B etathivá

fernanda

patrícia

auracebio

#01

SILÊNCIOauracebio

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euconsegui...

mas eu fiz oque eu queria.

foi por muito pouco tempo...

e valeucada segundo.

como assim, conseguiu!?

tu saiu dacadeia fazdois dias...

e já táde novo

aqui nessamerda!

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assim que me vi na rua, lembrei de

tudo que a gente conversava.

daquilo que os que vivem lá fora pensam dos que

estão aqui dentro.

eles acham a nossa vida um inferno porquefalta liberdade, mulher, até uma boa comida.

eu adorava ambrosia. logo que fui em cana,

esse doce não mesaía da cabeça.

depois de um tempo preso,

a gente começaa ver muita

coisa parecida com ambrosiaaqui dentro.

e a vontade de comer some de repente.

sexo é outra coisaque todo mundo pensa

que faz muita faltapara o presidiário.

no início, eu lembrava até do

cheiro do cangote

da janaína, a minha

morena....

até na dor.

logo, a ”jana” virou só uma ideia abstrata.

e acabou sumindo.

mesmo confinado, a gente acaba achando prazer.

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também sempre aparece o papo sobre falta de liberdade.

acham que é isto que o preso

quer quando olha pela grade.

tem um trocadoaí, doutor?

é pro cafezinho...

ser livre pra quê?pra ir e vir como e onde quiser? de que jeito?

mesmo na rua, minha liberdadeé limitada pelo

trajeto do ônibus.

ele é que me mostra até

onde eu consigo chegar com umas poucas moedas.

é o que eu fui buscar.na real, só tem uma coisaque a gente não tem aqui.

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parado aí,vagabundo!!

era um estádio. maseu não queria ver

nenhum jogo. só buscava a única coisaque ninguém tem na prisão.

na cela sempre lotada, 24 horas por dia,

7 dias por semana, anos

a fio....

...cercadopor ruídos...

eu só queria silêncio.

o silêncionão tem preço.

mesmo que só por alguns instantes.

antes do retorno certo ao barulho

do inferno.

não queriaver

ninguém.

FIm

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#01

Capa de Rafael AlbuquerqueContracapa de Thivá Fróes de Souza

Arte de Mateus Santolouco feita em uma das aulas, mostrando como desenhar cabelos cacheados

Em setembro de 2009, seis criaturas viram este anúncio e decidiram que estava na hora de dar um passo importante em suas vidas: cruzar o abismo que separa o fanático por hqs daqueles que produzem suas

histórias em quadrinhos.

Ao longo de 12 sábados, descobrimos a importância do storytelling, desenvolvemos

sinopses, argumentos e roteiros, vimos diferentes técnicas de arte-final,

desvendamos a arquitetura dos balões.

E decidimos que queríamos vernossas páginas impressas. Mesmo que ainda tenhamos muito a aprender, nossos profesores-artistas Mateus

Santolouco e Rafael Albuquerque nos ensinaram que uma história tem

de ter, antes do primeiro esboço, início, meio e fim.

Das seis histórias que precisavamser contadas, quatro foram

concluídas dentro do prazo. E se transformaram nesta revista.

Aproveite.

Av. França, 954 – (51) 3303.5555 – vendas@graficaodisseia.com.br

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imprima na cor que quiser.o verde agradece.

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