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    Da Tranquilidade da Alma

    (De Tranquillitate Animi)

    Lcio Aneu Sneca(4 a.C. 65 d.C.)

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    I Sereno a Sneca

    O estado em que me encontro (por queno te confessarei a verdade como a um

    mdico?) o de no estar, de boa f,liberto daquelas coisas que eu temia eodiava, nem totalmente submetido a elas.Neste estado, no sendo o pior, o maislamentvel e incmodo, porque no estoudoente nem so.

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    I Sereno a Sneca

    Lanando mo de uma imagem queexpresse o que sinto, digo que no mecansa a tempestade, mas, sim, a nusea.Portanto, afasta o que quer que seja estemal e socorre ao nufrago que j avista aterra.

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    II Sneca a Sereno

    Estado de esprito semelhante aodaqueles que, tendo sado de uma longa egrave enfermidade, ainda sentem

    pequenos incmodos.

    O corpo est curado, embora no estejaacostumado sade, assim como o mar, jtranquilo, sempre tem certa agitao,mesmo depois que passou a tormenta.

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    II Sneca a Sereno

    O que queres grande, de mximaimportncia e prximo de um deus: noser abalado. Os gregos chamam a esteestado estvel da alma de eutymia, sobre

    tal tema existe uma excelente obra deDemcrito. Eu o chamo de tranquilidade.Assim, no preciso imitar ou traduzir aspalavras pela sua forma; a prpria coisa

    deve ser designada por algum nome, quedeve ter a fora da nomenclatura grega eno a aparncia.

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    Eutimia

    Do grego eu (bom, normal) + timo(humor): estado de equilbrio no humordefendido por Demcrito como o pontoestvel e equidistante do humor deprimido

    e do humor eufrico.

    Sneca traduz como tranquilidade:

    Do latim tranquilo

    o mar calmo esereno.

    Da tranquillitates serenidade, paz,tranquilidade de esprito.

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    II Sneca a Sereno

    Investiguemos de que modo a almadever prosseguir sempre de modo igual e

    no mesmo ritmo. Ou seja, estar em pazconsigo mesmo, e que essa alegria no seinterrompa, mas permanea em estadoplcido, sem elevar-se, sem abater-se. Aisso eu chamo tranquilidade.

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    II Sneca a Sereno

    Assim como certa feridas instigam asmos que as machuquem e, do mesmomodo, se deleita o corpo tomado pela

    sarna com o ato de coar, assim tambmdigo que, para essas mentes, no diferente. Nelas irrompem desejos comoferidas cujo tormento equivale sensao

    de prazer.

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    III O Remdio contra o Tdio (Atenodoro)

    Tdio do latim taedium, estado ousensao vaga de aborrecimento edesprazer.

    Taedium Vitae (Sneca): sensao deinquietude, desgosto e fadiga.

    O tema foi retomado por vrios escritores,como Baudelaire, Oscar Wilde, HermannHesse e Jean-Paul Sartre (A Nusea).

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    III O Remdio contra o Tdio (Atenodoro)

    Ocupar-se intensamente

    Fazer parte dos interesses da Repblica

    Participar de compromissos sociais

    Rplica de Sneca:

    recolher-se aos estudos, mas noprescindir de toda a comunicao, norenunciar ao gnero humano, o queresultaria numa solido vazia de ao.

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    Sem nada para fazer, comearemos aconstruir alguns edifcios, a derrubaroutros, a remover o mar, a conduzir asguas, a gastar mal o tempo que anatureza nos concedeu para consumir

    proveitosamente. Alguns o utilizam comparcimnia, outros prodigamente. Unsgastam fazendo clculos escrupulosos.Outros nada poupam, coisa muito estpida.

    Frequentemente, algum muito velho notem outro argumento para provar queviveu muito a no ser a idade.

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    VIII/XIX Os maus efeitos da riqueza

    Patrimnio, a maior fonte dossofrimentos humanos.

    mais tolervel e fcil no adquirir doque perder, e por isso vers mais alegresaqueles a quem a sorte nunca olhou do queaqueles a quem a sorte abandonou.

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    VIII/XIX Os maus efeitos da riqueza

    Com relao ao dinheiro, o melhorcritrio consiste em no cair na pobrezanem dela afastar-se totalmente.

    Digenes, do mesmo modo que osdeuses imortais, viveu feliz, porque noteve prdios, nem hortas, nem granderenda no foro.

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    X- Como se portar na infelicidade

    As aflies atingem a todos

    No existe nada de to amargo que noencontre consolo numa almaequilibrada.

    No invejemos a sorte dos que estoem posio privilegiada. O que pareceser altura, , na verdade, um precipcio.

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    XI Superioridade e desprendimento dosbio

    Meu discurso se dirige aos imperfeitos,aos medocres e doentes, no ao sbio.

    O sbio firme, diligente, seguro de si.

    A morte a natureza reclamando suasddivas: mal vive aquele que no sabemorrer bem.

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    XII a XX Os ensinamentos de Sneca

    Fugir a agitao estril

    No se obstinar contra as circunstncias

    Devemos nos esforar para que todosos vcios nos paream no como odiosos,mas como ridculos; serve melhor aognero humano quem dele ri do quem odeplora.

    (Sneca refere-se diferena tornadaproverbial entre Herclito e Demcrito:este ria das situaes humanas, aquele

    chorava.)

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    Demcrito

    Herclito

    Rembrandt como o filsofo

    que ri (autorretrato, 1629)

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    XII a XX Os ensinamentos de Sneca

    Praticar a simplicidade

    No viver sob mscara da perptuadissimulao

    Alternar o recolhimento e a vida social:

    Solido e companhia devem sermescladas e alternadas. Esta desperta odesejo de viver entre os homens, aquela,conosco mesmos. Portanto, uma oremdio para outra. A solido ir curar aaverso da multido, e a multido, o tdioda solido.

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    XII a XX Os ensinamentos de Sneca

    Alternar o trabalho e o divertimento:

    necessrio, de vez em quando,afrouxar as rdeas, para interromper, deleve, a moderao e lev-la exultao

    e liberdade.De vez em quando alegre

    enlouquecer.Em vo se dirige s portas das musas

    quem tem o domnio de si.(Plato)Nunca existiu um grande gnio sem

    nenhuma mistura de loucura.(Aristteles)

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    Aqui esto, meu caro Sereno, os

    meios para conquistar a tranquilidadee a forma como podes recuper-la, jque tens como resistir aos vciosquando aparecem sub-repticiamente.Porm, e isso j deves saber, nenhumdeles suficientemente forte paraconservar um bem to frgil se no

    houver intenso e assduo cuidado.

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    A tranquilidade segundo Sneca:

    Identificar os maus efeitos dariqueza

    Saber porta-se na infelicidade

    Fugir a agitao estril No se obstinar contra as

    circunstncias

    Praticar a simplicidade Alternar o recolhimento e a vida

    social

    Alternar o trabalho e o divertimento

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    A tranquilidade frente a brevidade da vida:

    A vida se divide em trs perodos: aquilo que foi, oque e o que ser. O que fazemos breve, o quefaremos, dbio, o que fizemos, certo.

    Muito breve e agitada a vida daqueles queesquecem o passado, negligenciam o presente etemem o futuro. Quando chegam ao fim, oscoitados entendem, muito tarde, que estiveram

    ocupados fazendo nada.

    No julgues que algum viveu muito por causa desuas rugas e cabelos brancos: ele no viveu

    muito, apenas existiu por muito tempo.

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    Sneca

    Da Tranquilidade da Alma

    Resumo elaborado pelo Prof. Reinrio

    Simes

    UERJ/UNIGRANRIO