SETEMBRO 2012

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E D I T O R I A L ÓRGÃO DA FUNDAÇÃO CHRISTIANO ROSA DISTRIBUIÇÃO GRATUITA PIQUETE, SETEMBRO/2012 - ANO XV - N o 188 O ESTAFETA Foto Arquivo Pró-Memória Estamos ás vésperas de mais uma eleição municipal. No dia 7 de outubro, você, como todo o povo brasileiro, irá às urnas para decidir os próximos quatro anos de sua cidade. Serão eleitos prefeitos e vereadores em todos os municípios do país. Para isso, a Igreja exorta seus fiéis para a escolha correta de seus candidatos. Nos últimos anos, sucessivas denúncias de corrupção e de desvio de dinheiro público nas administrações municipais foram desco- bertas, apuradas e estão sendo punidas. Recursos que deveriam ser canalizados para obras públicas, para a saúde, a educação e a promoção da justiça social acabaram por ser desviados para o bolso de políticos inescrupulosos. Estes, quando em campa- nha eleitoral, com discursos moralizadores e, muitas vezes, usando o nome de Deus, acabam se elegendo e, no poder se cor- rompem e permitem que auxiliares próximos também se corrompam. Por outro lado, as Câmaras Municipais, que têm como premis- sa constitucional fiscalizar a aplicação correta dos recursos públicos, por conve- niência política, de maneira passiva permitem que os desvios aconteçam. Buscando romper com essas práticas, cada vez mais enraizadas, a CNBB em sua 50ª Assembleia Geral convoca os fiéis por meio de uma mensagem a desempenharem um de seus mais significativos deveres de cidadão: o voto livre e consciente. Segundo o órgão, o voto é a “expressão de parti- cipação democrática e as eleições nos motivam a dizer uma palavra que ilumine e ajude nossas comunidades eclesiais e todos os eleitores”. As eleições têm consequências na vida do povo. Por conseguinte, é o momento propício para que haja inves- timento na construção da cidadania, solidificando a cultura da participação e os valores que definem o perfil ideal dos candidatos. Os candidatos “devem ter seu histórico de coerência de vida” e discurso político referendados pela honestidade, competência, transparência e vontade de servir ao bem comum. Os valores éticos devem ser o farol a orientar os eleitos, em contínuo diálogo entre o poder local e suas comunidades”, diz a mensagem. O eleitor tem o dever de ser correspon- sável na gestação de uma nova civilização baseada na defesa incondicional da vida, e na promoção do desenvolvimento sus- tentável, possibilitando a justiça social e a preservação do planeta. “Para o cristão, participar da vida política do município e do país é viver o mandamento da caridade, como real serviço aos irmãos”, afirmam os bispos. O Papa Paulo VI, em sua Carta Apostólica Ocotogessima Adveniens, afirmou que “a política é uma maneira exigente de viver o compromisso cristão a serviço dos outros”. Assim como os bispos, invoquemos a proteção da padroeira deste país, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, para que abençoe o povo brasileiro e ilumine os candidatos e eleitores no exigente caminho da verdade, e que nós, piquetenses, sob as bênçãos de São Miguel Arcanjo, saibamos escolher o melhor para Piquete. Eleições: uma escolha consciente para Piquete Com tantos escândalos noticiados, muitas pessoas concluem que todos os candidatos são igualmente corruptos. Enganam-se! Existem ainda muitas pessoas de caráter, com princípios e valores que não lhes permitem pactuar com o modelo errado de política e acreditam que se pode trabalhar em prol do bem comum sem se corromper. Chegada a hora de escolhermos prefeitos e vereadores, é importante que analisemos desapaixonadamente os que poderão estar à frente das adminis- trações municipais. O passado do candidato e sua história de vida são fundamentais. Precisamos escolher os que têm capacidade para participar das decisões importantes de nossas cidades e que saibam distinguir entre o bom e o ruim, o que queremos e o que rejeitamos. Daí a importância da escolha: é preciso que o candidato mostre que é diferente de tudo o que vimos até agora, que tenha preparo intelectual e técnico, que seja ético e responsável. Prefeito e vereadores devem promover o bem comum. Veja se seus candidatos são comprometidos com a justiça e a solida- riedade social, com a dignidade da pessoa, com a cultura da paz e o respeito pleno pela vida. Esses valores são fundamentais e irrenunciáveis. Avalie se o candidato tem pro- postas realistas e viáveis para pro- mover políticas que beneficiem a cidade como um todo e se tem capacidade de administrá-la. Fique atento e denuncie toda prática de corrupção eleitoral. Dê seu voto de forma consciente – não decida na última hora, não o dê a quem já esteve envolvido em corrupção, não o venda nem o troque por favores: o voto reflete sua dignidade e pode contribuir para que superemos a cor- rupção na política. Procure conhecer as ideias defen- didas pelos candidatos. Questione se os candidatos estão dispostos a legislar e administrar de forma transparente, aceitando meca-nismos de controle por parte da sociedade. Candidatos com histórico de corrupção ou má gestão dos recursos públicos não devem receber seu apoio nas eleições. O voto é essencial. Lembre-se, porém, de que votar não é tudo – você deve, ainda, ficar de olho: acompanhar, depois do pleito, as ações e decisões políticas, legislativas e administrativas de seus governantes, para cobrar deles coerência em relação às promessas de campanha e para apoiar todos os seus acertos. As eleições são uma grande festa democrática precedida por debates, comícios, pessoas empunhando faixas e bandeiras de partidos, panfletos e muita paixão. Com elas, a cidadania é reafirmada pela prática do voto. Vote conscientemente! Vote com responsabilidade!

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O ESTAFETA, edição 188, de setembro de 2012

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E D I T O R I A L

ÓRGÃO DA FUNDAÇÃO CHRISTIANO ROSA

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA PIQUETE, SETEMBRO/2012 - ANO XV - No 188

O ESTAFETAFoto Arquivo Pró-Memória

Estamos ás vésperas de mais uma eleiçãomunicipal. No dia 7 de outubro, você, comotodo o povo brasileiro, irá às urnas paradecidir os próximos quatro anos de suacidade. Serão eleitos prefeitos e vereadoresem todos os municípios do país. Para isso, aIgreja exorta seus fiéis para a escolha corretade seus candidatos.

Nos últimos anos, sucessivas denúnciasde corrupção e de desvio de dinheiro públiconas administrações municipais foram desco-bertas, apuradas e estão sendo punidas.Recursos que deveriam ser canalizados paraobras públicas, para a saúde, a educação ea promoção da justiça social acabaram porser desviados para o bolso de políticosinescrupulosos. Estes, quando em campa-nha eleitoral, com discursos moralizadorese, muitas vezes, usando o nome de Deus,acabam se elegendo e, no poder se cor-rompem e permitem que auxiliares próximostambém se corrompam. Por outro lado, asCâmaras Municipais, que têm como premis-sa constitucional fiscalizar a aplicaçãocorreta dos recursos públicos, por conve-niência política, de maneira passiva permitemque os desvios aconteçam.

Buscando romper com essas práticas,cada vez mais enraizadas, a CNBB em sua50ª Assembleia Geral convoca os fiéis pormeio de uma mensagem a desempenharemum de seus mais significativos deveres decidadão: o voto livre e consciente. Segundoo órgão, o voto é a “expressão de parti-cipação democrática e as eleições nosmotivam a dizer uma palavra que ilumine eajude nossas comunidades eclesiais e todosos eleitores”.

As eleições têm consequências navida do povo. Por conseguinte, é omomento propício para que haja inves-timento na construção da cidadania,solidificando a cultura da participação eos valores que definem o perfil ideal doscandidatos. Os candidatos “devem terseu histórico de coerência de vida” ediscurso político referendados pelahonestidade, competência, transparênciae vontade de servir ao bem comum. Osvalores éticos devem ser o farol a orientaros eleitos, em contínuo diálogo entre opoder local e suas comunidades”, diz amensagem.

O eleitor tem o dever de ser correspon-sável na gestação de uma nova civilizaçãobaseada na defesa incondicional da vida, ena promoção do desenvolvimento sus-tentável, possibilitando a justiça social e apreservação do planeta.

“Para o cristão, participar da vidapolítica do município e do país é viver omandamento da caridade, como realserviço aos irmãos”, afirmam os bispos.O Papa Paulo VI, em sua Carta ApostólicaOcotogessima Adveniens, afirmou que “apolítica é uma maneira exigente de vivero compromisso cristão a serviço dosoutros”.

Assim como os bispos, invoquemos aproteção da padroeira deste país, NossaSenhora da Conceição Aparecida, para queabençoe o povo brasileiro e ilumine oscandidatos e eleitores no exigente caminhoda verdade, e que nós, piquetenses, sob asbênçãos de São Miguel Arcanjo, saibamosescolher o melhor para Piquete.

Eleições: uma escolha consciente para Piquete

Com tantos escândalos noticiados,muitas pessoas concluem que todos oscandidatos são igualmente corruptos.Enganam-se! Existem ainda muitaspessoas de caráter, com princípios evalores que não lhes permitem pactuarcom o modelo errado de política eacreditam que se pode trabalhar em proldo bem comum sem se corromper.

Chegada a hora de escolhermosprefeitos e vereadores, é importante queanalisemos desapaixonadamente os quepoderão estar à frente das adminis-trações municipais. O passado docandidato e sua história de vida sãofundamentais. Precisamos escolher osque têm capacidade para participar dasdecisões importantes de nossas cidadese que saibam distinguir entre o bom e oruim, o que queremos e o que rejeitamos.Daí a importância da escolha: é precisoque o candidato mostre que é diferentede tudo o que vimos até agora, quetenha preparo intelectual e técnico, queseja ético e responsável. Prefeito evereadores devem promover o bemcomum. Veja se seus candidatos sãocomprometidos com a justiça e a solida-riedade social, com a dignidade dapessoa, com a cultura da paz e o respeitopleno pela vida. Esses valores sãofundamentais e irrenunciáveis.

Avalie se o candidato tem pro-postas realistas e viáveis para pro-mover políticas que beneficiem a cidadecomo um todo e se tem capacidade deadministrá-la. Fique atento e denuncietoda prática de corrupção eleitoral. Dêseu voto de forma consciente – nãodecida na última hora, não o dê a quemjá esteve envolvido em corrupção, nãoo venda nem o troque por favores: ovoto reflete sua dignidade e podecontribuir para que superemos a cor-rupção na política.

Procure conhecer as ideias defen-didas pelos candidatos. Questione se oscandidatos estão dispostos a legislar eadministrar de forma transparente,aceitando meca-nismos de controle porparte da sociedade. Candidatos comhistórico de corrupção ou má gestão dosrecursos públicos não devem receberseu apoio nas eleições.

O voto é essencial. Lembre-se,porém, de que votar não é tudo – vocêdeve, ainda, ficar de olho: acompanhar,depois do pleito, as ações e decisõespolíticas, legislativas e administrativasde seus governantes, para cobrar delescoerência em relação às promessas decampanha e para apoiar todos os seusacertos.

As eleições são uma grande festa democrática precedida por debates, comícios, pessoas empunhandofaixas e bandeiras de partidos, panfletos e muita paixão. Com elas, a cidadania é reafirmada pela práticado voto. Vote conscientemente! Vote com responsabilidade!

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Imagem - Memória Fotos Arquivo Pró-Memória

Quando qualquer eleição se apro-ximava, fosse para a escolha de candidatospara a esfera federal, estadual ou muni-cipal, causava grande expectativa a esperapelos comícios. A população se pro-gramava para assistir a esses eventoscívico-sociais, quando podiam ouvirgrandes oradores, observar o desempenhodos candidatos e conhecer suas pro-postas de trabalho. Fora dos palanques,nos bastidores, intrigas e diferentes tramaseram urdidas pelas coligações partidáriasvisando a ganhar o voto do eleitor.

Os tempos mudaram. Já não se fazemcomícios como os de antigamente. Unsculpam a televisão e as novelas; outros, osmodernos meios de comunicação. O que seconstata é que os comícios já não atraemtantos ouvintes como no passado. Eles jánão dão tanto ibope. Os comícios min-guaram. Acredita-se, mesmo, que estão comos dias contados. Tendem a acabar.

Até há alguns anos, em tempo deeleição, os comícios eram um grandeacontecimento nas cidades brasileiras. Cadauma delas reservava um espaço públicoonde, tradicionalmente, eles aconteciam. EmPiquete, a Praça da Bandeira foi por muitotempo o local adotado. Podia ter comício emqualquer canto da cidade, mas o último, oque causava maior impacto no eleitor, o quedecidia as eleições era o que nela acontecia.Era só anunciar um comício nessa praça paraque a população se assanhasse para assisti-lo. Vinha gente dos bairros distantes só paraconhecer melhor os candidatos. Dava gostoouvir aqueles bem preparados discursos,acompanhar sua sequência de raciocínio,seu pensamento lógico, sua inteligência, a

fina ironia das tiradas dos candidatos. Haviatambém aquele candidato folclórico queacabava por ficar no anedotário popular, ecujo discurso provocava sonoras garga-lhadas. De qualquer maneira, os comíciosatraíam multidões... Era só o caminhão-palanque se posicionar em algum pontoestratégico na Praça da Bandeira e o serviçode alto-falante anunciar para “daqui apouco” a presença de fulano ou sicrano, paraque o povo fosse chegando. Um foguetórioanunciava a presença dos candidatos. Apraça ficava apinhada de gente, que seacotovelava para se aproximar do palanquee melhor se posicionar. A subida das ruascoronel Luiz Relvas e Síria (atual ThoméSeraphim), bem como as sacadas dos clubesdos Ex-Alunos e Comercial, ficavam cheias.Em cima do caminhão era tanta gentequerendo espaço junto à estrela da noite,que quase aconteciam acidentes. E comogritavam os políticos daquela época! Oserviço de alto-falante nem sempre funcio-nava. Sem a potência de hoje, chiava otempo todo, de maneira que mal dava paraouvir e entender os candidatos. Em deter-minado tempo do discurso, numa pausaensaiada pelo orador, alguns gritavam um“muito bem!”... Foguetório espocava...Todos aplaudiam entusiasticamente, numdelírio sem igual, muitas vezes sem saberbem o que e quem estavam aplaudindo.

Apesar das adversidades sempre pre-sentes nas campanhas eleitorais, havia maisrespeito para com o adversário. O tempo foipassando e outras maneiras de fazercampanha foram incorporadas às práticaspolíticas. Para atrair multidões, já que oscomícios vinham se esvaziando, usou-se,

por pouco tempo, trazer uma atração es-pecial para a noite, de preferência um cantorpopular. Criou-se o “showmício”. A JustiçaEleitoral, no entanto, proibiu corretamenteessa prática. Mais recentemente, as carreatasbuscam impressionar os eleitores com umnúmero cada vez maior de carros, mesmoque alguns candidatos paguem o combus-tível de improváveis eleitores... Essastambém não terão vida longa.

Nos comícios de hoje, sem o brilho deantigamente, as propostas e os programasde governo tornaram-se secundários.Mentiras e mais mentiras são a tônica dosdiscursos... Agressões políticas ao invés dediscussão de ideias. A tendência é que oscomícios acabem e aqueles que os ousaremfazer corram o risco de ficar na praça comapenas alguns membros de suas coligações.

A Redação não se responsabiliza pelos artigos assinados.

Diretor Geral:Antônio Carlos Monteiro ChavesJornalista Responsável:Rosi Masiero - Mtd-20.925-86Revisor: Francisco Máximo Ferreira NettoRedação:Rua Coronel Pederneiras, 204

Tels.: (12) 3156-1192 / 3156-1207Correspondência:Caixa Postal no 10 - Piquete SP

Editoração: Marcos R. Rodrigues Ramos

Laurentino Gonçalves Dias Jr.

Tiragem: 1000 exemplares

O ESTAFETA

Fundado em fevereiro / 1997

Já não se fazem comícios como antigamente...

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Até há alguns anos, em tempo de eleição, os comícios eram um grande acontecimento nas cidades brasileiras. Em Piquete, a Praça da Bandeira foi por muitotempo o local onde, tradicionalmente, eles aconteciam. Podia ter comício em qualquer canto da cidade, mas o último, o que causava maior impacto no eleitor,o que decidia as eleições era o que nela acontecia.

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O ESTAFETA

GENTE DA CIDADEGENTE DA CIDADE

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Dona LígiaNatural da cidade de Conceição do Rio

Verde, sul de Minas, Lígia Barbosa nasceuem 6 de junho de 1923, filha de João Barbosae Herondina Catão Barbosa, que teve outrosdois filhos. Em 1926, a família mudou-se paraCruzeiro. O pai, veterinário, veio trabalharna inspeção sanitária da carne produzidanum grande matadouro daquela cidade.Ainda muito pequena, dona Lígia perdeu amãe. O pai, pessoa ilustrada, educou osfilhos com rigidez, mas com muito carinho,mostrando-lhes a importância de bom-senso, honestidade, integridade de caráter,senso de justiça, respeito e amor ao próximo.Dona Lígia cursou a escola primária emCruzeiro, no atual Grupo Escolar Arnolfo deAzevedo. Pouco tempo depois, o pai faleceue dona Lígia com os irmãos foram paraCaxambu, morar com um tio que se tornoututor dos órfãos. Foi, então, matriculada notradicional Colégio Sion, em Campanha, MG.Após a conclusão do curso, retornou paraa casa do tio. Logo conheceu José SeverinoFilho e, após breve namoro, casaram-se, em1942. Em 1945, o casal mudou-se paraPiquete. Seu Juca Severino, habilidosocarpinteiro, trabalhava por conta própria.Certo dia, encontrou-se com o doutorOtávio Tibúrcio, médico militar do antigoHospital da Fábrica, velho conhecido dostempos de quartel em Itajubá, que lhesugeriu que trabalhasse na Fábrica comocarpinteiro. Aceitou a ideia e lá trabalhouaté sua aposentadoria.

Quando chegaram a Piquete, dona Lígiae o marido foram morar às margens darodovia, próximo ao casal Benedito e EvaChaves, seus antigos conhecidos de Ita-jubá. Anos mais tarde, compraram um terrenode Miguel Purcino Ferreira, próximo aoconhecido “Buraco do Barão” e começarama construção da casa própria. Dona Lígiateve quinze filhos, adotou duas crianças ecriou dois netos. A casa sempre cheia iasendo ampliada à medida que a famíliacrescia... No quintal havia sempre uma bemcuidada horta, pomar e uma criação de

porcos. Para manter a ordem em casa, donaLígia diz ter sido muito enérgica. Mantinhahorário para tudo. Todos deveriam cumprirsuas obrigações. Vendo os filhos crescerem,dona Lígia, com dificuldades, comprou umacasa no centro de Jacareí, para que estes, àmedida que saíssem de casa, tivessem umlocal onde ficar para trabalhar e estudar.Orgulha-se de, hoje, ver muitos dos filhos enetos formados e bem sucedidos emdiversas profissões. Recordando-se dasantigas famílias vizinhas, conta que, quandose mudou para a casa onde reside até hoje,eram poucas... Mais tarde, em frente à suacasa, seu Pascoal e a professora Maria doCarmo construíram e criaram a filharada.Recorda-se dos moradores da rua Barão daBocaina: Durvalina e Antônio Jofre, Celinae João Divino, Zé Pequeno e esposa, donaDudu e Antônio Viana, Maria Jofre e Santos,Maria e Pedro Alves, dona Benedita eManoel Cornélio, Ana Jofre e Gouvêa, donaZezé e seu Delfino... Afirma que na partealta havia um cortume, de seu Delfino, e naparte de baixo o centro de umbanda “Pai

Antônio”, cuidado por seuIsidoro e, mais tarde, porseu Anphilófio...

Aos 89 anos de ida-de, dona Lígia mantémvitalidade e boa memória.Atribui a boa disposiçãoao gosto por andar debicicleta... Sempre peda-lou pelas ruas íngremesde Piquete. Conta-nosque foi a primeira mu-lher a participar, indo evoltando, da RomariaCiclística Padre Juca.

Compartilho com os leitores de OEstafeta uma experiência positiva da qualparticipei com um grupo de alunos,adolescentes de 13 e 14 anos, de umaescola pública. Os alunos reuniram-se paradebater sobre o seguinte tema: homens emulheres do nosso tempo. Atuei comomediadora e fiquei encantada com tudoque vi e ouvi.

No calor do debate, rico e muitointeressante, pois os alunos fizeramextensas pesquisas e estavam munidos dedados e fatos históricos, uma alunalembrou aos participantes que houve umtempo em que os homens (alguns) sereferiam à mulher de forma discriminatória:mulher é sexo frágil, isto é coisa demulherzinha, lugar de mulher é nacozinha, mulher nasceu para servir aohomem... O tom da fala da aluna era deperplexidade. Os ouvintes não se mostra-ram diferentes. Pareciam não acreditar,estavam igualmente perplexos. Foi entãoque, com a naturalidade própria da idade,um aluno se manifestou: o cara tem queser muito babaca para falar coisas destetipo. O grupo concordou e riu muito... Ocolega foi aplaudido. Esses jovens já sãohomens e mulheres de um novo tempo: otempo da igualdade entre os gêneros.Usando a expressão deles, podemos dizerque isso é da hora.

Você, leitor de O Estafeta, homem oumulher, certamente concorda com o pensa-mento destes alunos. Não podemos,porém, ignorar que ainda restaram, nonosso tempo, alguns babacas. Eles pare-cem desconhecer o valor de mulherescomo Angela Merkel, cientista e políticaalemã, considerada a mulher mais poderosado mundo; Dilma Rousseff, a primeirapresidenta do Brasil; Hillary Clinton,Secretária de Estado dos Estados Unidos;Zilda Arns, que deixou uma obra socialimportante como fundadora e coordena-dora internacional da Pastoral da Criançae da Pastoral da Pessoa Idosa; LuizaHelena Trajan, que revolucionou o mundodos negócios como presidenta do Maga-zine Luiza; Helen Gracie, que foi a presi-denta do Supremo Tribunal Federal, entretantas outras que se destacaram ou sedestacam na política, nos negócios ou nosocial. Isto só na história mais recente. Masisto não é tudo, pois não é preciso seafastar muito do nosso universo. Comcerteza cada um de nós poderia anunciaruma lista de mulheres que se tornaramprofissionais de sucesso, mães e esposasbrilhantes, políticas de destaque e que,assim como os homens, são capazes deassumir os mais diferentes papéis nasociedade. E está comprovado: todos nóssaímos ganhando com isso!

E viva o nosso tempo, o tempo daigualdade entre homens e mulheres! Aosbabacas, diriam os adolescentes: seliguem! Os intelectuais, por sua vez,sentenciariam: tal atitude é politicamenteincorreta. O pessoal da moda não per-doaria: esta fala é totalmente démodée.Enfim, ninguém aprova a depreciação àmulher, pelo menos no nosso tempo.

Laura Cristina Peixoto Chaves

Homens e mulheresdo nosso tempo

Dona Lígia com filhos e netos

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Duas temáticas ecoam como vozes dochão da pátria, o local do nascimento,sintonizadas numa das mais recentesedições de O Estafeta, o de número 186 dejulho de 2012: a da necessidade da demo-cracia consciente e a luta pelos valoresconsagrados como de direito. São vozesemitidas por possuidores de repertóriosconvincentes e de lugares de autoridade.Defendem, ardorosos, os chamados para ovoto consciente: pela exemplaridade histó-rica e pelo referenciamento às basesculturais. Estas, ainda que não declaradascomo tais, chegam da Grécia, do tempo dospensadores fundamentais – Aristóteles,Platão, Sócrates, entre os mais atuantes.Aristóteles é autor de uma obra de nome“Política”, e Platão, de uma denominada “ARepública”. Levam-nos à reflexão e tomadascomo referências nas obras que se remetemàs questões nacionais, públicas e degoverno. Essas fontes, que vêm desde ospré-socráticos, estão presentes desde asobras de fôlego e de pesquisa acadêmicaaté o vocabulário cotidiano de extraçãodiária.

Sócrates nada escreveu, mas foi trans-crito por Platão nos seus “Diálogos”, cujapreocupação é enfatizar a necessidade dadúvida e do questionamento. Seu propósitoé não fazer aceitar o que é proposto seminvestigar as razões dessas proposições, ouseja, não nos deixar manipular. É buscarrazões para a importância dos direitoshumanos, dos modos de se organizar asociedade, governá-la, planejar os fins eestabelecer os princípios que regem avirtude, a beleza, o bem comum ou dacomunidade.

O lema do belo e bom está presente em

Vozes que ecoam no chão da PátriaPlatão, que o trouxe de Sócrates, a quemdefendeu através de uma “Apologia”, dadoque o mestre estava condenado ao envene-namento pela comunidade que não aceitavaos seus princípios. Sócrates acabou envene-nado pela cicuta, acusado de perverter osjovens atenienses para que aprendessem apensar e criticar. Pensamento e crítica que,constatamos, está presente nos artigosestampados pelo referido exemplar de OEstafeta, diretamente ou nos subtextos,discutindo corrupção, moralização, bemcomum e virtude, além da necessidade dajusteza das escolhas.

A sociedade mudou com a aceleraçãodas técnicas de comunicação, e, por conse-quência, dos modos de pensar, expondoconflitos com os valores dados comopermanentes, os chamados “do Bem”.

Como chegar ao reconhecimento dasmudanças para um povo não acostumado aquestionar, mas obedecer? Como romperesse estatuto sem a devida preparação?Conhecer a História é um dos meios, a Políticaé outro. Há quem advogue a necessidadedo conhecimento político desde os primeirosanos escolares, mesmo os da pré-escola,estando aí incluídas noções de direitos edeveres constitucionais, de cidadania e derepúdio ao que seja falso e deformado, doque seja corruptivo, e, portanto, negativo.

As vozes uníssonas dos textos a queme refiro pretendem iluminar e chamar à razãoos eleitores para o direito que têm em elegere serem eleitos, pois é claro , não se deveesperar o pior. Mas, nos tempos atuais, oque, de fato, mobiliza e norteia as escolhas?Como questionar, e o quê? Viradas aoavesso, as afirmativas devem ser transfor-madas em questões como propunham os

filósofos fundadores, tendo em vista operigo das generalizações do já posto, jádado como aceito e certo. Fugir da conve-niência do convencional ao dar à palavra osseus sentidos, pois estes podem ser altera-dos pela própria palavra manipulada poracordos de interesses partidários.

Perguntar-se como pensar para escolheré um ponto de partida. Pergunte por quê,para quê e como se chega ao poder, e comoele é exercido.

Participe na busca das razões doscustos envolvidos para saber se sãolegítimos, ou apropriados pelos abusos daleniência ou da pouca importância dada aosatos públicos.

Pensar exige método, tranquilidade econ-centração. É um treino para serpraticado com disciplina e tempo. Dátrabalho físico, mental e espiritual. Épreciso estar preparado, não se improvisa.

A mudança social, fruto da aceleraçãopela qual passamos, dificulta essa atividade.O modelo genérico das soluções rápidas eprontas vias internet e meios televisivosinduz à manipulação fácil e imediata, o que écontrário ao pensamento consciente. So-lução a essa questão pode ser dada pormétodos educativos, e aí, as escolhaspoderão ser mais seletivas. Dados osparâmetros, isto é, definidas as bases,passa-se ao questionamento. Quanto maisquestionar melhor – a chave é aprender aquestionar-se e aos demais.

E então, organizar os pensamentos,partilhá-los com a comunidade, e assim,exercer ativamente o princípio básico daética, o de conviver criticamente.

Doli de Castro Ferreira

A importância do votoNuma democracia, como ocorre no Brasil,

as eleições são de fundamentalimportância, além de representar umato de cidadania: possibilitam aescolha de representantes e go-vernantes que fazem e executam leisque interferem diretamente em nossasvidas. Escolher um péssimo go-vernante pode representar uma quedana qualidade de vida. Sem contar quesão os políticos os gerenciadores dosimpostos que nós pagamos. Destaforma, precisamos dar mais valor àpolítica e acompanhar com atenção ecritério tudo que ocorre em nossacidade, estado e país. O voto deveser valorizado e ocorrer de formaconsciente. Devemos votar em po-líticos com passado limpo e pro-postas voltadas para a melhoria devida da coletividade.

Como votar conscientemente?Em primeiro lugar temos que aceitar a

idéia de que os políticos não são todosiguais. Existem políticos corruptos e incom-petentes, porém muitos são dedicados eprocuram fazer um bom trabalho no cargo

Eleições Municipais 2012que exercem. Mas como identificar um bompolítico?

É importante acompanhar os noticiários,com atenção e critério

para saber o que

nosso representante anda fazendo. Pode-se ligar ou enviar e-mails perguntando ousugerindo idéias para o seu representante.Caso verifiquemos que aquele político ougovernante fez um bom trabalho e não seenvolveu em coisas erradas, vale a penarepetir o voto. A cobrança também é umdireito que o eleitor tem dentro de um sistemademocrático.

Não se omita, eleitor!É inconstestável o trabalho dos meios

de comunicação e das Igrejas procurandoconscientizar os eleitores sobre a impor-tância de se escolher bem os futurosadministradores de nossas cidades.

Às vésperas das eleições municipais, aIgreja Católica se antecipou e lançou umacartilha em que orienta o eleitor a escolherseus candidatos e combate o voto nulo.Elaborada pela CNBB, distribuída nasparóquias, visa a orientar a comunidadena escolha consciente de seus candi-datos. A contribuição da Igreja é muitoimportante, pois colabora com a for-mação da consciência política das pes-soas a fim de que exerçam a cidadania.

O eleitor não deve se omitir. In-formar-se, acompanhar o processo de

escolha dos candidatos, perceber quegrupos se unem e com que interesses estãodisputando as eleições, exigir programas deatuação dos candidatos e ter conhecimentode sua vida na comunidade. Combater osvotos nulos e a corrupção eleitoral, apoi-ando candidatos que visem ao bem comumsão nossas obrigações como cidadãos!

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Tempo de espera. Tempo de ama-durecer. Dar tempo ao tempo. De algummodo, por algum motivo, o tempo estásempre pautando as ações e os fatos dasnossas vidas. Ele passa por nós, nos tornamais capazes, mais tolerantes, um poucomais conhecedores das coisas e nos molda.Ou não. Há os que resistem em crescermesmo com passar do tempo.

Ele também é responsável pela melhoriae pela excelência de alguns produtos: ovinho é muito melhor quando faz parte deuma safra mais antiga; assim também ochampanhe e alguns queijos. Algumasplantas só produzem flores e frutos depoisde longa espera.

Em ano de eleição, estamos no tempode espera. Nada de relevante acontece.Nenhuma decisão importante é tomada,porque estamos esperando as eleições. Nascidades, os serviços, os atendimentospúblicos, os novos projetos, o pros-seguimento de outros já iniciados estãotodos parados. Porque estamos no tempode maturação e de espera, estamos de olhosvoltados para o resultado das urnas.

Impressionante perceber e comprovarque todos vivem nessa espera. Como seesse tempo de campanha para as eleições

deixasse quase tudo e quase todos emmarcha lenta, exatamente porque o centrodas atenções, dos negócios, dos serviços,enfim, está voltado para a maturação dadecisão que cada um tomará quando votar.

Essa marcha lenta, lentíssima mesmo,deveria realmente servir para trazer paratodos a consciência necessária nas escolhasque serão feitas pelo voto de cada cidadão.Maturar para enriquecer. Esse é o princípiode quem produz bons vinhos. Tal princípiodeveria ser também o objetivo de todosnesse tempo em que nada além da políticase move a todo vapor.

Para que depois de findado esse tempo,os fogos de artifício sejam vistos comoexplosão de concretização da esperança de

todos. Para que os panfletos contendopropostas e que inundam hoje as cidades,as casas, as ruas, se transformem realmenteem matéria básica para as expectativas quetodos buscam. Cada um desses panfletosse transmude em realização dos projetos quepropagam.

Para que as palavras ditas e propaladasno calor das promessas se transformem emrealidade positiva de oportunidades, demelhorias e bom senso para o crescimentosocial, cultural e econômico das populações.

Possa este tempo de espera que estamosvivendo agora servir para que as trans-formações aconteçam para melhor. Como ovinho, como o champanhe envelhecemescondidos para se transformarem emdeliciosas e agradáveis bebidas. Que estetempo de espera seja realmente convertidoem realidade promissora, em bons frutos paratodos.

Finalmente, para que, terminado esseperíodo, todos possam concluir como opoeta e cantar o tempo com alegria:“Compositor de destinos, tambor de todos

os ritmos, Tempo, tempo, tempo, tempo...

Entro num acordo contigo, Tempo, tempo,

tempo, tempo...”.Eunice Ferreira

Tempo de espera: traga bons frutos!

Somos todos companheiros, camaradase colegas.

Companheiros, porque comemos domesmo pão, que nos prodigaliza aPachamama, a Mãe Terra.

Camaradas, porque dividimos o mesmoalojamento, o Planeta Azul.

Colegas, porque, juntos, procuramosdecifrar as realidades que nos cercam.

A humanidade, enquanto caminha, vaicriando bolsões de diferenças, queagrupam os seres humanos de acordo comfundamentos que surgem não se sabe deonde.

Foi assim que, em 1962, quandocolamos grau na Faculdade, recebemos,junto com o diploma, o apelido de pri-vilegiados.

Isto porque, dentro da populaçãobrasileira, constituíamos uma minoriainquestionável.

Segundo nos disseram, grande era anossa responsabilidade. Somente nóspoderíamos alavancar o progresso doBrasil.

Nas aulas, havíamos tomado conhe-cimento da Doutrina Social da Igreja.Estudamos a encíclica “Rerum Novarum”do papa Leão XIII (1891); a “QuadragesimoAnno”, de Pio XI (1931) e a “Mater etMagistra”, de João XXIII (1961). Fre-quentamos as acaloradas discussões doDiretório Acadêmico. Estivemos nosEncontros de JUC (Juventude Univer-sitária Católica). E em Peregrinações como

a de Moreira César a Aparecida, quandoíamos encontrar os estudantes paulistasque vinham no trem e, depois, a pé, à noite,no percurso de 22km, com nossas lanternas,discutíamos todos os problemas do homeme do mundo.

Em 1961, estive no XXIV Congresso daUNE, União Nacional dos Estudantes, emNiterói, RJ.

Aí se mesclavam as inflamadas tesesdos marxistas que queimavam jornais e cha-mavam as elites brasileiras de Lacaios daWall Street.

Educados no mais acendrado respeito àvida, as teses que empurravam para arevolução armada não nos atraíam.

As ONGs, Organizações Não Gover-namentais, não existiam. Às chamadasentidades filantrópicas pertenciam gruposdefinidos de pais e mães de famílias eordens religiosas.

Foi, então, que achamos o nosso ca-minho: exercer a profissão com o máximo dedignidade, não pleitear postos políticos eser uma presença constante incentivando,denunciando e encaminhando.

Os advogados deveriam colocar aJustiça à frente do Direito.

Os pedagogos teriam de abater oanalfabetismo renitente.

Os médicos enfrentariam o fantasma dasdoenças tropicais.

Os dentistas buscariam dar resposta auma questão intrigante: por que sociedadestribais na África, na Oceania e nas Américas,

Os privilegiadosque desconheciam as noções usuais dehigiene bucal, conservavam seus dentesaté a idade adulta, e os nossos caboclosos perdiam, muitas vezes, já no fim daadolescência.

Os arquitetos e urbanistas resolveriamo problema das favelas.

Os físicos, químicos, geólogos ehidrólogos dariam um basta aos danos da“Seca do Nordeste”.

E a turma da produção de alimentosresponderia à questão: qual o grau dedesnutrição do brasileiro?

Enquanto os privilegiados de 62vagavam pela vida brasileira, novasfaculdades foram criadas e aumentou onúmero de vagas e, portanto, o acesso debrasileiros ao nível superior.

Já caminhamos mais que os judeus nodeserto. Não maldissemos o maná, nemexigimos codornizes.

Mas, muitas vezes, lamentamos a faltada água límpida da cooperação no ardordas disputas.

Não sabemos se Josué sairá do meiode nós.

Mas temos a certeza de que, quandoele fincar o estandarte na Canaã brasileira,o mundo inteiro vai ler o mesmo lema dapartida de 62:

O Mesmo Pão.A Mesma Casa.A Mesma Escola.

Abigayl Lea da Silva

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O ESTAFETA

Edival da Silva Castro

Página 6 Piquete, setembro de 2012

Crônicas Pitorescas

Palmyro Masiero

O ovo ou a galinha?

Sempre aos domingos

Acesse na internet, leia edivulgue o informativo

“O ESTAFETA”“O ESTAFETA”“O ESTAFETA”“O ESTAFETA”“O ESTAFETA”www.issuu.com/oestafeta

www. fundacaochristianorosa.cjb.net

ou

Aos domingos, carrancudos ou de solardente, pelas manhãs, na Praça da Bandeirajuntava-se gente pelos diversos pontoscomerciais: no Lau’s Bar, no bilhar do ZéSerafim, na sorveteria do seu Brasilino, nabanca de jornal do Daniel Brasilino... Emuitos ainda se apinhavam pelos bancosda Praça...

Os engraxates exerciam a profissão aolodo do obelisco. Eu, quando notava meussapatos sem brilho, opacos, procurava oCafá. Humilde, bondoso e zeloso, um garotoem busca de alguns trocados para reforçara renda familiar. Quando meus pés repou-savam sobre a caixa, ele, cuidadoso, vestia-me calçadeiras para me proteger as meias.Iniciava, então, sua arte.

Às tardes, os domingos ficavam re-servados às matinês, de seriados como “Agarra de ferro”, “Capitão Marvel” e “Zorro”,e desenhos do Tom & Jerry, Pernalonga,Irmãos Corvinho. Os adeptos do futebol iamao campo do Esporte Clube Estrela, quandoo time tinha o mando dos jogos. Erampartidas contra o E.C. Elvira, Frigorífico F.C.,Taubaté F.C., Esportiva F.C..

À noite, no cinema, eram projetadosclássicos imperdíveis como “Sansão eDalila”, “O Manto Sagrado”, “Casablanca”...Terminada a primeira sessão, as moçasuniam-se com as que se encontravam dandovoltas na Pracinha... Os rapazes, de olharesacesos, ficavam parados, à conquista dosflertes... De vez em quando ouvia-se algumcomentário da beleza de algumas delas... Nosclubes – Associação Comercial, Ex-Alunose Grêmio General Carneiro – aconteciambrincadeiras dançantes, com muitos apren-dizes de bolero ao som de Valdir Calmon,Românticos de Cuba, Ray Connif.

Sempre aos domingos iniciava-se umapaquera, ou, então, um lindo romance deamor terminava.

A madame era colunável do mais elevadofio de cabelo até a ponta do dedão do pé.Falada pra burro! Apareceu nos jornais dodia com destaque, após a majestosa,chiquérrima recepção oferecida na vésperaà mais fina flor da sociedade local. Fotosespocadas de todos os ângulos registraramo acontecimento, deixando a ignara dequeixo caído diante do visual estampado.Lá estiveram os mais famosos colunistas dosoçaite dos mais diversos órgãos de comu-nicação fazendo a cobertura completa doevento. Vários garçons, maîtres, barmens erecepcionistas atendiam aos convidados:uísque escocês legítimo, champagnefrancês, voka polonesa, pratos finos dosmais diferentes paladares: lagostas, ca-napés, salgadinhos... A mansão fora deco-rada por pra lá de “experts” no assunto,ficando o ambiente enfeitado pelas maisbelas plantas ornamentais, com perfuma-dores por todos os recantos... Resumo: umaloucuuuuuura!

Nas fotografias apareciam grupos aqui,ali, acolá, dando a impressão de conversaremcoisas seríssimas, importantes, comoimportantes eram todos ali. A raça femininaestava numa linhagem, mais parecendo umadisputa entre os criadores da alta-costura,com joias raras exóticas pespegadas nostules, penduradas nas orelhas, enfiadas nosdedos e toda elas estampadas nos rostosbem tratados. Os cavalheiros, a rigor,estavam mais terrenos. Explico: apesar deserem negras, pelo menos viam-se bor-boletas, coisa mais conhecida, emboraatualmente em escassez. Até parece que agente já viu isso numa cena de novela detelevisão!

Não entendo nada do riscado e nãoestou aqui para fazer qualquer comentário arespeito dessa festa de que fiquei tomandoconhecimento através dos jornais. Dela nãoparticipei por duas razões: primeira, porquenão fui convidado (nem poder seria: quem éesse cara? Simplesmente eu...) e, segunda,é que dentro da parte da pirâmide socialconstituída por colunáveis estou mais porfora do que regra de três... Gandula tem mais

probabilidade... Perguntarão, com muitajusteza, o que é, então, que eu tenho de metero nariz na vida dos outros. Nada, emabsoluto! Apenasmente, como diz o bomOdorico Paraguassu, meus chefões fizeramcomentários sobre a festa e, por acaso, acasomesmo, eu estava por perto e ouvi algumacoisa e, lógico, fica-se sabendo algumacoisa...

A mulher, aquela hipercolunável da festapublicada, oferecera a recepção por estarcompletando mais um “nat” (gostaram?!!).Pois, como ia e acabei não dizendo, ocomentário dos meus patrões que delaparticiparam foi justamente nesse ponto do“mais um”... Segundo os dois infames(afinal, enpanturraram-se e encheram a caracom o que de melhor existe e ali estavamtecendo comentários desairosos à coroaaniversariante...), a contagem dos anos dadistinta, que, antigamente vinha em escaladecrescente, estacou em uma que talvez aprópria considerasse a que melhor lhe caía,e estacionou...

O trecho da conversa mais interessante(e cruel) entre os dois que, pelo visto, aconheciam bem, foi mais ou menos assim:

– Dos 34 eu acho que ela não sai mais...– Difícil é para o comendador, que não

para de acrescentar anos a cada ano quepassa... Daqui a algum tempo a diferença deidade vai ser tanta entre eles, que vão pensartratar-se do avô dela.

E riram desbragadamente os dois. Virou-se o outro:

– Eu já me preocupo mais com os filhosdo casal...

– Por quê?– Nessa batida, vão ter problemas tão

complexos como aquele de quem nasceuprimeiro: o ovo ou a galinha?

– Como assim?– Imagine só: nessa sucessão, como

poderão dar explicações daqui a algunsanos? Como poderão ter nascido antes daprópria mãe?

Quase que a tarde toda gozaram com apergunta: quem nasceu primeiro? Os filhosou a galinha?

A Fundação Christiano Rosa saúda a

comunidade católica piquetense, na

data de seu excelso

padroeiro, São Miguel

Arcanjo, comemorada

no dia 29 de

setembro.

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O ESTAFETAPiquete, setembro de 2012 Página 7

No dia 31 de julho de 2012 foi comemo-rada a efeméride jubilar de 75 anos de nossaIgreja Particular, isto é, da Diocese deLorena, à qual nos vinculamos.

Uma comemoração brilhante marcouessa data na cidade-sede Lorena, organizadapelo Bispo Titular Dom Benedito Beni dosSantos que, no convite para o evento, fezapresentar a programação: (16h) Inau-guração do Centro de Pastoral Conde JoséVicente de Azevedo, (19h) Missa Solene naCatedral, seguida de sessão solene.

A inauguração do Centro Pastoral emnome do homenageado, razão de justiça, porter sido o grande incentivador e líder noprocesso da busca pela conquista da criaçãodo Bispado de Lorena e da Diocese por elenomeada.

Diocese é a porção do Povo de Deusconfiada a um Bispo para que pastoreie emcooperação com o presbitério, de tal modoque, unida ao seu Pastor, e por ele congre-gada no Espírito Santo mediante o Evan-gelho e a Eucaristia, constitua uma Igrejaparticular, na qual verdadeiramente está eopera a Una, Santa, Católica e ApostólicaIgreja de Cristo. Decreto conciliar CristoSenhor.

Essas são palavras colhidas da revistaTestemunha Ocular, nº 46, de 29/05/2012 –Edição Histórica da Diocese de Lorena.

O Conde José Vicente de Azevedo erafilho do Coronel José Vicente de Azevedo eneto do homônimo Comendador, português,que chegando a Lorena, casou-se com DonaMaria Pereira da Guia e tornou-se chefe doPartido Conservador. A forte oposição doPartido Liberal é atribuída como causa desua morte por envenenamento em 9 dejaneiro de 1844, em seguida às renhidas lutasna Revolução Liberal de 1842, iniciada emSorocaba e estendida a Lorena. O filho,Coronel José Vicente de Azevedo, casou-secom Dona Angelina Moreira de Castro Lima,filha da Viscondessa de Castro Lima, DonaCarlota Leopoldina de Castro Lima, e donegociante português José Joaquim MoreiraLima, tornou-se também membro do PartidoConservador. Em vista da rápida ascensãoao prestígio político, igualmente foi vitimadoem uma emboscada atribuída aos rivaisliberais (19/02/1869), vindo a falecer no dia21/02/1869. Foi sucedido pelo filho demesmo nome, depois titulado Conde Ro-mano pela Santa Sé. Este o maior respon-sável pela criação de nossa Diocese. Osbiógrafos costumam atribuir aos três JosésVicente de Azevedo, na cadeia sucessória ehegemônica, a tarefa em eleger Lorena àposição de sede diocesana, obra completadapelo Conde em 1937, não sem muito esforço,empenho e dedicação.

O Conde é visto como homem singular,dedicado às obras assistenciais, sociais ereligiosas, tanto em Lorena como em SãoPaulo, onde uma grande obra educacional esocial é de sua criação, e de cuja direção seincumbem os descendentes empenhados emmantê-la viva e progressiva como desejavao ilustre ascendente que previu e docu-mentou como antecedência o momento

centenário. Hoje, a obra já conta com 116anos para orgulho da neta, bisnetos e demaismembros da grande família.

A própria neta, Dona Gabriela Vicentede Azevedo Franceschini, presidiu ao ladode Dom Benedito Beni dos Santos àinauguração do quadro e busto do home-nageado do Centro de Pastoral. Numdiscurso bem colocado lembrou a obra doavô e sintonizou a memória à passagem doEclesiástico cap. X – Elogio dos antepas-sados, em referência aos ancestrais comoforça viva de herança.

A história da Diocese tem sido a-presentada pelo padre Fabrício Beckmanncom apurada pesquisa, em parte publicadapela revista citada, comemorativa da datajubilar.

O Conde José Vicente de Azevedonasceu em Lorena a 7 de julho de 1859 emorreu em São Paulo a 3 de março de 1944.Foi advogado, filantropo e político.

A missa solene da data comemorativafoi celebrada por Dom Benedito Beni dos

Santos, atual Bispo Titular, e concelebradapor outros tantos membros da Igrejaconvidados e constituintes do clero daprópria Diocese. A homilia de Dom Beni foimuito bem explicada. A comemoração jubilarencerrou-se com a novena e Festa de NossaSenhora da Piedade, padroeira da cidade deLorena e da própria diocese a 15 de agostodo corrente.

Oportunamente, o registro da datamagna foi elaborado em nosso INPAR(Informativo Paroquial – Piquete – SP) pelopároco da matriz de São Miguel Arcanjo,Monsenhor João Bosco de Carvalho, emeditorial bem constituído, para dar o sentidohistórico e significativo da comemoraçãojubilar.

Nele encontramos registrados os nomesdos oito bispos que estiveram nesses 75anos à frente do governo de nossa Diocese.Aqui transcrevo as citações. Inicialmente,Dom Francisco Borja do Amaral, o primeirodeles, (1940 / 1944). Da fundação em 31 dejulho de 1937 até a chegada do primeirobispo, D. André Arcoverde, Bispo deTaubaté, assumiu como AdministradorApostólico.

De 1944 a 1946, Monsenhor DagobertoPalmeiro Azevedo assumiu como VigárioCapitular até a chegada do segundo bispo,Dom Luis Gonzaga Peluso, que permaneceude 1946 a 1959. Em 1960 assumiu novamenteMonsenhor Dagoberto como Vigário Capi-tular até a chegada do terceiro bispo, DomJosé Melhado Campos, que permaneceu de1960 a 1965. Entre 1965 e 1966 retornaMonsenhor Dagoberto, até a chegada doquarto bispo, Dom Cândido Padim (1966 /1970). O Cardeal Dom Carlos de VasconcelosMotta assumiu como Vigário Capitular entre1970 e 1971, quando assumiu o quinto bispo,Dom Antônio Afonso de Miranda (1971 /1977). Em seguida, assume o sexto bispo,Dom João Hipólito de Moraes (1977 / 2001).Dom João exerceu o episcopado somenteem nossa Diocese por 24 anos. Foi sucedidopor Dom Eduardo Benes de Salles Rodriguesentre 2001 e 2005. Este foi o sétimo bispo.Na vacância do cargo, assume o Padre JoãoBosco de Carvalho, entre 2005 e 2006, comoAdministrador Diocesano, até a chegada dooitavo bispo, Dom Benedito Beni dosSantos, que até hoje está à frente da nossaDiocese. Seu lema episcopal: Sub tuumpraesidium. Nasceu em Lagoinha, SP, aos15 de janeiro de 1937. Foi ordenadoSacerdote em 22 de dezembro de 1962, eAuxiliar do Cardeal Arcebispo de São Pauloa 28 de novembro de 2001. Sua ordenaçãoepiscopal ocorreu em Taubaté,SP, no dia 9de fevereiro de 2002.(Anotações obtidas da Revista “Testemunha

Ocular” nº46).

Dom Benedito Beni dos Santos temvalorizado essa comemoração no enten-dimento de que a referência da Diocese deLorena tem, nessa região do Vale do Paraíba,grande presença na memória, na tradição ena História como fortes significantes.Assim como a devoção a Nossa Senhorada Piedade. Dóli de Castro Ferreira

A data jubilar da Diocese de Lorena, Nossa Igreja Particular(31-07-1937 / 31-07-2012)

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O ESTAFETA Piquete, setembro de 2012Página 8

Papagaio que acompanha joão-de-barro vira ajudante de pedreiro...A vida nos proporciona momentos vários

e distintos... Quanto mais vivemos, portanto,mais experientes ficamos em diferentestemas. Importante destacar que a diversidadede nossas experiências depende unicamentede nossas iniciativas e de nossos sonhos.Se não sonharmos, se não tivermos metas,objetivos, ficaremos estagnados. Ouvi,pouco antes de escrever este texto, algo quejulgo essencial na vida de todos: temos quebuscar enxergar o mais longe possível.Especificamente para os piquetenses,nossos sonhos têm que ser vislumbrados apartir do topo da Mantiqueira; de nadaadiantará nos limitarmos ao vale em quePiquete se encontra, pois, dessa forma, asexperiências serão por demais restritas.

Todos precisamos ousar, conhecernovas pessoas, experimentar o novo... Paratanto, é certo, escolhas serão necessárias.Teremos, inevitavelmente, que optar e issonem sempre é fácil. O rompimento depadrões não é indolor, pois mudar conceitosarraigados exige coragem para se encarar odesconhecido. No entanto, só assim cres-

ceremos pessoal ou profissionalmente, porexemplo. O importante é termos certeza denossas opções, é estarmos certos do quequeremos. Não podemos nos propor metasque não são nossas, que não nos interes-sam, não nos dão prazer. Se o fizermos,estaremos vivendo vidas outras que não asnossas. As experiências pelas quais pas-sarmos terão sido pensadas, sonhadas poraqueles que nos dominaram. Imaginemos umbelo, alegre e falante papagaio... Sua vida écantarolar o que lhe ensinam, é repetir o quelhe ordenam... Se acompanhasse um joão-de-barro, se tornaria um ajudante depedreiro... Seria esse seu sonho? Ainda: teriasonhos esse papagaio? Ou será que, presoao seu poleiro, deixou de vislumbrar asverdes matas, os alegres e barulhentosbandos de sua espécie que habitam nossasflorestas? Teria ele se acomodado, secontentado com “casa, comida e roupalavada”?

O papagaio preso deixou de sonhar,meus amigos! Deixou de ver a luz. Deixoude buscar novos desafios que lhe permi-

tiriam acumular opções de vida, diversidadede experiências... O papagaio-ajudante-de-pedreiro também nos mostra que se nãotivermos nossas próprias ideias nos dei-xamos moldar pelas pessoas com queconvivemos, pelo meio que frequentamos.

Para sermos felizes, temos que terautonomia, liberdade de escolha. Temos queansiar pelo melhor... Para tanto, temos quelutar, que perseguir nossos sonhos, nossosobjetivos... Temos que fazer a nossa estrelabrilhar sem depender da luz de outros.

Muitos dos brasileiros teremos, em 7 deoutubro, a oportunidade de escolher entreo novo e a mesmice, entre a ave trabalhadorae empreendedora e o papagaio-ajudante-de-pedreiro que não pensa, não tem ideias eage visando, egoisticamente, apenas ao seupróprio bem. A escolha de 7 de outubro énossa, mas, desta nossa escolha depende-rão os sonhos de muitos outros. Pensemosbem, pensemos coletivamente... Vamosacumular experiências, vamos nos tornarsenhores do nosso destino.

Laurentino Gonçalves Dias Jr.

Que prevaleça o bom senso de nossa gente!Na missa do vigésimo domingo do

tempo comum, a Igreja, espalhada portodo o mundo, meditou, nas celebraçõeseucarísticas, sobre o salmo 14, no qual osalmista apresenta uma questão: “Senhor,quem morará em vossa casa e no vossomonte santo habitará?”

Na resposta a esta pergunta, o salmista,enumerando as virtudes da pessoa de fésincera que é considerada digna de habitarjunto a Deus diz: “Quem não dá valor algumao homem ímpio, mas honra os que respei-tam o Senhor.” Respeitar o Senhor nãosignifica se fingir religioso, clamar o nomede Deus em praça pública e bater no peitodizendo-se cristão, ter cara de humilde ebonzinho... Significa, antes de tudo, fazera vontade do Pai que está no Céu, comonos ensina Jesus em Mt 7,21.

A vontade do Pai é que todos os seusfilhos vivam com dignidade, um pai não sealegra quando algum filho passa neces-sidade, quando não há pão sobre a mesa,quando não existe atendimento aosdoentes, quando os jovens não possuemacesso à formação profissional para quepossam crescer na vida, quando não hámoradia decente para que as famílias vivamtranquilas e não tenham que se preocuparcada vez que vem uma chuva mais forte.

Grande parte desses problemas, experi-mentados diariamente, sobretudo pelos

mais pobres, possui origem nas más açõesde homens ímpios como o lembrado pelosalmista. A corrupção, o desvio do dinheiropúblico e a má administração dos recursosgeram pobreza e sofrimento para muita gente.Recentemente, vimos o Poder Público serdesmoralizado em muitos municípios denosso país. Vários prefeitos tiveram seusmandatos cassados por práticas criminosasno exercício de suas funções.

Há uma grande esperança de que essaseleições que se aproximam promovam umagrande mudança de rumo em nossascidades. Que o povo saiba dizer não àcorrupção, à roubalheira, ao uso do poderem benefício próprio, às perseguiçõespolíticas que afrontam a democracia, aoenriquecimento ilícito de poucos à custa damunicipalidade.

O futuro de nossas cidades, sobretudodas mais pobres, depende muito de umaadministração séria e competente querespeite nosso povo e se empenhe em gerarcondições de vida mais adequadas àdignidade humana. Esse futuro está nasmãos de cada eleitor.

O dever de zelar pela moralidade dasinstituições públicas de nossos muni-cípios é de todos. Sabemos que sem ordemnão haverá progresso verdadeiro, que atodos inclua e seja duradouro. Para oscristãos, porém, mais que um dever,

buscar o bem comum é uma obrigaçãomoral irrenunciável, de maneira que nãose pode continuar a ser verdadeiramentecristão e compactuar com os que pro-movem a degradação da sociedadeinstalando no Poder Público verdadeirasfacções criminosas.

Como nos ensinou o salmo 14, paraestar junto a Deus não podemos dar valoralgum ao homem ímpio, mas sim à pessoaque busca fazer o que é honroso aosolhos de Deus, isto é, promover umasociedade justa na qual os direito detodos, de modo especial os dos maispobres, sejam promovidos e respeitados.

As candidaturas às Prefeituras e àsCâmaras de Vereadores que representama perpetuação de administrações queenvergonharam o povo e promoveramprejuízos materiais e morais à muni-cipalidade não podem receber o apoio daspessoas de bem e, muito menos, daspessoas de fé. Que prevaleçam o bomsenso e os valores cristãos de nossa gentee que aconteçam mudanças saudáveis,sobretudo nos municípios de nossaregião, que tanto têm sofrido nas mãos depolíticos corruptos e do mais baixo nívelde moralidade.

Pe. Fabrício Beckmann

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Fotos Arquivo Pró-Memória