SEGURANÇA NA ÁFRICA - defesa.gov.br · •Taxa anual de incidência de conflitos (de 0,46 para...

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SEGURANÇA NA ÁFRICA e o Entorno Estratégico Brasileiro Prof. Dr. Igor Castellano da Silva [email protected] Grupo de Estudos em Capacidade Estatal, Segurança e Defesa (GECAP) Programa de Pós-Graduação em Economia e Desenvolvimento (PPGE&D) Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) MINISTÉRIO DA DEFESA XV CURSO DE EXTENSÃO EM DEFESA NACIONAL Santa Maria (UFSM), 26 de março de 2017

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SEGURANÇA NA ÁFRICA e o Entorno Estratégico Brasileiro

Prof. Dr. Igor Castellano da Silva [email protected]

Grupo de Estudos em Capacidade Estatal, Segurança e Defesa (GECAP)

Programa de Pós-Graduação em Economia e Desenvolvimento (PPGE&D)

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

MINISTÉRIO DA DEFESA XV CURSO DE EXTENSÃO EM DEFESA NACIONAL

Santa Maria (UFSM), 26 de março de 2017

INTERESSE

INCONSTANTE E SELETIVO

Estudos Africanos

Internacionais

(Brasil)

História e Política

Internacional da África

Política Externa dos

países Africanos

Grandes processos na

África: Guerra e

Integração

Brasil, Atlântico Sul

e a África

Potências globais na

África

Grandes Narrativas

Estudos de Caso

Estudos Comparados

Segurança e Defesa na

África

ESTRUTURA DA APRESENTAÇÃO

Quais são as características, causas e consequências da insegurança africana contemporânea mais relevantes para a perspectiva do Entorno Estratégico do Brasil?

1. África como Entorno Estratégico Brasileiro Por que a África pode ser considerada parte do Entorno Estratégico brasileiro?

2. Segurança e Defesa na África Contemporânea Quais são as particularidades das dinâmicas de segurança e defesa na África contemporânea?

3. Desafios e Oportunidades para o Brasil Que impactos, desafios e oportunidades a segurança africana apresenta para o Brasil?

1. ÁFRICA COMO ENTORNO ESTRATÉGICO BRASILEIRO

ÁFRICA COMO ENTORNO ESTRATÉGICO

VISÕES GEOPOLÍTICAS

Carlos de Meira Mattos | Projeção mundial do Brasil (1960)

Entorno Estratégico e Defesa Hemisférica Manutenção do estreito/garganta do Atlântico

Golbery do Couto e Silva | Geopolítica do Brasil (1967)

África no hemiciclo interior as fronteiras de segurança do Brasil e da América do Sul se situam além de suas fronteiras geográficas (cooperar na defesa da África).

Profa. Therezinha de Castro (déc. 1970) | África - geo-história, geopolítica e relações internacionais

Geoestratégia do Atlântico Sul e concepção de hemisfério Sul

“Na relação com outros países, o Brasil dá ênfase a seu entorno geopolítico imediato, constituído pela América do sul, o Atlântico sul e a costa ocidental da

África.” (LBDN, 2012)

Política Nacional de Defesa (2012)

"4.1 A América do Sul é o ambiente regional no qual o Brasil se insere Buscando aprofundar seus laços de cooperação, o País visualiza um entorno estratégico que extrapola a região sul-americana e inclui o Atlântico Sul e os países lindeiros da África, assim como a Antártica. [...]"

"5.9 O Brasil atribui prioridade aos países da América do Sul e da África, em especial aos da África Ocidental e aos de língua portuguesa, buscando aprofundar seus laços com esses países“

ÁFRICA COMO ENTORNO ESTRATÉGICO

FATORES EMPÍRICOS

Vínculos históricos e culturais

Salvaguarda da Segurança e Defesa do Atlântico Sul

Laboratório de Grande Potência

Modelo de inserção internacional Credibilidade Show case de capacidades e comprometimento

Interesses econômicos

ÁFRICA COMO ENTORNO ESTRATÉGICO

Fonte: IPEA, 2011:96

2. SEGURANÇA E DEFESA NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

(i) Características da Guerra na África

Tabela - Principais Guerras na África, mais de mil mortos (1952-2017)

Fonte: Castellano da Silva, 2015

Data Duração (anos)

Período Guerra Região Teatro de Operações (princ.) Mortes

(aprox., mil) Objetivo

(predom.) Natureza Proxy Tipo Proxy

Regionalização

1952-1960 8 GF Revolta Mau Mau Chifre Quênia 13 Independência Extraestatal Não - Não

1954-1962 8 GF Guerra de Independência da Argélia Magreb Argélia 300 Independência Extraestatal Não - Não

1956-1972 6 GF Primeira Guerra Civil Sudanesa Chifre Sudão 500 Território Intraestatal Não - Não

1960-1965 5 GF Crise do Congo Central RDC 200 Território Mista Sim Global Sim

1960-1994 34 GF e Pós-GF Guerra de Libertação da África do Sul Austral África do Sul , Angola, Moçambique 20 Governo Intraestatal Sim Regional e Global Sim

1961-1975 14 GF Guerra de Independência de Angola Austral Angola 80 Independência Extraestatal Não - Sim

1961-1991 30 GF Guerra de Libertação da Eritreia Chifre Eritreia 220 Território Intraestatal Não - Não

1963-1974 11 GF Guerra de Independência de Guiné-Bissau Ocidental Guiné-Bissau 15 Independência Extraestatal Não - Sim

1964-1975 11 GF Guerra de Independência de Moçambique Austral Moçambique 60 Independência Extraestatal Não - Sim

1963 1 GF Guerra de Areia Magreb Argélia 1 Território Interestatal Não - Não

1964 1 GF Revolução Zanzibariana Austral Zanzibar 20 Governo Intraestatal Não - Não

1964-1979 15 GF Guerra Civil da Rodésia (Zimbábue) Austral Zimbábue 30 Governo Intraestatal Sim Regional e Global Sim

1966-1990 24 GF Guerra Civil do Chade Central Chade 60 Território Mista Sim Regional e Global Sim

1966-1988 22 GF Guerra de Independência da Namíbia Austral Namíbia, Angola 20 Independência Extraestatal Sim Regional e Global Sim

1967-1970 3 GF Guerra Civil da Nigeria (Biafra) Ocidental Nigéria 1000 Território Intraestatal Sim Regional e Global Sim

1975-1992 17 GF e Pós-GF Guerra Civil Moçambicana Austral Moçambique 100 Governo Mista Sim Regional e Global Sim

1975-2002 27 GF e Pós-GF Guerra Civil Angolana Austral Angola 500 Governo Mista Sim Regional e Global Sim

1975-1991 16 GF Guerra do Saara Ocidental Magreb Saara Ocidental 6 Território Mista Sim Regional Sim

1977-1978 1 GF Guerra Etiópia-Somália (Ogaden) Chifre Etiópia 30 Território Interestatal Sim Global Não

1978-1979 1 GF Guerra Uganda-Tanzânia Central Uganda 100 Governo Mista Sim Regional Sim 1981-1986 5 GF Guerra Civil Ugandesa Central Uganda 500 Governo Intraestatal Sim Regional Sim

1983-2005 22 GF e Pós-GF Segunda Guerra Civil Sudanesa Chifre Sudão (Sul) 1,9 Território Intraestatal Sim Regional e Global Sim 1987-.... 30 GF e Pós-GF Insurgência do Lord's Resistence Army Central Uganda, RDC, Sudão, RCA 12 Governo Intraestatal Não - Sim

1987-.... 30 GF e Pós-GF Guerra Civil da Somália Ocidental Somália 400 Governo Mista Sim Regional e Global Sim

1989-1997 8 GF e Pós-GF Primeira Guerra Civil da Libéria Ocidental Libéria 150 Governo Mista Sim Regional e Global Sim 1989-1991 2 GF e Pós-GF Guerra Mauritânia-Senegal Ocidental Fronteira Mauritânia-Senegal - Território Interestatal Não - Sim

Tabela - Principais Guerras na África, mais de mil mortos (1952-2017)

Fonte: Castellano da Silva, 2015

Data Duração (anos)

Período Guerra Região Teatro de Operações (princ.) Mortes

(aprox., mil) Objetivo

(predom.) Natureza Proxy Tipo Proxy

Regionalização

1990-1994 4 Pós-GF Guerra Civil Ruandesa Central Ruanda 500 Governo Intraestatal Sim Regional e Global Sim

1990-1995 5 Pós-GF Terceira Rebelião Tuareg Ocidental Mali (Norte), Níger - Território Intraestatal Não - Sim

1990-.... 27 Pós-GF Conflito Casamancês Ocidental Senegal (Sul) 3,5 Território Intraestatal Sim Regional Sim

1991-2002 11 Pós-GF Guerra Civil de Serra Leoa Ocidental Serra Leoa 75 Governo Mista Sim Regional e Global Sim

1991-2002 11 Pós-GF Guerra Civil da Argélia Magreb Argélia 50 Governo Intraestatal Não - Sim

1993-2005 12 Pós-GF Guerra Civil do Burundi Central Burundi 300 Governo Intraestatal Sim Regional e Global Sim

1996-1997 1 Pós-GF Primeira Guerra do Congo Central RDC 200 Governo Mista Sim Regional e Global Sim

1998-2003 5 Pós-GF Segunda Guerra do Congo Central RDC 3800 Governo Mista Sim Regional Sim

1997 1 Pós-GF Guerra Civil Congolesa (Brazzaville) Central Congo-Brazzaville 10 Governo Intraestatal Sim Regional Sim

1998-2000 2 Pós-GF Guerra Etiópia-Eritreia Chifre Fronteira Etiópia-Eritreia 300 Território Interestatal Não - Não

1999-2003 4 Pós-GF Segunda Guerra Civil da Libéria Ocidental Libéria 150 Governo Mista Sim Regional e Global Sim

2002-2007 5 Pós-GF Guerra Civil da Costa do Marfim Ocidental Costa do Marfim 3 Governo Intraestatal Sim Regional e Global Sim

2003-.... 14 Pós-GF Guerra de Darfur Chifre Sudão (Darfur) 300 Território Intraestatal Sim Regional Sim

2003-.... 14 Pós-GF Estado de Violência do Congo Central RDC (Leste) 1600 Governo Intraestatal Sim Regional Sim

2003-.... 14 Pós-GF Conflito no Delta do Níger Ocidental Nigéria (Sul) 2 Território Intraestatal Não - Não

2004-2008 4 Pós-GF Segunda Guerra Civil da RCA Central RCA 1 Governo Intraestatal Sim Regional e Global Sim

2005-2010 5 Pós-GF Segunda Guerra Civil do Chade Central Chade 7 Território Mista Sim Regional e Global Sim

2007-2009 2 Pós-GF Quarta Rebelião Tuareg Ocidental Mali (Norte), Níger 1 Território Intraestatal Sim Regional Sim

2007-2008 1 Pós-GF Guerra de Ogaden II Chifre Etópia (Leste) 1 Território Intraestatal Não - Não

2009-.... 8 Pós-GF Insurgência Islâmica na Nigéria (Boko Haram) Ocidental Nigéria (Norte) 15 Governo Intraestatal Não - Sim

2010-2011 1 Pós-GF Segunda Guerra Civil da Costa do Marfim Ocidental Costa do Marfim 1,5 Governo Intraestatal Sim Global Não

2011 1 Pós-GF Primeira Guerra Civil da Líbia Magreb Líbia 15 Governo Mista Sim Regional e Global Sim

2012-.... 5 Pós-GF Guerra do Mali Ocidental Mali (Norte) 1,5 Território Intraestatal Sim Regional e Global Sim

2012-.... 5 Pós-GF Terceira Guerra Civil da RCA Central RCA 2,2 Governo Intraestatal Sim Regional e Global Sim

2013-.... 4 Pós-GF Guerra Civil do Sudão do Sul Central Sudão do Sul 50 Governo Intraestatal Sim Regional Sim 2014-.... 3 Pós-GF Segunda Guerra Civil da Líbia Magreb Líbia 5 Território Intraestatal Não - Não

• 18 guerras (39 anos) 26 guerras (26 anos) • Taxa anual de incidência de conflitos (de 0,46 para

1,04)

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GF GF E PÓS-GF PÓS-GF

Recorrência da Guerra na África, anos (1952-2017)

Segurança e Defesa na África Contemporânea

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GF GF E PÓS-GF PÓS-GF

Letalidade da Guerra na África, milhões (1952-2017)

• 3,1 milhões de mortos (GF) 7,4 milhões (pós-GF)

• 88% na África Central

SEGURANÇA E DEFESA NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

• Lógica da tríade securitária

Guerra Irregular

Guerra Regionalizada

Guerra Proxy

GUERRA PROXY IRREGULAR REGIONALIZADA

Guerra Irregular Guerra Irregular

Guerra Regionalizada

Guerra Proxy

O emprego irregular da força e a complexidade das operações caracterizam a guerra no continente africano.

SEGURANÇA E DEFESA NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

SEGURANÇA E DEFESA NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

Guerra Proxy Guerra Irregular

Guerra Regionalizada

Guerra Proxy

Guerras na África carregam grande conteúdo de rivalidade interestatal. São, geralmente, manifestações domésticas da política internacional e vice-versa.

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EXTRAESTATAL INTRAESTATAL INTERESTATAL MISTA

Natureza da Guerra na África (1952-2017)

GF Pós-GF

SEGURANÇA E DEFESA NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

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Elemento Proxy na Guerra Intraestatal Africana (1952-2017)

Sim Não

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REGIONAL GLOBAL REGIONAL E GLOBAL

Tipo Proxy Predominante da Guerra na África (1952-2017)

GF Pós-GF

SEGURANÇA E DEFESA NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

Organograma Proxy: as principais forças combatentes na Segunda Guerra do Congo

Fontes: DUNN, 2002; HIIK, 2002, 2003; HRW, 2001a e 2001b; ICG, 1998a; ICG, 2000; ICG, 2003b; IISS, 2001, 2002, 2003; NEST, 2006a; PIKE, 2008a; PRUNIER, 2009; REYNTJENS, 2009; RUPYIA, 2002; TURNER, 2002; TURNER, 2007; VISENTINI, 2010. Autor: CASTELLANO, 2011.

Fonte: Castellano, 2012

Guerra Regionalizada Guerra Irregular

Guerra Regionalizada

Guerra Proxy

A guerra na África também possui uma dimensão regional relevante e recorrentemente ignorada. A regionalização dos conflitos armados na África acompanha seu caráter proxy irregular, em termos de transbordamento de

ameaças para a região e de respostas regionais concretas aos conflitos armados no continente.

SEGURANÇA E DEFESA NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

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GF GF E PÓS-GF PÓS-GF

Regionalização da Guerra na África (1952-2017)

Sim Não

SEGURANÇA E DEFESA NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

Complexos Regionais de Segurança na África

CASTELLANO, 2017

• Fim do Apartheid e nova ordem regional

• Rivalidades regionais e disputa hegemônica

• Ampliação das fronteiras regionais e conflitos sistêmicos na periferia (Congo)

• A ascensão da bipolaridade

ÁFRICA AUSTRAL

SEGURANÇA E DEFESA NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

Mudança significativa no Padrão de Cooperação-Conflito na África Austral nos últimos 40 anos

África Austral: mudanças estruturais nos últimos 40 anos

Ponto-chave: 22 de Dezembro de 1988. Acordo Tripartite (AS, Angola e Cuba)

• Abril-Julho 1994

– morte de 800 mil tutsi (20% da população Ruandesa e 70% dos Tutsi)

– 4 milhões de refugiados

RUANDA

Fonte: Castellano, 2012

• Ampliação das Dinâmicas

África Austral

• O desafio da nova ordem internacional liberal

• A africanização e mediterraneização das políticas externas

• O impacto da primavera árabe, o terrorismo e a penetração extrarregional

• Migrações e a regionalização dos conflitos do Saara e Sahel

NORTE DA ÁFRICA

SEGURANÇA E DEFESA NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

• A fragmentação dos Estados e a pauperização

• O terrorismo e a renovada interação regional

• A presença norte-americana e o papel da Etiópia

• A relevância de potências periféricas (Uganda e Quênia) ante a fragmentação da Somália e do Sudão

CHIFRE DA ÁFRICA

SEGURANÇA E DEFESA NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

• Liderança Nigeriana e institucionalização regional (ECOMOG)

• Os limites da integração: polarização e dependência externa

• Guerras “civis” • Guiné-Bissau (crise desde 1998), Costa do Marfim (crise desde 1999), Serra Leoa (insurgência

desde a década de 1980 - RUF), Libéria (guerras na década de 1990 - Charles Taylor)

• Novos problemas: Terrorismo e Golfo da Guiné (Pirataria e narcotráfico)

• A renovada penetração francesa e o refluxo da Nigéria

ÁFRICA OCIDENTAL

SEGURANÇA E DEFESA NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

Boko Haram

• Fatores domésticos – Distribuição de renda, petróleo,

modernização, seca

- Turbulência permanente

• Fatores regionais – Al-Shabaab, AQMI

– Instabilidades regionais

• Fatores globais

– Interesses globais na região e papel da Nigéria

BOKO HARAM

Terrorismo na África

Fonte: Williams, 2011: 4

(ii) Causas da Guerra na África

Causas da Insegurança Africana

Economia e Desenvolvimento

Etnia, Identidade e Direitos

Guerra Estado Estruturas Sistêmicas

Penetração Extrarregional

Regimes, Elites e Interesses Políticos

CAUSAS PERMISSIVAS CAUSAS OBJETIVAS RESULTADO

Causas da Insegurança Africana

Economia e Desenvolvimento

Etnia, Identidade e Direitos

Guerra Estado Estruturas Sistêmicas

Penetração Extrarregional

Regimes, Elites e Interesses Políticos

CAUSAS PERMISSIVAS CAUSAS OBJETIVAS RESULTADO

• Forte legalidade • Fronteiras fixas

• Soberania jurídica (sistema internacional amistoso)

• Letter box

• Baixa efetividade – Segurança interna:

Instabilidades domésticas

– Segurança externa: Reduzidas capacidades militares para defender fronteiras

– Extração: Baixa capacidade de taxação de populações

– Justiça: Judiciário pouco independente, poucos direitos civis

VS

Estatidade Jurídica e Empírica

Causas da Insegurança Africana

• Estados

Estado

Meios Ameaças

SEGURANÇA

Capacidades Estatais - Legitimidade - Gestão/Decisão

- Militares - Econômicos - Sociais

(iii) Respostas à Guerra na África

EUA e França na África

http://www.stimson.org/spotlight/the-dragon-brings-peace-why-china-became-a-major-contributor-to-united-nations-peacekeeping-/

Agenda do CSNU (2016)

Documentos e decisões do CSNU (2016)

RESPOSTAS À INSEGURANÇA AFRICANA

Desafios de Acordos de Paz e Missões de Paz Dificuldades do power-sharing em conflitos armados:

• cristalizar identidades subnacionais exclusivistas e inimigas (Snyder, 2000) • encorajar outros líderes rebeldes à insurgência em busca de inclusão em

acordos semelhantes (Tull e Mehler, 2005:393) • Estabelece dificuldades à reconstrução do Estado (grupos integrados no

exército = bandos armados) • 50% dos conflitos voltam a ocorrer (Licklider 1995, 685)

Soluções Sistêmicas e Sustentáveis?

• Alternativa: Reforma do Setor de Segurança (Toft, 2010)

Soluções Regionais

Abdoulaye Wade Abdelaziz Bouteflika Muammar Al Gaddafi

Olusegun Obasanjo Thabo Mbeki

Respostas regionalizadas

2001 – NEPAD

2002 – UA

• Paz e segurança – regime intervencionista: "from non-interference to non-indifference" (Mwanasali 2008, 41)

• 2002 Protocolo, Conselho, Continental Early Warning System, Panel of the Wise

• African Standby Force

• Intervenções (AMIB, AMIS, AMISOM)

RESPOSTAS À INSEGURANÇA AFRICANA

3. DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA O BRASIL

IMPACTOS PARA O BRASIL

Rotas para o narcotráfico

Transbordamento de crises

Escalada extrarregional na África Atlântica

Desestabilização e/ou Militarização do Atlântico Sul

RESPOSTAS DO BRASIL

RETÓRICA ATIVA

Estratégia Nacional de Defesa (2012)

Ações Estratégicas de Inserção Internacional – “incrementar o apoio à participação brasileira no cenário internacional, mediante a atuação do Ministério da Defesa e demais ministérios, dentre outros:

• na intensificação da cooperação e do comércio com países da África, [...] • na consolidação da Zona de Paz e de Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS), e o

incremento na interação inter-regionais, como a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a cúpula América do Sul-África (ASA) e o Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (IBAS)”

Livro Branco de Defesa Nacional (2012)

Ações para "ampliar a projeção do País no contexto mundial e reafirmar seu compromisso com a defesa da paz e com a cooperação entre os povos“ [...] "intensificar o intercâmbio com as Forças Armadas de outras nações, particularmente com as da América do Sul e da costa ocidental da África, e reforçar laços com outros países que interagem em fóruns de concertação como o IBAS e o BRICS, além de parcerias tradicionais."

O QUE O BRASIL FEZ?

Aproximação política, econômica e securitária

Segurança: Quatro áreas principais de atuação: 1) Formação militar 2) Cooperação técnica 3) Cooperação multilateral 4) Equipamentos militares 5) Missões de Paz

RESPOSTAS DO BRASIL

FORMAÇÃO MILITAR Guiné-Bissau criação do Centro de Formação de Forças de Segurança, com investimento brasileiro de US$ 3 milhões, instalação da Missão Brasileira de Cooperação Técnico-Militar – MBCTM, e apoio de US$ 750 mil para a RSS. Namíbia apoio à criação do Corpo de Fuzileiros Navais, de aproximadamente 600 militares. Benin envio de instrutores para o Centro de Aperfeiçoamento para Ações de Desminagem e Despoluição.

RESPOSTAS DO BRASIL

COOPERAÇÃO TÉCNICA Acordos de Cooperação Técnica no Domínio de Defesa com países africanos: África do Sul, Angola, Moçambique, Namíbia, Guiné Equatorial, Nigéria, Senegal Angola e Namíbia apoia países atlânticos no levantamento da plataforma continental. África do Sul projetos de desenvolvimento de tecnologia conjunta: míssil ar-ar A-Darter e tratativas para desenvolvimento de avião cargueiro, míssil terra-ar e VANTs.

RESPOSTAS DO BRASIL

Fonte: IGLESIAS PUENTE, 2010:313

Cooperação Técnica Internacional: Agricultura e Segurança Alimentar, Biocombustíveis, Ensino técnico e superior, Saúde pública e Segurança (formação militar e projetos técnicos conjuntos)

Fonte: IGLESIAS-PUENTE, 2009

Fonte: IPEA, 2011:46

COOPERAÇÃO MULTILATERAL

Elaboração de uma estratégia comum para os oceanos da CPLP.

Relançamento da ZOPACAS (a partir de 2005): criação de 4 grupos de trabalho, entre eles o de “manutenção da paz e operações de apoio à paz”.

RESPOSTAS DO BRASIL

EQUIPAMENTOS MILITARES

Navios e lanchas de patrulha para a Marinha da Namíbia

Seis aviões Super-Tucano para Angola (e outros a Senegal, Burkina Faso e Mauritânia) e uma coverta da classe Barroso à Guiné Equatorial

Doações à Marinha da Namíbia, à Guarda costeira de São Tomé e Príncipe (quatro botes pneumáticos e 260 uniformes) e às FFAA da Guiné-Bissau (uniformes).

RESPOSTAS DO BRASIL

https://www.apnews.com/a3d177b5c7254fabb5bdea37d7a93379/Trump-to-sell-attack-planes-to-Nigeria-for-Boko-Haram-fight

MISSÕES DE PAZ

RESPOSTAS DO BRASIL

REFLUXO DA POLÍTICA AFRICANA

Inflexão em Dilma (44 embaixadas criadas entre 2003 e 2010, em 2015 sete tinham apenas um funcionário)

Cortes em Temer e perda de influência

Perda da perspectiva estratégica e mesmo comercial

DESAFIOS RECENTES

África: a nova fronteira

Crescimento Econômico

Fonte: http://vc4africa.biz/blog/2011/10/13/three-reasons-to-take-a-new-look-at-investing-in-africa/ Fonte: http://news.bbc.co.uk/2/hi/business/7931372.stm

Fonte: http://vc4africa.biz/blog/2011/10/13/three-reasons-to-take-a-new-look-at-investing-in-africa/

Investimentos

Nova Estratégia Africana do Brasil

QUAIS AS OPÇÕES PARA O BRASIL?

Desengajamento contínuo

“Criminalização” da política africana do Brasil

Engajamento instrumental

Política de prestígio e projeção global

Frutos econômicos da nova fronteira (enquanto ela durar)

Engajamento e cooperação de longo prazo: Nova Estratégia Africana do Brasil

Construção de capacidades e modelos alternativos

Compartilhamento de responsabilidades

CONSIDERAÇÕES FINAIS

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Incompreensão sobre a complexidade da Segurança e Defesa no continente africano

Necessidade de estudos que avaliem comparativamente o “Modo Africano de Fazer a Guerra”

Brasil Comprometimento formal (PND, END, LBDN) – MD

vs

Desengajamento político - MRE

= ???

Sustentabilidade do projeto de estabilidade regional (Entorno Estratégico)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Adebajo, Adekeye. 2010. The Curse of Berlin: Africa After the Cold War. Scottsville: University of KwaZulu-Natal Press.

• Apuuli, Kasaija Phillip. 2012. “The African Union’s Notion of ‘African Solutions to African Problems’ and the Crises in Côte d’Ivoire (2010–2011) and Libya (2011).” African Journal on Conflict Resolution 12(2): 135–60.

• Arrighi, Giovanni. 2002. “The African Crisis: World Systemic and Regional Aspects.” New Left Review (May June): 5–36.

• Asante, S. K. B., and David Chanaiwa. 2010. “O Pan-Africanismo E a Integração Regional.” In História Geral Da África, VIII: África Desde 1935, eds. Ali A. Mazrui and Christophe Wondji. Brasília: UNESCO, 873–96.

• Buzan, Barry, and O Wæver. 2003. Regions and Powers: The Structure of International Security. New York: Cambridge University Press.

• Callaghy, Thomas M. 2009. “Africa and the World Political Economy: Still Caught Between a Rock and a Hard Place?” In Africa in World Politics: Reforming Political Order, eds. John W. Harbeson and Donald Rothchild. Boulder: Westview Press, 39–71.

• Castellano da Silva, Igor. 2013a. “From OAU to AU: 50 Years of African Continentalism.” Mundorama 67(Março): 1–4. http://mundorama.net/2013/03/30/from-oau-to-au-50- (November 29, 2013).

• ———. 2013b. “Mitologia e Teoria de Relações Internacionais na África: avanços do novo regionalismo.” Revista InterAção 5(5): 50–104. http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/interacao/article/view/13376 (October 3, 2014).

• ———. 2015. “Política Externa Na África Austral: Causas Das Mudanças Nos Padrões de Cooperação-Conflito (1975-2010).” Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

• Chazan, Noami et al. 1999. Politics and Society in Contemporary Africa. Boulder: Palgrave Macmillan.

• Cilliers, Jakkie, Julia Schünemann, and Jonathan D. Moyer. 2015. Power and Influence in Africa: Algeria, Egypt, Ethiopia, Nigeria and South Africa. Pretoria.

• Clapham, Christopher. 1996. Africa and the International System: The Politics of State Survival. Cambridge: Cambridge University Press.

• Herbst, Jeffrey. 2000. States and Power in Africa. Princeton: Princeton University Press.

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SEGURANÇA NA ÁFRICA e o Entorno Estratégico Brasileiro

Prof. Dr. Igor Castellano da Silva [email protected]

Grupo de Estudos em Capacidade Estatal, Segurança e Defesa (GECAP)

Programa de Pós-Graduação em Economia e Desenvolvimento (PPGE&D)

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

MINISTÉRIO DA DEFESA XV CURSO DE EXTENSÃO EM DEFESA NACIONAL

Santa Maria (UFSM), 26 de março de 2017