Revista info exame 2005 janeiro 50 coisas bacanas para fazer com o pc sem gastar nada 25-43
SÃO PAULO, 25 DE MARÇO DE 2015. · 2015. 3. 25. · Ocidental da América do Sul (o Atacama, no...
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SÃO PAULO, 25 DE MARÇO DE 2015.
Entrevista com secretário do Verde e Meio Ambiente de São Paulo,
Wanderley Meira
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Prefeitura de São Paulo vai usar dinheiro repatriado para a construção
de creches
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Sudeste: O desenvolvimento moldado pela floresta
por Dal Marcondes, da Envolverde
Foto: Alex Silveira/WWF Brasil
Antônio nobre é um dos mais respeitados nomes entre os especialistas em clima e
serviços ambientais no Brasil. Seus estudos mostram que a Amazônia não é apenas
uma mancha verde nos mapas da América do Sul, mas é responsável pela umidade que
coloca as regiões Sul e Sudeste do Brasil entre as mais férteis do mundo. Nobre
quantificou a água que a Amazônia bombeia para o Sul: são 20 bilhões de toneladas,
mais do que os 17 bilhões de toneladas que o Rio Amazonas despeja no Atlântico
diariamente. Por suas contas, esse rio voador é o maior do mundo, resvala nos Andes,
preenche de vida o Pantanal e irriga as terras férteis do Brasil e de países vizinhos.
Observador atento da realidade vê riscos no avanço desordenado sobre a floresta e
aponta como argumento o mapa-múndi, onde, na linha do Trópico de Capricórnio –
que atravessa São Paulo – existem desertos na África, na Oceania e na margem
Ocidental da América do Sul (o Atacama, no Chile, é uma das regiões- mais secas do
mundo). Só a Amazônia explica por que o Sudeste brasileiro não é, também, uma das
regiões mais áridas do planeta. Nesta entrevista Nobre fala sobre a importância de se
compreender a relação entre os serviços prestados pela natureza e a economia
humana. Para ele não há como a humanidade sobreviver, caso seja rompido o
equilíbrio entre a o uso dos recursos naturais e a capacidade- de regeneração do
ambiente.
Dal Marcondes – O que significam de fato os serviços ambientais e qual a sua
relação com a capacidade de o Brasil ser esta economia complexa que é?
Antônio Nobre: A noção de serviços ambientais é bastante simples: sem eles não
existiria vida. Um paralelo que se pode fazer é das células do corpo humano. Sem a
especialização de cada uma das células não seria possível ao organismo funcionar. A
relação da Amazônia com o resto do Brasil e da América do Sul é igual. Cada bioma
presta serviços ambientais importantes para o equilíbrio do clima e do sistema hídrico
da região. A umidade que a Amazônia capta no oceano serve para manter a vida e as
atividades econômicas do Sul e Sudeste. Sem esse fluxo não haveria a riqueza gerada
pelo agronegócio e não seria possível ter as indústrias. A biosfera, que é a região que
alimenta e mantém a vida, é muito pequena e frágil em relação às outras forças que
agem sobre a dinâmica do planeta. É um engano acreditarmos que podemos substituir
os serviços ambientais que interagem na biosfera por processos tecnológicos. Não
daria certo.
DM: E como se dá a interação desses elementos que formam os serviços
ambientais?
AN: A vida tem um elemento interessante e único. Para fazer um chip de silício capaz
de funcionar em processos de comunicação é preciso muita energia. Quase 3 mil graus
para purificar e formar o chip, enquanto as células vivas fazem a mesma coisa a custo
quase zero de energia, processando energia solar ou de alimentos orgânicos. Com
outra vantagem fantástica: as células se reproduzem e nunca se ouviu falar de um
iPhone que teve um filhotinho. E as células têm um sistema adaptativo absolutamente
fantástico, capaz de mudar de acordo com as circunstâncias. A comunicação na
natureza significa basicamente coordenação entre os muitos atores e fatores
ambientais. A tecnologia humana normalmente não interage com o entorno, ao
contrário dos elementos vivos, que têm relação sistêmica com o ambiente.
DM: Como assim?
AN: Na Amazônia, por exemplo, uma onça que come uma paca está ajudando as
árvores. A paca pega o fruto ou a semente e não fica comendo debaixo da árvore
porque sabe que pode ter onça de tocaia. A onça sabe o que a paca come. Com isso, as
sementes das árvores são largadas longe da árvore-mãe, disseminando a espécie. Em
quase todas as sinergias dos organismos vivos existe uma relação de causa e efeito e
de colaboração. No caso da chuva na Amazônia, existe uma ligação entre as nuvens e a
floresta, uma troca de informações e de microelementos. Quando as cinzas das
queimadas poluem o ar da floresta, impede-se essa troca. Assim, cria-se um círculo
vicioso, onde queima porque não chove e não chove porque queima. Por isso, quando
entramos em um ciclo de seca e queimada, como no inverno deste ano, demora para
romper essa relação e retomar a normalidade.
DM: Não dá para induzir os serviços ambientais da floresta?
AN: A Amazônia é uma gigantesca bomba d’água. A evaporação precisa do sol para
acontecer. Calculamos quanta energia seria necessária para evaporar toda aquela
água. De quantas Itaipus precisaríamos para evaporar um dia de água da Amazônia?
Precisaríamos de 50 mil Itaipus a plena carga. Ou seja, não há tecnologia humana
capaz de fazer isso. No entanto, essa é a mesma água que possibilita a produção nos
imensos campos de soja, onde não se contabiliza os custos desses serviços ambientais.
Uma vez, questionei o ex-governador Blairo Maggi, de Mato Grosso, e perguntei se ele
sabia que a floresta era responsável pelo principal insumo do agronegócio, a água. A
resposta me surpreendeu: “Os cientistas já provaram isso?” Essa é a atitude que
compromete o futuro em benefício de resultados imediatos. Os serviços ambientais
são de graça, não porque não têm valor, mas porque essa economia cartesiana que
ainda acredita em sistemas infinitos simplesmente ignora o que não é explícito.
Quando o sistema não funciona mais, o custo para fazer com tecnologia é
extremamente caro.
DM: Mas há cientistas que pensam diferente…
AN: Sim, têm cientistas que trabalham para a Exxon. Também há políticos como o
senhor Aldo Rebelo que querem retirar a floresta. E a esses tem sido dedicado um
espaço maior do que merecem. Os custos disso ficam depois para a sociedade. Esses
argumentos foram utilizados pela indústria do tabaco, quando se perguntava se fumar
faz mal ou não para a saúde. Como se enfrenta o poder econômico de uma Exxon? No
Brasil, a Petrobras vai gastar 300 bilhões de dólares para tirar do fundo do mar uma
energia do século XIX. Com esse dinheiro poderíamos ter uma energia limpa de alta
qualidade, e não estou falando de álcool combustível, que também não resolve.
Poderíamos desenvolver uma nova sociedade, com base em energia solar. Têm
cientistas que agem por má-fé, mas também tem má ciência.
DM: Há duas correntes científicas sobre os serviços ambientais da Amazônia. Uma
delas diz que a umidade vem do Atlântico, atravessa a floresta e irriga o Sul-Sudeste
por meio dos ventos alísios. É parte da dinâmica de ventos do planeta. Outra, que o
senhor defende, é que a floresta tem um papel vital como bomba hidrológica e que
sem ela quase todo o Sul-Sudeste se transformaria em deserto.
AN: A meteorologia não considera o fato de que a condensação de água na floresta
gera sucção. É uma ciência muito contaminada pela parte empírica observacional. É
por isso que os modelos estão falhando, porque não são modelos baseados na física; a
maior parte é estatística. A Amazônia é um paradoxo: como o vento pode soprar
continuamente de uma superfície quente para outra mais fria? Isso viola a
termodinâmica. Estudos físicos feitos por cientistas russos mostram que há dados que
os meteorologistas não dimensionaram e não estão sendo capazes de aceitar a
novidade. Eu professo um compromisso com a verdade, e não com versões que
interessam a este ou àquele. A pesquisa física mostra que a evaporação na floresta cria
energia latente e não calor latente. Os meteorologistas dizem que é calor latente, e
isso é um dogma. Se fosse calor, o processo de condensação nas nuvens liberaria calor,
o que não é verdade, libera pressão. Isso mostra o papel de bomba hidrodinâmica da
Amazônia, e que pode ser interrompida se as forças em ação se desequilibrarem. Os
climatologistas têm uma medição estatística do clima, sem comprovação física.
DM: O que teria de mudar para se construir uma economia mais amigável com o
meio ambiente?
AN: A principal coisa a mudar deveriam ser as próprias pessoas. É muito mais barato
preservar as condições ambientais de forma a evitar tragédias do que remediar e ter
de reconstruir infraestruturas e patrimônios. No entanto, as pessoas não pensam em
garantir o bem-estar da sociedade como um todo, mas, sim, em garantir apenas seus
bens particulares. Um exemplo disso é o seguro que cada um faz de seu carro.
Costumo ouvir que essa é uma forma de preservar algo que lhes pertence, enquanto
gastar com a preservação dos serviços ambientais é pagar pela garantia de bens
comuns, que não têm dono, portanto, não sendo de ninguém. Enquanto acreditarmos
que bens comuns não são de ninguém e que serviços ambientais não valem nada e,
consequentemente, não têm preço, não vamos mudar a forma como a economia age.
Os serviços ambientais não têm preço, porém, a falta deles é profundamente
catastrófica para qualquer modelo de economia que se tenha. (#Envolverde)
Filme conta a história do Rio Pinheiros em 13 minutos
Curta mostra uma “linha do tempo” dos problemas históricos do Rio Pinheiros.
Na Semana da Água, a ONG Águas Claras do Rio Pinheiro lança o filme “Rio Pinheiros -
Sua História e Perspectivas”, que traz uma síntese explicativa da origem dos problemas
no rio, além de comentar, também, sobre as perspectivas futuras, discutir as melhores
políticas públicas, assim como o papel do poder público e a sociedade na recuperação
do Pinheiros.
O filme, com aproximadamente 13 minutos, aborda as questões urbanísticas, hídricas,
de drenagem e de ocupação do solo que determinam a configuração e má qualidade
das águas deste rio.
De acordo com Stela Goldenstein, diretora-executiva da Águas Claras de Pinheiros, o
filme tem como objetivo discutir, de uma maneira menos simplista, os problemas do
Rio Pinheiros. “Queremos mostrar que o que acontece no Rio Pinheiros não dá para
ser resolvido de uma maneira milagrosa, menos ainda se ficarmos apenas apontando o
dedo para tentar achar culpados. Aquele é um espaço que já foi muito importante para
o lazer e ambiente da cidade, portanto é dever de toda a sociedade, assim como do
poder público, se unir para recuperarmos esse rio tão precioso”, avalia.
O filme traz a história da retificação e da mudança de curso do Rio Pinheiros, que foi
feita para atender a demanda crescente de energia nos primórdios da industrialização
da região metropolitana. O Pinheiros foi transformado em um canal, desde sua foz no
Rio Tietê até a Estação Elevatória de Traição, aonde essas águas são elevadas em cerca
de 5 metros e conduzidas até a Represa Billings. As águas da represa são disputadas
para abastecimento público e para a geração de energia, o que se faz conduzindo-as às
turbinas por meio de tubulações que descem a Serra do Mar, até a Usina Hidrelétrica
de Cubatão.
Confira o vídeo, aqui.