Seminário de Winnicott IBCP 2010

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Seminários Clínicos de Winnicott Professor: Arthur Meucci Objetivo: Este seminário tem como objetivo discutir os textos do psicanalista Donald W. Winnicott que fazem referência teórica e principalmente a prática da psicanálise. O enfoque tem como finalidade não só as contribuições clínicas do autor, que muitas vezes foram consideradas ousadas para a psicanálise clássica, mas também uma profunda reflexão sobre os aspectos éticos da clínica e seus tabus. Winnicott, juntamente com Sándor Ferenczi, são autores consagrados que fundamentam o pensamento ético na clínica psicanalítica. Explicações teóricas e conceituais da teoria winnicottiana surgirão no decorrer da análise dos textos técnicos. Local: Instituto Brasileiro de Ciência e Psicanálise (Vila Madalena) Periodicidade: Quinzenal aos sábados Público: Profissionais e alunos de psicanálise ou psicologia. Informações e inscrições: (11) 3868-4063/[email protected] Seminário dos textos 1. Sobre as bases do Self no corpo [1970]. (WINNICOTT, Explorações Psicanalíticas. Porto Alegre: Artmed, 1994, ps. 203-218). Conteúdo: Após apresentar brevemente Donald Winnicott, iniciaremos este curso com um tema teórico sobre o conceito de Self, porém baseado em relatos clínicos. Self e falso Self dizem respeito à interação da psique com o corpo, regulam as organizações defensivas. A boa relação psique/soma é vista como sinal de saúde e constituinte da personalização. Quando a mente mora no corpo, se abrindo para as experiências sensoriais, sem se esconder da vida (falso Self), o paciente é capaz de achar o caminho para o seu bem-estar. 2. A loucura da mãe tal como aparece no material clínico como fator estranho ao ego [1969]. (WINNICOTT, Explorações Psicanalíticas. Porto Alegre: Artmed, 1994, ps. 287-292) Conteúdo: Através da análise de Mark, uma criança que apresentava problemas na escola, veremos como a origem dos sintomas residia na introjeção dos conteúdos psicóticos da mãe na criança. Através da análise bem sucedida utilizando o jogo do rabisco veremos a articulação de conceitos como “transicionalidade”, “espaço potencial”, “Self”, “integração”, “díade” e as modalidades de relação entre o paciente e o terapeuta.

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Os seminários dos textos clínicos de Donald Winnicott feitos pelo Prof. Ms. Arthur Meucci têm como objetivo familiarizar os psicanalistas com as discussões teóricas e técnicas que marcaram de forma decisiva a história da psicanálise.Winnicott foi um dos mais importantes pensadores do movimento psicanalitico, reconhecido por kleinianos e annafreudianos como o teórico e clínico mais importante depois de Freud. Os seminários convidam psicanalistas e estudantes para pensarem e repensarem as práticas clínicas consagradas sobre uma nova perspectiva que leva emconsideração a busca pelo si-mesmo (Self), as relações transferenciais, transicionais e potenciais entre analista e paciente,as psicoses, a origem e tratamento dos comportamentos antissociais, o uso do silêncio e o papel da contratransferência no tratamento psicanalítico.

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Seminários Clínicos de Winnicott

Professor: Arthur Meucci

Objetivo: Este seminário tem como objetivo discutir os textos do psicanalista

Donald W. Winnicott que fazem referência teórica e principalmente a prática da

psicanálise. O enfoque tem como finalidade não só as contribuições clínicas do

autor, que muitas vezes foram consideradas ousadas para a psicanálise

clássica, mas também uma profunda reflexão sobre os aspectos éticos da

clínica e seus tabus. Winnicott, juntamente com Sándor Ferenczi, são autores

consagrados que fundamentam o pensamento ético na clínica psicanalítica.

Explicações teóricas e conceituais da teoria winnicottiana surgirão no decorrer

da análise dos textos técnicos.

Local: Instituto Brasileiro de Ciência e Psicanálise (Vila Madalena)

Periodicidade: Quinzenal aos sábados

Público: Profissionais e alunos de psicanálise ou psicologia.

Informações e inscrições: (11) 3868-4063/[email protected]

Seminário dos textos

1. Sobre as bases do Self no corpo [1970]. (WINNICOTT, Explorações

Psicanalíticas. Porto Alegre: Artmed, 1994, ps. 203-218).

Conteúdo: Após apresentar brevemente Donald Winnicott, iniciaremos este

curso com um tema teórico sobre o conceito de Self, porém baseado em

relatos clínicos. Self e falso Self dizem respeito à interação da psique com o

corpo, regulam as organizações defensivas. A boa relação psique/soma é vista

como sinal de saúde e constituinte da personalização. Quando a mente mora

no corpo, se abrindo para as experiências sensoriais, sem se esconder da vida

(falso Self), o paciente é capaz de achar o caminho para o seu bem-estar.

2. A loucura da mãe tal como aparece no material clínico como fator

estranho ao ego [1969]. (WINNICOTT, Explorações Psicanalíticas. Porto

Alegre: Artmed, 1994, ps. 287-292)

Conteúdo: Através da análise de Mark, uma criança que apresentava

problemas na escola, veremos como a origem dos sintomas residia na

introjeção dos conteúdos psicóticos da mãe na criança. Através da análise bem

sucedida utilizando o jogo do rabisco veremos a articulação de conceitos como

“transicionalidade”, “espaço potencial”, “Self”, “integração”, “díade” e as

modalidades de relação entre o paciente e o terapeuta.

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3. A interpretação na psicanálise [1968]. (WINNICOTT, Explorações

Psicanalíticas. Porto Alegre: Artmed, 1994, ps. 163-166).

Conteúdo: Discutiremos o conceito de interpretação e seu uso no tratamento.

Veremos que o sucesso da análise não depende da qualidade ou agilidade da

interpretação, mas do momento e da maneira como o analista conduz a

interpretação segundo o tempo do paciente.

4. Duas Notas sobre o Uso do Silêncio [1963]. (WINNICOTT, Explorações

Psicanalíticas. Porto Alegre: Artmed, 1994, ps. 66-69); GREEN, A. O silêncio

do psicanalista. In: Rev. Psychê, n. 14, jul-dez 2004, p. 13-38

Conteúdo: Neste pequeno escrito veremos como o silêncio no manejo da

terapia é tão importante quanto a interpretação. Winnicott critica a psicanálise

de seu tempo, em especial a interferência constante dos analistas, e nos

mostra como o resguardo é fundamental para o sucesso da transferência

psicótica. O artigo de André Green servirá como complemento.

5. O medo do colapso (Breakdown) [1963]. (WINNICOTT, Explorações

Psicanalíticas. Porto Alegre: Artmed, 1994, ps. 70-76)

Conteúdo: Analisaremos como o sistema psíquico organiza as defesas

psicóticas contra a sensação de colapso, agonias primitivas de cair, cair e cair;

morrer, morrer e morrer; sensação de desintegração, e a sensação de vazio.

Analisaremos como ocorre a cura através do manejo do processo psicanalítico.

6. A tendência anti-social [1956]. (WINNICOTT, Privação e delinquência. São

Paulo: Martins Fontes, 2005 ps. 135-147).

Conteúdo: Neste texto Winnicott trata dos comportamentos antissociais,

situações muito recorrentes na infância e na adolescência em situações onde o

sujeito sente a perda de um ambiente suficientemente bom. Os

comportamentos antissociais são organizações defensivas que não se

assemelham as neuroses, psicoses e perversões, podendo ocorrer em

qualquer uma delas. O seu tratamento é complicado, porém possível. Nestas

discussões veremos o papel da culpa e das emoções na dinâmica do paciente.

7. O ódio na contratransferência [1947]. (WINNICOTT, Da pediatria à

psicanálise. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978, ps. 341-354).

Conteúdo: Analisaremos o conceito de contratransferência segundo Winnicott e

o seu papel no processo analítico. Todo analista ama e odeia o seu paciente e

esses afetos aparecem, muitas vezes, desapercebidos na clínica. A aceitação

desses sentimentos na análise pessoal e pela supervisão aparecem como

instrumentos que detectam a interferência positiva e negativa do analista no

processo terapêutico do paciente.