SETORIZAÇÃO DE RISCOS NO ESPÍRITO SANTO: UMA AVALIAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS E SUA RELAÇÃO COM A...

1
SETORIZAÇÃO DE RISCOS NO ESPÍRITO SANTO: UMA AVALIAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS E SUA RELAÇÃO COM A GEODIVERISDADE Lazaretti, A.F. 1 Pinho, D. 1 ; Santos, T.D. 1 ; Silveira, M.C.M. 1 1 Serviço Geológico do Brasil - CPRM RESUMO: Desde novembro de 2011 o Serviço Geológico do Brasil – CPRM vem atuando no Estado do Espírito Santo, realizando setorizações de risco alto a muito alto a movimentos de massa e enchentes. De acordo com os levantamentos de campo realizados pelo SGB/CPRM até fevereiro de 2014, de um total de 50 municípios, representando cerca de 65% do território do estado, tem-se em números, mais de 250 mil pessoas em áreas de risco, e aproximadamente 60 mil moradias, e até o momento, nas áreas densamente povoadas (urbana ou rural), um total de 613 setores identificados. Refinando estes números, e tomando por base apenas a tipologia dos processos avaliados, verificou-se que para deslizamentos incluindo como variantes os mesmos em taludes de corte, planares naturais e induzidos, deslizamentos potencializados por enxurradas, ou intensificados por processos erosivos como ravinamentos e sulcos, porém sem ter evoluído para voçoroca, ou deslizamentos rotacionais, e quedas, tombamento e rolamento de blocos, na categoria de risco alto, estes processos representam 58,53% nos municípios avaliados, sendo o percentual restante: rolamento de blocos associados a depósitos de pé de encosta (tálus ou colúvio) 1,38%, processos erosivos intensos, (chegando a formação de voçorocas) 3,69%, inundação (associadas às planícies das principais bacias) 29,49%, alagamentos e enchentes (sem relação com problemas de drenagem urbana) 5,07% e corridas de detritos (de grande poder destrutivo)1,84%. Esta mesma avaliação para as áreas de risco muito alto temos: deslizamentos com 88,38%, processos erosivos 0,25%, inundação 7,83 %, alagamentos e enchentes 1,26%, corridas 2,02% e solapamento de margens 0,25%. Nas áreas de alto risco, onde a ocupação não interviu de forma crítica ou que os processos não estejam avançados ou ocorreu algum tipo de intervenção, tem-se uma distribuição entre deslizamentos e outros processos praticamente de forma igualitária. Conforme o avanço da situação, ou seja, áreas sem ações de intervenções estruturais ou não-estruturais o risco passa a muito alto, e nota-se claramente a evolução dos deslizamentos que passam a responder por mais de 80% dos eventos, bem como as corridas que também passam a ter uma elevação em seu percentual, mesmo que pequeno no contexto geral. É interessante notar que mesmo com as inundações, alagamentos e enchentes apresentando uma redução, apesar do aumento do grau de risco, surge um novo processo intenso: o solapamento de margens, que é associado à erosão e processos hídricos (interface). Verificando a relação entre a geologia e a geomorfologia, tem-se que estes processos ocorrem em dois domínios geoambientais principais: Domínio dos Complexos Gnaisse-Migmatítico e Granulitos e Domínio dos Complexos Granitóides Não-Deformados. Estes complexos apresentam as seguintes características que corroboram com toda a questão da evolução do risco geológico no Estado: O domínio de predominância dos gnaisses-migmatitos é composto por rochas muito descontínuas, de grande anisotropia mecânica, favorecendo o desplacamento em lascas e por consequência queda e rolamento destes blocos, além da formação de solos com suscetibilidade média a alta a movimentos de massa; e o domínio dos granitoides não deformados, com de predominância de charnokitos, também gera blocos e solo de grande potencial erosivo. Sendo assim estudos e um planejamento urbano, além de intervenções são de extrema urgência para que estes números de setores de risco não aumentem já que é fato que sem a intervenção antrópica o ambiente é favorável a estes processos. PALAVRAS-CHAVE: RISCOS, SETORIZAÇÃO, ESPÍRITO SANTO

description

Resumo de Trabalho Apresentado no 47 CBG - Congresso Brasileiro de Geologia.

Transcript of SETORIZAÇÃO DE RISCOS NO ESPÍRITO SANTO: UMA AVALIAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS E SUA RELAÇÃO COM A...

Page 1: SETORIZAÇÃO DE RISCOS NO ESPÍRITO SANTO: UMA AVALIAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS E SUA RELAÇÃO COM A GEODIVERISDADE

SETORIZAÇÃO DE RISCOS NO ESPÍRITO SANTO: UMA AVALIAÇÃO DOS

DADOS OBTIDOS E SUA RELAÇÃO COM A GEODIVERISDADE

Lazaretti, A.F.1 Pinho, D.1; Santos, T.D.1 ; Silveira, M.C.M.1

1Serviço Geológico do Brasil - CPRM

RESUMO: Desde novembro de 2011 o Serviço Geológico do Brasil – CPRM vem atuando no Estado do Espírito Santo, realizando setorizações de risco alto a muito alto a movimentos de massa e enchentes. De acordo com os levantamentos de campo realizados pelo SGB/CPRM até fevereiro de 2014, de um total de 50 municípios, representando cerca de 65% do território do estado, tem-se em números, mais de 250 mil pessoas em áreas de risco, e aproximadamente 60 mil moradias, e até o momento, nas áreas densamente povoadas (urbana ou rural), um total de 613 setores identificados. Refinando estes números, e tomando por base apenas a tipologia dos processos avaliados, verificou-se que para deslizamentos incluindo como variantes os mesmos em taludes de corte, planares naturais e induzidos, deslizamentos potencializados por enxurradas, ou intensificados por processos erosivos como ravinamentos e sulcos, porém sem ter evoluído para voçoroca, ou deslizamentos rotacionais, e quedas, tombamento e rolamento de blocos, na categoria de risco alto, estes processos representam 58,53% nos municípios avaliados, sendo o percentual restante: rolamento de blocos associados a depósitos de pé de encosta (tálus ou colúvio) 1,38%, processos erosivos intensos, (chegando a formação de voçorocas) 3,69%, inundação (associadas às planícies das principais bacias) 29,49%, alagamentos e enchentes (sem relação com problemas de drenagem urbana) 5,07% e corridas de detritos (de grande poder destrutivo)1,84%. Esta mesma avaliação para as áreas de risco muito alto temos: deslizamentos com 88,38%, processos erosivos 0,25%, inundação 7,83 %, alagamentos e enchentes 1,26%, corridas 2,02% e solapamento de margens 0,25%. Nas áreas de alto risco, onde a ocupação não interviu de forma crítica ou que os processos não estejam avançados ou ocorreu algum tipo de intervenção, tem-se uma distribuição entre deslizamentos e outros processos praticamente de forma igualitária. Conforme o avanço da situação, ou seja, áreas sem ações de intervenções estruturais ou não-estruturais o risco passa a muito alto, e nota-se claramente a evolução dos deslizamentos que passam a responder por mais de 80% dos eventos, bem como as corridas que também passam a ter uma elevação em seu percentual, mesmo que pequeno no contexto geral. É interessante notar que mesmo com as inundações, alagamentos e enchentes apresentando uma redução, apesar do aumento do grau de risco, surge um novo processo intenso: o solapamento de margens, que é associado à erosão e processos hídricos (interface). Verificando a relação entre a geologia e a geomorfologia, tem-se que estes processos ocorrem em dois domínios geoambientais principais: Domínio dos Complexos Gnaisse-Migmatítico e Granulitos e Domínio dos Complexos Granitóides Não-Deformados. Estes complexos apresentam as seguintes características que corroboram com toda a questão da evolução do risco geológico no Estado: O domínio de predominância dos gnaisses-migmatitos é composto por rochas muito descontínuas, de grande anisotropia mecânica, favorecendo o desplacamento em lascas e por consequência queda e rolamento destes blocos, além da formação de solos com suscetibilidade média a alta a movimentos de massa; e o domínio dos granitoides não deformados, com de predominância de charnokitos, também gera blocos e solo de grande potencial erosivo. Sendo assim estudos e um planejamento urbano, além de intervenções são de extrema urgência para que estes números de setores de risco não aumentem já que é fato que sem a intervenção antrópica o ambiente é favorável a estes processos. PALAVRAS-CHAVE: RISCOS, SETORIZAÇÃO, ESPÍRITO SANTO