997), projeto de Fabricação Localminha autoria que contou com o uniu artistas patrocínio do Sebrae-Paraíba (PATME) e plásticos, e produtores de moda como Francisca Vieira, Eny Santos, Ricardo Olavo designers e Sandoval Fagundes, foi a inspiração maior desta nova parceria Arte-Moda: o projeto Segunda Pele Programa Banco do Nordeste de Cultura 2008 (selecionado no ). Neste caso, com mais um ingrediente: se associar à valorização e ressurgimento da cultura do algodão no Estado da Paraíba e, principalmente, à difusão do algodão colorido natural. Houve, mais uma vez, o saudável envolvimento de rudimentos técnicos da impressão gráfica sobre tecido (serigrafia têxtil, estamparia) com o labor artesanal de costureiras, artistas plásticos, modelistas e designers para a produção de peças exclusivas, quiçá, até venham a ser produzidas para o mercado da moda. Também, o espetáculo da dessacralização da obra de arte ao transformar o trabalho de artistas plásticos em estampas (design têxtil) para a indústria da moda, dando-lhe, assim, mais visibilidade. Os designers de moda – Carlos Cunha, Francisca Vieira, Romero Sousa, Sheilla Fadja, Margarete Aurélio e Alena Sá – criaram peças de vestuário (e acessórios) a partir das imagens recolhidas no imaginário de cada um dos artistas plásticos convidados do projeto: Sidney Azevedo, Alena Sá, Marta Penner, Dyógenes Chaves e Margarete Aurélio. As imagens (ou apenas detalhes das mesmas) foram impressas e/ou aplicadas nas peças, de forma regular ou irregular, em justa ou sobreposição, até se obter uma padronagem de estamparia têxtil, única e criativa.

Para nós, a roupa é um objeto de adorno que está entre o corpo e a pessoa, na verdade, uma complementação do corpo (a segunda pele?) que recebe o colorido e a obra do artista que a deixou inacabada.

Dyógenes Chaves (ABCA/ AICA), curador Parahyba, no inverno de 2009

Carlos Cunha

Coco Chanel: “Nossa espécie é a única que, consciente e deliberadamente, modifica sua aparência”

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A feminilidade e o romantismo são palavras de ordem para inspiração nesta coleção de . A busca pela Alena Sásimplicidade é traduzida nos limpos, com poucos detalhes e looksestampas – da própria artista – de forma bem-dosada nas cores neutras e tons monocromáticos.

Os vestidos longos, sendo, em sua maioria, confeccionados com os diversos tons natural, safira, marrom e rubi do algodão – –colorido natural garantem a elegância, dão um ar casual, ao mesmo tempo, chique, de repertório suave, discreto e sofisticado.

Para a produção da coleção, contou com a preciosa Alenacolaboração de também estudante do Curso de Gennifer Freitas –Design de Moda e atuante no ramo há quatro anos por meio da

grife Sartine – do estilista Carlos Cunha e de Eny Santos, consultora e modista de larga experiência na área.

Ficha técnica: malha de algodão colorido natural com imagens da própria artista

Natural de Recife, vive e trabalha em João Pessoa Alena Sádesde 1970. É artista plástica e estudante do Curso de Design de Moda (Unipê/PB). Logo cedo passou a experimentar as artes plásticas, em que já buscava a investigação da cor como linguagem visual. Em 2008, lançou o livro Cor: construção e harmonia (Fundo Municipal de Cultura-FMC) e prepara o manual Fabricação de tintas artesanais e outros materiais (Programa BNB de Cultura 2009). Alena Sá faz da arte e da moda um – –exercício sacerdotal, uma investigação constante, uma poética viva. Seu “tônus” criativo é atual, universal e [email protected]

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Para o estilista Carlos Cunha, nosso algodão colorido natural necessitava mesmo de uma “sacudida”, tirando-lhe sua peja de apenas “artesanato” e ganhando mais respeito no mundo da moda, o que ocorre neste projeto Segunda Pele.

A coleção de Carlos Cunha foi concebida para o homem – aliás, é a única coleção, no projeto, dedicada à moda masculina – que prefere o conforto dos tecidos leves e naturais. Apesar das peças apresentarem algo de fashion, é uma coleção pensada para um homem atual, clássico, mas, ao mesmo tempo, inovador e ousado.

Cada peça recebeu imagens (ou apenas detalhes) de cada um dos artistas convidados, resultando, assim, em algo diferente e exclusivo dentro da mesma coleção. Para a confecção das blusas e

bermudas, Carlos Cunha contou com o trabalho laborioso das

costureiras Maria Vilma Félix e Edivanira Alves, e o apoio de Graça Lira.

Ficha técnica: malha e tecido de algodão colorido natural com imagens de Margarete Aurélio, Marta Penner, Alena Sá, Dyógenes Chaves e Sidney Azevedo

O jovem estilista , nascido em João Pessoa, é Carlos Cunharecém formado no Curso Técnico de Design de Moda (Funetec/PB) e faz parte dos novos talentos atualmente em evidência no Estado. Foi responsável pela criação de várias coleções, nas linhas masculina e feminina, para empresas de moda [email protected]

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Toda a coleção, Eu não sou Santa, de Francisca Vieira, foi baseada

na série Pop, A Santa, do artista plástico Dyógenes Chaves. Aliás,

o trabalho de estamparia que Francisca utiliza atualmente em sua empresa de moda, é a continuidade de um projeto, Fabricação

Local, realizado em parceria com Eny Santos e Dyógenes Chaves, em 1997.

Como conceito da coleção, a estilista Francisca Vieira sugere um explícito interesse em contrastar o sagrado e o profano: a imagem da Santa aplicada em peças sensuais e irreverentes, sem, no entanto, propor polêmicas com religião, crenças, ou pretender outra interpretação ao tema. Para ela, é apenas uma brincadeira e, ao mesmo tempo, um desafio criar peças que tenham como figura principal uma obra de arte.

Responsável pela criação e produção das peças, Francisca contou ainda com o apoio de Dona Socorro e Patrícia (do projeto

Comunidades, da Energisa), de Dona Ione e Luciana (do Chão de Fábrica).

Ficha técnica: malha de algodão colorido natural (fio 28 cardado e ribana de algodão colorido, 98% algodão e 2% elastano) com imagens de Dyógenes Chaves

A estilista e empresária Francisca Vieira, natural de Itaporanga, no Sertão paraibano, trabalha com moda em algodão colorido natural com o foco maior na linha feminina. “Nossa produção é um produto ecologicamente correto e socialmente justo, pois, todas as nossas peças tem bordado feito por comunidades de menor poder aquisitivo e presidiárias”, diz Francisca, que já mostrou seu trabalho nas maiores feiras internacionais de moda, como a Semana de Moda de Madrid e a Prêt-à-porter, de Paris. Atualmente, exporta para a Suécia, Espanha, França e Japã[email protected]

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A ideia de produzir bolsas femininas (de lona de algodão cru) surgiu quando de uma visita à Casa de Frida Kahlo, na cidade do México. Lá, ao se deparar com aqueles souvenirs “carregados” do excessivo

colorido de Frida, Margarete Aurélio também pensou em fazer múltiplos, mas, com imagens das “suas” meninas (como ela se refere às meninas do Sítio Tungão, nos arredores de Monteiro, Cariri paraibano).

Desde então empreendeu pesquisas em torno de materiais, profissionais e de técnicas para lhe garantir a produção de múltiplos e acessórios que, ao mesmo tempo, daria mais visibilidade à sua produção de pintura e de desenho.

Para este projeto, a artista criou uma série de bolsas a partir de tapetes de algodão cru, encontrados em lojas de artesanato da região. Com o tingimento dos tapetes – utilizando cores berrantes – e a impressão serigráfica de suas próprias

imagens e de Sidney Azevedo, as peças já anunciam um harmonioso contraste com os tons do algodão colorido natural. Na confecção das bolsas, houve a prestimosa colaboração de Francisco Manuel.

Ficha técnica: bolsas de tapete de algodão cru (tingido) impresso com imagens de Sidney Azevedo e da própria artista

Natural de Campina Grande, Margarete Aurélio, vive e trabalha em João Pessoa desde 1996. É artista plástica e designer de acessórios de moda – bolsas de lona de algodão, plástico e couro sintético – tendo como referência suas pinturas sobre tela que retratam a convivência com meninas do Sítio Tungão, em Monteiro, no Cariri paraibano. Em 2009, já mostrou suas criações nos 9º e 10º Salão do Artesanato e Arte Popular da Paraíba, na 15ª Craft Design (São Paulo) e na Festa do Brasil, em Nurnberg, Alemanha. [email protected]

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Para , o projeto apresenta uma Romero Sousa Segunda Peleproposta que sempre fez parte do seu trabalho de : a designerassociação Arte-Moda. E isto foi o que mais lhe interessou.

Na sua coleção há, claramente, uma perfeita simbiose entre roupas e acessórios (as bolsas, em especial, por ser este um setor em que detém larga experiência), e que, às vezes, se conclui ser uma só peça. Daí, sua opção em utilizar apenas imagens

gráficas de – de comunicação mais imediata, Sidney Azevedomais direta – quando, até, já havia o desejo de trabalharem em parceria.

O processo criativo foi rápido e direto em que o universo feminino está bem definido nos completos: vestidos sensuais lookse bolsas, totalmente integrados um ao outro. As sandálias,

impactantes, dão o toque final. Segundo , o trabalho fluiu Romerode forma excitante: “Foi como ser acariciado por todo o corpo, sentir a pele ser tocada e estimulada... uma explosão de prazer!”. E ele contou com o apoio de Pantera Costa e Rosângela Comparoni na confecção das peças e das bolsas.

Ficha técnica: malha e tecido de algodão colorido natural, tecido de cambraia, e madeira (detalhes das bolsas) com imagens de Sidney Azevedo

Romero Sousa é paraibano, formado em Artes, com Especialização em Estilismo e Modelismo em Artefatos de Couro e em Psicopedagogia. Empresário e estilista da grife paraibana Z-AZ Mercado Capim Fashion, desde 1992. Produtor do desde 1997, é professor do Curso Técnico de Design de Moda (Funetec/PB), nas disciplinas Cenário e Figurino. Atualmente é o Coordenador da Estação da Moda, da Prefeitura Municipal de João Pessoa. [email protected]

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Ficha técnica: cetim e malha de algodão colorido natural com imagens de Sidney Azevedo

Sheilla Fadja, 25 anos, é natural de João Pessoa, onde vive e trabalha. Possui licenciatura em Artes plásticas (UFPB) e, desde 2005, desenvolve trabalhos de , confecção e customização na área de designermoda. Trabalha com suas duas maiores paixões: arte e moda, e, acha que isso nasceu ainda na infância enquanto “criava modelitos exclusivos” para as bonecas (suas e das amiguinhas). Para Sheilla, Barbiea roupa influencia e constrói a imagem de uma pessoa e, por isso, ela prefere produzir peças ú[email protected]

Sheilla Fadja resolveu, neste projeto, propor uma coleção de “vestidinhos” de malha: peça comum de toda jovem mulher que, na maioria, prescinde de muitos elementos para realçar seus

atributos. Daí, ter escolhido uma modelagem básica, em Sheillaque “o olhar se volta para um dos outros objetivos do : Segunda Peleas estampas, neste caso, produzidas por um artista plástico”, como ela mesmo reconhece.

As de foram aplicadas em todas pin-ups Sidney Azevedoas peças, por vêzes, estampada como padronagem, ou, apenas localizada em determinado lugar detalhe ou amarração – – dos

vestidos Sheilla. Os acessórios, também criados por , compõem esta coleção que bem dialoga simplicidade-expressividade. Para a

produção da coleção, houve a colaboração de Maria Elza da Silva, na costura das peças.

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Alena Sá designer é e artista plástica. E, sempre trabalhando em ateliês coletivos, tem se debatido além das questões do indivíduo (as diferenças) e do coletivo (as semelhanças). Na pintura, Alena articula manchas e transparências como algo construtivo e faz isto como uma identidade e referência às suas vivências. Realizou diversas exposições individuais e coletivas , com destaque para a – –mostra na (Basel/Suíça, 2009) Pontos de vista Brasilea Foundatione a exposição individual na Usina Cultural Energisa (João CorPessoa, 2008) e no Centro Cultural BNB (Sousa-PB, 2009)[email protected]

Dyógenes Chaves designer é artista plástico, , curador independente e crítico de arte (ABCA/AICA), natural de Araçagi-PB (1959). Vive e trabalha em João Pessoa desde 1966. Bolsista do Governo Francês na École Supérieure des Beaux-Arts Luminy (Marseille, 1997-98), realizou exposições e curadorias de artes visuais no Brasil e no exterior. Da impressão de gravuras em serigrafia para outros artistas, nos anos 1980, Dyógenes passou a colecionar ícones e imagens banais – de retratos de Nossa Senhora (santinhos e adesivos plásticos) a tickets de máquinas registradoras e extratos bancários –, utilizando este imenso e variado banco visual para estampar monogravuras ou peças de vestuário. O óbvio ganha status de sagrado. E vice-versa, como no bom e velho estilo Pop [email protected]

Margarete Aurélio designer é artista plástica e de acessórios de moda. Em 1994, realizou sua primeira exposição retratando personagens da Feira de Campina Grande. Desde então, apresentou obras no Festival de Inverno de Campina Grande e nas galerias do Centro Cultural BNB (Fortaleza-CE e Sousa-PB), Louro&Canela, Archidy Picado, Artenossa, Funjope e Aliança Francesa (João Pessoa), além de mostras individuais em cidades européias (Paris/ França, Ovar/Portugal, Nurnberg e Erlanger/Alemanha). Premiada na IX Bienal do Recôncavo (São Félix-BA, 2008). Desenvolveu o projeto Pequenos ensaios (Programa BNB de Cultura 2008), com crianças das cidades de Monteiro, Cuité de Mamanguape e Lucena (Estado da Paraíba). Atualmente, produz múltiplos e acessórios com o objetivo de dar visibilidade à sua produção de artes plásticas.www.asmeninas.wordpress.com [email protected]

Marta Penner nasceu em Porto Alegre-RS (1965). Vive e trabalha em João Pessoa. Possui graduação em pintura (UNB, 1995), e mestrado em (UNB, 2001). Arte e tecnologia da imagemDe 1999 a 2005 têm a cidade de Brasília como foco central do trabalho. Expõe desde 1989 no Brasil e no exterior. Criou em 2002 o Projeto de Arte Entorno, grupo de artistas que trabalha com intervenções artísticas no espaço urbano. Participou do projeto Itaú Rumos Visuais 2002/2003 em São Paulo, Fortaleza, Curitiba e Belo Horizonte. Obteve o Prêmio Petrobras em em Mídias digitais2004/2005. Atualmente, é coordenadora do NAC-Núcleo de Arte Contemporânea da Paraíba da UFPB e professora do Departamento de Artes Visuais (UFPB). [email protected]

Sidney Azevedo é natural de João Pessoa (1972), onde vive e trabalha. Possui licenciatura em Artes Visuais (UFPB), e é professor de Desenho na UFPB e no Curso de Design de Moda (Unipê e Funetec). É restaurador de bens imóveis e integrados do patrimônio histórico (IPHAN, IPHAEP e IHGP). Iniciou sua trajetória artística em 2000, em uma exposição coletiva no NAC/UFPB. Desde então, participa de salões e eventos de artes visuais pelo país e exterior (Ano do Brasil na França, Marseille, 2005, e Brasilea Foundation, Basel/Suíça, 2009). Seu fazer artístico parte de pesquisas estéticas e conceituais no âmbito da Pop Art, Op Art, arte cinética, e em propostas que vão desde objetos, desenhos, gravuras, até instalações e site specific. Suas instalações e objetos estão sempre em processo (work in progress), podendo se metamorfosear ou se desdobrar em outras coisas conforme as necessidades que se apresentarem. [email protected]

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BANCO DO NORDESTE DO BRASIL

Presidente | Roberto Smith

Diretores | João Emílio Gazzana | Luiz Carlos Everton de Farias | Luiz Henrique Mascarenhas Corrêa Silva | Oswaldo Serrano de Oliveira | Paulo Sérgio Rebouças Ferraro | Pedro Rafael Lapa

Chefe do Gabinete da Presidência | Robério Gress

Assessor Especial para a Área de Comunicação e Cultura | Paulo Mota

Gerente do Ambiente de Gestão da Cultura | Henilton Menezes

Gerente do Ambiente de Comunicação Social | Maurício Lima

Coordenadora do Programa Artes Visuais | Jacqueline Medeiros

SEGUNDA PELE - Algodão Colorido da Paraíba Programa BNB de Cultura 2008

Proponente | Sidney Azevedo

Curador | Dyógenes Chaves

Artistas plásticos | Alena Sá | Dyógenes Chaves |Margarete Aurélio | Marta Penner | Sidney Azevedo

Designers de Moda | | Alena Sá Carlos Cunha | Francisca Vieira | Romero Sousa | Margarete Aurélio | Sheilla Fadja

Pesquisa | Maria Débora C. Gomes

Fotografia | Adriano Franco

Fotolitos e Arte final | Marcos Estrela

Serigrafia | Seri Sinalização

Agradecimentos | AIVEST/PB | Atelier 200 | Cleide Barros | Carlos Cunha | Rodolfo Athayde | Sandoval Fagundes | Francisca Vieira | Glória Lira | Pantera Costa | Mariama Ireland | Aos artesãos e costureiras que participaram do projeto

Catálogo

Programação Visual | Adriano Franco | 2OU4 Comunicação

Fotografia Still | Adriano Franco

Fotografia dos artistas | Koki Watanabe | Dyógenes Chaves | Rodolfo Athayde | Guilherme Felipe | Margarete Aurélio

Textos | Maria Débora C. Gomes

O algodão colorido natural é tão antigo quanto o algodão de fibra branca – há registros encontrados há 2.500 anos a.C., no Peru –, e vem de uma semente modificada que resulta numa fibra com variações de cores como o verde e tonalidades do marrom (rubi, safira e natural). Entretanto, o algodão de fibra branca sempre mereceu mais atenção em programas de melhoramento genético, desde a metade do século 20, acentuando a diferença entre estes dois tipos de algodão no que se refere aos caracteres de importância econômica. Na década de 1980, no Nordeste do Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Embrapa iniciou um trabalho de pesquisa com a coleta de sementes de algodão, remanescentes de antigos plantios ou que estavam em locais próximos a algodoeiras, nas margens de estradas, matas e outros locais. Estas sementes complementariam o banco ativo de germoplasma já existente e foram armazenadas em câmara fria, servindo como fonte de genes para futuros trabalhos de melhoramento. Foi observado que muitas destas plantas possuíam a fibra na cor marrom claro. A primeira variedade de algodão de fibra natural colorida originou-se de seleção nestes materiais coletados no Nordeste e se chama BRS 200 cuja fibra é na cor marrom claro. Para a síntese desta cultivar (BRS 200) aproveitou-se portanto a própria variabilidade existente para cor da fibra presente em materiais coletados no Nordeste. Apesar de controlada geneticamente a cor da fibra pode ser influenciada por fatores ambientais como o tipo de solo, o conteúdo de minerais e a luz solar. Todos estes fatores podem fazer com que determinada cor da fibra seja mais ou menos acentuada. Dependendo do ano, também, uma determinada cultivar pode ter a cor da fibra mais ou menos acentuada. Com o interesse demonstrado por empresários japoneses pela fibra colorida é que se iniciaram os trabalhos de melhoramento – através da Embrapa, no início da década de 90 –, para obtenção de novas cultivares com outras cores da fibra. Após cruzamentos deste material com cultivares de fibra branca de boa qualidade, adaptadas às nossas condições e aplicação de métodos convencionais de melhoramento foram selecionadas as cultivares BRS VERDE, lançada em 2003, e as BRS RUBI e BRS SAFIRA, em 2005, de fibra marrom avermelhada. Estas cultivares são anuais e se prestam ao plantio em localidades do Nordeste que possuem precipitação pluvial igual ou maior que 600mm anuais. Já a BRS 200 de fibra marrom claro é semi-perene e cultivada em áreas mais secas. Seu ciclo é de três anos, ou seja, ela produz até o terceiro ano. Hoje, o algodão colorido natural é produzido basicamente em sistema de agricultura familiar, em pequenas e médias propriedades. E esta produção, na Paraíba, vem ganhando visibilidade através de peças de vestuário (roupas, acessórios e calçados) em eventos e mercados da Europa e da Ásia, e de outras regiões do Brasil. Em julho de 2009, os responsáveis pelo algodão colorido da Paraíba iniciaram o processo de indicação geográfica (IG) no Instituto Nacional da Propriedade Industrial-INPI, o que significa a retomada da tradição da Paraíba na produção e exportação de algodão. A procura por roupas confeccionadas com este tipo de algodão colorido natural se dá por pessoas alérgicas a corantes e recém nascidos, pois dispensa as fases de preparo do tingimento – em que se utilizam produtos químicos – tornando este produto ecológico e, assim, são reduzidos despesas com água e energia, e a quantidade de efluentes a serem tratados. Além disso, há outros fatores sociais que tem agregado valor ao produto, por exemplo, a colaboração inusitada de presidiárias de João Pessoa na confecção de matéria-prima (bordados e rendas), experiência desenvolvida por algumas empresas da Associação da Indústria do Vestuário da Paraíba-AIVEST/PB .

Alena Sá e Gennifer Freitas

Desenho de Carlos Cunha

Nota sobre os textos citados neste catálogo:

O texto 1 (fascículo 12, página 4) e o texto 2 (fascículo 7, página 3), são do curso Moda, Cultura e Comunicação (Universidade Aberta do Nordeste, Fundação Demócrito Rocha).

AIVEST-PBAssociação da Indústria do Vestuário da Paraíba

Apoio

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