Semana da Poesia em Miranda do Corvo
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15 a 19 de Março de 201015 a 19 de Março de 2010
MAR PORTUGUÊS
Ó mar salgado, quanto do teu salSão lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casarPara que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador.Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa (Sofia Ferreira – 7ºA; Duarte – 9ºC)
Cai chuva do céu cinzento
Cai chuva do céu cinzentoQue não tem razão de ser.
Até o meu pensamentoTem chuva nele a escorrer.
Tenho uma grande tristezaAcrescentada à que sinto.Quero dizer-ma mas pesaO quanto comigo minto.
Porque verdadeiramenteNão sei se estou triste ou não.
E a chuva cai levemente(Porque Verlaine consente)
Dentro do meu coração.
Fernando Pessoa
O Homem e o MarHomem livre, o oceano é um espelho fulgente
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado, Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.
Gostas de te banhar na tua própria imagem. Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.
Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos; Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos, Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardam, avaros, receosos!
E há séculos mil, séculos inumeráveis, Que os dois vos combateis numa luta selvagem,
De tal modo gostais numa luta selvagem, Eternos lutadores ó irmãos implacáveis
Charles Baudelaire(Cláudia Ventura - 7ºE)
A Chuva Desce a Ladeira
A ÁGUA da chuva desce a ladeira. É uma água ansiosa.
Faz lagos e rios pequenos, e cheira A terra a ditosa.
Há muitos que contam a dor e o pranto De o amor os não qu'rer...
Mas eu, que também não os tenho, o que cantoÉ outra coisa qualquer.
Fernando Pessoa
CHOVE CHUVA
Chove chuvachuva chove.Chove chuva
chove cá.Já choveu
uma chuvadanuma chávena de chá.
António Mota
(Bruno Fernandes – 7ºC)
LÁ NO ÁGUA GRANDE
Lá no Água Grande a caminho da roçanegritas batem que batem co'a roupa na
pedra.Batem e cantam modinhas da terra.
Cantam e riem em riso de mofahistórias contadas, arrastadas pelo vento.
Riem alto de rijo, com a roupa na pedrae põem de branco a roupa lavada.
As crianças brincam e a água canta.Brincam na água felizes...
Velam no capim um negrito pequenino.
E os gemidos cantados das negritas lá do rio
ficam mudos lá na hora do regresso...
Jazem quedos no regresso para a roça.
Alda do Espírito Santo (Sara Ramos - 7ºD)
Poema
Água peregrinaFina-flor do vento
Tua voz divinaDá-me ainda alento.
Navios antigosHá muito partiram
Os mastros vão lindosAs velas caíram.
No cais à beira da águaMeus olhos perdidosEscutam a mágoa
Dos barcos esquecidos!Que força ou perdão
Quer ainda levarTodo o coração
Nas ondas do mar!
Florbela Espanca
FUNDO DO MAR
No fundo do mar há brancos pavores,Onde as plantas são animais
E os animais são flores.Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.Um polvo avança
No desalinhoDos seus mil braços,
Uma flor dança,Sem ruído vibram os espaços.Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
Sophia de Mello Breyner Andresen(Jorge Dias - 7ºD)
VOZES DO MAR
Quando o sol vai caindo sobre as águas
Num nervoso delíquio d'oiro intenso,Donde vem essa voz cheia de
mágoasCom que falas à terra, ó mar
imenso?...
Tu falas de festins, e cavalgadasDe cavaleiros errantes ao luar?Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?
Tens cantos d'epopeias? Tens anseios
D'amarguras? Tu tens também receios,
Ó mar cheio de esperança e majestade?!
Donde vem essa voz, ó mar amigo?...
... Talvez a voz do Portugal antigo,Chamando por Camões numa
saudade!
Florbela Espanca (Bruna Monteiro – 7ºD)
A GOTA DE CHUVA
Uma gota de chuva suspensa de um telhado.
Dá-lhe sol e parece pequena maravilha.
É um berlinde, dizem
crianças entre si.É uma bola, e bela,
mas não rebola, brilha.É a lua? Uma bolha
de sabão de brincar? Um balão? Um brilhantede uma estrela vaidosa?Diz a velhinha olhando:
Quem chorou esta lágrima?Uma gota de chuva
suspensa de um telhado.Chegou uma andorinha
engoliu-a e voou.
Maria Alberta Meneres(David Ferrugento – 7ºD)
CHOVE
Chove uma grossa chuva inesperadaQue a tarde não pediu, mas agradece.
Chove na rua já de si molhadaDuma vida que é chuva e não parece.
Chove, grossa e constante,Uma paz que há-de ser
Uma gota invisível e distante,Na janela, a escorrer…
Miguel Torga (Ana Cristina Dias - 7ºD)
ONDINAS SUBINDO NO AR
Vão cantandoAs águas do ribeiro
SaltitandoNos seixos rolando
Vai o diaSendo
Tão ligeiro…E a ondina
Rindo, a mergulharVou ouvindo
Seu riso tinindoCristalina
Na água a brilhar…Água em cascataSininhos de prataE gotas d´águaSubindo no ar
Maria Luísa Barreto(Laura Duarte – 7ºD)
Onde me levas, rio que cantei,
Onde me levas, rio que cantei,esperança destes olhos que molhei
de pura solidão e desencanto?Onde me levas, que me custa tanto.
Não quero que conduzas ao silêncioduma noite maior e mais completa.Com anjos tristes a medir os gestos
da hora mais contrária e mais secreta.Deixa-me na terra de sabor amargo
como o coração dos frutos bravos.Pátria minha de fundos desenganos,
mas com sonhos, com prantos, com espasmos.Canção, vai para além de quanto escrevo
e rasga esta sombra que me cerca.Há outra fase na vida transbordante:que seja nessa face que me perca.
Eugénio de Andrade(Mariana Simões, nº 14 - 8º B)
Oh, rio
Rio que desce as escadas do mundo a fervilharEntre as montanhas de emoções
deixadas nas rochas a chorar! Pobres das rochas que ainda emocionadas
são levadas pelo rio atropeladas!-Oh, rio! Para onde me levas?
- Para o oceano de alegrias e perdições,onde foram parar na última chuvada
todas as tuas paixões!- Oh rio, porque me levas tu para junto delas?- Para que não andes aí a chorar pelas ruelas!- Oh rio, que bondoso, que bondoso que és!- Bondoso sou, mas não para toda a gente:
aquela que me magoou ,por causa de mim tudo perdeu,
aquele que me protegeu, será sempre meu…
- Teu como, grande rio?- Se um dia o meu senhor, deus de todos os mares, rios e ribeiros,
me mandar com o mundo acabar, às minhas pessoas
não faço sofrer; ensino-as a nadar.
Mariana Simões, nº 14 - 8º B
Os rios
Nasce uma fonteRumorejante
Na encosta de um monte,E, mal que do seioDa terra brotou,Logo o seu veio
Transparente e diligenteBuscou e achou
Mais baixo lugar...Ao brotar da dura frágua,
É uma lágrima...
Mas esse humilde fiozinhoQue um destino bom impele,
Encontra pelo caminhoUm outro que é como ele ...
Reúnem-se, fundem-se os dois,Prosseguem de companhia,
E fica dupla depoisA força que os leva e guia ...
Juntam-se aos dois um terceiro,Outros confluindo vão,O regato é já ribeiro,
E o ribeiro é rio então ...
E nada agora o dominaAo fiozinho da fonte,Entre colina e colina
Ou entre um monte e outro monte.
Caminha sem descansarCircula através do mundo ...
Até à beira do marOmnipotente e profundo ...
Augusto Gil(Beatriz e Ana Sousa – 8º B; Edgar Martins - 9ºC )
Cena Rio
Vi inícios de cançõesde luz e Melodia
ao Tom de Ipanema…cor ali nas graciosas
esquinas rumo ao sol.Samba, bossa nova,em dias de verão,
o Rio é sempre bom.Maravilhosa cidade,aquarela de temas
a tingir de nostalgiaas pedras do arpoador.
Ao final da tardeChico encanta o mar
– paisagem, vida e som –,veja que flor bela,
tal Leila Diniz…vozes de Copacabana,– em letras de Assis –,
lapela e Cartola,…buquês de Noel Rosa,nas cores da poesia
de Drummond.
Rita Costa & André L. Soares(Tiago Rodrigues - 9 º C)
Junto do mar, que erguia gravemente A trágica voz rouca, enquanto o vento Passava como o voo do pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,
Junto do mar sentei-me tristemente, Olhando o céu pesado e nevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento Que saía das coisas, vagamente...
Que inquieto desejo vos tortura, Seres elementares, força obscura? Em volta de que ideia gravitais?
Mas na imensa extensão, onde se esconde O Inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais...
Antero de Quental
Olhando o mar, sonho sem ter de quê
Olhando o mar, sonho sem ter de quê.Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!De que me servem a verdade e a fé?
Ver claro! Quantos, que fatais erramos,Em ruas ou em estradas ou sob ramos,Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.
As árvores longínquas da florestaParecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.
Se tive amores? Já não sei se os tive.Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,E a vida morre enquanto o ser revive.
Colhes rosas? Que colhes, se hão-de serMotivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-laSe te agrada e tudo é deixar de o haver?
Fernando Pessoa
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.(Enlaçemos as mãos).
Depois pensemos, crianças adultas, que a vidaPassa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.
Fernando Pessoa
O MondegoEntre as pedras livremente
Vais descendo lá da serraPara vires de tangente
Dar um beijo à minha terra.
Rio Mondego, quero ter,A resposta verdadeira,
Porque vais sempre a correrDa Estrela até à Figueira.
Mas isso é velho segredo,Bem traçado nos teus planos,
Escondido no arvoredo Sabe Deus, à quantos anos.
Quando passas em CoimbraOuves o fado do estudante,
Sem sequer teres aindaLá parado um só instante.
Continuas o teu caminhoMostrando ser o maior,A dizer muito baixinhoUm adeus a Montemor.
Nos braços levas pró mar No turbilhão das tuas águas,
Ao de cima a baloiçarAlegrias, dores e mágoas.
À Figueira tu vais terApós tanto caminharE finalmente poder
No Oceano descansar. Ramalyo
(Leandro Mendes - 9ºC)
Eu gostaria ainda de falar Da rosa brava e do marA rosa é tão delicada,O mar tão impetuoso,
Que não sei como os juntarE convidar para o chá
Na casa breve do poema O melhor é não falar:
Sorrir-lhes só da janela
Eugénio de Andrade
“Ao Mar...”
Água, sal e vontade – a vida!Azul – a cor do céu e da inocência.
Um lenço a colorir a despedidaDa galera da ausência…
Mar tenebroso! Mar fechado e rugoso
Sobre um casto jardim adormecido!Mar de medusas que ninguém semeia,
Criadas com mistério e com areia,Perfeitas de beleza e de sentido!
Vem a sede da terra e não se acalma!Vem a força do mundo e não te doma!
Impenitente e funda, a tua almaGuarda-se no cristal duma redoma.
Guarda-se purificada em leve espuma,Renda da sua túnica de linho.
Guarda-se aberta em sol, sagrada em bruma,Sem amor, sem ternura e sem caminho.
O navio do sonho foi ao fundo,E o capitão, despido, jaz ao leme,Branco nos ossos descarnados;
Uma alga no peito, a flor do mundo,Uma fibra de amor que vive e tremeDe ouvir segredos vãos, petrificados.
Uma ilusão enfuna e enxuga a vela,Uma desilusão a rasga e molha;
Morta a magia que pintava a tela,O mesmo olhar de há pouco já não olha.
Na órbita vazia um cego ouriçoPica o silêncio leve que perpassa…
Pica o novo feitiçoQue nasce do final de uma desgraça.
Mas nem corais, nem polvos, nem quimerasSobem à tona das marés…
O navio encalhado e as suas erasLá permanecem a milhentos pés.
Soterrados em verde, negro e vago,Nenhum sol os aquece.
Habitantes do lagoDo esquecimento, só a sombra os tece…
Ela que és tu, anónimo oceano,Coração ciumento e namorado!Ela que és tu, arfar viril e plano,
Largo como um abraço descuidado!Tu, mar fechado, aberto e descoberto
Com bússolas e gritos de gajeiro!Tu, mar salgado, lírico, cobertoDe lágrimas, iodo e nevoeiro!
Miguel Torga( Júlio Lopes - 8ºE)
ÁRVORES DO ALENTEJO
Horas mortas … Curvada aos pés do MonteA planície é um brasido … e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol pospondeA oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadasOs trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:Também ando a gritar, morta de sede,Pedindo a Deus a minha gota de água!
Florbela Espanca(Rodrigo Ferreira – 7ºD; Beatriz e Ana Sousa – 8ºB; Carolina Branco - 9ºB )
ÁRVORE
A semente dorme na placenta, húmida, da
Terra. Mas começam a percorrê-la murmúrios de água e primavera.Torna-se raiz e caule,que irrompe da suaprisão sem luz parabeber os ventos e a
claridade do dia.O tronco firma-se comoum mastro e caminha para os céus, claros,num apelo a ninhos.
Em breve, brevezinho,desfralda-se em ramosE folhas que atraem
uma floração de asas e de cânticos. E a árvore
começa a ser, a dar e a permitir vida.
Luísa Dacosta(Maria Beatriz Silva -
7ºD)
ÁRVORE
De muito pequenina te conheço.Lembras-te de brincarmos ao crescer?
Tu me ganhavas sempre, que mais baixafiquei eu sempre sendo,
de assim ser.De muito amedrontada te conheço.Lembras-te das geadas e dos frios?Eu te ganhava sempre que fugindo
em casa aconchegavaos arrepios.
De muito pequenina te conheço.E se algum dia me esquecer de ti,
é de mim que me esqueço.
Maria Alberta Menéres(Jacinta Francisco – 7ºD)
FESTA DAS ÁRVORES
Cavemos a terra, plantemos nossa árvore,que amiga bondosa ela aqui nos será!
Um dia, ao voltarmos pedindo-lhe abrigo,ou flores, ou frutos, ou sombras dará!
O céu generoso nos regue esta planta;
o sol de Dezembro lhe dê seu calor;a terra que é boa, lhe firme as raízese tenham as folhas frescura e verdor!
Plantemos nossa árvore, que a árvore é amiga
seus ramos frondosos aqui abrirá.Um dia, ao voltarmos em busca de flores,com as flores, bons frutos e sombras dará!
Arnaldo Barreto(Bruno Coelho – 7ºD)
CADA ÁRVORE É UM SER PARA SER EM NÓS
Cada árvore é um ser para ser em nósPara ver uma árvore não basta vê-a
a árvore é uma lenta reverênciauma presença reminiscente
uma habitação perdidae encontrada.
À sombra de uma árvoreo tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fima árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interioresnós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvorecom a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses.
António Ramos Rosa
(Luís Fontes – 7ºD; Beatriz Lourenço - 8ºC; Diogo Mendes – 9ºC)
A Árvore
Uma árvore floriu por detrás da casaUma árvore dentro de Março
Contra a rotinaE contra o espaço
Ela só capaz de florE golpe de asa
Deixai-me a árvorePor detrás da casa.
Manuel Alegre(Júlio Dias – 7ºC)
Eu, árvore, senhora do mundo
Eu, palavra pequena que me define a mim ,
Senhora da amazónia, florestas tropicais e resto do mundo, ordeno a vocês, reles mortais,
que me agradeçam de certa forma e não queimem os meus pinhais.
Árvore,Sim, sou dura de roer,
Que o diga o castor que me está sempre a morder. Esse é outro que quando eu puder,
dou-lhe tal abanão que nunca mais comigo se vai meter.Senhora do mundo,
Produtora de toda a humanidade, Regadora de homens,
Curandeira de mulheres, Guarda–sol, se quiseres!
Afinal este mundo é todo meu, até tu te aperceberes.
Meu caro ser humano, eu começava-me a preocupar,
ou tu cuidas de mim, ou vou ter de te………….. abanar!
Ass: Árvores da coruja que a ensinou a escreverMariana Simões- 8ºB
Árvores
Árvores negras que falais ao meu ouvido, Folhas que não dormis, cheias de febre,Que adeus é este adeus quem despede
E este pedido sem fim que o vento perdeE esta voz que implora, implora sempre
Sem que ninguém lhe tenha respondido?
Sophia de Mello Breyner Andresen(Beatrize Ana Sousa – 8ºB; Mariana Quatorze - 7ºE)
Árvore, cujo pomo, belo e brando
Árvore, cujo pomo, belo e brandonatureza de leite e sangue pintaonde a pureza, de vergonha tinta
está virginais faces imitando;
nunca da ira e do vento, que arrancandoos troncos vão, o teu injúria sinta;
nem por malícia de ar te seja extintaa cor, que está teu fruto debuxando.
Que pois me emprestas doce e idóneo abrigoa meu contentamento, e favorece
com teu suave cheiro minha glória,
se não te celebrar como merececantando-te, sequer farei contigo
doce, nos casos tristes, a memória.
Luís Vaz de Camões (Beatriz e Ana Sousa – 8ºB)
Árvores
Parece-me que nunca ninguém há-deVer poema tão belo como a árvore.
Árvore que sua boca não desferra.Do seio doce e liberal da terra.
Árvore, sempre de Deus a ver imagemE erguendo em reza os braços de folhagem.
Árvore que pode usar, como capelo,Ninhos de papo-ruivo no cabelo;
Em cujo peito a neve esteve assente;Que vive com a chuva intimamente.
Os tontos, como eu, fazem poesia;Uma árvore, só Deus é que a faria.
Joyce Kilmer
(Beatriz e Ana Sousa – 8ºB)
Árvore Aberta
Dobrei teus pulsos a dura aranhado teu corpoa tua árvore
faca que rasgou a barreira do ventrea tua face abrindo-se como um barco
amei-te tempestade de ossos e de nervoscontra ticontra ti
exíliopátria sobre o chão
e fuga furiosa e suave lâmina animada
bebida a jactosaranha alta e linda
enclavinhadadestilando o suor a baba o vinho a seiva
o estrépito da primaverade uma árvore que se abre
no silêncio
António Ramos Rosa
As árvores e os livros
As árvores como os livros têm folhas e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos de flores e letras de oiro nas lombadas.·
E são histórias de reis, histórias de fadas, as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas, no pecíolo, no limbo, nas nervuras.·
As florestas são imensas bibliotecas, e até há florestas especializadas, com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».·É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras. Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras. Jorge Sousa Braga
Árvore Rumorosa
Árvore rumorosa pedestal da sombrasinal de intimidade decrescente
que a primavera veste pontualmentee os olhos do poema de repente deslumbra
Receptáculo anónimo do espantocapaz de encher aquele que direito à morte passa
e no ar da manhã inconsequente traçao rasto desprendido do seu canto
Não há inverno rigoroso que te impeçade rematar esse trabalho que começa
na primeira folha que nos braços te desponta
Explodiste de vida e és serenidadee imprimes no coração mais fundo da cidade
a marca do princípio a que tudo remonta
Ruy Belo(Rúben Fernandes nº16 - 9ºB)
Velhas Árvores
Olha estas velhas árvores, mais belas Do que as árvores novas, mais amigas: Tanto mais belas quanto mais antigas, Vencedoras da idade e das procedas...
O homem, a fera, e o insecto, à sombra delas Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade! Envelheçamos rindo! Envelheçamos Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade, Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Olavo Bilac
Morrem as árvores de pé?
Uma árvore cai!Não se (lhe) ouve um som
na Naturezaa morte é sempre assistida do silêncio.
As outras árvores choram...e o seu pranto é mais pungenteque a dor do tronco magoado,
a descer lentamente por entre a vegetação,até esmagar o solo.
Helena de Sousa Freitas
AS ÁRVORES
Eu espero, sim, que essas árvores cresçam. Adormeço com elas todas as
noites, embalado pela sua sombra. Lembro-as de memória, sobre a relva verde. Lembro- as suas folhas, caindo
de noite. Mesmo as que ainda não vi, eu espero que cresçam, que me esperem,
que me abriguem nesse dia em que mais precisarei delas, ouvindo o ruído do mar não muito longe. Tenho, a cada
minuto, saudades dessas árvores.
Francisco José Viegas
No lugar da árvore
No lugar da árvore. No lugar do ouvido.No lugar do chão. Unidade crepitante no silêncio aberto no Trânsito. Tronco,
calmabomba indeflagrável, dádiva da
identidade.
António Ramos Rosa
Árvore verde, Meu pensamento Em ti se perde.
Ver é dormir Neste momento.
Que bom não ser Estando acordado!
Também em mim enverdecer Em folhas dado!
Tremulamente Sentir no corpo Brisa na alma!
Não ser quem sente, Mas tem a calma.
Eu tinha um sonho Que me encantava. Se a manhã vinha, Como eu a odiava!Volvia a noite, E o sonho a mim.
Era o meu lar, Minha alma afim.
Depois perdi-o. Lembro? Quem dera! Se eu nunca soube
O que ele era.
Fernando Pessoa(Diogo Simões - 9ºB)
ÁrvoreAs árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada. Pouco a poucose levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores, e então crescem as flores, e as flores produzem frutos, e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falaremSós.
De dia e de noite.Sempre sós.
Solitárias, as árvores,exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores.
António Gedeão(Pedro Rodrigues – 8ºE; Mafalda Ribeiro - 7ºE )
Eis-me aqui em PortugalNas terras onde nasci.
Por muito que goste delasAinda gosto mais de ti.
Fernando Pessoa
Mãe — que adormente este viver dorido, E me vele esta noite de tal frio,
E com as mãos piedosas atem o fio Do meu pobre existir, meio partido...
Que me leve consigo, adormecido, Ao passar pelo sítio mais sombrio...
Me banhe e lave a alma lá no rio Da clara luz do seu olhar querido...
Eu dava o meu orgulho de homem — dava Minha estéril ciência, sem receio, E em débil criancinha me tornava.
Descuidada, feliz, dócil também, Se eu pudesse dormir sobre o teu seio,
Se tu fosses, querida, a minha mãe!
Antero de Quental
Poema sobre a mãe
Queria o Mundo para te dar, mas só tenho uma flor
e um coração pequenino, carregadinho de amor
Os teus braços me acolhem Sempre que eu preciso
É neste momento que vejo Como é lindo o teu sorriso
Obrigado por tudo Eu te agradeço neste dia
Tu és o meu carinhoCom ternura e alegria!
Autor anónimo (Pedro Gonçalves - 9º C)
Poema dedicado à MÃE
Mãe! Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei!
Traz tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue verdadeiro, encarnado!
Eu ainda não fiz viagens E a minha cabeça não se lembra senão de viagens!
Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa.
Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu
viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! Ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exatamente
para a nossa casa, como a mesa. Como a mesa. Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!
Almada Negreiros(Miguel Simões - 9ºB)
Vem Ver a Minha Mãe
Está junto das coisas que bordaram com ela os dias que supôs mais belos
e são a fonte de onde lhe começa o branco tempo dos cabelos.
Mal pousa a vida nos seus dedos gastos do sonho que pousou na minha mão e no sangue tão frágil que sustenta
tanta ternura e tanta solidão.
Vítor Matos e Sá(João Morais - 9ºC)
Quando eu for pequeno, mãe, quero ouvir de novo a tua voz
na campânula de som dos meus dias inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes com a certeza dócil de que só o empedrado
e o cansaço da subida me entregarão ao sossego do sono.
Quando eu for pequeno, mãe, os teus olhos voltarão a ver
nem que seja o fio do destino desenhado por uma estrela cadente
no cetim azul das tardes sobre a baía dos veleiros imaginados.
Quando eu for pequeno, mãe, nenhum de nós falará da morte,
a não ser para confirmarmos que ela só vem quando a chamamos e que os animais fazem um círculo
para sabermos de antemão que vai chegar.
Quando eu for pequeno, mãe, trarei as papoilas e os búzios
para a tua mesa de tricotar encontros, e então ficaremos debaixo de um alpendre
a ouvir uma banda a tocar enquanto o pai ao longe nos acena,
lenço branco na mão com as iniciais bordadas, anunciando que vai voltar porque eu sou pequeno
e a orfandade até nos olhos deixa marcas.
José Jorge Letria
Tenho Saudades do Calor ó Mãe
Tenho saudades do calor ó mãe que me penteias Ó mãe que me cortas o cabelo — o meu cabelo
Adorna-te muito mais do que os anéis
Dá-me um pouco do teu corpo como herança Uma porção do teu corpo glorioso — não o que já tenho — O que em ti já contempla o que os santos vêem nos céus
Dá-me o pão do céu porque morro Faminto, morro à míngua do alto
Tenho saudades dos caminhos quando me deixas Em casa. Padeço tanto
Penso tanto Canto tão alto quando calculo os corpos celestes
Ó infinita ó infinita mãe
Daniel Faria(Inês Quatorze - 9ºB)
Poema à mãe
No mais fundo de ti, eu sei que traí, mãe!
Tudo porque já não sou o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos! Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora e noites rumorosas de águas matinais!
Por isso, às vezes, as palavras que te digo são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz. Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração no retrato da moldura!
Se soubesses como ainda amo as rosas, talvez não enchesses as horas de pesadelos...
Mas tu esqueceste muita coisa! Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu, e até o meu coração ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -, às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos; ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz: "Era uma vez uma princesa no meio de um laranjal..."
Mas - tu sabes! - a noite é enorme e todo o meu corpo cresceu...
Eu saí da moldura, dei às aves os meus olhos a beber. Não me esqueci de nada, mãe. Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas... Boa noite. Eu vou com as aves!
Eugénio de Andrade
(Mariana Simões, nº 14 - 8ºB; Catarina Alves nº6 8ºE; Carolina Dias - 7º E; Cláudia Silva – 9º B)
Mãe
Quero te sentir como alguém,Que não tem pressa.
Que se assenta ao meu lado.Que afaga meus cabelos,
Que me espera falar e escutar e me escutarQue me leva a sério.
Que segue meus passos,Que chora e ri comigo.
Que esquece o sono por mim.Que vai comigo:
Até o fim da minha estrada,Até a fonte da minha alegria
Até o poço das minhas lágrimas.Que Deus te abençoe.
Mariane Auxiliadora
Poema sobre a Mãe
Mãe, se fosses uma corSerias verde como a natureza,Serias brilhante como o Sol,
Serias vermelha como o amor.
Mãe, se fosses um frutoSerias saborosa como o morango,
Serias doce como a melancia, Serias perfumada como um pêssego.
Mãe, se fosses um nome
Serias calor que me aconchega,Serias alegria que me faz crescer,Serias paciência para me aturar.
Mãe, se fosses um perfumeSerias intensa como rosas,
Serias tímida como as violetas,Serias suave como o acordar da natureza.
Mãe, se fosses vida
Serias o ar que eu respiro!Serias o alimento que me faz crescer!
Serias tudo para mim!
Soraia 4ºano - EB1Camondes(Avelino Carvalho - 7ºE)
Para Sempre
Por que Deus permiteque as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,é tempo sem hora,luz que não apaga
quando sopra o ventoe chuva desaba,veludo escondidona pele enrugada,água pura, ar puro,puro pensamento.
Morrer acontececom o que é breve e passa
sem deixar vestígio.Mãe, na sua graça,
é eternidade.Por que Deus se lembra
- mistério profundo -de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,mãe ficará semprejunto de seu filho
e ele, velho embora,será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade(Alicia Oliveira – 9ºC)
Mãe
A mãe é uma jóiaQue devemos preservarPois ela cuida da gente
E nos ajuda a caminhar. A mãe é como o sol
Brilha a todo amanhecerMesmo nos dias escurosEla radia o nosso viver.
Mãe é uma rosaLinda, perfumada
Perfeita em tudo que fazAté nas broncas que dá
Mãe eu não me canso de agradecerE às vezes fico pensando
Se sou merecedorado seu eterno amor.
Vitória Potira Leonel Cremonez
Um Dia...
Um dia, o Amor estendeu as mãospara o nada e abriu o espaço...
Um dia, o Amor estendeu as mãospara o homem e abriu-se o encontro... Um dia, o Amor se tornou
vida de tua vida e eu existi...Mãe, o céu sem confins revela-me teu amor...
A vastidão do mar fala-me da tua bondade...As altas montanhas refletem teu heroísmo...
A profundeza dos vales espelha tua humildade...A beleza das flores traduz teu caminho...
Tudo isso encerras dentro de teu grande coração...E silenciosa, serena, sorrindo,
continuas labutando no cotidiano da vida.Um dia, o Amor se tornou vida de tua vida e eu existi.
Obrigado, Mãe!
Bruno Manuel Fernandes Antunes - 9ºc
Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu, Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu Numa linha severa e desenhada?
Como as estátuas, que são gente nossa Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito. Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.
Chamo aos gritos por ti — não me respondes. Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes Por detrás do terror deste vazio.
Mãe: Abre os olhos ao menos, diz que sim! Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres. Que nem a morte te afastou de mim!
Miguel Torga
(Beatriz e Ana Sousa – 8ºB; Diana Lopes; Mariana Mendes - 8ºE; Joana Raquel Lobo - 7ºE; Carolina Branco, Joana Gonçalves e Diana Lopes - 9ºB )
O MENINO DA SUA MÃE
No plaino abandonadoQue a morna brisa aquece,
De balas trespassado- Duas, de lado a lado -,Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangueDe braços estendidos,Alvo, louro, exangue,Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe deraUm nome e o mantivera:«O menino de sua mãe».
Caiu-lhe da algibeiraA cigarreira breve
Dera-lhe a mãe. Está inteira.É boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, aladaPonta a roçar o solo,
A brancura embainhadaDe um lenço... deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece: "Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece")Jaz morto, e apodrece,O menino de sua mãe.
Fernando Pessoa(Sofia Ferreira e Rodrigo Carvalho – 7ºA)
RETRATO DA MINHA MÃE
Minha mãe tem flores nos olhos.Sóis de estrelas
Nas mãos, nos braços.Luas brancas são
Seus seios de seda.E é grande como um mundo
E eu chamo-lhe: Mãe!
Matilde Rosa Araújo
(Ana Rita Varandas - 7ºC)
MARSUPIAL
Ó mamã-canguruTens tanta sorte!Escusas de juntar
Como qualquer mamã-mulherNo seu baú
CamisasCasaquinhos
FraldasMantasE tantas
Tantas peças de agasalhoQue dão tanto trabalho
A coserA lavar
A remendar!...Tu
CanguruTransportas o baú
Dentro da própria peleForradinho do pêlo
Que te aqueceE aquece o teu menino.
Lá o guardasResguardas.
És muito fino Canguru.
Ninguém resolve o caso como tu.
Alice Gomes(Ana Rita Varandas-7ºC)
Os olhos de minha Mãe
Mãe, teus olhos nunca foram ditas tão belos, Quanto os são verdadeiramente!
Talvez porque os homens não inventaram ainda, Palavras capazes de exprimir tanta beleza!
Mãe, teus olhos são iguais ao céu!Iguais na cor, (inesquecíveis e inexplicáveis). E na beleza (os teus olhos de imensa beleza!
E o céu, de imensidão tão bela!)Teus olhos que tanto brilham
Não cabem nestes versos!Exprimir tanta beleza, só mesmo com outro olhar!Revelar tanto encanto, só com a luz do coração!
Mas teus olhos brilham mais!E teu olhar que ilumina meu caminho,
É mais lindo e inesquecívelPois teus olhos são: a minha luz e a minha paz!
André Araújo de Oliveira(Patrícia Costa - 7ºE)
É Noite, Mãe
As folhas já começam a cobrir o bosque, mãe, do teu outono puro... São tantas as palavras deste amor
que presas os meus lábios retiveram pra colocar na tua face, mãe!...
Continuamente o bosque se define em lividez de pântanos agora,
e aviva sempre mais as desprendidas folhas que tornam minha dor maior.
No chão do sangue que me deste, humilde e triste, as beijo. Um dia pra contigo
terei sido cruel: a minha boca, em cada latejar do vento pelos ramos, procura, seca, o teu perdão imenso...
É noite, mãe: aguardo, olhos fechados, que uma qualquer manhã me ressuscite!...
António Salvado(Rui Vaz - 9ºC)
FIZ UM CONTO PARA ME EMBALAR
Fiz com as fadas uma aliança.A deste conto nunca contar.Mas como ainda sou criança
Quero a mim própria embalar.Estavam na praia três donzelasComo três laranjas num pomar.Nenhuma sabia para qual delas
Cantava o príncipe do mar.Rosas fatais, as três donzelas
A mão de espuma as desfolhou.Nenhuma soube para qual delas
O príncipe do mar cantou.
Natália Correia ( Mariana Ferreira António – 7ºC)
RECTAS
PARALELAS
Não sei se foi a sonhar,
ou se alguém me havia dito:
Duas rectas paralelas,
só se encontram no infinito.
Resolvi investigar
esse infeliz desencontro,
por não existir em comum
nem dez, nem dois, nem um ponto.
Devem ser tristes, afinal
essas linhas da geometria,
que por serem paralelas
nunca se tocaram um dia.
Mas depressa percebi
o quanto estava errado.
Quantos não gostariam de ter,
por toda a eternidade,
quem caminhasse a seu lado?
RoC01