Sessenta plágios em cinco anos na UC€¦ · tificadas está uma tese de doutoramento e seis...

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23-05-2015 Sessenta plágios em cinco anos na UC 111 A Universidade de Coimbra (UC) detetou 60 casos de plágios entre os seus estudantes, nos últi- mos cinco anos, mas os cri- mes nunca foram comuni- cados à Polícia Judiciária ou ao Ministério Público, reve- lou o semanário Sol na sua edição de ontem. Contudo, todos estes casos, de acordo com fonte da instituição universitária, foram objeto de processo disciplinar. Entre as situações iden- tificadas está uma tese de doutoramento e seis disser- tações de mestrado. Os res- tantes casos – 53 trabalhos académicos –, dizem respei- to a “cópias de parte ou da totalidade de trabalhos de outros autores”, indica fon- te da UC citada pelo jornal. De acordo com fonte da instituição, nove casos de- tetados foram arquivados. Em relação às situações que em que se provou haver, de facto, plágio, 59 dos auto- res sofreram penalizações leves. Um dos estudantes, tendo em conta a gravida- de da atuação, foi suspenso durante um ano. Refira-se que este é um as- sunto que merece especial preocupação por parte da UC: todas as situações si- nalizadas como plágio têm sido objeto de análise dis- ciplinar, sendo que, no Se- nado da Universidade e nos conselhos pedagógicos das unidades orgânicas, “este assunto é também objeto de discussão e reflexão”. “Copianços” nos exames Num estudo realizado pelo CES/FEUC, apresen- tado há precisamente um ano, cerca de 70% dos alu- nos do ensino superior ad- mitiam copiar, nos exames e frequências, por materiais não autorizados, sendo que tal acontecia com regula- ridade em 30% das situa- ções. Por outro lado, mais de metade dos inquiridos admitia fazer copy/paste de conteúdos da Internet para apresentar aos professores. Não admitindo serem os próprios a cometer este tipo de “fraudes acadé- micas”, 98% dos alunos garantia não denunciar os colegas. A investigação decorreu durante três anos, com um inquérito distribu- ído a mais de sete mil alu- nos das oito faculdades da Universidade de Coimbra. Além dos plágios, as uni- versidades debatem-se, atualmente, com outro pro- blema: a compra e venda de trabalhos académicos ou de teses de mestrado e doutoramento. O comércio de teses, em que o aluno encomenda a in- vestigação a terceiros – redu- zido contributo pessoal para o resultado final entregue na universidade – tornou-se um negócio nos últimos anos. | Patrícia Cruz Almeida Muitos estudantes admitem fazer copy/paste de conteúdos da Internet DR

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23-05-2015

Sessenta plágios em cinco anos na UC

111 A Universidade de Coimbra (UC) detetou 60 casos de plágios entre os seus estudantes, nos últi-mos cinco anos, mas os cri-mes nunca foram comuni-cados à Polícia Judiciária ou ao Ministério Público, reve-lou o semanário Sol na sua edição de ontem. Contudo, todos estes casos, de acordo com fonte da instituição universitária, foram objeto de processo disciplinar.

Entre as situações iden-tificadas está uma tese de doutoramento e seis disser-tações de mestrado. Os res-tantes casos – 53 trabalhos académicos –, dizem respei-to a “cópias de parte ou da totalidade de trabalhos de outros autores”, indica fon-te da UC citada pelo jornal.

De acordo com fonte da instituição, nove casos de-tetados foram arquivados. Em relação às situações que em que se provou haver, de facto, plágio, 59 dos auto-

res sofreram penalizações leves. Um dos estudantes, tendo em conta a gravida-de da atuação, foi suspenso durante um ano.

Refira-se que este é um as-sunto que merece especial preocupação por parte da UC: todas as situações si-nalizadas como plágio têm sido objeto de análise dis-ciplinar, sendo que, no Se-nado da Universidade e nos conselhos pedagógicos das unidades orgânicas, “este assunto é também objeto de discussão e reflexão”.

“Copianços” nos examesNum estudo realizado

pelo CES/FEUC, apresen-tado há precisamente um ano, cerca de 70% dos alu-nos do ensino superior ad-mitiam copiar, nos exames e frequências, por materiais não autorizados, sendo que tal acontecia com regula-ridade em 30% das situa-ções. Por outro lado, mais

de metade dos inquiridos admitia fazer copy/paste de conteúdos da Internet para apresentar aos professores.

Não admitindo serem os próprios a cometer este tipo de “fraudes acadé-micas”, 98% dos alunos garantia não denunciar os colegas. A investigação decorreu durante três anos, com um inquérito distribu-ído a mais de sete mil alu-nos das oito faculdades da Universidade de Coimbra.

Além dos plágios, as uni-versidades debatem-se, atualmente, com outro pro-blema: a compra e venda de trabalhos académicos ou de teses de mestrado e doutoramento.

O comércio de teses, em que o aluno encomenda a in-vestigação a terceiros – redu-zido contributo pessoal para o resultado final entregue na universidade – tornou-se um negócio nos últimos anos. | Patrícia Cruz Almeida

Muitos estudantes admitem fazer copy/paste de conteúdos da Internet

DR

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23-05-2015

Crimes nunca foram comunicados à Judiciária ou ao Ministério Público. Contudo, de acordo com fonte da instituição, foram objeto de processo disciplinar >Pág 6

Universidade de Coimbra apanhou 60 plágios entre estudantes nos últimos cinco anos