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ASSOCIAO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA POLTICA
Revista
Psicologia Poltica
ISSN 1519-549XISSN eletrnico 2175-1390
VOL. 12 N 24 2012
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Associao Brasileira de Psicologia Poltica
PresidenteSalvador Antonio Mireles Sandoval
UNICAMP/PUCSP BrasilVice-Presidentes
Centro Oeste
Wilson Luconi Jr.
UFMT Brasil
Nordeste
Ana Raquel Rosas TorresUFPb Brasil
Norte
Marcelo Gustavo Aguilar Calegare
INPA Brasil
Sudeste
Mrcia Prezotti PalassiUFES Brasil
Sul
Maria de Ftima Quintal de FreitasUFPR Brasil
Secretrio Geral
Cornelis Johannes van StralenUFMG Brasil
Conselho Fiscal
Aline Reis Calvo HernandezUERGS Brasil
Felipe Corra PedroUSP Brasil
Frederico Alves CostaUFMG Brasil
Suplentes
Enock da Silva PessaUFAC Brasil
Vanilda Ap. dos SantosPUCSP Brasil
Comit Editorial da RPPEditor
Alessandro Soares da SilvaUSP Brasil
Comit de EditoraoEletrnicaAna Rita Ferreira (USP Brasil), Elvira RibaHernandez (USP Brasil), Ernesto PachecoRichter (PUCSP Brasil) Fabio Bosso (USP Brasil), Felipe Corra (USP Brasil),Guilherme Borges da Costa (UNICAEN Frana), Thomaz DAddio (USP Brasil)
Conselho EditorialAgustn Espinosa Pezzia (PUCP Peru),Alexandre Dorna (UNICAEN Frana), AnaRaquel Rosas Torres (UFPb Brasil), BertKlandermans (Free Univ. of Amsterdam Holanda), Carlos Sixirei Paredes (UVIGO Espanha), Ceclia Coimbra (UFF Brasil),Celso Pereira de S (UERJ Brasil), CelsoZonta (UNESP Brasil), Cornelis van Stralen(UFMG Brasil), Elsio Estanque (Univ. deCoimbra Portugal), Iray Carone (USP
Brasil), Igncio Dobles (UCR Costa Rica),Joelle Bergre Dezaphi (UCM Espanha),John Hammond (CUNY EUA), Jorge Valla(Univ. de Lisboa Portugal), Jose ManoelSabucedo (USC Espanha), Marco AurlioM. Prado (UFMG Brasil), Maria da GraaC. Jacques (UFRGS Brasil), Maria de Fti-ma Quintal de Freitas (UFPR Brasil), Maria
Ap. Morgado (UFMT Brasil), Maritza Mon-tero (UCV Venezuela), Mauro Lucio Rodri-guez-Casal (USC Espanha), Mirta Gonzles-
Surez (Univ. Costa Rica Costa Rica), Nel-son Molina Valencia (UNIVALLE Colom-bia), Odair Sass (PUCSP Brasil), Osvaldo
Yamamoto (UFRN Brasil), Pedrinho Gua-reschi (UFRGS Brasil), Salvador Sandoval(PUCSP/Unicamp Brasil), Telma Regina dePaula Souza (UNIMEP Brasil)
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Os artigos da RPP so de responsabilidade dos autores.
Endereo para correspondncia e permutaGrupo de Pesquisa em Psicologia Poltica, Polticas Pblicas e Multiculturalismo
Universidade de So Paulo Escola de Artes, Cincias e Humanidades
Av. Arlindo Bettio, 1000, Ermelino MatarazzoSo Paulo-SP-Brasil. CEP 03828-000endereo eletrnico: [email protected]
Revista disponvel integralmente no site:http://pepsic.bvsalud.org/
Reviso tcnica de lngua inglesaAna Rita Ferreira, Ernesto Pacheco Richter e Thomaz DAddio USP-Brasil
Reviso tcnica de lngua espanholaElvira Riba Hernandez USP-Brasil
Projeto Grfico, Diagramao e Produo Editorial
Alessandro Soares da SilvaLuciane Pansolin
Tiragem500 exemplares/Impresso em 2012
Apoio
Esta revista est indexada nas seguintes bases:CLASE Citas Latino Americanas en Ciencias Sociales y Humanidades (UNAM-Mxico)
GEODADOS (Universidade Estadual de Maring-Brasil)INDEX PSI (Conselho Federal de Psicologia)LILACS Literatura Latino Americana e do Caribe em Cincias da Sade
PEPSIC Peridicos Eletrnicos em PsicologiaPSER INFO (Colmbia)
Worldwide Political Science Abstracts (EUA)LATINDEX Sistema Regional de Informacin en Lnea para Revistas Cientficas
de Amrica Latina, el Caribe, Espaa y Portugal (Mxico)Dialnet Difusin de Alertas en la Red (Espanha)
Revista psicologia poltica / Associao Brasileira de PsicologiaPoltica vol. 12, n 24 (Maio/Ago. 2012). So Paulo: ABPP,2001
Quadrimestral
ISSN 1519-549X ISSN eletrnico 2175-1390
1. Psicologia poltica Peridicos 2. Psicologia social Peridicos3. Psicologia e poltica Peridicos.
CDD-320.019
Bibliotecria: Rosangela Ap. Marciale CRB 8/5846
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Volume 12 Nmero 24 2012
Linha Editorial .................................................................................................................. 187
EditorialDilogos Interdisciplinares:
a produo da Psicologia Poltica para os Direitos HumanosAlessandro Soares da Silva Universidade de So Paulo Brasil ................................... 189
A Patologizao do Desejo:anotaes crticas sobre a coero da identidade e do prazerDaniel Fernndez-Fernndez Universidade da Costa Rica Costa Rica ....................... 195
Fatores Psicolgicos e Sociais Associados ao BullyingJos Leon Crochk Universidade de So Paulo Brasil ................................................. 211
Aspectos Institucionais na Execuo da Medida Socioeducativa de InternaoLuana Alves de Souza Universidade de Braslia BrasilLiana Fortunato Costa Universidade de Braslia Brasil ................................................ 231
Sobre ReXistnciasAndra Vieira Zanella Universidade Federal de Santa Catarina BrasilDborah Levitan Escola de Economia e Cincias Polticas de Londres InglaterraGabriel Bueno de Almeida Universidade Federal de Santa Catarina BrasilJanana Rocha Furtado Universidade Federal de Santa Catarina Brasil ..................... 247
Ao Afirmativa na Universidade: a permanncia em focoClaudia Mayorga Universidade Federal de Minas Gerais BrasilLuciana Maria de Souza Universidade Federal de Minas Gerais Brasil ....................... 263
Fundo Nacional do Idoso e as Polticas de Gestodo Envelhecimento da Populao BrasileiraAdriano Rozendo
Universidade Federal de Mato Grosso Brasil
Jos Sterza Justo Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho Brasil .... 283
Polticas de Memria X Polticas do Esquecimento:possibilidades de desconstruo da matriz colonial
Soraia Ansara Universidade Estcio de S Brasil ........................................................ 297
Direito Vida sem Tortura: direitos humanos para humanos direitos?Daniela Cabral Gontijo Universidade de Braslia BrasilOndina Pena Pereira Universidade Catlica de Braslia Brasil .................................... 313
Construo do Inimigo aps o 11 de setembro:os efeitos da identidade do agressor na representao do terrorismoStefano Passini Universidade de Bolonha ItliaLaura Palareti Universidade de Bolonha ItliaPiergiorgio Battistelli Universidade de Bolonha Itlia ................................................... 329
Participao dos Ncleos de Defesa Civil doMunicpio de Vitria na Gesto de Desastres NaturaisAndr Pimentel Lugon Faculdades Integradas Esprito-santenses Brasil
Marcia Prezotti Palassi Universidade Federal do Esprito Santo Brasil ....................... 345
ResenhaA Liderana Carismtica, segundo Alexandre DornaLisete Barlach Universidade de So Paulo Brasil ........................................................ 363
Publicando na RPP ........................................................................................................... 369 Sum
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Volume 12 Number 24 2012
Editorial Line..................................................................................................................... 187
EditorialInterdisciplinary Dialogues:
the production of Political Psychology for Human RigthsAlessandro Soares da Silva University of So Paulo Brazil ......................................... 189
The Pathologization of Desire:critic notes regarding the coercion of identity and pleasureDaniel Fernndez-Fernndez University of Costa Rica Costa Rica ............................. 195
Social and Psychological factors Associated with BullyingJos Leon Crochk University of So Paulo Brazil ....................................................... 211
Institutional Aspects in the Implementationof the Socio-Educative Measure of InternmentLuana Alves de Souza University of Braslia BrazilLiana Fortunato Costa University of Braslia Brazil ...................................................... 231
About ResistancesAndra Vieira Zanella The Federal University of Santa Catarina BrazilDborah Levitan London School of Economics and Political Science EnglandGabriel Bueno de Almeida The Federal University of Santa Catarina BrazilJanana Rocha Furtado The Federal University of Santa Catarina Brazil .................... 247
Affirmative Action at the University: permanence in focusClaudia Mayorga The Federal University of Minas Gerais BrazilLuciana Maria de Souza The Federal University of Minas Gerais Brazil ..................... 263
Fundo Nacional do Idoso and the Management Policiesof the aging of Brazilian PopulationAdriano Rozendo
The Federal University of Mato Grosso Brazil
Jos Sterza Justo University Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho Brazil ......... 283
Politics of Memory X Politics of Oblivion:
possibilities of deconstruction of the colonial matrixSoraia Ansara Estcio de S University Brazil ............................................................. 297
For the Right to a Life Free From Torture: human rights for the "right" humans?Daniela Cabral Gontijo University of Braslia BrazilOndina Pena Pereira Catholic University of Braslia Brazil .......................................... 313
Enemy Construction After 9/11:aggressor identity effect on the representation of terrorismStefano Passini University of Bolonha ItalyLaura Palareti University of Bolonha ItalyPiergiorgio Battistelli University of Bolonha Italy .......................................................... 329
Participation of the Civil Defense Groups in thecity of Vitoria in Natural Disaster Management
Andr Pimentel Lugon College of the Esprito Santo BrazilMarcia Prezotti Palassi The Federal University of Esprito Santo Brazil ...................... 345
ReviewCharismatic Leadership, according to Alexandre DornaLisete Barlach University of So Paulo Brasil .............................................................. 363
Submission guidelines .................................................................................................... 369 Contents
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Volumen 12 Nmero 24 2012
Linea Editorial ................................................................................................................... 187
EditorialDilogos Interdisciplinarios:
la produccin de la Psicologa Poltica para Derechos HumanosAlessandro Soares da Silva Universidad de So Paulo Brasil ..................................... 189
La Patologizacin del Deseo: apuntes crticos en tornoa la coercin de la identidad y del placerDaniel Fernndez-Fernndez Universidad de Costa Rica Costa Rica ......................... 195
Factores Psicolgicos y Sociales Asociados con la IntimidacinJos Leon Crochk Universidad de So Paulo Brasil ................................................... 211
Cuestiones Institucionales en la Aplicacinde la Medida Socioeducativa de InternamientoLuana Alves de Souza Universidad de Braslia BrasilLiana Fortunato Costa Universidad de Braslia Brasil .................................................. 231
Acerca de las ReXistnciasAndra Vieira Zanella Universidad Federal de Santa Catarina BrasilDborah Levitan Escuela de Economa y Ciencias Polticas de Londres InglaterraGabriel Bueno de Almeida Universidad Federal de Santa Catarina BrasilJanana Rocha Furtado Universidad Federal de Santa Catarina Brasil ....................... 247
Accin Afirmativa en la Universidad: la permanencia en enfoqueClaudia Mayorga Universidad Federal de Minas Gerais BrasilLuciana Maria de Souza Universidad Federal de Minas Gerais Brasil ......................... 263
Fundo Nacional do Idoso y las Polticas de Direccinde la Poblacin Brasilea EnvejecidaAdriano Rozendo
Universidad Federal de Mato Grosso Brasil
Jos Sterza Justo Universidad Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho Brasil ...... 283
Polticas de la Memoria X Polticas del Olvido:
posibilidades de desconstruccin de la matriz colonialSoraia Ansara Universidad Estacio de S Brasil .......................................................... 297
Derecho a la vida sin tortura: derechos humanos para los humanos derechos?Daniela Cabral Gontijo Universidad de Braslia BrasilOndina Pena Pereira Universidad Catlica de Braslia Brasil ...................................... 313
Construccin del Enemigo Despus del 11 de Setiembre:los efectos de la indentidad del agresor en la representacin del terrorismoStefano Passini Universidad de Bolonha ItliaLaura Palareti Universidad de Bolonha ItliaPiergiorgio Battistelli Universidad de Bolonha Itlia ..................................................... 329
La Participacin del Grupo de Defensa Civil en laCiudad de Vitoria en la Gestin de Desastres Naturales
Andr Pimentel Lugon Facultades Integradas Espritu Santo BrasilMarcia Prezotti Palassi Universidad Federal do Esprito Santo Brasil ......................... 345
ResenhaLiderazgo Carismtico, segundo Alexandre DornaLisete Barlach Universidad de So Paulo Brasil .......................................................... 363
Publicando en la RPP ....................................................................................................... 369 ndic
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Revista Psicologia Poltica um peridico quadrimestral vinculado
Associao Brasileira de Psicologia Poltica (ABPP). A Revista uma
publicao dirigida ao campo de estudos interdisciplinar da Psicologia Poltica.
Constitui-se, portanto, em um peridico de estudos das problemticas no campo
da Psicologia Poltica que tem como epicentro a reflexo sobre o
comportamento poltico nas sociedades contemporneas. O ponto de
interseco entre estas duas reas cientficas Psicologia e Poltica tem sido a
preocupao com a construo de um universo de debate no qual nem as
condies objetivas nem as subjetivas estejam ausentes, pelo contrrio, esto
sendo compreendidas, por diferentes abordagens tericas, comocodeterminantes, portanto, constituintes dos comportamentos coletivos, dos
discursos, das aes sociais e das representaes que constituem antagonismos
polticos no campo social. A Revista preocupa-se com o desenvolvimento deste
campo interdisciplinar de reflexo e prtica investigativa, no qual os principais
debates tm sido reunidos em torno de questes como o preconceito social,
diferentes formas de racismo e xenofobia, aes coletivas e movimentos
sociais, violncia coletiva e social, socializao poltica, comportamento
eleitoral, relaes de poder, valores democrticos e autoritarismos, participao
social e polticas pblicas, bem como os estudos sobre opinio pblica e meiosde comunicao de massa. Renem-se, ainda, nestas preocupaes, os estudos
sobre anlise de discursos e ideologias, de universos simblicos e de prticas
institucionais. As questes referentes aos debates tericos e metodolgicos
neste campo so bem recebidas por este conselho editorial que tem a
preocupao de debater cientificamente o aprofundamento das temticas
constituintes da interface entre os aspectos polticos e os psicolgicos. Linha
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Dilogos Interdisciplinares:
a produo da Psicologia Poltica para os Direitos Humanos
Interdisciplinary Dialogues:the production of Political Psychology for Human Rigths
Dilogos Interdisciplinarios:la produccin de la Psicologa Poltica para Derechos Humanos
Alessandro Soares da Silva USP
Editor
t o ano de 2011 o segundo fascculo seria o fechamento do volume darevista. Mas como j anunciamos em outro editorial, neste ano a Revista
Psicologia Poltica deixa de ser uma publicao semestral e passa a ser uma
publicao quadrimestral. Assim este fascculo referente aos meses de maio aagosto de 2012, sendo o que vir editado com o apoio da Associao Ibero-Latinoamericana de Psicologia Poltica (AILPP). Essa parceria nos ajudar aampliar o alcance da revista enquanto um veculo que abre espao para a
produo de investigadoras/es que esto mais alm das fronteiras brasileiras.Mesmo sendo um peridico de mbito nacional, ela ganha uma dimenso cadavez mais internacional. Ela torna-se um espao de encontros e dilogos aindamais interessante e inovador.
Na esteira dessas mudanas e em tempos nos quais a quantificao acadmicatm dominado o cenrio da produo cientfica no Brasil (e no mundo), quetemos tentado fazer de nossa RPPum espao para a divulgao de contribuies
acadmicas fruto de um trabalho intenso entre autores(as), pareceristas e Editor.Desse trabalho rigoroso que emergem textos que efetivamente podem contribuirenormemente consolidao da Psicologia Poltica Brasileira. No podemosdeixar de reconhecer os esforos da comunidade cientfica que se agrega em tornoao campo da Psicologia Poltica.
Nossa revista no quer ser apenas um espao de produo de textos que sopolitica e socialmente comprometidos. No se trata aqui de publicarmos artigosde uma psicologia comprometida politicamente, pois isso no faz do manuscritoum manuscrito de Psicologia Poltica.
A
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Ainda que esses textos possam ser muito bons, ter discusses demasiado interessantes,eles no deveriam encontrar abrigo neste peridico, pois, do contrrio, nosso veculo deinformao cientfica se tornaria um peridico genrico ou quem sabe de Psicologia Social.Para evitarmos isso, estamos procurando aprofundar o dilogo com as(os) autoras(es) que
buscam aRevista Psicologia Poltica para submeter sua produo. importante que antes desubmeter um texto ao peridico, os(as) autores(as) verifiquem que tipo de produo j foi
publicada na revista; que deixem claro que vinculao seu texto guarda com a PsicologiaPoltica e que aportes a ela ele traz.
Fazer isso nos ajuda a pensar melhor sobre os rumos e as perspectivas para a PsicologiaPoltica que se tm construdo em distintos rinces, desde distintos lugares metodolgicos,epistmicos e hermenuticos. Como j se explicitou na primeira revista que publicou a
Associao Brasileira de Psicologia Poltica (ABPP):
A Revista uma publicao dirigida ao campo de estudos interdisciplinar da PsicologiaPoltica. Constitui-se, portanto, em um peridico de estudos das problemticas no campoda Psicologia Poltica que tem como epicentro a reflexo sobre o comportamento polticonas sociedades contemporneas. O ponto de interseco entre estas duas reas cientficas Psicologia e Poltica tem sido a preocupao com a construo de um universo de debateno qual nem as condies objetivas nem as subjetivas estejam ausentes, pelo contrrio,esto sendo compreendidas, por diferentes abordagens tericas, como codeterminantes,
portanto, constituintes dos comportamentos coletivos, dos discursos, das aes sociais edas representaes que constituem antagonismos polticos no campo social.
Essa a perspectiva que temos buscado guardar desde que iniciamos essa empreitada:uma revista que est deslindada no mbito da interdisciplinaridade, que se faz nasencruzilhadas do conhecimento, nos interstcios disciplinares. Portanto, nossa orientaoenquanto editores da revista para que esses encontros e dilogos sejam mais explcitos em
cada contribuio que nos chega, para que a produo que a revista trouxe e traz comunidade cientfica se torne mais visvel nos artigos que so submetidos no s para a RPP,mas tambm para outras revistas. Aes como essa visibilizam produes cientficas queesto abrigadas na RPP e a fazem mais conhecida e isso bom. Contudo esse tipo de ao importante porque garante uma maior circulao de saberes do campo psicopoltico e abrecaminho para a ampliao daqueles que se reconhecem como pertencentes (ou pelo menosamigos) desta comunidade de saberes.
Dito de outra maneira: por meio da valorizao das publicaes veiculadas na RevistaPsicologia Poltica no instante de se produzir um artigo; a partir de avaliaes que ajudem ase construir manuscritos nos quais essas discusses so mais explcitas e fecundas, por meiode um processo editorial atento e que fomenta e fortalece os canais de dilogo entre autoras/ese comunidade cientfica que alcanaremos um peridico melhor e com um reconhecimentoainda maior.
Estamos todas/os trabalhando para isso. A acolhida dessa postura por parte de nossosavaliadores(as), autores(as), bem como de nossas/os leitoras/es uma mostra de queavanamos muito.
No presente fascculo encontraremos textos que debatem vivamente as questes que seinserem no campo dos direitos humanos e, por que no dizer, de uma Psicologia Poltica dosDireitos Humanos. Nesta perspectiva temos o artigo La Patologizacin del Deseo: apuntes
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crticos en torno a la coercin de la identidad y del placerda autoria deDaniel Fernndez-Fernndez (Universidad Nacional Costa Rica). Em um texto bastante denso eargumentativo, o autor expe o discurso patolgico contemporneo associado ao dispositivodo fazerpsi, assim como suas consequncias na sociedade hodierna. Para tanto, Fernandez-Fernandez reflete acerca da patologizao das identidades no heterossexuais dasparafilias a
partir dos eixos que estruturam a seo de transtornos sexuais do DSM-IV-TR. Ao fazeruma discusso a respeito do valor diagnstico das categorias nosolgicas atuais sobre asexualidade, o autor nos brinda com uma leitura psicopoltica do uso deste instrumentoregulador que to amplamente utilizado no universo psi e que, no poucas vezes serve parainteresses ideolgicos que limitam a constituio de certos sujeitos polticos no enquadrveisnas expectativas a sociedade heteronormativa.
Em Fatores Psicolgicos e Sociais associados ao bullying Jos Leon Crochk(Universidade de So Paulo) tambm contribui para o debate do enquadramento socialdaqueles que no respondem s expectativas sociais de que estabelece as normas danormalidade. Ao analisar, luz da Teoria Crtica da Sociedade e da Psicanlise, a relao
entre alguns fatores sociais, mais propriamente educacionais, alguns fatores psicolgicos e obullying, Crochick desvela como as hierarquias so estabelecidas entre estudantes na escola;de que modo o autoritarismo se produz em meio a essas relaes e de que modo essas relaes
podem desaguar na ausncia de autonomia individual. A partir de dados de pesquisas sobre obullying,poderemos observar no artigo o modo como os fatores apontados contribuem para osurgimento da violncia. A contribuio do autor centra-se no campo educacional e no papelque a educao e a escola tm na produo da subjetividade e na emergncia de formasviolentas de enquadramento social.
Como que dando continuidade ao debate que relaciona educao, violncia e direitoshumanos temos o artigo Aspectos Institucionais na Execuo da Medida Socioeducativa de
Internao. Esse texto da lavra de Luana Alves de Souza e Liana Fortunato Costa
(Universidade de Braslia) apresentam, a partir de uma observao participante no Centro deIntegrao de Adolescentes de Planaltina (CIAP), alguns aspectos institucionais no processode execuo de medida socioeducativa de internao que lhes permitiu avaliar que avanos seteria obtido num modelo de Estado penal-policial. No que tange s polticas pblicasdestinadas aos adolescentes em conflito com a lei, apesar da implantao do SINASE, odesafio maior permanece. No campo dos direitos humanos das crianas e dos adolescentes a
proteo integral dos seus direitos segue sendo uma questo desafiadora, sobretudo quando setrata de proteo integral a crianas e adolescentes em conflito com a lei e, portanto, emsituao de vulnerabilidade social.
Se os artigos anteriores apontam para questes relativas problemtica da violncia e daeducao poltica de adolescentes e jovens,Sobre ReXistncias, da autoria deAndra Vieira
Zanella, Gabriel Bueno de Almeida, Janana Rocha Furtado (Universidade Federal de SantaCatarina) e Dborah Levitan (London School of Economics and Political Science)
problematiza os processos de resistncias a partir de algumas prticas sociais, interventivas,de jovens em contextos urbanos. Analisa-se processos de criao engendrados por jovens emcontextos e condies diversas e desde um olhar esttico-artstico e conscientes daefmeridade e do anonimato dessas prticas. Tais intervenes anunciam novos modos deviver e agir nos espaos urbanos que no desejam ver-se sujeitados, mas que tampouco secolocam imediatamente como resistncias que sejam marcadas por antagonismos. O
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manuscrito deixa claro que esses jovens resistem s formas de sujeio e submisso que lhesso atribudas, ao esquecimento a que esto relegados. Eles buscam estabelecer-se comosujeitos polticos.
Em Ao Afirmativa na Universidade: a permanncia em foco Claudia Mayorga eLuciana Maria de Souza (Universidade Federal de Minas Gerais) discorrem acerca das
polticas de ao afirmativa na universidade pblica brasileira. Claro est que neste texto aquesto da Juventude e do acesso aos direitos humanos, bem como a questo da superao do
preconceito como elemento promotor de desigualdade social e de violncia um tema centrale, portanto, a seu modo guarda laos com os textos anteriores, permitindo ao(a) leitor(a) daRPP um olhar mais profundo sobre as relaes possveis entre educao, violncia e polticano campo da juventude. Ao lanarem um olhar para as polticas de permanncia, ampliando o
j extenso debate sobre democratizao do acesso a partir da discusso sobre cotas sociais eraciais na universidade. No manuscrito, as autoras mostram que as argumentaes que secolocam contra s aes afirmativas na universidade veem como problema os percalos que
podem marcar as trajetrias acadmicas dos estudantes cotistas, o que geraria uma queda da
qualidade do ensino superior. Nesse ponto, o argumento daqueles que resistem a essaspolticas afirmativas indicam de modo peremptrio um suposto risco qualidade do ensinodecorrente da democratizao do acesso atravs dessas polticas. Em contraposio dessaleitura o texto parte de aspectos das trajetrias de estudantes negros e de classes populares nauniversidade pblica de modo a apresentar elementos para elaborao de uma poltica de
permanncia bem-sucedida que contribua para a boa qualidade do processo de insero dessesestudantes no ensino superior.
Fundo Nacional do Idoso e as polticas de gesto do envelhecimento da populao
brasileira o manuscrito proposto por Adriano Rozendo (Universidade Federal do MatoGrosso) e Jos Sterza Justo (Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho). Nestetexto, os autores abordam as questes do envelhecimento e os desafios para as polticas
pblicas. Nesse sentido, a populao idosa um grupo vulnervel e que necessita de atenopara que nesse processo de envelhecer no tenha seus direitos humanos fragilizados. Osautores debatem como os governos tiveram que mobilizar esforos para gerir asconsequncias diversas do fenmeno do envelhecimento populacional brasileiro. O centro dadiscusso do artigo est na questo da criao dos Fundos Municipal, Estadual e Nacional doIdoso, que passa por um exame crtico que analisa tanto o que tange gesto participativa doenvelhecimento quanto a ampliao e melhoria dos servios destinados aos idosos.
Os trs textos seguintes tratam de trs temas relevantes para o campo dos direitoshumanos e tem sido foco de estudos psicopolticos na atualidade: Esquecimento, Ditadura eTerrorismo. O primeiro deles da autoria de Soraia Ansara (Universidade Estcio de S). Em
Polticas de Memria X Polticas do Esquecimento: possibilidades de desconstruo da
matriz colonial a autora aponta que no caso da ditadura brasileira a memria oficial foi econtinua sendo um poderoso instrumento de manuteno do imaginrio colonialista, o qual
busca levar ao esquecimento de determinados eventos polticos. Mediante as ideias decolonialidade de poder e de dissenso a autora compreende a poltica da memria comodissenso, questionando o consenso que tem levado a uma poltica de esquecimento deliberadaem toda Amrica Latina. Frente a isso, a autora aponta para a memria poltica como
possibilidade de resistncia e luta poltica e fortalece a participao e a ao poltica de
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movimentos sociais. Essa possibilidade de resistir emerge como uma oportunidade decontrapor-se s polticas de esquecimento estabelecidas ao longo do tempo.
O segundo texto, escrito por Daniela Cabral Gontijo(Universidade de Braslia)eOndinaPena Pereira (Universidade Catlica de Braslia), Direito vida sem tortura: direitoshumanos para humanos direitos? Como que d continuidade a discusso anterior ao tratarcomo, em pleno sculo XXI, a tortura sobrevive no Brasil. Para essas autoras no meroresqucio da ditadura ou fruto de um pico criminal, mas tem sido regra. Assim a tortura nacontemporaneidade se inscreve na ordem do terrorismo de Estado contra as classes
subalternas. Partindo de uma pesquisa realizada no Distrito Federal em 2004, o artigo analisacomo a opinio pblica sobre a tortura se constitui como um modo sutil de os sujeitos seinscreverem numa ordem dos simulacros.
Por fim, o terceiro texto dessa trade, procedente da Itlia, aborda as consequncias doterrorismo na construo identitria no ps-atentado das torres gmeas estadunidenses. Em
Enemy Construction After 9/11: aggressor identity effect on the representation of terrorismStefano Passini, Laura Palareti e Piergiorgio Battistelli (Universidade de Bolonha) refletem
sobre os processos relacionados a construo do inimigo, do agressor na representao doterrorismo a partir de registros dirios na mdia sobre aes terroristas. Ao se perguntarem Oque de fato caracteriza um ato como sendo terrorista? Os autores percebem a existncia deuma noo ambgua de terrorismo, a qual pode legitimar a diferenciao de pertencimento ouno ao chamado grupo terrorista. Essa situao muda as relaes intergrupais e, portanto importante para a compreenso dos fenmenos entender o que que as pessoas querem dizerquando se referem ao terrorismo. Alm disso, o texto preocupa-se em refletir sobre quais soas variveis e como estas influenciam na interpretao de guerras ou atos terroristas.
Finalmente, fechamos a seo artigos do presente fascculo com um texto produzido porMarcia Prezotti Palassi (Universidade Federal do Esprito Santo) e Andr Pimentel Lugon(Faculdades Integradas Esprito-santenses) intitulado Participao dos Ncleos de Defesa
Civil do Municpio de Vitria na Gesto de Desastres Naturais. Neste manuscrito analisa-se otema da participao das comunidades do Municpio de Vitria, ES, Brasil nas aes deDefesa Civil diante de desastres naturais. No texto se aborda a participao, um tema clssicona Psicologia Poltica, desde uma abordagem qualitativa na qual os dados passam pela anlisede contedo e so interpretados luz do modelo analtico para estudos da conscincia polticade Sandoval. |A anlise mostra que a participao resulta de uma dada conformao daconscincia da realidade social em que os mobilizadores esto inseridos. Nessa realidade,esses sujeitos buscam aes para alterar o rumo de suas vidas, sendo que o processo
participativo em movimentos sociais na comunidade complexifica a conscincia polticadesses sujeitos.
Aresenha intituladaA liderana carismtica segundo Alexandre Dorna da lavra de Lisete
Barlach (Universidade de So Paulo) comenta criticamente o livro que Alexandre Dornapublica em Portugal pela editorial Horizontes: Psicologia Poltica, o lder carismtico e apersonalidade democrtica. De certo modo o ltimo artigo e a resenha abrem espao para areflexo dos processos de (des)mobilizao poltica e o papel de sujeitos chave nesse
processo. Segundo a autora da resenha, questes como Que tipo de lder mais apropriado aum projeto de democracia? O mundo contemporneo carece de lideranas legtimas erepresentativas? Reabilitar o carisma seria uma forma de apoiar a construo da democraciamoderna? so perguntas que propiciam a reflexo a partir de um quadro terico e crtico
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7/28/2019 Silva, Alessandro Soares da. (2012). Dilogos Interdisciplinares:a produo da Psicologia Poltica para os Direitos H
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REVISTA PSICOLOGIA POLTICA EDITORIAL
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bastante abrangente, sendo que a tese bsica defendida por Dorna respeita necessidade delideranas carismticas para a construo ou reconstruo da democracia moderna,abalada pelos movimentos totalitrios da primeira metade do sculo XX.
Esse nmero da Revista Psicologia Poltica contm um conjunto de textos que guardamelementos comuns e que auxiliam na compreenso de fenmenos polticos que afligem omundo contemporneo. Eles tambm nos abrem portas rumo a um pensamento mais crtico ecomprometido com a transformao social no instante em que nos convidam a repensarmos(nosso) o cotidiano e a aes que so levadas nessa dimenso estruturante da vida humana.
Esperamos que este fascculo da RPP seja um momento de agradvel encontro com arealidade e de inspirao para um agir poltico mais justo socialmente!
Desejo a todxs uma boa leitura.