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I SIMPSIO BRASILEIRO DE ROCHAS ORNAMENTAIS II SEMINRIO DE ROCHAS ORNAMENTAIS DO NORDESTE MUSEU GEOLGICO DA BAHIA SALVADOR BA, 28/11/01 A 01/12/01

ANAIS

Realizao:

Apoio: SIMAGRAN-BA ABIROCHAS

I SIMPSIO BRASILEIRO DEROCHAS ORNAMENTAIS

II SEMINRIO DE ROCHASORNAMENTAIS DO NORDESTE

ANAISMuseu Geolgico da Bahia Salvador-BA/Brasil 28 de novembro 01 de dezembro de 2001

Editores Adalberto de Figueiredo Ribeiro Francisco Wilson Hollanda Vidal

I SIMPSIO BRASILEIRO DE ROCHAS ORNAMENTAIS II SEMINRIO DE ROCHAS ORNAMENTAIS DO NORDESTE Museu Geolgico da Bahia Salvador, BA, 28/11/01 a 01/12/01Comisso Organizadora Ruy Fernandes Lima Presidente da Comisso CBPM/BA Adalberto de Figueiredo Ribeiro SICM-COMIN/BA Francisco Wilson Hollanda Vidal CETEM/MCT Ernesto Fernando Alves da Silva CBPM/BA Bartolomeu de Albuquerque Franco CPRM/PE Ana Cristina Franco Magalhes CBPM/BA Silmara Nogueira Lima Cobertura de Editorao Lcia Mezzedimi Secretria

I Simpsio Brasileiro de Rochas Ornamentais; II Seminrio de Rochas Ornamentais do Nordeste, 28 nov. 01 dezembro 2001, Salvador. Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2002.

145 p.1. Rochas ornamentais. 2. Minerais industriais. I. Centro de Tecnologia Mineral. II. Seminrio de Rochas Ornamentais do Nordeste (2.: Salvador, 2001).

ISBN 85-7227-162-7

CDD 553

APRESENTAOCom a realizao deste I Simpsio Brasileiro de Rochas Ornamentais, concomitante com o II Seminrio de Rochas Ornamentais do Nordeste, entre 28 de novembro e 1o de dezembro de 2001, tivemos a satisfao de resgatar compromissos assumidos pela Bahia, no Recife, quando se realizou o I Seminrio. Justo neste momento, em que parece haver um certo arrefecimento nos volumes de investimentos brasileiros na atividade, quer seja por parte da iniciativa privada, quer seja atravs dos oramentos governamentais, a realizao desses eventos parece-nos muito oportuna. Ao lado disso, opinio corrente entre aqueles que fazem o segmento das Rochas Ornamentais no Brasil, que se precisa, urgentemente, garantir meios para estimular e provocar a modernizao tecnolgica do setor, sob pena de perderem-se largas fatias de mercado que foram conquistadas duramente, alm de deixar de conquistar outras tantas, especialmente falando-se em termos de mercado internacional. Conforme o leitor poder conferir, a coletnea de trabalhos tcnicos, ora publicados, vai ao encontro dessas expectativas. Dentre os vintes trabalhos que compem este I Simpsio e II Seminrio pode-se encontrar o que h de mais recente em termos de produo de conhecimento tcnico-cientfico da atividade de rochas ornamentais, obtida tanto no mbito da academia ou outras instituies de pesquisa, quanto pelas empresas ou instituies governamentais. Igualmente, as questes mercadolgicas e de treinamento foram contempladas, inclusive com uma mesa redonda e um curso voltado especialmente para o especificador de Rochas Ornamentais. Toda esta programao tcnica foi finalizada com uma excurso ao distrito produtor do Mrmore Bege Bahia, situado na parte centro norte do Estado, nos municpios de Ourolndia e Jacobina. Todo o trabalho de preparao e organizao dos eventos foi sustentado pela convico da Comisso Organizadora de que, ao seu final, seria oferecida mais uma contribuio consolidao do desenvolvimento econmico da indstria de Rochas Ornamentais do Brasil. Aproveitamos a oportunidade para agradecer o apoio da SIMAGRAM-BA e ABIROCHAS realizao deste evento. Parabenizamos a Comisso Organizadora pelo sucesso alcanado, os editores Adalberto de Figueirdo Ribeiro (COMIN/SICM) e Francisco Wilson Hollanda Vidal (CETEM/MCT)e todos os autores que tm seus trabalhos nesta publicao. Rio de Janeiro, Maro de 2002.Ruy Lima

Presidente da CBPMFernando Freitas Lins

Diretor do CETEM

SUMRIOAPRESENTAO

SESSES TCNICAS Situao e Perspectivas Brasileiras no Setor de Rochas Ornamentais e de Revestimento Cid Chiodi Filho.................................................................................................................................................. Caractersticas Tecnolgicas de Granitos Ornamentais: A Influncia da Mineralogia, Textura e Estrutura da Rocha. Dados Comparativos e Implicaes de Utilizao Antonio Carlos Artur, Ana Paula Meyer e Eberhard Wernick................................................................................................................ Principais Patologias Associadas ao Uso de Rochas Ornamentais Helmo Bagd Gama............................................................................................................................................................ Caracterizao do Fraturamento Prximo Lavra do Granito Santa Rosa. Irauuba/CE Irani Clezar Mattos............................................................................................................................................... Contribuio para o Estudo das Propriedades Petrofsicas do Granito Asa Branca e Rosa Iracema do Cear (Brasil) P. Figueiredo, L. Aires-Barros, J. R. Torquato, M. F. Bessa, M. A. B. Lima, A. H. M. Fernandes e P. Machaqueiro......................................................................................................... Caracterizao Tecnolgica de Rochas Ornamentais na Construo Civil: Estudo de Caso na Edificao do Tribunal de Justia de Pernambuco Ivo Pessato Paiva e Vanildo de Almeida Mendes......................................................................................................................................................... I - Microclima e Comportamento das Rochas em Monumentos: O Palcio da Bemposta P. Figueiredo, L. Aires-Barros e A. Flamb...................................................................................................... Correlao entre Caractersticas Petrogrficas e Propriedades Tecnolgicas de Granitos Ornamentais: Proposio de Equaes Matemticas Fabiano Cabaas Navarro e Antonio Carlos Artur.............................................................................................................................................................. Proposta de Metodologia para Avaliao de Desempenho de Produtos Qumicos Hidro-leoRepelentes Utilizados em Rochas Ornamentais Carla Gonzalez Galan, Eleno de Paula Rodrigues e Gilmar Silveira........................................................................................................................................... Anlise de Macios Cristalinos Empregando o Geo-Radar (GPR) Marco Antonio Barsottelli Botelho......................................................................................................................................................... Estudo do Elemento Abrasivo do Fio Diamantado na Lavra de Granitos do Estado do Cear Francisco W. Hollanda Vidal........................................................................................................................ Estudo de Caso sobre o Modelamento Informatizado da Lavra de Rochas Ornamentais Marcos Roberto Kalvelage, Aaro de Andrade Lima e Giorgio F. C. de Tomi......................................................... Avanos Tecnolgicos no Planejamento de Lavra para Rochas Ornamentais Renato Mastrella, Renata Stellin, Antonio Stellin Jr. e Giorgio F. C. de Tomi........................................................................... Abordagem Participativa na Gesto de Recursos Minerais: O Caso de Pedreiras de Rochas Ornamentais Carlos C. Peiter.................................................................................................................. Aproveitamento de Rejeitos de Pedreiras e Finos de Serrarias de Rochas Ornamentais Brasileiras Salvador Luiz Matos de Almeida e Ivan Falco Pontes......................................................... Uma Abordagem Tcnica e Ambiental sobre os Depsitos de Quartzitos no Estado da Paraba Antnio Pedro Ferreira Souza, Aaro de Andrade Lima, Tumkur Rajarao Gopimath e Hugo Cliger Santos Nadler............................................................................................................................................... Rochas Ornamentais do Cear Aproveitamento de Rejeitos da Pedreira Asa Branca em Santa Quitria-CE A. A. Cajaty, A. P. L. Costa, J. A. Nogueira Neto, C. U. V. Verssimo, T. J. S. Santos, M. A. B. Lima e F. W. H. Vidal...........................................................................................................................

02

13 20 24

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37 41

45

53 61 64 72 78 82 89

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Proposta para um Plano de Aes Integradas para o Setor de Rochas Ornamentais do Nordeste Francisco Diniz Bezerra............................................................................................................................ Insero dos Produtos Baianos no Mercado Internacional Ana Cristina Franco Magalhes.................................................................................................................................................... Balano Mineral de Rochas Ornamentais 1988 2000 Miguel Antonio Cedraz Nery e Emanuel Apolinrio da Silva........................................................................................................................................

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CURSOSQualificao de Rochas Ornamentais e para Revestimento de Edificaes: Caracterizao Tecnolgica e Ensaios de Alterabilidade Maria Heloisa B. de O. Frasc............................................ Processos de Assentamento de Rochas Ornamentais como Revestimentos Eleana Patta Flain.............................................................................................................................................................. O Uso das Rochas Ornamentais em Projetos Urbanos e Arquitetnicos Cesare Ferrari........................................................................................................................................................... 128 136 143

Sesses Tcnicas

I SBRO / II SRON 2001 Salvador-BA/Brasil

SITUAO E PERSPECTIVAS BRASILEIRAS NO SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO1 Cid Chiodi Filho Gelogo, consultor da ABIROCHAS Rua Baro de Studart, 2360 sala 406 Aldeota CEP 60.120-002 Fortaleza-CE Fone: (85)246-2600 Fax: (85)246-0262 E_mail: [email protected]

RESUMO Os materiais naturais de ornamentao e revestimento abrangem as rochas que podem ser extradas em blocos ou placas, cortadas em formas variadas e que tm suas faces beneficiadas atravs de esquadrejamento, polimento, lustro, apicoamento e flameamento. As principais rochas utilizadas para ornamentao e revestimento de edificaes incluem mrmores, travertinos, granitos, ardsias, quartzitos, serpentinitos, basaltos, pedra sabo, etc. No ano 2000, de uma produo mundial estimada em 60 milhes t/ano, desdobrou-se cerca de 650 milhes m2 de chapas, dos quais as rochas carbonticas (mrmores, travertinos) e serpentinitos perfizeram 58%, as rochas silicticas (granitos, quartzitos, basaltos) 36% e as ardsias 6%. Cerca de 23 milhes t/ano de rochas brutas e beneficiadas foram comercializadas no mercado internacional em 2000. Somando-se as transaes do mercado internacional e dos mercados internos dos pases produtores, bem como a comercializao de mquinas, equipamentos, insumos e servios, estima-se que o setor de rochas ornamentais e de revestimento movimente US$ 40 bilhes/ano. O Brasil um dos grandes produtores e exportadores mundiais de rochas ornamentais e de revestimento. Sua produo totaliza 5,2 milhes t/ano, abrangendo 500 variedades comerciais, sobretudo de granitos. As exportaes brasileiras de 2000 atingiram US$ 271,5 milhes, correspondentes a 1,1 milho de toneladas. As importaes brasileiras de rochas em 2000 somaram US$ 21, 9 milhes, 80% das quais referentes a produtos de mrmores e travertinos originados principalmente da Itlia, Espanha e Grcia. O consumo interno aparente de rochas ornamentais e de revestimento no Brasil estimado em 50 milhes m2/ano, equivalentes a 25 kg per capita. Cerca de 80% da produo, beneficiamento, consumo interno, importaes e exportaes do Brasil so devidos regio sudeste. O Estado do Esprito Santo, seguido por Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro, representam os principais arranjos produtivos de lavra e beneficiamento do setor. Estima-se a existncia de 10.000 empresas do setor atuantes no Brasil, responsveis pela agregao de 105.000 empregos diretos. As transaes comerciais nos mercados

interno e externo, incluindo-se negcios com mquinas e insumos, movimentam mais de US$ 2 bilhes/ano. No mercado mundial, em 2000, o Brasil colocou-se como 6. maior exportador de rochas em volume fsico, como 4. maior exportador de granitos brutos, como 8. maior exportador de rochas processadas especiais e, junto com a China, como 2. maior exportador de ardsias. Mantendo-se crescimento de 15% ao ano, projeta-se patamares de US$ 355 milhes em 2002 e de US$ 618 milhes em 2006, para as exportaes brasileiras de rochas. No se vislumbra uma perspectiva concreta de atendimento ou ampliao das metas de exportao projetadas, a partir das condies tributrias, de acesso crdito e acesso tecnologia vigentes para as pequenas e mdias empresas no Brasil. CENRIO MUNDIAL A produo mundial noticiada de rochas ornamentais e de revestimento de aproximadamente 60 milhes t/ano, tendo evoludo de um patamar de apenas 1,5 milhes de t/ano na dcada de 20. Estima-se que os negcios do setor movimentem pelo menos US$ 40 bilhes/ano, colocando-se 23 milhes t em rochas brutas e processadas no mercado internacional. Cerca de 70% da produo mundial transformada em chapas e ladrilhos para revestimentos, 15% desdobrada em peas para arte funerria, 10% para obras estruturais e 5% para outros campos de aplicaes. O consumo de rochas 2 estimado em 650 milhes de m /ano, sendo os produtos cermicos, com um consumo de 4 bilhes de m2/ano, seus principais concorrentes na construo civil.Produo Mundial de Rochas Ornamentais e de Revestimento: Perfil Histrico Rochas Carbonticas 1.000 t 1926 1976 1986 1996 1.175 13.600 13.130 26.450 27.650 29.400 31.300 34.500 % 65,6 76,4 60,5 56,9 55,8 57,6 57,4 57,8 Rochas Silicticas 1.000 t 175 3.400 7.385 17.625 19.350 19.000 20.350 21.700 % 9,8 19,1 34,0 37,9 39,1 37,3 37,3 36,3 Ardsias 1.000 t 440 800 1.195 2.425 2.500 2.600 2.850 3.450 % 24,6 4,5 5,5 5,2 5,1 5,1 5,3 5,9 Total 1.000 t 1.790 17.800 21.710 46.500 49.500 51.000 54.500 59.650

1

Extrado, com modificaes e atualizaes, do documento Rochas Ornamentais no Sculo XXI Bases para uma Poltica de Desenvolvimento Sustentado das Exportaes Brasileiras, elaborado pelo Centro de Tecnologia Mineral CETEM para a Associao Brasileira das Indstrias de Rochas Ornamentais ABIROCHAS em 2001.

1997 1998 1999 2000

Fonte: MONTANI, Carlo. STONE 2001; Repertorio Economico Mondiale.

2

Cid Chiodi Filho

Exportaes Mundiais de Rochas Ornamentais e de Revestimento 10000 8000 6000 4000 2000 0 RCB (25.15) RSB (25.16) RPS (68.01) RPE (68.02) RCB (25.15) RSB (25.16) RPS (68.01) RPE (68.02) Ardsias (68.03)

1.000 t

1994 1995 1996 1998 1999 2000 1390 1396 1533 2073 2319 3071 6356 6024 6562 6785 7853 7754 1727 1903 2278 2142 2484 2995 5029 5606 6267 6866 7214 7845 644 700 815 890 1086

Ardsias (68.03) 581

Fonte: MONTANI, Carlo. STONE 2001; Repertorio Economico Mondiale. RCB rochas carbonticas em bruto; RSB rochas silicticas em bruto; RPS rochas processadas simples; RPE rochas processadas especiais.

As projees de consumo/produo e exportaes mundiais indicam a manuteno da tendncia de crescimento do mercado internacional. Por exemplo, para 2025, projeta-se a quintuplicao do consumo mundial e transaes internacionais de 2,1 bilhes de m2 equivalentes/ano. CARACTERIZAO COMERCIAL Do ponto de vista comercial, as rochas ornamentais e de revestimento so basicamente classificadas em granitos e mrmores, que perfazem cerca de 90% da produo mundial. Ardsias, quartzitos, pedra sabo, serpentinitos, basaltos, conglomerados naturais, tambm se destacam setorialmente. A mdia dos preos internacionais para blocos de mrmores e granitos, situa-se entre US$ 400 e 1.200/m3, enquanto que o preo mdio do material beneficiado varia de US$ 30 a 60/m2. O padro cromtico o principal atributo considerado para qualificao comercial de uma rocha. Como materiais dimensionais, portanto aproveitados em volume, as rochas ornamentais e de revestimento tm valor comercial muito significativo frente a outras matrias primas minerais. O quadro comparativo do seu valor em peso relativamente aos minrios de ferro e ouro, que constituem commodities minerais bastante conhecidos e importantes na pauta brasileira de produo e exportao, apresentado abaixo e permite ilustrar a questo:

Ferro (1) US$ 22/tonelada

Ouro (2) US$ 93/tonelada

Rochas Ornamentais (3) US$ 185/tonelada

(1) Valor base do minrio US$ 22/t. (2) Valor base de US$ 9,3/g, em minrio com teor de 10 g/t. 3 (3) Valor mdio de US$ 500/m no mercado internacional, 3 atribuindo-se densidade de 2,7 t/m .

Observando-se a mdia de preos das rochas ornamentais e de revestimento nos mercados interno e externo, refere-se que o ndice de agregao de valor na venda de blocos equivalente a trs vezes o seu custo de produo. Cada metro cbico de rocha desdobra de 32 a 35 m2 de chapas, permitindo gerar cerca de R$ 3.200 em produtos acabados no mercado interno, ou US$ 3,000 no mercado externo. DESTAQUES DO MERCADO INTERNACIONAL Mundialmente, a Itlia um dos principais players do setor, colocando-se entre os maiores produtores, como maior importadora de material bruto, maior consumidora per capita e maior exportadora de tecnologia, tendo sido responsvel em 2000 por 31,5% em peso das transaes de rochas processadas especiais e 48% em peso das transaes de mquinas e equipamentos, no mercado internacional. Os EUA, seguidos do Japo, so por sua vez os principais importadores de produtos acabados, tendo respondido por 32,4% em peso das transaes 3

I SBRO / II SRON 2001 Salvador-BA/Brasil

mundiais em 1999. A China a maior importadora de mquinas e equipamentos, tendo absorvido 11,4% em peso do total comercializado no mercado internacional em 2000. Dentre os doze principais pases produtores, oito pertencem ao grupo dos principais consumidores e nove ao dos principais exportadores de rochas processadas, atestando a forte ligao entre mercado interno, produo e volume de negcios. A Itlia, Espanha, Japo, Alemanha, EUA e Frana foram responsveis por 38,2% do consumo mundial noticiado em 2000. A participao brasileira no mercado internacional de rochas processadas ainda limitada e est bastante aqum da posio da China e ndia, nossos principais concorrentes. Observou-se uma queda acentuada de participao da Itlia com o comrcio de rochas processadas, sobretudo devido ao crescimento da ndia e particularmente da China no mercado asitico, ao longo da dcada de 90. A Itlia ainda se destaca no entanto como origem da maior parte dos principais fluxos comerciais de rochas processadas especiais. A China respondeu, com o Japo, pelo maior fluxo comercial de rochas processadas, em peso, do ano de 2000. O principal fluxo comercial brasileiro de rochas processadas, excluindo-se as posies 68.01 e 68.03, a mantido com os EUA e situou-se na 7 . posio do ranking mundial em 2000.

Participao Relativa no Mercado Internacional de Rochas Processadas 80 % em Peso 60 40 20 0 Itlia China India Brasil 1989 64,3 3,8 0,3 0,3 1993 45,8 11,1 3 0,7 2000 31,5 29,3 4 2,1

Fonte: Stone, 2000 e2001.

Maiores Exportadores Mundiais em Volume Fsico - 2000 (1.000 t)4095 5000 4000 3000 2000 1000 0 3635

2307

2028

1217

1084

960

658

522

519

455

411

340 Finlndia

Blg/Lux

Espanha

Portugal

Africa do Sul

Alemanha

Canad

Polnia

Brasil

339 Outros

,

India

Fonte: MONTANI, Carlo. STONE 2001; Repertorio Economico Mondiale.

4

Turquia

Crocia

China

Itlia

4181

Cid Chiodi Filho

SITUAO BRASILEIRA Quadro Setorial O quadro setorial brasileiro pode ser ilustrado pela produo de 500 variedades comerciais de rochas, entre granitos, mrmores, ardsias, quartzitos, travertinos, pedra sabo, basaltos, serpentinitos, conglomerados, pedra talco e materiais do tipo pedra Miracema, pedra Cariri e pedra Mourisca, derivadas de quase 1.300 frentes de lavra. Os granitos perfazem cerca de 60% da produo brasileira, enquanto 20% so relativos a mrmores e travertinos e quase 8% a ardsias.

O setor brasileiro de rochas ornamentais movimenta cerca de US$ 2,1 bilhes/ano, incluindose a comercializao nos mercados interno e externo e as transaes com mquinas, equipamentos, insumos, materiais de consumo e servios, gerando cerca de 105 mil empregos diretos em aproximadamente 10.000 empresas. O mercado interno responsvel por 80% das transaes comerciais e as marmorarias representam 65% do universo das empresas do setor. O desdobramento dos blocos de rochas ornamentais no Brasil se d principalmente atravs da utilizao de teares. O parque de beneficiamento opera com quase 1.600 teares, e tem capacidade de 2 serragem estimada em 40 milhes de m /ano.

Valor Estimado das Transaes Comerciais do Setor no Brasil 2000 R$ milhes Exportaes Importaes Mercado Interno Mquinas, Insumos e Servios Total 502,27 40,57 3.285,00 100,00 3.927,84 US$ milhes 271,54 21,93 1.775,67 54,05 2.123,19

( Base US$ 1,00 = R$ 1,85)

Principais Fluxos Com erciais de Rochas Processadas Especiais (1.000 t) Posio 68.02 - 2000 1200 1000 800 600 400 200 Itlia EUA China Japo 0 Itlia Ar. Saudita 560 459 390 288 225 175 669 1085

112 ndia EUA

112 Brasil EUA

106 Mxico EUA China Outros Itlia Outros

Fonte: MONTANI, Carlo. STONE 2001; Repertorio Economico Mondiale.

China Coria Sul

Itlia Alemanha

5

Canad EUA

I SBRO / II SRON 2001 Salvador-BA/Brasil

Produo A produo brasileira de rochas totaliza 5,2 milhes de toneladas/ano. Os estados do Esprito Santo, Minas Gerais e Bahia respondem por 80% da produo nacional. O estado do Esprito Santo o principal produtor, com 47% do total brasileiro. O estado de Minas Gerais o segundo maior produtor e responde pela maior diversidade de rochas extradas.Quadro de Produo de Rochas no Brasil - 2000 Tipo de Rocha Granitos Mrmores Ardsias Quartzitos Foliados Pedra Miracema Quartzitos Macios Pedra Cariri Arenitos Basaltos Pedra Sabo / Serpentinito Pedra Morisca Outras Total Quantidade (t) 2.964.280 959.800 450.000 281.000 182.000 63.700 60.000 49.000 39.120 38.500 3.600 137.600 5.228.600 Participao (%) 56,7 18,3 8,6 5,4 3,5 1,2 1,1 0,9 0,7 0,7 0,07 2,6 100

Exportaes Considerando-se as 26 NCMs discriminadas no presente trabalho, para enquadramento das rochas ornamentais e de revestimento, as exportaes brasileiras de 2000 atingiram US$ 271,54 milhes e 1,1 milho de toneladas, com variao positiva de respectivamente 16,8% e 12% em relao a 1999. A falta de especificidade das NCMs utilizadas pelo setor deixa dvidas quanto verdadeira natureza do material considerado, impondo dificuldades para clculos quantitativos e avaliaes qualitativas das exportaes brasileiras. As rochas processadas representaram 25,3% em peso e 56,5% em valor dessas exportaes em 2000, evidenciando os maiores ndices de crescimento em relao a 1999. No ano de 1999, cerca de 71% das exportaes de rochas processadas, em valor, foram destinadas aos EUA, enquanto que para a Itlia foram remetidos 40% em peso das exportaes de rochas brutas, caracterizando uma concentrao muito elevada de vendas para esses dois mercados. Destaca-se um aumento contnuo das exportaes brasileiras durante toda a dcada de 90. A barreira dos US$ 100 milhes foi ultrapassada em 1993 e a dos US$ 200 milhes atingida em 1997. A tendncia registrada a partir de 1996, mostra recuo das exportaes de rochas silicticas em bruto e pequena expresso das rochas carbonticas em bruto.

Relao de NCMs Utilizadas para Enquadramento das ExportaesTIPOLOGIA NCM 6802.10.00 6802.21.00 6802.22.00 6802.23.00 6802.29.00 6802.92.00 ROCHAS PROCESSADAS (RP) 6802.99.10 6802.99.90 6803.00.00 6801.00.00 2514.00.00 2526.10.00 6815.99.90 2506.21.00 6802.93.10 6802.93.90 ROCHAS SILICTICAS EM BRUTO (RSB) 2516.12.00 2516.11.00 2516.21.00 2516.22.00 2516.90.00 6802.91.00 ROCHAS CARBONTICAS EM BRUTO (RCB) 2515.11.00 2515.12.10 2515.20.00 2515.12.20 DENOMINAO Ladrilhos de pedra natural/serrada superficialmente Chapas de mrmores e travertinos Pedras calcrias talhadas Granito talhado ou serrado Pedras de cantaria Pedras calcrias trabalhadas Esferas p/ moinho de outras pedras de cantaria Pedras de cantaria, trabalhadas Ardsia natural, trabalhada Pedra p/ calcetar meio-fio e placa p/ pavimentao Ardsias incluindo desbastadas Esteatita natural, no triturada nem em p Obras de pedras ou de outros materiais Quartzitos em bruto ou desbastados Esferas para moinho, de granito Granitos trabalhados Granito cortado em blocos ou placas Granito em bruto ou desbastado Arenito em bruto ou desbastado Arenito cortado em blocos ou placas Pedras de cantaria ou de construo Mrmore, travertinos, etc. Travertinos em bruto ou desbastados Mrmores cortados em blocos ou placas Granitos belgas Travertinos cortados em blocos ou placas

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Cid Chiodi Filho

No ano 2000, o Brasil teve participao de 0,1% nas exportaes mundiais de rochas carbonticas brutas (posio 25.15), de 10,4% nas de rochas silicticas brutas (posio 25.16), de 1,3% nas de rochas processadas simples (posio 68.01), de 2,1% nas de rochas processadas especiais (posio 68.02) e 6,4% nas de ardsias (posio 68.03), compondo 4,8% do volume fsico do intercmbio mundial.

foliados, bem como a participao de pedra sabo e serpentinitos nas exportaes. Tais materiais, caracterizados pela produo e beneficiamento regionalizados, j representaram 13,6% em valor e 10,4% em peso das exportaes brasileiras de rochas no ano 2000. As exportaes do Esprito Santo, Minas Gerais e Bahia, que so os principais estados produtores, totalizaram cerca de US$ 210 milhes em 2000. O Esprito Santo consolidou sua posio de principal produtor e exportador, respondendo no ano de 2000 por 44%, em peso e valor, do total das exportaes brasileiras. O Rio de Janeiro teve um dos mais expressivos crescimentos de exportao de rochas processadas. So declinantes desde 1998, em peso e valor, as exportaes totais e sobretudo de rochas granticas de Minas Gerais, que tm seus negcios centrados na venda de blocos para grandes compradores italianos. Esta queda foi atenuada pelo expressivo crescimento das ardsias e quartzitos foliados, que em 2000 j representaram 47,9% em valor das exportaes mineiras de rochas.

Evoluo das Exportaes Brasileiras (US$ mil) 300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 0 RSB RCB RP

1996 98.509 2.250 56.525

1997 1.324 74.735

1998 1.131 92.372

1999 1.328

2000 1.482

122.219 116.983 115.245 116.765 115.884 153.292

TOTAL 157.284 198.278 210.486 232.457 271.539

Situao menos aguda, porm semelhante, observada para a Bahia, cujas exportaes foram ultrapassadas pelo Rio de Janeiro em 2000. A questo da agregao de valor dos produtos beneficiados pode ser aqui exemplificada, pois em peso o Rio de Janeiro exportou 32% do total da Bahia, enquanto em valor as exportaes cariocas

Principais Destinos das Exportaes Brasileiras ( US$ milhes) - 1999 80 70 60 50 23.5 40 30 20 10 Blgica Espanha Itlia EUA 0 19.6 9.0 6.6 4.7 4.4 3.2 3.9 3.4 2.8 2.3 Pases Baixos Hong Kong Alemanha Canad Frana 2.2 Outros Taiwan Japp

78.2 57.0

11.7

Esse desempenho posicionou o Brasil como 6 maior exportador mundial de rochas em volume fsico, atrs da Itlia, China, ndia, Espanha e Portugal e frente da frica do Sul, Turquia, Coria do Sul, Grcia, Finlndia e Alemanha. Quanto s exportaes de granitos brutos, o Brasil colocou-se em 4 lugar, atrs da ndia, frica do Sul e China, situando-se em 8 lugar das exportaes mundiais de rochas processadas e, junto com a China, como 2 maior exportador de ardsias. Observou-se expressivo crescimento das exportaes brasileiras de ardsias e quartzitos 7

foram 5% maiores que as baianas. O melhor desempenho do Esprito Santo e do Rio de Janeiro com exportao de rochas granticas processadas, bem como de Minas Gerais com ardsias e quartzitos foliados, est lastreado na existncia de parques industriais de beneficiamento e em uma base de competitividade firmada para produtos acabados/semi-acabados no mercado interno. Tais atributos acabaram por viabilizar at o incremento das exportaes de blocos de granito, agora no controladas por grandes contratos de exclusividade, pelo estado do Esprito Santo.

Argentina

Austrlia

China

I SBRO / II SRON 2001 Salvador-BA/Brasil

O nmero total de empresas exportadoras cresceu de 332 em 1997 para 508 no ano 2000, destacando-se o incremento daquelas que operam pelos cdigos de rochas processadas. Os incrementos mais expressivos referem-se aos cdigos 6802.23.00 (chapas de granito) e 6803.00.00 (ardsias trabalhadas).

Avaliando-se o perfil de distribuio das empresas exportadoras no Brasil, observa-se forte concentrao na regio sudeste e um ntido processo de interiorizao do setor. Os incrementos mais significativos do nmero de empresas exportadoras, de 1997 para 2000, ocorreram no Esprito Santo (86 para 154), So Paulo (38 para 86), Santa Catarina (3 para 11) e Paran (12 para 25).

Principais Estados Exportadores de Rochas Ornamentais e de Revestimento Ano 2000Minas Gerais NBM/NCM 2506.21.00 2515.11.00 2515.12.10 2515.12.20 2515.20.00 2516.11.00 2516.12.00 2516.21.00 2516.22.00 2516.90.00 6801.00.00 6802.10.00 6802.21.00 6802.22.00 6802.23.00 6802.29.00 6802.91.00 6802.92.00 6802.93.10 6802.93.90 6802.99.10 6802.99.90 6803.00.00 2514.00.00 2526.10.00 6815.99.90 TOTAL Variao % 453,33 24.684,74 1.796,90 126,32 11,83 73.423,23 -2,5% 1.385,85 66.287,04 3.419,32 488,51 6,90 352.806,51 -9,23% 116.055,02 +37,1% 0,65 487.701,02 20.921,92 +36,7% +9,5% 0,30 308,83 104,77 0,19 33,40 4,00 0,02 55,86 22,00 2,25 14,15 0,91 93,56 52,38 25,20 332,91 426,93 22.682,76 151.455,75 39.646,75 274.800,25 641,34 2.978,12 612,71 4.146,33 2,13 1.132,12 2.795,80 69,09 3,54 1.870,14 5.572,42 289,34 827,50 4.252,62 61.061,80 89.503,30 2.278,92 11,14 56,31 2.512,29 19.959,89 26.671,46 26,40 838,30 82,12 298,70 42,05 8.313,73 43,46 243,26 35.417,61 55,66 90,82 157,74 120,25 328,76 4,23 12,00 114,60 22,89 16,87 509,15 17,86 61,99 25,04 10.801,74 1.519,02 83.693,96 290,16 13.537,83 1.767,42 12.223,30 115.379,47 2.074,80 85.178,30 16.398,37 379,10 381,72 3.181,06 1.165,87 48,73 316,16 US$ mil 393,46 Ton 782,03 Esprito Santo US$ mil 211,00 10,85 182,98 Ton 273,77 88,51 1.108,79 Bahia US$ mil 3.620,60 7,14 1,24 Ton 6.892,73 73,57 36,56 11,27 120,42 Rio de Janeiro US$ mil Ton

114.961,09 22.036,85 36.957,88 +2,4% +30,3% +52,5%

Fonte: SECEX/DECEX

8

Cid Chiodi Filho

Rochas Carbonticas Brutas

Evoluo do Nmero de Empresas Exportadoras de Rochas pelos cdigos da Nomenclatura Comum do Mercosul - NCM TIPO NCM DENOMINAO 1997 1998 1999 2000 6802.10.00 Ladrilhos de pedra natural/serrada superficialmente 1 5 3 6802.21.00 Chapas de mrmores e travertinos 7 13 11 11 6802.22.00 Pedras calcrias talhadas 2 3 2 6802.23.00 Granito talhado ou serrado 68 89 130 171 6802.29.00 Pedras de cantaria 6 8 7 11 6802.92.00 Pedras calcrias trabalhadas 1 1 6802.99.10 Esferas p/ moinho de outras pedras de cantaria 1 1 6802.99.90 Pedras de cantaria, trabalhadas 19 20 13 21 6803.00.00 Ardsia natural, trabalhada 34 45 44 60 6801.00.00 Pedra p/ calcetar meio-fio e placa p/ pavimentao 22 23 28 24 2514.00.00 Ardsias incluindo desbastadas 2 8 13 13 2526.10.00 Esteatita natural, no triturada nem em p 1 1 4 4 6815.99.90 Obras de pedras ou de outros materiais 22 17 12 18 Subtotal Rochas Processadas 184 233 264 339 2506.21.00 Quartzitos em bruto ou desbastados 9 6 9 16 6802.93.10 Esferas para moinho, de granito 22 2 1 6802.93.90 Granitos trabalhados 94 125 116 96 2516.12.00 Granito cortado em blocos ou placas 12 7 17 21 2516.11.00 Granito em bruto ou desbastado 5 3 13 32 2516.21.00 Arenito em bruto ou desbastado 1 1 2516.22.00 Arenito cortado em blocos ou placas 2 1 2 1 2516.90.00 Pedras de cantaria ou de construo 3 4 Subtotal Rochas Silicticas Brutas 145 144 162 170 6802.91.00 Mrmore, travertinos, etc. 13 9 10 9 2515.11.00 Travertinos em bruto ou desbastados 1 3 5 3 2515.12.10 Mrmores cortados em blocos ou placas 9 3 8 9 2515.20.00 Granitos belgas 1 4 2 2515.12.20 Travertinos cortados em blocos ou placas Rochas Processadas Subtotal Rochas Carbonticas Brutas Total Geral* 23 352 16 393 27 453 23 532

(*) Inclui repeties de empresas que exportam por mais de uma posio da NCM (o nmero efetivo de empresas exportadoras foi de 332 em 1997, 371 em 1998, 433 em 1999 e 508 em 2000).

Rochas Silicticas Brutas

Distribuio das Empresas Exportadoras de Rochas no Brasil Unidades da Federao 1997 1998 1999 1 1 2 Alagoas 35 30 26 Bahia 12 8 3 Cear 86 104 123 Esprito Santo Minas Gerais 73 76 86 Mato Grosso do Sul 5 8 4 Par 2 2 1 Pernambuco 11 9 10 Paran 12 16 21 Rio de Janeiro 37 40 43 Rio Grande do Sul 17 16 22 Santa Catarina 3 5 6 So Paulo 38 51 73 Distrito Federal 2 1 Mato Grosso 1 1 Paraba 1 1 Rondnia 1 2 5 Acre 2 Gois 1 Piau Amazonas Rio Grande do Norte Total 332 371 433

2000 3 35 5 154 86 9 3 10 25 45 24 11 86 1 1 3 1 1 2 1 1 1 508

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I SBRO / II SRON 2001 Salvador-BA/Brasil

Nas exportaes brasileiras de rochas no ano 2000, registrou-se incremento de 16,8% em valor e 12% em peso frente a 1999, observando-se crescimento de 5,9% na participao em peso das rochas processadas no total exportado. Pelos ndices de crescimento atingidos no volume fsico e na participao em peso de rochas processadas, as exportaes de 2000 deveriam ter de fato totalizado US$ 289,6 milhes, isto se fosse mantida a base de preos de 1999. Tal discrepncia justificada por uma desvalorizao de 6,44% nos produtos exportados em 2000. A desvalorizao dos produtos brasileiros atribuda busca de competitividade no mercado internacional, sobretudo frente a pases que, como China e ndia, tm mantido uma agressiva poltica de adequao de preos em suas exportaes. Aventase nesse cenrio, um processo complementar de desvalorizao de at 15 a 20% ao longo dos prximos cinco anos, quando se espera que ocorra estabilizao de preos no mercado internacional de rochas para ornamentao e revestimento. Importaes No ano 2000, as importaes brasileiras totalizaram US$ 21,9 milhes e registraram queda de 10,0% em relao a 1999, invertendo-se uma tendncia forte de incremento ao longo de toda a dcada de 1990. A grande maioria das importaes refere-se a chapas de mrmores e travertinos, sobretudo provenientes da Itlia, Espanha e Grcia. O crescimento da importao na dcada de 1990 foi decorrente da queda das alquotas do imposto de importao, suprindo uma deficincia de atendimento para o mercado imobilirio de alto padro. As quedas registradas em 1999 e 2000 foram decorrentes da desvalorizao cambial promovida no incio do ano de 1999.

kg/ano de mrmores e granitos. Se for no entanto considerada a produo real de blocos de mrmore e granito estimada neste trabalho, bem como a das demais variedades de rochas exploradas no Brasil, o consumo interno atinge cerca de 50 milhes m2/ano, equivalentes a 25 kg per capita. CONCLUSES Projetando-se um crescimento anual de 15% em valor para as exportaes brasileiras, compatvel taxa mdia dos ltimos 3 anos e portanto factvel para os prximos 3 anos, seria atingido um patamar de US$ 355 milhes em 2002 e de US$ 618 milhes em 2006. No ano 2000, as exportaes brasileiras sofreram um incremento de 12% em peso e de 5,9% na participao percentual em peso de rochas processadas no total exportado, traduzindo o referido crescimento de 16,8% em valor sobre 1999. Com base em uma simulao compatvel performance do ano 2000, que admite incremento de 10% ao ano em peso das exportaes, alm de incremento de 5% ao ano de participao percentual em peso de rochas processadas no total exportado, as exportaes brasileiras atingiriam faturamento de US$ 750 milhes no ano de 2006; isto representaria a duplicao em peso e a triplicao em valor das exportaes brasileiras. Se for admitido incremento de 10% ao ano de participao percentual em peso de rochas processadas no total exportado, teramos a mesma duplicao em peso porm quadruplicao em valor das exportaes, atingindo-se US$ 1 bilho no ano de 2006. Estudos recentes do Banco Mundial mostram que a cada US$ bilho exportado gera-se de 50 mil a 70 mil empregos. Considerando-se a projeo de 15% de incremento anual das exportaes do setor de rochas, pode-se assim estimar a gerao de no mnimo 17,5 mil a 24,5 mil empregos at o ano 2006. Segundo outras simulaes, que prevem crescimento mais acentuado e possvel de participao de rochas processadas nas exportaes, o setor poder gerar at 54,1 mil empregos no mesmo perodo. A partir de simulaes de demanda para o parque industrial, elaboradas atravs das projees de exportao e consumo no mercado interno, vislumbra-se a necessidade de agregao de no mnimo 560 novos teares, 190 novas politrizes e 50 novos talha-blocos, at o ano 2006. O atendimento das demandas necessrias para atualizao do parque industrial, prev investimentos de no mnimo US$ 1 bilho at 2015. A indstria de bens de capital, instalada no Brasil, no tem capacidade de atendimento da demanda projetada. Objetivando-se o atendimento da demanda projetada de serragem para 2015, ser necessrio atingir uma produo primria de blocos da ordem de 14 milhes t/ano, o que representa um incremento de 3,5 vezes a atual produo. Considerando-se um universo estabilizado de 1.000 pedreiras ativas no Brasil, seriam necessrios investimentos de converso da atual produo primria mdia de 150 m3/ms por pedreira, para cerca de 500 m3/ms, o que representa investimentos em bens de capital de 10

Evoluo das Importaes Brasileiras de Rochas Ornamentais 40 US$ milhes 30 20 10 0 Valor 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 6.8 16.8 21.6 28.5 32.4 24.3 21.9

Consumo Interno O consumo interno aparente de blocos de mrmore e granito, segundo dados oficiais do Sumrio Mineral Brasileiro, foi de 1,67 milhes de toneladas no ano de 1999, com crescimento 19,7% em relao a 1998. Esses valores de 1999 seriam equivalentes a 18,3 milhes de m2/ano e corresponderiam a 3,5% do consumo mundial de chapas, traduzindo um consumo per capita de 7 a 8

Cid Chiodi Filho

cerca de US$ 350 mil por pedreira at 2015, totalizando-se US$ 350 milhes. O parque industrial brasileiro de beneficiamento encontra-se tecnologicamente defasado, sobretudo pela antigidade das mquinas e equipamentos em operao. A modernizao desse parque industrial poder ser viabilizada tanto atravs da adequao/automao das mquinas e equipamentos j instalados e com at 10 anos de uso, quanto sobretudo atravs da aquisio de bens de capital nacionais e importados tecnologicamente atualizados. Deve-se mencionar que a maior parte dos teares em operao no Brasil tem mais de 10 anos de atividade e no incorporaram equipamentos perifricos que otimizariam sua produtividade. Podese neste sentido destacar a importncia de acoplamento de dosadores de cal, recuperadores de granalha, ajustadores automticos de biela, tensionadores hidrulicos de lmina e controles automticos de cala. O fortalecimento do mercado interno, considerado bsico para o desenvolvimento das exportaes de produtos acabados e servios, exige investimentos para modernizao das marmorarias, destacando-se que, exceo feita s fresa-pontes, inexiste produo brasileira de mquinas para acabamento. RECOMENDAES A curto prazo, tendo em vista maior competitividade frente a China e ndia no mercado internacional, enfatiza-se a necessidade de aquisio de bens de capital especficos, importados sem barreiras tarifrias, para a modernizao do parque industrial brasileiro de serragem e polimento. Reiterase a necessidade de adequao das linhas de crdito e uma ampla reformulao das bases tributrias, pois o setor de rochas ornamentais e de revestimento constitudo por pequenas e mdias empresas, atualmente alijadas dos recursos disponveis e com sua competitividade prejudicada pelos impostos e taxas vigentes. A curto e mdio prazos aponta-se como relevantes: a modernizao das marmorarias, como base para o fortalecimento do mercado interno e exportao de produtos acabados e servios; a capacitao tecnolgica da indstria brasileira de mquinas e equipamentos, visando sua adequao qualitativa e quantitativa de atendimento dos mercados interno e externo; e, a qualificao dos insumos e materiais de consumo do beneficiamento, para otimizao da serragem e polimento de chapas e lajotas. A mdio e longo prazos aponta-se a necessidade de utilizao de teares, politrizes e talhablocos mais produtivos que os atuais, para adequao do parque industrial brasileiro e atendimento da demanda projetada nos mercados interno e externo. As projees de incremento de material serrado e o nmero crescente de teares e talha-blocos necessrio para tal, leva a concluir pela 11

necessidade de modificao do atual tecnolgico de mquinas e equipamentos.

perfil

Uma das questes de maior interesse para o desenvolvimento do setor diz respeito articulao dos arranjos regionais de negcios mnero-industriais (clusters), atravs da caracterizao do perfil do mercado consumidor, da formulao de bases para criao de cooperativas de produtores/beneficiadores, da montagem de consrcios de exportao, da composio de centrais de matrias primas e centrais de beneficiamento e, da capacitao de centros de pesquisa para estudos de aproveitamento industrial de resduos, caracterizao tecnolgica e diversificao de produtos comerciais, certificao de origem das rochas e aprimoramento de insumos. Conclui-se destacando no ser possvel dissociar o desenvolvimento do setor, da capacitao tecnolgica da indstria brasileira de mquinas, equipamentos e insumos, para lavra, beneficiamento e acabamento de rochas. Destaca-se ainda que o incremento consistente das exportaes de rochas processadas e servios ser, em grande medida, decorrncia do fortalecimento setorial no mercado interno. No se vislumbra uma perspectiva concreta de atendimento ou ampliao das metas de exportao projetadas, a partir das condies vigentes para o setor no Brasil. COMENTRIOS ADICIONAIS Ao longo dos ltimos cinco anos registrou-se um crescimento mdio de 15% ao ano, em valor, das exportaes de rochas ornamentais brasileiras. Este crescimento foi muito significativo e alavancado pelas transaes de produtos processados de granitos, ardsias e quartzitos foliados. No ano 2000, as exportaes totais de rochas somaram US$ 271,5 milhes, o que representou incremento de 16,8% sobre 1999. As exportaes de rochas processadas em 2000 atingiram US$ 153,3 milhes, o que por sua vez representou 56,5% do total exportado e um incremento de 32,3% em valor sobre 1999. Projetava-se assim grande expectativa para 2001, estimando-se crescimento que poderia alcanar at 20% em valor sobre o ano 2000. Um conjunto inesperado de fatores adversos contrariou, no entanto, todas as projees para os mercados interno e externo, fazendo reverter as esperadas taxas de crescimento das transaes comerciais. No plano interno, contriburam para essa frustrao diversas questes extrnsecas ao setor de rochas, podendo-se mencionar a recorrncia da presso inflacionria, a alta taxa de desvalorizao cambial e a crise econmica da vizinha Argentina. Destaca-se sobretudo o racionamento de energia, determinado pelo governo federal, e a cobrana de IPI novamente imposta aos produtos do setor de rochas. No superao crescimento Europia e plano externo, concorreram a no da crise econmica japonesa, o pfio da economia dos pases da Unio a desacelerao do crescimento da

I SBRO / II SRON 2001 Salvador-BA/Brasil

economia norte-americana. A este quadro negativo somou-se o atentado perpetrado no World Trade Center de Nova York, no ltimo dia 11 de setembro. Ainda antes do atentado observava-se indicadores negativos, relacionados a fatores puramente econmicos do mercado internacional e evidenciados pela queda das taxas de crescimento das exportaes brasileiras de rochas. J no primeiro trimestre de 2001 registrou-se incremento de apenas 11,89% em valor sobre igual perodo do ano anterior, tendo-se anotado crescimento de 3,72% ao final do primeiro semestre e taxa negativa de 1,35% no perodo de janeiro/agosto. Especificamente para ardsias, na posio 6803.00.00, a taxa de crescimento recuou de 25,81% no primeiro trimestre, para 19,80% ao final do primeiro semestre de 2001. Na posio 6802.23.00, que agrega as principais exportaes de chapas de granito, a taxa de crescimento recuou de 20,40% no primeiro trimestre, para 9,96% ao final do primeiro semestre. O melhor desempenho foi registrado para a posio 6801.00.00, que abriga sobretudo quartzitos foliados do tipo So Tom, tendo-se mesmo assim assinalado recuo de 81,20% para 36,63% nas taxas de crescimento do primeiro trimestre e do primeiro semestre de 2001. As taxas de crescimento das exportaes de blocos de granito, pelas posies 2516.12.00 e 6802.93.90, foram baixas e at negativas j no primeiro trimestre de 2001, permanecendo a tendncia de queda ao final do primeiro semestre.

Considerando-se as atuais contingncias polticas e scio-econmicas dos EUA, para o qual foram remetidos 70% em valor das exportaes brasileiras de rochas processadas no ano 2000, pode-se projetar sazonalidade negativa at o final de 2001. Este quadro agravado pelo envolvimento direto ou indireto dos pases compradores do Oriente Mdio no conflito norte-americano, pois tais pases representariam novos destinos possveis para as exportaes brasileiras, alm dos mercados tradicionais da Europa, Amricas e sia. Outro desdobramento negativo do conflito norte-americano, para o setor de rochas, refere-se ao acirramento da concorrncia atravs dos preos, que tm constitudo uma prtica negativa, mas bem sucedida, da ndia e sobretudo da China no mercado internacional. Revelam-se assim verdadeiras as concluses do documento Rochas Ornamentais no Sculo XXI, elaborado pela ABIROCHAS como termo de referncia setorial, tanto em relao vulnerabilidade das exportaes brasileiras de rochas processadas, muito concentradas no mercado norteamericano, quanto necessidade de assumir maior competitividade frente a ndia e China, nossos principais concorrentes, no mercado internacional. Reitera-se a demanda por uma ao articulada entre a iniciativa privada e o poder pblico, para a superao das atuais dificuldades do setor brasileiro de rochas. Reafirma-se neste contexto a importncia dos programas institucionais de fomento, para os mercados interno e externo.

Rochas Ornamentais Exportaes Brasileiras no Primeiro Semestre de 2000 e de 2001, segundo MDIC/SECEX/DECEX/SEMIN Janeiro/Junho 2000 Janeiro/Junho 2001 Itens Variao % B/A (A) US$ % total (B) US$ % total NCM 2515.11.00 19.650 0,02 12.029 0,01 -38,78 Mrmore e travertino, brutos ou desbastados NCM 2515.12.10 119.428 0,10 157.723 0,12 32,07 Mrmore em blocos ou placas NCM 2515.12.20 0 10.085 0,01 Travertino em blocos ou placas NCM 2516.11.00 7.518.466 6,06 5.305.621 4,12 -29,43 Granito em bruto ou desbastado NCM 2516.12.00 13.482.221 10,86 12.580.457 9,77 -6,69 Granito em blocos ou placas NCM 6801.00.00 Pedra para calcetar meio-fio e placas para 4.627.728 3,73 6.322.931 4,91 36,63 pavimentao NCM 6802.21.00 82.075 0,07 188.779 0,15 130,01 Mrmore e travertino, talhados NCM 6802.23.00 52.700.381 42,45 57.949.262 45,00 9,96 Granito talhado ou serrado NCM 6802.91.00 0,33 424.432 0,33 3,54 Mrmore e travertino, trabalhados de outro 409.916 modo NCM 6802.93.10 0 0 Esferas para moinho, de granito NCM 6802.93.90 33.966.914 27,36 32.366.906 25,14 -4,71 Outros granitos trabalhados de outro modo NCM 6803.00.00 11.223.379 9,04 13.445.060 10,44 19,80 Ardsia natural trabalhada e obras de ardsia TOTAL DO SEGMENTO 124.150.158 100 128.763.285 100 3,72 Obs: O valor das exportaes pelas 11 posies de NCM, grafadas pelo MDCI/SECEX, perfaz cerca de 96% das exportaes totais pelas 26 posies que abrigam as rochas e seus produtos comerciais de ornamentao e revestimento.

12

Antonio Carlos Artur, Ana Paula Meyer e Eberhard Wernick CARACTERSTICAS TECNOLGICAS DE GRANITOS ORNAMENTAIS: A INFLUNCIA DA MINERALOGIA, TEXTURA E ESTRUTURA DA ROCHA. DADOS COMPARATIVOS E IMPLICAES DE UTILIZAO Antonio Carlos Artur , Ana Paula Meyer e Eberhard Wernick1 1 2 1

Depto. de Petrologia e Metalogia, Instituto de Geocincias e Cincias Exatas, Universidade Paulista UNESP, Caixa Postal 178, 13506-900, Rio Claro, SP Fone: (19)526-2824 - Fax: (19)524-9644 - E_mail: [email protected] 2 Curso de Ps-Graduao em Geocincias, Instituto de Geocincias e Cincias Exatas, Universidade Paulista - UNESP, Caixa Postal 178, 13506-900, Rio Claro, SP Fone: (19)526-2824 - Fax: (19)524-9644

RESUMO So confrontados dados mineralgicos, texturais e estruturais quantitativos com ensaios fsico-mecnicos (incluindo a velocidade de propagao de ondas ultra-snicas) de quatro tipos de granitos ornamentais do batlito Socorro (SP/MG). Foi constatada uma boa correlao entre os dois conjuntos de dados. Os resultados indicam: a importncia da anlise petrogrfica quantitativa; o grande poder de informao da velocidade de propagao de ondas ultra-snicas na caracterizao tecnolgica de rochas; e a eficincia da combinao destes dois aspectos (anlises no destrutivas de baixos custos) na estimativa preliminar das caractersticas fsico-mecnicas de rochas, o que recomenda a aplicao desta metodologia a rochas ornamentais antes de submet-las a ensaios destrutivos de alto custo. INTRODUO H longa data a prtica do tempo de cantaria desenvolveu a correlao qualitativa de feies macroscpicas das rochas trabalhadas com algumas de suas caractersticas tecnolgicas/estticas. A determinao das veias (ou corrida) da rocha para seu desmonte; a constatao de que granitos amarelados (uma cor de intemperismo) eram mais frgeis e porosos; que rochas levemente alteradas tinham um polimento mais rpido que suas equivalentes totalmente frescas; que cristais de pirita e magnetita em ardsias levam ao desenvolvimento de manchas ferruginosas nestas rochas aps alguns anos de utilizao como revestimento externo, so apenas alguns exemplos desta experincia acumulada. Estas correlaes foram aprofundadas com estudos petrogrficos, via microscpio, que permitem uma melhor caracterizao mineralgica das rochas, do seu grau de alterao, dos tipos de contatos interminerais, da intensidade do microfissuramento mineral, da disposio espacial dos minerais, etc. O aprofundamento destas observaes permitiu uma crescente avaliao qualitativa preliminar mais segura das principais caractersticas fsico-mecnicas da rocha estudada e sua susceptibilidade em relao aos agentes qumicos cada vez mais agressivos a que so submetidas cotidianamente (ar poludo, chuvas cidas, produtos de limpeza domsticos). A anlise petrogrfica est incorporada nas normas da ABNT de caracterizao tecnolgica de

rochas de revestimento. O maior empecilho para o aproveitamento prtico desta anlise so os poucos dados quantitativos dela emergentes, pois as anlises petrogrficas correntes, via de regra, se resumem a informaes qualitativas, de aplicao restrita. No presente trabalho os autores apresentam um estudo comparativo entre as principais caractersticas mineralgicas-texturais-estruturais quantitativas de diferentes granitos ornamentais do batlito Socorro (SP/MG) e seus ensaios tecnolgicos. O estudo visa chamar a ateno da importncia de determinados parmetros petrogrficos, de obteno simples, na avaliao preliminar das caractersticas fsico-mecnicas de rochas ornamentais e ressaltar, paralelamente, as importantes informaes oferecidas pela velocidade de propagao de ondas ultra-snicas. O BATLITO SOCORRO O batlito Socorro (Figura 1) situa-se na poro nordeste do Estado de So Paulo e reas contguas do Estado de Minas Gerais. Com uma rea de exposio de cerca de 2.200 km2 e forma alongada, ligeiramente retangular, com orientao geral NE-SW, corresponde a uma expressiva manifestao do magmatismo granitide brasiliano. Os contatos do batlito com suas encaixantes so predominantemente tectnicos, atravs de expressivas falhas de empurro de orientao NESW e vergncia para NW e de transcorrncia dextrais NE-SW e suas conjugadas N-S. Os mesmos tipos de falhas tambm cortam o batlito definindo no seu interior espessas zonas tectonizadas, onde granitos megaporfirticos so transformados em gnaisses ocelares. As rochas encaixantes esto representadas pelos grupos Amparo (grey gneisses do Arqueano, migmatizados no Proterozico Inferior e Superior), Itapira (metassedimentos e metavulcnicas do Proterozico Inferior que sofreram metamorfismo de mdio grau e migmatizao parcial no Proterozico Superior) e Pinhal (ortognaisses granticos migmatizados no Neoproterozico). O batlito Socorro compreende quatro associaes magmticas plutnicas distintas representadas pelas sutes Socorro I, Socorro II, Piracaia e Nazar Paulista (Artur et al., 1993). A associao Socorro I representa um plutonismo clcio-alcalino de mdio a alto potssio, constituda essencialmente por sieno- e monzogranitos megaporfirticos. A associao Socorro II inclui rochas clcio-alcalinas a lcali-clcicas de alto potssio, cujas rochas so dominantemente equigranulares e 13

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de composio essencialmente sienoa monzogranticas. A associao Piracaia (Wernick et al., 1997; Wernick & Menezes, 2001) de natureza transalcalina potssica, representada predominantemente por quartzo monzonitos a quartzo monzodioritos equigranulares, inequigranulares a porfirticos. A associao Nazar Paulista representa um magmatismo crustal peraluminoso, compreendendo essencialmente rochas inequigranulares sienogranticas a granodiorticas (Wernick et al., 1987). Os quatro tipos de granitos so ou foram lavrados como granitos ornamentais. O tipo Socorro I explorado sob a forma de biotita gnaisses ocelares de zonas de cisalhamento, onde ocorreu, pela deformao, a gerao de quartzo azul de nome comercial Azul Fantstico. Biotita granitos porfirticos vermelhos do tipo Socorro II so comercializados como Vermelho Bragana. Biotita-hornblenda monzonitos finos a mdios do magmatismo Piracaia so conhecidos comercialmente como Preto Piracaia e granada granitos cinza claros a esbranquiados, heterogneos, do magmatismo Nazar Paulista foram comercializados como Branco Nazar (Figura 1). ASPECTOS PETROGRFICOS TECNOLGICOS E ENSAIOS

47 00'

0

23 30'

0

46 00'

0

MOJI-MIRIM

SP -1

47

MG SP

BUENO BRANDO2230

MORUNGABA BRAGANA PAULISTA ITATIBAS PSP-3 60

S P-6323 00'0

65

PIRACAIA ATIBAIABR -3 8 1

JUNDIA32 SP -

ZCE

3

NAZAR PAULISTA0 10 20Km400

Bacia Sedimentar do Paran COMPLEXO GRANITIDE SOCORRO Associao Plutnica Socorro I Associao Plutnica Socorro II Associao Plutnica Nazar Paulista Associao Plutnica Piracaia Complexo Granitide Morungaba Complexo Granitide Atibaia Embasamento MetamrficoGrupo Amparo Grupo Pinhal Grupo Itapira

500

MG200

SP

Limite interestadual Cidade SP Estado de So Paulo MG Estado de Minas Gerais Localizao das amostras estudadasPreto Piracaia Vermelho Bragana Azul Fantstico Branco Nazar

Zona de Cisalhamento de Baixo ngulo Zona de Cisalhamento Transcorrente ZCE Zona de Cisalhamento Extrema ZCC Zona de Cisalhamento Camaducaia

Foram executadas anlises mineralgicas, texturais e estruturais (Tabela 1) dos quatro tipos de granitos ornamentais acima definidos. As amostras estudadas incluram rochas equigranulares de granulao mdia e fina (Preto Piracaia), porfirtica de matriz mdia (Vermelho Bragana), megaporfirtica ocelares de matriz mdia/grossa (Azul Fantstico) e rochas inequigranulares, mdia a pegmatides (Branco Nazar). Quanto estrutura englobaram rochas fracas a medianamente deformadas, de foliao cerrada, com espaamento milimtrico, mas pouco penetrativa e aparente (Preto Piracaia); rochas pouco deformadas, homogneas (Vermelho Bragana); fortemente deformadas com foliao penetrativa de espaamento centimtrico (Azul Fantstico) e rochas com estrutura interna heterognea devido a coexistncia de manchas difusas com granulao muito varivel, tpico dos granitos anatticos crustais (Branco Nazar). Quanto mineralogia, incluram rochas com elevados (Preto Piracaia), medianos (Azul Fantstico) e baixos (Vermelho Bragana e Branco Nazar) teores de minerais mficos (ferromagnesianos). Tambm o teor de quartzo muito varivel, sendo particularmente baixo no tipo Preto Piracaia. Quanto aos minerais mficos a paragnese biotita-anfiblio tpica do Preto Piracaia; biotita ocorre no Vermelho Bragana e no Azul Fantstico, enquanto biotita e granada caracterizam o Branco Nazar.

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BR -3 8

AMPAROSP -8

SP

-3 5

SOCORRO

0

1

ZCC

SP-330

. Antonio Carlos Artur, Ana Paula Meyer e Eberhard Wernick

Tabela1: Sntese dos dados petrogrficos das amostras ensaiadas constituintes do Complexo Socorro (SP/MG).

Mineralogia %

Nome Comercial Amostra

Preto Piracaia (mdio/fino) PMA 1,7 34,6 30,4 23,1 4,1 -3,0 Tr 0,8 0,9 1,4 -Tr/Tr/Tr 33,3 2,1 0,3 a 4,0 0,5 a 0,7 --PMB 2,0 33,1 28,6 23,6 5,2 -2,8 Tr 1,0 1,6 2,1 -Tr/Tr/Tr 38,3 3,1 0,3 a 4,0 0,5 a 0,7 ---

Preto Piracaia (fino) PFA 1,3 35,3 23,9 25,3 6,9 -3,1 Tr 0,9 2,0 1,3 Tr Tr/Tr/0,3 39,5 2,1 0,2 a 2 0,3 a 0,5 --PFB 0,8 34,3 24,9 26,4 7,1 -2,5 Tr 0,8 1,6 1,6 -Tr/Tr/Tr 40 1,3 0,2 a 2 0,3 a 0,5 ---

Vermelho Bragana VB1 24,5 / 3,0 28,9 41,4 / 10 4,9 ---Tr Tr 0,3 Tr -Tr/-/5,2 25,8 ----0,5 a 3 10 a 30 VB2 26,5 / 3,2 29 39 / 9,4 5,3 ---Tr Tr 0,2 Tr -Tr/-/5,5 28 ----0,5 a 3 10 a 30

Azul Fantstico AF1 22,3 28,9 29 / 24,0 17,9 --0,4 Tr 0,3 0,5 0,7 -Tr/-/Tr 19,8 27,8 --AF2 22,2 29,9 31,1/ 19,1 15,3 --0,2 Tr 0,2 0,6 0,5 Tr/-/Tr 16,8 26 ---

Branco Nazar NP1 29,4 28,8 34,2 2,0 3,6 --Tr -0,6 Tr/-/Tr 7,6 31,8 0,5 a 10 2,5 ----NP2 31,0 25,4 37,9 1,7 -3,0 ---Tr -0,4 Tr/-/Tr 5,7 32,9 0,5 a 10 2,5 -----

Quartzo (total / megacristais) Plagioclsio Microclnio (total / megacristais) Biotita Horblenda Granada Titanita Zirco Apatita Opacos Epidoto Muscovita Sericita/clorita/carbonato ndice de colorao 100 - (quartzo+total feldspatos) ndice de quartzo 100x(qtzo/qtzo+total feldspatos) Variao Granulao (mm) Predominncia Matriz Fenocristal

Antonio Carlos Artur, Ana Paula Meyer e Eberhard Wernick

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Classificao (QAP) Estrutura Textura ndice de microfissuramento (100 x n de microfissuras / mm) Cncavo / convexo Serrilhado Contato% Plano Microclnio Grau de Alterao Plagioclsio Biotita Hornblenda

Monzonito mdio/fino Moderadamente foliado Inequigranular 40 83,7 16,3 Incipiente Incipiente a moderado Incipiente Incipiente 40 82,5 17,5 Incipiente Incipiente a moderado Incipiente Incipiente

Monzonito fino Discretamente foliado Equigranular 21 86,3 13,7 Incipiente Incipiente a moderado Incipiente Incipiente 24 88,3 11,7 Incipiente Incipiente a moderado Incipiente Incipiente

Monzogranito porfirtico Istropa Porfirtico serial 100 57,7 35,45 9,0 Incipiente Incipiente a moderado Incipiente --70 33,0 48,0 11,5 Incipiente Incipiente a moderado Incipiente ---

----2 a 8 2 a 8 20 a 50 20 a 50 Biotita Monzogranito Megapofiritico Gnaissificada Megaporfirtico serial 64 57,8 19,1 23,1 Incipiente Incipiente Ausente --40 64,0 7,0 29,0 Incipiente Incipiente Ausente ---

Monzogranito Inequigranular Isotrpa Inequigranular 60 82,0 18,0 Incipiente Incipiente a moderado Ausente --60 84,0 16,0 Incipiente Incipiente Ausente ---

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Alm da composio mineralgica modal, foram calculados os ndices de colorao [100 (quartzo + feldspatos)], o ndice de quartzo (100 x quartzo/quartzo + feldspatos), o grau de microfissuramento mineral (100 x nmero de microfissuras/mm2), o grau de alterao dos minerais da rocha (Tabela 1), alm da proporo modal entre os minerais claros (diagrama QAP; Figura 2A) e o diagrama textural de contatos interminerais (Figura 2B).

Q1a

Cncavo-convexo

1b

B

2

3a

4

5

Aps a anlise petrogrfica as amostras foram submetidas aos seguintes ensaios fsicomecnicos: massa especfica aparente seca e saturada, porosidade aparente, absoro dgua, desgaste abrasivo Amsler; resistncia compresso uniaxial simples, mdulo de ruptura (flexo 3 pontos), resistncia flexo na trao (flexo 4 pontos), resistncia ao impacto e velocidade de propagao de ondas ultra-snicas. Todos os ensaios foram executados no Laboratrio de Rochas Ornamentais do Departamento de Petrologia e Metalogenia do IGCE/UNESP, em Rio Claro, SP, seguindo normatizaes estabelecidas pela ABNT e ASTM. Os dados foram complementados com os coeficientes de dilatao trmica linear extrados da literatura (IPT, 2000) para os tipos Preto Piracaia (variedade mdia/fina), Vermelho Bragana e Azul Fantstico, enquanto o do Branco Nazar foi obtido no j mencionado laboratrio (Tabela 2). CORRELAO ENTRE ASPECTOS PETROGRFICOS E DADOS TECNOLGICOS Algumas correlaes entre dados petrogrficos e valores fsico-mecnicos so diretas e evidentes. Enquadram-se nesta categoria o grau de microfissuramento e a porcentagem de porosidade aparente (Figura 3A) e a porcentagem de absoro dgua (Figura 3B). Esta correlao fica mais expressiva levando-se em considerao: (1) que o grau de alterao nas diferentes rochas ensaiadas aproximadamente igual (Tabela 1); (2) que a relao entre os diferentes tipos de contatos interminerais varia pouco de rocha para rocha (Figura 2B) e (3) que a relao volumtrica entre os minerais silicos aproximadamente constante, com exceo do Preto Piracaia (Figura 2A).

3b Monzogranito 8 Monzonito6* 6 7* 7 8* 8 9* 9 10* 10

P

Plano

Serrilhado

Figura 2: Classificao modal das amostras estudadas (A) e sua caracterizao textural quantitativa quanto aos contatos interminerais (B). Simbolos e siglas: Preto Piracaia mdio / fino (PM), Preto Piracaia fino (PF), Vermelho Bragana (VB), Azul Fantstico (AF), Branco Nazar.

Tabela 2: Resultados dos ensaios tecnolgicos executados em amostras constituintes do botlito Socorro (SP/MG).Ensaios Tecnolgicos Rocha Preto Piracaia (mdio) 2,82 2,83 0,38 0,13 1,0 205 15,1 16,5 67 --5183 Preto Piracaia (fino) 2,85 2,88 0,34 0,12 0,83 220 28,6 24,4 66 6,3* 5318 Vermelho Bragana 2,61 2,63 0,89 0,34 0,73 218 17,5 11,0 53 6,4* 5108 Azul Fantstico 2,69 2,71 0,68 0,25 0,51 151 10,2 8,2 40 5,9* 4490 Branco Nazar 2,61 2,62 0,80 0,31 0,67 172 12,7 13,6 56 5,2 5083

Massa especfica seca aparente (kg/m) ndices fsicos Massa especfica saturada aparente (kg/m) Porosidade aparente (%) Absoro dgua aparente (%) Desgaste abrasivo Amsler (mm) / 1000m Compresso uniaxial simples (MPa) Mdulo de ruptura (flexo 3 pontos) (MPa) Resistncia flexo na trao (flexo 4 pontos) (MPa) Impacto de corpo duro (cm) Dilatao trmica linear x 10-3 mm / m C Velocidade do pulso ultra-snico (m/s) * IPT (2000)

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Antonio Carlos Artur, Ana Paula Meyer e Eberhard Wernick

1Porosidade aparente (%)

100ndice de microfissuras (%)

0,8 0,6 0,4 0,2 0 PM PF VB Amostras AF BN

80 60 40 20 0

A

0,4 Absoro dgua aparente (%) 0,3 0,2

100 80 60 40 ndice de microf issuras (%)

0,1 0 PM PF VB Amostras AF BN

20 0

Uma correlao direta entre o grau de microfissuramento das rochas e sua porosidade aparente e sua capacidade de absoro de gua (Figura 3). O grau de microfissuramento mais intenso nas rochas isotrpicas (Vermelho Bragana e Branco Nazar) que em rochas foliadas (Preto Piracaia e Azul Fantstico). Enquanto que rochas no deformadas, principalmente de granulao fina a mdia, equigranulares ou inequigranulares, mantm o microfissuramento resultante da contrao durante o resfriamento magmtico sob determinado regime de esforo, sendo que nas rochas foliadas a recristalizao mineral elimina parte das microfissuras geradas durante a deformao. Tambm existe uma correlao qualitativa entre o grau de microfissuramento e o coeficiente de dilatao trmica. Enquanto em rochas com baixo grau de microfissuramento a dilatao se reflete diretamente num aumento do volume, em rochas com elevados graus de microfissuramento parte da dilatao absorvida pelo fechamento das microfissuras; Uma correlao direta entre a velocidade de propagao de ondas ultra-snicas nas rochas ensaiadas e sua resistncia compresso uniaxial, mdulo de ruptura, flexo na trao e coeficiente de dilatao linear (Figura 4). Estes valores apresentam tambm correlao com uma combinao do grau de microfissuramento (Tabela 1), e dos contatos interminerais (Figura 2B), ambos quantificados. Sobre aspecto qualitativo tambm mostram correlao com a granulao (Preto Piracaia), tamanho relativo dos gros (Vermelho Bragana e Azul Fantstico) e variao lateral na granulao (Branco Nazar), alm do grau de deformao, que neste estudo foi apenas estimado (Tabela 1) mas no quantificado atravs de uma anlise da deformao (orientao da clivagem em palhetas de micas e do eixo C em gros de quartzo). Uma correlao direta entre o teor de quartzo da rocha, ou seu ndice de quartzo, com a resistncia ao desgaste abrasivo tipo Amsler (Figura 5); Uma correlao direta entre o ndice de colorao das rochas e sua massa especfica aparente seca (Figura 6).

B

-

Figura 3: ndice de microfissuramento (linha) e porosidade aparente (A) e absoro dgua aparente (B) (barras) para diferentes rochas do batlito Socorro. (PM - Preto Piracaia Mdio; PF - Preto Piracaia Fino; VM - Vermelho Bragana: AF - Azul Fantstico; BN - Branco Nazar) Uma medida indireta conjunta que integra o microfissuramento e a intensidade de entrelaamento mineralgico da rocha fornecido pela velocidade de propagao de ondas ultra-snicas. Em rochas texturalmente compactas, as ondas ultra-snicas propagam-se mais rapidamente do que em rochas texturalmente debilitadas. A correlao direta entre esta velocidade de propagao e as resistncias compresso uniaxial, ao mdulo de ruptura (flexo 3 pontos) e resistncia flexo na trao (flexo 4 pontos) esto visualizados na Figura 4. Esta correlao aumenta de importncia tendo em vista que no foram considerados como coeficiente de ajustes, dados sobre a relao angular entre a superfcie das placas ptreas e foliao da rocha. Quanto resistncia ao desgaste abrasivo (ensaio tipo Amsler) existe uma correlao direta entre este parmetro e o teor de quartzo (ou ndice de quartzo) das amostras ensaiadas (Figura 5). Quanto massa especfica aparente seca, a mesma mostrou estreita correlao com o ndice de colorao das rochas (Figura 6). DISCUSSO E CONCLUSES A comparao entre os resultados mineralgicos, texturais e estruturais quantificados com as caractersticas fsico-mecnicas de diferentes granitos ornamentais do batlito Socorro (SP/MG) permitem as seguintes consideraes e concluses:

-

-

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V eloc idade do puls o ultra-

200 s imples (MPa) 150 100 50 0 PM PF VB A mos tras AF BN 4000 5000

s nic o (v /ms )

30 0,8 20 0,4 10 0 PM PF VB A mos tras AF BN 0

4500

A5500

40

30 20

5000

4500 10 0 PM PF VB Amostras AF BN 4000

Velocidade do pulso ultrasnico (v/ms)

Modulo de ruptura (MPa)

Figura 5: Valores de desgaste abrasivo (linha) e ndice de quartzo (barras) em diferentes rochas do batlito Socorro; (siglas de acordo com figura 3).

2,9 Mas s a es pec f ic a s ec a aparente (kg/mm3) 2,8 2,7 2,6 2,5 2,4

50 40 30 20 10 0 PM PF VB A mos tras AF BN ndic e de c olora o (% )

B5500 V elocidade do pulso ultrasnico (v/ms)

30 Flexo na trao (MPa)

20

5000

10

4500

0 PM PF VB A mostras AF BN

4000

Figura 6: ndice de colorao (linha) e massa especfica seca aparente (barras) em diferentes rochas do batlito Socorro; (siglas de acordo com figura 3). Os dados petrogrficos e os ensaios tecnolgicos aliados com aspectos estticos permitem definir claramente a utilizao das rochas estudadas: O Preto Piracaia, apesar de sua menor resistncia ao desgaste abrasivo, apresenta estrutura muito compacta, alta resistncia compresso e ao impacto e baixo coeficiente de dilatao. Este conjunto faz desta rocha uma requisitada base para instrumentos cientficos e robtica. Alm disso, a sua colorao escura o recomenda como revestimento verticais e em objetos de arte, mas seu emprego como revestimento horizontal em reas de grande trfego deve ser evitado; O Vermelho Bragana apresenta um conjunto de caractersticas fsico-mecnicas de alta qualidade que, aliado a sua cor vermelha e textura porfirtica, recomenda sua utilizao tanto em revestimentos verticais quanto horizontais, tampos, objetos de decorao, etc. Entretanto, seu elevado grau de microfissuramento que se reflete numa elevada capacidade de absoro de gua, recomendam cuidados no seu emprego em locais de elevada umidade e exposio a agentes qumicos agressivos; O Azul Fantstico tem capacidade de absoro de gua menor que o Vermelho Bragana e o Branco Nazar, um aspecto positivo desta rocha que tambm resiste muito bem ao desgaste

C5500

8

6 4

5000

4500 2 0 PM VB A mostras AF NB 4000

Figura 4: Velocidade do pulso ultra-snico (linha) com compresso uniaxial (A), mdulo de ruptura (B), flexo na trao (C) e coeficiente de dilatao trmica linear (D) (barras) para diferentes rochas do batlito Socorro. (siglas de acordo com figura 3).

Velocidade do pulso ultrasnico (V/ms)

Coeficente de diatao trmica linear (x10 -3 mm / m 0 C)

D

-

-

18

Des gas te abras iv o (mm)

250 Compres s o uniax ial

5500

40 ndic e de quartz o (% )

1,2

Antonio Carlos Artur, Ana Paula Meyer e Eberhard Wernick

abrasivo. Sua maior limitao a relativamente baixa resistncia ao impacto refletindo uma textura pouco compacta, um aspecto claramente evidenciado pela velocidade de propagao de ondas ultra-snicas. Este aspecto recomenda a sua utilizao principalmente em revestimentos horizontais e verticais de edificaes residenciais que sero valorizadas pelo aspecto esttico (colorao azulada) da rocha; Para o Branco Nazar so vlidas, basicamente, as principais consideraes feitas para o Vermelho Bragana. Entretanto, o maior problema deste granito reside na obteno de placas homogneas j que sua origem, por fuso incipiente de sedimentos aluminosos, implicam em texturas heterogneas, de finas a grossas e at pegmatticas, com rpidas flutuaes laterais, na concentrao local preferencial de quartzo e feldspato e na ocorrncia de peixes de biotita (enclaves surmicceos), resduos da fuso. Alm disso, a presena de granadas, que atingem freqentemente dimenses centimtricas e se concentram em faixas irregulares, sugere problemas com a escarificao deste material em reas de grande trfego e o surgimento de manchas de xidos e hidrxidos de ferro pela decomposio da granada em ambientes midos e na presena de agentes qumicos agressivos.

IPT INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLGICAS DO ESTADO DE SO PAULO 2000. Catlogo das rochas ornamentais e de Revestimento do Estado de So Paulo. Coordenado por M.H.B. de O. FRASC So Paulo: IPT/SCTDE. CDROM (Publicao IPT 2651). WERNICK, E. & MENEZES, A. do C. 2001. The Late Precambrian K-alkaline magmatism in the Ribeira Fold Belt: a case estudy of the Piracaia pluton, State of So Paulo, SE Brazil, and its potential mineralization (Cu, Zn, Gd). J. of Asian Earth Sciences, 19:347-373. WERNICK, E.; WEBER-DIEFENBACH, K; CORREIA, P.R. 1987. O granitide Nazar Paulista: dados petrogrficos, qumicos e de tipologia de zirco. In: SIMP. REG. GEOL., 6 Rio Claro, 1987. Atas... So Paulo, SBG-NSP., v.1, p. 123-134. WERNICK, E. ARTUR, A.C.; HRMANN, P.K; WEBER-DIEFENBACH, K. 1997. O magmatismo alcalino potssico Piracaia, SP (SE Brasil): aspectos composicionais e evolutivos Rev. Bras. Geoc., 27(1):53-66.

O presente trabalho mostra que a anlise mineralgica-textural-estrutural quantitativa de granitos ornamentais, aliados a um ensaio tecnolgico no destrutivo (velocidade de propagao de ondas ultra-snicas) permitem com boa preciso avaliar tanto a porosidade da rocha, sua capacidade de absoro dgua, sua massa especfica e seu coeficiente de dilatao trmica linear e suas caractersticas obtidas atravs de ensaios destrutivos (impacto, compresso, flexes, desgaste). Como estes dois ensaios so tambm os menos onerosos na avaliao tecnolgica de granitos ornamentais, constituem um exame preliminar de baixo custo que decidir a convenincia da submisso da rocha a ensaios destrutivos complementares. Infelizmente, at agora, a Norma ABNT - NBR 12768 (anlise petrogrfica) no explicita claramente os dados quantitativos mineralgicos-texturais-estruturais que deveriam constar desta anlise. Recomenda-se, portanto, uma profunda reviso desta norma. AGRADECIMENTO A autora A.P. Meyer agradece FAPESP atravs dos Processos 99/10453-3 e 01/02681-8, e os autores A.C. Artur e E. Wernick FAPESP atravs do Processo 97/10698-0) e ao CNPq atravs dos Processos 300319/81-9 e 500459/90-8, que direta ou indiretamente deram suporte presente pesquisa. BIBLIOGRAFIA ARTUR, A.C.; WERNICK, E.; HRMANN, P.K; WEBER-DIEFENBACH, K. 1993. Associaes plutnicas do Complexo Granitide Socorro (Estados de So Paulo e Minas Gerais, SE Brasil). Rev. Bras. Geoc., 23(3):265-273.

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PRINCIPAIS PATOLOGIAS ASSOCIADAS AO USO DE ROCHAS ORNAMENTAIS Helmo Bagd Gama Gelogo do SENAI - Depto. Regional da Bahia Av. Bonfim, 99 - Bairro Dendeseiros - 40.415-000 - Salvador - BA

RESUMO A evoluo tecnolgica do ltimo sculo propiciou a produo e utilizao em larga escala das rochas ornamentais e de revestimento. Esta expanso tem demandado conhecimentos tcnicos sobre o desempenho destes materiais frente s condies a que os mesmos estaro submetidos quando aplicados. A sistematizao do estudo das rochas atravs de anlise petrogrfica e testes tecnolgicos padronizados, constitui-se num fator de grande importncia para retardar ou reduzir o aparecimento de patologias associadas degradao das rochas ou dos materiais utilizados na fixao das placas em revestimentos ou pavimentaes. As patologias podem se manifestar nas placas de rocha atravs de descolorao, cristalizao de sais na superfcie, no interior dos poros ou no fundo das placas, nas juntas e fraturas, por perda da integridade fsica e descolamento das mesmas, resultando na reduo da qualidade esttica e evoluindo para danos maiores obra at o comprometimento da sua segurana. As causas das patologias podem ter origem nos aspectos da composio mineralgica da rocha, que pode apresentar maior ou menor suscetibilidade a alterao qumica, ou nos seus aspectos fsicomecnicos, que em conjunto determinam sua resposta s condicionantes do ambiente onde situase a obra assim como s solicitaes determinadas pela finalidades e estrutura desta. A no observao de tcnicas apropriadas e a utilizao de materiais inadequados fixao das placas podem tambm resultar no desenvolvimento de patologias. Fatores de origem natural ou introduzidos pelo homem (m qualidade da produo, transporte e armazenagem das placas, poluio) podem acelerar a degradao dos produtos de rochas ornamentais. INTRODUO As rochas ornamentais vm apresentando um significativo crescimento nas ltimas dcadas como material de revestimento de fachadas e interiores de construes e em pavimentao externa e interna. Alm das razes tradicionais que levaram o homem desde os primrdios da histria a utilizar as rochas, como a durabilidade normalmente muito superior ao ciclo de vida das construes e a beleza natural das que tm servido s diversas finalidades decorativas, arquitetnicas ou puramente construtivas, o avano tecnolgico do ltimo sculo influenciou decisivamente na produo e utilizao dos mrmores e principalmente dos granitos, tanto em escala como na diversidade das formas de uso hoje possveis, propiciando aos arquitetos e 20

decoradores materiais de beleza nica, em peas com dimenses, formatos e tipos de acabamentos variados, que ao lado de tcnicas e dispositivos de assentamento seguros vm promovendo a materializao, em grandes construes, de obras de arte de rara beleza esttica e geomtrica no cenrio urbano e que garantem tambm conforto higrotrmico e conservao de energia. Produzidas a partir de materiais naturais, as placas de rochas utilizadas em revestimentos e pavimentaes esto sujeitas a alteraes dos padres originais, de modo que se no forem levados em conta desde a elaborao do projeto e monitoradas adequadamente, podem acelerarem-se em razo de diversos fatores patolgicos, apresentando inicialmente uma reduo do nvel de qualidade esttica, evoluindo para deterioraes que comprometem o desempenho tcnico-funcional e a estabilidade e segurana do sistema. Neste trabalho sero apresentadas os principais tipos de manifestaes patolgicas associadas ao uso de rochas ornamentais e discutidos em maior profundidade, ao longo do texto, aqueles causados pela presena de sais solveis (eflorescncias e subeflorescncias), escolhidos em funo de suas causas variadas, dos danos quase sempre irreversveis e do relativo desconhecimento do problema e suas causas por parte dos aplicadores. Estes problemas criam impacto negativo sobre a imagem das rochas frente aos arquitetos e decoradores, influindo na preferncia desses especificadores por outros tipos de materiais em detrimento dos mrmores e granitos. TIPOS DE PATOLOGIAS, CARACTERIZAO CAUSAS E

O conhecimento dos tipos de manifestaes patolgicas que afetam as rochas ornamentais, das conseqncias que tero sobre o seu desempenho na obra, assim como dos fatores responsveis, so de fundamental importncia na individualizao de solues adequadas para se lidar com a problemtica da utilizao desses materiais, tanto preventivamente como corretivamente. A difuso desses conhecimentos entre os profissionais que prescrevem, projetam, aplicam e do manuteno as rochas ornamentais decisiva principalmente em pases como o Brasil, onde a grande maioria dos arquitetos deixa de usar os mrmores e granitos devido falta de informaes tcnicas disponveis ou pelas impresses negativas deixadas por aplicaes inadequadas. Por representar a ponta da cadeia produtiva do setor de rochas, estando assim diretamente em contato direto com o mercado e assumindo em muitos

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casos o assentamento atravs de equipes terceirizadas, o seguimento de marmorarias, do ponto de vista legal e financeiro, o mais prejudicado pelos problemas que ocorrem nas pavimentaes e revestimentos. Como os problemas, de uma forma ou de outra, sempre afetam visivelmente as placas ou peas de rocha, a culpa sempre recai sobre estes materiais, obrigando os marmoristas a arcarem com a substituio. Na verdade, para enfrentar adequadamente o problema das manifestaes patolgicas associadas ao uso das rochas ornamentais, necessrio um sistema de gerenciamento integrado de todas as variveis intervenientes, que se estendem desde o conhecimento da jazida e das propriedades das rochas, seus processos de produo, das tcnicas e materiais utilizados no assentamentro, at as solicitaes provocadas pelo meio ambiente e agentes poluentes, pelas caractersticas e finalidade da obra e suas necessidades de manuteno. Como muitas vezes esses fatores so negligenciados, quando deveriam ser traduzidos em parmetros de projeto e de processo a fim de equacionar o problema adequadamente, a escolha das rochas e o cronograma e execuo da obra no do a devida ateno s necessidades de materiais, tcnicas e mo de obra qualificada, resultando mais cedo ou mais tarde em problemas que iro desvalorizar as rochas e comprometer a obra tanto nos seus aspectos estticos quanto do ponto de vista funcional e de segurana. As patologias manifestam-se nas placas de rochas atravs de: a)manchamentos e/ou mudanas da tonalidade original, crostas e depsitos b) eflorescncia e subeflorescncia c) perda da integridade fsica por dissoluo, escamaes ou pulverizaes (por subeflorescncias) e fraturamento d)empenamento, descolamento e destacamento Os fatores responsveis pelas manifestaes patolgicas podem ser classificados em: 1) Fatores relacionados aos aspectos petrogrficos, qumicos, fsicos e mecnicos das rochas que definem suas propriedades tecnolgicas e so avaliados por meio de: a) anlises petrogrficas para definir a composio mineral da rocha, indicando a presena de minerais de fcil alterao, de minerais alterados e de microfissuras, de aspectos de textura e estrutura envolvendo a forma, granulometria, contatos e distribuio dos minerais. Esses aspectos determinam o comportamento das rochas e so fundamentais como critrios para especificao e uso adequado, como exemplo podemos citar uma ocorrncia 21

muito comum a alguns granitos verdes, abundantes no Brasil e que vale a pena ressaltar que a fotossensibilidade, propriedade que desqualifica esses matriais para o uso em ambiente com incidncia direta de luz solar por provocar mudana de colorao pelo amarelamento das placas aps algum tempo de aplicado, principalmente em fachadas. Muitas modificaes que ocorrem a nvel mineralgico so na realidade de natureza qumica e sero abordados no item a seguir. b) problemas de natureza qumica que as rochas podem apresentar e que so em parte devido existncia de minerais alterveis, como os sulfetos de ferro que se oxidam na presena de gua ou oxignio, produzindo manchas de colorao amarelo avermelhadas ferruginosas ou associadas a rochas de natureza carbontica (mrmores, calcreos e travertinos) facilmente atacadas pela chuva cida ou limpeza inadequada com cido muritico causando dissoluo dos minerais constituintes. Testes de laboratrio, que reproduzem condies agressivas em cmara de SO2,so realizados para avaliar o efeito da chuva cida sobre as rochas, assim como testes de manchamento por diversas substncias presentes em cozinhas, banheiros ou em produtos de limpeza, contribuindo tecnicamente para a especificao mais adequada dos mrmores e granitos. ensaios fsicos das rochas em termos de densidade, porosidade e absoro de gua. As propriedades fsicas das rochas dependem dos seus aspectos petrogrficos e influem nos ndices fsicos-mecnicos e conseqentemente no seu desempenho frente s solicitaes s quais estaro sujeitas na obra e s condies atmosfricas a que estaro expostas. Materiais com alto ndice de absoro apresentam reduo de resistncia, estando tambm sujeitos a deteriorao por cristalizao de sais dissolvidos em gua retida nos poros da rocha (com a evaporao da gua, estes sais cristalizam e expandem-se comprometendo a resistncia mecnica da rocha, chegando a provocar escamaes na superfcie das placas, ponto crtico do fenmeno da subeflorescncia). testes mecnicos que do uma medida direta da resposta das placas de rocha frente aos esforos fsicos aos quais estaro submetidos: dilatao trmica linear, desgaste, impacto, compresso uniaxial (realizado tambm aps ciclos de congelamento e degelo para utilizao em pases frios), flexo, alm de outros como o mdulo de deformidade esttico, velocidade de propagao de ondas, vrios tipos de dureza etc. Os diversos tipos de testes de resistncia mecnica podem tambm ser realizados aps ciclos de saturao com

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soluo salina, de atmosfera cida, envelhecimento acelerado (xenoteste) com raios ultravioleta etc., para que tenha uma idia de como essas variveis iro influenciar na durabilidade das rochas Materiais com alto ndice de dilatao trmica, por exemplo, podem apresentar problemas de empenamento, fraturamento e descolamento, sendo indispensvel que seja levado em conta em funo do tipo de aplicao (interna ou externa), para o correto dimensionamento e distribuio das juntas e na escolha dos tipos de materiais de fixao e rejuntamento. 2) Fatores relacionados instalao e ao tipo de fixao das placas: a) Fixao com argamassas Neste sistema, mais tradicional, temos fatores como a diferena de dilatao trmica entre a rocha e a camada de fixao executada com argamassa, que, principalmente em fachadas, resulta na perda de aderncia e promove o destacamento da placa, caso no seja observado o correto dimensionamento das juntas de assentamento e a introduo de juntas de expanso a cada quatro ou sete metros, dependendo do grau de insolao; sendo aconselhvel tambm a utilizao de argamassas com aditivos que conferem flexibilidade (ltex). Neste tipo de fixao muito comum o aparecimento da eflorescncia, que uma patologia relacionada ao acmulo de sais cristalizados na superfcie das placas prximo s juntas de assentamento ou nas fraturas (que podem ser causadas ou expandidas pelas prprias eflorescncias). As eflorescncias podem ser reconhecidas pelos jorros de matria esbranquiada saindo das juntas, sendo produzidas por dissoluo, pela gua, de sais contidos na argamassa, no concreto, na alvenaria e no solo, ou introduzidos por produtos de limpeza, maresia, poluio ou sais utilizados para derreter a neve acumulada em pases frios. Esta soluo, aps evaporao da gua na superfcie dos rejuntes falhos ou quebrados ou das fraturas existentes nas placas, deposita os sais por cristalizao medida em que se tornam saturadas. A eflorescncia pode ser um prenncio de outro tipo de patologia muito mais danosa s rochas e construes denominada subeflorescncia e que resultante da cristalizao de sais, a partir das mesmas solues, no interior dos poros das placas de rocha prximo superfcie das mesmas. A presena de solues salinas representa portanto, um dos principais problemas enfrentados nas construes, podendo causar manchamentos, fraturamentos, escamaes (subeflorescncias) e, quando os sais cristalizam, expandindo-se, no espao entre a placa e a camada de fixao, 22 b)

podem provocar descolamento. Para lidar de maneira correta preventivamente com estes tipos de patologias so necessrios trabalhos para impermeabilizao do piso, para bloquear o acesso da gua argamassa de revestimento, para reduzir a penetrao da maresia, e evitar o uso de produtos de limpeza que no sejam neutros, diminuindo assim a possibilidade da presena de sais que possam penetrar nos poros da rocha ou nas descontinuidades dos rejuntes. Anlises de laboratrio podem identificar os tipos de sais presentes nestas patologias, dando uma pista segura da origem dos mesmos e auxiliando nos trabalhos para bloquear ou reduzir a sua presena nas construes. Fixao por ancoragem Neste sistema de fixao por ancoragem mecnica com dispositivo metlico em fachada ventilada, deve-se levar em conta o efeito de diversas variveis como o vento, o peso do material e a expanso e retrao trmica, a fim de previnir o fraturamento e destacamento das placas. Patologias podem surgir em funo de assentamento prematuro relativamente s retraes do concreto da estrutura ou do substrato, dos movimentos da estrutura, do uso de placas com baixa espessura, rochas cuja resistncia seja afetada pelo sazonal congelamento da gua contida nos poros, pelo uso de elementos ou ligas metlicas inadequadas na fixao etc. A aderncia de fuligem ao silicone de rejunte normalmente causa manchas escuras nas rochas quando espalhadas pela gua da chuva na fachada, sendo sua utilizao desnecessria, na maioria dos casos. Em pases de clima frio a gua pode congelar nos poros da rocha e reduzir o desempenho das placas, da mesma forma que em ambientes prximos ao mar, a presena da maresia pode causar subeflorescncia com esfarelamento superficial prejudicando o acabamento das placas e afetar o seu desempenho geral. 3) Fatores associados produo, transporte e manuseio das placas Durante as fases de extrao e beneficiamento das rochas, o uso de tcnicas inadequadas podem causar fissuras, como por exemplo, a utilizao de explosivos na pedreira, chapas empenadas ou com variaes de espessura devido a serragem problemtica; placas com manchas de oxidao devido presena de restos de granalhas de ferro ou ao por lavagem incorreta das chapas aps a serragem; reduo excessiva da espessura no polimento para sanar problemas de ranhuras profundas produzidas na serragem, quinas serrilhadas e quebradas na fase de corte a disco diamantado das chapas para produo dos ladrilhos; e peas acabadas com problemas dimensionais e de esquadro, que ao demandar adequaes foradas no assentamento

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comprometem a esttica e o desempenho da aplicao. O transporte e manuseio inadequado das placas e ladrilhos podem causar fraturas e lasqueamento de borda; a falta de cuidado no estoque pode, ainda, expor as rochas ao contato com materiais como madeiras midas, barras enferrujadas e lamas, induzindo a absoro de substncias que provocaro manchas. CONCLUSES A importncia do conhecimento das rochas, suas propriedades e tcnicas de produo e das tcnicas e materiais de assentamento so indispensveis na preveno das patologias. Quando associadas existncia de mo de obra qualificada ao longo de todas essas fases, teremos percorrido boa parte do percurso na direo da obteno da qualidade na utilizao das rochas ornamentais, em toda a extenso e possibilidades que a tecnologia moderna nos proporciona. Caso contrrio, os problemas originados pelas aplicaes incorretas das rochas representaro um estmulo ao uso de materiais concorrentes e prejudicando severamente o setor produtivo. BIBLIOGRAFIA Flain, Eleana Patta; Frazo. Ely Borges. Consideraes sobre algumas patologias em revestimentos com placas ptreas. Rochas de Qualidade, Edio 140, p. 86 92. Giulio, Roberto Di. I revestimenti lapidei: tecniche e degrado. L`informatore del Marmista, 461, p. 16 24. Hueston, Frederick M. Subflorescence and the deterioration of historic masonry. Stone World, February/97, p. 74 80.

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CARACTERIZAO DO FRATURAMENTO PRXIMO LAVRA DO GRANITO SANTA ROSA. IRAUUBA/CE Irani Clezar Mattos Geloga do Programa SENA