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Convibra Saúde Congresso Virtual Brasileiro de Educação, gestão e promoção da saúde saude.convibra.com.br Significados de câncer de próstata e aderência ao exame de toque retal para usuários do SUS e de serviços suplementares de saúde Bruna Suelen Raymundo Luz; Fabíula Carvalho Corrêa; Marcos Mesquita Filho. -Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVAS) Pouso Alegre-MG. RESUMO INTRODUÇÃO: O homem apresenta pequena adesão às medidas de prevenção do câncer de próstata, pois o toque retal é um procedimento que envolve preconceitos. OBJETIVO: Conhecer o significado para usuários do SUS e serviços de saúde suplementar de câncer de próstata e do toque retal. METODOLOGIA: Estudo do tipo qualitativo e exploratório. A partir de protocolo de dados sócio-demográficos e de saúde e de um questionário semiestruturado sobre os significados do câncer de próstata e do exame de toque retal, foram entrevistados 20 usuários do SUS e 20 de saúde suplementar. Foi utilizada a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. RESULTADOS: Os dois grupos foram semelhantes. Observaram-se preconceitos quanto ao autocuidado e desconhecimento da neoplasia. A principal idéia encontrada foi que ela é “doença que mata”. A maior parte informou que valia à pena preveni-lo para evitar complicações. A maioria (65%) já tinha se submetido ao toque retal alguma vez, por indicação médica. A razão informada para não gostar da realização do toque retal, foi “por vergonha”. CONCLUSÕES: A visão masculina sobre um procedimento rotineiro como o toque retal está impregnada por preconceitos sexistas e conceitos errôneos. É fundamental que sejam desenvolvidas ações educativas para superação de comportamentos equivocados e prejudiciais. Os discursos dos usuários do SUS e dos serviços suplementares foi semelhante. PALAVRAS-CHAVE: Neoplasias da Próstata, Saúde do Homem, Atenção Primária, Saúde Coletiva. ABSTRACT. INTRODUCTION: The man has little adherence to preventive measures of prostate cancer, because the digital rectal examination is a procedure that involves prejudice. OBJECTIVE: To understand the significance for users of SUS services and supplemental health of prostate cancer and rectal examination. METHODS: A qualitative and exploratory study. Using a socio-demographic and health questionnaire and a semi structured instrument on the meanings of prostate cancer and the digital rectal examination, were interviewed 20 users of SUS and 20 of supplementary health. The technique of Collective Subject Discourse was used. RESULTS: Both groups were similar. There are prejudices about self care and unknown about prostate cancer. The main idea was found that it is "a disease that kills." Most said it was worth it to prevent prevent complications. The majority (65%) had undergone the rectal ever medically indicated. The reason reported for most men do not like the realization of digital rectal examination, was "a shame". CONCLUSIONS: The male vision on a routine procedure as the digital rectal exams permeated by sexist prejudices and misconceptions. It is essential that educational activities are developed to overcome the mistaken and harmful behaviors. The speeches of SUS and supplementary services were similar. KEYWORDS: Men's Health, Prostatic Diseases, Primary Care, Public Health

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Significados de câncer de próstata e aderência ao exame de toque retal para

usuários do SUS e de serviços suplementares de saúde

Bruna Suelen Raymundo Luz; Fabíula Carvalho Corrêa; Marcos Mesquita Filho.

-Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVAS) Pouso Alegre-MG.

RESUMO

INTRODUÇÃO: O homem apresenta pequena adesão às medidas de prevenção do câncer de

próstata, pois o toque retal é um procedimento que envolve preconceitos. OBJETIVO:

Conhecer o significado para usuários do SUS e serviços de saúde suplementar de câncer de

próstata e do toque retal. METODOLOGIA: Estudo do tipo qualitativo e exploratório. A

partir de protocolo de dados sócio-demográficos e de saúde e de um questionário

semiestruturado sobre os significados do câncer de próstata e do exame de toque retal, foram

entrevistados 20 usuários do SUS e 20 de saúde suplementar. Foi utilizada a técnica do

Discurso do Sujeito Coletivo. RESULTADOS: Os dois grupos foram semelhantes.

Observaram-se preconceitos quanto ao autocuidado e desconhecimento da neoplasia. A

principal idéia encontrada foi que ela é “doença que mata”. A maior parte informou que valia

à pena preveni-lo para evitar complicações. A maioria (65%) já tinha se submetido ao toque

retal alguma vez, por indicação médica. A razão informada para não gostar da realização do

toque retal, foi “por vergonha”. CONCLUSÕES: A visão masculina sobre um procedimento

rotineiro como o toque retal está impregnada por preconceitos sexistas e conceitos errôneos. É

fundamental que sejam desenvolvidas ações educativas para superação de comportamentos

equivocados e prejudiciais. Os discursos dos usuários do SUS e dos serviços suplementares

foi semelhante.

PALAVRAS-CHAVE: Neoplasias da Próstata, Saúde do Homem, Atenção Primária, Saúde

Coletiva.

ABSTRACT.

INTRODUCTION: The man has little adherence to preventive measures of prostate

cancer, because the digital rectal examination is a procedure that

involves prejudice. OBJECTIVE: To understand the significance for users of SUS

services and supplemental health of prostate cancer and rectal examination. METHODS: A

qualitative and exploratory study. Using a socio-demographic and health

questionnaire and a semi structured instrument on the meanings of prostate cancer and

the digital rectal examination, were interviewed 20 users of SUS and 20 of supplementary

health. The technique of Collective Subject Discourse was used. RESULTS: Both

groups were similar. There are prejudices about self care and unknown about prostate

cancer. The main idea was found that it is "a disease that kills." Most said it was worth it to

prevent prevent complications. The majority (65%) had undergone the rectal ever medically

indicated. The reason reported for most men do not like the realization of digital rectal

examination, was "a shame". CONCLUSIONS: The male vision on a routine

procedure as the digital rectal exams permeated by sexist prejudices and misconceptions. It is

essential that educational activities are developed to overcome the mistaken and harmful

behaviors. The speeches of SUS and supplementary services were similar.

KEYWORDS: Men's Health, Prostatic Diseases, Primary Care, Public Health

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INTRODUÇÃO

A partir dos anos 1990 a temática de ações de atenção integral à saúde do homem

começou a ser abordada sob uma nova perspectiva. A discussão passou a refletir, dentre

outros aspectos, a singularidade do ser saudável e do ser doente entre segmentos masculinos1.

Segundo o Ministério da Saúde a política de ações de atenção integral à saúde do

homem, visa estimular o autocuidado e, sobretudo, o reconhecimento de que a saúde é um

direito social básico e de cidadania de todos os homens brasileiros2. Em estudos

comparativos, os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves

e crônicas, morrem mais cedo que as mulheres, recorrem menos aos serviços de atenção

básica, internam-se mais gravemente e procuram a emergência quando já não suportam mais a

doença 3.

Além disso, os serviços e as estratégias de comunicação privilegiam as ações de saúde

para a criança, o adolescente, a mulher e o idoso, não havendo um serviço especializado para

os homens2,4

. Outra explicação para a não busca de cuidados médicos por parte dos homens é

a vergonha de ficar exposto a outro homem ou a uma mulher4. Estes aspectos dificultam a

promoção de medidas preventivas. Entre elas, podemos focalizar a atenção para a prevenção

do câncer de próstata5.

No Brasil, o câncer de próstata é um grave problema de saúde pública. Segundo o

Instituto Nacional de Câncer (INCA)6, as altas taxas de incidência e a mortalidade dessa

neoplasia fazem com que o câncer de próstata seja o segundo mais comum entre a população

masculina, sendo superado apenas pelo câncer de pele não-melanoma5.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia - SBU7, um em cada seis homens

com idade acima de 45 anos pode apresentar a doença de maneira assintomática. Por isso

recomenda que todos os homens acima de 50 anos e aqueles de 40 anos ou mais com histórico

familiar de câncer de próstata devem “anualmente comparecer ao urologista para check-up da

próstata”, mesmo na ausência de sintomas urinários8.

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) 6

recomenda que seja realizado o rastreamento

oportunístico (case finding), ou seja, a sensibilização de homens com idade entre 50 e 70

anos, que procuram os serviços de saúde por motivos outros que não o câncer da próstata,

sobre a possibilidade de detecção precoce deste câncer [...]8.

A triagem, para detecção precoce do câncer de próstata, em indivíduos sem sintomas é

feita através do toque retal e do teste PSA (antígeno prostático específico) sérico anuais, a

partir de 50 anos de idade9.

O toque retal é, relativamente, uma medida preventiva de baixo custo. No entanto, é

um procedimento que mexe com o imaginário masculino, afastando inúmeros homens da

prevenção do câncer de próstata10

. Nesse sentido, mesmo tendo consciência dos possíveis

problemas, nem sempre os profissionais de saúde envolvidos na prevenção deste agravo estão

devidamente preparados para lidar com os aspectos simbólicos envolvidos nessa prevenção.

Pode-se dizer isso não só para aqueles que realizam o toque retal, mas também para aqueles

que planejam as campanhas de prevenção5.

O objetivo deste estudo foi conhecer o significado para homens de 45 a 70 anos, do

câncer de próstata e da sua prevenção por toque retal, comparando os discursos de usuários

exclusivos do SUS com os dos que utilizam exclusivamente os serviços suplementares de

saúde.

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MÉTODOS

Delineamento: Estudo do tipo transversal, qualitativo, descritivo e exploratório.

Cenário do estudo: Os entrevistados foram abordados em locais onde existe a freqüência de

homens, como: ruas, igrejas, serviços de saúde, academias, supermercados, e outros na cidade

de Pouso Alegre-MG.

População de estudo: Homens de 45 a 70 anos, usuários exclusivos do SUS ou dos Serviços

Complementares de Saúde.

Amostra: Composta por 40 homens, 20 usuários exclusivos do SUS e 20 que utilizam

exclusivamente os serviços complementares de saúde. A amostragem foi do tipo não

probabilística.

Critérios de inclusão:

a) Aceitar participar da pesquisa e assinar ou realizar impressão digital do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE);

b) Ser do sexo masculino;

c) Estar na faixa etária de 45 a 70 anos;

d) Ser usuário exclusivo do SUS ou de Serviços Suplementares de Saúde.

Instrumentos: Foram utilizados dois instrumentos:

1) Instrumento de perguntas fechadas para coleta de dados Sociodemográficos e

Clínicos:

Características pessoais dos entrevistados: idade, etnia, estado civil, escolaridade e

religião;

Doenças existentes e pregressas; passado ou historia familiar de câncer de próstata;

História Social: tabagista, etilista, se realiza atividade física e o valor de sua renda.

2) Questionário semi-estruturado composto por 4 perguntas abertas a respeito dos

significados do câncer de próstata e da aderência aos exames para sua prevenção:

1. O que é para o Sr o Câncer de Próstata?

2. Vale à pena prevenir o Câncer de próstata? Por quê?

3. O Senhor já fez o exame preventivo do tipo toque retal para o Câncer de próstata? Por

quê?

4. Por que a maioria dos homens não gosta de fazer o exame de toque retal?

Procedimentos: Em um local previamente escolhido e preparado, que respeitou a privacidade

do pesquisador e do pesquisado, o entrevistador solicitou a anuência do entrevistado,

explicando-lhe que suas respostas seriam gravadas e que na finalização do trabalho estas

gravações seriam apagadas para preservação do sigilo do entrevistado. Havendo a

concordância de participação o sujeito deverá assinar ou deixar sua impressão digital no

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Em seguida foi aplicado o questionário Sociodemográfico e Clínico e por último

foram feitas as perguntas abertas.

Durante a entrevista o entrevistador deixou o entrevistado à vontade, mantendo a

informalidade e não realizou gestos de concordância ou discordância, para não criar qualquer

indução ao sujeito entrevistado11

.

Depois de realizadas todas as entrevistas, perfeitamente gravadas, os discursos foram

transcritos em arquivos do programa computacional Word. Posteriormente foram apagadas as

gravações, respeitando o sigilo absoluto dos pesquisados.

Tabulação e Análise de dados: Foi construído um banco de dados através do programa

computacional Excel para os dados sociodemográficos e de saúde. Estes foram analisados

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através de procedimentos de estatística descritiva. Para as variáveis numéricas utilizou-se de

média, mediana e desvio padrão e para as categóricas proporções.

As entrevistas dos dois grupos foram tabuladas e analisadas separadamente, de acordo

com a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), segundo a metodologia proposta por

Lefèvre11

. De acordo com as diretrizes do DSC, foram adotadas neste trabalho três figuras

metodológicas: Expressão – Chave (ECH), Idéia-Central (IC) e Discurso do Sujeito Coletivo

(DSC).

Para análise dos dados foi seguida rigorosamente, a ordem das seguintes etapas:

1a Etapa: Completo conhecimento dos dados originários do gravador que foram

ouvidas várias vezes até que se obtivesse uma idéia panorâmica e melhor compreensão das

falas. A partir dos discursos, foi realizada a transcrição literal dos mesmos em arquivos do

programa computacional Word. As entrevistas foram gravadas e arquivadas, sob os cuidados

dos pesquisadores, e posteriormente, foram deletadas.

2a

Etapa: a- Foi realizada a leitura da entrevista de cada sujeito na sua totalidade; b-

Cada resposta foi lida isoladamente, ou seja, a de número um de todos os respondentes, a

segunda em seguida, depois a questão três e por último a questão quatro;

3a Etapa: Após leitura integral do conteúdo de todas as respostas inerentes à questão

um de cada respondente, foi aplicado do Instrumento de análise de Discurso 1 (IAD1),

representando as Expressões Chave (ECH), que são trechos do discurso que revela a essência

do depoimento, encontradas em itálico ou sublinhas. De posse das ECHs e após a leitura de

cada uma, foram identificadas as Idéias Centrais (IC), que descreve de uma maneira mais

sintética e fidedigna possível, o sentido de cada um dos discursos analisados e de cada

conjunto homogêneo de ECH, que formaram posteriormente o DSC11

. Este mesmo

procedimento foi realizado em seguida com todas as demais questões que compõem o

trabalho, de cada individuo dos dois grupos entrevistados.

4a Etapa: Foi elaborado o Instrumento de Análise do Discurso 2 (IAD2), que

representará separadamente, cada IC com suas respectivas ECHs, semelhantes ou

complementares.

5a Etapa: Finalmente, foi construído o discurso coletivo para cada agrupamento

realizado no IAD2. Torna-se necessário sequenciar as ECHs de cada grupo formado,

obedecendo a uma esquematização que deve conter começo, meio e fim. A ligação das ECHs

foi feita com o uso de conectivos gramaticais, mantendo a coesão do discurso. Não houve

particularismos e repetições de idéias, exceto quando expressa de modos ou expressões

distintas11

. Segundo Lefèvre11

: “O DSC será enunciado em primeira pessoa do singular,

justamente para sugerir uma pessoa coletiva falando como se fosse um sujeito individual de

discurso.”

6ª Etapa – Cada discurso foi analisado buscando-se seu significado e confrontando-o

com a literatura disponível sobre o assunto. Os discursos foram analisados de modo a

responder as questões da pesquisa.

Ética do Estudo: O estudo obedeceu aos preceitos contidos na resolução 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde. Foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Vale

do Sapucaí. Todos os participantes manifestaram sua anuência em participar do estudo com a

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

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RESULTADOS

Os dois grupos apresentaram homogeneidade para as variáveis sociodemográficas e de

saúde. A média de idade foi de 59,7 anos com Desvio padrão (DP) de 7,7 e mediana de 60. As

informações a respeito das características da amostra se encontram na Tabela 1.

Tabela 1- Dados sociodemográficos e de saúde dos indivíduos entrevistados.

VARIÁVEL FREQUÊNCIA PERCENTAGEM

Cor Branco 36 90,0

Não Branco 4 10,0

Estado civil Casado 31 77,5

Outros 9 22,5

Escolaridade Analfabeto 6 15,0

De 1 a 4 anos 10 25,0

De 5 a 8 anos 9 22,5

Mais de 8 anos 15 37,5

Religião Não tem 7 17,5

Católica 30 75,0

Evangélica 3 7,5

Está doente Não 7 17,5

Sim 33 82,5

Câncer de próstata Não 30 75,0

Sim 10 25,0

Sintomas urológicos Não 30 75,0

Sim 10 25,0

Medicação Não 13 32,5

Sim 27 67,5

Vida sexual ativa Não 12 30,0

Sim 28 70,0

Consulta anual ao urologista Não 22 55,0

Sim 18 45,0

Toque retal Não 15 37,5

Sim 25 62,5

PSA Não 6 15,0

Sim 34 85,0

Última consulta Não se lembra 11 27,5

Igual ou menor a 6 meses 25 62,5

Mais de 6 meses 4 10,0

Tipo de consulta Não lembra 5 12,5

Clínico geral - rotina 21 52,5

Especialista 14 35,0

Tabagismo Não 32 80,0

Sim 8 20,0

Etilismo Não 33 82,5

Sim 7 17,5

Atividade Física Não 27 67,5

Sim 13 32,5

Renda Não tem 2 5,0

Um salário mínimo 17 42,5

2 a 3 salários mínimos 8 20,0

Mais de 3 salários mínimos 13 32,5

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Para cada questão aberta foram apresentadas algumas Ideias Centrais (IC) que deram

origem aos Discursos do Sujeito Coletivo (DSC) a seguir.

QUESTÃO 1: O que é para o Sr o Câncer de Próstata?

IC1- Doença ruim (SS1, SS4, SUS4, SUS10, SUS18, SUS19)

DSC: É câncer é uma doença horrível, muito ruim né?! Pra mim, é uma feição muito ruim,

devemos sempre lembrar que qualquer um esta sujeito a ter, por isso, sendo necessário

prevenir.

IC2- Doença que mata (SS1, SS4, SS13) (SUS5, SUS9, SUS11, SUS13, SUS15, SUS19)

DSC: O câncer de próstata é uma doença com risco de morte. De certo é uma doença que

mata! Segura muita gente. É uma coisa de mortandade, acaba... levando-o a morte.

IC3- Não sei (SS7, SS9, SS20, SUS1, SUS3, SUS 6, SUS7, SUS13)

DSC: Não sei falar. Eu desconheço a respeito. Antes não tinha essas coisas! Acho que nunca

falaram nada não, o médico nunca falou nada não. Sei lá o que é. De câncer de próstata eu

não entendo é nada. Já tive e não entendo, porque não dói, não faz nada. É uma doença!

IC4- É um tumor (SS3, SS5, SS6, SS17, SUS5, SUS8, SUS20)

DSC: O que que é? É um tumor que da na próstata. Eu penso que é um tumor de células. É

um tumor neh?! É igual um câncer mesmo, é um tumor lá e acaba...matando! É uma doença

neoplásica, que no início pode ser curada. Ah, é um crescimento das glândulas da próstata,

que quando saem fora do padrão viram o câncer. Para mim, bem, é um tumor que cresce na

próstata e que quando cresce, comprime todos os órgãos. Ureter, bexiga, bem... Já

acompanhei alguns casos porque trabalho na área da saúde. Só isso que eu sei.

1C5- Uma doença incurável (SS2, SS4, SS10, SS15)

DSC: Não há de ser uma coisa incurável? Perigosa! é uma doença incurável! Eu penso que é

uma doença irrecuperável.

IC6- Causa vários problemas no organismo (SUS1, SUS2, SUS8, SUS9, SUS13, SS12)

DSC: Para mim é uma doença que dá no organismo, na barriga da gente que brocha o

homem, emagrece, tira todo o animo, acaba com a saúde física e mental. Eu acho que é um

câncer que dá, como é que fala, uma doença que vai dar ali no testículo, uma infecção que dá

no canal da uretra, na próstata, né? É uma inflamação que transforma, e em vez de sair, ele

sobre, e vai para a bexiga e para os órgãos internos, acabando com tudo.

IC7- Coisa perigosa (2, 8, 11, 19)

DSC: O que é? Não há de ser uma coisa perigosa?! Nossa... acho que é uma coisa muito

perigosa! Câncer de próstata...é perigoso!! É um perigo para a saúde que tem que ser

cuidado.

IC8- Doença que é preciso se fazer o tratamento 3 (3, 14, 16)

DSC:O que que é? Eu entendo, eu acho, eu penso que tem que tratar, mas eu nunca tive. Ah,

não sei falar bem...acho que é uma doença que atinge os homens. É uma coisa que deve

tratar o mais rápido, para curar rápido e ter mais chances, né?!

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IC9-Doença comum na maturidade (SS17, SS18)

DSC: Comum na maturidade.

IC10- Câncer de maior incidência no homem (SS12)

DSC: Ele é um dos tipos de câncer de maior incidência no sexo masculino.

IC11- Doença que preocupa o homem (SS14)

DSC: Sabe, é o câncer que preocupa o homem.

IC12- Doença hereditária (SS16)

DSC: Uma doença, ah... uma doença hereditária.

IC13- Doença grave (SS17)

DSC: É uma doença grave!

IC14- Doença que precisa ser prevenida (SS18)

DSC: Que devemos sempre lembrar que qualquer um esta sujeito a ter, por isso, sendo

necessário prevenir.

QUESTÃO 2- Vale à pena prevenir o Câncer de próstata? Por quê?

IC1- Porque é melhor prevenir para evitar complicações (SS19, SS11, SS16, SS7, SS6,

SS5, SS4, SS3, SS2, SS1, SS 10, SUS3, SUS4, SUS5, SUS6, SUS7, SUS8, SUS9, SUS10,

SUS11, SUS12, SUS14, SUS17, SUS18, SUS19)

DSC: Vale muito à pena. Porque quanto mais cedo achar, detectar o problema mais cedo,

mais fácil de tratar, mais rápido consegue a cura também. Esta doença pode ser curável em

estágios iniciais. Porque quando descoberto no início, existe tratamento com alto índice de

cura. Fazendo os exames, pode evitar, sendo melhor do que ficar pior depois, prefiro isto do

que curar.Compensa prevenir, é melhor prevenir do que remediar! Porque prevenindo você

ta sabendo o que ta acontecendo, ele é curado antes.. Porque o câncer, no inicio ainda é

silencioso, quando você descobre, a coisa já ta feia! Vale, porque já vi gente que descuidou e

quando foi vendo nao teve recurso mais, não preciso operar, nem nada mais. Depois que eu

vi um colega de profissão morrendo com esse problema. Ele era alto, 1,80m, gordo e forte e

chegou a ficar mais ou menos com uns 30 quilos, foi muito triste ver o fim dele. porque o mal

é que ela pode causar pode ser muito grande e irreversível.

IC2- Porque é importante (SS20, SS18, SS9, SUS20)

DSC: Sim, nossa, claro...importantíssimo! Como qualquer câncer a gente tem que acabar

com esse também. Acho. Porque precisa, é muito importante.

IC3- Para ficar tranqüilo depois (SS8, SUS13)

DSC: Vale muito a pena... Porque pode ficar tranqüilo depois. Porque para ter uma vida

mais saudável e não ficar sofrendo.

IC4- Porque o câncer pode matar (SS17, SS14, SS20)

DSC: Vale a pena sim. Porque se você descuidar e aparecer um câncer você está

praticamente liquidado. Porque a gente pode morrer. Ah, é perigoso né?!

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IC5- Para não deixar para a família (SUS16)

DSC: Sim, Pra eliminar o câncer, e não deixar para a família e para os futuros filhos.

IC6- Para aumentar a sobrevida (SUS15)

DSC: Vale sim, para aumentar a sobrevida.

IC7- Porque é necessário atender ao médico (SS12)

DSC: Sim. Tem que fazer quando o médico pede.

IC8- Porque todo mundo fala que tem que fazer. (SUS1)

DSC: Sim, porque todo mundo fala que tem que fazer, e todo mundo ta com isso agora.

Antigamente não se falava isso, hoje eu ate ouvi no rádio...

IC9- Não sei (SS13)

DSC: Não sei te dizer... vale, né?

IC10- Para o próprio bem (SS10, SUS2)

DSC: Sim. Para o bem pessoal. Vale a pena. Porque da o bem pra você.

IC11- Não vale a pena (SS15)

DSC: Acho que não vale a pena prevenir o câncer de próstata. Porque a gente fica com

medo dos resultados, quando vai ao médico você sai com um tanto de doença que antes não

tinha.

QUESTÃO 3: O Senhor já fez o exame preventivo do tipo toque retal para o Câncer de

próstata? Por quê?

IC1- Porque o médico disse que era importante (SS20, SS18, SS15, SS12, SS10, SS9, SS6,

SS5, SS3, SS2, SUS7, SUS9, SUS10, SUS13, SUS19)

DSC: Ah, é que eu tava indo no banheiro e não conseguia fazer xixi, ai o médico falou que

era importante né?! Foi pra saber... pensava que era de próstata. Porque o médico achou

que fosse mais viável. Com mais certeza é as vezes mais importante que o exame de sangue.

Na consulta, o médico quis saber o que tava acontecendo na próstata. Porque... uai, porque o

medico pediu!

IC2 – Porque não precisou (SS13, SS11, SS7, SS1, SUS4, SUS5, SUS8, SUS15, SUS16,

SUS17, SUS18)

DSC: Nunca fiz. Porque ainda não precisou, não foi necessário, eu não sentia nada. Nunca

precisei e não fui atrás. Não tive a oportunidade, é só em casos extremos que é feito, e tem

uma evolução A medicina que faz ultrassom e exame de sangue primeiro, e só em casos

extremos que precisa do toque. Pretendo iniciar aos 50 anos.

IC3 - Para Prevenção (SS15, SS17, SS8, SS20, SS19, SS16, SS14, SS4, SUS3, SUS6,

SUS11, SUS14, SUS20).

DSC: Sim. Não sei, acho que pra prevenir, estava na hora e eu fiz numa boa.. Já fiz, pra ver

como que tava o desenvolvimento, ver se não tinha nenhum problema. Justamente para ver o

tamanho que estava. Geralmente o médico vê o tamanho da próstata pelo toque, confirma

com o PSA e depois pedem o Ultra som. No meu caso, fez o toque, achou que a próstata tava

grande, fez o Ultra som e deu a inflamação.

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IC4 - Para ver se não tinha algum problema (SS19, SS14, SS16, SS4, SS8)

DSC: Já fiz. De câncer não. Fiz o toque, mas não de câncer. Tive que ir no médico...aquele

lá...é, urologista. Tava urinando muitas vezes à noite. Ai foi lá que eu fiz. Fiz pra ver se eu

tinha algum problema no canal. O medico tava com suspeita de câncer.

IC5 - Não, porque ninguém pediu. (SUS2)

DSC: Não, ninguém falou nada...

IC6 - Não, por falta de cuidado. (SUS1)

DSC: Não, por falta de cuidado.

IC7 - Não, porque não me agrada (SUS12)

DSC: Não. Porque não me agrada a me submeter neste tipo de teste.

QUESTÃO 4 - Por que a maioria dos homens não gosta de fazer o exame de toque retal?

IC1- Por Vergonha, constrangimento (SS13, SS17, SS16, SS14, SS13, SS12, SS11, SS6,

SS4, SS2, SS1, SUS7, SUS9, SUS12, SUS14, SUS19)

DSC: Acho que eles tem vergonha! Tem muito que é bobo, tem vergonha. Ah, eu não vou tirar

roupa na frente do médico, tem mais gente junto...o que é melhor, fazer exame ou morrer da

doença? Ai.....por acanhamento Pelo constrangimento. Porque este exame é constrangedor e

deveria haver outros exames para o diagnostico como por exemplo, os de imagens.! Eles

ficam com cerimônia, pensam que é bobagem, isso é muita malícia, isso sim. Não sei se é

vergonha, mas nós não gostamos. Depois que passou a ser feito alterações dos exames de

sangue ficou mais confortante.

IC2- Por machismo e educação que receberam (SS10, SS5, SS3, SUS2, SUS3, SUS9,

SUS14, SUS15, SUS16, SUS17, SUS19, SUS28)

DESC: Ahhh.....machismo demais! Os homens que não gostam, acho que por machismo, pela

educação que tiveram e que recebem por ai..., puro machismo! Haha...porque ele é machão!

Tem muito que não aceita mesmo. Não sei se é por machismo, mas nós não gostamos. São

por vários motivos, hombridade, por a masculinidade em prova. Acredito por ser um

problema cultural. é um desafio cultural que devemos entender. Eu acho que mudou isso,

depois que passou a ser feito alterações dos exames de sangue ficou mais confortante. :

Muitos eu ouvi comentar, mas nunca falaram o motivo porque não gosta, mas a maioria não

gosta destas coisas. Eu pensava assim, o exame parece meio nojento..

IC3- Por preconceito (SS18, SUS1, SUS5, SUS8, SUS11)

DSC: Por preconceito, puramente por preconceito, mas na hora do aperto vai né?! Os

homens não gostam de fazer porque são preconceituosos.

IC4- Por ser ruim (SS20, SS10) DSC: De fato, é muito ruim, pior que é o exame é câncer. Alias, eu nunca tomei um remédio

gostoso e nunca fiz um exame também que de alguma forma não me desagradasse. Este é o

custo para se ter saúde.

IC5- Por ser desconfortável (SS15, SS9, SUS17)

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DSC: Porque acham desconfortável. Risos....é desconfortável demais! Acho que por isso!

IC6- Por medo (SS15, SS7, SUS14,)

DSC: Porque tem medo do resultado. Os homens não gostam de ir ao médico, porque tem

medo de doença! Os homens tem receio...

IC7- Por bobeira (SS19, SS13)

DSC: Eu acho que é bobeira, bobeira ué... porque tem que deixar a inibição de lado um

pouco e cuidar da saúde.

IC8- Por falta de conhecimento (SS11)

DSC: Por falta de conhecimento...

IC9- Porque é chato (SS16)

DSC: Ah, é chato né?! Chato até de falar...

IC10- Não é nada engraçado (SUS4)

DSC: Porque levar o dedo naquele lugar é nada engraçado não...risos.....

1C11- Desconhecer a importância (SUS6)

DSC: Porque eles desconhecem a importância.

IC12- Desagradável (SUS13)

DSC: Ah.... é uma coisa meio desagradável, muita gente é preconceituoso e não vai mesmo,

prefere morrer do que fazer.

DISCUSSÃO

Neste estudo foi dada voz aos homens para que se buscasse compreender as questões

envolvidas no significado do câncer de próstata e da sua prevenção por toque retal. Foram

comparados os discursos de usuários exclusivos do SUS com os dos que utilizam

exclusivamente os serviços suplementares de saúde. A preocupação com a saúde do homem

tem sido deixada de lado e só recentemente vem sendo motivo de pesquisas e debates3.

Em relação à primeira pergunta: O que é para o senhor o câncer de próstata? As

principais idéias centrais encontradas foram: Doença que mata e Não sei. Entre o grupo de SS,

chamou-se atenção para uma idéia central, sendo a mais comum entre este grupo: É Uma

Doença Incurável. Este desconhecimento da doença e até mesmo seu conceito errôneo pode

ser explicado pelo fato do homem ter dificuldade de aceitar a doença física, considerando-a

como um sinal de fragilidade2

e por outro lado, os serviços e as estratégias de comunicação

privilegiam as ações de saúde para a criança, o adolescente, a mulher e o idoso, não havendo

um serviço especializado para os homens2,4

. A importância em mudar estes conceitos sobre

câncer de próstata, principalmente entre a população masculina, esta baseada na alta

incidência e mortalidade dessa neoplasia, fazendo com que o câncer de próstata seja o

segundo mais comum entre a população masculina, sendo superado apenas pelo câncer de

pele não-melanoma5,6

, tornando-se um grave problema de saúde pública. Ao ser questionado:

Vale a pena prevenir o câncer de próstata? Por quê? A maioria disse que sim, para evitar

complicações. Neste momento, foi possível observar a existência da noção da gravidade da

doença, mas por considerá-la como um sinal de fragilidade2, somente recorrem ao serviço de

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saúde em situações extremas e de emergência3. Os homens têm medo de buscar um

diagnóstico precoce para o câncer prostático muitas vezes por associar o câncer à morte12

.

Entre os entrevistados, 65% haviam realizado exame de toque retal alguma vez, e o

principal motivo foi: “Porque o médico indicou”. A partir desta idéia central, observa-se a

grande importância do papel dos profissionais da saúde neste contexto, mostrando que ainda

existe uma relevante credibilidade ao médico e às suas condutas. Nesse sentido, mesmo tendo

consciência dos possíveis problemas, nem sempre, os profissionais de saúde estão

devidamente preparados para lidar com os aspectos simbólicos envolvidos nessa prevenção.

Pode-se fazer esta afirmativa não somente a rspeito daqueles que realizam o procedimento,

mas também para os que atuam em todos os níveis do Sistema de Saúde inclusive os

responsáveis pelas definições das políticas públicas do setor5.

Não há uma época ideal para iniciar o rastreamento do câncer de próstata. O Instituto

Nacional de Câncer (INCA)6 recomenda que seja realizado o rastreamento em homens de 50 e

70 anos que procuram os serviços de saúde por motivos outros que não o câncer da próstata

sobre a possibilidade de detecção precoce deste câncer. Além disso a Sociedade Brasileira de

Urologia (SBU)7, por sua vez, recomenda que os homens que têm acima de 50 anos e os que

têm 40 anos, com histórico familiar de câncer de próstata, pensem na possibilidade de “ir

anualmente ao urologista para fazer check-up da próstata”, mesmo que não tenha sintomas

urinários8.

Alguns homens nunca haviam se submetido ao toque retal, e alguns afirmaram já ter

realizado o PSA, sem toque. O DSC formado por estes entrevistados, demonstra o além de

descaso e desconhecimento pela prevenção do câncer de próstata, uma provável posição de

desinformação e desinteresse que mascaram o preconceito e o medo: Nunca fiz. Porque ainda

não precisou, não foi necessário, eu não sentia nada. Nunca precisei e não fui atrás. Não tive

a oportunidade, é só em casos extremos que é feito, e tem uma evolução A medicina que faz

ultrassom e exame de sangue primeiro, e só em casos extremos que precisa do toque.

Pretendo iniciar aos 50 anos. A triagem para detecção precoce do câncer de próstata em

indivíduos sem sintomas deve ser feita pelo toque retal e pelo teste PSA (antígeno prostático

específico) sérico anuais a partir de 50 anos de idade9. A grande parte dos homens que

associam o Câncer de Próstata à morte e a outros fatores negativos e reconhecem a

importância do toque retal, da prevenção, mas não a praticam ou se constrangem com isto.

Estes aspectos dificultam a promoção de medidas preventivas.

Quando questionados sobre a razão da maioria dos homens não gostar de fazer o

exame de toque retal, a principal idéia central levantada nos dois grupos foi por vergonha.

Uma explicação para a não busca de cuidados médicos por parte dos homens é a vergonha de

ficar exposto a um outro homem ou a uma mulher4. Segundo Gomes: “O toque retal, não pode

ser visto apenas como um exame físico que pode diagnosticar precocemente o cancêr de

próstata, ele é um procedimento que mexe com o imaginário dos homens, toca em aspectos

simbólicos do ser masculino que, se não trabalhados, podem não só inviabilizar essa medida

de prevenção secundária como também a atenção à saúde do homem em geral12,10

. Os

homens, independente do seu grau de escolaridade, partilham de sentidos comuns que são

construídos por influência do imaginário social. Seguindo esse raciocínio, observamos que o

exame de toque retal pode suscitar interdições, violações e excitação.” Nesse sentido, o toque

retal não toca apenas a próstata, mas também toca na masculinidade, podendo arranhá-la12

.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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A visão masculina sobre um procedimento simples e rotineiro como o toque retal está

impregnada por preconceitos sexistas que constrangem ao sujeito na busca da defesa de sua

saúde. Além disto, seus conceitos sobre a doença são errôneos.

O fato de ser usuário do Sistema Público ou do Suplementar não resultou em visões

diferenciadas quanto ao significado e à adesão ao exame de próstata. O preconceito foi

idêntico entre usuários dos dois sistemas de saúde.

É fundamental que sejam desenvolvidas ações educativas a curto e a longo prazo, em

todas as faixas etárias visando a mudança e a superação de comportamentos equivocados

extremamente prejudiciais.

REFERÊNCIAS

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bibliographical review. Cad. Saúde Pública. 2006; 22(5):901-11.

2.Brasil. Ministério da Saúde. Política nacional de atenção integral a saúde do homem:

princípios e diretrizes, nov. 2008. [online]. Avaiable from URL

<http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2008/PT-09-CONS.pdf.>

3.Braz M. The construction of the masculine subjectivity and its impact on man’s health:

bioethics reflection on distributive justice. Ciênc Saúde Coletiva, 2005; 10(1):97-104.

4.Gomes R, Nascimento EF, Araújo FC. Why do men use health services less than women?

Explanations by men with low versus higher Education. Cad Saúde Pública. 2007; 23(3):565-

74.

5.Gomes R. A discussion about masculine sexuality and men’s health. Ciênc Saúde Coletiva.

2003; 8(3):825-9.

6.Instituto Nacional de Câncer. Programa Nacional de Controle do Câncer da Próstata:

documento de consenso. Rio de Janeiro: INCA; 2002.

7.Sociedade Brasileira de Urologia. Doenças da próstata: vença o tabu. Rio de Janeiro:

Sociedade Brasileira de Urologia; 2003.

8.Gomes, R. The touched masculinity: a discussion about the digital rectal exam for prostate

cancer prevention. Ciênc Saúde Coletiva. 2008; 13(6):1975-84.

9.Miranda PSC, Côrtes MCJW, Martins ME, Chaves PC, Santarosa RC. Práticas de

diagnóstico precoce de câncer de próstata entre professores da faculdade de medicina –

UFMG. Rev Assoc Med Bras. 2004; 50(3): 272-5.

10.Vieira LJES, Santos ZMSA, Landim FLP, Caetano JA, Sa Neta CA. Prevenção do cancer

de prostate sob a ótica do usuário portador de hipertensão e diabetes. Ciênc Saúde Coletiva.

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11.Lefèvre F, Lefèvre AMC. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa

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12.Gomes R, Rebello LEFS, Araújo FC, Nascimento EF. Prostate cancer prevention: a review

of the literature. Ciênc Saúde Coletiv., 2008; 13(1):235-46.